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Direito Processual Penal para Analista Judiciário TJ GO. Prof. Leonardo dos Santos Arpini Aula de 78

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Prof. Leonardo dos Santos Arpini

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Direito Processual Penal para Analista Judiciário – TJ GO

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Direito Processual Penal para Analista Judiciário – TJ GO

Sumário

SUMÁRIO 2

SUJEITOSDOPROCESSO. 3

Juiz – causas de impedimento e suspeição. 3

Ministério Público. 5

Acusado e seu defensor. 6

PROCEDIMENTO COMUM. 9

DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO. 13

Recebimento e rejeição da denúncia ou queixa. 13

Citação e resposta escrita. 16

Absolvição sumária. 26

Princípio da identidade física do juiz. 29

Audiência una: instrução, debates e julgamento. 30

PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO. 35

Audiência una: instrução, debates e julgamento. 35

RITO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE FUNCIONÁRIO PÚBLICO. 38

SENTENÇA 41

DA GRAÇA, ANISTIA E INDULTO. 46

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR. 48

LISTA DE QUESTÕES. 66

GABARITO. 74

RESUMO DIRECIONADO. 75

Recebimento e rejeição da denúncia ou queixa. 75

Citação e resposta escrita. 75

Absolvição sumária. 76

Audiência una: instrução, debates e julgamento. 76

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SUJEITOS DO PROCESSO.

Seja muito bem-vindo ao nosso tema macro, meu amigo(a)!

A partir desse momento, vamos estudar os sujeitos do processo penal, que são divididos em principais e secundários.

Para tanto, vejamos o que o professor Edilson Mougenot Bonfim nos diz sobre o tema:

a) Principais (essenciais): são aqueles que constituem o próprio aspecto subjetivo da relação jurídica processual. Sem eles não há relação jurídica processual. São sujeitos principais (ou essenciais) do processo: o juiz, o acusado e o acusador, que compõem uma relação jurídica triangular.

b) Secundários (acessórios, colaterais ou sujeitos processuais e sentido impróprio): são aqueles que apenas incidentalmente participam do processo. Podem ou não integrá-lo, deduzindo pretensão própria. São sujeitos processuais secundários, entre outros: o assistente de acusação, o terceiro prejudicado ou o fiador do réu. (BONFIM, p.515, 2017). (grifos no original).

Agora que já estabelecemos uma definição precisa sobre quem são os sujeitos integrantes do processo penal, vamos estudá-los de forma individualizada em seus principais aspectos. Bora lá?

Juiz – causas de impedimento e suspeição.

O primeiro sujeito processual no qual devemos nos debruçar trata-se da figura do Juiz. Ou seja, meu amigo(a), aquele individuo regularmente investido no cargo, através da aprovação em concurso público de provas e títulos.

O Juiz, dentro do processo penal, é o sujeito imparcial da relação, tendo como função principal a condução do processo e o julgamento do caso posto em suas mãos. Por ser uma figura imparcial dentro da estrutura do processo penal, ocupa função de destaque, acima das partes, funcionando como um intermediário da relação entre elas.

Pois bem, o ponto chave do seu edital acerca da figura do Juiz, está precisamente nas causas de impedimento e suspeição deste, razão pela qual, a partir de agora, passaremos a estudá-las e, para isso, será imprescindível que vejamos o que nos dizem os artigos 252 e 254, do CPP.

Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.

Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:

I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;

II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;

III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;

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IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:

I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;

II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;

III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;

IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;

V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;

Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo.

Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.

Assim, meu amigo(a), verificado dentro do caso concreto, qualquer das hipóteses previstas no artigo 252 do CPP, Juiz estará impedido de atuar no caso. As situações apresentadas no rol do referido artigo são de natureza objetiva, razão pela qual, determinam uma presunção absoluta de parcialidade do juiz.

Ainda, é bom que você saiba que o rol do artigo 252 do CPP é taxativo, ou seja, não comporta interpretação extensiva ou analógica. Portanto, somente haverá impedimento do juiz dentro das hipóteses estritamente previstas dentro do artigo 252 e nada mais, compreendido?!

Vamos adiante!

Outra hipótese que afasta o Juiz do julgamento do caso são hipóteses de suspeição, previstas no artigo 254 do CPP. A regra, concurseiro(a), é que o juiz, por iniciativa própria (ao verificar a ocorrência de uma das hipóteses do artigo 254) se declare suspeito para julgar o caso. Porém, caso isso não ocorra, as partes poderão arguir a suspeição do juiz.

Em resumo:

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO

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Direito Processual Penal para Analista Judiciário – TJ GO I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente,

consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou

advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;

II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;

III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;

IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente,

consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;

II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;

III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar

demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;

IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;

V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;

Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

Já o art. 255 dispõe que o impedimento ou suspeição que derivava da afinidade desaparece uma vez rompido o casamento, salvo se desse casamento, adveio prole. Ainda, mesmo que tenha havido prole, o juiz está impedido ou suspeito para julgar o juiz que foi sogro, padrasto, cunhado, genro ou enteado de quem for parte no processo.

Para finalizarmos com o artigo 256, há casos em que à parte não interessa que determinado juiz julgue o processo, por considerá-lo extremamente rigoroso nas penas aplicadas aos criminosos. Desse modo, com o intuito de evitar que o juiz julgue o seu processo, a parte cria uma situação de suspeição, injuriando o juiz ou, propositalmente, dando algum motivo para criá-la. Portanto, a manutenção do juiz ao caso concreto só permanecerá caso o ato da parte causadora esteja revestida de malícia, ou seja, “de propósito”.

Agora que encerramos o estudo da figura do Juiz, vamos adiante!

Ministério Público.

O Ministério Público é o ocupante do polo ativo da ação penal, ocasião em que, através da figura do Promotor de Justiça que possui atribuições criminais, será o responsável por oferecer denúncia contra os criminosos pelo cometimento de infrações penais. Não obstante, o Ministério Público poderá, também, caso assim se justificar, postular a absolvição do acusado ou qualquer medida mais benéfica.

Nesse sentido, é a redação do artigo 257 e 258 do CPP, veja só:

Art. 257. Ao Ministério Público cabe:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e II - fiscalizar a execução da lei.

Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,

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inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.

Dessa forma, aos membros do MP, com a intenção de garantir o fiel cumprimento da lei por suas funções institucionais, são estendidas a estes, os casos de impedimento e suspeição aplicado aos juízes.

Rápido e fácil, não é mesmo?!

Vamos em frente que ainda temos um bom caminho pela frente.

Acusado e seu defensor.

Antes de tecermos os nossos comentários acerca do acusado e seu defensor, vamos nos deter ao que nos diz o CPP:

Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.

Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide ADPF 395)(Vide ADPF 444)

Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável.

Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.

Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.

Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.

Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.

Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.

Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.

Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer.

§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato.

Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.

Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os parentes do juiz.

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Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável.

O acusado, meu amigo(a), é aquele que tem sob si, a imputação de uma conduta criminosa. Traduzindo: é o réu do processo criminal.

A figura do réu (ou acusado) deverá ser previamente identificada quando do momento do oferecimento de denúncia por parte do Promotor de Justiça que possui atribuições criminais.

Avançando, meu amigo(a), já quanto a figura do Defensor/Advogado, estes são indispensáveis para a regular tramitação da ação pena contra o acusado. Isso quem nos diz é o próprio artigo 261 do CPP.

Você lembra do que estudamos acerca das regras de suspeição impostas aos juízes (art. 254, do CPP)? Para o art. 274 do CPP, em que pese ele fazer menção apenas à suspeição, quero que você observe que as causas de incompatibilidade ou impedimento também se aplicam aos funcionários da justiça, devendo ser declaradas espontaneamente ou reconhecidas por meio da respectiva exceção, conforme o artigo 112, do CPP1.

Certo, meu amigo(a)! Desse modo encerramos mais um tópico dentro do nosso estudo.

Espero você no próximo capítulo.

1 Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster- se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.

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PROCEDIMENTO COMUM.

Olá, meu amigo(a)!

Seja, mais uma vez, muito bem-vindo(a)!

Iniciado o nosso encontro no curso regular de direito penal e processo penal, a partir da aula de hoje passaremos a estudar o tema referente ao Procedimento!

O Código de Processo Penal abre o seu Livro II tratando dos processos em espécie e, dentro deste Livro está inserido o Título I que trata do processo comum (que será o tema ora estudado), a partir do artigo 394 do CPP.

Assim, antes de adentrarmos ao conteúdo propriamente dito, quero passar para você alguns aspectos introdutórios a respeito do nosso tema.

O procedimento processual penal, conforme o artigo 394 do CPP, é divido da seguinte forma:

Desse modo, o procedimento comum é aplicável para todos os processos, salvo disposição legal em contrário (art. 394, §2º, do CPP), como é o caso, por exemplo no processo de competência do Tribunal do Júri (tema que será por nós estudado em nossa última aula do curso regular), que é disciplinado nos artigos 406 a 497 do CPP.

PROCEDIMENTO

Procedimento Comum

Procedimento Especial

Ordinário

Sumário

Sumaríssimo

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“Certo, Arpini! Mas e como posso identificar quando deverá ser utilizado o procedimento comum ordinário, sumário ou sumaríssimo?”

Ótima pergunta, meu(a) caro(a)!

Para tanto, vamos a leitura do art. 394 do CPP e, logo em seguida, prepararei uma tabela resumida acerca do procedimento.

Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Então, a partir da leitura concentrada do dispositivo legal, podemos resumir esquematicamente o seguinte:

Procedimento

Comum ordinário Crimes com pena privativa de liberdade igual ou superior a quatro anos.

Comum sumário Crimes com pena privativa de liberdade inferior a quatro anos.

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Comum sumaríssimo Contravenções penais e crimes de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/952)

Então, a partir disso, é fácil identificarmos qual será o procedimento adotado para o desenrolar da ação penal. Basta que analisemos o preceito secundário de cada tipo penal, levando-se em conta as causas de aumento e diminuição (majorantes e minorantes). Veja só:

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Nesse caso, como a pena máxima, de forma abstrata, prevista para o crime de furto é de 4 anos e, através da redação do artigo 394, I, do CPP, podemos concluir que o procedimento a ser observado no momento de processar um acusado pelo crime de furto será o procedimento comum ordinário.

Para que possamos fixar bem cada um dos procedimentos, vamos ver um exemplo acerca do procedimento sumário e, também, do procedimento sumaríssimo.

Olhe só:

Extorsão indireta

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Da leitura do crime de extorsão indireta, podemos concluir que, a partir da pena privativa de liberdade máxima abstratamente prevista no tipo penal, o procedimento a ser adotado para processar o extorsionário indireto, será o procedimento comum sumário, pois a pena é inferior a quatro anos.

Assim, para fecharmos nossos exemplos, vejamos um acerca do procedimento sumaríssimo:

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

2 Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

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Pena - detenção, de três meses a um ano.

Portanto, para o crime de lesão corporal leve, o procedimento a ser adotado será o procedimento sumaríssimo, que obedecerá ao disposto na Lei no JECrim (Lei 9.099/95).

Com essas breves informações você já está apto a responder a seguinte questão:

Ano: 2013 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2013 - PC-GO - Escrivão de Polícia Civil - Reaplicação O procedimento comum, segundo o Código de Processo Penal, será

A) sumário, quando tiver por objeto, crime cuja sanção máxima cominada for igual ou inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade.

B) sumário, quando tiver por objeto, infrações penais de menor potencial ofensivo.

C) ordinário, quando tiver por objeto, infrações penais punidas com detenção ou prisão simples.

D) ordinário, quando tiver por objeto, crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade.

Resolução: a partir do enunciado da questão, podemos concluir que ela nos exige o conhecimento do artigo 394 do CPP e, dessa forma, diante de tudo o que já comentamos até agora, o procedimento será comum ordinário, quando tiver por objeto, crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade, conforme o artigo 394, inciso I, do CPP.

Gabarito: Letra D.

Assim, fechamos nossos comentários introdutórios acerca da matéria. Para tanto, quero deixar-lhes cientes de que nossa aula será um pouco diferente das anteriores. Nessa aula, para deixar mais prático o seu estudo, farei uma abordagem geral do procedimento comum ordinário, que é regra geral no CPP e, também aplicado subsidiariamente aos outros procedimentos para, logo em seguida, mencionar a você apenas as diferenças que este possui em relação aos demais (sumário e sumaríssimo).

Então, aguardo você no próximo capítulo!

Até lá Abraço!

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Do procedimento comum ordinário.

Salve Salve, meu amigo(a)!

A partir desse momento vamos iniciar o estudo do procedimento comum ordinário e todas as suas nuances dentro do processo penal.

Para tanto, dentro do nosso tema macro, vamos estudar, de forma individualizada, cada ponto que compõe o procedimento comum ordinário dentro do CPP.

Vamos lá?!

Recebimento e rejeição da denúncia ou queixa.

O primeiro ponto que será por nós analisado diz respeito ao recebimento da denúncia ou queixa.

Pois bem, caríssimo(a), a denúncia é a peça inaugural da ação penal pública incondicionada, em que o Promotor de Justiça formalizará sua convicção criminal a partir da imputação contra o réu acerca da prática de determinada infração penal.

Por outro lado, a queixa é a peça que inaugura as ações penais de iniciativa privada, oferecida pelo ofendido contra o autor de determinado fato criminoso processado através de ação pena privada.

Aposto que você está lembrando da nossa aula sobre ação penal, não é mesmo?!

Desse modo, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz analisará a presença dos requisitos formais (arts. 41 e 46 do CPP), dos pressupostos processuais e das condições da ação (art. 395 do CPP), quer ver só?

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação

§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.

Agora veja o artigo 395:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

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III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Desse modo, a partir do oferecimento da denúncia duas são as possibilidades que se abrem dentro da ação penal.

A primeira delas é a rejeição da denúncia. Assim, conforme o artigo 395 do CPP, a denúncia será rejeitada quando:

I – Manifestamente inepta: a denúncia será considerada inepta quando não preencher os requisitos do artigo 41 do CPP.

II – Quando faltar condição da ação ou pressuposto processual: nesse caso, por exemplo, a denúncia será rejeitada quando a parte for manifestamente ilegítima. Em outras palavras caríssimo(a), seria um caso de rejeição na hipótese de o Promotor de Justiça oferecer denúncia em um crime de injúria, visto que se trata de crime de ação penal privada.

III – Faltar justa causa: aqui, a denúncia será rejeitada quando não houver provas de materialidade da existência do crime e indícios suficientes de autoria ou participação na infração penal.

Assim, para fecharmos os comentários acerca da rejeição, você deve ter em mente que, da decisão do Juiz de Direito que rejeitar a denúncia oferecida pelo Promotor de Justiça caberá, por parte deste, a interposição de recurso em sentido estrito, conforme o artigo 581, do CPP:

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

I - que não receber a denúncia ou a queixa;

Porém, não sendo o caso de rejeição, estaremos de um caso de recebimento da denúncia.

O recebimento restará configurado quando não estiverem presentes as hipóteses previstas no artigo 395 do CPP. Igualmente, do ato de recebimento da denúncia pelo juízo processante, um dos efeitos gerados é a interrupção da prescrição, conforme o artigo 117, inciso I, do CP3.

“Prescrição? Como assim, professor?”

A prescrição, meu amigo(a), resumidamente é a inércia estatal somada ao decurso do tempo. A prescrição, se ramifica em algumas espécies, porém, não será nosso objeto de estudo nesse momento. Entretanto, o

3 Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

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recebimento da denúncia fará, a grosso modo, com que o Estado tenha mais tempo de buscar a punição do agente criminoso através da ação penal.

Que tal testarmos nossos conhecimentos?!

Venha comigo:

Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRE-BA Prova: CESPE - 2017 - TRE-BA - Analista Judiciário – Área Judiciária

Considere que o Ministério Público tenha oferecido denúncia contra determinado indivíduo pela prática de crime que somente se processa mediante queixa. Nessa situação, o juiz deve

A) designar audiência de tentativa de reconciliação entre a vítima e o ofendido.

B) intimar o ofendido, para que ele assuma a titularidade da ação penal.

C) rejeitar a denúncia.

D) determinar a citação do querelado, para que ele ofereça defesa no prazo de quinze dias.

E) exigir do órgão ministerial a correção da peça acusatória.

Resolução: analisando a questão ora proposta à luz do conteúdo até agora por nós estudado, levando em conta que o MP ofereceu denúncia contra determinado criminoso pela pratica de crime que se processa mediante queixa, a solução a ser adotada pelo Juiz é a rejeição da denúncia, com base no artigo 395, II, do CPP.

Gabarito: Letra C.

Nesse momento processual em que o Juiz de Direito se depara com a denúncia oferecida pelo MP, vigora o princípio do in dubio pro societate. Assim, caso esteja na dúvida entre receber ou rejeitar a exordial acusatória por conta de não estar suficientemente apta ao seu recebimento, por força desse princípio, o magistrado deverá recebê-la e durante a instrução processual, se for o caso, ao final poderá absolver o acusado.

Veja como isso tem caído em concurso:

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-DF Prova: CESPE - 2013 - PC-DF - Escrivão de Polícia

Com base no que dispõe o Código de Processo Penal, julgue o item que se segue.

O recebimento, pelo juiz, da denúncia deve ser pautado pelo princípio in dubio pro societate, bastando para isso a presença da prova da materialidade delitiva e dos indícios suficientes de autoria.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: então, a partir do que acabamos de visualizar acima, podemos concluir que, nesse caso, estrará o magistrado apto a receber a denúncia com fundamento no princípio do in dubio pro societate.

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Gabarito: CERTO.

Então, meu amigo(a), assim fechamos o estudo acerca do nosso primeiro tópico referente ao recebimento/rejeição da denúncia dentro do procedimento comum ordinário.

Aguardo você em nosso próximo tópico.

Citação e resposta escrita.

Avante, caríssimo(a)!

Entendendo que a denúncia ou queixa preenche os requisitos formais, deverá o juiz recebê-la, cabendo-lhe determinar a citação do acusado para oferecer resposta à acusação, no prazo de 10 (dez) dias (art. 396, caput, CPP).

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando- as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Realizada nossa sagrada leitura do texto legal, vamos estabelecer, ao menos, duas premissas acerca da citação.

Premissa 1: A falta de citação é causa de nulidade absoluta e a sua deficiência é causa de nulidade relativa.

Premissa 2: Citação circunduta – É a citação que foi anulada por algum motivo.

Citação: é o ato de comunicação processual por meio do qual se dá ciência ao réu da ação penal, chamando- o a juízo para que ofereça sua defesa.

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Entretanto, em que pese a ação penal tenha início com a denúncia/queixa, a relação processual penal só estará completa com a efetiva citação do acusado, nos termos do art. 3634, caput, do Código de Processo Penal.

Outrossim, meu amigo(a), é importante lembrar que a ausência de citação válida é causa de nulidade absoluta (art. 564, III, “e”, do CPP5), a qual poderá ser sanada pelo comparecimento espontâneo do réu em juízo, conforme o art. 5706 do CPP. Esse fenômeno é denominado citação circunduta.

Veja só como esse conteúdo está sendo cobrado em concurso:

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador

Julgue o próximo item, relativos a citação, intimação, nulidade, interceptação telefônica e prazos processuais.

6 Em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, a citação nula não se convalida se o réu comparecer espontaneamente em juízo antes de o ato consumar-se.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: veja, meu amigo(a), a citação circunduta, conforme anteriormente mencionada, é a hipótese que se amolda a questão que estamos resolvendo. Desse modo, caso o réu compareça espontaneamente em juízo dando- se como citado, a citação anteriormente nula se convalidará e o ato será válido.

Gabarito: ERRADO.

4 Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado.

5 Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;

6Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.

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A citação real ou pessoal (que é a regra no processo penal) é feita na pessoa do acusado, podendo ser feita por mandado, carta precatória, carta rogatória, carta de ordem ou mediante requisição.

Citação por mandado: é feita quando o acusado estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado (art. 351 do CPP7). Caso o réu se encontre em território não sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado, esta far-se-á mediante a expedição de carta precatória.

Os requisitos essenciais para o mandado de citação estão elencados no art. 352 do Código de Processo Penal:

Art. 352. O mandado de citação indicará:

I - o nome do juiz;

II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;

III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;

IV - a residência do réu, se for conhecida;

V - o fim para que é feita a citação;

VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;

VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Para que a citação do acusado se perfectibilize, o Oficial de Justiça deverá, ao realizar o ato, obedecer aos requisitos do art. 357, I e II do CPP, quais sejam: a leitura do mandado ao citando e entrega da contrafé, na qual

7 Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

Hipóteses de citação

Real ou Pessoal – Feita por Oficial de Justiça

Ficta ou Presumida – Feita por edital ou por hora

certa

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mencionar-se-ão dia e hora da citação e, declaração do Oficial, na certidão, da entrega da contrafé (trata-se de uma cópia da denúncia) e sua aceitação ou recusa, sob pena de nulidade.

Outrossim, no processo penal, a citação do acusado poderá ser realizada em qualquer dia e a qualquer hora.

Tratando-se de funcionário público (acusado detentor de “prerrogativa”), também será citado por mandado, ocasião em que o chefe de sua repartição também será notificado do dia em que aquele deverá comparecer em juízo, conforme o art. 3598 do Código de Processo Penal.

No tocante à citação de réu preso, conforme a disposição da Lei n. 10.792/2003, que modificou esta forma de citação, dispõe que o acusado que estiver preso será pessoalmente citado (art. 360), ficando assim, superado o entendimento de que bastaria a requisição do réu preso para que se apresentasse em juízo, prescindindo da expedição de mandado (anterior redação do art. 360).

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado

Antes de avançarmos no tocante à citação, veja como os concursos estão cobrando o tema da citação do preso.

Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário

Se o réu estiver condenado e preso, e for ordenada judicialmente sua citação em razão de um novo processo A) deverá ser realizada por edital.

B) deverá ser realizada por carta precatória.

C) deverá ser realizada pessoalmente.

D) não poderá ser realizada senão por intermédio do chefe do estabelecimento prisional.

E) não poderá ser realizada até que seja cumprida a pena que ensejou a prisão.

Resolução: a questão, meu amigo(a), nos exige o conhecimento literal do artigo 360 do CPP e, dessa forma, estando o réu preso, deverá ser citado pessoalmente, sob pena de nulidade.

Gabarito: Letra C.

8 Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.

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Citação por precatória: conforme anteriormente mencionado, a citação por precatória será feita caso o acusado esteja fora da jurisdição do juízo processante, ocasião em que o juiz deprecado, recebida a carta precatória, apõe o ‘cumpra-se’, expedindo o mandado citatório. A situação é mais ou menos a seguinte, doutor(a):

o réu está sendo processado na cidade de Porto Alegre/RS, porém, seu endereço para citação é Belo Horizonte/MG. Nesse caso, o Juiz da cidade de Porto Alegre/RS não possui competência para atuar fora do seu Estado, razão pela qual, ele expedirá uma carta precatória para o Juiz de Belo Horizonte, pedido para que este proceda à citação do acusado e, logo em seguida, devolva a carta para o juízo de Porto Alegre.

Assim como o mandado citatório, a carta precatória deverá indicar os elementos descritos no art. 354 do CPP:

I. O juiz deprecado (onde vai ser cumprida a citação) e o juiz deprecante (onde emanou a ordem para a citação);

II. A sede da jurisdição de um e de outro (Porto Alegre/RS e Belo Horizonte/MG, p.ex.);

III. O fim para que é feita a citação, com todas as especificações;

IV. O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer (1ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre, para ser interrogado no dia 21/11/2020 às 14h15min, p.ex.)

Realizada a citação no juízo deprecado, a carta será devolvida ao juízo deprecante. Entretanto, havendo indícios de que o acusado se oculta para não ser citado (que deverá ser certificado pelo Oficial), a carta será devolvida ao juízo deprecante, para que o réu seja citado por hora certa (art. 355, §2º9), nos termos do art. 36210 do CPP.

Outrossim, comprovado que o acusado se encontra em local diverso (do juízo deprecado) do constante na carta precatória, o próprio juiz deprecado remeterá a carta para o local onde o acusado se encontre. Tal fenômeno é denominado de precatória itinerante. Veja o exemplo abaixo:

Voltemos ao exemplo de Porto Alegre e Belo Horizonte. Suponhamos que o Juiz de Belo Horizonte tenha notícias de que o réu não está mais em sua cidade, mas mudou-se para São Paulo/SP. Desse modo, o Juiz de Minas Gerais, ao invés de remeter a precatória para Porto Alegre e o Juiz Gaúcho remeter para o Juiz Paulista, o Juiz Mineiro enviará a carta direto para o magistrado bandeirante, ocasião em que este dará cumprimento a carta e, logo em seguida, encaminhará ao Juiz do Rio Grande do Sul.

9 Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de traslado, depois de lançado o

"cumpra-se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado.

[...]

§ 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no art. 362.

10 Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

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Citação por carta de ordem: essa modalidade dar-se-á quando o Tribunal de Justiça (órgão de segundo grau do Poder Judiciário) ordena ao juiz de primeiro grau que este realize a citação do réu que se encontra em sua comarca. Entram nessa modalidade de citação os acusados que possuem foro por prerrogativa de função, ou seja, a sua competência originária inicia-se no juízo ad quem.

Imagine a situação de um Promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que esteja sendo processado criminalmente pela prática do crime de corrupção passiva. O agente público, por ter foro por prerrogativa de função, irá se defender desta ação penal perante o Tribunal de Justiça Fluminense, porém, para dar ciência a esse Promotor de Justiça que ele está sendo processado, o TJ/RJ irá remeter uma carta de ordem a um juiz criminal da comarca do Rio de Janeiro para que este proceda a citação do Promotor e, logo que esteja feita a citação, remeta a carta de volta ao Tribunal.

Citação por requisição: conforme dispõe o art. 358 do CPP, a citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço, razão pela qual, o militar terá de ser requisitado para comparecer em juízo, respeitando-se, assim, a disciplina e hierarquia inerentes ao serviço militar.

Citação por rogatória: será feita sempre que:

I – O acusado se encontre no estrangeiro, em lugar sabido, ocasião em que ficará suspensa a prescrição até o seu cumprimento; e

II – Sempre que a citação houver de ser feita em legações estrangeiras (embaixadas e consulados).

Ainda dentro do tema da citação, passemos a analisar as modalidades de citação ficta/presumida.

Venha comigo!

Citação ficta ou presumida

Essas são as hipóteses em que a citação do réu é feita por edital ou por hora certa.

Citação por edital: art. 363, §1º c/c o art. 364 e 365, todos do CPP.

É exceção no processo penal e será feita quando o réu não for encontrado para ser citado pessoalmente.

Para que ocorra essa modalidade, caríssimo(a) é necessário que se esgote todos os meios de localização do réu no endereço informado para citação.

Os requisitos do edital estão postos no artigo 365 e parágrafo único do Código de Processo Penal, devendo conter:

I - O nome do juiz que a determinar;

II – O nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo;

III – O fim para que é feita a citação;

IV – O juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;

V – O prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.

Ainda, será fixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação.

Sobre o tema da citação por edital há duas súmulas do STF que você deverá saber:

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Súmula 351

“É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce sua jurisdição”.

Você lembra o que estudamos acima sobre a citação do réu preso? Então, essa súmula veio para confirmar o que estudamos anteriormente. Suponha que determinado réu está preso em um Município diverso de onde está tramitando a ação penal contra ele. Nesse caso, obrigatoriamente o réu deverá ser citado pessoalmente, não podendo ser citado por edital, sob pena

de nulidade.

Súmula 366

“Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo de lei penal embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”.

Cabe ressaltar novamente que a citação por edital é absolutamente subsidiária, ou seja, caríssimo(a), sendo admissível apenas quando esgotados todos os meios para localizar o réu. Desse modo, havendo dois endereços como sendo do réu, é indispensável a tentativa de citação pessoal em ambos antes de determinar a realização da citação por edital.

Conforme dispõe a redação do artigo 366 do CPP, citado o acusado por edital, é obrigatória a suspensão do processo e da prescrição, bem como, se for o caso, decretar a prisão preventiva do réu nos termos do artigo 312 do CPP.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

Citação por edital ============ Juiz deve suspender o processo e a prescrição – 415, STJ;

Pode decretar a prisão preventiva e/ou produzir prova urgente (455, STJ). São condutas ex vi legis (ou seja, decorrem de obrigação legal). O juiz não precisa motivar.

Não comparece e não constitui advogado.

Atenção, STJ – 415: A prescrição fica suspensa levando-se o máximo da pena em abstrato. O processo só volta a correr se o réu comparecer ou constituir advogado. As condutas facultativas exigem motivação idônea.

Súmula 455 do STJ – a possibilidade de esquecimento da testemunha, não é motivação idônea para antecipar a prova. Uma exceção já reconhecida pela jurisprudência dos Tribunais Superiores é a testemunha policial.

Geralmente, policiais militares que fazem patrulhamento ostensivo e atendem a inúmeras ocorrências são ouvidos de forma antecipada, para que não haja o risco de perecimento do depoimento por conta do tempo transcorrido entre o fato e a data da audiência e, também, pela natureza da atividade policial que atendem diversas chamadas em um mesmo dia.

Vejamos como o tema é cobrado pelas bancas examinadoras:

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Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária

Julgue o item subsequente, em relação à prova, ao instituto da interceptação telefônica e à citação por hora certa.

Em processo penal, a citação por hora certa do réu que se oculte para não ser citado segue os procedimentos previstos no Código de Processo Civil, de modo que, caso o réu não compareça em juízo nem constitua advogado, ficam suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz, se for o caso, determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: perceba caríssimo(a), um aluno desatento cairia na pegadinha, porém, você que se prepara aqui na nossa plataforma, não errará essa questão. A banca transcreve a literalidade do artigo 366 do CPP, entretanto, efetua a troca da citação por edital pela modalidade de citação por hora certa.

Gabarito: ERRADO.

Citação por hora certa: está disposta no art.362, CPP. Ela ocorrerá quando o réu, deliberadamente, se oculta para não ser citado. A citação por hora certa não tem rito próprio no CPP, seguindo-se o rito do Código de Processo Civil, (conforme os arts. 252 a 25411). Anteriormente, eram realizadas três tentativas de localização do acusado, porém, conforme o CPC/15, atualmente são duas tentativas de citação. Assim, caso o Oficial de Justiça diligencie no local indicado no mandado, por duas vezes, e perceba que o réu se oculta para não ser citado, marcará dia e horário para tentar novamente citar o acusado, porém, caso não seja possível, o Oficial informará vizinho ou

11Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.

Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.

§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.

§ 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.

§ 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.

§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia.

Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.

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alguém próximo ao réu e o dará como citado. Então, caso ocorra a citação por hora certa, o juiz nomeará defensor dativo para atuar na defesa do réu durante o processo penal.

Revelia: conforme dispõe o artigo 367 do CPP, o réu será declarado revel, seguindo o processo sem a sua presença quando:

I – Citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado;

II – No caso de mudança, não comunicar o novo endereço ao juízo.

Atenção: o instituto da revelia no processo penal, diversamente do que ocorre no processo civil, não importa confissão ficta, devendo, ainda, o réu ser intimado da sentença, na forma legal.

Citado pessoalmente, o próximo passo será o acusado apresentar sua defesa escrita, (art. 396 e 396-A, do CPP), ocasião em que poderá arguir questões preliminares e matérias que interessem à defesa, sendo-lhe facultado o oferecimento de documentos e justificações. Deve, ainda, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, sob pena de preclusão (ou seja, não poderá arrolá-las em momento posterior), qualificando-as e, requerendo, se necessário, sua intimação. Desta forma, se a defesa expressamente não postular a intimação das testemunhas indicadas na resposta, deverá, por conta própria, providenciar o comparecimento à audiência designada.

O CPP disciplina da seguinte forma a matéria:

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando- as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

A resposta à acusação é peça obrigatória, na exata medida em que, se não for oferecida no prazo legalmente fixado, ou, ainda, se o réu, regularmente citado, não constituir advogado, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos pelo prazo de 10 (dez) dias (art. 396-A, §2º).

Outra informação importante sobre esse ponto, é a súmula 523 do STF, veja só:

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No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Veja só essa questão:

Ano: 2017 Banca: FAURGS Órgão: TJ-RS Prova: FAURGS - 2017 - TJ-RS - Técnico Judiciário Em se tratando dos processos criminais movidos pelo rito comum ordinário, é correto afirmar que:

A) citado pessoalmente da denúncia, o acusado terá o prazo de 15 dias, a contar da juntada do mandado aos autos, para oferecimento de Resposta à Acusação.

B) a defesa poderá desistir da inquirição das testemunhas arroladas em sede de Resposta à Acusação, ainda que não haja concordância da parte acusatória.

C) após a juntada da Resposta à Acusação, o Juiz poderá optar por determinar o seguimento da instrução criminal ou proferir, antecipadamente, sentença de mérito, condenando ou absolvendo o réu a partir das provas constantes do inquérito policial.

D) na audiência de instrução e julgamento, serão ouvidos, nesta ordem, o acusado, a vítima, as testemunhas de acusação e as testemunhas de defesa, para, após, serem prestados esclarecimentos pelos peritos, realizadas as acareações e o reconhecimento de pessoas e coisas.

E) as partes poderão indicar até oito testemunhas para serem ouvidas na audiência de instrução e julgamento, computando-se aí aquelas que não prestam compromisso e as referidas.

Resolução: a questão traz uma mistura de tudo que ocorre dentro do desenrolar do procedimento comum ordinário, então, vamos analisá-la alternativa por alternativa!

a) conforme a redação do artigo 396 do CPP, o prazo para a apresentação da resposta à acusação (R.A) é de 10 dias e não 15.

b) logo adiante veremos que, conforme o artigo 401, §2º, do CPP, a parte poderá desistir das testemunhas que por ela foram arroladas.

c) nesse momento o juiz poderá proferir sentença de mérito somente para absolver o acusado, jamais para condená-lo.

d) você se lembra da nossa aula sobre provas no processo penal? Pois bem, meu amigo(a), lá conseguimos visualizar que o interrogatório do acusado é o último ato da instrução processual. Desse modo, conforme o artigo 400 do CPP, a audiência se iniciará com a oitiva da vítima/ofendido, quando possível.

e) no número legal de 8 testemunhas (previsto para o procedimento comum ordinário), não se computam aquelas que não prestam compromisso legal.

Gabarito: Letra B.

Apresentada a resposta escrita no prazo legal, duas são as opções do Juiz de Direito:

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I - absolver sumariamente o acusado; ou

II - designar dia e hora para a audiência de instrução, debates e julgamento.

Por fim, preste atenção, doutor(a): da decisão que recebe a denúncia ou queixa não cabe, em regra, recurso, porém, é passível de ser atacada via habeas corpus. Assim, não quero que você confunda com a decisão que rejeita a denúncia ou queixa pois essa comporta recurso em sentido estrito. Contudo, no procedimento de julgamento de crimes de competência originária dos tribunais previsto na Lei n. 8.038/90 (art. 39), cabe agravo contra a decisão que recebeu a denúncia. Você se lembra do caso do Promotor acusado de corrupção passiva do exemplo anterior? Então, meu amigo(a), se, por exemplo, o Procurador Geral de Justiça (chefe institucional do MP) oferece denúncia contra o Promotor de Justiça no TJ/RJ e os desembargadores (juízes de segundo grau) rejeitarem a denúncia, poderá o Procurador Geral de Justiça interpor agravo contra a referida decisão.

Assim concluímos todos os comentários essenciais acerca da citação. Então aguardo você no próximo tópico!

Até lá!

Absolvição sumária.

Salve, meu amigo(a)!

Antes de tratarmos da absolvição sumária, vamos recapitular a marcha processual até o momento estudada.

Inicialmente, será oferecida a denúncia/queixa pelo Promotor de Justiça ou pelo ofendido nas ações penais privadas. Logo em seguida, o juiz irá receber ou rejeitar a denúncia com base no artigo 395 do CPP. Em caso de recebimento, o Juiz ordenará a citação do acusado. Assim, citado o acusado, ele terá o prazo de 10 dias para apresentar resposta à acusação (art. 396). Apresentada a resposta à acusação, o Juiz terá dois caminhos a tomar.

Um deles será estuado a partir de agora!

Venha comigo!

Logo após apresentada a resposta à acusação, o juiz poderá absolver sumariamente o réu quando verificar as seguintes hipóteses:

I – A existência manifesta de causa excludente de ilicitude do fato;

A primeira hipótese diz respeito à existência manifesta de causa de justificação (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de um direito, previstas no art. 23, do Código Penal, por exemplo).

Para refrescar nossa memória, veja essa tabela que está presente em sua aula 03, referente ao fato típico e seus elementos.

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA

Pressupõe perigo Pressupõe agressão

Todos os envolvidos tem razão, pois seus bens ou interesses são legítimos

Somente um indivíduo (agredido) está com a razão, ao repelir a injusta agressão

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Só há estado de necessidade se o perigo for inevitável Há legítima defesa ainda quando a agressão for evitável.

Existe estado de necessidade contra atos de animais Não existe legítima defesa contra ataque de animal (salvo quando ele foi o instrumento de uma agressão

humana.

Outrossim, é imperioso mencionar que os requisitos ensejadores da excludente de antijuridicidade devem estar presentes de forma patente, insofismável, pois, do contrário, o magistrado deverá sanear o processo e designar audiência.

II – A existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;

Assim como mencionado na hipótese anterior, para que o acusado seja absolvido sumariamente com base neste inciso, a prova da ocorrência da dirimente deve ser manifesta, ou seja, indiscutível.

As excludentes de culpabilidade estão dispostas no artigo 22 do CP, você está lembrado?

Veja só:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL COAÇÃO MORAL RESISTÍVEL COATOR Condenado + agravante (art.62) Condenado + agravante (art.62)

COAGIDO Absolvido Condenado + atenuante (art.65)

ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL

ORDEM MANIFESTAMENTE ILEGAL

SUPERIOR Condenado + agravante (art.62) Condenado + Agravante (art.62)

SUBORDINADO Absolvido Condenado + Atenuante (art.65)

Entretanto, não pode haver a absolvição sumária em caso de inimputabilidade do agente, porquanto o acusado, estando nas condições elencadas no art. 26, caput, do CP, receberá sentença de absolvição imprópria, com a consequente imposição de medida de segurança.

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Prof. Leonardo dos Santos Arpini

Aula 11

Direito Processual Penal para Analista Judiciário – TJ GO

III – Que o fato narrado evidentemente não constitui crime.

Oferecida a denúncia ou queixa que narra fato atípico, deve o juiz, de plano, rejeitá-la por impossibilidade jurídica do pedido (art. 395, II, do CPP). Contudo, se a atipicidade for verificada tão somente após a resposta escrita, o juiz absolverá sumariamente o réu.

Esse seria, por exemplo, o caso de o Promotor de Justiça oferecer denúncia contra um indivíduo pela prática do crime de adultério, que foi abolido do ordenamento jurídico em 2005. Assim, caso o Juiz acabe “se passando” e não tenha percebido que no momento da denúncia se tratava de um fato atípico e acaba por receber a peça acusatória, logo após a resposta do réu, deverá absolvê-lo sumariamente.

IV – Extinta a punibilidade do agente

Quando estiverem presentes alguma das causas do art. 107 do Código Penal, o juiz deverá absolver o acusado sumariamente.

Veja só como está disposto o rol das causas de extinção da punibilidade.

Extinção da punibilidade

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Outrossim, é importantíssimo que você saiba que o rol do art. 107 é exemplificativo, ou seja, existem outras causas de extinção da punibilidade que estão fora do art. 107, como, por exemplo, o art. 312, §3º, do Código Penal, veja só:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

[...]

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Referências

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