os
historiadoresda
matemática grega estãode
acordo quanto
ao
método que
oss€
encontfa uma
proposição dessetipo,
a
análise estáconclulda
e a
síntese pode, ARTIGOSA
ANÁLISE
NA GEOMETRIAGREGA'
RICIIARD ROBINSON*Nota editorial: Este artþo apaæceu originalmente em Mtttd 45 (1936)' pp,464473' Agradece' mos
tMind
a cessão dos direitos para esta tadução, A traduçå-o é de Roberto Limade Souza' revista por Cláudio l{ebe¡ Abramo.6
Richard Robinsonentão,
ær.iniciada.
A
slntese consisteem percorter os
mesmos passosna
ordem inversa:"lJma
vez
que se sabeque
(5)
é verdadeira, então(4)
é
verdadeirae, por
conseguinte,(3), (2)
e,
fìnalmente,
(1),
que era
o
que
se pretendia demonstrar". Para queo
método funcione,
as implicações devem ser reclprocas.(l)
não deve, meramente,implicar (2),
mas
(2)
deve, também,implicar
(l).
A
cadeiraL'2'34'5
deve fomecer uma
#rie
contfnua de implicações, em qualque¡ sentido que se proceda.Em
outras palavras, as proposições em questão devem ser conversfveis.A
conversibili-dade é facilmenteobtida
na matemática, pois esta consiste largamente de proposições que afirmam relações simétricas (como equações),portanto
conversíveis. No entanto,æ na
análisefoi
necessânottihzw
alguma proposição
não-conversível, isso serádescoberto quando se
tentar
fazer a slntese. Pode.æ descobrir,por
exemplo, que(2)
nÍfo
acarreta necessariamente(l),
embora(l)
acarrete(2). É
desta maneira que aslntese
testa a
análise. Se,por outro
lado,
a
cadeia 5'4'3-2-1, quando tomadanestaordem,
constitui
uma
infer6ncia necesMria,a
sfnteseconstitui a
demonstração quese
estavaprocurando; pois
(5)
é
independentemente conhecida como verdadeira, e aca¡reta indiretamente(1),
a proposição que se pretendia demonst¡ar.3Se
a
proposição
(5), a
última na
ordem
de
análise, fosse independentemente conhecida como falsa, ao invés de ser independentemente conhecida como verdadeira,a
análisenos teria
mostrado que(1)
era falsa (uma vez que de premissas verdadeiras não se pode chegar validamente a uma conclusão falsa), e, portanto, que nossa tentativade
descobrir uma
demonstraçãode
(l)
não
poderia serbem
sucedida;e nos
teriamostrado isso
semo
auxllio de
qualquer
síntese. Dessaforma,
podemos ampliar nossa descriçãoda
análisee
dizerque
setrata
deum
método
para descobrir seja a demonstração de uma proposição, seja que essa proposição não pode ser demonstrada, pelofato
de ser falsa.A
reductio ad
absurdumé
um
caso especial dométodo
de análise. Se(5)
é falsa,então
(l)
é
falsa;
e
se
(l)
é
falsa,
a
contraditória
de
(1)
é
verdadeira. Podemos, portanto,provil
acontraditória
de(l)
assumindo(1)
e mostrando que ela acarreta(5),
que é um absurdo e, como tal, independentemente conhecida como falsa.
A
aplicação
do
método
de
análise
na
solução
de
problemas
é
semelhante. Pressupõe-seo
problema resolvido
e
se inferem
conseqüências desse pressupostoaté
se encontrar uma
conseqüÉnciaque se
possa
construir.
Efetua-seentão
aconstrução e se procede inversamente, para alcançar o que era, a
princípio,
solicitado.3 Ém nenhum texto antigo que me seja conhecido há alusão clara à possibilidade de não se conse-guir completar a slntese, e que isso seria um sinal de que a análise foi mal sucedida. Quando se
referem a isso, os historiadores da matemática aparentemente não rq>roduzem o que os gregos de fato clisseram, mas nos falam do que está envolvido naquilo que os gregos disseram e føe¡arl. Todavia" deparei com duas passagens que podem, possivehqenta referir-se a esse ponto.
"Por-t*to,
d*ic'é
-uíor,
o"
a igrrñ, on é-"no¡
dã'queB-E2x-i1r4. S" formaior, nãohave¡áne-nhuma síntese, conforme se mostrou na análise" (Eutócio, ver Arquimedes (ed. Heiberg), iü., 160, 10),A
out¡a passagem é A¡istóteles, Soph.El.,
16,175ø 28: "Em diagramas, podemos algumas vezes analisar a figura, mæ não construí-la novamente,"I L l¡ I I t
A
Aruíllseru
GeometrbGrega
7 Esta é a concepçilo usual da análiæ.Cito
agora a traduçlIo de Heath de um trecho de Peppusque constitui uma
das principais passagensem que
se baseia a descrição comumente aceila.A
anrílise, então, toma aquilo quo ó procuraSo como se fose admitido e disso, atravésde suc€ssivas conseqilências
<6ùrav
åË7lc aßoì.oüdaru¡, passa para algo que éadmitido como ¡esultado do síntèse: pois, na análise, assumimos aquilo que so procura
como ss
(á)
tivesse sido feito 1yeyovch)¡e investigamos de que é que ¡sto resulta, eno
monte qual é a causa antecedonte deste último, e assim por diante até que, scguindo nossos passos na ordem inve¡sa, alcancemos algo já conhocido ou pertencente à classelos
primeiros princlpios; o a tal método chamamos de anáise, como solução de trás para diante 1ùtchralt v)úew).
Mas na slntese, reve¡Þndo o Processo, tomamos como já feito o que
f
alcançou porúltimo ha análise, e, colocando na sua ordem natural de conseqüências
o
que elam antecedentes, e conectandoos sucessivamente uns aos outros, chegamos finalmente àconstrução do que era procurado; e a isso chamamos de sínteæ.
A
análise ó de doistþs,
o primeirodirfido
pírra a busca da verdade e cham¡do teôrico, o segundo dirigido para a descoberta do quo nos é dito encont¡ar, e chamado problemático.(l)
Na análise teórica, assumimos o que se plocura como s€ fosse exis' ìente e rærdadeiro, e depois passamos através de suas sucãssivas conseqilências,(rôu
èËrlcof
oú0av), como se elas fossem também verdadeiras e estabelecidas em virtu-de da nossa hipótese, para algo admitido: (a) se o quo é admitido éverdadeiro, então o que é procurado será também verdadeiro, e a domonstração corresponderá ao caminho reverso da análise; mas (b) se o i¡ue é alcançado é algo que se admite como falso, o que se procura é igualmente falso. (2). Na análise pruåleruítico asumimos o que é propostocomo s€ fosse conhecido, e depois passamos através de suas sucessivas conseqilências <r<ìv ètûC
ùxùwsîtølv),
tomando-as como rærd¿dei¡as, até chegarmos a algoadmi-tido:
(l)
se o que é admitido é possível e obtenível, isto é, se se trata do que os mate-máticos chamam de d¿do, entãoo
que era originariamente p¡oposto será também posslvei, e a demonstração coÍesponderá, novamente, à ordem inve¡.sa da análise; mas (b) se chegarmos a algo que se admite como impossível, o problcma se¡á também imposível.aEis, a æguir, a versão do mesmo
tradutor
de uma descriçío de anrílise e sfntese que, apesar denão
serde
autoria de Euclides, enconta-se nos manuscritosdo
Livro
XII
dosElementos.
Análise é assumfu o que é procurado, como se fosse admitilo, [u
.
p.r¡¡gr-]
através de suas conseqllências (6tù rô¡v ù<oloúÎ<irv) para algo [quo é ] admitilo ve¡dadeiro. Sínteseé
aszumiro
queé
admitido[e
a passagem] através de suas conseqüências 1ôràrciz
&xo\oúÎuv)
para o término ou consecuça-o do que é procumdo,sAté
onde
me
é
dado
conhecer, das descrições antigas da anáIiæ que chegar¡rm até nós não existe qualquer outra tÍtoinformativa
quanto a de Pappus. Todas as demais4
Heath. op. c[t.,138. Na edição de Hultsch o texto aparece nas pp. 6 3,1-636.
8
Richord Robinsonpressupõem conhecimentos adicionais do
leitor,
ou são ininteliglveis, ou,possivelmen-ir,
r"
t"f.t.*
a algumoutro tipo
de análise, nãogeométrica.6Passo, agora,
à
ægundaparte
destanota,
a
apresentaçãodo ponto
devista
doprofessor
Cornford.
O
que
se
segue representa, espero,uma
descrição honesta e completa de suas opiniões.O
método de
análiænão
seinicia,
como os historiadores afirmam, pela busca do que é implicado por(1).
Começa perguntando o que poderia implicar(l).
Se descubro que(2)
poderiaimplicar
(1),
indago amim
mesmo seæi
que(2)
é verdadeira. Se æi que é, a análise está concluída; mas se não, devo dar um ægundo passo. E, como antes, esæ segundopaso
não será perguntar o que é implicado pot (2), mas o que implicaria(2).
O processo devecontinuar
até que eu alcance algo que defato
conheço. Digamos queiiso
æja
(5).
Terei entÍio
conluldo
a análise,-podendo fazerminha
sfntese:'(5)
é verdadeira e
implica (4),
(4)
implica (3),
(3)
implica
(2),
e(2)
implica
(1)
que, porsua vez, é o que se deve
provar".
Segundo este
relato,
a
análisenão
é um
processode
dedução. Não deduzo(2)
apartir de
(l).
E
só
quando procedo
na
direção contrária,
ao
fazet a
slntese, que executo uma inferência. Na análise, a atividade de minha mente não é dedemonstra-ção,
mas deinnþão.
O
geômetra que seutiliza
da
análise adivinhaa
premissa(2)
de que
se seguea
conclusão(l).
Proclo
estavacerto
quando descreveu a análise emtermos
que
remontavamao
caminho ascendenteda
dialéticana'Linha
Divisória
dePlatão, pois esse caminhoiascendente é uma série de intuições.7
"É
certo que, em seurelato de
ascençãodialética,
Platão
descreveo
movimento
ascendentedo
racio'clnio
ilustrado apartir
da análise geométdca".ESegundo
tal
descrição, as implicações com que a análise trabalha não seriam neces-sariamente recíprocas. Poderia nãoexistir
qualquer conæqü6ncia necessária na direção de(1)
para(5).
A
análise percorreria na contra-mão uma via de mão única, e a síntese æria o retorno, na direção cotreta.6
7 P¡oclo
, Euclldes (ed. Friedlein),
ztL,
20.E Mind,
A Anilise
nt
GeometritGrega
9Em
obediência a ess€ ponto de vista, o professor Cornford critica da seguinte formaa interpretação costumeira da pæsagem de Pappus:
Da discussÍo de
Sli
T. Health sobre a passagem (Thírteen Books of Eucltd,i,
138), dopreendo quo os historiado¡es rocentos da matomática-
são citados "estudos cuida-rloios" de Hankel, Duhamel o Zeuthen, e outros do Ofterdinger e Cantor-
desvirtua-da f¡aso "a sucessão dos Passos como "consoqilôncias" lógicas' sido confundidos Por Gerhardt.missas implicadas nela; e em sentido descendente, na Síntese, quando são revertidos os
passos para montar o teorema ou domonstra¡ a construção "na ordem (lógica) natu¡al". NÍio se pode seguir a mesma soqüência de passos prirneiro num sentido, e depois no sontido oposto,
e
chegar a conæqüências lógicas nas duas direções. E Pappus, om momento algum, af1¡mou que se pudesse. Ele acrescentouètìC
para indicar que os passos "se jeguem em stcessõo", mas que nâo sãotes" logicamente, como poderia sugerir
o
termo de análise e síntese interpoladas em EuclidesXIII
é utilizada da mesma forma: "Análise é toma¡ apassagem] øffavés dos passos subseqüentes para alguma verdade admitida". Aqui, mais uma vez, Heiberg (ed. Teubner,
III.,
365),altzdtu
"pcr conscquenfiaC', e Heathpor "através de suas conseqüências". Essas defrnições pode ter sido copiadas, com ab¡evia-ção, da exPosição do PaPPus.gDe conformidade comisso, o professor Comford
traduzõût
rôv
èËrîç arcoloú0uv
por
"através
dos
passos subseqüentes",[ð
três
vezesem que
a
frase
aparece em Pappus. Seuponto
de vista éo
de que Pappus entende,al,
uma sucessão meramentetemporal,
mas quenão
é
também lógica.Na stttese,
a
sucessãodos
passos é tantológica quanto temporal,
masna
andlise não;pois
enquantoa
sfnteseé
dedução, a análise é intuição.Isso completa a segunda parte de minha nota, felativa à apresentação da concepção
de
análiæ
do
professorComford. Na
terceirae
última
pafte,
queé
a tentativa
demostrar que
o
professorCornford
está equivocado e que é correta a concepção tradi-cional, advogarei três pontos:primeiro,
que ele é influenciadopof
um
duvidosoprin-clpio
a
priorí;
segundo, que ele não pode explicarum conjunto
detextos
de impo-tância fundamental;e terceiro, que é incorreta a sua interpretação de Pappus.Em primeiro lugar,
então, arrisco-mea
sugerir queo
professorCornford
está soba influência
deum
duvidosoprinclpio
apriori.
Ele
mesmo estabeleceuo princfpio:
"Não
se pode seguir a mesma seqü6ncia de pæsosprimeiro num
sentido, e depois noæntido
oposto, e se chegar zconseqüêncras lógicas nas duas direções"(p.47,
n.).Se
l0
RiclurdRobtnson
esæ
princfpio
fosse verdadeiro, o método de análiæ,tal
como descrito pelos historia-doresda maþmdtica,
seria uma impossibilidade lógica; e se os geômetras gregosreal-mente
zupunhamutilizar um
tal
método, estavam grosseiramente enganados, seja na sua geometria, seja na sua metodologia. O professorComford
naturalmente se recusa a supor que os grandes geômetras gregos praticavam habitualmente um absurdo lóglco.E
se os
historiadoresda
mätemática
gre1atambém
o
considerassemum
absurdológico,
sem dúvida reconsiderariam sua atribuição aos fundadores da geometria eten-tariam reinterpretar
ostextos. Não
possoevitar a
sensaçäode
quetoda
a tentativa do professorCornford
de reinterpretar Pappus æja devida simplesmente à sua convic-ção apriori
de que é absurdo o signifìcado que comumente seatribui
a essa pÍrssagem.Mas se
trata,
de
fato,
deum
absurdo lógico? Nesta época,em que
alógiæ
faz
progressos de
tal
forma
surpreendentes e desenvolve enormemente seus recursos, creio que podemos legitimamente nos surpreender com a declaração categórica do professorCornford de
que
a
mesma æqüênciade
passos nâ'o poderá oferecer conseqüênciæ lógicas nas duas direções, especialmente quando a suaprópria
Universidadetanto
ætem
destacado nesses novos progressos.As
três proposições æguintes parecemfome-cer uma
seqü6nciaque fornecerá
conæqüÉncias lógicasem
qualquer direção: (1)
3x:
4y, (2)
3x +y
:
5y, (3)
3x +2y
:6y.
E
quando apresentei aum
amigomate-mático
a descrição convencional da análise grega, elereplicou
que, embora não viessepor
que
razãoo
processoé
chamadode
"análise",
ele mesmoa
praticava cotidia-namente!Se
nos
voltarmos
parao
segundo argumentocontra
o
professorComford,
o
deque
ele
deixa
de
explicar
um conjunto de
textos de
fiurdamentalimportância,
setomará
muito
mais evidenteque
o
seuprincípio
øpriori é
duvidoso.O
fato
é queexistem dois
tipos
detextos
completamente diferentes quepodem
ser consultados para se descobriro
que
os geômetras gregos entendiampor
anrílise. Oprimeiro tipo
dá uma
descriçãoteórica de
aniílise, peltencendo mais propriamente àlógica
ou
àmetodologia
do
que
à
geometria.No
artigo do
professor Conford,.e
até
aúltima
sentença acima, apenas
o primeiro
tipo
detexto foi
discutido. Os gregos, porém, não nos deixaram meramente descrições de suas análises; deixaram-nos também exemplos!E,
enquanto æ descrições que chegaram até nós são poucas e insuficientes, os exem-plos que nos chegaram são abundantes e claros. Há numerosas proposi@es geométricas atacadas pelo método de análiseno
segundoliwo
de fuquimedes, Sobre s Esferø e oCilindro.
[Iií
muitas
delasno
próprio
Pappus.Decerto
devemos nos basear mais nos exemplos reaisdo
que nas descrições.De
qualquermodo,
foi
æsim que os historia-dores da maternática formaram o seu unâninie ponto de vista.loTraduzirei aqui um exemplo bastante simples.
Acredito
que ele mostrará claramente, em primeiro lugar, que o autor julgava estar faz,endo o que o professorComford
diz ser l0 A ilustração de análise dada por Henkel é, de fato, tirada de Pappus, cf. sett Geschlchte derMo-thematlk,l43, e Pappus 830, Hultsch. Para as demonstrações anallticas de Euclides, XIII, 2-5, ver Euclides (ed. Helberg), IV., 368 ss. Pa¡a Arquimedes, ver drquimedes (ed. Heiberg), i., 191
A
Análise na GeometriaGrqa
11.imposslvel; e, em segundo lugar, que
num
certo sentido nzoâvel, ele estava realmente faznndo isso. As definições de análise e sfntese encontradas nos manuscritos deEucli'
,des, já mencionadas, são seguidas das demonstrações daSproposições)üIl.
1-
5, feitaspor
"ttr
método.
Escolhoa demonstraçlo
de)(III.
l,
segundo aqual
"se umalinha
reta
for
seccionadaem
fazão extrema
e média*,
o
quadradodo
segmento maior, acrescido da metade dotodo,
é cinco vezes o quadrado dametade".lr
Anúliæ e S{nteæ da Proposlçõo
I
wm o FlguraSeja, pois, a linha reta
á8
æccjonada em C em razõo oxtrema e média, e sejaz{C o maio¡ s€gmento, a AD =
}
AB .D
Dþoquo CD2 = 5AD2' Pois, desile quo
(1)
...
CD2 = 5AD2e
(i)
...
CDz =CA2 +AD2 + 2CAxAD
(11.,4). Portanto,(2) ...
CA2 +ADz + 2CAxAD = 5AD2 .Portanto, por subtração,
(3)
..
. CA2 +2CAxAD=
4AD2 .Mas (desde que BA = 2AD)
(iÐ...BAxAC--2CAxAD.
E (desde que AB foi segmentada om ¡azão extlema e média)
GÐ...Ac2=ABxBC.
Portanto,
(4)
..
.BAxAC
+ABx
BC = 4AD2. Mas(iv) ..
. BA xAC + AB x BC = /4,82 Q1.,2).Portanto,
(5)
...A82=4AD2
o isto é vo¡dadeiro, pois,4.B = 2AD Qm construção).
i
Notø edito¡lal".A' seoS'o áurea,rr Euclides (ed. Heiberg), iv,,366,3 ss. Esta não é a demonstraçâb regular de
III!
l,e
tambémnâo é por Euclides, pols ele não faz uso de análise. Minli¿ wnão está bæeada na Èadução latina de Heiberg,bc
clt.12
Rícltød
RobinsonSíntese
Ora, uma vez que
(5)
...A82=4AD2
e(iv)
...
BA2 = BA xAC + AB x BC Q1.,2)Portanto,
(4)
. . : BA xAC + AB x BC = 4AD2. Mas(ii)
...BAxAC=2DAxAC
e (iiÐ (3) (2) (Ð (1)...ABxBC=AC2
. Poltanto,...AC2+2DAxAC=4DA2,
e por conseguinte..
. DA2 + AC2 + 2DA xAC = 5DA2. Mas. . . DA2 + AC2 + 2DA xAC = cD2 (11.,4) Portalto,
...CDz=5DA2,
que é o que queríamos demonstar.
1
i
Anólise.
I
-+ -+ Slntese.5-+4-+.3-+2-+l
ô .f\
+iv iiiü
i
Os diagramas mostram a natureza do raciocrnio. Na análise, a implicação vai de 1
para 5, atiavés
de2,3
e4.
Na síntese,vai de 5fara
1, atravésde4,3
e 2, queépreci'
samente o caminho inverso. As proposiçõesidentificadæ por
algarismos romanos são necessárias para conectar entre si as outras ploposições; todavta, elas não são elos da cadeia, mas simplesmentepinos
que mantêmos
elos unidos.Aqui,
portanto,
parece haver realmente uma pista de dupla-mão de inferências.Poder-se-ia
objetar que
o
exemplo nãoé,
de
fato,
de uma pista de interferênciasde mão
dupla, precisamenteem
raz(o da
presençadæ
proposiçõescom
algarismos romanos.A
chamadainferência
de
I
para2
é,na
realidade, uma inferênciade
1 +i
para
2;
e, assim, não é o inverso da inferência de2
-pan I , pois esta
última
é, defato,
a inferência de 2 +i
para 1.com
relaçãoa
esta objeção, duas coisæ podem sef ditas.Em primeiro
lugar, quetodos nós
raciocinamospor
entimemas;isto
é,
consideramos/
como
conseqüência3+4+5
..
.,
.!. t
ll . lll lvA
Análise na GeometriaGrega
73 de8
quando, na realidade, se segue deB +
C
Mesmo quando estamos conscientes danr..rrid"d.
deC
comono
exemplo geométrico acima; freqüentemente consideramosA
como
sendo, antes, conseqüência deI
do
que
de'8 +
C;
e z
razão disso é que' algumas vezes,C é um
elementOantigo e
permanenteno
nosso pensamento' uma påssuposiçeo sob a qualtodo
o nossoracioclnio
se processa, ao p¿lsso que r4 eB
sãoãlr¡1rntor
novos; constituem os processos atualmente presentes denoso
pensamento' Destaforma, no
exemplo acima, qualquer coisa previamente demonstrada noLivro
II
de
Euclidesfunciona
não
como
um
estdgioda
presente demonstração, mas como uma condição quecontrola o
seu desenvolvimento.A
construção funciona do mesmo modo.se
nossa tendênciaa
considerar algumædæ
nossæ premissascomo
as margens daconente do raciocfnio
e não como parte da água-
se essa tendência envolve uma concepçãoerrônea
de
raciocínio, então
o
exemplo
acimanão é,
realmente, uma seqticnciade pasos
idênticos tomados inicialmente numa direção e depois naoutr4
eo
autor
estava equivocado ao supof que assim foss€, e os geômetras gregos estavamtodos
enganados,na
medida emque
as suas análisese
sfnteses exigiam premissas adventícias situadæ à margem da seqüência. De acordo com essalinha
de raciocínio,portanto,
respondemos à obleçeo maisou
menos admitindo-a,isto
é,admitindo
que, nnrnuto
realmente estrito dalinguagem, a sfntese não percorre exatamente os mesmos passos que a análise.-
A
segunda resposta consisteem
salienta¡um
sso exemplo'uqrrrl"
{ue
vai dè2
para 3. Não existeali
nenhu
ia' epirrtanto
a
lnferêncla de
3
para2, na
síntese' Pareceser
No
entanto' pode-æ sr¡stentar que mesmo nesse caso há uma premissamaior
s,u"
ptts"nç" toma
a
slntesediferente da
análise' Se,em última
set æmpte
verdadeiro,é uma
diffcil
¡estãode
lógica, cuja
re-r,
u"rãdito
tèr
exploradoo
assuntoo
suficiente para mostrar duas coisæ: primeiro que, em um uÍ¡o muíto estrito da linguagem, oprincípio
aprioi
do professorcomford
jode ,e.
verdadeiro; e, segundo, que na linguagem usual, há um sentidomuito
naturalá
razoáryelem que
seuprinclpio
é falso. Esta conclusão é suficiente para absolver oshistoriadores da matemática da acusação de haverem
"desvirtuado"
Pappus. Continuaem
abertoverificar
se eles"o
entenderam lamentavelmentemal"'12
e
isto nos
leva ao terceiro eúltimo
ponto, o argumento de que a interpretação do professorcomford
é que está incorreta.Estabelecemos as conclusões
de que
(l)
épossível
rta linguagem usual, "seguir a mesmaseqüfncia
de
passos,primeiro num
sentido,
e
depoisno
sentidooposto,
echegar
a
conseqüêncøs lógicasem
ambasas direções";
e
(2)
os geômetræ gregos freqüentemente assim frzmam,e
a
esseprocedimento
chamaram análiæe
sfntese' Assim sendo, não há mais objeção em encontra¡ essesþificado
em Pappus, se é issoque ele
pafecer
dizet.
on,
decerto isso
parecede fato
o
que ele diz. Tthv
e|nç12 qp.
14
Richard Robinson&xo)totjîoirv está
mais
próximo
de
signifìcar uma sucessãode
conseqüénciæ lógicasdo
que
uma.sucessão de passos subseqüentes, sem que sejan,r conseqüênciæ lógicas. Certamenteo
professor Cornfordpreferiu
este segundo sentido apenas porque zupõe que o primeiro produz uma monstruosidade lógica.O
professor Comford
seapóia fortemente
na
palavra åËrîc,p.."
zustentar suainterpretação de
axù¡ov|az
.
Pappus "acrescentouê|fiçpara
indicar que
os passos'se seguem
em
sucessão', mas quenÍo
são,na
direção ascendente, conseqüentes lo-gicamente, como poderia sugerir o termo&rdÀou0a
isolado'l Todavia, na passagem de Euclides ele se vê obrigado a dar o mesmosþifìcado a iaco\oíflov,
embora não apa. reçanenhum
åËrlc;
r,
em
razão disso, se vê compelido a zugerir que a passagen de Eu-clidesfoi
copiada de Pappus"com
abreviação". No entanto, de acordo com oshistoria-dores, a passagem de Euclides pode ser traçada até Eudoxo ou,pelomenos, atéHierÍo,
e ambos viveram antes de Pappus.B
Ao
professorComford
escapao fato
de que, de
acordocom
sua interpretação, Pappusincorre
emum erro
de lógica. Pappusafirma
que, quanto atingimos,na
anâ-lise teórica,
um
b¡.roÀo7oúpevovou
algoadmitido (isto
é,admitido
como verdadeiroou
como falso),
então, se isso é reconhecidamente falso, a conclusão procurada serátambém
falsa.Na
interpretaçãodo
professorComford
isso não se segue; pois se, na cadeia 7-2-3-4-5,a implicaçro vale
apenasde
5
para
I
e
nfo
tambémde 1
para 5, entãoé
posslvel que 5 seja falsa eque
1, não obstante, seja verdadeira, uma vez que premissas falsaspodem
dar
origem
a
conclusões verdadeiras. Umas poucas linhasmais
abaixo, Pappusfaz uma afirmaçÍo
correqpondentecom
respeitoà
análise pro-blemática,'e
assim,na
interpretaçaodo
professorComford,
incorre
novamente nome$no erro. Por
outro
lado, de
acordocom a
interpretaçã'o costumeirade
análise,como
l-2-34-5
é uma
cadeiade
implicações necesMrias qualquer que seja a direção tomada, Pappus estácorreto
aodizer
que a falsidade de 5 acarreta a falsidadede
1.Há
duas ffases na passagem de Pappusque,
àprimeira vista,
favorecema
inter-pretaçÍo
do
professorCornford; concluirei
por
examiná-las.'1.{a
análise, assumi-mosaquilo
que se procura(...)
e investigamos de que é queisto
rezulta, e novamentequal
é
a
causa antecedente desteriltimo, e
assimpor
diante
atéque,
seguindo naordem
inversa, alcancemos algojá
conhecido".
De
acordo
com a
concepção con-vencionalde
análise, deverfamoster
esperadoque
ele dissesse"o
queresrlta
disto"
emvez
de"de
que é queisto rezulta";se
essa sentençafose
a nossarlnica evidência sobre a análise, seriapreferfvel
a abordagem dessemétodo
segundo o professorCom-ford. Por outro
lado,
esa
sentença nãoé
incorreta na
concepção usualda
análise;ela
é
simplesrnente ineqperada.como na
concepç8ouzual
a
implicação
sedá
em ambosos
sentidos, Pappus estariacerto
qualquerque
fosseo
sentido que afirmassevaler.
Suaprópria
frase
rõv
êEñcdrxo\ou0av,.e
acima detudo
os ercemplos,mos-tram
qual é a verdade.A
ruzão pelaqual
se expressa dessa forma inesperada é porqueestá encarando
a
análisecomo existindo
emfunção
da
slntese;isso
o
faz descreverL
i
I I
1
A
Anúlise na GeometrfuGrega
15 os passos da análisenlo
como aparecem na ocasião em que ela está sendo feita, mas como aparecem na sfntese zubseqüente.O