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APRESENTAÇÃO

I ENCONTRO SOBRE

MINERAÇÃO E

PATRIMÔNIO

PALEONTOLÓGICO DO

ESTADO DO RIO DE

JANEIRO (EMPERRJ)

Por Lílian Begqvist

CARTA DO RIO DE

JANEIRO

Por Flávio Erthal et al

CARTA ABERTA SOBRE O

QUALIS BIODIVERSIDADE

Por Taissa Rodrigues

DOR E SUPERAÇÃO

Por Alexander Kellner

DIÁRIO DE UM

PALEONTÓLOGO

Foto de Hermínio Araújo-Júnior

(2)

Paleonotícias On-line nº 22 Jul - Set de 2018

ISSN 2318-7298 Rio de Janeiro Núcleo RJ/ES

Sociedade Brasileira de Paleontologia Biênio 2018-2020

Corpo Editorial

Hermínio Ismael de Araújo-Júnior

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Lílian Paglarelli Bergqvist

UFRJ- Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dimila Mothé

UNIRIO- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Antonio Carlos Sequeira Fernandes

Museu Nacional- Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fernando Henrique de Souza Barbosa

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Rodrigo Giesta Figueiredo

UFES- Universidade Federal do Espírito Santo

Edição e Diagramação

Márcia A. dos Reis Polck

ANM - Agência Nacional de Mineração

Com colaboração de:

Rafael Costa da Silva

CPRM- Serviço Geológico do Brasil

E-mail: nucleo.sbp.rjes@gmail.com

SUMÁRIO

EXPEDIENTE

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APRESENTAÇÃO

I ENCONTRO SOBRE

MINERAÇÃO E

PATRIMÔNIO

PALEONTOLÓGICO DO

ESTADO DO RIO DE

JANEIRO (EMPERRJ)

Por Lílian Bergqvist

CARTA DO RIO DE

JANEIRO

Por Flávio Erthal et al

CARTA ABERTA SOBRE O

QUALIS BIODIVERSIDADE

Por Taissa Rodrigues

DOR E SUPERAÇÃO

Por Alexander Kellner

DIÁRIO DE UM

PALEONTÓLOGO

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No Brasil: I V S i m p ó s i o B r a s i l e i r o d e Paleontologia de Invertebrados 08 a 10 de outubro de 2018 Rio de Janeiro - RJ https://sites.google.com/prod/view/4sbpi 2018/ Paleo SP 2018 29 de novembro a 01 de dezembro de 2018 Campinas - SP https://sites.google.com/prod/view/paleo sp2018/ Paleo RJ/ES 2018 29 a 30 de novembro de 2018 Vitória - ES https://imary7.wixsite.com/paleorjes201 8 Paleo RS 2018 16 a 18 de novembro de 2018 São Leopoldo - RS https://paleors2018.wixsite.com/paleors 2018 Paleo NE 2018 04 a 07 de dezembro de 2018 Recife - PE http://www.paleonordeste.com.br/ Paleo PR/SC 2018 13 a 15 de dezembro de 2018 Curitiba - PR http://www.xxpaleoprsc.com.br/ No Exterior:

78º Anual Meeting of The Society of Vertebrate Paleontology

17 a 20 de outubro de 2018 Albuquerque - USA

EVENTOS

Por Hermínio Ismael de Araújo-Júnior

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Desde a publicação do último número deste Boletim, diversos eventos, positivos e negativos, marcaram a história da Paleontologia do País. Realizamos o maior evento de Geociências da América Latina – o 49º Congresso Brasileiro de Geologia –, vimos o reflorescimento da vida acadêmico-científica do Parque Paleontológico de Itaboraí através da realização do I Encontro sobre Mineração e Patrimônio Paleontológico do Estado do Rio de Janeiro, fomos violentamente atingidos pelo incêndio do Museu Nacional, realizamos o maior Simpósio Brasileiro de Paleoinvertebrados e vimos, cheios de dor, o encerramento das atividades da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. O presente número do Boletim Paleonotícias é um reflexo dos acontecimentos dos últimos meses no Rio de Janeiro e, por isso, alterna relatos de glória e dor da vida de todo geocientista brasileiro.

O I Encontro sobre Mineração e Patrimônio Paleontológico do Estado do Rio de Janeiro (I EMPERRJ) é aqui relatado pela Dra. Lílian Paglarelli Bergqvist (IGEO/UFRJ e Vice-Presidente do Núcleo RJ/ES da SBP). O evento congregou cerca de 70 pesquisadores, estudantes, professores e membros de ONGs e das prefeituras municipais de Itaboraí e Tanguá, no Parque Paleontológico de Itaboraí.

A Equipe Editorial orgulhosamente publica neste número a “Carta do Rio de Janeiro”, documento produzido pela Comissão Organizadora do 49º Congresso Brasileiro de Geologia – maior evento de Geociências da América Latina, ocorrido no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 24 de agosto. A Carta – que foi lida no encerramento do evento – reflete o ambiente de debates da semana emblemática na Cidade do Rio de Janeiro, apresentando as principais conclusões e propostas dos Geólogos e Geocientistas que se reuniram no 49º CBG. É propósito da Comissão Organizadora (CO) levar estas conclusões aos diversos candidatos aos cargos eleitorais, neste momento de eleições gerais, como contribuição à reflexão sobre os graves problemas que foram discutidos. E, de forma propositiva, acolher propostas e fazer delas algumas das bandeiras que a CO propõe à Sociedade Brasileira de Geologia, na defesa de compromissos considerados fundamentais para construir o futuro de nosso País.

A Carta Aberta sobre o Qualis Biodiversidade, redigida pela Dra. Taissa Rodrigues (UFES e 1ª Secretária da Diretoria da SBP) e publicada também neste número do Boletim Paleonotícias, relata a triste jornada dos paleontólogos e periódicos científicos que se relacionam com a área Biodiversidade da Coordenação para Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Em seu relato emocionado e firme, o Dr. Alexander Kellner conta, a partir da sua posição de Diretor do Museu Nacional/UFRJ, a história de dor e superação que envolve o incêndio trágico que afetou a mais antiga instituição científica do Brasil. Todos nós paleontólogos ainda estamos “feridos de morte” com esse acontecimento. No entanto, embalados pelo sentimento de superação relatado na mensagem do Diretor, esperamos avidamente pela reconstrução do Museu Nacional – reconstrução esta que certamente contará com a participação de todos nós da comunidade geocientífica do país.

No “Diário de um Paleontólogo” o Dr. Rafael Costa da Silva (Museu de Ciências da Terra/CPRM) nos relata um pouco da sua história profissional como paleontólogo do Serviço Geológico do Brasil-CPRM, seja na Divisão de Paleontologia ou no Museu de Ciências da Terra (MCTer), bem comenta sobre sua participação na Comissão Organizadora do IV Simpósio Brasileiro de Paleoinvertebrados.

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Por Lílian Paglarelli Bergqvist UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

No dia 29 de agosto de 2018 aconteceu no Parque Paleontológico de Itaboraí o I Encontro sobre Mineração e Patrimônio Paleontológico do Estado do Rio de Janeiro. Idealizado pela Dra. Marcia R. Polck, paleontóloga da Agência Nacional de Mineração/ANM/RJ (novo nome do antigo D e p a r t a m e n t o N a c i o n a l d a P r o d u ç ã o Mineral/DNPM) e realizado em parceria com a Secretaria de Meio-Ambiente e Urbanismo de Itaboraí, o evento teve como objetivo principal estabelecer uma cooperação entre ANM/RJ e o Parque Paleontológico de Itaboraí, com a finalidade de: (1) difundir o conhecimento para melhor gerir a mineração e os recursos minerais no estado e (2) cooperar para divulgação do parque, chamando atenção para a necessidade de políticas públicas adequadas.

Iniciado às 9:30h com um saboroso café da manhã, após uma breve abertura realizadA pelo Dr. Luís Flávio N. Morales, Superintendente da ANM/RJ, uma série de pequenas palestras sobre temas ligados à paleontologia e à mineração se sucederam durante todo o dia. A palestra de abertura foi proferida pelo Dr. André Eduardo P. Pinheiro (UERJ-São Gonçalo), e versou sobre a importância histórica e científica da Bacia de Itaboraí (1). Em seguida, a Dra. Maria Antonieta C. Rodrigues (UERJ) fez um resumo dos investimentos feitos no Parque Paleontológico de Itaboraí (provenientes da PETROBRAS, FAPERJ e CNPq) e as benfeitorias realizadas com esses aportes financeiros (2). Dando sequência, a Dra. Márcia R. Polck mostrou exemplos de cidades que incorporaram no seu cotidiano a valorização do seu patrimônio geopaleontológico, buscando conscientizar os ouvintes dos benefícios culturais e econômicos que o Parque Paleontológico de Itaboraí poderá trazer para o Município de Itaboraí

(3). Dando continuidade, o geólogo Anderson

Cristiano Neves (ANM) explicou as leis que regem

I Encontro sobre Mineração e

Patrimônio Paleontológico do Estado

do Rio de Janeiro (EMPERRJ)

atualmente a mineração, destacando as mudanças ocorridas recentemente.

Na parte da tarde, após uma pausa para o almoço servido à sombra das árvores, as palestras foram retomadas com a apresentação do geólogo Marcos Monteiro (ANM/RJ), que mostrou o panorama atual da mineração do Município de Itaboraí e apresentou os sistemas informatizados do DNPM/ANM (SIGMINE e Cadastro Mineiro). A engenheira Ana Cecília Barbosa dos Santos (ANM/RJ) levantou o problema da lavra ilegal, apresentando as causas mais comuns e as consequências que ela traz, e como o DNPM/ANM/RJ vem atuando em relação a esse problema. Finalizando o ciclo de palestras, o geólogo Willians Carvalho (ANM/RJ) mostrou como quase toda a nossa vida atual depende da mineração de forma direta ou indireta, apresentando diversos exemplos práticos.

Foto de Márcia Polck

Foto de Márcia Polck

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Após as palestras os participantes foram convidados a visitar a Bacia de Itaboraí e conhecer a cava deixada com a mineração do calcário e alguns dos afloramentos remanescentes.

O evento congregou cerca de 70 pessoas no Parque Paleontológico de Itaboraí, incluindo funcionários das Prefeituras de Itaboraí e Tanguá, da ONG Itaboraí Sustentável, do Instituto Histórico e Geográfico de Itaboraí, da Ita-porto Mineração, funcionários da ANM (4), e estudantes e pesquisadores da UFRJ, Museu Nacional/UFRJ, UFRRJ, UNIRIO, Universidade Anhanguera e Universidade Estácio. Um certificado de participação foi fornecido a todos os presentes.

A presidência do Núcleo RJ/ES da Sociedade Brasileira de Paleontologia parabeniza a Dra Márcia R. Polck pela excelente e importante iniciativa de valorização e divulgação do importante patrimônio geopaleontológico do Estado do Rio de Janeiro, e agradece à Dra. Paloma Martins Mendonça, Secretária de Meio-Ambiente e Urbanismo de Itaboraí, por ter apoiado e viabilizado a realização da mesma.

E que o II Encontro ocorra em breve!

Foto de Márcia Polck

Foto de Márcia Polck

Foto de Márcia Polck (3)

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CARTA DO RIO DE JANEIRO

Por Flávio Erthal, Hernani Aquini Fernandes Chaves, Nely Palermo, Murilo Medeiros, Hermínio Ismael de Araújo-Júnior, Ingrid Lima, Tayla W e r n e c k & E l i a n e d a C o s t a A l v e s

Comissão Organizadora do 49º Congresso Brasileiro de Geologia, Rio de Janeiro, RJ

Após 34 anos de ausência, o Congresso Brasileiro de Geologia, maior evento técnico-científico da América Latina, retorna à Cidade do Rio de Janeiro, organizado em torno do tema “Geologia: Conhecer o Passado para Construir o Futuro” e homenageando o professor Setembrino Petri, um ícone da Geologia e Paleontologia, como Presidente de Honra (1).

Mais de três mil geólogos e geocientistas, 60% deles estudantes, participaram desta 49ª edição do Congresso (2). As atividades do Congresso começaram na Quinta da Boa Vista, homenageando os 200 Anos do Museu Nacional

(3) e se espalharam pela Cidade: o Museu do

Amanhã, no Pier Mauá, discutiu o Antropoceno (4 e 5); o Museu da Geodiversidade, na Ilha do Fundão, recebeu estudantes da rede pública para conhecer um pouco de Geologia e o Museu de Ciências da Terra, na Urca, abriu as portas para os congressistas.

Mesmo neste grave momento em nosso país e nosso estado, que resultou em números um pouco mais modestos do que o esperado, o Congresso foi um sucesso! Limitados pelo momento pelo qual passamos, tivemos que mudar nossos planos iniciais, que era promover a grande abertura do Congresso na Quinta da Boa Vista, sob a égide do Museu Nacional.

Mas mantivemos o compromisso. Fizemos a homenagem aos 200 Anos do Museu Nacional e trouxemos questões candentes para os debates de cada dia, no que denominamos Grandes Temas: Geologia e Segurança; Retomada do Setor de Óleo e Gás (6); Defesa das Instituições Públicas de Geologia e da Ciência Brasileira; e Geologia, Mineração e os Desastres Ambientais

(7). Nesta linha, incentivamos a ampliação dos

momentos de discussão nas Sessões Técnicas, com mesas e palestras temáticas, além de facilitar iniciativas antenadas com os dias de hoje, como a criação da Associação Brasileira das Mulheres nas Geociências (8), retomando um debate atual e necessário.

Cumprimos o compromisso de promover discussões sobre temas atuais, plurais e com ampla liberdade de expressão, uma contribuição efetiva da Sociedade Brasileira de Geologia, refletindo a responsabilidade de geólogos e geocientistas no processo que vive nosso País e levando a discussão aos diversos setores da sociedade, a partir da divulgação deste documento.

Grandes preocupações foram abordadas, como a crise pela qual passam os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação; as mudanças nas fontes de energia que nos movem e os caminhos para a exploração do Pré-Sal; a

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Foto de Ian Scheibub

Foto de Ian Scheibub

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necessidade de mudança de cultura na área de segurança de estudantes e profissionais e a reflexão sobre os desastres ambientais na mineração: porque aconteceram e quais as medidas para que não voltem a acontecer.

No encerramento do 49º Congresso Brasileiro de Geologia, buscamos refletir o ambiente de debates nesta semana emblemática na Cidade do Rio de Janeiro, apresentando as principais conclusões e propostas dos geólogos e geocientistas aqui reunidos.

É nosso propósito levar estas conclusões aos diversos candidatos aos cargos eleitorais, neste momento de eleições gerais, como contribuição à reflexão sobre os graves problemas que aqui discutimos. E, de forma propositiva, acolher propostas e fazer delas algumas das bandeiras que propomos à Sociedade Brasileira de Geologia que as assuma e leve à frente, na defesa d e c o m p r o m i s s o s q u e c o n s i d e r a m o s fundamentais para construir o futuro de nosso país.

1. Quanto ao apoio ao Patrimônio Cultural e Científico do País:

- apoiar a luta do Museu Nacional/UFRJ por mais recursos para sua restauração e revitalização, no momento em que completa 200 Anos de sua criação, recomendando que sejam revistas pela ANP as regras de utilização dos recursos oriundos das Participações Especiais, visando ampliar o espectro de sua utilização, em benefício da Ciência, Tecnologia e Inovação, incluindo o apoio a Museus e eventos científicos, com a premissa de apoio a iniciativas que ampliem a divulgação da Ciência para a sociedade;

- apoiar o projeto da ANP para revitalização e ampliação do Museu de Ciências da Terra, incluindo a criação do Museu do Petróleo; o Centro de Referência em Geociências e da Rede de Litotecas, para armazenamento dos testemunhos da exploração petrolífera no Brasil;

- apoiar a Moção do Museu Nacional/UFRJ quanto à expansão patrimonial para consolidação e revitalização da primeira Instituição Científica do Brasil.

2. Quanto à Segurança na Geologia:

- registrar a conclusão de que a melhoria dos índices de segurança nos trabalhos de campo dos geólogos e geocientistas, seja na Academia, seja na vida profissional, só se dará de forma consistente e permanente com o compromisso do desenvolvimento da Cultura da Segurança e práticas que visem o bem estar dos estudantes e colaboradores;

- apoiar fortemente as iniciativas em curso na Academia, em especial a Política de Segurança da UFRJ, quanto à implantação de normas e procedimentos para os trabalhos de campo, de laboratório e a convivência no ambiente universitário, recomendando que sejam discutidas, divulgadas, replicadas e adotadas em todo o Brasil;

- recomendar à SBG que envie correspondência às faculdades de geologia, públicas e privadas, sugerindo a obrigatoriedade do curso de segurança nas geociências, envolvendo estudantes, funcionários, professores e gestores destas instituições;

- recomendar à SBG que promova a perenidade de discussões desta temática em seus eventos regionais e, em especial, nos Congressos Brasileiros, como tema obrigatório, visando contribuir para disseminar a cultura da Segurança nas Geociências.

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Foto de Ian Scheibub

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(8) 3. Quanto à Política de Petróleo & Gás:

- recomendar ao País que amplie os debates sobre a política para aproveitamento das reservas de óleo e gás no Pré-sal Brasileiro, reconhecendo a diversidade conflitante de cenários quanto à representatividade dos hidrocarbonetos na matriz energética nas próximas décadas, refletida nos ricos debates promovidos no 49CBG;

- reconhecer o conceito de que o Brasil dispõe de uma das mais eficientes matrizes energéticas do planeta e que as reservas do Pré-sal devem, prioritariamente, atender às necessidades de redução das desigualdades sociais em nosso País, como forte instrumento de desenvolvimento;

- reconhecer que os diversos países detentores das maiores reservas de óleo e gás, à exceção da Noruega, não conseguiram garantir a melhoria de qualidade de vida de sua população e que o Brasil não deve e não pode repetir estes equívocos; - recomendar que seja melhor discutido o conceito de aceleramento do aproveitamento das reservas do Pré-sal, enquanto ainda valiosas versus o conceito de estas reservas devem ser preservadas para atender à contínua demanda por hidrocarbonetos, que ainda permanecerá por muitas décadas na matriz energética mundial; - reconhecer e reverenciar o talento dos profissionais da Petrobras e o investimento da empresa que levaram à descoberta do Pré-sal e ao desenvolvimento da tecnologia de exploração em águas profundas e ultra-profundas, que viabilizaram sua transformação em riqueza.

4. Quanto aos Recursos para Ciência e Tecnologia:

- recomendar fortemente que seja revisto o Projeto de Emenda Constitucional – PEC 95, excluindo a Ciência, Tecnologia e Inovação das restrições orçamentárias e possibilitando a g a ra n t i a d o s r e c u r s o s n e c e s s á r i o s a o desenvolvimento de CT&I e afastando o nefasto fantasma do desprestígio à Pesquisa e D e s e n v o l v i m e n t o , o d e s e s t í m u l o d o s pesquisadores e a evasão de talentos;

- recomendar que sejam revistas pela ANP as regras de aplicação dos recursos oriundos das Participações Especiais, visando ampliar o espectro de sua utilização, em benefício da Ciência, Tecnologia e Inovação, incluindo o apoio a Museus e eventos científicos, com a premissa de apoio a iniciativas que ampliem a divulgação da Ciência para a sociedade;

- recomendar à SBG que apoie a Carta de Pernambuco, na qual a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência apresenta uma agenda mínima de debates para proposição de uma Política Pública de CT&I a ser entregue aos candidatos à Presidência da República;

- reconhecer, explicitamente, que “Ciência não é gasto, é investimento” e recomendar à SBG que inclua este lema em seus documentos físicos e virtuais, expressando sua preocupação com o quadro atual e a necessidade de sua reversão.

5. Quanto ao enfrentamento dos Desastres Ambientais na Mineração:

- recomendar a capacitação, aprimoramento e valorização dos organismos de controle da Foto de Ian Scheibub

Foto de Ian Scheibub

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- recomendar o aprimoramento dos sistemas de monitoramento e fiscalização das 787 barragens de mineração registradas pela ANM, visando garantir a segurança dos trabalhadores e das comunidades em sua área de influência, reduzindo ao máximo a possibilidade de novas ocorrências;

- recomendar fortemente a estruturação adequada da Agência Nacional de Mineração – ANM, com a realização de concurso público para renovação dos seus quadros, bem como a indicação de profissionais capacitados para compor seu corpo diretivo, repudiando qualquer aparelhamento político na ANM;

- recomendar, como premissa, que sempre sejam ouvidas as comunidades atingidas pelos acidentes, em todo o processo de recuperação e/ou restauração das áreas afetadas, garantindo voz e voto nas decisões que lhes afetem.

6. Quanto à criação da Associação Brasileira das Mulheres nas Geociências – ABMG:

- apoiar a constituição da Associação, como expressão do respeito à equidade de gênero, congregando e promovendo a integração de mulheres que atuem na área de Geociências no Brasil.

7. Quanto aos próximos congressos e eventos da Sociedade Brasileira de Geologia:

- recomendar à SBG que atue para manter e

ampliar as discussões de grandes temas nacionais em seus eventos regionais e nacionais, em especial os congressos brasileiros, visando a ampliação do debate e proposição de agendas positivas para enfrentamento dos assuntos de interesse dos Geocientistas e da sociedade brasileira;

- registrar que, dentre estes grandes temas, estão aqueles abordados no 49º Congresso Brasileiro de Geologia, como Geologia e Segurança; Retomada do Setor de Óleo e Gás; Defesa das Instituições Públicas de Geologia e da Ciência Brasileira; e Geologia, Mineração e Meio Ambiente.

Palestra

Voluntários

Foto de Ian Scheibub

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Mini-curso

Estande Museu Nacional Excursão Painéis

Comissão Organizadora

Foto de Ian Scheibub

Foto de Ian Scheibub

Foto de Ian Scheibub

Foto de Ian Scheibub

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Por Taissa Rodrigues

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

Não é de hoje que os paleontólogos cujas pesquisas têm maior identificação com a área de Biodiversidade na CAPES têm queixas quanto à avaliação Qualis dos periódicos de nossa área. Há três anos, em setembro de 2015, o então presidente da SBP, prof. Max Langer, divulgou uma longa carta aos associados sobre a situação do Qualis Biodiversidade e a Paleontologia. Nela, o prof. Max Langer explicou detalhadamente como os periódicos eram avaliados e apontou como os então novos critérios da área não consideravam a Paleontologia como área típica da Biodiversidade (1). Desde então, quase nada mudou.

O Relatório da mais recente Avaliação Quadrienal, publicado online em 20/12/2017 (2), indica que os periódicos são avaliados com base unicamente em seu Fator de Impacto segundo o Journal of Citation Reports e em seu índice H dos periódicos segundo a SCImago Journal & Country Rank. O relatório deixa explícito que periódicos que não estejam indexados nestas duas bases ou no Scielo são classificados no estrato C.

Esta decisão tem prejudicado a ciência feita na área de Biodiversidade. Tomemos como exemplo os periódicos da American Association for the Advancement of Science (AAAS), que publica a prestigiosa Science. Seguindo as melhores práticas e tendências internacionais, a AAAS

estabeleceu, em 2015, a Science Advances, seu primeiro periódico que segue o modelo de acesso livre dourado (3) e totalmente online. Naturalmente, leva-se tempo até que o periódico seja indexado e tenha seu fator de impacto avaliado. Quando a avaliação do Qualis dos periódicos foi realizada, em 2017, a Science Advances ainda não se encontrava indexada e, por isso, recebeu um Qualis C. No ano seguinte, em 2018, o periódico recebeu seu primeiro fator de impacto: 11.5 (4), um valor considerável para a á r e a . A s s i m , e n q u a n t o p e s q u i s a d o r e s internacionais apressam-se para publicar no novo periódico da AAAS, os brasileiros aguardam até 2021 pelo novo Qualis, para não prejudicar a nota de seu programa de pós-graduação. Aqueles que tiveram a visão (ou talvez a teimosia) de publicar na Science Advances se prejudicaram devido ao critério do Comitê de Biodiversidade não prever exceções, pois poderiam ter publicado por exemplo na Plos One, que possui um impacto muito menor, e receber um Qualis A1 (vide a Tabela 1).

Uma modificação da Avaliação Quadrienal de 2017 em relação à anterior foi a divisão dos periódicos em apenas duas categorias: aqueles considerados “típicos” da área de Biodiversidade, e aqueles considerados “com certa aderência ou externos”. Anteriormente, os aderentes e os externos eram grupos separados. Cada um destes grupos é classificado segundo seu escopo (scope), que é uma palavra-chave utilizada no sistema de

Tabela 1 - Lista selecionada de periódicos indexados no JCR na categoria Multidisciplinary sciences,

e portanto considerados no grupo dos periódicos com certa aderência ou externos pelo comitê da Biodiversidade.

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indexação da Web of Science (buscas em outubro de 2018 no Web of Science foram infrutíferas em encontrar o scope dos periódicos; aparentemente, a plataforma agora utiliza-se apenas a categoria JCR.) A lista de categorias consideradas típicas da área de Biodiversidade é bastante restrita (fig. 1).

CATEGORIAS TÍPICAS DA ÁREA DE

BIODIVERSIDADE

Figura 1. Lista de termos indexados pelos

periódicos como scope na plataforma Web of Science que são considerados como típicos da área de Biodiversidade. Retirado do Relatório da Avaliação Quadrienal 2017 (2).

Os periódicos listados no seleto grupo dos típicos recebem uma pontuação (e um Qualis) mais favorável do que aqueles que não se inserem neste grupo. Anteriormente, o scope Paleontology era considerado “com certa aderência”(5). Agora, é unido no mesmo grupo de periódicos não relacionados à área de Biodiversidade. O comitê de área desconsiderou que a Paleontologia preocupa-se primariamente com o estudo da Biodiversidade passada.

Esta nova divisão não é prejudicial apenas à Paleontologia, mas a todos os periódicos multidisciplinares. São prejudicados tanto a Revista Brasileira de Paleontologia e os Anais da Academia Brasileira de Ciências, como aqueles de alto impacto como a Scientific Reports. No mais

recente Documento de área (6), lê-se que “A Área reconhece a necessidade, e está aberta a um maior diálogo na comunidade, de forma a definir temas de pesquisas e perfis de formação profissional com caráter multidisciplinar e que representam demandas atuais de pesquisa e formação de recursos humanos.” Nós, como paleontólogos, sabemos que esta formação multidisciplinar não se restringe aqueles discentes de mestrados profissionais. Portanto, reitero aqui a solicitação feita pela Sociedade Brasileira de Paleontologia anos atrás: que o grupo de periódicos típicos seja ampliado para refletir o fato de que a Biodiversidade só pode ser bem compreendida quando estudada de modo multidisciplinar, com inclusão de mais categorias como típicas.

Citações:

1 http://www.sbpbrasil.org/pt/

novidades?id novidades=377&pag=6

2 http://www.capes.gov.br/component/

content/article/44-avaliacao/653-biodiversidade

3 https://en.wikipedia.org/wiki/

Gold_open_access

4 http://advances.sciencemag.org/

content/frequently-asked-questions

5 http://www.capes.gov.br/images/

documentos/Qualis_periodicos_2016/

Consideracoes_Qualis_Periodicos_

Area_07__2016_08_05_BIODIVERSIDA

DE.pdf

6 http://www.capes.gov.br/images/

documentos/Documentos_de_area_

2017/07_BIOD_docarea_2016.pdf

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Foto de André Pinheiro Por Alexander Kellner

Diretor do Museu Nacional/UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Estou escrevendo este texto a convite da Sociedade Brasileira de Paleontologia - Núcleo RJ/ES, acerca da tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional no último dia 2 de setembro de 2018. Uma data que, para muitos de nós brasileiros, terá o efeito do 11 de setembro, quando todos se lembram onde estiveram e o que estavam fazendo quando receberam a notícia. Assim, a vocês, meus colegas paleontólogos, dirijo meu desabafo: não consigo acreditar no que aconteceu! Apesar desse perigo pairar, por décadas, como uma "sombra ameaçadora" sobre todos nós, ninguém com quem eu tenha falado acreditava que fosse viver essa situação. Aliás, para além das certezas particulares, não havia laudo técnico que pudesse nos colocar diante da possibilidade de tal calamidade.

E a dor é imensa! Dezenas de pesquisadores perderam os seus laboratórios, aos quais se dedicaram por toda uma vida profissional. O mesmo vale para técnicos, muitos deles com tempo de serviço para se aposentar completados há anos e que não o faziam por amor à instituição. E, quantos outros que, mesmo aposentados, continuavam a frequentar nosso Museu... Nossos alunos, que desenvolviam seus projetos e que agora, no meio da confusão e incertezas, têm que encontrar novos temas e achar forças para continuar. Sem falar nos novos profissionais concursados que chegaram há pouco com sonhos de desenvolver a sua carreira na instituição científica mais antiga do nosso país!

Estava tudo indo tão bem... Assumi em fevereiro, pouco antes do carnaval, onde o Museu Nacional estava sendo lindamente homenageado com o enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. Em março, já estávamos com a primeira turma treinada no curso "Ação de primeira resposta para a prevenção de combate a incêndio", que incluía atividades práticas e era ministrado por profissionais da Subsecretaria Municipal de Defesa Civil do Rio de Janeiro! Diga-s e d e p a Diga-s Diga-s a g e m , d e f o r m a g ra t u i t a , demonstrando a ação de pessoas bem-intencionadas para com a instituição. Foram cinco turmas com 94 professores, técnicos e alunos treinados. Um esforço inédito que, pelo que consta, não havia sido feito no Museu Nacional até então.

Depois, veio a posse festiva no início de abril! Estiveram presentes mais de 350 pessoas, entre profissionais dos mais distintos segmentos da sociedade: empresários, professores, terceirizados, alunos, técnicos, deputados e representantes de instituições científicas e de diversos consulados! Entre os quais, o da Alemanha, que acaba de anunciar a disposição de doar um milhão de euros para a nossa instituição, resultado dessa aproximação entre o Museu e a sociedade. Além de tantos outros pontos positivos, como questões administrativas envolvendo reuniões com a casa para repensar o funcionamento da instituição e a obtenção, junto à reitoria, de seis novas funções gratificadas (FG) nível 1 para atividades administrativas essenciais - durante 20 anos, tínhamos apenas uma FG desse nível. Parece pouco, mas esta conquista, da qual me orgulho muito, realizada com quatro meses de mandato, é fundamental para que a instituição não perca profissionais competentes para outras unidades da UFRJ (o que vinha correndo com frequência).

Foto de Hermínio Araújo-Júnior

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Outra ação importante foi a articulação com deputados, com destaque para o ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Deputado Federal Celso Pansera, que concordou em protocolar junto a comissões da Câmara dos Deputados uma audiência pública no Congresso Nacional para discutir e propor ações que pudessem beneficiar o Museu Nacional. E tantas outras...

Continuando minha breve, mas intensa, linha do tempo na direção do Museu, relembro o mês de junho, quando completamos 200 de fundação e, na ocasião, anunciamos o aporte de 21 milhões do BNDES. Um projeto encampado pela gestão anterior e que, entre outras melhorias, executaria o tão sonhado projeto de prevenção e combate a incêndios...

No entanto, o destino nos foi impiedoso e veio o incêndio. Segundo relatos, o fogo teve início às 19h30 daquele domingo de setembro. O primeiro carro de bombeiros chegou tarde ao local. Talvez não fosse esse nosso maior problema se a água não tivesse se esgotado em poucos minutos. Diversos foram os relatos de hidrantes inoperantes. Tempo precioso se esvaiu e o incêndio não pode mais ser controlado...

Mal as cinzas esfriaram, começaram as iniciativas de responsabilização de pessoas e instituições. Sem falar nas fake news disseminadas nas mídias... Inverdades propagadas para interesses outros que não em prol da instituição. Essa caça às bruxas teve início em uma fase prematura demais, com risco de se tirar o foco do que é o mais importante no momento: reflexões e ações sobre como o Museu Nacional deve ser reconstruído e propostas de como a instituição poderá voltar a funcionar.

Essas situações de crise extrema revelam o melhor e o pior da natureza humana. Pessoas falando o que não devem e do que não entendem, críticas, algumas gratuitas e sem qualquer contribuição efetiva em nome de não sei o que... Ao invés das tentativas de tumultuar ambientes é preciso buscar união e entender a extrema dificuldade do gerenciamento de uma crise sem precedentes.

Felizmente, essas ações negativas são isoladas e de uma minoria. Diante de tamanha tragédia, tenho o orgulho de poder relatar como a

grande maioria dos profissionais que atuam no museu regiram: de forma solidária. Antes mesmo que a direção solicitasse, professores se organizavam e procuraram receber colegas e alunos que perderam os seus laboratórios, dividindo o que tinham. Iniciativas como essas e outras atividades foram propostas e executadas, como o movimento Museu Nacional Vive!

Além disso, existem iniciativas na esfera governamental. Cabe destaque para a resposta rápida do MEC com a disponibilização de R$ 8.9 milhões, uma verba específica para ações emergenciais de estabilização do prédio. Também a bancada dos Deputados Federais do Rio de Janeiro se comprometeu com emendas pessoais e uma de bancada, visando a reestruturação da instituição. Ficaremos atentos para que não se repita o que ocorreu em 2013/2014, quando uma emenda semelhante, no valor de R$ 20 milhões foi aprovada e depois contingenciada pelo governo da época!

Neste momento, a Associação Amigos do Museu Nacional está atuando para obter doações e disponibilizando recursos para atender nossas

Foto de Hermínio Araújo-Júnior

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primeiras necessidades. Além disso, iniciamos uma campanha de financiamento coletivo para reativar nosso atendimento às escolas e criar um centro de visitação para estes grupos em nosso Horto Botânico. É possível fazer doações a partir d e 2 0 r e a i s ! B a s t a a c e s s a r benfeitoria.com/museunacional.

Mais à frente, prometo apresentar novos dados com relação à reconstrução daquela que é a instituição científica mais antiga do nosso país! Se vocês quiserem ajudar, acessem os nossos sites e

r e d e s s o c i a i s

( h t t p : / / w w w . m u s e u n a c i o n a l . u f r j . b r / ; facebook.com/museunacionalUFRJ) para obter informações. Se for possível, solicito aos colegas que vejam junto às respectivas instituições, departamentos e laboratórios, estudar a possibilidade de realizar doações de acervo. Mas nada deve ser enviado agora: o que precisamos, no momento, são cartas de intenção de doações de exemplares. Estes documentos nos darão força para que possamos, junto às autoridades competentes, discutir ações que visem a reestruturação e a reconstrução do Museu Nacional no espaço de tempo mais curto possível.

Tenho muito orgulho de ser o Diretor do Museu Nacional! Tenham certeza - a instituição será reconstruída!

O Museu Nacional VIVE!

Foto de Hermínio Araújo-Júnior

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DIÁRIO DE UM PALEONTÓLOGO

Sobre museus de ciência

Por Rafael Costa da Silva Museu de Ciências da Terra

Serviço Geológico do Brasil – CPRM

Depois de um tempo afastado do Paleonotícias, volto a escrever esta coluna. Se a ideia é ter um diário, com um registro do cotidiano de um paleontólogo, creio que há atualizações importantes a fazer. Algumas grandes, ao menos do ponto de vista pessoal, outras muito tristes. Como diria Jack, o estripador, vamos por partes.

Ao longo de dez anos atuei como pesquisador da Divisão de Paleontologia no Serviço Geológico do Brasil. Trabalhei com grandes pesquisadores e aprendi muito durante esse tempo, me enfiando em trabalhos que jamais imaginei que faria, em idades que nunca achei que estudaria. Tive que começar do zero algumas vezes, e digo que é quase maldade botar um icnólogo pra estudar escamas de peixes ou dentes de mamíferos. No começo é desesperador, mas no fim é muito recompensador finalmente entender a ideia geral sobre alguma coisa. Descobri que o processo é sempre mais ou menos o mesmo, mudam os detalhes. Contei com o apoio de vários colegas, que me colocaram no caminho certo tantas vezes, ou pelo menos disseram onde eu estava errado. Com o tempo, situações e demandas mudaram e me vi frente a uma nova jornada.

Desde janeiro deste ano estou lotado no Museu de Ciências da Terra, que hoje pertence ao Serviço Geológico do Brasil mas que ainda é conhecido de forma nostálgica como “a coleção do DNPM”. O museu abriga um acervo enorme de fósseis e uma quantidade ainda maior de trabalho a ser feito. Suas coleções, com um forte potencial para pesquisa, recebem visitas frequentes de pesquisadores e sem dúvida precisam de modernização, organização e uma readequação do espaço físico. Felizmente, dessa vez não vou começar do zero e posso aproveitar melhor a experiência que tive em coleções e museus onde estudei, como o Museu de Ciências Naturais-UFPR, em Curitiba, o Museu Nacional e o Instituto de Geociências da UFRJ (que na época ainda não tinha o Museu da Geodiversidade), no Rio de Janeiro, e tantos outros por onde passei como pesquisador ou visitante.

Já de início, a prova de fogo com a organização de uma exposição pequena, porém trabalhosa. É incrível como uma coisa que parece tão simples dá tanto trabalho. Mesmo com uma série de problemas, no fim deu certo e a exposição temporária “Gigantes e diminutos seres do passado” saiu do papel e encontra-se em exibição no museu, mostrando resultados de pesquisas espeleológicas do Serviço Geológico do Brasil. De lá pra cá, uma nova rotina de documentos e procedimentos se mistura às necessidades da curadoria e pesquisa. No futuro, pretendo escrever mais sobre os desafios da curadoria no contexto “improvisado” tão comum aos museu brasileiros e no ideal, que espero que um dia possamos atingir.

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O Museu de Ciências da Terra passa hoje por um processo de reestruturação que deverá modernizar sua estrutura física e forma de atuação, o que permitirá disponibilizar seu acervo de forma integral. Será um processo longo e difícil, mas a proposta é estimulante e pode resultar em um museu de ponta, e esse tema também poderá ser futuramente contemplado nesta coluna.

Nesse meio tempo também venho participando da organização do IV Simpósio Brasileiro de Paleoinvertebrados, realizado pelo Museu Nacional/UFRJ e Sociedade Brasileira de Paleontologia. Ainda é um evento de menor porte comparado ao irmão vertebrado, mas vem crescendo ao longo do tempo e o público inscrito supera as edições anteriores. É recompensador ver novos estudantes se dedicando a esta área meio negligenciada nas últimas décadas. Há de f a t o m u i t o p o t e n c i a l n o e s t u d o d o s paleoinvertebrados, especialmente com novas técnicas e abordagens, e isso ficou demonstrado nos resumos recebidos. Infelizmente o evento não recebeu apoio de agências de fomento, o que trouxe limitações à sua realização, mas estas podem ser contornadas com muito trabalho e um pouco de criatividade.

Um ponto positivo do simpósio será mostrar que o museu continua a viver depois da tragédia. A essa altura, creio que todos os leitores sabem que o prédio principal do Museu Nacional, o palácio que outrora abrigou a família real, foi consumido por um incêndio na noite de 02 de setembro deste ano. Foi com grande dor o coração que acompanhei, em tempo real, cada pedaço de exposição, cada laboratório, cada coleção que se perdia. Não há muito que eu possa dizer que já não tenha sido dito e não pretendo focar no que já

foi exaustivamente debatido sobre causas ou culpados, mas gostaria de levantar uma breve reflexão sobre o papel dos museus e a visão da sociedade.

Analisando a cobertura midiática sobre o ocorrido, foi notável o destaque dado ao acervo presente nas exposições e como o restante, c o l e ç õ e s , l a b o r a t ó r i o s , p e s q u i s a s , f o i praticamente ignorado. Fica claro que, para a maioria das pessoas, um museu é a sua exposição e o que acontece nos “bastidores” é desconhecido. A velha imagem de que museu é lugar de coisa velha. Os museus de ciência, em especial, costumam ter acervos proporcionalmente enormes em relação ao que é exposto devido às necessidades para pesquisa. Isso remete às próprias bases da ciência, na qual os dados, experimentos e análises devem ser replicáveis e acessíveis a qualquer um. Por isso guardamos o que estudamos. Acredito que a falta de compreensão sobre isso se deva à forma como o ensino de ciências costuma atuar, focando nos resultados e fatos científicos e não no método, em como o conhecimento é obtido.

Em geral, menos de 10% do acervo é exibido, enquanto o restante é exaustivamente pesquisado. Isso exige uma estrutura física e recursos de manutenção consideráveis, o que acaba não aparecendo para o público. Alguns museus pelo mundo tiveram a iniciativa de trazer os visitantes mais para perto desses bastidores, com a implantação de salas de preparação ou estudo integradas à exposição, visitas guiadas às coleções, programas educativos, participação de voluntários nas pesquisas e atividades do museu, entre outros. Talvez sejam caminhos a se pensar para os novos museus que poderão emergir na Urca e na Quinta da Boa Vista.

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Núcleo RJ/ES

Sociedade Brasileira de Paleontologia Biênio 2018-2020

Presidente

Hermínio Ismael de Araújo-Júnior

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-presidente

Lílian Paglarelli Bergqvist

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro 1ª Secretária

Dimila Mothé

UNIRIO- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

2º Secretário

Antonio Carlos Sequeira Fernandes

Museu Nacional- Universidade Federal do Rio de Janeiro

1º Tesoureiro

Fernando Henrique de Souza Barbosa

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2º Tesoureiro

Rodrigo Giesta Figueiredo

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo Diretora de Publicações

Márcia A. dos Reis Polck

ANM - Agência Nacional de Mineração

Presidente da SBG no 49º CBG

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