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manual Direito Ambiental Atualizado- Impressao

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Academic year: 2021

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Texto

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Ele cobre-se de luz como de um

vestido, estende os céus como uma

cortina; Põe nas águas os vigamentos

das suas câmaras, faz das nuvens o

seu carro, anda sobre as asas do

vento;

Faz

dos

ventos

seus

mensageiros dos seus ministros um

fogo

abrasador;

Lançou

os

fundamentos da terra, para que não

vacile em tempo algum; Tu as cobres

com o abismo, como com um vestido;

as águas estavam sobre os montes. À

tua repreensão fugiram, à voz do teu

trovão se apressaram. Sobem os

montes, descem aos vales até ao lugar

que para elas fundaste. Limite lhes

traçaste, que não ultrapassarão, para

que

Manual do Direito Ambiental.

Curso Técnico em Meio Ambiente.

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ADIMAR GARCIA MACHADO. CURITIBA – PR.

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A glória de DEUS é manifestada na criação e na conservação de todas as coisas1.

“Oração pela Natureza”.

“BENDIZE, ó minha alma, ao SENHOR, DEUS meu, tu magnificentíssimo, estás vestido de glória e majestade. Ele cobre-se de luz como um vestido, estende os céus como uma cortina. Põe nas águas os vigamentos das suas câmaras, faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento; Faz dos ventos seus mensageiros de seus ministros um fogo abrasador; Lançou os fundamentos da terra, para que não vacile em tempo algum. Tu a cobres com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes. A tua repreensão fugiram, à voz do teu trovão se apressaram. Sobem os montes, descem aos vales até ao lugar que para elas fundaste. Limite lhe traçaste, que não ultrapassarão, para que não tomem mais a cobrir terra.”

“Ó SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia esta a terra das tuas riquezas. Tal é este vasto e espaçoso mar, onde se movem seres inumeráveis; animais pequenos e grandes. Ali passam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar. Todos esperam de ti que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno; Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e enchem-se de bens. Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tira a respiração, morrem e voltam para o seu pó. Envias o teu espírito, e são criados e assim renovas a face da terra. A glória do SENHOR seja para sempre! Alegre-se o SENHOR em suas obras!”

1 Bíblia Sagrada, Salmos nº 104, A glória de Deus é manifestada na criação e na

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AGRADECIMENTOS.

Ao Senhor JESUS em proporcionar-me está oportunidade.

A Profª. Regina Maria Bueno Bacellar pelas inesquecíveis aulas de Direito Ambiental, ministradas na FEMPAR – Unidade de Curitiba - PR., bem como pela orientação e incentivo ao examinar o presente trabalho.

Aos alunos do Curso Técnico de Meio Ambiente do Colégio Estadual Professor Elysio Vianna de Curitiba – PR. Turmas: Subsequente noturno - 2011/12.

Adryana Geórgia, Alessandra Cristina, Alexandra Aparecida, Anderson Domingues, Anderson Luis, Camila Franciele, Camila Moreira, Crislaine, Dayane, Emerson, Erik, Gisele, Iratônio, Jacqueline, Joelma, João, Jorge, Leia, Lucilei, Luis Carlos, Maria de Fátima, Michella, Marcos Moreno, Marlene, Naiara, Paulo, Rosangela, Sandro, Silmara, Tadeu, Tatiane, Vera Beatriz, Walmir, Adriano, Ailton, Darci, Hugo, Jussara, Leandro, Leonardo, Luciana, Marco Aurélio, Maristela, Robson, Rubia Mara, Eleandro, Vanessa, Andressa Trevisan, Augusta, Berenice Inglês, Galdenir, Gilvan, Giordani de Cassia, Lenir, Marcilene, Mareusa, Maria Aparecida, Monique, Raquel, Rosangela, Sandy Kelly, Teresinha Holtman, Valdir Saade e Wagner Melek.

(5)

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo oferecer aos alunos do curso técnico em meio ambiente um material didático específico para a disciplina de legislação e segurança ambiental, elaborado com as cautelas necessárias em atender as exigências das diretrizes e bases da educação técnica e profissionalizante sob a tutela da Secretaria da Educação, contemplando os conteúdos atinentes a seara ambiental, constante da ementa do referido curso, material de fácil compreensão e com uma linguagem acessível aos discentes e docentes do curso técnico integrado ou subsequente ao ensino médio ofertado pela rede pública da educação estadual.

Palavras-Chaves: Material Didático – Curso Técnico em Meio Ambiente – ensino médio integrado – subsequente.

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ABREVIATURAS E SIGLAS.

A.I.A. – Avaliação de Impacto Ambiental. A.N.A. – Agência Nacional das Águas.

ANEXO – Documento não elaborado pelo autor. APÊNDICE – Documento elaborado pelo autor. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. EJA – Ensino de Jovens e adultos.

E.I.A – Estudo de Impacto Ambiental. E.I.V. – Estudo de Impacto de Vizinhança. ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. I.A.P. – Instituto Ambiental do Paraná,

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. I.C.M.- Bio – Instituto Chico Mendes – Unidade de Conservação da Biodiversidade. JBRJ – Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

MEC - Ministério da Educação e Cultura. M.M.A. – Ministério do Meio Ambiente.

PROEJA – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a

Educação Básica de Jovens e Adultos.

R.I.M.A. – Relatório de Impacto ao Meio Ambiente.

SEED/PR – Secretaria de Estado de Educação do Paraná.

SEMAN/PR – Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República. SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente.

S.M.M.A – Secretaria do Municipal do Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidade de Conservação do Meio Ambiente. T.C.F.A. - Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental.

WCMC – Centro Mundial de Monitoramento da Conservação. WWF – Fundo Mundial para a Natureza.

(7)

SUMÁRIO. Capítulo 1.

1- O Primeiro Passo..,,,,,,,,... 1.1 – Um novo olhar para o Direito Ambiental... 1.2 - Um novo olhar para Educação Ambiental... 1.3 - A palavra da Constituição... 1.4– Direito Ambiental... 1.5 – Princípios... 1.5.1– Princípio do Meio Ambiente Sadio... 1.5.2 – Princípio da Prevenção... 1.5.3 – Princípio da Precaução... 1.5.4 – Princípio do Poluidor Pagador... 1.5.5 – Princípio do Desenvolvimento Sustentável... 1.5.6– Princípio da Solidariedade Integracional... 1.5.7 - Princípio da Publicidade e da Participação... 1.5.8 – Princípio do “In Dubio Pro Natura”... 1.6 – Competência em Matéria Ambiental... 1.6.1 – Competência Administrativa (material)Exclusiva ou Comum... 1.6.2 – Competência Legislativa (formal)Privativa ou Concorrente... 1.7 – Conflito entre Normas Jurídicas... 1.8 – Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado... 1.8.1 – Meio Ambiente Natural... 1.8.2– Meio Ambiente Cultural... 1.8.5 – Instrumento de defesa do Patrimônio Cultural... 1.8.4 – Meio Ambiente Artificial... 1.8.5 - Estatuto da Cidade... 1.8.6 - Estudos de Impacto de Vizinhança... 1.8.7 - Desapropriação... 1.8.8 - Meio Ambiente do Trabalho... 1.9. – Legislação Infraconstitucional... 1.9.1 – Política Nacional do Meio Ambiente... 1.9.2- Estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente... 1.9.3 – Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente...

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Capítulo 2.

2 - Licenciamento Ambiental... 2.1 – Classificações das Licenças... 2.2 - Mecanismos da Licença Ambiental... 2.3 - Competências para o Licenciamento Ambiental... 2.4 - Zoneamento Ambiental... 2.5 - Noções de Normas Reguladoras de Segurança Ambiental... 2.6 - Avaliação do Impacto Ambiental – A.I.A... 2.7- Medidas de Proteção ao Meio Ambiente... 2.8 - Responsabilidades por Danos Causados ao Meio Ambiente...

Capítulo 3.

3 – Teoria do Risco Integral... 3.1 – Teoria do Ato... 3.2 – Teoria do Dano e da Causalidade... 3.3 - Teoria da Dupla Imputação... 3.4.- Teoria da Desconsideração da Pessoa Jurídica... 3.5 – Responsabilidades Ambiental... 3.6 – Responsabilidades dos Crimes Ambientais... 3.6.1- Responsabilidade do Estado... 3.6.2 - Responsabilidade Criminal da Pessoa Física... 3.6.3 - Responsabilidade Criminal da Pessoa Jurídica... 3.6.4 - Responsabilidade Solidária... 3.6.5 - Excludente de Responsabilidade... 3.7 – Competências Jurisdicionais... 3.7.1 – Atenuantes e Agravantes... 3.7.2 – Crimes de Menor Potencial Ofensivo... 3.8 – Direito Processual do Meio Ambiente... 3.8.1 – Inquérito Civil... 3.9 – Ação Civil Pública... 3.9.1 – Legitimidade... 3.9.2 – Objeto... ... 3.9.3 – Juízo Competente...

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Conclusão... Referêcias Bibliográficas...

APÊNDICE.

O Curso Técnico em Meio Ambiente ... Dados Gerais do Curso Técnico em Meio Ambiente... Perfil Profissional do Técnico em Meio Ambiente... Grade Curricular e carga horária... Corpo Docente...

ANEXO.

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“O Verde”

Estranha é a cabeça das pessoas. Uma vez, em São Paulo, morei numa rua que era dominada por uma árvore incrível. Na época da floração, ela enchia a calçada de cores. Para usar um lugar-comum, ficava sobre o passeio um verdadeiro tapete de flores; esquecíamos o cinza que nos envolvia e vinha do asfalto, do concreto, do cimento, os elementos característicos desta cidade.

Percebi certo dia que a árvore começava a morrer. Secava lentamente, até que amanheceu inerte, sem uma folha. É um ciclo, ela renascerá comentávamos no bar ou na padaria. Não voltou. Pedi ao Instituto Botânico que analisasse a árvore, e o técnico, concluiu: fora envenenada.

Surpresos, nós, os moradores da rua que tínhamos na árvore um verdadeiro símbolo, começamos a nos lembrar de uma vizinha de meia-idade que todas as manhãs estava ao pé da árvore com um regador. Cheios de suspeitas, fomos até ela, indagamos, e ela respondeu com calma, os olhos brilhando, agressivos e irritados:

−Matei mesmo essa maldita árvore. −Por quê?

−Porque na época da flor ela sujava minha calçada, eu vivia varrendo essas flores desgraçadas.

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Capítulo 1 O Primeiro Passo.

O país ainda não resgatou a dívida com a educação profissional de jovens e adultos, da mesma forma com os cursos técnicos, entretanto, neste momento introdutório, a intenção é tecer alguns comentários a respeito do enunciado constitucional “A educação, direito de todos (...) visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Na redemocratização do país, que ocorreu logo após uma exigência da sociedade com manifestações que se espalharam pelo território nacional, onde se pode observar a presença em massa de jovens e adultos, como no poema de Gilberto Freire (1926) “(...) eu ouço vozes, eu vejo cores, eu sinto os passos, de outro Brasil que vem ai.” Enfim, um novo Brasil nasce na década de 80.

Entretanto, na década de 90, o então presidente Collor de Mello, insurge com o neoliberalismo econômico, no entanto, deixou uma divida com a sociedade naquele momento em que entregou para as Instituições particulares a educação profissionalizante.

Este resgate só ganhou força com governo Lula, oportunidade em que iniciou a criação do PROEJA, ofertado pelas redes de educação; estadual e federal, aos jovens e adultos. Contemplando a elevação da escolaridade com profissionalização no sentido de contribuir para a integração sociolaboral desse público. Os cidadãos da classe social considerada de baixa renda naquela época, hoje, estão sendo incluídos naquela de renda média, grande contribuição para este avanço foi o investimento na educação por meio de acesso aos cursos profissionalizantes e técnicos ofertados gratuitamente pelas instituições públicas, aumentando o poder de consumo e consequentemente uma aceleração na economia interna.

Ao longo de sua história o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que gerou grande impacto nos sistemas educacionais, como tem observado o secretário da educação Ricardo Henriques (SECAD - 2007), (...) educação de

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qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.

Hoje, milhões de brasileiros ainda não se beneficiam do ingresso e permanência na escola, ou seja, não tem acesso a um sistema adequado de educação, que os acolha.

Na rede da educação do estado do Paraná o ensino profissionalizante começou o seu efeito no ano de 2008, com a introdução dos cursos profissionalizante e técnico pela SEED/PR, nas escolas públicas de todo o Estado. Vale frisar, que, os cursos profissionalizantes são integrados ao ensino médio, posto que, os técnicos são ofertados aos alunos (as) que já concluíram o ensino médio (subsequentes).

Os cursos ofertados pela rede de educação estadual e a relação das instituições com os respectivos endereços e telefones estão disponíveis no site: http://diadiaeducação.gov.br.

1.1 - Um novo olhar para o Direito Ambiental.

Como instrumento jurídico, o ramo do Direito Ambiental difere dos demais, pois cuida das obras primas, todas feitas com sabedoria pelo único criador DEUS. “Ó SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria cheia esta a terra das tuas riquezas.2;” um legado, que atualmente são estudados em quatro aspectos; natural, artificial, cultural e do trabalho, onde o direito ambiental alberga a tutela da vida.

O nosso País desponta como uma das nações que mais tem se preocupado em estabelecer normas jurídicas em combate à degradação ao meio ambiente, Em detrimento de outros, que, nem mesmo tem se preocupado com temas em voga, como o aquecimento global e uma série de responsabilidades na seara ambientalista.

Hoje, temos um sistema de proteção especial atinente as responsabilidades ambientais, são os diplomas legais que disciplinam o meio ambiente, como exemplo; a lei federal 6.938 de 31 de agosto de 1981, recepcionada pela Constituição Federal, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, outra norma de relevante

(13)

contribuição é a lei nº.7.347/85 da Ação Civil Publica, e outro instrumento jurídico é a norma que cuida dos crimes ambientais, a lei nº 9.605 de 1998, desta forma, podemos afirmar que estamos bem aparelhados juridicamente.

Não obstante, outras medidas inovadoras foram acolhidas para mediar os conflitos na seara ambientalista, como exemplo; a responsabilidade penal para a pessoa jurídica, sanções com efeito educativo-ambiental; e entre outras, destaca-se a implementação da educação ambiental nas grades curriculares da educação em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, considerado como um fator relevante para o sucesso do Direito Ambiental.

1.2 – Um novo olhar para a Educação Ambiental.

A preocupação com as questões ambientais começou a ser referenciada e divulgada nos anos 60, assim, logo tomou norte e as atenções voltaram-se para um contexto mais abrangente, a preocupação passa a ser com o Planeta, deixando-se de ser uma questão local e passa-se a um embate a nível global, ou seja, o estrago já foi feito, agora é preservar o que resta.

“A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza [...] refletindo-se na irracionalidade ecológica dos padrões dominantes de produção e consumo, e marcando os limites do crescimento econômico”3.

Desta forma, o setor privado internacional toma as iniciativas por meio de conferências para debates sobre o futuro do meio ambiente.

O ambientalista e professor Geraldo Ferreira Lanfredi4, leciona sobre o reflexo da primeira conferência mundial5 organizada pela Organização das Nações Unidas sobre o meio ambiente, no direito interno do nosso país;

3 LEFF, Enrique. Saber Ambiental. Petrópolis/RJ: Vozes, 2005, p. 15.

4LANFREDI, Geraldo Ferreira. Busca de Rumos para Efetividade do Direito Ambiental.

In,(Org.) ”Novos Rumos do Direito Ambiental Nas Áreas Civil e Penal”. Campinas/SP: Millennium, 2006, pp.13-38.

5Conferência realizada em Estocolmo/Suécia em 1972, sobre o meio ambiente com o tema

(14)

Em boa hora, pois, foi implantado, no Brasil, seguindo exemplo dos países mais desenvolvidos, uma política ambiental, em nível nacional, o que ocorreu a mais de duas décadas, mais precisamente em 1981, que visa compatibilizar o desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. A política Nacional do Meio Ambiente, fundamentada na lei 6.938/81, foi responsável, no Brasil, por profundo processo de renovação, produziu mudanças políticas, inovações tecnológicas e mobilização social, que atingiram toda a sociedade, levando a um processo participativo e uma nova consciência ecológica. O homem, cidadão do Planeta Terra e parte integrante do mundo natural, já se conscientizou de que depende da Natureza não só para a sua subsistência senão para o seu próprio equilíbrio.

Passado, duas décadas, a O.N.U., realiza a segunda Conferência Mundial para tratar das questões ambientais, desta vez realizada na cidade carioca, em 1992, com a participação de 170 representantes de diferentes nações, oportunidade em que foram abordados assuntos relevantes relacionados com a educação e a sustentabilidade do desenvolvimento. O encontro ganhou o nome de Declaração do Rio, e o fruto dos debates foi a “Agenda 21”, documento avaliado pelos representantes da Conferência, e a sua essência está na educação ambiental, como ferramenta essencial a conscientização da sociedade. Os ensinamentos do professor Geraldo Ferreira Lanfredi, onde leciona os três capítulos da Agenda 216;

“Primeiro, no que se refere à promoção do ensino, salienta a Agenda, neste diapasão, que “o ensino tem fundamental importância na promoção do desenvolvimento sustentável e no aumento da capacidade do povo para abordar questões do meio ambiente e desenvolvimento”, acrescentando que tanto o ensino formal como o informal são indispensáveis para modificar o comportamento das pessoas e conferir consciência ética e valores e atitudes em consonância com o desenvolvimento sustentável. Para alcançar os objetivos dessa educação importa: a) assegurar o acesso universal ao ensino básico e reduzir as altas taxas de analfabetismo; b) desenvolver consciência do meio ambiente, com reflexo em todos os setores da sociedade e em todos os programas de ensino. Em segundo lugar, quanto a conscientização pública, assinala o documento que: “ é necessário sensibilizar o público sobre os problemas do meio ambiente e desenvolvimento, fazê-lo participar de suas soluções e fomentar o senso de responsabilidade pessoal em relação ao meio ambiente e uma maior motivação e dedicação em relação ao desenvolvimento sustentável”, para que o ensino deva reforçar atitudes, valores e medidas compatíveis coma sustentabilidade do desenvolvimento, bem como os países devem estimular a participação do público nos debates sobre políticas e avaliações ambientais. Em terceiro lugar, relativamente a programa de capacitação, trata-se de importantes instrumentos destinados a formar recursos humanos e facilitar a transição de um mundo sustentável, em virtude do que se recomenda que os países incentivem programas práticos de treinamentos, a fim de se formarem técnicos capacitados, voltados, assim, para as zonas urbanas e rurais.

Os princípios da Conferência de Estocolmo (1972), e os da Declaração do Rio (1992), tiveram significativas influências nas Constituições de diversos países, podemos observar que na primeira realizada na capital da Suécia, foram

(15)

determinantes para a criação da lei da política nacional de meio ambiente7, recepcionada pela Constituição de 1988, que pela primeira vez na história da Constituição brasileira houve a preocupação do legislador em dedicar um capítulo exclusivo ao meio ambiente.

Já os princípios da Declaração do Rio; inovou o sistema nacional do meio ambiente com a criação do Ministério do Meio Ambiente, e legislações mais rígidas, exemplo é a lei dos crimes ambientais8, que de uma maneira brilhante incluiu as responsabilidades ambientais da pessoa Jurídica e do Poder Público, na condição de poluidor pagador.

Podemos nos prestigiar com os ensinamentos do professor Antonio Fernando Pinheiro Pedro9, que no seu entendimento “aquele que contamina deve, em princípio, arcar com os custos da contaminação” e explica o princípio do poluidor pagador; [...] a revolução ocasionada pela aplicação do princípio do poluidor pagador, portanto, é imensurável, e as crises decorrentes dessa implementação já podem ser sentidas na adoção de importantes tratados internacionais, como o de mudanças climáticas, ou em casos de responsabilização de fabricantes, por efeitos pós-consumo de seus produtos, como as indústrias tabagistas, eletroeletrônica, farmacêutica etc.

Para melhor prevenir as degradações ambientais, a Constituição Federal assevera no artigo 225, § 3º, “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, sujeitarão aos infratores pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”

A responsabilização do poluidor pagador prescinde de culpa, não se trata de um castigo pelo ato, ou punição, simplesmente, o infrator (poluidor pagador), ao exercer tais condutas, atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, já assume a

7 Lei federal nº.6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política nacional do meio

ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

8 Lei federal nº. 9.605 de 12 de fevereiro de 19998, Dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

9 PEDRO, Antonio Fernando Pinto. ”Princípios de Direito Ambiental”. In,(Org.) ”Novos

Rumos do Direito Ambiental Nas Áreas Civil e Penal”. Campinas/SP: Millennium, 2006,

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teoria do risco integral, ou seja, poluiu pagou, pois não seria justo a sociedade arcar com os prejuízos.

Mas, de outro modo, não se afasta a responsabilidade do Poder Público, se ao conceder a licença para operação de atividade ou empreendimento que mesmo dentro das normas, preenchendo todos os requisitos legais, venha causar poluição ao meio ambiente, o infrator vai arcar com os danos (responsabilidade objetiva) e o Poder Público (responsabilidade subjetiva), ambos terão que compensar o dano ambiental e os terceiros (comunidades) afetados.

O professor Antonio Fernando Pinheiro Pedro, entende que ao invés da aplicação ao princípio da prevenção, a administração Pública deveria adotar o principio da precaução10, e não mais se daria pela simples satisfação de requisitos legais, ou cumprimento de regras, de propósito, vejamos;

Isso significa uma quebra no paradigma tradicional da Administração Pública, pois o conceito ordinário de licença, para atuar, empreender atividades, não mais se daria pela simples satisfação de requisitos legais ou cumprimento de regras, postas adrede, respondendo o infrator a posteriori por eventuais danos ou desvios de conduta. Não, a Administração pública deveria, a partir de então, transferir ao empreendedor, e não mais prover, critérios de planejamento territorial. Deveria o Poder Público licenciador obter ações de prevenção, planos de contingência e emergência e demais medidas compensatórias do empreendedor antes de autorizar o empreendimento, de maneira a minimizar a necessidade de agir posteriori.

A princípio, a nossa Carta Magna, determina que se deve “exigir, na forma da lei, para instalação de obras ou atividades potencialmente causadora de significativa degradação ao meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental”,11 ao referir-se a legislação, estamos diante da lei da política nacional do meio ambiente. Que, por sua vez, criou o SISNAMA12, e delegou poderes para os órgãos que integram o sistema a competência para licenciamento ambiental, mas missão maior ficou com o CONAMA13, que por meio da resolução n° 237, sancionada em 19 de dezembro de 1997, estabelece a relação de todas atividades e obras que necessitam de licenças ambientais para instalação e operação no território nacional, requisitos administrativos, modalidades de licenças e prazos.

10 PEDRO, Antonio Fernando Pinto. Op. Cit., p 6.

11 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, artigo 225, § 1ª, IV.

12 Sistema Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei da Política Nacional do Meio

Ambiente (6.938/81).

(17)

Assim, pode-se observar que no Brasil, o princípio da prevenção tem previsão constitucional, e não adotamos o da precaução, tendo em vista que ao referir-se ao da precaução, não seria viável, pois se entende que este princípio não contribui para o aceleramento do poder econômico, nessa hipótese sugerida pelo professor Antonio Fernando, o Poder Público ficaria inerte, posto que coubesse ao empreendedor provar a viabilidade de seu empreendimento, o que seria inviável, para o crescimento econômico do país, mas, de certa forma, para o princípio da sustentabilidade teria eficácia.

Sobre a eficácia do princípio do desenvolvimento sustentável, que foi tema da Declaração do Rio, “meio ambiente e desenvolvimento”, entende-se que a maior atenção deve-se a preservação do que ainda a natureza tem a oferecer, exemplificado com a “água potável”, recurso natural renovável, entretanto, já podemos sentir a carência desta riqueza natural, obviamente que estamos em um território abençoado, que detém o maior reservatório de água potável do universo, é o caso do aquífero guarani.

Porém, apesar de o nosso país ser considerado referência para outras nações em normas jurídicas protetoras em meio ambiente, o professor José Renato Nalini14, comenta sobre o desrespeito a política ambiental brasileira [...] o ambiente no Brasil não anda nada bem, é fácil concluir, a mídia não se recusa a demonstrar o insucesso das políticas preservacionistas, treze anos depois da realização da Eco-92. O Brasil não tem o que comemorar. Verifica-se, aleatoriamente, a manchete recente de alguns principais jornais brasileiros:

“Degradação ambiental afeta 60% dos brasileiros”. “Amazônia tem segundo maior desmatamento da história”. Devastação na Amazônia cresce 6% muito acima da previsão”. “Eloquente a reportagem de capa da revista Veja, edição 1908, de 8 de junho de 2005. [...] Se desaparecer a mata, os rios secarão e, da floresta a desertificação, será um passo.

Assim, pode-se verificar, que em 2005, ainda as coisas não andavam muito bem, entretanto, não basta somente as normas coercitivas ditando as regras,

14 NALINI, José Renato. “A Ética como Matéria-prima Indispensável à Ecologia”. In, Geraldo

Ferreira Lanfredi (Org.). ”Novos Rumos do Direito Ambiental Nas Áreas Civil e Penal”. Campinas/SP; Millennium, 2006, pp. 53-63.

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se atentar para ”promover a educação ambiental em todos os níveis do ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”15.

Tendo em vista, que, atualmente tem-se buscado a implementação da pedagogia do meio ambiente, “[...] A educação ambiental traz consigo uma nova pedagogia que surge da necessidade de orientar a educação dentro do contexto social e na realidade ecológica e cultural onde se situam os sujeitos e atores do processo educativo”16. No entanto, não temos em todos os níveis da educação os currículos implementados com conteúdos específicos voltados à educação ambiental.

Em busca de atender a demanda da qualificação de mão de obra necessária para suprir o mundo do trabalho, temos uma exceção, o curso técnico de meio ambiente, que é direcionado para o trabalho, mesmo assim, temos a oportunidade de oferecer um curso onde os discentes, começam a ter uma visão diferenciada das questões ambientais, tornam-se críticos. “[...] Uma educação orientada a romper a parcialização do conhecimento e a promover uma visão mais integradora do mundo, aberta a complexidade dos fenômenos da realidade [...] uma visão renovada do saber que traz implícito um novo sistema de valores.”17

Dessa forma, podemos deixar de exigir dos legisladores o total controle das questões ambientais, e ter uma participação mais ativa nesta relação de responsabilidades, por meio da conscientização da sociedade, conseguiremos amenizar os danos ambientais, através da educação ambiental. “A crise ambiental gera novos saberes através de estratégias conceituais guiadas para a construção de uma nova racionalidade social, orientada por princípios de democracia, sustentabilidade ecológica, diversidade cultural e equidade social”18 Mas, nessa competição, apenas foi dada a largada, ainda resta toda a maratona, temos que implementar uma carga horária voltada para educação ambiental em todos os cursos técnicos de forma gradativa,visando a qualificação dos profissionais e os conteúdos básicos par as grades curriculares dos cursos técnico e profissionalizante em logística, administração, química, edificações, eletromecânica, recursos humanos, próteses, etc.

15 Constituição Federal / 88, art. 225, §1º, VI.

16 LEFF, Enrique. Op. cit., p. 257.

17 Ibidem, p. 256.

(19)

Neste sentido, o professor Édis Milaré19 diz, que “a cidadania ambiental decorre da consciência que se tem as respeito das relações (a serem, aliás, profundamente renovadas) entre a sociedade e a natureza”. E conclui; “É fácil concluir que os limites moral e legal entre as gerações humanas atual e futura, assim como entre a espécie humana e as demais categorias de seres que constituem realidade da terra, são complexas e difíceis de definir e estabelecer. O que será necessário ter em mente é que o desequilíbrio nessas relações redunda no desequilíbrio da vida e da harmonia do Planeta interno”.

Partimos da primícia, que teremos profissionais qualificados e com o saber ambiental, ampliando-se as possibilidades de atender as necessidades de um Planeta sustentável e uma qualidade de vida digna e saudável, essencialmente para aqueles que ainda estão sendo gerados no ventre de sua genitora ”o nascituro”.

Importante, entender neste estudo, o significado do termo presentes gerações, que nos remete ao direito civil, quando trata da capacidade e personalidade da pessoa natural, observamos, que, no que tange a capacidade civil discutimos os momentos apropriados para pessoa desfrutar-se de decisões importantes na sociedade, a pratica dos atos civis, caso não tenha a capacidade para os atos civis, poderá ser representada ou assistida, estas são as presentes gerações, no entanto, quando mencionamos as futuras pessoas ou gerações, estamos dentro de quesitos relevantes, pois tratamos dos direitos assegurados à estes (nascituros).

O código civil brasileiro de 2002 determina em seu mandamento que o nascituro ainda não é portador de direitos, isto significa que os direitos a ele estão reservados, existe uma expectativa de direitos, basta apenas que ele tenha o nascimento com vida para adquirir os seus direitos, vejamos; artigo 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Mas quais são estes direitos? A

resposta para esta pergunta é simples, são os direitos patrimoniais e os extrapatrimoniais, entretanto o mais importante são os direitos extrapatrimoniais, aqueles assegurados na Constituição Federal.

19 MILARÉ, Edis.Horizontes da Advocacia do Ambiente. In, Geraldo Ferreira Lanfredi (Org.)

”Novos Rumos do Direito Ambiental Nas Áreas Civil e Penal”. Campinas/SP: Millennium, 2006, pp. 127-146.

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1.3 - A palavra da Constituição20.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua

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utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Considerada como Constituição ambientalista, a carta magna, passa a responsabilidade para a lei federal, conhecida como lei da política nacional do meio ambiente, toda a responsabilidade de cuidar do sistema jurídico brasileiro, de disciplinar as questões ambientais, e nesse intere, vale lembrar, que, a Constituição federal de 1988, recepcionou este documento federal sancionado em 31 de agosto de 1981.

1.4 - Direito Ambiental.

O Direito Ambiental é um ramo do Direito Público e fundamental, regulador das atividades relacionadas ao meio ambiente, trata-se de um Direito Difuso, isto é protege interesses transindividuais, seu objetivo principal é assegurar as condições de vida do homem. Os direitos fundamentais são classificados em gerações, e o Direito Ambiental é um direito fundamental de terceira geração que visa proteger interesses coletivos; a paz, o desenvolvimento etc.

Neste mesmo raciocínio o professor Willis Santiago Guerra Filho21, em seu trabalho destinado a coletânea de estudos em homenagem ao professor Paulo Bonavides22, esclarece com propriedade as gerações desses direitos;

“A primeira geração é aquela em que aparecem as chamadas liberdades públicas, “direitos de liberdades”, que são direitos e garantias dos indivíduos a que o Estado omita-se de interferir em uma de sua esfera juridicamente intangível. Com a segunda geração surgem direitos sociais a prestações pelo Estado para suprir carências da coletividade. Já na terceira geração concebe-se direitos cujo sujeito não é mais o individuo nem a coletividade, mas sim o próprio gênero humano, como é o caso do direito à higidez do meio ambiente e do direito dos povos ao desenvolvimento. Na quarta geração, segundo o Mestre Paulo Bonavides, estaria o Direito a Democracia, pertencente a toda a comunidade politicamente organizada”.

21Professor titular de Direito Processual Constitucional da Faculdade de Direito da

Universidade Federal do Ceará.

22SANTIAGO, Guerra Filho, Willis. Dimensões dos Direitos Fundamentais e Teoria

Processual da Constituição. In. SOARES. In, José Ronald Cavalcante (coordenador). Estudos de

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Tanto, o Poder Público como a coletividade, deve defendê-lo e preservá-lo para as presente e futura gerações. O meio Ambiente é um bem público de uso comum do povo, mas isso, não quer dizer que estamos falando um bem público que pertence ao Estado, não se trata de um bem público ou privado, é um bem de todos, existe para beneficiar o homem, o meio ambiente e a outras espécies de maneira reflexa.

Nesse mesmo entendimento o professor e ambientalista Geraldo Ferreira Lanfredi23, leciona na obra “Novos Rumos do Direito Ambiental Nas Áreas Cível e Penal24”;

A natureza está cobrando ações concretas de todos nós contra os riscos a que é submetida. Ouçamos o grito que ecoa e que reclama pelo equilíbrio do Planeta. Prestemos atenção no clamor da terra, desta terra que sangra, que geme e que sofre devido ao desequilíbrio Homem-Natureza, refletindo-se em seus recursos naturais: a água e o ar, o solo, a fauna e as florestas. Assim é que a água está sujeita, de forma continuada, à poluição, à contaminação e ao desperdício, embora bem indispensável a vida.” [...] Enquanto recurso natural esgotável, prevê-se que, dentro em breve, a água poderá valer mais que o petróleo e ser objeto de graves disputas entre países.” (Geraldo Ferreira Lanfredi, biblioteca

central da Unicamp. 2006, p.14).

Assim, para a preservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, seria necessário coibir o avanço da degradação ambiental, mas não apenas egoisticamente com medidas protetivas internas, e sim, pensando de forma globalizada, de uma maneira a cuidar de direito extrapatrimonial, de um legado prometido para as presente e futura gerações, um meio ambiente sadio e com qualidade de vida.

E foi nesse entendimento que surge a ideia de rever as questões ambientais com uma ótica diferenciada, e assim, o primeiro encontro para debates e analises das questões atinentes ao meio ambiente, vai ganhando crédito na comunidade internacional, e com a participação de chefes de nações distintas, representantes das sociedades de diversos setores, com maior ênfase, no privado, ambientalistas, estudiosos amadurece a ideia e surge então a primeira conferência em nível global, a Conferência Nacional da Nações Unidas sobre o meio ambiente, que ficou conhecida como Declaração de Estocolmo realizada na Suécia , capital de Estocolmo, em 1972.

23Doutor em Direito Civil e Ambiental pela Universidade de São Paulo e Juiz de Direito

aposentado e advogado militante na área ambiental.

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Um marco histórico no direito internacional privado que consagrou, ou seja, contemplou um rol de princípios de proteção ecológica e muitas inovações no sistema jurídico de proteção ambiental do planeta. Que gradativamente foram acolhidos e introduzidos nas cartas magnas de diversas nações, inclusive, vale destacar, que o Brasil foi dos beneficiados, e que a partir de 31 de agosto de 1981, sancionou a lei federal 6.938, que cuida da política nacional do meio ambiente, e que somente recepcionada em nossa carta magna em 05 de outubro de 1988.

Outro registro positivo em proteção ambiental foi a Conferência do Rio, com o tema “Meio Ambiente e Sustentabilidade”, que ficou conhecida com “ECO 92”, realizada na cidade carioca em novembro de 1992, contendo 27 (vinte e sete) princípios, que passaremos a abordar mais adiante.

1.5 - Princípios do Meio Ambiente.

Definição de princípios: São enunciados genéricos que fundamentam e orientam as ciências jurídicas, são os alicerces das normas jurídicas. Para o ambientalista, Antonio Fernando Pinheiro Pedro25, em sua contribuição para a obra “Novos Rumos do Direito Ambiental, onde escreveu um capitulo específico com o tema; “Princípios do Direito Ambiental” assevera;

“No entanto, acredito que os demais princípios decorrem da correta aplicação daqueles inseridos na figura piramidal em referência, posto que acabam por nortear, tendo por base a preocupação humanista do Desenvolvimento Sustentável, a forma de aplicação e os padrões de gestão territorial (Prevenção), a gestão política (Participação) e a gestão econômica (Poluidor Pagador).”

1.5.1 - Princípio do Meio Ambiente Sadio.

Está consagrado no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que trata do meio ambiente, lembramos que é uma extensão do direito à vida, com base a esta regra, fica assegurado um meio ambiente ecologicamente equilibrado para uma vida

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digna, tanto para a nossa geração, quanto para aqueles que têm os seus direitos extrapatrimoniais assegurados, que já anotamos quando tratamos dos nascituros. 1.5.2 - Princípio da Prevenção.

Trata-se das medidas que devem ser tomadas para evitar lesões ao meio ambiente, é muito importante, porque, para o meio ambiente as reparações as vezes é difícil e até impossível, então, é importante a realização de atos, antes da ocorrência de qualquer dano. Pensamos em uma espécie extinta ou em uma floresta devastada. Como reparar estes danos? Mesmo sendo possível reflorestar uma área, quanto tempo isso levaria? Como compensar as perdas decorrentes desse tempo todo? E qual é o custo para despoluir uma lagoa?

Vejamos o pensamento do professor e ambientalista Paulo Afonso Leme Machado26:

“Sem informação organizada e sem pesquisa não há prevenção. Por isso, divido em cinco itens a aplicação do princípio da prevenção: 1º) identificação e inventário das espécies de animais e vegetais de um território, quanto à conservação da natureza e identificação das fontes contaminantes das águas e do mar, quanto ao controle da poluição; 2º) identificação e inventário dos ecossistemas, com a colaboração de um mapa ecológico; 3º) planejamento ambiental e econômico integrados; 4°) ordenamento territorial ambiental para a valorização das áreas de acordo com a sua aptidão; 5º) Estudo de Impacto Ambiental.”

Neste mesmo raciocínio, o expert ambientalista Antonio Fernando Pinheiro Pedro27, conclui; “O principio da prevenção é o principio fundamental para o estabelecimento de uma correta política de preservação do meio ambiente, pois a ocorrência do dano em matéria ambiental pode significar a perda irreparável de todo um ecossistema.” Neste mesmo sentido, conclui-se que, para tornar a prevenção uma realidade, deve ser realizada uma política de educação ambiental, visando a transparência nas informações e a acessibilidades aos órgãos públicos, que estão carentes de qualificações e incentivos, é necessário que as políticas públicas tenham sempre em foco a opinião pública, para que possa ser eficiente na prestação dos serviços tutelados pela administração pública e torne-se eficaz na prevenção ambiental.

26 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Op., cit. p.74.

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1.5.3 - Princípio da Precaução.

Este princípio não se confunde com o da prevenção, aqui também se pretende afastar o perigo, mas, este princípio da precaução, vai além, ele busca proteger o risco desconhecido.

O principio da precaução foi adotado pela Declaração do Rio, como um de seus critérios no tema “Meio Ambiente e Desenvolvimento”. Fazendo constar no rol de seus princípios o da precaução, adicionando-o como um critério auxiliar para as medidas de controle e licenciamento de atividades que ponham em risco o equilíbrio ambiental.

Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio ambiente.

• Prevenção x Precaução, Quando o perigo é concreto, ou seja, real e certo, o princípio aplicado é o da Prevenção, posto que, para a proteção de um risco desconhecido, incerto, perigo abstrato ou hipotético, vale o principio da Precaução.

A Declaração de Estocolmo firmada em 1972, que teve como tema principal “Ambiente Humano” deixou claro que quanto à aplicação dos princípios28; da precaução; “Deve se aplicar o planejamento tanto na ocupação do solo para fins agrícolas como na urbanização, com vistas a evitar efeitos prejudiciais sobre o meio e a obter o máximo beneficio social, econômico e ambiental para todos”.

E o prevenção devendo ser; “Confiada às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais, com a finalidade de melhorar a qualidade do meio”. No caso especifico da prevenção o melhor exemplo é a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), um instrumento nacional que está sujeito a decisão de uma autoridade nacional competente.

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1.5.4 - Princípio do Poluidor Pagador.

Significa que o agente poluidor pagador, ao implementar as suas atividades, deverá levar em consideração os ônus e custos de sua atuação, não seria justo que este ônus, sejam arcados pela sociedade, enquanto apenas o empreendedor lucra.

Em face disto, estes custos têm que ser internalizados, mas atenção! Não estamos falando de ser possível degradar o meio ambiente e pagar por isso. Fosse assim, o nome do princípio seria “Princípio do Pagador Poluidor”. O agente Poluidor Pagador deve arcar também com os custos da prevenção, ele deve analisar os ônus ambientais, para que, não sejam transferidos para a sociedade, a ideia é pagar para não poluir. Para enaltecer o entendimento sobre o princípio do agente pagador, Paulo Affonso29, alerta;

“O princípio do usuário – pagador não é uma punição, pois mesmo não existindo qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado. Assim, para tornar obrigatório o pagamento pelo uso do recurso ou pela sua poluição, não há de ser provado que o usuário e o poluidor estão cometendo faltas ou infrações. O órgão que pretenda receber o pagamento deve provar o efetivo uso do recurso ambiental ou a sua poluição. A existência de autorização administrativa para poluir, segundo as normas de emissão regularmente fixadas, não isenta o poluidor de pagar pela poluição por ele efetuada”.

1.5.5 - Princípio do Desenvolvimento Sustentável.

Para alavancar o desenvolvimento sustentável, devemos lembrar, que os recursos naturais não duram para sempre, sem a preservação do meio ambiente não há como viver com qualidade, assim, busca-se conciliar o desenvolvimento e preservação, sem que uma coisa exista sem a outra. O que se observa é a relação da economia com a ecologia e o direito, assim podemos melhor entender o princípio do desenvolvimento e da sustentabilidade com os ensinamentos do professor Antonio Fernando Pinheiro Pedro30; “Na verdade, o desenvolvimento sustentável não dissocia a administração racional dos escassos recursos naturais remanescentes, como fonte primeira da economia, em relação ao necessário controle do meio ambiente resultante das modificações físicas, sociais, estéticas e biológicas ocasionadas pela ação humana, enquanto fonte de novos recursos

29 MACHADO, Paulo Affonso Leme, Op., cit., p.74.

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econômicos e novas demandas (criadas pela sofisticação dos padrões de cultura e consumo adquiridos pelo homem)”.

O conceito de sustentabilidade como uma visão econômica com reflexos capitalistas e ideológicos, exigirá de todos árdua tarefa, a implementação de ações bem planejadas e administradas, para que os princípios do Direito Ambiental sejam aplicados e não muito distante consigam o reequilíbrio econômico do planeta.

Entretanto, estamos vivenciando momentos difíceis, mas mesmo assim, existem pessoas que ainda buscam nos costumes da sociedade uma a maneira viver sem agredir o meio ambiente, pessoas que utilizam os recursos naturais de um modo harmonioso, e assim, teremos que acreditar em atitudes e ações simples, pois, nem todos os recursos naturais podem a curto prazo se tornarem renováveis, e existem recursos essenciais a subsistência da vida, que presenciamos no dia a dia a escassez, caso concreto é a água potável.

1.5.6 - Princípio da Solidariedade Intergeracional.

O meio ambiente não pertence apenas a nossa geração, mas também as gerações futuras, esta nossa geração não tem prioridade sobre as outras. Elas também necessitaram de qualidade de vida digna, assim, como nós. É importante conservar o meio ambiente sem degradação e com qualidade, para que, este direito seja usufruído por todos, como leciona o professor Geraldo F. Lanfredi31 [...] a situação do ecossistema terrestre é, deveras, grave, documento divulgado, pela Organização das Nações unidas (ONU), sob o título: “Perspectiva para o Meio Ambiente Global”, prevê o Planeta completamente degradado dentro de 30 anos, o que ocorrerá até 2032, portanto, se continuar o lucro a ser priorizado, em detrimento da Natureza. Importa, pois, aprender com sinais da Natureza e acatar os recados que ela manda, a fim de preservarmos o maravilhoso legado que DEUS nos presenteou e que não se justifica aguardar ou premeditar pontos negativos, pois, é dever de todos cuidar da natureza, e não repassar a nossa responsabilidade para o Estado ou empresários, temos que ser solidários, pois o preço para manter a saúde do planeta é respeitá-lo.

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1.5.7 - Princípio da Publicidade e da Participação.

A coletividade deve ter acesso as informações relativas à defesa e a preservação do meio ambiente, deve ser dada a publicidade a tais atos, isso possibilita a participação dos cidadãos na preservação ambiental.

Há vários instrumentos para a participação nestas questões, como exemplo; as audiências públicas realizadas com a participação da comunidade, oportunidade de manifestação a respeito de implementação de empreendimento ou atividades que possam causar danos ao meio ambiente.

Nesse sentido, a Declaração do Rio, consagra o principio da participação32, com o seguinte teor: “O melhor modo de tratar as questões do meio ambiente é assegurando a participação de todos os cidadãos interessados, no nível pertinente”. Finalizando, mencionamos o entendimento do professor Édis Milaré33; “O princípio da participação pressupõe o direito da informação, pois com o acesso às informações, a comunidade tem melhores condições de atuar sobre a sociedade, de formar uma mobilização eficaz para atender os desejos e ideias e de trazer parte ativa nas decisões de assuntos que lhes interessem e afetem diretamente.”

1.5.8 - Princípio do “In Dubio Pro Natura”.

Este princípio visa interpretar a legislação ambiental, caso haja, conflitos entre normas jurídicas, prevalecerá aquela que for mais benigna ao meio ambiente, a que melhor garante o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Como estudamos os Princípios do Direito Ambiental, vale lembrar, que existem vários outros princípios designados, e todos são considerados relevantes, contribuindo para o avanço e o enobrecimento do ramo do direito além de, corroborar com a resolução dos conflitos na seara ambiental.

Para aplicação do princípio mais benigno à natureza, devemos também levar em consideração a sustentabilidade dos recursos naturais escassos, tema em que

32 Princípio da participação nº10. Declaração do Rio, firmado no Rio de Janeiro em 1992.

33 Milaré, Édis. Direito do ambiente; doutrina – prática – jurisprudência - glossário. São

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veio a tona após a Declaração do Rio de 92, “Meio Ambiente e Desenvolvimento”, considerado a mola propulsora aos debates entre os estudiosos das questões ambientais, onde são cuidadosamente mencionados na “Agenda 21” e “Carta da Terra”, documentos que ventilam o acolhimento da melhor norma jurídica em prol do meio ambiente, nesse caso, ocorrendo divergências entre aplicação entre normas protetoras às questões ambientais, prevalecerá o Princípio “In Dubio Pro Natura”. (Na Duvida, Pela Natureza).

Assim, pode-se deixar cristalino, que quando referir-se em aplicação de uma norma jurídica de forma genérica, temos uma hierarquia a respeitar, passando desde; a Constituição Federal, Tratados Internacionais, Constituições Estaduais, Leis; Federal e Estadual, dispositivos infra legais.

No Direito Ambiental, é diferente, pois ele cuida de um bem da coletividade, transindividual, então, especificamente nas questões atinentes ao “Meio Ambiente”, aplica-se o “Princípio “In Dúbio Pro Natura.

1.6 – Competência em Matéria Ambiental.

A preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos, coletividade e Poder Público deve zelar pelo meio ambiente ecologicamente equilibrado. A competência material é atribuída para que se faça cumprir a lei. Já a competência formal ou legislativa, diz respeito ao Poder Legislativo, de criar normas.

1.6.1 - A Competência Material (administrativo) Exclusiva ou Comum.

Tanto a união, estados membros, distrito federal e municípios têm competências material exclusiva e comum, que são as competências de estabelecidos na Constituição Federal de 1988, vejamos;

• Competência material exclusiva da União, relacionados no artigo 21, vale observar que nesta competência sempre se emprega o verbo relacionado com administração;compete a União; “Emitir moedas (...)manter o serviço postal e o correio aéreo nacional... instruir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos...”

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• Competência material exclusiva dos Estados Federativos, (artigo 25); “Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios as competências que não lhes sejam em detrimento da Constituição Federal” (...) E explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizados...”

• Competência material exclusiva dos Municípios, definidas no artigo 30; [...] instruir e arrecadar os tributos de sua competência (...) criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual (...) Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (...) Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

• A Competência Material Comum, são de todos os entes (Estados) federativos, existe nela a obrigação solidária dos entes, que vem cravada no artigo 23 da constituição Federal de 1988.

“Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público” (...) “Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência” (...) “Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico, e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos”.

Então, vimos que, para na competência comum todos os entes federativos, tem a obrigação de cuidar, preservar a seara ambiental, onde não existe exclusividade. 1.6.2 – Competência Formal (legislativa) Privativa ou Concorrente.

• A Competência Formal Privativa, as competências formal ou de legislar, são as designadas privativa ou concorrente de cada entes federativo (União, Estados Membros, Distrito Federal e Municípios), vale frisar, que todas são enumeradas, com exceção das competências aos Municípios, pois tais são indicadas pela Constituição Federal. Vejamos; competência privativa de legislar:

• A União cabe legislar normas; geral (interesse de todos os entes), vejamos, diretrizes, normas genéricas, são elaboradas e não pode dedicar-se a pormenores, isso porque a obrigação da aplicação de normas é uniforme, em todo o

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território nacional, nesse caso, é bom entender que quando se refere a lei federal genérica ou norma geral, estamos diante daquelas que disciplinam à nível nacional como o código Civil de 2002, as leis; da política nacional do meio ambiente e dos crimes ambientais, elas vão de encontro com os interesses de todos e não regulamentam apenas um determinado local.

Entretanto, a união vai delegar poderes aos entes federados para adequar algumas normas gerais em seu poder legislativo (assembléia legislativa estadual). Delegando competências concorrentes aos estados, vejamos um exemplo; é o caso do salário mínimo, neste caso concreto, os entes federados receberam competência concorrente para criarem o salário mínimo em sua jurisdição (território).

No entanto, existe norma de competência privativa da União que é especificas, ou seja, somente disciplina (cuida) de matéria da união federal, exemplo disso pode-se destacar, a lei de execução fiscal da união, do servidor público federal, nestes casos concretos, o interesse é privativo de legislar da União.

• Competência Legislativa Concorrente, os Estados suplementam as normas da União, ou seja, adequar de forma justa em sua realidade, não pode se esquecer de que o nosso país é composto de cinco regiões, com culturas distintas, onde os interesses do sulista, nem sempre se apresentam idênticos ao do nordestinos. Dessa forma, os 27 (vinte e sete) entes federativos que formam a União Federal, receberão competências concorrentes para legislar (é entender que as normas gerais editadas pela União, abre uma brecha para que os Estados membros suplemente-as) pode-se examinar além do caso concreto já mencionado anteriormente, passamos agora a analisar o artigo da Constituição federal, que vai exemplificar melhor, para que não paira duvida sobre o assunto de muita relevância;

[...] Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, orçamento, juntas comerciais, custas dos serviços forenses, produção e consumo, florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição e outros mais.

• Os Municípios; legislar sobre interesse local, vejamos, cabe ao município criar normas para cobrar taxas de serviços, como a taxa do lixo, que será revertido o tributo recebido na manutenção do próprio serviço prestado. Vejamos o que diz o

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artigo 30 da Constituição Federal; [...] compete aos Municípios: legislar sobre assuntos de interesse local; suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei.

Essa forma de participação da Competência Legislativa possibilita que em situações peculiares a cada região sejam devidamente regulamentadas. Vale acrescentar, que, em competências legislativas, deve-se deixar bem claro que todos os entes federativos têm independência política e econômica.

E para finalizar, não poderia deixar de mencionar a condição privilegiada em que assentou a carga magna (Constituição Federal de 1988) para os Municípios em relação ao artigo 30, pois, anteriormente eles não elencavam no rol dos entes federativos.

1.7 – Conflito entre Normas Jurídicas.

A aplicação das normas administrativas e jurídicas pelos órgãos competentes nas questões atinentes ao meio ambiente como tratou no estudo do principio do in dúbio pro natura, naquele momento vimos que para a preservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado é necessário a aplicação das normas mais benéficas para assegurar este ideal. Entretanto, ao tratarmos o tema conflito entre as normas jurídicas, é diferente daquele, pois estamos tratando com aqueles que têm as competências para elaborações das normas.

Vejamos um exemplo; recentemente se discutiu no Supremo Tribunal Federal (STF), a inconstitucionalidade da criação do órgão federal; Instituto Chico Mendes – Unidade de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio). O que tem acontecido é que algumas medidas provisórias criadas pelo Presidente da República (Presidente Lula) acabaram transformando em lei sem apreciação do Congresso Nacional, é o caso do ICM-BIO decidido no dia 12 de março de 2012.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da Lei 11.516/2007, que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM - Bio), entretanto, foi concedido um prazo de dois anos para que o Congresso Nacional elabore um novo documento jurídico para garantir a

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continuidade da autarquia Federal que vem prestando um trabalho por excelência como uma unidade de conservação ambiental, sendo elevado ao grau de autarquia federal pelo mérito e hoje considerado como um braço direito do IBAMA.

A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4029, ajuizada na Corte pela Associação Nacional dos Servidores do IBAMA. Até lá, o instituto segue funcionando. Os ministros entenderam que a tramitação da Medida Provisória 366/2007, que deu origem à Lei 11.516/2007, não respeitou a tramitação legislativa prevista na Constituição Federal. Para a autora da ADI, a norma seria formalmente inconstitucional, uma vez que o ICM - Bio foi criado a partir de uma Medida Provisória do governo convertida na lei questionada, sem ter sido apreciada por uma comissão mista de deputados e senadores, como prevê a Constituição Federal em seu artigo 62, parágrafo 9º. A MP, diz a associação, foi convertida em lei com a emissão de parecer individual do relator, sem

manifestação da comissão.

Criando um conflito entre normas, ou seja, transformado em Lei sem respeitar os tramites legais e converter aquela medida em Lei.

1.8 – Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado.

Existe um conceito legal de meio ambiente, que está na lei da Política Nacional do Meio Ambiente (6.938/81), no seu artigo 3º. Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordens físicas, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

O meio ambiente pode ser dividido em Quatro aspectos: meio ambiente natural, cultural, artificial e o meio ambiente do trabalho. Assim, o direito ambiental tutela qualquer ambiente e passaremos a estudá-los adiante.

1.8.1 - Meio Ambiente Natural.

O meio ambiente natural é composto pela fauna, flora, águas, o ar e o solo, e está regulamentado por diversas normas. Podemos citar o Código Florestal, a lei da Fauna, a lei dos Recursos Hídricos e a lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação, a lei do SNUC e a organização dos Estados brasileiros. Vamos estudar cada uma deles.

• Do Código Florestal, a lei nº. 4.771/65 protege as florestas e as terras, o código instituiu as áreas de preservação permanente nos termos dos artigos 2º e 3º,

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coberta ou não por vegetação nativa, que com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Áreas de proteção permanentes são áreas que não podem ser exploradas, exceto por interesse social ou de utilidade pública, com autorização do Poder Público, as reservas legais também não podem ser exploradas, admitindo apenas o manejo florestal sustentável.

Reserva Legal refere-se a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.

Assim, observa-se que a reserva legal deixa de ser especificamente madeireira e passa a assumir um compromisso com a sustentabilidade, ou seja, passa ser também uma reserva ambiental, em suma, se a área de preservação sofrer degradação, a reserva legal ampara, ou seja, uma compensação ambiental ocorre. Assim o artigo 16 do Código Florestal classifica o conceito de reserva legal;

As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

• 80% - (oitenta por cento), na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal;

• 35% - (trinta e cinco por cento), na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7º deste artigo;

• 20% - (vinte por cento), na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País;

• 20% - (vinte por cento), na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País.

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