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A unificação do ICMS interestadual para produtos importados

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ANDRESSA PORTO DE ALMEIDA

A UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA PRODUTOS

IMPORTADOS: PRINCIPAIS IMPACTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Florianópolis 2012

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A UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA PRODUTOS

IMPORTADOS: PRINCIPAIS IMPACTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Prof. Kátia Regina de Macedo, Msc.

Florianópolis 2012

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A UNIFICAÇÃO DO ICMS INTERESTADUAL PARA PRODUTOS

IMPORTADOS: PRINCIPAIS IMPACTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionaise aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, XX de Novembro de 2012.

Prof. e orientador Kátia Regina de Macedo, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof.

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Dedico este texto:

Aos meus pais, que nunca mediram esforços para me proporcionar educação de qualidade e a quem devo tudo.

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Agradeço principalmente aos meus pais, Alda e Joneval, a minha irmã, Stefani, e a minha avó, Elaine, pelo apoio e tolerância durante estes quatro anos de faculdade.

Agradeço também a minha orientadora, Kátia, pelas críticas, sugestões, dedicação e paciência.

Não posso esquecer de agradecer a minha colega e amiga Bruna, que em muitos momentos serviu de conselheira.

Agradeço igualmente a empresa FIRST S/A, da qual orgulhosamente faço parte, pelo suporte, oportunidades e ensinamento prático. Em especial a Gabriela Vergílio, Marcio Michel e Lucas Leite, que me ensinaram muito e acreditaram no meu potencial.

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A unificação da alíquota interestadual do ICMS de produtos importados para 4%, proposta pelo projeto de Resolução n° 72 e aprovada pelo Senado Federal em abril de 2012 muda completamente o cenário tributário para os produtos importados no ano de 2013. Os tratamentos tributários diferenciados em alguns estados do Brasil é o principal motivo para a chamada “guerra dos portos” e a resolução surge para acabar com esta guerra fiscal. Usualmente beneficiados por estes tratamentos diferenciados, os importados terão um cenário tributário, em 2013, bem diferente do atual. Os estados brasileiros que possuem programas de incentivo a importação baseados, principalmente, em benefícios fiscais, afirmam que a unificação acarretará em grandes perdas para os Estados. Santa Catarina está entre os estados que possivelmente serão afetados pela alteração tributária, mas quais são estes impactos? O presente trabalho introduz as mudanças tributárias e apresenta um comparativo entre o cenário atual e o cenário futuro, para estudar as possíveis perdas para o estado de Santa Catarina. Entre os resultados obtidos está uma possível redução nas operações com uso de intermediários (trading companies), migração da operação portuária para São Paulo e a redução da arrecadação de ICMS do estado.

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The unification of imported products interstate aliquot of ICMS to 4%, motioned by the resolution n° 72 project and approved by the Federal Senate in April 2012 changes the tax scenario completely for the import products in 2013. The differentiated tax treatment on some of the Brazilian states is the main reason for the so called “Wars of Ports” and the resolution arises to end this taxation war. Used to benefit from these differentiated tax treatments, the importers will have, in 2013, a much different situation than today. The Brazilian states that have the incentive to importing programs, mainly in tax benefits, claim that the unification will bring many losses to the States. Santa Catarina is among these states that will probably be affected by the tax change, but what are the impacts? The present paperwork introduce these tax changes and presents a comparative between today’s canary and the future one, to study the possible losses for Santa Catarina state . Between the results achieved is the possible operation reduction with the use of intermediates (trading companies), the migration of port operations to São Paulo and the reduction of the State’s ICMS tax revenues.

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GRÁFICO I – Evolução das importações em SC ... 36

QUADRO I – O ICMS nas operações de importação ... 41

FLUXOGRAMA I – Importação Direta e Indireta – 2012/2013 ... 42

QUADRO II – Custos portuários em Santos e em Itajaí ... 45

QUADRO III – Custo de entrada no estoque do adquirente ... 46

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ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade BACEN - Banco Central do Brasil

CAE - Comissão de Assuntos Econômicos CCJ - Comissão de Constituição e Justiça

CODESP - Companhia Docas de São Paulo – Santos

COFINS - Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social

COMPEX - Programa de Modernização e Desenvolvimento Econômico, Tecnológico e Social de Santa Catarina

CONFAZ - Conselho Nacional de Política Fazendária DI - Declaração de Importação

FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FUNDAP - Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias

II - Imposto de Importação

IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul

PIS - Programa de Integração Social PRS - Projeto de Resolução do Senado

PSI - Programa de Substituição de Importações

RNGDT-SC - Regulamento de Normas Gerais de Direito Tributário do Estado de Santa Catarina

SECEX - Secretaria de Comércio Exterior SEFAZ - Secretaria da Fazenda

SISCOMEX - Sistema Intergrado de Comércio Exterior SRF - Secretaria da Receita Federal

STF - Superior Tribunal Federal

TTD - Tratamentos Tributários Diferenciados VA - Valor Aduaneiro

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1 INTRODUÇÃO ... 11

1.1 EXPOSIÇÃODOTEMAEDOPROBLEMA ... 11

1.2 OBJETIVOS ... 14 1.2.1Objetivo Geral ... 14 1.2.2Objetivos Específicos ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ... 14 1.4 PROCEDIMENTOSMETODOLÓGIOS ... 15 1.5 ESTRUTURADAPESQUISA ... 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19 2.1 COMÉRCIOINTERNACIONAL ... 19

2.2 COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO ... 21

2.3 IMPORTAÇÃO ... 23

2.3.1Tributos na Importação ... 25

2.3.2ICMS ... 29

2.3.2.1 Tratamentos Tributários Diferenciados ... 30

3 OS BENEFÍCIOS FISCAIS ÀS IMPORTAÇÕES E A RESOLUÇÃO 13 DE 24 DE ABRIL DE 2012 ... 34

3.1 BENEFÍCIOS FISCAIS EM SANTA CATARINA ... 34

3.2 PROJETO DE RESOLUÇÃO 72 ... 36

3.3 RESOLUÇÃO 13/2012 ... 39

4 CENÁRIO ATUAL E CENÁRIO FUTURO ... 41

4.1 COMPARATIVO:IMPORTAÇÃOINDIRETAEMSANTACATARINAE IMPORTAÇÃO DIRETA EM SÃO PAULO ... 43

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5 IMPACTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA ... 48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52

REFERÊNCIAS ... 54

APÊNDICES ... 58

APÊNDICE A - COMPARATIVO IMPORTAÇÃO DIRETA E INDIRETA CENÁRIO 1 ... 59

APÊNDICE B - COMPARATIVO IMPORTAÇÃO DIRETA E INDIRETA CENÁRIO 2 ... 60

APÊNDICE C - COMPARATIVO IMPORTAÇÃO DIRETA E INDIRETA CENÁRIO 3 ... 61

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O primeiro capítulo deste projeto tem como principal objetivo a exposição do tema e do problema de pesquisa, os quais serviram de base para a elaboração dos objetivos gerais e específicos, que serão apresentados posteriormente. A justificativa será apresentada de forma a esclarecer o motivo pela escolha do tema e, em seguida, será informada a metodologia a ser utilizada para o desenvolvimento do trabalho de conclusão do curso de Relações Internacionais. Por fim, será informado o cronograma de atividades previstas para a elaboração do trabalho.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Após o período de instabilidade econômica tanto nacional quanto internacional – choques do petróleo (1973 e 1979), choque das taxa de juros internacionais (anos 80), alterações cambiais, taxa de inflação, recessão (1981/83), etc – diversos fatores, entre eles a valorização da moeda nacional, contribuíram para o aumento das importações no país. A abertura comercial do Brasil a produtos estrangeiros – ocorrida no início do Governo Collor (1990 a 1992) com a redução das tarifas – propiciou à população o acesso a novas tecnologias, novos produtos (GREMAUD; VASCONCELLOS; JUNIOR, 2005).

A concorrência dos produtos importados contribuiu para o desenvolvimento da indústria nacional. O imposto de importação, que antes era considerado apenas uma barreira à entrada de mercadorias estrangeiras, tornou-se um dos meios de arrecadação do Governo Federal. Apesar da alta carga tributária que incide sobre os bens e mercadorias estrangeiras, o produto importado tornou-se um grande concorrente do nacional.

Objetivando atrair investimentos privados e movimentar a estrutura portuária, os governos estaduais passaram a oferecer incentivos que reduzem a carga tributária e, consequentemente, o preço de venda do produto importado. Desde 1971, estados como Espírito Santo, Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Sergipe e Alagoas, criam

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benefícios fiscais a importação que incluem diferimento e crédito presumido1 do

Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias – ICMS. A partir do ano 2000, a concessão de benefícios teve um grande aumento e somado a valorização cambial teve grande influencia no aumento das importações (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2012).

O Estado de Santa Catarina oferece, desde 2003, incentivos fiscais às empresas catarinenses que fazem uso da estrutura portuária e aeroportuária do Estado para a importação. Em 2007, o programa de benefícios foi reformulado e considerado um dos mais agressivos do país. De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catariana – SEFAZ – as importações, após a concessão do incentivo, registraram um crescimento de 24,01% em 2011se comparado ao ano anterior, chegando a US$ 14,85 bilhões. Deste número, 81,06% de bens destinados à indústria e apenas 18,66% de bens de consumo.

O crédito presumido oferecido pelo Governo de Santa Catarina – para empresas importadoras que se comprometem a instalar unidades fabris, centros de distribuição e outras estruturas capazes de aumentar a empregabilidade no Estado – é o principal fator que contribui para grandes importadoras de outros Estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, a operarem através de comerciais importadoras e utilizarem-se dos portos e da infraestrutura catarinense, ou então, de instalar filiais em solo catarinense.

As leis estaduais que implicam na chamada “guerra fiscal”, ou “guerra dos portos”, têm sido constantemente questionadas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI). Para muitos, os incentivos fiscais atribuídos para bens e mercadorias importados tem prejudicado as empresas brasileiras que são submetidas à tributação integral de ICMS, enquanto os produtos importados são beneficiados por crédito presumido e/ou diferimento no recolhimento do tributo.

Visando coibir a prática dos Estados – de conceder benefícios às importações que utilizem seus portos, aeroportos e pontos de fronteiras – o senador Romero Jucá protocolou na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal – CAE – o Projeto de Resolução número 72 (PRS 72), em dezembro de 2010. A

1De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina, Crédito presumido é uma

técnica de apuração do imposto devido que consiste em substituir todos os créditos, passíveis de serem apropriados em razão da entrada de mercadorias ou bem, por um determinado percentual relativo ao imposto debitado por ocasião das saídas de mercadorias ou prestações de serviço.

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ideia inicial do projeto era a de fixar a alíquota do ICMS interestadual em 0% para bens e mercadorias importadas que não tenham sido submetidos a processos de industrialização, ou não tenham sido completamente transformadas (usadas como matéria prima).

Durante o período de tramitação no Senado, o texto original da resolução foi substituído por outro que, dentre outras alterações, propunha a fixação da alíquota interestadual em 4% para produtos com pelo menos 40% de sua totalidade proveniente do exterior, e não 0% somente para produtos acabados como versava anteriormente. Além disso, a PRS 72 foi alvo de críticas e questionamentos, principalmente, sobre sua constitucionalidade. Questionava-se se o Senado gozava de competência para fixar alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais permitindo a distinção para tipos de produtos, tipo de tratamento dado na etapa anterior ou origem (nacional ou importada).

Ao final do mês de abril de 2012, a então resolução 72 foi aprovada pelo Senado e transformada em norma jurídica, a Resolução do Senado Federal 13 de 2012. Ocorre que a resolução, que entrará em vigor em Janeiro de 2013, pode prejudicar e até inviabilizar as importações realizadas sem benefícios fiscais, sejam estas de produtos finais ou matéria-prima. Questiona-se até que ponto, no entanto, a alíquota interestadual reduzida e única de 4% beneficiará a indústria nacional cujos produtos continuarão submetidos à tributação integral. Além disso, diversos questionamentos sobre a sua constitucionalidade têm sido levantados pelos Estados e entidades prejudicadas.

A mudança na tributação, que ocorrerá em 2013, impactará diretamente na saúde financeira dos Estados que oferecem tratamentos tributários diferenciados e nas empresas importadoras, as comerciais importadoras (Trading

companies)2. Levando em consideração os aspectos acima mencionados,

buscar-se-á responder a seguinte questão central de pesquisa: quais são os principais impactos da unificação e redução da alíquota interestadual de ICMS para o Estado de Santa Catarina?

2De acordo com o Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, há diferenças entre a

comercial importadora e uma trading company: “a constituição da empresa comercial importadora/exportadora comum é regida pela mesma legislação utilizada para a abertura de qualquer empresa comercial ou industrial assumindo qualquer forma societária. A empresa comercial importadora/exportadora, que deseja ser considerada uma Trading Company, baseada no Decreto-Lei 1.248/72, deverá observar os requisitos da Portaria SECEX nº 23, de 14/07/11, artigos 247 a 253, para a obtenção do Certificado de Registro Especial.

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1.2 OBJETIVOS

Tomando como base o problema de pesquisa, apresentam-se, na sequência, os objetivos a serem alcançados no presente trabalho de conclusão de curso.

1.2.1 Objetivo Geral

A fim de responder a pergunta de pesquisa estabelecida foi determinado o seguinte objetivo geral: Identificar os principais impactos que a unificação e redução da alíquota interestadual de ICMS para produtos importados terá sobre o Estado de Santa Catarina.

1.2.2 Objetivos Específicos

De forma a atingir e complementar o objetivo geral apresentam-se alguns objetivos específicos a serem alcançados no decorrer do trabalho:

− Apresentar os benefícios fiscais e a Resolução do Senado 13 de 2012, seus objetivos iniciais, constitucionalidade e principais mudanças tributárias;

− Elaborar um comparativo entre a importação no cenário atual e futuro nos Estados de Santa Catarina e São Paulo;

− Estudar os impactos que a mudança na tributação poderá ocasionar em Santa Catarina, desde as perdas na arrecadação até os possíveis impactos na estrutura logística.

1.3 JUSTIFICATIVA

O ICMS, arrecadado pela circulação de bens e mercadorias importadas, tem uma grande representatividade na arrecadação dos Estados, o que não é diferente em Santa Catarina. Além disso, a geração de emprego e renda advindos da atividade importadora e portuária representa uma parcela do crescimento

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econômico do Estado, o que justifica em grande parte o estudo dos impactos que a unificação da alíquota interestadual pode ocasionar.

A unificação da alíquota faz com que cenário tributário oferecido por Santa Catarina seja equiparado por outros Estados, permitindo com que a infraestrutura logística se sobressaia ao benefício fiscal, o que demonstra a relevância do estudo dos impactos da alíquota de 4% ao Estado.

O presente projeto de pesquisa foi motivado, principalmente, pela incerteza que ronda as operações de importação do Estado de Santa Cataria o que influencia diretamente nas opções profissionais. Não obstante, propicia um aprendizado que extrapola os limites do comércio exterior, de uma simples operação de importação, chegando ao complexo sistema tributário brasileiro.

O estudo, além de proporcionar um maior entendimento sobre os rumos do comércio exterior no Estado de Santa Catarina e Brasil, tende a demonstrar as fragilidades da cadeia logística de Santa Catarina que podem, num futuro próximo, prejudicar a arrecadação estadual e reduzir as importações por portos, aeroportos e pontos de fronteira catarinenses. O projeto é relevante também para aquelas empresas importadoras de outros Estados que utilizam a infraestrutura portuária catarinense, bem como para as empresas que operam através de comerciais importadoras, uma vez que este, além de mostrar quais as alterações que ocorrem na tributação com a nova Resolução apresentará um comparativo entre a operação em Santa Catarina e em São Paulo. Não se pode esquecer, é claro, do conhecimento que o projeto poderá trazer aos operadores portuários, e demais envolvidos no processo de importação apresentando, as dificuldades que o setor deverá enfrentar permitindo que estes possam se adaptar e adequar suas atividades.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGIOS

A fim de viabilizar o desenvolvimento do estudo, será utilizada a metodologia científica de pesquisa. A partir desta metodologia definiu-se o procedimento metodológico a ser utilizado, classificando a pesquisa quanto à natureza de pesquisa, a abordagem do problema, aos objetivos e ao procedimento.

Segundo Apolinário (2009, p.62), a natureza da pesquisa “está mais ligada aos objetivos que os pesquisadores têm quando realizam suas pesquisas”. A

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partir disso, pode-se classificar esta pesquisa como básica, pois seus objetivos visam apenas aumento do conhecimento científico sem buscar a solução a um problema pontual.

Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa será predominantemente qualitativa, pois, como bem explica Oliveira (1999, p.117), “as pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem facilidade de poder descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema”. Busca-se, através deste projeto, explicar de maneira esclarecedora alguns aspectos da complexa cadeia tributária brasileira, o que demonstra o quão apropriado será a abordagem qualitativa.

Além de qualitativa, será utilizada, a pesquisa exploratória para buscar o máximo de informações relevantes ao desenvolvimento do estudo. Para Andrade(1998, p.104):

São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente.

É importante também, caracterizar a pesquisa quanto aos procedimentos que serão utilizados. Neste sentido será utilizada a pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica consiste na busca por diferentes contribuições científicas sobre um assunto enquanto, reunir obras e artigos, enquanto a pesquisa documental é a busca de documentos comprobatórios.

O levantamento bibliográfico é mais amplo do que a pesquisa documental, embora possa ser realizado simultaneamente com a pesquisa de campo e de laboratório. A pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno. (OLIVEIRA, 1999, p.119)

A pesquisa será realizada com base na Resolução 13 do Senado Federal e, a partir dela, será realizado um estudo documental e bibliográfico a fim propiciar um entendimento maior sobre o tema. Após o aprofundamento bibliográfico será realizado um estudo a fim de determinar os impactos da unificação do ICMS sobre os bens importados. Para alcançar o objetivo será necessário determinar se haverá ou não migração das operações de importação do Estado de Santa Catarina para

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outros como São Paulo. Essa análise será possível a partir da elaboração do quadro comparativo entre o cenário atual e o cenário futuro.

A comparação, no entanto, se limitará as importações indiretas destinadas à revenda e com base no custo de entrada no estoque de empresas optantes de lucro real e saídas para fora do estado importador, no caso São Paulo. A limitação deve-se ao fato de haver diferenciação na base de composição do custo em operações diferenciadas, com destinações diversas (revenda, industrialização e ativo imobilizado) e através de empresas optantes por distintas opções tributárias (lucro real, presumido, arbitrado e simples nacional)3. A importação indireta de um contribuinte paulista, por meio de uma comercial importadora catarinense, utilizando-se do benefício do Estado de Santa Catarina utilizando-será comparada a uma importação direta (própria) realizada pelo contribuinte paulista, no Estado de São Paulo.

A escolha do produto para o comparativo será feita através do ranking de produtos importados do Ministério de Desenvolvimento no Estado de Santa Catarina, destinados a revenda e os custos elaborados com base nas tabelas públicas dos portos de Itajaí e Santos.

Os eventuais impactos ao Estado serão apresentados com base nas informações divulgadas pelos governos federal e estadual até Outubro de 2012, o que pode ser alterado até a entrada em vigor do dispositivo legal que servirá de base para o estudo.

A partir da metodologia apresentada acima foi desenvolvida a estrutura de pesquisa exposta a seguir.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

O presente estudo foi estruturado de modo a atingir, da melhor forma, os objetivos geral e específicos elencados. O capítulo 2 deste trabalho, visa explicar um

3 De acordo com a Receita Federal: Lucro Real é a base de cálculo do imposto sobre a renda

apurada segundo registros contábeis e fiscais efetuados sistematicamente de acordo com as leis comerciais e fiscais; O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real; O arbitramento de lucro é uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de renda utilizada pela autoridade tributária ou pelo contribuinte. É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso. O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

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pouco sobre o Comércio Internacional e o comércio exterior Brasileiro, sem esquecer de explicar os procedimentos mínimos e os controles sobre as importações no Brasil, os tributos incidentes e, principalmente, o ICMS. Ainda neste capítulo, é apresentado um poucos sobre os Tratamentos Tributários Diferenciados, o início da Guerra Fiscal.

Os capítulos que seguem buscam atender aos objetivos específicos da pesquisa. O capítulo 3 abrange desde os benefícios ficais do Estado de Santa Catarina, o projeto que deu origem a unificação do ICMS até as mudanças tributárias ocasionadas pela aprovação da Resolução 13/2012. No capítulo 4, consta o comparativo feito entre as importações com e sem a vantagem dos benefícios fiscais, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo, no entanto, com algumas limitações. O capítulo seguinte, apresentará os principais impactos que a unificação do imposto trará para Santa Catarina.

Por fim, nas considerações finais serão apresentados quais dentre os objetivos desta pesquisa foram efetivamente atingidos, além de expor os resultados.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para entender a complexa estrutura tributária brasileira que atinge o comércio internacional de bens, neste caso os importados, é necessário, num primeiro momento, entender as bases do surgimento do comércio internacional, a estrutura e os motivos que levam a importação de bens e os tributos aplicáveis. Posteriormente, é imprescindível compreender o ICMS para, por fim, estudar o projeto de resolução 72.

2.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL

A Revolução Comercial ocorrida entre os anos de 1500 e 1750 é considerada como o período no qual as bases conceituais das teorias de comércio exterior foram estabelecidas, teorias estas que são praticadas até os dias atuais. O mercantilismo (ideias e práticas adotadas pelos Estados absolutistas) e a expansão comercial foram base para a elaboração e consolidação das teorias do liberalismo econômico e o surgimento do comércio internacional (DIAS; RODRIGUES, 2012).

O comércio internacional decorre primariamente das diferenças existentes entre os diversos países, que buscam complementar suas necessidades internas com produtos e serviços de outras regiões do planeta onde ocorrem em abundância (DIAS; RODRIGUES, 2012, p.59).

Pode-se, então, definir comércio internacional como a troca de bens e serviços através das fronteiras dos países, ou seja, importação e exportação. Segre(2010, p.2) ainda complementa a definição afirmando que o comércio internacional é “resultante das especializações de cada nação na divisão internacional do trabalho”. O comércio exterior, por sua vez, consiste nos “termos, regras e normas nacionais das relações de negócios, transações e estudos realizados no comércio internacional” (Segre, 2010, p.1).

O surgimento, evolução e consolidação do comércio internacional trouxeram os conceitos de balança comercial, protecionismo, monopólio e intervenção estatal. Estes conceitos seguem a política comercial dos Estados até os dias de hoje, além de, a partir deles, estabelecer leis e regras a fim de regular a produção e o comércio (DIAS; RODRIGUES, 2012).

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O comércio internacional evoluiu passando pelas teorias do liberalismo econômico, principalmente, a Teoria da Vantagem Absoluta, de Adam Smith, e complementada, posteriormente, pela Teoria da Vantagem Comparativa, de David Ricardo. A Teoria proposta por David Ricardo foi fundamental para o desenvolvimento do comércio entre as nações na qual a especialização da produção nos setores nos quais o país possui vantagens comparativas perante aos demais. Como bem mencionam Dias e Rodrigues (2012, p.61), a teoria de Ricardo:

[...]parte do pressuposto do equilíbrio das relações internacionais entre os países como garantia da manutenção dos fluxos monetários entre eles. Isso quer dizer que um país não poderia ser sempre o comprador de produtos e outro sempre vendedor, por isso faria com que o primeiro, em determinado momento, deixasse de comprar estritamente por falta de recursos para tal, bloqueando o fluxo monetário e de produtos entre eles, eliminando as vantagens para cada uma das sociedades que o comércio internacional é capaz de promover. Deste modo, cada país deve analisar sua balança comercial a fim de mantê-la equilibrada, buscando a produção de produtos nos quais tenha maior vantagem absoluta ou menos desvantagem comparativa.

Com o avanço do liberalismo comercial, a sociedade internacional viu a necessidade de criar organismos a fim de regular a troca e circulação de bens e serviços entre as nações. Nesse ritmo, ao fim da segunda Guerra Mundial (1942-1945), foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt). Anos depois, com a conclusão da rodada do Uruguai do Gatt foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC) que de acordo com Dias e Rodrigues (2012, p.138), foram fundamentais para a regulamentação das relações comerciais entre os países.

[...] representam um marco significativo na regulamentação das relações de comércio internacional, pois a OMC se apresenta como instituição internacional multilateral e com pretensões de tornar o comércio internacional mais integrado, mais estável e viável, [...]

Atualmente, o comércio internacional é considerado indispensável para o desenvolvimento das nações, aumentando a produtividade e a tecnologia.

O comércio internacional é instrumento indispensável: à promoção do crescimento da economia nacional e do aumento da produtividade e da qualidade dos bens produzidos no país; às políticas de investimento estrangeiro, de investimento nacional no exterior e de transferência de

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tecnologia, que complementam a política de comércio exterior; e às competências de coordenação atribuídas ao Ministério das Relações Exteriores no âmbito da promoção comercial e da representação do Governo nos diversos organismos internacionais. (SEGRE, 2012 p.2)

A importação permite que um país se especialize naquilo que produz melhor, aumentando a produtividade, e importando outros produtos para satisfazer a necessidade interna com preços mais competitivos e acessíveis. Além disso, permite o desenvolvimento da indústria nacional através do aumento da concorrência. A exportação, em contrapartida, permite que as empresas melhorem a qualidade de seus produtos, diversifiquem os mercados e aproveitem as sazonalidades. Para o governo a exportação é muito importante para a balança comercial e promoção do país internacionalmente (SEGRE, 2010).

2.2 COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

No Brasil, a especialização da produção começou com a Proclamação da República com o objetivo de aumentar as trocas comerciais e alterando completamente os modelos econômicos praticados até então – economia basicamente extrativista e agro exportadora. Neste período o país passou pelo ciclos do açúcar, ouro e café. Conforme mencionam Gremaud, Vasconcellos e Júnior (2005, p.345) “o bom desempenho da economia brasileira dependia, nesse contexto, das condições do mercado internacional dos produtos exportados”. Segundo Faro e Faro (2010, p.4):

No século XX, a evolução do comércio exterior brasileiro foi bastante influenciada num primeiro momento por dois grandes acontecimentos internacionais: a depressão dos anos 30 e a Segunda Guerra Mundial – fatos que acabaram por desenhar estágios distintos para a trajetória de nossas trocas econômicas.

Inicialmente, o Brasil destacou-se como exportador de commodities4, no entanto, tornou-se vulnerável externamente justamente por esta característica, tendo períodos nos quais a produção superou a demanda externa. Após este período e,

4Em português: Mercadorias. O termo é utilizado para designar mercadorias do setor primário

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juntamente com a Revolução de 30, o país iniciou o Processo de Substituição de Importações (PSI).

Constituiu na crença de que o estrangulamento externo era necessário, isto é, caberia haver um processo amplo de industrialização, procurando, com isso, reduzir drasticamente as compras externas, com vistas a alcançar o crescimento econômico. Inicialmente, a demanda de outros setores permaneceu sendo atendida pelas importações que posteriormente também foram sendo substituídas por intermédio de um aporte maior de investimentos no segmento secundário, obedecendo à seguinte sequência: bens de consumo leve, bens de consumo duráveis, bens intermediários e bens de capital (FARO; FARO, 2010, p.5).

O Processo de Substituição de Importações objetivava o aumento da industrialização no Brasil com a restrição às importações. Entre as medidas adotadas pelo governo para a proteção da indústria nacional, estavam: a) a desvalorização real do câmbio; b) controle do câmbio; c) taxas múltiplas de câmbio; e d) elevação das tarifas aduaneiras. (GREMAUD; VASCONCELLOS; JÚNIOR, 2005)

Com o PSI, o Brasil vivenciou o período, de grande crescimento, conhecido como milagre econômico (1968 – 1973) seguido pelo agravamento da dívida externa, processo inflacionário e crise econômica interna, também reflexo da crise internacional.

Entre as medidas adotadas, figuraram a maxidesvalorização de 30% da moeda e a eliminação de alguns incentivos fiscais às exportações, além da eliminação dos depósitos prévios sobre as importações e a revogação da Lei do Similar Nacional, com vistas a viabilizar a execução de um melhor controle sobre o desempenho do comércio exterior brasileiro, por intermédio da adoção de uma política cambial e tarifária (FARO; FARO, 2010, p.6).

Apesar das ações adotadas pelo governo, o país entrou em recessão entre 1981 e 1983. Somente durante o governo Collor (1990 – 1992) e, após diversos planos de estabilização econômica5, o Brasil experimentou a abertura econômica. Ainda segundo Faro e Faro (2010, p.7):

O fato é que somente por intermédio da internacionalização da economia é possível a um país como o Brasil reduzir seus respectivos níveis de

5 Plano Cruzado (1984), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1988), Plano Collor (1990) e Plano Real

(1994). Planos econômicos que objetivavam o controle inflacionário para que o país retomasse o crescimento e desenvolvimento econômico (FARO; FARO, 2010).

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vulnerabilidade externa e melhorar os fluxos comerciais com o resto do mundo.

Atualmente, o comércio exterior tem aumentado ano a ano chegando a um crescimento recorde de 25,7% de 2010 para 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As importações por sua vez também têm demonstrado um crescimento considerável quando comparada a 2010, sendo esta composta principalmente por bens direcionados à atividade produtiva.

2.3 IMPORTAÇÃO

A importação – compra de produtos estrangeiros – é imprescindível para o desenvolvimento de um país, seja este, tecnológico, econômico ou produtivo.

Nos dias de hoje, não é possível que um país possa, no aspecto socioeconômico, desenvolver-se isoladamente. Nenhum país, por mais que se esforce, consegue ser autossuficiente, com a eficiência adequada, em tudo o que se faz necessário, seja pela limitação dos seus recursos naturais (solo, clima etc.), pela capacidade produtiva de sua mão de obra ou pela diferença de estágio de desenvolvimento tecnológico. (DIAS; ROFRIGUES, 2012, p. 208)

A sistemática da importação no Brasil é complexa e burocrática. Ainda segundo Dias e Rodrigues “a liberação de uma mercadoria no porto de Santos é mais demorada que em qualquer outro porto do mundo”. Entre as diversas normas que tornam o processo de importação brasileiro complexo estão:

− Legislação aduaneira – abrange as normas de controle e fiscalização de bens destinados e procedentes do exterior. A principal entre estas normas é o Regulamento Aduaneiro.

− Legislação Cambial – contempla as normas que regulam a entrada e saída de divisas do país.

− Legislação Tributária – elenco de normas que determinam a aplicação e recolhimento de impostos, taxas e contribuições no que tange ao comércio internacional de bens.

Além da legislação pertinente, existem diversos órgão que interferem direta e indiretamente nas operações de importação, entre eles a Secretaria da

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Receita Federal (SRF), Banco Central do Brasil (BACEN) e Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) (DIAS; RODRIGUES, 2012).

De acordo com Bizelli (2010, p. 15):

As operações de importação, por serem transações com empresas de outro países, envolvem interesses específicos para o controle e a intervenção dos órgãos governamentais, que vão além daqueles que normalmente existem para o acompanhamento das operações, de compra e venda de mercado interno, razão por que são objeto de sistemática própria. Genericamente podemos definir que o controle das operações de importação envolvem: a) a arrecadação tributária; b) a prevenção de evasão de divisas; c) o equilíbrio da balança comercial; e d) a concorrência com o similar estrangeiro.

A Legislação Aduaneira Brasileira permite importações através de três canais de aquisição: importação própria, por conta e ordem de terceiros e por encomenda. Na importação própria, ou direta, o adquirente é o próprio importador. A importação por conta e ordem de terceiros prevê um contrato entre o importador e o adquirente da mercadoria, o primeiro irá promover o despacho aduaneiro em seu nome com recursos financeiros do segundo. A encomenda trata-se basicamente da revenda da mercadoria importada para um encomendante pré-determinado, neste caso todos os recursos utilizados serão os do importador. Embora existam diferentes canais de aquisição para as mercadorias importadas, o controle governamental é aplicado em todas as alternativas (BIZELLI, 2010).

O controle governamental inicia-se previamente ao processo de importação com o registro do importador no Sistema Radar da Receita Federal Brasileira. O registro se dará caso o contribuinte (pessoa física ou jurídica) possua requisitos mínimos6 para iniciar um processo de importação. A Receita enquadrará o

importador em uma das três possíveis modalidades de Radar: limitada, ilimitada ou expressa. O enquadramento será feito com base na capacidade financeira da empresa. Por meio deste sistema, a Receita Federal faz o controle de todas as importações realizadas por determinado importador/adquirente. (BIZELLI, 2010)

A nacionalização do produto importado é feita através de registro de Declaração de Importação (DI) no SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio

6 Os requisitos exigidos pela Receita são: “a) possuir capital mínimo integralizado fixado pela Secex;

b) não estar em débito com a Fazenda Nacional e Fazendas Estaduais; c) ser considerada idônea; e d) não haver sido punida, em decisão administrativa final, por infrações aduaneiras, de natureza cambial, de comércio exterior, ou de repressão ao abuso de poder econômico.” (BIZELLI, 2010, p.26)

(26)

Exterior. No momento do Registro da DI serão pagos os impostos, taxas e contribuições devidas pela importação de um bem.

A política de comércio exterior de um país deve estar vinculada a sua política interna permitindo seu desenvolvimento tecnológico, aumentando a competitividade do produto nacional sem, entretanto, prejudicar o crescimento da indústria.

Para que um país possa atingir tais objetivos, são necessários: Adoção de política racional para a proteção da produção nacional; liberdade política e social no âmbito interno; economia interna baseada na livre iniciativa e liberdade de mercado; controle do déficit público e da inflação; aprimoramento dos recursos humanos disponíveis para a produção; especialização e aprendizado de novas tecnologias existentes no mercado externo; aproveitamento racional e otimizado dos recursos naturais e de infraestrutura; desenvolvimento de uma política de comércio exterior independente e vinculada à capacidade produtiva (SEGRE, 2010, p.3).

Como formas de proteção a indústria nacional, o Brasil faz uso das barreiras tarifárias e não tarifárias – medidas sanitárias e fitossanitárias, restrições quantitativas, licenciamentos de importação, medidas compensatórias e

antidumping7– e tarifárias – imposto de importação – também são aplicadas e

algumas delas permitidas pela Organização Mundial do Comércio (DIAS; RODRIGUES, 2012).

Nos últimos anos, o governo brasileiro tem imposto diversas medidas que podem ser consideradas protecionistas no âmbito internacional. Entre estas medidas estão o aumento do IPI para carros importados (Decreto nº 7.796 de 30/08/2012) e o aumento do Imposto de Importação de cerca de 100 produtos (NCM’s) através da Resolução 70 de 28/09/2012.

2.3.1 Tributos na Importação

Os tributos são todas as obrigações pecuniárias impostas às pessoas física e jurídica, de recolher valores para o Estado. Os tributos podem ser federais, estaduais e municipais. Na Importação, os tributos são utilizados como barreira a

7Medida de defesa comercial que têm como objetivo evitar que os produtores nacionais sejam

prejudicados por importações realizadas a preços de dumping, prática esta considerada como desleal em termos de comércio em acordos internacionais. (MDIC)

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entrada de produtos estrangeiros, meio de proteção à indústria nacional e, principalmente, como forma de arrecadação.

De acordo com Dias e Rodrigues (2012, p. 257):

O Regime Tributário das Importações (RTI) no Brasil não compreende somente o imposto de Importação (II), tributo este seletivo que incide na entrada de mercadorias estrangeiras no território aduaneiro. Compreende também a imposição de outros tributos que, apesar de não terem como fato gerador a entrada de mercadorias no país, assim entendido o registro da Declaração de importação, acabam por onerar a operação de importação.

Os tributos incidentes na importação de um produto dependerão exclusivamente de sua classificação fiscal, ou seja, a NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul8 – na qual o produto a ser importado se enquadra. A NCM define o

tratamento administrativo9 ao qual a mercadoria será submetida bem como a

alíquota de todos os impostos e contribuições incidentes sobre determinada importação (SEGRE, 2010).

O Imposto de Importação (II) é o único que incide unicamente pela nacionalização da mercadoria estrangeira, no entanto, outros tributos, também aplicados aos bens nacionais, fazem parte da cadeia tributária que influencia na formação do preço de um produto importado, entre eles o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (CONFINS), sem esquecer do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS).

Na formação do custo dos produtos importados devem ser considerados, além da carga tributária, que não pode ser compensada ou recuperada em função das operações subsequentes ou do regime de tributação aplicado (cumulativamente ou não dos tributos), outros encargos que podem ser diferenciados em função da modalidade de transporte utilizada para o ingresso da mercadoria no País (BIZELLI, 2010, p. 105).

8A NCM é a "Nomenclatura Comum do MERCOSUL", adotada pelos parceiros do MERCOSUL desde

janeiro de 1995 e que tem por base o Sistema Harmonizado. Todos os produtos devem ser classificados fiscalmente, ou seja, ser enquadrados em uma NCM.

9Tratamento Administrativo corresponde a necessidade de licenciamento ou não de um produto. O

sistema administrativo das importações brasileiras encontra-se disciplinado pela Portaria nº 23, de 14 de julho de 2011, e compreende as seguintes modalidades: a) Importações Dispensadas de Licenciamento; b) Importações Sujeitas a Licenciamento Automático; e c) Importações Sujeitas a Licenciamento Não Automático.

(28)

O fato gerador do II é a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro10 embora para o cálculo e pagamento deste tributo considera-se como

gerador a data do registro da Declaração de Importação (DI). A alíquota do imposto de importação pode ser específica – quando aplicada a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida – ou ad valorem - alíquota aplicada sobre o Valor Aduaneiro (VA) (BIZELLI, 2010).

O Valor Aduaneiro é a base de cálculo do II ad valorem e é determinado com base nas disposições do Acordo de Valoração Aduaneira – Decreto 1355, de 30 de dezembro de 1994. O acordo apresenta seis métodos de valoração aduaneira e devem ser utilizados na sequência, quando o primeiro não for adequado, utiliza-se o segundo, e assim sucessivamente. De forma resumida, o VA é composto pelo valor da mercadoria – incluído os acréscimos e deduções (componentes do frete e descontos, por exemplo) –, acrescido do valor do frete internacional e seguro internacional (se houver) (COELHO, 2006).

Além dos produtos incluídos na lista de exceção da TEC11 , que podem assumir temporariamente percentuais diferentes da alíquota base, inclusive mediante a criação de destaque “Ex”, poderá ser concedida na condição de “Ex”-Tarifário, redução da alíquota do II de “bens de capital” e de “bens de informática e de telecomunicação” assim como de suas partes, peças e componentes, sem produção nacional, assinalados na TEC, respectivamente, como “BK” ou “BIT” (BIZELLI, 2010, p.110).

A alíquota do Imposto de Importação também pode ser reduzida em virtude de acordos tarifários internacionais – MERCOSUL, Aladi, entre outros –, o uso de “Ex”Tarifário. Assim como, pode sofrer aumentos em virtude da Lista de exceções a TEC e do Sistema Geral de Preferências12(BIZELLI, 2010).

O Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) é um tributo de competência da União de característica seletiva, ou seja, depende da importância do produto, como bem explicado por Coelho (2006, p.63):

10Conforme informado no Art. 2 do DECRETO Nº 6.759, DE 5 DE FEVEREIRO DE 2009

(Regulamento Aduaneiro), o território aduaneiro corresponde a todo o território nacional.

11Corresponde a lista de produtos que não são tributados de acordo com a Tarifa Externa Comum

(TEC) acordada entre os países do Mercosul.

12Sistema criado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Permite aos países desenvolvidos

conceder isenção ou redução do imposto de importação sobre determinados produtos procedentes de países em desenvolvimento. Por meio do SGP, certos produtos, originários e procedentes de países beneficiários em desenvolvimento e de menor desenvolvimento, recebem tratamento tarifário preferencial (redução da tarifa alfandegária) nos mercados dos países outorgantes desse programa.

(29)

Determina a constituição que o IPI será seletivo, em função da essencialidade do produto. Quer dizer, quanto mais significativo foi o produto para a economia, menor será a sua alíquota, enquanto os mais supérfulos serão taxados com alíquotas maiores, ou ainda podemos dizer que quanto maior for o número de etapas que o produto passa no processo de industrialização, maior será esse imposto.

O fato gerador do IPI, na importação, é o desembaraço aduaneiro do bem, ou seja, após o registro da DI e a liberação alfandegária do produto. O tributo pode ser calculado por alíquota específica – com base na quantidade do produto importado na sua respectiva unidade de medida estatística – ou por alíquota ad valorem – utilizando como base de cálculo o valor aduaneiro acrescido do total relativo ao imposto de importação (BIZELLI, 2010).

O PIS e a CONFINS foram instituídos em 2004, desde então, incidem sobre os bens importados. O fato gerador dessas contribuições é a entrada da mercadoria em território nacional, no entanto, assim como o II, seu cálculo e pagamento é feito a partir da data do registro da DI (BIZELLI, 2010).

Para cálculo dessas contribuições ficou estabelecido como base o valor aduaneiro das mercadorias (o mesmo que serve de base para cálculo do Imposto de Importação como vimos anteriormente), acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições incidentes na importação. Fazendo uma leitura rápida a formação da base de cálculo parece simples, mas a questão fica mais complexa considerando que as contribuições fazem parte da base de cálculo do ICMS e por sua vez o ICMS faz parte da base de cálculo das contribuições, ambos são calculados como se diz normalmente “por dentro” (COELHO, 2006, p.71).

A base de cálculo das contribuições PIS e COFINS demonstram o quão complexa é a cadeia tributária brasileira, uma vez que incluem as próprias alíquotas das contribuições e do ICMS, além de a base de calculo dos impostos serem cumulativas.

O ICMS é o outro tributo incidente na importação, tanto na entrada da mercadoria em território nacional quanto na venda do produto, este industrializado ou não. Este tributo é de competência estadual e será apresentado de forma completa a seguir.

(30)

2.3.2 ICMS

O ICMS é o Imposto devido pela Circulação de Mercadorias e Serviços de competência pelos Estados e o Distrito Federal.

Prescreve o inciso II do art. 155 da Constituição da República que compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir imposto sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (KALUME, 2012, p.1).

Além da Constituição Federal, o imposto é regulamentado pelas Leis Complementares 87, de 13 de setembro de 1996, e 24, de 7 de janeiro de 1975. O ICMS é aplicado sobre bens e mercadorias importadas do exterior, seja para pessoa física ou jurídica, contribuinte habitual ou não do imposto. Isto se deve ao fato gerador do imposto ser o desembaraço aduaneiro.

Coelho (2006, p.79) explica que “assim como ocorre com o IPI, esse tributo é não cumulativo” o autor também explica que o ICMS “poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços”.

Para dar efetividade ao princípio da não cumulatividade, deve ser assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada da mercadoria, ainda que simbólica, no seu estabelecimento inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. (KOCH, 2010 p. 232)

Conforme explicitou Koch, o ICMS recolhido na etapa anterior (entrada da mercadoria) resulta em crédito para o contribuinte sem o seu valor a recolher apurado a partir da compensação dos débitos com os créditos. No caso das operações de importação, o imposto pago pelo importador no momento do desembaraço aduaneiro.

O imposto, que pode ser diferente em cada uma das unidades da federação, é devido, de acordo com a Lei Complementar 87, de 13 de setembro de 1996, para o Estado no qual ocorrer a entrada física do bem ou mercadoria ou ao domicílio do adquirente.

O local da operação, para efeitos da cobrança do imposto e a definição do estabelecimento responsável, é, tratando-se de mercadoria ou bem

(31)

importado do exterior, o estabelecimento onde ocorrer a entrada física ou, quando não estabelecido, o domicílio do adquirente (BIZELLI, 2010, p.143).

A alíquota do ICMS é fixada através de legislação estadual, no entanto, a fixação das alíquotas interestaduais é de competência do Governo Federal. Assim como, a definição de benefícios fiscais, reduções da base de cálculo dos impostos é fixada através de Convênios Estaduais.

A alíquota é fixada por meio de lei estadual, sendo facultado ao Senado Federal estabelecer alíquotas mínimas ou fixar alíquotas máximas para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados. Já nas operações e prestações interestaduais por iniciativa do Presidente da República as alíquotas são estabelecidas por Resolução do próprio Senado Federal, aprovado por maioria absoluta de seus membros. Somente por meio de convênio celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal poderá haver benefício fiscal ou redução da base de cálculo deste tributo (COELHO, 2006, p.79).

A base de cálculo desse Imposto, na importação, é determinada pela Emenda Constitucional número 33/01. Compreende o valor da mercadoria, o Imposto de Importação, o Imposto Sobre Produtos Industrializados, demais tributos (neste caso PIS e COFINS) e despesas aduaneiras, sem contar o montante do ICMS. Ou seja, o cálculo do ICMS, assim como o das contribuições PIS e COFINS é feito por dentro (BIZELLI, 2010).

As regras que determinam a cobrança e a incidência deste imposto esta presente nos Regulamento de ICMS Estaduais. Neles estão informados as Isenções, Reduções de base de cálculo e concessões de Crédito Presumido – os Tratamentos Tributários Diferenciados (TTD), que serão apresentados a seguir.

2.3.2.1 Tratamentos Tributários Diferenciados

Tratamentos Tributários Diferenciados (TTD) abrangem quaisquer subsídios ou isenções, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão relativa a impostos. A concessão destes benefícios fiscais é constitucional, desde que instituída por lei em conjunto entre os Estados e o Distrito Federal, conforme disposto no artigo 155, parágrafo 2º, XII, "g", da Constituição Federal e artigo 1 da Lei Complementar 24, de 7 de janeiro de 1975:

(32)

Art. 1 – As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidos ou revoados nos termos de convênios celebrados e ratificados pelo Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.

Parágrafo único – O disposto neste artigo também se aplica: I – à redução da base de cálculo; II – à devolução total ou parcial, direta ou indireta, condicionada ou não, do tributo, ao contribuinte, a responsável ou a terceiros; III – à concessão de créditos presumidos; IV – à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais, concedidos com base no Imposto de Circulação de Mercadorias, dos quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus; V – às prorrogações e às extensões das isenções vigentes nesta data.

A concessão de forma equivocada de benefícios é o que, para alguns autores, deu origem a chamada “Guerra Fiscal”.

A guerra fiscal é expressão que significa a competição entre os Estados-membros da Federação, utilizando-se de uma série de incentivos fiscais (isenção, total ou parcial, redução da base de cálculo, redução da alíquota, diferimento, entre outros) com o fito de atrair os investimentos da iniciativa privada (JORGE, 2007, p.184).

Diferente do que afirmam alguns Estados, a guerra fiscal não trouxe prejuízo à arrecadação estadual, conforme estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (2012):

Ao contrário daquilo que é sistematicamente defendido por representantes de alguns estados, a denominada Guerra Fiscal não trouxe prejuízos aos cofres de uns estados em benefício de outros. No presente estudo, foi analisada a arrecadação do ICMS dos estados brasileiros, ao longo de 13 anos, sob vários aspectos e, em todos eles, os resultados comprovam que não houve a tão propalada perda de arrecadação.

Entre os principais benefícios estão a Isenção, a Redução de base de cálculo, Diferimento e concessão de Crédito Presumido. A Redução de base de cálculo, como o próprio nome já diz, corresponde à redução da base do cálculo do tributo reduzindo, consequentemente, o valor a ser recolhido.

A Isenção, segundo Koch (2006, p.122), “é uma desoneração tributária decorrente do exercício da competência tributária da pessoa política”, ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo. A isenção, ao contrário da imunidade é de competência estadual.

O Diferimento consiste, de acordo com Kalume (2012, p.405), “na postergação do lançamento e do pagamento do imposto para a etapa posterior da comercialização da mercadoria, cabendo ao destinatário o recolhimento do tributo”.

(33)

Diferente do diferimento e da Isenção, o Crédito Presumido vale-se de uma das características do ICMS, a não-cumulatividade, ou seja, a compensação do débito com o crédito apurado na etapa tributária imediatamente anterior. O benefício resume-se na concessão de crédito de ICMS em operações nas quais há diferimento no pagamento, ou seja, o contribuinte se beneficia de um crédito com base em um imposto que não foi efetivamente pago.

Para compensar esta falta de crédito, a administração tributária, por vezes, instituiu um crédito presumido, fixando um percentual sobre o valor da saída, ou mesmo sobre uma outra variável, que o comerciante lança diretamente no livro Registro de Apuração do ICMS, no campo destinado aos créditos. Ao final do período (geralmente um mês), o crédito presumido é somado aos demais créditos para fazer a compensação com os débitos (KOCH, 2006, p. 227).

No Estado de Santa Catarina, a concessão de Tratamentos Tributários Diferenciadas está prevista nos artigos 213-A e 213-B do Regulamento de Normas Gerais de Direito Tributário do Estado de Santa Catarina (RNGDT-SC), aprovada pelo decreto Nº 22.586, de 27 de junho de 1984.

O Estado concede incentivos as importações sob a forma de TTD`s desde 2003. Os Regimes Especiais instituídos em Santa Catarina tem sido aprimorados com o decorrer dos anos. Em 2004, foi criado o Programa de Modernização e Desenvolvimento Econômico, Tecnológico e Social de Santa Catarina – COMPEX, reformulado em 2007 e substituído por meio da lei 13.992 pelo Pró Emprego, em vigor até hoje. Além disso, o próprio Regulamento do ICMS de Santa Catarina prevê a concessão de benefícios às importações.

O crescimento das importações em Santa Catarina após o início da concessão de benefícios é nítido. Em 2003, o volume de importações não superava 1 bilhão de dólares (FOB13), enquanto no ano de 2007, o volume superou a marca de 5 bilhões de dólares (FOB). Em 2010,de acordo com a SEFAZ, após a reformulação dos benefícios, o Estado chegou a marca de 12 bilhões de dólares em mercadorias importadas.

O aumento das importações nos Estados que concedem benefícios fiscais fez com que aumentassem, proporcionalmente, o número de julgados do

13 FOB – Free on Board – Incoterm (termo de comércio internacional) utilizada para designer o valor

da mercadoria negociado com o exportador. Neste valor não é acrescido valores de frete ou seguro internacional.

(34)

Superior Tribunal Federal a respeito da constitucionalidade dos benefícios, como bem destaca Jorge (2007, p.184):

Há uma enorme gama de julgados do STF em que leis estaduais foram consideradas inconstitucionais por violação a esta norma, destacando, o STF, em várias oportunidades, que são descabidas as manobras para a concessão disfarçada de incentivos, do que são exemplo a concessão de crédito presumido, o estabelecimento, tecnicamente equivocado, de hipóteses de “não-incidência” e a concessão de prazo especial para pagamento.

Os Estados que não concedem benefícios e são prejudicados por benefícios fiscais concedidos de forma unilateral por algum Estado têm glosado os créditos de ICMS de operações beneficiadas por benefícios, permitindo o crédito proporcional ao valor efetivamente recolhido. A glosa de créditos consiste na recusa de um Estado em aceitar os créditos de ICMS das operações quando o Estado de origem concedeu algum benefício para contribuinte estabelecido ou domiciliado em sua região fiscal (RODRIGUES, 2012).

A fim de acabar com a disputa entre os Estados pela alocação de investimentos privados foi criado o Projeto de Resolução do Senado Federal 72.

(35)

3 OS BENEFÍCIOS FISCAIS ÀS IMPORTAÇÕES E A RESOLUÇÃO 13 DE 24 DE ABRIL DE 2012

Desde 1971, estados brasileiros criam programas de desenvolvimento e incentivo às importações, a fim de desenvolver o setor portuário do estado, aumentar a geração de empregos e renda, e ao mesmo tempo aumentar a arrecadação estadual. O Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (FUNDAP), criado pelo estado do Espírito Santo, é o mais antigo entre os benefícios hoje em vigor.

De acordo com o Banco do Desenvolvimento do Espírito Santo:

O FUNDAP é um financiamento para apoio a empresas com sede no Espírito Santo e que realizam operações de comércio exterior tributadas com ICMS no Estado. Empresas industriais com sede no Espírito Santo que fazem uso de insumo importado também se habilitar aos financiamentos FUNDAP.

A partir do ano 2000, outros estados passaram a conceder benefícios fiscais: Mato Grosso do Sul (2001), Goiás (2002), Santa Catarina (2003), Paraná (2006) e Pernambuco (2009). Atualmente, cerca de 10 estados concedem algum tipo de incentivo a importação. Cabe salientar que os benefícios oferecidos não passaram por aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ – o que os torna inconstitucionais (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2012).

3.1 BENEFÍCIOS FISCAIS EM SANTA CATARINA

O Programa de Modernização e Desenvolvimento Econômico, Tecnológico e Social de Santa Catarina – COMPEX – foi o primeiro incentivo às importações criado no Estado. Instituído pelo Decreto n 1.721, de 30 de abril de 2004, o programa tinha como objetivo a geração de emprego e renda e promover o desenvolvimento tecnológico. O Programa foi incorporado ao Anexo 6 do Regulamento do ICMS de Santa Catarina e

Art. 223 – O estabelecimento enquadrado no Programa poderá obter da Secretaria de Estado da Fazenda, observando o contido no parágrafo único do artigo anterior, os seguintes tratamentos tributários diferenciados:

(36)

[...]

III – diferimento do recolhimento do ICMS devido em decorrência da importação através de portos, aeroportos ou pontos de fronteira alfandegados situados neste Estado, de bem destinado ao ativo permanente ou ao uso ou consumo, exceto em relação a produtos sujeitos à substituição tributária.

IV – na importação de mercadoria com despacho aduaneiro através de portos, aeroportos ou pontos de fronteira alfandegados situados neste Estado, o imposto devido será pago mediante lançamento do valor correspondente no campo ‘Outros débitos’ do Livro Registro de Apuração do ICMS no mês da ocorrência do fato gerador, com a indicação do número e da data da nota fiscal emitida para documentar a entrada, sendo que na saída subsequente das mercadorias importadas o valor do ICMS a ser debitado corresponderá a 3% (três por cento) do montante faturado (SANTA CATARINA, 2004).

De forma resumida, o COMPEX oferecia uma vantagem tributária aos importadores, detentores do Regime Especial, que utilizassem a infraestrutura portuária do Estado de Santa Catarina. O programa foi, no entanto, questionado no âmbito do Superior Tribunal Federal através da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3607, esta julgada prejudicada (negada) em dezembro de 2006, pois em outubro do mesmo ano, o programa foi revogado pelo Decreto Estadual nº 4.802. (BRASIL, 2005)

Em 15 de fevereiro de 2007 o governo do estado de Santa Catarina instituiu através da Lei n 13.992, o Programa Pró-Emprego, regulamentado posteriormente pelo Decreto Estadual 105, de 14 de março de 2007. O objetivo do programa de acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina (2012)é:

[...] a geração de emprego e renda no território catarinense por meio de tratamento tributário diferenciado do ICMS, destinando-se a incentivar empreendimentos considerados de relevante interesse socioeconômico situados neste Estado ou que nele venham a instalar-se.

Diferente do COMPEX as natureza do benefício concedido por meio do Pró Emprego irá variar conforme o beneficiário. De acordo com o art. 5 do supramencionado decreto, cabe ao Secretário Estadual da Fazenda definir o tipo de tratamento tributário, prazo de vigência e os procedimentos e obrigações tributárias do estabelecimento enquadrado no programa (SANTA CATARINA, 2007)

A adoção de incentivos baseados em benefícios tributários contribuiu para o aumento das importações por meio de empresas catarinenses, o que pode ser observado no gráfico I, abaixo.

(37)

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Estatísticas de Comércio Exterior – DEPLA. Elaborado pelo o autor.

Os benefícios oferecidos, além de aumentar a arrecadação estadual propiciaram o desenvolvimento do setor portuário catarinense. O crescimento do setor portuário pode ser observado pelo aumento da movimentação de container no porto de Itajaí. No ano de 2010 o porto teve um crescimento de 61% se comparado ao ano anterior (PORTO DE ITAJAÍ, 2012). Em 2011, a concessão de novos benefícios foi suspensa pelo governo Estadual e o programa foi reformulado. Atualmente, além do Pró Emprego, o estado de Santa Catarina, oferece outros incentivos, entre eles o Pró Náutica.

A concessão de benefícios fiscais aumentou a competitividade entre as unidades da federação, ocasionando a chamada guerra dos portos. Objetivando acabar com a disputa entre os Estados o foi apresentado o projeto de Resolução do Senado número 72.

3.2 PROJETO DE RESOLUÇÃO 72

O Projeto de Resolução 72 (PRS 72) foi apresentado pelo Senador Romero Juca em 22 de dezembro de 2010. O projeto tinha como objetivo inicial fixar a alíquota do ICMS Interestadual em 0% para bens e mercadorias importados, conforme explícito na ementa do projeto:

0 2.000.000 4.000.000 6.000.000 8.000.000 10.000.000 12.000.000 14.000.000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 10 00 U S $ F O B

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