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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. GABRIEL NICKOLAS CAZOTTO. O IMPACTO ECONÔMICO DO FUTEBOL NO CENÁRIO GLOBAL: UM ESTUDO SOBRE A FIFA DE 1990 A 2018. São Paulo 2018.

(2) GABRIEL NICKOLAS CAZOTTO. O IMPACTO ECONÔMICO DO FUTEBOL NO CENÁRIO GLOBAL: UM ESTUDO SOBRE A FIFA DE 1990 A 2018. Dissertação apresentada ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Economia e Mercados.. ORIENTADOR: Prof. Dr. Mauricio Fronzaglia. São Paulo 2018.

(3) C386i. Cazotto, Gabriel Nickolas. O impacto econômico do futebol no cenário global: um estudo sobre a FIFA de 1990 a 2018 / Gabriel Nickolas Cazotto – 2018. 76 f. : il. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado Profissional em Economia e Mercados) Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018. Orientador: Prof. Dr. Maurício Fronzaglia Bibliografia: f. 68-76. 1. Economia do futebol. 2. FIFA. 3. Economia da copa do mundo. 4. Nacionalismo no futebol. 5. Governança internacional. I. Título. CDD 657.9. Bibliotecário Responsável: Silvania W. Martins – CRB 8/ 7282.

(4) GABRIEL NICKOLAS CAZOTTO. O IMPACTO ECONÔMICO DO FUTEBOL NO CENÁRIO GLOBAL: UM ESTUDO SOBRE A FIFA DE 1990 A 2018. Dissertação apresentada ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Economia e Mercados.. Aprovado em:. BANCA EXAMINADORA.

(5) Às minhas avós: Angelina e Lebina por verem o início da minha caminhada para me tornar mestre, por aqui, e observarem o final do céu..

(6) AGRADECIMENTOS. Agradeço principalmente aos meus pais: Dirceu e Aparecida, que sempre estiveram comigo nesta empreitada. Ao meu orientador e amigo Prof. Dr. Maurício Fronzaglia por toda a paciência e ajuda na elaboração do trabalho. Ao Prof. Dr. Joaquim Carlos Racy pelas importantes anotações de melhorias do trabalho. A todo o excelente corpo docente do Mestrado em Economia do Mackenzie. Aos meus amigos e familiares, sem os quais eu não teria a vontade de ser um Mestre: Sônia, Gabriel, Tadeu, Marcelo, Eric, Sérgio, José Vinícius, Sasha; Alessandra e Sanlay, André e Alyne; Tiago e Fernanda; Leonardo e Thoti; Auriluci e Fábio; Júlio e Juliana. Ao meu amigo da vida: Dr. Estevão. Aos Mestres que conheci na vida como professor e que me agregaram muita coisa profissional e pessoalmente: Rosana Matsushita e José Carlos Merito. Aos que infelizmente já se foram: Lebina, Angelina, Armando e Thiago. A Deus, em qualquer religião ou sagrado que você, leitor, há de acreditar. E por fim, à minha melhor amiga: Giselle..

(7) O futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais importante que isso (Shankly, Bill)..

(8) RESUMO Esta dissertação tem como principal objetivo estudar o impacto econômico do futebol no cenário internacional, principalmente através da Copa do Mundo. A pesquisa concentra-se na atuação econômica e política da FIFA, desde suas origens até o momento atual. O estudo abrange a sua legalidade jurídica, sua atuação no contexto da governança internacional e a movimentação financeira que o futebol traz dentro de diversos setores da economia mundial. Finalizando com o impacto que a organização da Copa do Mundo causou na infraestrutura, na movimentação turística e no crescimento marginal do PIB tanto nos dois últimos países-sede, África do Sul e Brasil, quanto nas expectativas para a Rússia. O trabalho também observa a questão do ganho de receitas da FIFA durante os últimos quinze anos, como as regras de filiação de novos países sofrem a influência do nacionalismo e as consequências geopolíticas ao se associarem à FIFA.. Palavras-chave: Economia do futebol. FIFA. Economia da Copa do Mundo. Nacionalismo no futebol. Governança internacional..

(9) ABSTRACT This thesis has as main objective to study the economic impact of football in the international scenario, mainly through the World Cup. This research focuses on the economic and political acting of FIFA, since its origins to the present. The study covers its juridical legality, its performance in the context of international governance and the financial movement that football brings within various sectors of the world economy. Finishing with the impact that the organization of the World Cup causes as much on the infrastructure, tourist movement and marginal growth of the GDP in the last two host countries, South Africa and Brazil, as the expectations for Russia tournament. The study also observes the question of FIFA's earning of revenue over the last fifteen years and how the rules of affiliation of new countries are influenced by nationalism and the geopolitical consequences of joining FIFA. Keywords: Football economics. FIFA. World Cup economics. Nationalism in football. International governance..

(10) LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Parceiros e stakeholders da FIFA ao longo das Copas do Mundo de 1982 a 2018. ........................................................................................................................................... 20 Figura 2 – As bases da “Boa Governança”, segundo Sheng. ................................................... 21 Figura 3 – Número de países-membros da FIFA por Confederação. ....................................... 24 Figura 4 – Lista de presidentes da FIFA desde a sua criação. .................................................. 30 Figura 5 – Evolução do número de países filiados à FIFA desde sua criação. ....................... 31 Figura 6 – Organograma da FIFA ............................................................................................ 34 Figura 7 – A evolução do número de filiados no congresso da FIFA por confederação. ........ 35 Figura 8 – Evolução das receitas das 5 maiores ligas europeias de 2006 a 2018. .................... 48 Figura 9 – Fees das redes televisivas para as cinco principais ligas Europeias em 2016/2017. ........................................................................................................................................... 49 Figura 10 – Evolução dos lucros das Copas do Mundo de 1986 a 2018 –US$ Bilhões........... 52 Figura 11 - Participação (%) das receitas e custos da Copa do Mundo no quadriênio da FIFA base 2014. .............................................................................................................. 53 Figura 12 - Evolução dos custos das Copas do Mundo de 1994 a 2018 – US$ Bilhões. ......... 54 Figura 13 – Market-share das empresas esportivas no Mundial de 2014 no Brasil. ................ 56 Figura 14 – Market-share das empresas esportivas no Mundial de 2018 na Rússia. ............... 57 Figura 15 – Evolução das receitas das Copas do Mundo de 1986 a 2026 –US$ Bilhões. ....... 58 Figura 16 – Evolução da entrada de turistas de dois anos anteriores ao Mundial até dois anos após o Mundial – Var. (%) ano a ano. ................................................................... 59 Figura 17 – Evolução do PIB de dois anos anteriores ao Mundial até dois anos após o Mundial – Var. (%) ano a ano. .............................................................................. 60 Figura 18 – Evolução das receitas da FIFA nos últimos 15 anos – US$ Bilhões. ................... 63.

(11) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15 2.1 A FIFA DENTRO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................. 15 2.1.1 A governança internacional ......................................................................................... 16 2.1.2 As diferenças entre a velha e a nova governança ........................................................ 17 2.1.3 A visão do enquadramento da FIFA dentro da questão da governança internacional .......................................................................................................................... 18 2.2 A FIFA DENTRO DO DIREITO INTERNACIONAL ..................................................... 22 3 HISTÓRIA, FORMAÇÃO POLÍTICA E ESTATUTO DA FIFA ................................. 25 3.1 A HISTÓRIA DA FIFA ..................................................................................................... 25 3.1.1 O início do futebol e a criação da FIFA ....................................................................... 25 3.1.2 Os anos 1920 e 1930, com a criação da Copa do Mundo FIFA .................................. 27 3.1.3 O período entre guerras ................................................................................................ 28 3.1.4 O pós-guerra, João Havelange e o crescimento de filiados na FIFA ........................... 29 3.1.5 A globalização, os casos de corrupção na FIFA e o cenário atual ............................... 32 3.2 A ESTRUTURA DA FIFA ................................................................................................ 33 3.2.1 O congresso .................................................................................................................. 34 3.2.2 O conselho ................................................................................................................... 36 3.2.3 A secretaria geral ......................................................................................................... 38 3.2.4 Os demais comitês ....................................................................................................... 38 3.3 DIRETRIZES PARA A FILIAÇÃO NA FIFA .................................................................. 40 4 A IMPORTÂNCIA POLÍTICO-ECONÔMICA DO FUTEBOL E O IMPACTO DA COPA DO MUNDO NESSE CENÁRIO ........................................................................... 42 4.1 O FUTEBOL COMO UM SETOR ATUANTE NA POLÍTICA GLOBAL ..................... 42 4.2 O FUTEBOL COMO UM SETOR ATUANTE NA ECONOMIA GLOBAL .................. 46 4.3 OS RESULTADOS ECONÔMICOS DA ENTRADA DA MÍDIA GLOBALIZADA NA COPA DO MUNDO NAS RECEITAS E NOS LUCROS DA ENTIDADE .................... 50 4.3.1 Copa do mundo de 2010 - África do Sul ..................................................................... 58 4.3.2 Copa do mundo de 2014 - Brasil ................................................................................. 59 4.3.3 Copa do Mundo de 2018 – Rússia – Previsão ............................................................. 61 4.4 A FIFA pela visão empresarial nos últimos 15 anos .......................................................... 62.

(12) CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 66 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 68.

(13) 13. INTRODUÇÃO O objetivo de estudo desta dissertação de mestrado é demonstrar a relevante movimentação financeira que o futebol traz dentro da economia global através da gerência de uma organização internacional focada nesse esporte, a Federação Internacional de Futebol (FIFA), tendo esta uma importância considerável também no âmbito das relações internacionais e geopolíticas na questão envolvendo a filiação de membros e a realização da Copa do Mundo. A pergunta que norteia este trabalho é: qual é a abrangência econômica e geopolítica da atuação da FIFA? A hipótese é de que os eventos organizados e supervisionados pela FIFA movimentam economicamente um nicho de mercado grande o suficiente para que tanto as principais ligas como o principal torneio organizado pela FIFA, a Copa do Mundo, tragam resultados substanciais dentro da economia internacional em diversos subsegmentos, sendo eles a geração de empregos, fees de televisões, influxo monetário em transferências, propaganda e marketing com patrocínio e merchandising de produtos durante o Mundial, assim como a visibilidade do torneio também impacta diretamente o influxo do turismo, da infraestrutura e do crescimento marginal da economia dentro dos países-sede durante a competição. A importância da elaboração desses estudos passa prioritariamente pela análise dos resultados da Copa do Mundo tanto em termos financeiros quanto do ponto de vista do impacto econômico dentro da FIFA, dos países que a sediaram entre 1990 e 2018, assim como a perspectiva futura de um aumento de seu impacto nas receitas, cada vez mais numerosos. Sendo o advento da Copa do Mundo uma análise-chave para o entendimento de como se dá a sustentação econômica da entidade para suas confederações, assim como do caráter de uma certa “submissão” política de suas confederações para poderem sediar, participar e até lucrar internamente com o principal evento da entidade, o arcabouço teórico do estudo traz também, em voga, a relação de caráter exploratório da legislação da entidade, buscando entender, através da sua história, a complexidade que uma estrutura como a FIFA traz para três frentes: a) economia; b) política; e c) relações internacionais. A hipótese também traz a relevância de uma entidade juridicamente bem organizada atuando no cenário internacional, ao abordar questões de transparência e ações sobre os principais stakeholders, assim como questões políticas e de cunho nacionalistas. No estudo da formação da entidade, levar-se-á em consideração seu estatuto, sua.

(14) 14. natureza jurídica, a fim de oferecer uma visão dentro da governança internacional, da política e de demonstrar o impacto econômico que o futebol gera através da FIFA, proporcionando uma grande movimentação financeira, principalmente quando a Copa do Mundo passou a dar lucros e receitas significativas passando a merecer atenção de toda a comunidade econômica global. A dissertação segue a seguinte estrutura: no capítulo um, será discutido o referencial teórico sobre a importância e a complexidade da FIFA como uma entidade atuante no cenário internacional e de grande relevância, mas que não é interestatal nem supranacional, e mesmo assim cria um impacto significativo em sua governança internacional no que se refere a seus stakeholders. Também serão tratadas as questões de legalidade jurídica da FIFA e de qual modelo de governança internacional é utilizado pela entidade. O segundo capítulo trará a criação histórica da entidade por meio da apresentação de uma linha do tempo, de seu organograma e de como é feita a filiação de novos membros, culminando no capítulo três, no qual serão exploradas a importância econômica do futebol, regido pelas regras da FIFA, e a questão política e nacionalista que está por trás da importância do futebol tanto dentro da economia global como da geopolítica por meio de dados fundamentados pelo referencial teórico adotado no presente trabalho. No terceiro e último capítulo serão apresentados os dados econômicos que impactam a entidade e a economia global durante a Copa do Mundo, destacando os dois últimos torneios África do Sul e Brasil - e as previsões para o mais recente, na Rússia, ainda em 2018. Indicando os ganhos de receita da FIFA nos últimos quinze anos. Por fim seguem as considerações finais..

(15) 15. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A FIFA é o principal órgão legislativo, judiciário e executivo do futebol. Seus stakeholders são principalmente as próprias confederações filiadas à entidade e que representam cada um dos países existentes de maneira global, incluindo alguns que sequer são reconhecidos por entidades mais significativas no eixo das relações e da política internacionais, assim como em territórios ultramarinos. A complexidade da entidade pode ser percebida tanto por meio de sua importância para o futebol quanto por uma importância subjetiva na política, na economia e nas relações internacionais, dado que seu principal torneio, a Copa do Mundo, traz uma movimentação mundial que diversos fóruns internacionais de outras entidades não alcançam. Com isso em mente, é importante notar como uma entidade tão complexa, que não é interestatal, que é privada, e não pode gerar lucros segundo a legislação suíça, onde se estabelece sua sede, e sequer é uma entidade supranacional tem a necessidade de expor e explorar política e economicamente o fenômeno passional que é o esporte que ela rege: o futebol. Para um melhor entendimento dessa complexidade que envolve a FIFA, esta dissertação inicia demonstrando como a entidade é formada juridicamente, quais são suas questões legais e como é posicionada sua governança, tendo em vista que esse estilo próprio de “negócio”. culminou em um escândalo de corrupção em 2016, o que motivou uma. reformulação em sua governança para que stakeholders e governos das nações pudessem novamente confiar, de certo modo, nas políticas e leis da entidade. 2.1 A FIFA DENTRO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Em um primeiro momento de análise, serão exploradas a ação e a legislação da FIFA dentro do campo das relações internacionais, envolvendo a governança, sua legislação jurídica e relação com os stakeholders, analisando como a FIFA se enquadra na atual governança internacional no contexto atribuído por James Rosenau e Ernst-Otto Czempiel, em 1992, e John Ruggie em 2014..

(16) 16. 2.1.1 A governança internacional A governança pode ser descrita como um dos principais instrumentos que garantem a manutenção da ordem internacional. “A governança é um sistema de ordenação que depende de sentidos intersubjetivos, mas também de constituições e estatutos formalmente instituídos. Para dizê-lo mais claramente, a governança é um sistema de ordenação que só funciona se for aceito pela maioria” (ROSENAU, 1992, p.16). Ela se caracteriza por sistemas domésticos de política, em que há uma capacidade de governar, de articular interesses e de alcançar os objetivos almejados. Segundo Ana Carolina Evangelista Mauad, em seu artigo “Governança global: intersecções com paradiplomacia em meio à crise climática”, de 2013: No sistema internacional, que tradicionalmente teve sua manutenção através da anarquia, ou seja, pela inexistência de uma autoridade hierárquica de governo, a governança adquiriu outros significados. Dessa forma, governança internacional – ou governança global – está relacionada a outros elementos que indicam a existência de certa ordem, ainda que na ausência de governo central (MAUAD, 2013, p.17).. A governança, analisada por Rosenau (1992), não precisa de autarquia, ela em si é aceita pela grande maioria dos atores globais pelo papel que exerce em um sistema internacional caracterizado como anárquico, já que não há um governo global institucionalizado e reconhecido. Ela apresenta normas e regras, mas diferentemente de um governo, não são efetivadas pelo poder de coerção do Estado, simplesmente porque não há um “Estado Global”. Governança não é o mesmo que governo. Os dois conceitos referem-se a um comportamento visando um objetivo, [...], no entanto o governo sugere atividades sustentadas por uma autoridade formal, pelo poder da polícia que garante a implementação das políticas devidamente instituídas, enquanto a governança refere-se às atividades apoiadas em objetivos comuns (ROSENAU, 1992, p.15).. Sendo assim, tem-se a necessidade de considerá-la para entender o funcionamento da FIFA, através das ações tomadas pela entidade e que têm impacto econômico e geopolítico em diversos setores das relações internacionais. Para entender melhor esse posicionamento, observar-se-á que tipo de governança mais se adapta à compreensão das ações da FIFA dentro do sistema internacional..

(17) 17. 2.1.2 As diferenças entre a velha e a nova governança A considerada velha governança se apresenta, segundo Rosenau e Czempiel (1992), como um sistema anárquico (o que já foi discutido no tópico anterior). Ou seja, uma governança rígida, ligada aos movimentos que o mundo tinha para manter o status quo de um pacto de não agressão durante a Guerra Fria entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), devido à instabilidade política da época, quando não havia a preocupação efetiva, por parte das superpotências, de dar “respostas” ou “explicações” para os demais atores políticos nacionais e internacionais. Sobre a questão da governança em relação às organizações internacionais, James Rosenau e Lawrence Finkelstein em seus livros “Governança sem Governo”, de 1992, e “What is International Governance”, de 1991, levantam a indicação da necessidade da governança em um mundo cada vez mais interdependente, em que se exige a instituição de regras governamentais sobre entidades de soberania internacional. Uma questão que também já tinha sido observada por Inis Claude (1964), no que diz respeito aos Estados-Nações, que reforça que o mundo tem menos governança do que a maioria dos estados, mais do que alguns deles e provavelmente menos do que necessita (CLAUDE, 1964). Enquanto a velha governança ainda se apega a valores mais rígidos, datados de certo anarquismo global, e a visões de organizações internacionais datadas do final da década de 1940, quando o cenário viável era a proliferação da paz no pós-guerra, assim atingindo uma governança mais rígida, a nova governança traz abertura aos demais stakeholders para que possam atuar fortemente com novas ideias para as mesmas instituições. A rigidez de outrora é trocada por uma abertura maior de opiniões sobre como uma entidade internacional deve se comportar através de sua estrutura legislativa, leis, deveres e direitos. Em um cenário mais recente, Ruggie (2014) discorre sobre como a antiga governança em sistema anárquico não tem mais significado para os dias atuais, longe da bipolaridade do pós-segunda guerra. Ele descreve que tal atributo fora usado para representar o sistema de organizações internacionais criadas após o fim da segunda guerra mundial pelos países vitoriosos: Rússia (antiga URSS), França, China, EUA e Reino Unido, mas que teria ficado obsoleto a partir de um cenário mais globalizado no qual as instituições e organizações começam a ter uma voz maior sobre as decisões antes discutidas. Este autor, em seu texto “Global governance and ‘New Governance Theory’: lessons from business and human rights”, de 2014, apresenta a diferença entre as governanças que podem ser observadas nas.

(18) 18. organizações internacionais. A nova governança é expressa através da presença e importância da ação de organizações internacionais, atores políticos internacionais, nacionais e subnacionais, e representantes da sociedade civil (cientistas, médicos, empresários e demais stakeholders), com o objetivo de construir formas de ação e decisão mais atualizadas na esfera global. Com isso em mente, o presidente de Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Joseph Deiss vai ao encontro do que é proposto por Ruggie (IDEM), destacando a importância do questionamento de que tipos de atores definirão o futuro da governança e como será incluída a sociedade civil, que, ultimamente, tem cada vez mais presença no ambiente da governança, indo de encontro com a diferenciação da velha com a nova governança internacional. Para entender as ações da FIFA ao atribuir a filiação das associações de futebol, mesmo estas não sendo um estado soberano, é importante entender como funciona a governança internacional nesta entidade internacional. A nova governança foi adotada parcialmente pela FIFA, após os escândalos de corrupção, com a intenção de dar maior transparência para seus stakeholders e para o público que acompanha seus eventos. Ela visa também dar maior liberdade para a entidade na gestão dos seus negócios. Contudo, a entidade ainda mantém uma estrutura de comando rígida, nos moldes da velha governança. Desta forma, pode-se considerar que a FIFA apresenta elementos da nova e da velha governança em sua estrutura e nas suas ações. Mas será que essa visão da nova governança vista na ONU é a mais próximo ao que acontece com as decisões internas da FIFA? Como a entidade que regula o futebol global é categorizada dentro dos organismos internacionais? Como conseguiu ter tamanha importância econômica, financeira e geopolítica? 2.1.3 A visão do enquadramento da FIFA dentro da questão da governança internacional Ao observar o modus operandi da FIFA no âmbito das relações internacionais, podese classificá-la em uma política de governança internacional e não dentro de um regime internacional1. A FIFA apresenta uma mescla dos dois tipos de governança já descritos. 1. “Os regimes internacionais são dentro da coexistência, cooperação e interdependência dos Estados-Nações com as organizações internacionais fomentadoras não apenas das questões que envolvem a atual governança internacional, mas todo o cenário político e econômico global, os regimes internacionais são princípios normativos e regras que permitem a tomada de decisão do Estado e nos permite observar como esse movimento age dentro das relações internacionais executando ações em conjunto com as mesmas instituições.

(19) 19. É importante indicar que a governança da FIFA pode ser compreendida dentro do estudo da análise construtivista das relações internacionais, ou seja, de regras e acordos que condicionam a ação dos atores políticos cujos papéis estão em constante mudança pela dinâmica existente na cooperação entre Estados e organizações internacionais. “O regime internacional, nada mais é do que um conjunto de princípios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisões em torno dos quais convergem as expectativas dos atores em uma área específica das relações internacionais” (KRASNER, 2012, p. 93). Assim, a entidade poderia expressar a ideia dos acadêmicos construtivistas tendo assumido recentemente uma postura mais próxima da nova governança internacional do que daquela antiga e rígida, focada nas ações e nos rumos da própria entidade, sem que se considerasse a opinião de suas confederações constituintes. Estes teriam pouca ou nenhuma voz dentro da entidade estando limitadas a seguir o código de ética e de filiação da FIFA. Desse modo as confederações nacionais de futebol ainda estão totalmente interligadas às ações da FIFA, e assim direcionadas a seguir suas decisões sem questionamento. O mesmo ocorria com seus principais patrocinadores e parceiros, que ao assumirem uma postura mais agressiva em relação às ações da entidade, podiam ser substituídos rapidamente por outros patrocinadores com governanças corporativas questionáveis, ou sequer possuindo uma, como no caso da empresa russa de gás, a Gazprom2. Esse é um dos aspectos que foi claramente modificado a partir do recente escândalo de corrupção na entidade envolvendo seu ex-presidente Joseph Blatter, assim se mesclando à expressão da nova governança, o que fez com que a ação dos patrocinadores fosse escancarada para o mundo, questionando se manteriam seus contratos com a FIFA, e prejudicando suas respectivas imagens, como foram os casos da VISA 3 , Hyundai e principalmente da Coca-Cola4, uma das mais antigas parceiras da entidade. A figura 1 traz um panorama de quais foram os parceiros e stakeholders da entidade nas copas de mundo realizadas entre 1982 e 2018.. através do ponto de vista de três diferentes regimes internacionais. Tais regimes imputam uma visão diferente sobre como pode ser observada a função da governança dentro do estudo das relações internacionais”. (HASENCLEVER; MAYER; RITTBERGER, 1997, p.16-17). 2 The Guardian. Is Gazprom driven by politics or profit? Disponível em: <https://www.theguardian.com/ business/2005/dec/18/russia>. Acesso em: 05 abr. 2018. 3 O Globo Visa Ameaça romper patrocínio por causa de escândalos da FIFA. Disponível em: https://oglobo.globo.com/esportes/visa-ameaca-romper-patrocinio-por-causa-de-escandalos-na-fifa-16284185 4 Terra. FIFA é questionada por patrocinadores e tem ameaça de fim de contrato. Disponível em http://esportes.terra.com.br/futebol/fifa-e-questionada-por-patrocinadores-e-tem-ate-ameaca-de-fim-decontrato,1c496cefc200db88c7ea0881a6909c3f1tbcRCRD.html.

(20) 20. Figura 1 – Parceiros e stakeholders da FIFA ao longo das Copas do Mundo de 1982 a 2018. adidas Coca-Cola Qatar Airwais Hyundai-Kia Motores (2002-2006: Hyundai) Sony Visa Gazprom Wanda Group Alfa Bank Alfa Romeo Anheuser-Busch InBev (Budweiser) Avaya Bata Canon Castrol Cinzano Continental Deutsche Telekom Energizer Fuji Xerox Fujifilm Gillette Hisense Iveco Johnson & Johnson JVC Korea Telecom/NTT MasterCard McDonald's Mengniu Dairy Metaxa MTN Oi Opel (1994:GM) Phillips Rostelecom RJ Reynolds (1986:Camel/1982:Winston) Russia Railways Satyam Seara Seiko Snickers (1990: Mars/m&m's) Toshiba Vini d'Italia Yadea Yahoo! Yingli Solar. 2018 x x x x x x x x x. 2014 x x. 2010 x x. 2006 x x. x x x. x x x. x. x. x. x. x x. 2002 x x. 1998 x x. x x. x. x x. x. x. x. 1994 x x. x. 1990 x x. 1986 x x. x x. x. x. x x. 1982 x x. x. x x x x x x. x x. x x. x x. x x. x x. x x x. x x. x. x. x x. x x x x. x. x. x x. x x. x. x. x. x x x x. x. x x. x x. x. x. x x x. x. x. x. x x x x x. x. x. x x. x x. x. x. Fonte: Elaborada pelo autor com base em dados da FIFA (2016).. A legitimidade de uma entidade dentro de uma boa governança depende da transparência normativa de suas regras e da abertura das suas relações com governos e com o público (SHENG, 2009), algo que a FIFA não possuía historicamente. De fato, suas ações chegaram a ser comparadas às da máfia italiana segundo o documentário da BBC “FIFA dirty secrets”, de 2010. No entanto, a fraca governança da FIFA no período mais recente, em desacordo com a boa governança, ilustrada na figura 2, de acordo com a teoria de Sheng (2009), começa a ser substituída por uma governança de melhor qualidade, logo após o Relatório de Michael García sobre a corrupção de Joseph Blatter, em 2016, convergindo com a necessidade de mudança que a entidade precisava para recuperar seu prestígio global..

(21) 21. Figura 2 – As bases da “Boa Governança”, segundo Sheng.. Fonte: SHENG (2009).. Dessa forma, a entrada de Gianni Infantino como presidente da entidade trouxe mais transparência às disputas, principalmente, no que se refere ao combate à corrupção existente na escolha de países-sede para a Copa do Mundo, algo altamente criticado no relatório García5 e que praticamente retirou Joseph Blatter do poder, assim como seu possível sucessor, o ex-presidente da UEFA, Michel Platini, devido às acusações de corrupção na eleição de Rússia e Qatar (THE TELEGRAPH, 2018) como países-sede dos Mundiais de 2018 e 2022. Buscando uma maior transparência, hoje todos os relatórios da FIFA estão disponibilizados no site da entidade, assim como a votação que ocorreu em junho de 2018 para eleger o país-sede do Mundial de 2026, vencido pela América do Norte (EUA-MéxicoCanadá) em disputa com o Marrocos, que não foi uma votação fechada como ocorrera por 5. O “Relatório García” é um relatório produzido por Michael J. García, advogado da corte de apelações de Nova Iorque nos EUA, contratado pela FIFA para analisar, por cerca de um ano e meio, a possível existência de corrupção da FIFA para a escolha de Rússia e Qatar como países-sede dos Mundiais de 2018 e 2022, respectivamente. Contratado pela FIFA, seu relatório não foi publicado corretamente pela entidade, o que levou a um grande escândalo de corrupção, a própria rescisão do acordo por Michael García, dado que em Setembro de 2014, Hans-Joachim Eckert, presidente da transparência da FIFA, produziu apenas alguns trechos do relatório, e trechos favoráveis à decisão da entidade, o que levou Michael García a publicar, na íntegra, indícios fortes de corrupção em ambas as escolhas, que levou à expulsão de diversos membros da FIFA, como a retirada de Joseph Blatter da presidência, assim como do presidente da UEFA, na época, Michel Platini, e o afastamento de ambos por 6 anos das atividades ligadas ao futebol. Pressionada pelo jornal alemão Bild, a FIFA, então, disponibilizou na íntegra o relatório. Disponível em: <http://resources.fifa.com/mm/document/affederation/footballgovernance/02/89/87/97/aus_bel-ned_eng_esppor_jpn_kor_qat_report_neutral.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2018..

(22) 22. anos na entidade, principalmente desde a entrada de João Havelange no poder (JENNINGS, 2015), como será descrito mais a frente, conferindo uma legitimidade maior às normativas para concorrer e receber a competição. Nessa eleição, foram dadas notas de 1 a 5 para cada quesito levantado para os países, sendo que a infraestrutura e a aceitação pública tiveram peso maior do que a construção de estádios (FIFA, 2018)6, tudo para que se tenham normas de governança mais abertas aos stakeholders, para que não ocorra a criação dos famosos “elefantes brancos”7 pós-mundial e para tentar restabelecer uma maior credibilidade da entidade em sua atuação políticoeconômica e social. 2.2 A FIFA DENTRO DO DIREITO INTERNACIONAL De acordo com o código civil suíço, a FIFA é considerada uma organização não governamental internacional sem fins lucrativos, e funciona com base na associação e filiação de associações-membros. Ainda sobre o código civil suíço, no qual se encontram os registros da entidade, verifica-se que ela se enquadra no art. 60, capítulo II no registro de comércio: Art. 60: As associações com fins políticos, religiosos, científicos, culturais, caritativos, sociais ou outros fins não comerciais adquirem personalidade jurídica assim que sua intenção de existir como órgão corporativo é aparente de seus estatutos. Os artigos de associação podem ser feitos por escrito e indicar os objetivos da Associação, seus recursos e sua organização. (CÓDIGO CIVIL SUÍÇO, 1907)8. Os benefícios fiscais aos quais a FIFA tem direito vêm, segundo o mesmo código civil, do caráter associativo não lucrativo declarado pela própria entidade que não considera ter qualquer propósito econômico-financeiro (FIFA, 2017), ficando obrigada a usar suas reservas para ser tributada segundo a lei fiscal suíça aplicada às associações, com uma carga tributária reduzida de 4% sobre o lucro líquido, metade do exigido para entidades societárias com fins lucrativos (CÓDIGO CIVIL SUÍÇO, 2017). Justamente pela sua grande capacidade de aquisição de renda, torna-se difícil a 6. 2026 FIFA World Cup guidelines. Elefantes Brancos são estruturas, principalmente estádios, construídos com altos valores financeiros e que não têm nenhum uso para o pós-evento, tornando-se estruturas abandonadas. 8 Tradução do original: Art. 60: Associations with a political, religious, scientific, cultural, charitable, social or other non-commercial purpose acquire legal personality as soon as their intention to exist as a corporate body is apparent of their articles of Association. The articles of Association must be done in writing and indicate the objects of the Association, its resources and its organization (Código Civil Suíço, 1907). 7.

(23) 23. distribuição de qualquer excedente de lucro. Assim, a FIFA, para tornar o futebol um esporte global, fundamenta seus ganhos financeiros em investimentos dentro da própria entidade, para seus próprios eventos e expansão global do esporte com medidas para fomentá-los em países que carecem de ferramentas básicas para a prática do futebol – bolas, estádios, campos, uniformes, etc. – como realizado e divulgado no FIFA Forward Football Development Programme (2018). A própria FIFA, em seu estatuto, declara-se uma entidade esportiva de adesão universal (RODRIGUES, 2015) e, para isso, ela deve ter a representatividade de ao menos 60 países no total, ou 30 países em pelo menos dois continentes, com uma distribuição geográfica bem balanceada (YEARBOOK OF INTERNATIONAL ASSOCIATIONS, 2014). A FIFA, então, consegue tal atributo ao possuir 211 federações, constituídas como associações, que são organizações orientadas a alcançar objetivos caracterizados pelos centros dinâmicos de poder com função de gestão, direção, planejamento e controle, pela sua forma de atuação estratégica junto à entidade que os rege, sendo ambos semelhantes de forma organizacional. Trata-se de uma organização complexa, constituída e orientada para atingir objetivos específicos, caracterizada [...] por seus centros dinâmicos de poder com funções de gestão, direção, planejamento e controle, pela sua capacidade de agir estrategicamente, pela extrema sofisticação de suas formas de atuação. (FARIA, 2016, p.26).. A FIFA está dividida em seis confederações regionais: a) CONMEBOL – Confederación Súdamericana de Fútbol – responsável pelos países da América do Sul à exceção de Guiana e Suriname, vinculados à CONCACAF, e a Guiana Francesa, não filiada à FIFA; b) UEFA – Union des Associations Européennes de Football – responsável pelos países da Europa, mais Cazaquistão e Israel; c) CONCACAF – The Confederation of North, Central America and Caribbean Associacion Football – responsável pelos países da América do Norte, Central, Caribe, Guiana e Suriname; d) CAF – Confédération Africaine de Football – responsável pelos países africanos; e) AFC – Asian Football Confederation – responsável pelos países asiáticos mais a Austrália; e f) OFC – Oceania Football Confederation – responsável pelos países da Oceania, com exceção da Austrália, que pediu filiação à AFC em 2005, sendo aceita em 2006. A figura 3 traz o número de países-membros de cada uma das confederações da FIFA..

(24) 24. Figura 3 – Número de países-membros da FIFA por Confederação. 11, 5%. 10, 5% 55, 26%. UEFA. 35, 16%. CAF AFC CONCACAF OFC CONMEBOL. 46, 22%. 54, 26%. Fonte: FIFA (2018). Nota: Número de afiliados - à esquerda - e representatividade (%) dentro da entidade – à direita.. A entidade, de maneira jurídica, também responde ao que foi cunhado como lex FIFA, que significa juridicamente que sua legislação está imposta sobre os limites, em conjunto, do país-sede da entidade, a Suíça, e da União Europeia, onde tanto o direito desportivo quanto o estatal estão coligados e transnacionalmente vinculados às normas do direito internacional solidificados tanto nos estatutos da Suíça quanto nas normas da União Europeia (FARIA, 2016)..

(25) 25. 3 HISTÓRIA, FORMAÇÃO POLÍTICA E ESTATUTO DA FIFA Para entender melhor a relação da FIFA e as nuances políticas, econômicas e da governança internacional, é de suma importância o entendimento da entidade desde sua criação, passando por uma linha do tempo de expansão e consolidação global através de sua história. 3.1 A HISTÓRIA DA FIFA 3.1.1 O início do futebol e a criação da FIFA Segundo Paul Mitchell em “The first international football match”, de 2007, após o primeiro jogo inicial de seleções em 1872, entre Inglaterra e Escócia, a moda do futebol começou a se espalhar pelo mundo. Temendo que os jogos amistosos perdessem validade, foi proposta a criação de uma entidade que regulasse as 13 principais regras do esporte nesses jogos. Em um primeiro momento, com a criação da Football Association (FA)9, a Associação Inglesa de Futebol em 1863, foi identificada a necessidade da criação de uma entidade que pudesse fundamentar as regras e ter a governança das questões esportivas do futebol10. No entanto, as chamadas Home Nations (criadoras do jogo: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda), foram contra. Primeiramente, eram contra o pagamento de salário para amadores (BECK, 1999) como a FIFA propunha, e em um segundo momento, porque haviam acabado de fundar a International Board, que para eles teria exatamente essa função de “regulamentação” dos países que praticassem o esporte. Havia também o medo, principalmente das federações escocesas e galesas, que um novo órgão tirasse essa soberania sobre o futebol dos países e realizasse o que o Comitê Olímpico Internacional (COI) havia feito com o Reino Unido, criado uma federação única para os quatro países (PALMER, 2010). A Inglaterra, através do auxílio do barão Edouard de Laveleye e de Lord Kinnaird, presidente da FA, entraria na FIFA (FIFA, 2017), o que causaria uma quebra com os demais países do Reino Unido, reclamando da participação do futebol inglês como Reino Unido nas Olimpíadas, o que ia contra o acordo inicial com a International Board e o Home Nations Agreement (HASSAN, 2012). 9. Federação Inglesa de Futebol. The History of FIFA. Disponível em: <www.fifa.com/about-fifa/who-we-are/history/>. Acesso em: 02 jun. 2017. 10.

(26) 26. Para que houvesse uma maior organização no crescente número de jogos realizados internacionalmente entre equipes e seleções de diferentes países, assim como a “pouca empatia” do COI para o incentivo da propagação do esporte, nasceu a ideia da criação de uma entidade que pudesse controlar a situação descrita (ROUSSEAU, 2014). Os estatutos iniciais da FIFA declararam que11: • Somente as Associações Nacionais representadas seriam reconhecidas; • Clubes e jogadores só podiam jogar para duas Associações Nacionais ao mesmo tempo; • Todas as associações reconheceriam a suspensão de um jogador em qualquer associação; • Os jogos deveriam ser jogados de acordo com as "Leis do Jogo da Associação de Futebol Ltda."; • Cada Associação Nacional pagaria uma taxa anual de 50 francos franceses; • Somente a FIFA poderia organizar partidas internacionais. Contudo, com o jogo se espalhando principalmente pela Europa insular e América do Sul, em 1904, em um conselho na Rua Saint Honoré, 229, em Paris, foi criada a FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado ou no original, Fédération Internationale de Football Association) pelo presidente Robert Guérin. Inicialmente com as presenças de Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Espanha (Representada pelo Madrid12 Futebol Clube, já que não havia a Federação Espanhola) e Alemanha13. Em 1906, durante o 3o congresso da FIFA, em Berna, Suíça, a Associação Inglesa postulou e conseguiu o cargo máximo da entidade, incitando as demais federações britânicas a se filiar. Em 1908, em Viena, dada a força da FA, a Federação Inglesa, assim como as federações de Escócia e Irlanda foram rejeitadas por desejarem serem vistas como associações diferentes de apenas um “apêndice” de uma possível Federação do Reino Unido, contrariando o que havia sido postulado pela Inglaterra, que previa uma única associação para o Reino Unido (LANFRACHI et al., 2004), de tal forma que originaria a disputa associativa de cada um dos quatro países britânicos postulantes às associações individuais que ficariam conhecidos e aceitos até hoje como o Home Nations Agreement14. 11. Idem rodapé anterior. Hoje Real Madrid. 13 FIFA Organization. 14 O Home Nations Agreement inicialmente foi proposto pela FA e International Board – formada pelas quatro associações que teriam disseminado o futebol internacional – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, estabelecia que, ao contrário do COI, onde todos seriam representados pela Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, na FIFA, cada país teria uma associação independente para aceitar o retorno à entidade. Posteriormente, 12.

(27) 27. 3.1.2 Os anos 1920 e 1930, com a criação da Copa do Mundo FIFA Nos anos seguintes, Argentina, Uruguai, África do Sul e as próprias Home Nations iriam se filiar a entidade, que passou a controlar o futebol nos jogos olímpicos até a criação da Copa do Mundo, pelo então presidente Jules Rimet, em 1928, devido ao sucesso que envolveu a participação do público nos jogos de Amsterdã, no mesmo ano. Anos antes, as Home Nations (agora com a Irlanda dividida em Irlanda do Norte e República da Irlanda) tendo todas as suas federações – com exceção da República da Irlanda se desfiliado da FIFA, principalmente por ela ter aceito dentro de sua instituição os países que fizeram parte do “Poder Central”, inimigos do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, como Alemanha, Bulgária, Império Otomano (já como Turquia) e Império AustroHúngaro (agora dividido em Áustria e Hungria), onde retornariam como federações filiadas à FIFA apenas em 1946 (BECK, 2013).15 Segundo Brian Glanville, em seu livro “The story of the World Cup”, de 2014, com o sucesso da Copa do Mundo, diversas vezes os britânicos foram convidados a se filiarem novamente para participarem, alegando agora, que “venceriam” qualquer competição, mas apenas a República da Irlanda aderiu até o início dos anos 1950, ano em que os países da Home Nations cederiam, ao firmar, junto com a International Board que a FIFA não interferiria na criação da soberania das quatro Seleções Nacionais como representantes individuais (algo que não havia acontecido no futebol dos jogos Olímpicos, e que teria causado um mal estar nas federações), como citado por Palmer, em seu artigo “Why does the United Kingdom get to have four national soccer teams?”, de 2010. A primeira Copa do Mundo foi realizada no Uruguai, em 1930 (vencedor do pleito para ser país-sede contra Itália, Holanda, Espanha, Suécia) (FIFA, 2016). Com a vitória do país para sediar o evento, houve diversos boicotes de países europeus contra o torneio na América do Sul devido às longas viagens de navio (GLANVILLE, 2014), fazendo com que apenas a Romênia, impulsionada pelo Rei Carol, um fã dos torneios de futebol, a França de Jules Rimet, a Iugoslávia e a Bélgica, aliada da França, fizessem a viagem (FIFA, 2016). Com o sucesso do torneio, a FIFA repetiria o Mundial, em 1934, que seria boicotado. o Home Nations Agreement se tornou um “pacto” onde cada seleção Britânica apenas poderia ter jogadores de duas nacionalidades sendo que a segunda nacionalidade estaria que estar diretamente ligada a um dos países do Reino Unido. Disponível em: <http://www.fifa.com/development/news/y=1999/m=8/news=british-society-sports-history-71171.html>. Acesso em: 05 abr. 2018. 15 Também citado como motivo da saída do Reino Unido em 1919, por Alan Tomlinson, em seu livro “FIFA (Federation Internationale de Football Association): The men, the myths and the money”, de 2014..

(28) 28. pelo então campeão mundial, Uruguai, em resposta à não participação dos países europeus em seu mundial. Em 1938, a Copa do Mundo foi realizada na França, o que contrariava o “rodízio” proposto por Jules Rimet, causando um boicote, novamente do Uruguai, da Argentina e dos demais países da América, com exceção de Brasil e Cuba (GLANVILLE, 2014). No torneio de 1938, a Alemanha nazista de Hitler, impulsionada pelo sucesso obtido nas Olimpíadas de Berlim e pelo belo time que a Áustria possuía, aproveitaria o cenário de pré-guerra mundial com o Anschluss - a anexação da Áustria pela Alemanha - incorporando jogadores da equipe ao time alemão (GLANVILLE, 2014). A FIFA, com uma seleção a menos, convidou a Inglaterra que, ainda em conflito com a entidade, se negou a participar. Foi proposto que a Letônia, vice-campeã do grupo pudesse entrar no torneio, o que não foi considerado, ficando o torneio com 15 equipes (BECK, 1999) e tendo como notável a ausência da Espanha - que fizera um bom mundial em 1934 - dada a guerra civil que o país participava (GLANVILLE, 2014). 3.1.3 O período entre guerras Durante a Segunda Guerra Mundial cessaram quaisquer atividades de futebol internacional, a não ser torneios e amistosos disputados na América do Sul, como a Copa América, longe do foco do evento, e amistosos entre equipes europeias de modo esporádico, como o famoso jogo entre alemães nazistas e ucranianos contrários ao regime, que fora denominado “Game of Death”, pois existe uma hipótese de que os ucranianos do FC Start teriam se recusado a perder para os nazistas e teriam sido mortos pelo regime de Hitler no pós-jogo16. Após o final da Segunda Guerra Mundial, a FIFA fez um esforço para que a Inglaterra e os demais países do Reino Unido pudessem se juntar novamente à FIFA para recuperar certo prestígio perdido durante o período de conflito Mundial. A Inglaterra, então, finalmente aceitaria – assim como os demais países britânicos – desde que Alemanha, Japão e Itália, os principais fomentadores da II Guerra Mundial fossem expulsos da entidade (BECK, 1999). Em um primeiro momento, a FIFA aceitou. No entanto, após uma análise, ficou assumido em congresso que apenas seriam suspensos da entidade até o final da primeira Copa 16. Game of Death: literalmente o “Jogo da Morte”..

(29) 29. do Mundo pós-guerra, que seria realizada no Brasil em 1949 (GLANVILLE, 2014), mas foi postergada para 1950 para que os países em reconstrução do conflito pudessem participar do torneio. A Inglaterra aceitou através dos esforços dos então dirigentes da FA Artur Drewry e Sir Stanley Rous - que viria se tornar presidente da FIFA -, refiliando-se após um jogo festivo, firmado pela FIFA, em 1947 (BECK, 1999) e, assim como os demais países britânicos iniciaria a participação nas eliminatórias para o Mundial no Brasil através do Home Nations Tournament, o qual venceu, garantindo a sua classificação. Teoricamente a Escócia também participaria como a vice-campeã, mas se recusou por não ter sido proclamada campeã britânica. Portugal foi convidado, mas rejeitou o convite (GLANVILLE, 2014). A Itália, então bicampeã do mundo, mesmo participando da guerra como um dos rivais da Inglaterra, não sofreu as mesmas sanções de Alemanha e Japão, pois o então vicepresidente da FIFA e presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC), Giorgio Vaccaro fez-lhe um grande favor, conseguindo esconder dos nazistas o troféu criado por Abel Lefleur em uma caixa de sapatos, embaixo de sua cama durante o período da segunda guerra mundial. Seguiram então Campeonatos Mundiais em países pouco afetados pela guerra enquanto haveria a reconstrução, principalmente de Grã-Bretanha, Aliados e Alemanha. Houve competições na Suíça, em 1954, e Suécia, 1958, onde a FIFA conseguiu outro grande trunfo: a entrada a URSS como uma de suas associações - uma das principais vencedoras da guerra e que ainda esnobava a competição, valorizando mais os torneios olímpicos e amadores para promoção do governo comunista. 3.1.4 O pós-guerra, João Havelange e o crescimento de filiados na FIFA A partir desse momento, a FIFA criou uma política para a entrada de países em sua entidade. Continentes como Ásia e África, isolados pelo antigo presidente Sir Stanley Rous, começam a ter importância e uma grande influência para um aumento considerável de votos nas eleições presidenciais de João Havelange, nas quais países africanos recém-independentes nos anos 60 ganharam filiação à FIFA sem qualquer método de votação entre as outras entidades, mostrando a busca da expansão da FIFA como uma entidade empresarial até mais do que no mérito esportivo. A figura 4 mostra todos os presidentes da entidade desde sua criação até 2018..

(30) 30. Figura 4 – Lista de presidentes da FIFA desde a sua criação. 1 2 3 4 5 6 7 8 9. Presidente Robert Guérin Daniel Burley Woolfall Cornelis Hirschmann (temp.) Jules Rimet Rudolphe Seeldrayers Arthur Drewry Sir Stanley Rous Dr. João Havelange Joseph Blatter Issa Hayatou (temp.) Gianni Infantino. Nação França Inglaterra Holanda França Bélgica Inglaterra Inglaterra Brasil Suíça Camarões Itália / Suíça. Período 1904-1906 1906-1918 1918-1921 1921-1954 1954-1955 1955-1961 1961-1974 1974-1998 1998-2015 2015-2016 2016-atual. Fonte: FIFA (2018). Nota: temp. = temporário.. A busca da expansão pela FIFA tem como ponto de partida o boicote ao Mundial de 1966, na Inglaterra, onde o então presidente da FIFA, o britânico Stanley Rous não assegurou nenhuma vaga direta à confederação e não baniu a África do Sul devido ao apartheid17, algo que os demais órgãos mundiais, esportivos ou não, já haviam feito como indicado por Sudgen e Tomlinson em “Global power struggles in world football: FIFA and UEFA, 1954-74, and their legacy”, de 1997, ou o caso da exclusão da Iugoslávia durante a Guerra dos Bálcãs em 1992. Ainda segundo Sudgen e Tomlinson (1997), com a entrada do brasileiro João Havelange como presidente, o futebol seria espalhado pelo restante do mundo, tendo dois aumentos significativos nos participantes dos Mundiais, para prover às Federações Continentais mais vagas e mais votos para sua escolha como presidente. Segundo a legislação da FIFA, por menor que seja a federação, esta tem o mesmo peso do voto de um país como o Brasil, na época tricampeã mundial, por exemplo. Contudo, há muita controvérsia sobre questões de corrupção na eleição de João Havelange em seu confronto com Sir Stanley Rous durante as votações para 1974. O brasileiro teria entrado em acordo com as confederações da África e da Ásia para garantir sua eleição. Essas confederações tiveram um acréscimo significativo de sócios após o processo de independência pós-segunda guerra mundial.. 17. Regime de segregação racial que imperava na política da África do Sul entre 1948 e 1994..

(31) 31. João Havelange teria prometido uma maior participação dos países no mundial, com mais vagas, e a expansão da Copa do Mundo - como ocorreria já em seu mandato, em 1982, para 24 seleções, em detrimento das 16 de 1934 a 1978 - em troca de votos para a sua eleição, quando ele daria duas vagas diretas a cada uma dessas confederações para a Copa do Mundo na Espanha (SUDGEN; TOMLINSON, 1997). A figura 5 mostra a evolução do número de países filiados à FIFA desde sua criação, o que permite constatar sua expansão ao longo dos anos. Figura 5 – Evolução do número de países filiados à FIFA desde sua criação. 250. 200. 150. 100. 2016. 2012. 2008. 2004. 2000. 1996. 1992. 1988. 1984. 1980. 1976. 1972. 1968. 1964. 1960. 1956. 1952. 1948. 1944. 1940. 1936. 1932. 1928. 1924. 1920. 1916. 1912. 1908. 0. 1904. 50. Fonte: Elaborada pelo autor com base em dados da FIFA (2018).. Com o poder da maioria das associações com votos diretos para João Havelange, o brasileiro institucionalizaria um governo de mais de 20 anos que seria passado para o seu secretário geral, Joseph Blatter, que, segundo Andrew Jennings, em seu livro “FIFA: a dirty game”, de 2015, instituiria a corrupção lasciva na entidade, comandando quase todos os contratos internacionais de marketing esportivo, direitos televisivos e propaganda da Copa do Mundo, e começaria a ter os resultados mais significativos em valores econômico-financeiros para a entidade no período, quase instituindo um quid pro quo18, onde cada associação estaria diretamente ligada à votação para a perpetuação da dupla Havelange-Blatter desde que se 18. Expressão em latim que significa "tomar uma coisa por outra", ou um favor pelo outro..

(32) 32. mantivesse o número de países nos mundiais (JENNINGS, 2015). O que ainda contaria com o aumento de uma vaga para uma seleção africana em detrimento à uma seleção europeia em 1994. (GLANVILLE, 2014). Essa situação se agravaria com a falência da ISL, empresa de marketing esportivo da FIFA19, em meados dos anos 2000, e a posteriori seriam “escancaradas” as questões de corrupção envolvendo Blatter e o finado João Havelange. 3.1.5 A globalização, os casos de corrupção na FIFA e o cenário atual Em 1998, ocorreria outro aumento, agora para 32 seleções, coincidindo com a saída de João Havelange para que seu secretário, Joseph Blatter, assumisse o comando da entidade, e com anos de questionamentos sobre corrupção, o que seria confirmado com a escolha de Rússia e Catar para sediarem os Mundiais de 2018 e 2022 segundo o relatório de Michael Garcia, indicado anteriormente durante a dissertação. A troca de Blatter por Gianni Infantino amenizou o problema, mas para acalmar as federações, o novo presidente já prometera um novo aumento de vagas para a Copa de 2026, para 48, com melhorias na governança para a escolha do país-sede. Tudo devido às investigações norte-americanas após o relatório do advogado Michael García, que culminaria com a prisão de Blatter e de diversos outros representantes20. Recentemente a FIFA conta com 211 seleções nacionais, entretanto se contesta a filiação de confederações de países cujas soberanias têm impacto político na ONU, por exemplo, a proposta recente de adesão de três países: Sudão do Sul, aprovado por todos os membros; Kosovo, cuja adesão a Sérvia era contra, mas a maioria da FIFA a favor; e Gibraltar, a força política Espanhola através do vice-presidente Ángel Maria Villar vetou a entrada do enclave britânico, que era contestado em soberania pela Federação Espanhola, o que levava a FIFA a desconsiderar sua filiação, mesmo que a UEFA, ao contrário, filiasse Gibraltar entre seus membros. Essas articulações fizeram com que Gibraltar conquistasse, no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS-CAS)21, o direito de participar das eliminatórias para o Mundial de 2018. A 19. A empresa de marketing esportivo que foi à falência em 2001 seria o primeiro indício de corrupção latente na FIFA, que seria descoberta durante a eleição dos países-sede para as Copas de 2018 e 2022, em 2010; e as severas reeleições de Joseph Blatter no comando da FIFA entre 2002 e 2015. 20 Gianni Infantino unveils plans to increase World Cup to 40 or 48 teams. Disponível em: <https://www.theguardian.com/football/2016/oct/13/gianni-infantino-world-cup-fifa-president>. Acesso em: 04 dez. 2017. 21 O TAS-CAS julgou como jurisprudência o caso de Gibraltar com a Espanha, pelo fato deste país não fazer.

(33) 33. filiação do Kosovo22 ocorreu no mesmo período com a maioria da votação de filiados da FIFA, mesmo a contragosto da Sérvia e após ter sido realizado o sorteio para a competição. 3.2 A ESTRUTURA DA FIFA A formação estrutural da FIFA é composta principalmente por três órgãos que representam os poderes legislados na entidade, havendo certa semelhança com a disposição de poderes entre as principais democracias globais de forma mutatis mutandis23 (FARIA, 2016). São eles: o Congresso, órgão supremo e com poder legislativo; o Conselho, antigo comitê executivo, designado pelas Associações para o poder executivo, no qual o principal poder se concentra no presidente - hoje, o ítalo-suíço Gianni Infantino; e a Secretaria geral, órgão administrativo comandado, no recente período, pela senegalesa Fatma Samoura. Há também o poder judiciário da entidade, formado por um órgão menor, o Comitê de Ética, que está relacionado às questões de transparência, ética, processos disciplinares e de apelações. É encarregado de julgar principalmente atletas que se envolvam em questões de dopagem e transferências; clubes que “aliciem” jogadores, principalmente menores de 18 anos, e associações que não estejam de acordo com os direitos e deveres da FIFA (FIFA, 2016). Na figura 6, pode-se verificar o organograma da FIFA, com todos os seus órgãos representativos e hierarquias correspondentes.. parte do Estado Espanhol, sendo assim obrigado a ser aceito pelas duas Federações, algo que provavelmente iria contra a Catalunha, que pertence à Espanha, mesmo com uma possível declaração de independência. O material pode ser acessado em: <http://www.tas-cas.org/en/general-information/news-detail/article/casupholds-the-appeal-filed-by-the-gibraltar-football-association-regarding-its-request-to-become-a-full-memberof-fifa.html>. 22 Kosovo becomes FIFA member after congress vote. Kosovo entra como membro da FIFA. 2'26". Disponível em: <https://www.vbox7.com/play:d94425f773>. Acesso em: 05 abr. 2017. 23 Do latim: “Tendo substituído ou levado em conta certas termos diferentes ou a serem modificados”. Muito utilizado nas obras de Direito Internacional..

(34) 34. Figura 6 – Organograma da FIFA Presidente da FIFA Secretaria Geral. Congresso. UEFA. CONMEBOL. CONCACAF. AFC. CAF. OFC. Conselho da FIFA (Antigo Comitê Executivo). UEFA. Associações. CONMEBOL. Associações. CONCACAF. Associações. AFC. Associações. CAF. Associações. OFC. Associações. 3 Vice-Presidentes. 5 membros. Vice-Presidente. 4 membros. Vice-Presidente. 4 membros. Vice-Presidente. 6 membros. Vice-Presidente. 6 membros. Vice-Presidente Sênior. 2 membros. Comitê de Desenvolvimento. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê de stakeholders. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê Médico. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê das Competições da FIFA. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê de árbitros. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê de Finanças. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê de Governança. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê das Associações membros. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê dos jogadores. Chairman Deputy chairwoman Membros. Comitê de ética. Fonte: Elaborada pelo autor com base em dados da FIFA (2018).. 3.2.1 O Congresso O Congresso é o órgão supremo da FIFA dentro da hierarquia organizacional da entidade, exerce as funções de poder legislativo e é responsável pela elaboração do estatuto da entidade24. Compõem o Congresso todas as 211 associações afiliadas, assim como cada uma das seis confederações globais a qual cada uma está interligada (FARIA, 2016), conforme pode ser observado na figura 7.. 24. FIFA Statutes..

(35) 35. Figura 7 – A evolução do número de filiados no congresso da FIFA por confederação. UEFA Conmebol Concacaf AFC CAF OFC Total. 1904 8 0 0 0 0 0. 1925 28 6 3 1 1 0. 1950 32 9 12 13 1 1. 1975 35 10 22 33 35 4. 1990 35+1 10 27 37+1 48 8. 2005 51 10 35 46 53 12. 2012 53 10 35 46 53 11. 2018 55 10 35 46 53 11. 8. 39. 68. 139. 167. 207. 209. 211. 60 50 UEFA 40. Conmebol Concacaf. 30. AFC 20. CAF OFC. 10 0 1904. 1925. 1950. 1975. 1990. 2005. 2012. 2018. Fonte: FIFA (2018).. Dentro do Congresso, cada uma das associações tem deveres e direitos que devem cumprir, tendo como obrigações atender aos regulamentos e decisões finais da FIFA, assim como trabalhar em colaboração total com a entidade quando requisitada por ela, principalmente para evitar a criação de ligas independentes internacionais sem o consentimento expresso da FIFA, que visa manter o monopólio global sobre o futebol profissional. Devem cumprir suas normas tanto no comitê executivo quanto em relação às leis que forem redigidas em órgãos judiciários da FIFA ou quando requisitado ao TAS/CAS. As associações também devem pagar uma subscrição de US$ 1.00025 como filiadas, assim como cada associação deve fazer valer o regulamento da FIFA sobre jogadores, clubes, dirigentes e agentes, impedindo, de qualquer forma, qualquer interferência externa sobre a objetividade do comportamento da associação, principalmente interferência governamental, estando sujeita às punições e até à desfiliação da FIFA. Dentre os direitos que as associações possuem estão integrar o Congresso, com direito a voto; indicar os candidatos à presidência da FIFA; fazer parte de qualquer competição organizada pela entidade e exercer qualquer direito acordado dentro do seu estatuto.26. 25 26. Em 2017. A lista completa de direitos e deveres da FIFA pode ser encontrado dentro dos artigos 12 e 20, respectivamente, do estatuto..

Referências

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