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Academic year: 2021

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Nota de Aula 3 – Conceitos de Microeconomia

Microeconomia Financeira

Mestrado Profissional em Economia – Universidade de Bras´ılia

Prof. Jos´

e Guilherme de Lara Resende

1

Teoria do Consumidor

Nesta nota de aula iremos analisar o ferramental microeconˆomico, o modo que consumidores e firmas tomam decis˜oes e a quest˜ao de equil´ıbrio em uma economia. Esse ferramental ´e muito importante para a modelagem de finan¸cas que iremos desenvolver ao longo do curso.

A leitura recomendada para a mat´eria da primeira parte desta nota de aula ´e Varian (2012) (caps. 2 a 6, 9, 14, 15, 16, 18 a 23, 31 a 33) e Nicholson and Snyder (2008) (caps. 3 a 4, 9 a 13).

1.1

A Restri¸

ao Or¸

cament´

aria

A restri¸c˜ao or¸cament´aria pode ser escrita como p1x1 + p2x2 ≤ m, onde pixi, i = 1, 2, ´e o

gasto feito com o bem i e p1x1 + p2x2 denota o gasto total com a cesta (x1, x2). Ou seja, a

restri¸c˜ao or¸cament´aria diz que o gasto do consumidor n˜ao pode ultrapassar a sua renda. A reta or¸cament´aria ´e o conjunto de cestas de bens que custam exatamente m (ou seja, cestas de bens que exaurem toda a renda do consumidor), p1x1+ p2x2 = m.

6 -x2 x1 m p2 m p1 @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @@ 

Reta Or¸cament´aria (Inclina¸c˜ao: −p1/p2)

Conjunto Fact´ıvel de Consumo

A inclina¸c˜ao da reta or¸cament´aria informa o valor de troca de mercado entre os dois bens: para obter uma unidade do bem 1, o consumidor tem que abrir m˜ao de −p1/p2 unidades do bem 2.

Intuitivamente, se todos os pre¸cos da economia aumentam (ou diminuem) na mesma propor¸c˜ao, incluindo a renda do consumidor, ent˜ao nada muda em termos reais: o conjunto de cestas fact´ıveis para o consumidor n˜ao se altera. Portanto: 1) mudan¸cas nos pre¸cos absolutos n˜ao tˆem efeito real; 2) agentes econˆomicos n˜ao sofrem de ilus˜ao monet´aria; e 3) apenas mudan¸cas nos pre¸cos relativos tˆem efeito. Podemos ent˜ao transformar um dos bens em numer´ario, o que significa torn´a-lo a medida de valor da economia e normalizar o seu pre¸co em 1.

(2)

A demanda de um bem i qualquer depende dos pre¸cos de todos os bens e da renda do con-sumidor. Logo, xi = xi(p1, p2, m), i = 1, 2, denota a demanda do bem i (a escolha ´otima de

consumo do bem i pelo indiv´ıduo), escrita como fun¸c˜ao do pre¸co do pr´oprio bem 1, dos pre¸cos dos outros bens (no caso, do bem 2), e da renda do consumidor. Essas demandas s˜ao chamadas fun¸c˜oes de demandas ´otimas ou fun¸c˜oes de demandas Marshallianas.

As restri¸c˜oes que a an´alise sobre a restri¸c˜ao or¸cament´aria imp˜oe sobre as fun¸c˜oes de demandas Marshallianas xi = xi(p1, p2, m), i = 1, 2, s˜ao:

• Lei de Walras ou “Adding-up”:

p1x1(p1, p2, m) + p2x2(p1, p2, m) = m .

• Homogeneidade. A demanda Marshalliana de cada bem ´e homogˆenea de grau zero: xi(tp1, tp2, tm) = xi(p1, p2, m) , para todo bem i, para todo t > 0.

1.2

Fun¸

ao de Utilidade

Denotamos por X (contido em Rn

+, no caso geral, ou em R2+, no caso de dois bens) o conjunto

que representa as cestas de bens dispon´ıveis para o consumidor. Um elemento do conjunto X ⊂ R2+ ´e um vetor x = (x1, x2), onde xi ≥ 0 ´e a quantidade do bem i, i = 1, 2, na cesta x.

Defini¸c˜ao: Uma fun¸c˜ao de utilidade u : X → R assinala para cada cesta x ∈ X um valor u(x) ∈ R.

Uma fun¸c˜ao de utilidade nada mais ´e do que uma representa¸c˜ao num´erica das cestas dispon´ıveis para o consumidor. Se para as cestas x e y temos que u(x) > u(y), ent˜ao dizemos que a cesta x provˆe mais utilidade (ou satisfa¸c˜ao, ou bem-estar) para o consumidor.

Exemplos de Fun¸c˜oes de Utilidade com Dois Bens: • Utilidade Cobb-Douglas: u(x1, x2) = xα1x

β

2, α > 0, β > 0.

• Utilidade Linear: u(x1, x2) = ax1+ bx2, a > 0, b > 0.

• Utilidade Quaselinear: u(x1, x2) = g(x1) + x2.

• Utilidade de Leontief: u(x1, x2) = min{ax1, bx2}, a > 0, b > 0.

• Utilidade CES: u(x1, x2) = (ax ρ 1 + bx ρ 2) 1 ρ, a > 0, b > 0.

A teoria do consumidor utiliza a hip´otese de ordinalidade, que exige apenas que o consumidor seja capaz de ordenar as cestas de bens em termos de preferˆencia (e, portanto, n˜ao precisa saber o quanto mais ele gosta de uma cesta em rela¸c˜ao a outra. Isso implica que a utilidade que representa uma rela¸c˜ao de preferˆencia ´e unica a menos de transforma¸c˜oes crescentes. Uma curva de indiferen¸ca representa um conjunto de cestas indiferentes entre si. Ent˜ao, uma curva de indiferen¸ca cont´em todas as combina¸c˜oes de cestas que d˜ao o mesmo n´ıvel de satisfa¸c˜ao ao consumidor. Chamamos mapa de indiferen¸ca a cole¸c˜ao de curvas de indiferen¸ca distintas de uma determinada utilidade, indicando a dire¸c˜ao que a utilidade aumenta.

(3)

Exemplo: Utilidades “bem-comportadas”. No caso de dois bens, uma curva de indife-ren¸ca muito comum ´e convexa em rela¸c˜ao `a origem (representa utilidades bem-comportadas, que s˜ao cont´ınuas, estritamente crescentes e estritamente quasecˆoncavas).

A figura abaixo ilustra o mapa de indiferen¸ca t´ıpico de utilidades bem-comportadas. Exemplos de utilidades que geram esse tipo de curva s˜ao a Cobb-Douglas, a CES e utilidades quaselineares.

6 -x2 x1 ¯ u1 ¯ u2 > ¯u1 ¯ u3 > ¯u2 Curvas de indiferen¸ca “bem-comportadas”

Utilidade aumenta nessa dire¸c˜ao



Defini¸c˜ao: Taxa Marginal de Substitui¸c˜ao (TMS). A taxa marginal de substitui¸c˜ao (TMS) entre dois bens mede a taxa pela qual o consumidor est´a disposto a trocar um bem por outro, de modo a manter a sua utilidade inalterada: a TMS do bem 1 pelo bem 2 diz o valor que o consumidor atribui ao bem 1 em termos do bem 2. A TMS ´e medida pela inclina¸c˜ao da curva de indiferen¸ca.

A TMS entre os bens 1 e 2 ´e dada por:

T M S1,2(x1, x2) = dx2 dx1 du=0 = − ∂u(x1,x2) ∂x1 ∂u(x1,x2) ∂x2 = −U M g1(x1, x2) U M g2(x1, x2) Observa¸c˜oes:

1. A TMS n˜ao depende da fun¸c˜ao de utilidade que usamos para representar as preferˆencias do consumidor.

2. Se a utilidade for bem-comportadas, ent˜ao o valor absoluto da TMS diminui quando percorremos uma curva de indiferen¸ca (na dire¸c˜ao de se afastar do eixo do bem 2). Ou seja, para um determinado n´ıvel de utilidade fixo, o valor do bem 1, em termos do bem 2, diminui quanto mais bem 1 o indiv´ıduo possui.

(4)

1.3

Maximiza¸

ao de Utilidade

O problema de maximiza¸c˜ao de utilidade do consumidor pode ser formulado como: max

(x1,x2)∈R2+

u(x1, x2) s.a. p1x1+ p2x2 ≤ m (1)

As solu¸c˜oes desse problema, x∗i = xi(p1, p2, m), s˜ao chamadas fun¸c˜oes de demanda Marshalliana

do bem i.

Para resolver os problemas de maximiza¸c˜ao de utilidades bem-comportadas (Cobb-Douglas e CES, por exemplo) e encontrar as fun¸c˜oes de demanda, usamos o m´etodo de Lagrange. O Lagrangeano do problema ´e:

L(x1, x2, λ) = u(x1, x2) + λ(m − p1x1− p2x2),

onde λ ´e o multiplicador de Lagrange. As condi¸c˜oes de primeira ordem (CPOs) desse problema s˜ao: (x1) : λ∗p1 = ∂u(x∗1, x∗2) ∂x1 (x2) : λ∗p2 = ∂u(x∗1, x∗2) ∂x2 (λ) : m = p1x∗1+ p2x∗2

Se dividirmos a CPO do bem 1 pela do bem 2, obtemos:

∂u(x∗ 1,x∗2) ∂x1 ∂u(x∗ 1,x∗2) ∂x2 = p1 p2 ou − ∂u(x∗ 1,x∗2) ∂x1 ∂u(x∗ 1,x∗2) ∂x2 = −p1 p2

Essa equa¸c˜ao tem a seguinte interpreta¸c˜ao gr´afica: a inclina¸c˜ao da curva de indiferen¸ca na cesta ´

otima de consumo (a TMS calculada na cesta ´otima) ´e igual `a inclina¸c˜ao da reta or¸cament´aria (que mede a taxa de troca de mercado dos dois bens).

Resumidamente, o consumidor tenta alcan¸car a curva de indiferen¸ca mais alta poss´ıvel, isto ´e, que possua alguma cesta de bens fact´ıvel (que o consumidor possa comprar). Essa curva ´e a que tangencia a reta or¸cament´aria. Qualquer curva de indiferen¸ca que dˆe um n´ıvel de satisfa¸c˜ao mais alto j´a n˜ao inclui nenhuma cesta de bens que possa ser comprada por este consumidor.

6 -x2 x1 Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q QQ Solu¸c˜ao do Problema do Consumidor: cesta E sE

(5)

Logo, se a fun¸c˜ao de utilidade for bem-comportada, a escolha ´otima do consumidor satisfaz a condi¸c˜ao de tangˆencia em que o valor absoluto da taxa marginal de substitui¸c˜ao ´e igual `a raz˜ao de pre¸cos. Al´em disso, a solu¸c˜ao do problema do consumidor ser´a interior (ou seja, os dois bens ser˜ao consumidos em quantidades positivas: x∗1 > 0 e x∗2 > 0). Isso n˜ao vale em geral (podemos ter situa¸c˜oes que a solu¸c˜ao do problema do consumidor ´e de canto (ou seja, um dos bens n˜ao ´e consumido).

Defini¸c˜ao: Fun¸c˜ao de Utilidade Indireta. A fun¸c˜ao de utilidade indireta, dada por: v(p1, p2, m) = u (x∗1, x

2) = u(x1(p1, p2, m), x2(p1, p2, m)) .

diz qual o m´aximo de utilidade alcan¸c´avel aos pre¸cos p1 e p2 e renda m.

Exemplo: Utilidade Cobb-Douglas. O problema do consumidor com esta utilidade ´e: max

x1,x2

Axα12 s.a p1x1+ p2x2 = m ,

com α e β positivos. Resolvendo as CPOs para este problema, obtemos: x1(p1, p2, m) =  α α + β  m p1 e x2(p1, p2, m) =  β α + β  m p2 . A fun¸c˜ao de utilidade indireta ´e:

v(p1, p2, m) = Aααββ(α + β)−(α+β)p−α1 p −β 2 m

α+β

.

Note que o pre¸co de um bem n˜ao afeta a demanda do outro bem. Observe tamb´em que: s∗1 = p1x ∗ 1 m = α α + β e s ∗ 2 = p2x∗2 m = β α + β.

Ou seja, a porcentagem ou fra¸c˜ao da renda consumida em cada um dos bens ´e constante. O consumidor sempre gasta a mesma fra¸c˜ao fixa da sua renda com cada bem, e essa fra¸c˜ao ´e definida pelos coeficientes dos bens na fun¸c˜ao utilidade.

As curvas de demanda s˜ao (quase sempre!) negativamente inclinadas: se o pre¸co do bem aumenta, compramos menos desse bem. Essa propriedade ´e chamada lei da demanda.

Lei da Demanda: Para qualquer bem ou servi¸co, a lei da demanda afirma que se consome mais quando o pre¸co diminui (ou que se consome menos quando o pre¸co aumenta), mantendo todo o resto constante (condi¸c˜ao de ceteris paribus).

Bens que satisfazem a lei da demanda s˜ao chamados bens comuns. Exce¸c˜oes s˜ao chamados bens de Giffen.

(6)

1.4

Elasticidades da Demanda

Suponha que a vari´avel Y depende da vari´avel Z, ou seja, mudan¸cas em Z afetam Y . Queremos medir a sensibilidade de Y a mudan¸cas em Z. A elasticidade de Y com rela¸c˜ao a Z (vamos denotar esse conceito por εY Z) mede a varia¸c˜ao que ocorre em Y , em termos percentuais, dada

uma varia¸c˜ao em Z, tamb´em em termos percentuais. Portanto: εY Z = %∆Y %∆Z = ∆Y Y ∆Z Z = Z Y ∆Y ∆Z

A ideia de usar a mudan¸cas em termos percentuais no lugar de mudan¸cas em termos absolutos ´

e que a primeira independe das unidades em que Y e Z s˜ao medidas. Por exemplo, a curva de demanda, tudo mais constante, mostra como a quantidade demandada varia com o pre¸co do bem. Por´em medir varia¸c˜oes absolutas na quantidade, causadas por varia¸c˜oes absolutas no pre¸co, pode levar a inferˆencias vazias de sentido. Suponha que um aumento de R$ 1 no pre¸co de um bem leva a uma queda de dez quilos na quantidade consumida. Isto ´e uma resposta grande ou pequena?

N˜ao h´a como saber a n˜ao ser que sejam informados o pre¸co e a quantidade iniciais. Se o pre¸co inicial era R$ 1, ent˜ao o aumento de R$ 1 representa um aumento de 100% no pre¸co. Se o pre¸co inicial era R$ 100, ent˜ao o aumento de R$ 1 representa um aumento de 1% no pre¸co. Racioc´ınio similar vale para a quantidade.

A elasticidade ´e um conceito que reconhece e leva em conta mudan¸cas relativas das vari´aveis, o que a torna uma medida independente da unidade em que se mede essas vari´aveis. Por exemplo, se εY Z = 2, isso significa que uma mudan¸ca em Z de %∆Z = 1% leva a uma mudan¸ca em Y ,

em termos relativos, de %∆Y = εY Z × %∆Z = 2%.

Portanto, se estivermos analisando a demanda por cerveja em diversos pa´ıses, tanto faz se essa demanda ´e calculado em litros ou “ounces” ou qualquer outra medida e se o pre¸co ´e calculado em reais, d´olar ou euros. Se a elasticidade-pre¸co da demanda por cerveja for −1,5, significa que um aumento no pre¸co da cerveja de 1% leva a uma queda no consumo de cerveja em 1,5%. Como estamos analisando a demanda de um bem, as elasticidades da demanda que iremos estudar s˜ao:

1. A elasticidade da demanda de um bem com rela¸c˜ao a mudan¸cas no seu pre¸co (elasticidade-pre¸co da demanda),

2. A elasticidade da demanda de um bem com rela¸c˜ao a mudan¸cas no pre¸co de outro bem (elasticidade-pre¸co cruzada da demanda), e

3. A elasticidade da demanda de um bem com rela¸c˜ao a mudan¸cas na renda do consumidor (elasticidade-renda da demanda).

(7)

• Elasticidade-Pre¸co. A elasticidade-pre¸co da demanda (EPD) pelo bem i ´e calculada como a mudan¸ca percentual na quantidade dividida pela mudan¸ca percentual no pre¸co:

εMi = εMi (p, m) = ∂ ln(x M i (p, m)) ∂ ln(pi) = pi xM i (p, m) ∂xMi (p, m) ∂pi

Apesar de a elasticidade-pre¸co da demanda ser (quase sempre) um n´umero negativo (a demanda responde negativamente a mudan¸cas no pre¸co do bem), ´e comum se referir a ela como um n´umero positivo, j´a que o que importa ´e a magnitude do n´umero e n˜ao o seu sinal. Quando a elasticidade-pre¸co da demanda ´e (em valor absoluto):

– < 1: dizemos que a demanda ´e inel´astica; – > 1: dizemos que a demanda ´e el´astica; – = 1: dizemos que a elasticidade ´e unit´aria.

O fator fundamental para determinar a elasticidade-pre¸co da demanda de um bem ´e a possibilidade de substituir o seu consumo.

• Elasticidade-Pre¸co Cruzada. A elasticidade-pre¸co cruzada da demanda do bem i mede a sensibilidade da demanda do bem i com rela¸c˜ao ao pre¸co de algum outro bem:

εMij = εMij(p, m) = ∂ ln(x M i (p, m)) ∂ ln(pj) = pj xM i (p, m) ∂xM i (p, m) ∂pj . Temos que: – Se εM

ij > 0 ou, de modo equivalente, ∂xi/∂pj > 0: dizemos que o bem i ´e substituto

bruto do bem j. – Se εM

ij < 0 ou, de modo equivalente, ∂xi/∂pj < 0: dizemos que o bem i ´e

comple-mentar bruto do bem j.

• Elasticidade-Renda. A elasticidade-renda da demanda do bem i mede a sensibilidade da demanda em rela¸c˜ao a mudan¸cas na renda:

ηi = ηMi (p, m) = ∂ ln(xM i (p, m)) ∂ ln(m) = m xM i (p, m) ∂xM i (p, m) ∂m Classifica¸c˜oes do bem i quanto `a sua varia¸c˜ao com a renda:

1) Inferior : ηi < 0.

2) Normal : ηi ≥ 0. Os bens normais podem ser subclassificados em:

2.1) Necess´arios (ou b´asicos): 0 ≤ ηi ≤ 1.

2.2) Bens de luxo: ηi > 1.

A mudan¸ca no dispˆendio total com um bem quando o seu pre¸co aumenta ´e igual a: ∂D

∂p = q(p) (1 − |εp|) , Portanto, temos que:

1. Se |εp| < 1 (demanda inel´astica): pre¸co e dispˆendio se movem na mesma dire¸c˜ao;

2. Se |εp| = 1 (demanda com elasticidade unit´aria): dispˆendio n˜ao se altera com uma

mudan¸ca no pre¸co;

(8)

1.5

Bem-Estar do Consumidor

Defini¸c˜ao: Excedente do Consumidor. O Excedente do Consumidor (EC) ´e a diferen¸ca entre o valor total que o consumidor estaria disposto a pagar pelo consumo e o valor de fato pago pelas unidades consumidas do bem analisado. Ele representa o ganho que o consumidor obt´em ao comprar v´arias unidades do bem pagando sempre o mesmo pre¸co.

Para calcular o EC para uma mudan¸ca de pre¸cos podemos usar a demanda Marshalliana diretamente. Para uma varia¸c˜ao de pre¸co, de p0 para p1, a varia¸c˜ao no excedente do consumidor

´ e: ∆EC = Z p0 p1 q(p) dp .

Se a demanda for linear, ent˜ao o c´alculo de ∆EC ´e bem simples: basta calcular ´areas de triˆangulos (comprimento vezes altura dividido por 2) e retˆangulos (comprimento vezes altura).

6 -pre¸co qtde Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q QQ

Curva de Demanda Inversa

s p A 0 B x Excedente do Consumidor   :

Valor pago pelas unidades consumidas

 *

O excedente do consumidor e a sua varia¸c˜ao nem sempre ser˜ao medidas exatas de bem-estar : quando integramos ao longo da demanda Marshalliana, o n´ıvel de utilidade do consumidor pode mudar. Logo, uma compensa¸c˜ao baseada em ∆EC n˜ao necessariamente manter´a a utilidade do consumidor constante. Por´em, se a utilidade for quaselinear no bem analisado, ent˜ao a varia¸c˜ao do excedente do consumidor ser´a uma medida exata de bem-estar.

1.6

Renda End´

ogena e Dota¸

oes Iniciais

No problema de maximiza¸c˜ao de utilidade do consumidor, assumimos que a renda era uma vari´avel ex´ogena, fora do controle do consumidor. Por´em, em v´arios problemas o mais apro-priado ´e modelar a renda endogenamente. O exemplo mais importante ´e o caso da renda do trabalho.

Vamos supor que o consumidor possua uma dota¸c˜ao inicial e = (e1, e2) dos bens 1 e 2. Esses

bens podem ser vendidos no mercado aos pre¸cos p1 e p2. Logo, a renda do consumidor ´e agora

igual `a m = p · e = p1e1+ p2e2 e o problema do consumidor pode ser escrito como:

max

x1,x2

(9)

Resolvendo esse problema, determinamos as fun¸c˜oes de demanda brutas (ou seja, o consumo final de cada bem), denotadas por xi(p, p · e), i = 1, 2.

A demanda l´ıquida do bem i ´e a quantidade comprada ou vendida do bem i, ou seja, ´e a diferen¸ca entre a demanda bruta e a dota¸c˜ao inicial, xi(p, p · e) − ei. Se a demanda l´ıquida for

positiva, o consumidor est´a comprando o bem (xi(p, p · e) > ei). Nesse caso, dizemos que o

consumidor ´e comprador l´ıquido do bem. Se a demanda l´ıquida for negativa, o consumidor est´a vendendo o bem (vendendo parte da dota¸c˜ao inicial que ele possui do bem, xi(p, p · e) < ei).

Nesse caso, dizemos que o consumidor ´e vendedor l´ıquido do bem.

A reta or¸cament´aria no caso de dota¸c˜oes iniciais pode ser reescrita como: p1(x1− e1) + p2(x2− e2) = 0

Portanto, para o caso de dois bens, o consumidor n˜ao pode ser nem comprador l´ıquido dos dois bens, nem vendedor l´ıquido dos dois bens. O valor dos bens que o consumidor compra tem que ser igual ao valor dos bens que ele vende. ´E f´acil notar que o indiv´ıduo n˜ao pode ser comprador l´ıquido de todos os bens: ele precisa vender pelo menos um bem para obter recursos para ser comprador l´ıquido dos outros bens.

Vamos analisar agora um modelo de oferta de trabalho. Existem apenas dois bens que o consumidor escolhe: consumo, c, e lazer, l. O consumidor possui uma quantidade m´axima H de lazer que ele pode consumir (um dia tem apenas 24 horas, uma semana apenas 7 dias, etc). O indiv´ıduo pode dividir o seu tempo em lazer ou em trabalho. O sal´ario por unidade de tempo trabalhado ´e w. O indiv´ıduo recebe tamb´em um valor M de renda que independe de suas a¸c˜oes (isto ´e, M ´e vari´avel ex´ogena ao problema do consumidor).

O problema do consumidor nesse caso ´e representado por: max

c,l u(c, l) s.a pc = w(H − l) + M, com 0 ≤ l ≤ H .

Podemos reescrever a restri¸c˜ao or¸cament´aria como: pc + wl = wH + M

A restri¸c˜ao or¸cament´aria acima tem uma forma peculiar: no lado direito, temos wH, a renda plena do trabalho (o valor que o indiv´ıduo receberia se trabalhasse todo o seu tempo dispon´ıvel) e no lado esquerdo temos wl, o custo do lazer que o indiv´ıduo consome. O sal´ario w ent˜ao ´e visto como o pre¸co (custo de oportunidade) do lazer.

Qual o efeito de um aumento do sal´ario na oferta de trabalho? Existem dois efeitos. Primeiro, o aumento no sal´ario aumenta a oferta de trabalho, j´a que o lazer ficou mais caro agora. Por´em, o aumento no sal´ario aumenta a renda do consumidor, pois ele passa a ganhar mais por hora trabalhada. A soma dos dois efeitos n˜ao ´e clara, o oferta de trabalho pode tanto aumentar como diminuir quando o sal´ario aumenta. Se o sal´ario est´a em um n´ıvel baixo, ´e razo´avel imaginar que aumentos do sal´ario v˜ao induzir o indiv´ıduo a trabalhar mais. Por´em, a partir de um certo n´ıvel, se o sal´ario se torna alto demais, novos aumentos do sal´ario podem induzir o indiv´ıduo a trabalhar menos. Ent˜ao, supondo lazer um bem normal, pode ocorrer que um aumento do s´alario aumente a quantidade de lazer consumida, ou seja, que diminua a oferta de trabalho.

(10)

2

Teoria da Firma

2.1

Introdu¸

ao

Defini¸c˜ao: Firma. A firma ´e uma entidade que transforma insumos em bens finais (produtos).

FIRMA

INSUMOS - - PRODUTOS

Vamos supor que o objetivo da firma seja maximizar lucros (maximiza a renda dos donos da firma).

Defini¸c˜ao: Tecnologia. A tecnologia de uma firma descreve a sua capacidade de produzir bens usando insumos de produ¸c˜ao (tamb´em chamados fatores de produ¸c˜ao). A tecnologia ´e dada pela limita¸c˜ao t´ecnica da firma, definida por leis da natureza e por avan¸cos tecnol´ogicos. Se a firma produz apenas um ´unico bem, a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao relaciona a quantidade m´axima de produto que podemos obter, dados os insumos utilizados. Suponha que a firma utilize dois insumos, x1 e x2. A fun¸c˜ao de produ¸c˜ao ´e representada por:

q = f (x1, x2) ,

onde q ´e a quantidade produzida do bem final.

Defini¸c˜ao: Isoquantas. Uma isoquanta descreve combina¸c˜oes de insumos que produzem a mesma quantidade do bem final.

Isoquantas ´e um conceito similar ao de curva de indiferen¸ca. Por´em, o r´otulo de uma curva de indiferen¸ca n˜ao tem nenhum significado, enquanto o r´otulo da isoquanta tem um significado preciso: ´e a quantidade do bem produzido.

Uma isoquanta pode ser definida, em termos da fun¸c˜ao de produ¸c˜ao, como: I(q) = {(x1, x2) ≥ (0, 0) | f (x1, x2) = q} .

Se os dois fatores forem importantes na produ¸c˜ao (f estritamente crescente), ent˜ao as isoquan-tas ser˜ao negativamente inclinadas. Se a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao for estritamente quasecˆoncava, ent˜ao a isoquanta ser´a convexa em rela¸c˜ao `a origem. Ou seja, combina¸c˜oes distintas de insumos que produzem a mesma quantidade do bem final produzir˜ao uma quantidade maior do bem final.

A fun¸c˜ao de produ¸c˜ao relaciona insumos com a quantidade produzida do bem final. Se deri-varmos essa fun¸c˜ao com rela¸c˜ao a algum dos insumos, encontramos o produto marginal desse insumo:

P M gi(x1, x2) =

∂f (x1, x2)

∂xi

= fi(x1, x2) , i = 1, 2.

No caso apenas de dois fatores, capital e trabalho, o produto marginal do trabalho, por exemplo, mede o quanto a produ¸c˜ao aumentar´a se aumentarmos (um pouco) a quantidade de trabalho usada, mantendo a quantidade de capital usada fixa.

(11)

A lei do produto marginal decrescente diz que o produto marginal de qualquer insumo decresce `

a medida que usamos mais desse insumo, mantendo o uso dos outros insumos inalterado: ∂P M gi(x1, x2) ∂xi = ∂ 2f (x 1, x2) ∂x2 i

= fii(x1, x2) ≤ 0, para todo insumo i

Essa propriedade est´a ligada `a id´eia de exaust˜ao dos fatores de produ¸c˜ao.

Defini¸c˜ao: Produto M´edio (PMe). O produto m´edio do insumo i ´e definido como: P M ei(x1, x2) =

f (x1, x2)

xi

, i = 1, 2 .

Se P M eL( ˆL, ˆK) = 5, ent˜ao, quando ´e usada a quantidade ( ˆL, ˆK) de insumos, para cada 5

unidades produzidas de q, ´e usada uma unidade de trabalho L. Logo, o produto m´edio de um insumo diz quantas unidades s˜ao produzidas para cada unidade usada do insumo, na m´edia. Vale a seguinte rela¸c˜ao entre o produto m´edio P M ei(x1, x2) e o produto marginal P M gi(x1, x2)

de um insumo i:

∂P M ei(x1, x2)

∂xi T 0

⇒ P M gi(x1, x2) T P Mei(x1, x2) .

A Taxa T´ecnica de Substitui¸c˜ao (TTS ) entre dois insumos (ou Taxa Marginal de Substitui¸c˜ao T´ecnica – TMST ) mede o quanto a firma deve abrir m˜ao de um desses insumos e acrescentar do outro insumo para continuar produzindo a mesma quantidade do bem final:

T T S12(x1, x2) =

dx2

dx1

= −f1(x1, x2) f2(x1, x2)

A TTS ´e o an´alogo para a teoria da firma da taxa marginal de substitui¸c˜ao da teoria do consumidor e mede a inclina¸c˜ao da isoquanta no ponto considerado. Se a TTS for decrescente em valor absoluto, ent˜ao as isoquantas ser˜ao convexas com rela¸c˜ao `a origem: `a medida que percorremos a isoquanta, a sua inclina¸c˜ao decresce em valor absoluto.

Dizemos que a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao apresenta retornos constantes de escala (RCE), retornos crescentes de escala (RCrE) ou retornos decrescentes de escala (RDE) se a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao satisfizer a propriedade da coluna do meio da tabela abaixo.

Tipo de Retorno de Escala Fun¸c˜ao de Produ¸c˜ao Tipo de tecnologia Constantes f (tx1, tx2) = tf (x1, x2), t > 0, ∀(x1, x2) replica

Decrescentes f (tx1, tx2) < tf (x1, x2), t > 1, ∀(x1, x2) algum fator fixo

Crescente f (tx1, tx2) > tf (x1, x2), t > 1, ∀(x1, x2) ganhos de escala

Retornos constantes de escala s˜ao uma hip´otese natural para a firma no longo prazo (tecnologia ´

e replicada). No caso de RCE, a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao ´e homogˆenea de grau 1. Retornos decrescentes de escala (ou deseconomias de escala) normalmente ocorrem quando algum insumo est´a fixo. Retornos crescentes de escala (ou ganhos de escala) ocorrem quando a tecnologia permite que haja ganhos de escala na produ¸c˜ao.

O curto prazo ´e o per´ıodo de tempo onde alguns fatores da firma s˜ao fixos. A firma n˜ao pode ent˜ao alterar o n´ıvel desses fatores. O longo prazo ´e o per´ıodo de tempo em que todos os fatores de produ¸c˜ao s˜ao vari´aveis: a firma pode ajustar todos os seus fatores de produ¸c˜ao da forma que desejar.

(12)

2.2

Minimiza¸

ao de Custos

Queremos resolver o seguinte problema:

min

x1,x2

w1x1+ w2x2 s.a. q = f (x1, x2)

As demandas derivadas do problema de minimiza¸c˜ao de custos da firma, se existirem, s˜ao demandas por fatores condicionais (no n´ıvel de produ¸c˜ao q):

x1 = x1(w1, w2, q) e x2 = x2(w1, w2, q).

A demanda condicional xi(w1, w2, q) diz a quantidade ´otima do insumo i, i = 1, 2, que minimiza

o custo de se produzir q aos pre¸cos w1, w2 dos insumos. A fun¸c˜ao custo c(w1, w2, q) de uma

firma, dada por:

c(w1, w2, q) = w1x1(w1, w2, q) + w2x2(w1, w2, q) ,

diz o custo m´ınimo de se produzir a quantidade q de bem final, quando os pre¸cos dos insumos s˜ao w1, w2 e a tecnologia de firma ´e descrita pela fun¸c˜ao de produ¸c˜ao f .

Supondo que o m´etodo de Lagrange se aplica, o Lagrangeano desse problema ´e: L = w1x1+ w2x2+ λ (q − f (x1, x2)) ,

onde λ ´e o multiplicador de Lagrange do problema. As CPO s˜ao: (x1) : w1 = λf1(x1, x2)

(x2) : w2 = λf2(x1, x2)

(λ) : q = f (x1, x2)

Se dividirmos a CPO do insumo 1 pela CPO do insumo 2, obtemos: w1 w2 = f1(x1, x2) f2(x1, x2) = P M g1(x1, x2) P M g2(x1, x2) = |T T S12(x1, x2)| .

Por exemplo, se:

w1 w2 = 2 1 > 1 1 = P M g1 P M g2 ,

ent˜ao o insumo 1 est´a caro em rela¸c˜ao ao insumo 2, dadas as produtividades marginais desses dois insumos.

Se a firma diminuir em uma unidade o uso do insumo 1 e aumentar em uma unidade o uso do insumo 2, o n´ıvel de produ¸c˜ao n˜ao se altera (P M g1 = P M g2 = 1), por´em a firma economiza

R$ 1, j´a que w1 = 2 e w2 = 1. Portanto, se o pre¸co relativo de dois insumos ´e diferente da sua

taxa t´ecnica de substitui¸c˜ao, a firma n˜ao estar´a minimizando custos.

Graficamente, para o caso de dois insumos, o problema de minimiza¸c˜ao de custo ´e determinar o menor custo poss´ıvel dado o n´ıvel de produ¸c˜ao desejado.

Uma reta de isocusto Ic= {(x1, x2) | w1x1+ w2x2 = c} ´e o conjunto formado pelas combina¸c˜ao

de insumos que possuem o mesmo custo c. O problema de minimiza¸c˜ao de custos ent˜ao ´e encontrar a reta de menor isocusto que possibilite a produ¸c˜ao de q.

(13)

6 -x2 x1 Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q E: solu¸c˜ao do problema de minimiza¸c˜ao de custo da firma

rE Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q

Teorema: Fun¸c˜ao de Produ¸c˜ao Homogˆenea. Se a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao f for homogˆenea de grau θ > 0, ent˜ao:

c(w, q) = c(w, 1) q1/θ, x(w, q) = x(w, 1) q1/θ.

O resultado do teorema ´e intuitivo. Se a tecnologia da firma apresenta RCE (θ = 1), ent˜ao o custo de produzir cem unidades do seu produto ´e apenas cem multiplicado pelo custo de produzir uma unidade desse produto. Se a tecnologia da firma apresenta RCrE (θ > 1), ent˜ao o custo aumenta numa propor¸c˜ao menor do que o aumento da produ¸c˜ao: se a firma, por exemplo, aumentar a produ¸c˜ao em dez vezes, o custo aumenta em menos de dez vezes. O inverso ocorre se a tecnologia da firma apresenta RDE (θ < 1). Neste caso, se a firma aumentar a produ¸c˜ao em dez vezes, o custo aumentar´a em mais de dez vezes.

Suponha que o segundo fator n˜ao possa ser alterado no curto prazo, x2 = ¯x2 (por exemplo,

o segundo fator pode ser capital). A fun¸c˜ao custo de curto prazo (ou fun¸c˜ao custo restrita) ´e definida por:

ccp(w1, w2, q; ¯x2) = min x1

w1x1+ w2x¯2 s.a. f (x1, ¯x2) = q

A seguinte rela¸c˜ao entre a fun¸c˜ao custo de longo prazo e a fun¸c˜ao custo de curto prazo ´e v´alida: clp(q) ≤ ccp(q; ¯x2) , para todo ¯x2, para todo q ≥ 0 .

Isto implica que a curva de custo m´edio de longo prazo ´e a envolt´oria inferior de todas as curvas de custo m´edio de curto prazo, onde cada curva de custo m´edio de curto prazo ´e obtida ao variarmos o valor do insumo fixo.

(14)

2.3

Fun¸

oes Custos

Defini¸c˜ao: Custo Fixo e Custo Vari´avel. O custo total (CT (q)) de produ¸c˜ao da quantidade q ´e dado pela soma do custo fixo (a parte do custo que n˜ao varia com a quantidade q produzida – ´e o custo dos insumos fixos) e do custo vari´avel (a parte do custo que varia com a quantidade q produzida – ´e o custo dos insumos vari´aveis).

Outros tipos de custos relacionados ao custo fixo:

• Custo afundado ou custo irrecuper´avel ´e um custo fixo que, uma vez feito, ´e perdido. Ou seja, uma vez realizado, a firma n˜ao tem como recuper´a-lo.

• Custo quase fixo ´e o custo realizado apenas se a firma decide produzir uma quantidade positiva do bem. Se ela produz zero, n˜ao gasta nada desse custo. Se ela produz qualquer quantidade, ela gasta um valor fixo. Por isso o nome de quase fixo.

A fun¸c˜ao custo total (CT ) de curto prazo pode ser escrita como a soma dos custos vari´aveis (CV ) e dos custos fixos (CF ) da firma:

CT (q) = CV (q) + CF , onde:

• Custo Fixo (CF ): ´e a parte do custo que n˜ao varia com a quantidade produzida – ´e o custo dos insumos fixos. Exemplos: aluguel, contador, seguran¸ca, etc.

• Custo Vari´avel (CV (q)): ´e a parte do custo que varia com a quantidade produzida – ´e o custo dos insumos vari´aveis. Exemplos: insumos vari´aveis, m˜ao-de-obra, etc.

Defini¸c˜ao: Custo M´edio e Custo Marginal.

1. Custo M´edio (CM e): ´e o custo total dividido pela quantidade produzida: CM e(q) = CT (q)/q: custo m´edio por unidade produzida. O custo m´edio pode ser decomposto em dois outros tipos de custos m´edios:

• Custo Vari´avel M´edio (CV M e): ´E o custo vari´avel m´edio de produ¸c˜ao: CV (q)/q. • Custo Fixo M´edio (CF M e): ´e o custo fixo m´edio de produ¸c˜ao: CF/q.

2. Custo Marginal (CM g): ´e o acr´escimo no custo ao se produzir mais uma unidade adicional do bem final: CM g(q) = c0(q) = ∂CT (q)/∂q = ∂CV (q)/∂q.

Observa¸c˜oes:

• O custo m´edio (CM e) ´e portanto igual ao custo vari´avel m´edio (CV M e) mais o custo fixo m´edio (CF M e), por defini¸c˜ao.

• A integral do custo marginal de 0 a q mede o custo vari´avel de produ¸c˜ao dessas q unidades do produto.

(15)

2.4

Oferta da Firma Competitiva

Suponha que a firma j´a resolveu o seu problema de minimiza¸c˜ao de custos, ou seja, conhecemos c(q), o custo m´ınimo de se produzir a quantidade q do bem. Ent˜ao o problema da firma se reduz a decidir o n´ıvel de produ¸c˜ao ´otimo.

O problema de qualquer firma, competitiva ou n˜ao, pode ser escrito como: max

q≥0 Receita(q) − Custos(q)

A CPO desse problema resulta em:

Receita Marginal (RM g(q∗)) = Custo Marginal (CM g(q∗))

Essa condi¸c˜ao ´e v´alida para qualquer firma, esteja ela inserida em um ambiente competitivo ou n˜ao.

Para a firma competitiva, a receita marginal ´e igual ao pre¸co, pois sua receita total ´e dada pela venda da sua produ¸c˜ao, p × q, j´a que a firma competitiva ´e tomadora de pre¸cos. Ent˜ao, para cada unidade adicional do bem vendida, a firma competitiva recebe o pre¸co de mercado do bem. Logo, o problema da firma competitiva, ap´os ter resolvido o seu problema de minimiza¸c˜ao de custos, ´e:

max

q≥0 pq − c(q)

As CPO e CSO desse problema s˜ao:

(CP O) : p = CM g = c0(q)

(CSO) : − c00(q) < 0 ⇒ c00(q) > 0

Logo, a curva de oferta da firma competitiva ´e determinada pela sua curva de custo marginal. Por´em, n˜ao ´e idˆentica a toda curva de custo marginal.

Primeiro, a CSO diz que a curva de oferta de uma firma competitiva ´e igual `a parte crescente da curva de custo marginal. Segundo, a curva de oferta ´e igual `a curva de custo marginal apenas na regi˜ao onde o custo marginal est´a acima do custo vari´avel m´edio. A raz˜ao disso ´e que se o pre¸co, igual ao custo marginal, for menor do que o custo vari´avel m´edio, ´e melhor para a firma encerrar suas atividades: o que ela produz n˜ao cobre nada dos custos fixos nem parte dos custos vari´aveis de produ¸c˜ao.

6 -Custos, pre¸cos CM e CM g CV M e @ @ @ R

A parte hachurada da curva de CM g ´e a curva de oferta da firma competitiva

(16)

Temos os seguintes resultados:

Caso Decis˜ao da Firma Lucro (ou Preju´ızo) p < CV M e Encerra atividades Preju´ızo = CF p = CV M e Indiferente Preju´ızo = CF CV M e < p < CM e Produz Preju´ızo < CF

p = CM e Produz Lucro zero

p > CM e Produz Lucro Positivo

Portanto, a curva de oferta da firma competitiva ´e inclinada positivamente: se o pre¸co do seu produto aumentar, a firma produz mais desse bem.

A fun¸c˜ao de oferta inversa da firma ´e dada por p(q) = CM g(q). Essa fun¸c˜ao mede o pre¸co para ]o qual a firma oferecer´a q unidades do produto. Nos gr´aficos acima, representamos na verdade a curva de oferta inversa, j´a que o eixo vertical representa o pre¸co do bem.

2.5

O Problema de Maximiza¸

ao Direta de Lucros

Vamos agora resolver o problema de maximiza¸c˜ao de lucros da firma de modo direto, ou seja, vamos resolver o problema:

max

x1,x2

pf (x1, x2) − w1x1− w2x2

Note que a quantidade de produ¸c˜ao ´e escolhida de modo impl´ıcito, ao se escolher as quantidades de insumos que maximizam o lucro. Vamos supor que o problema ´e diferenci´avel e que as CSOs s˜ao satisfeitas para um m´aximo. A solu¸c˜ao da maximiza¸c˜ao ´e dada pelas CPOs do problema e resulta nas seguintes igualdades:

pf1(x∗1, x ∗

2) = w1 e pf2(x∗1, x ∗ 2) = w2

O termo ao lado esquerdo das CPOs, chamado valor do produto marginal do insumo i, ´e o pre¸co do bem final multiplicado pelo produto marginal do insumo i, ou seja, o quanto a receita aumenta dado um aumento no uso do insumo i. As CPOs dizem ent˜ao que para uma firma competitiva maximizadora de lucros o valor do produto marginal de cada insumo tem que ser igual ao seu pre¸co.

Se resolvermos as CPO do problema de maximiza¸c˜ao de lucro, encontramos as demandas dos fatores como fun¸c˜ao dos pre¸cos, chamadas demandas incondicionais ou demandas ´otimas por insumos da firma:

x1 = x1(p, w1, w2) e x2 = x2(p, w1, w2) .

A fun¸c˜ao de oferta da firma ´e definida como:

q∗ = q(p, w1, w2) = f (x1(p, w1, w2), x2(p, w1, w2)) .

A fun¸c˜ao lucro, se existir, ´e definida como: π(p, w1, w2) = max x1,x2

(17)

2.6

O Excedente do Produtor e Lucros da Firma

O Excedente do Produtor (EP ) ´e a ´area entre a curva de custo marginal e o pre¸co de mercado, e mede o quanto a firma est´a ganhando ao receber o mesmo pre¸co por unidades que custaram mais barato do que o custo marginal da ´ultima unidade vendida.

6 -Custos q CM e CM g CV M e pM

EP

O lucro da firma ´e a diferen¸ca entre receitas e custos, onde custos podem ser divididos em custos fixos e custos vari´aveis:

Lucro = pq − CV − CF

O EP ´e a ´area entre o pre¸co do bem e a curva de oferta, que ´e igual `a curva de CM g. A ´area abaixo da curva de CM g mede o custo vari´avel da firma. Portanto, temos que:

EP = pq − CV Juntando essa duas rela¸c˜oes, obtemos:

EP = Lucro + CF

O excedente do produtor ´e muito usado para medir a perda ou o ganho de lucro quando a firma varia o seu n´ıvel de produ¸c˜ao. Pela igualdade acima, em que EP = Lucro + CF , a altera¸c˜ao causada no lucro de uma firma devido a uma varia¸c˜ao no pre¸co do bem que ela vende ´

e exatamente igual `a varia¸c˜ao no excedente do produtor, j´a que o custo fixo n˜ao varia com o pre¸co do bem final.

(18)

3

Equil´ıbrio Parcial

3.1

Demanda e Oferta de Mercado

Defini¸c˜ao: Demanda de Mercado. Suponha que existam I potenciais compradores de um bem qualquer. A demanda de mercado de um bem ´e a soma de todas as demandas individuais por esse bem.

A curva de oferta de mercado ´e obtida somando-se as curvas de ofertas de todas as firmas que produzem o bem analisado. Podemos destacar duas curvas de oferta principais: a de curto prazo, que mostra como a oferta da ind´ustria responde a diferentes pre¸cos no curto prazo; e a de longo prazo, que mostra como a oferta da ind´ustria responde a diferentes pre¸cos no longo prazo.

No curto prazo, o n´umero de vendedores no mercado, J , est´a fixo. Esses vendedores podem variar a sua oferta apenas usando os fatores que n˜ao est˜ao fixos.

No longo prazo, nenhum insumo est´a fixo. Al´em disso, firma pode decidir sair do mercado se os custos m´edios de longo prazo n˜ao forem cobertos. Portanto, no longo prazo ocorre um importante ajuste de margem extensiva: a entrada e sa´ıda de firmas, dependendo de a ind´ustria ter lucros ou preju´ızos. Ent˜ao o equil´ıbrio do mercado competitivo de longo prazo ocorre no ponto onde o pre¸co iguala o custo m´edio de longo prazo m´ınimo, e, portanto, iguala o custo marginal. Esse ´e o ponto de m´axima eficiˆencia poss´ıvel, j´a que o bem ´e produzido ao menor custo m´edio poss´ıvel.

Temos portanto duas vari´aveis para determinar no equil´ıbrio de longo prazo de uma ind´ustria competitiva: o pre¸co de equil´ıbrio e o n´umero de firmas da ind´ustria. Essas vari´aveis s˜ao determinadas pelas condi¸c˜oes de equil´ıbrio de mercado (demanda igual `a oferta) e de lucro zero da firma competitiva. Logo, o pre¸co de equil´ıbrio no longo prazo ´e determinado unicamente pela oferta (pela condi¸c˜ao de lucro zero).

3.2

Encontrando o Equil´ıbrio

O mercado de um certo produto est´a em equil´ıbrio quando a demanda se iguala `a oferta. O equil´ıbrio ´e obtido via ajuste de pre¸cos: o pre¸co de equil´ıbrio ´e o pre¸co que faz com que a demanda seja igual `a oferta. Como a demanda diminui se o pre¸co sobe e a oferta aumenta se o pre¸co sobe, s´o existe um pre¸co de equil´ıbrio.

Exemplo: Suponha que a demanda pelo bem ´e D(p) = 10−p e a oferta do bem ´e S(p) = 6+p. O pre¸co de equil´ıbrio ´e o que faz a demanda e a oferta se igualarem:

S(p∗) = D(p∗) ⇔ 10 − p∗ = 6 + p∗ ⇒ p∗ = 2

Ao pre¸co p∗ = 2, a oferta ´e igual a S(2) = 8 e a demanda ´e igual a D(2) = 8. Ou seja, oito unidades do bem s˜ao produzidas e oito unidades do bem s˜ao consumidas ao pre¸co de R$ 2. Se a demanda for maior do que a oferta, dizemos que h´a um excesso de demanda. Se a oferta for maior do que a demanda, dizemos que h´a um excesso de oferta. Em qualquer desses casos, o pre¸co tender´a a se ajustar de modo a equilibrar o mercado.

(19)

6 -Pre¸co Qtde                Curva de Oferta Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q QQ Curva de Demanda q∗ s p∗

3.3

Efeito de um Imposto

Existem dois tipos principais de impostos sobre o consumo de um bem:

1. Imposto sobre a quantidade: taxa cobrada por unidade vendida do bem. Exemplo: a Lei 10.336, de 19 de dezembro de 2001, instituiu a Contribui¸c˜ao de Interven¸c˜ao no Dom´ınio Econˆomico (CIDE) – Combust´ıveis, que tributava em R$ 501,10 o metro c´ubico de gaso-lina, ou seja, cerca de cinquenta centavos o litro de gasolina.

2. Imposto sobre o valor (imposto ad valorem): taxa cobrada sobre o valor do bem, expressa em termos percentuais. Exemplo: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ´e um imposto federal, cuja al´ıquota depende do bem. No caso de cigarros, a al´ıquota do IPI em 1999 era de 41,25% do pre¸co de venda a varejo do ma¸co de cigarro.

Suponha que sobre um determinado bem ´e cobrado um imposto sobre a quantidade de valor t, que pode ser pago tanto pelo vendedor como pelo pelo comprador. Temos que pD = pS+ t

(ou pS = pD − t), onde pD ´e o pre¸co pago pelos consumidores e pS ´e o pre¸co recebido pelos

vendedores (se o imposto fosse do tipo ad valorem, com taxa τ , ter´ıamos que pD = (1 + τ )pS).

O quanto do imposto incide sobre os consumidores e o quanto incide sobre os vendedores depende das caracter´ısticas do mercado, ou seja, da demanda e da oferta, e n˜ao sobre quem recai a responsabilidade de repassar o valor arrecadado com o imposto para o governo.

Al´em disso, um imposto n˜ao gera apenas uma transferˆencia de riqueza dos consumidores e firmas para o governo. Ele diminui a quantidade transacionado do bem e com isso gera uma perda de peso morto (“deadweight loss”), uma renda econˆomica dissipada.

Com a presen¸ca do imposto no valor t, temos agora que:

qD(pD) = qS(pS) , em que pD = pS+ t

Resolvendo o sistema acima, encontramos p∗D e p∗S. A quantidade q∗∗transacionada de equil´ıbrio ´

e dada por q∗∗ = qD(p∗D) = qS(p∗S). A arrecada¸c˜ao do governo ´e t × q

∗∗. Se calcularmos a

quantidade transacionada na ausˆencia do imposto, denotada por q∗, ela ser´a maior do que q∗∗. O peso morto do imposto, no caso de curvas de demanda e de oferta lineares ser´a [t×(q∗−q∗∗)]/2.

(20)

A figura abaixo ilustra como o imposto modifica os pre¸cos de equil´ıbrio. A ´area A ´e excedente do consumidor transferido para o governo e a ´area C ´e excedente do produtor transferido para o governo. Logo, a ´area A + C ´e a receita que o governo arrecada com o imposto. A ´

area B ´e excedente do consumidor dissipado pela diminui¸c˜ao da quantidade de equil´ıbrio dado o imposto. A ´area D ´e excedente do produtor dissipado pela diminui¸c˜ao da quantidade de equil´ıbrio devido ao imposto. A soma B + D, a perda de excedente total, ´e a perda social gerada pelo imposto. Essa perda, chamada tamb´em perda de peso morto ou ˆonus do imposto, constitui uma ineficiˆencia gerada pelo imposto.

6 -Pre¸co Qtde                Curva de Oferta Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q QQ Curva de Demanda q∗∗ q∗ s s s pD pS A B C D

A an´alise realizada acima, utilizando o modelo de equil´ıbrio parcial para investigar o que ocorre quando um imposto ´e colocado em um determinado mercado, ´e chamada est´atica comparativa. Uma an´alise de est´atica comparativa investiga a mudan¸ca que ocorre no modelo usado quando algum parˆametro ex´ogeno (ou seja, n˜ao determinado dentro do modelo) ´e alterado, sem analisar a quest˜ao de como se d´a o processo de mudan¸ca.

Podemos utilizar o modelo de equil´ıbrio parcial para investigar os efeitos de diversas medidas de pol´ıtica econˆomica em um setor da economia, tais como: implementa¸c˜ao de um subs´ıdio, abertura comercial, pol´ıticas de pre¸cos m´ınimos e de pre¸cos m´aximos.

(21)

4

Equil´ıbrio Geral

4.1

Equil´ıbrio Geral com Trocas

A hip´otese fundamental no estudo de equil´ıbrio geral ´e de mercados competitivos. Ou seja, os agentes da economia (consumidores e firmas) s˜ao tomadores de pre¸cos.

N˜ao lidaremos com a quest˜ao de produ¸c˜ao por enquanto. Cada indiv´ıduo da economia recebe uma dota¸c˜ao inicial de bens. Vamos representar pelo vetor ei ∈ Rn+ a dota¸c˜ao inicial dos n bens do consumidor i, i = 1, . . . , I.

O caso de dois indiv´ıduos e dois bens, I = 2 (nesse caso vamos representar os dois consumidores por A e B, para facilitar a nota¸c˜ao) e n = 2, pode ser analisado graficamente por meio da caixa de Edgeworth. A dota¸c˜ao total de uma economia, eT, ´e a soma das dota¸c˜oes iniciais dos

indiv´ıduos da economia. No caso de dois consumidores e dois bens, temos que eT = eA+ eB,

onde ei = (ei1, ei2), i = A, B.

Defini¸c˜ao: Caixa de Edgeworth. A caixa de Edgeworth ´e uma representa¸c˜ao gr´afica dessa economia, onde cada ponto da caixa possui quatro coordenadas, duas referentes ao indiv´ıduo A e duas referentes ao indiv´ıduo B (ver figura abaixo).

A dimens˜ao (o tamanho) da caixa ´e definida pela dota¸c˜ao total da economia. Um ponto na caixa representa uma poss´ıvel distribui¸c˜ao de dota¸c˜ao entre os participantes da economia, sem desperd´ıcios. Todas as poss´ıveis distribui¸c˜oes de bens na economia est˜ao representadas na caixa.

Para completarmos a caracteriza¸c˜ao dessa economia, temos que especificar as utilidades indi-viduais. Temos que E = (ui, ei)Ii=1 representa uma economia de trocas (ou economia de trocas puras ou economia de trocas simples, sem produ¸c˜ao).

Vamos denotar por e = (e1, . . . , eI) a distribui¸c˜ao de dota¸c˜oes na economia e por x = (x1, . . . , xI) uma aloca¸ao dessa economia. Portanto, uma aloca¸c˜ao para a economia E atribui

uma cesta de bens para cada consumidor dessa economia.

0A 6 -0B  ? s s eA 2 eA1 s s eB 2 eB 1 s e = (eA, eB)

(22)

Defini¸c˜ao: Aloca¸c˜ao Fact´ıvel. Dizemos que a aloca¸c˜ao x = (x1, . . . , xI) ´e fact´ıvel se ela

exaure a dota¸c˜ao total de cada bem na economia. Para o caso de dois consumidores, A e B, a aloca¸c˜ao x = (xA, xB), com xA= (xA

1, xA2) e xB = (xB1, xB2), ´e fact´ıvel se:

Bem 1: xA1 + xB1 = eA1 + eB1 Bem 2: xA2 + xB2 = eA2 + eB2

Dizemos que uma aloca¸c˜ao fact´ıvel ´e Pareto-eficiente se n˜ao for poss´ıvel melhorar (estritamente) pelo menos um indiv´ıduo sem piorar ningu´em.

Defini¸c˜ao: Aloca¸c˜ao Pareto-Eficiente. A aloca¸c˜ao fact´ıvel x ∈ F (e) ´e Pareto-eficiente (ou Pareto-´otima ou eficiente de Pareto) se n˜ao existir nenhuma outra aloca¸c˜ao fact´ıvel y tal que ui(yi) ≥ ui(xi), para todo i ∈ I, e uj(yj) > uj(xj), para pelo menos um j ∈ I.

Dado que as trocas na economia s˜ao feitas de forma volunt´aria, se a economia se encontra em uma aloca¸c˜ao Pareto-eficiente, n˜ao ser´a poss´ıvel mudar essa aloca¸c˜ao. Portanto, as aloca¸c˜oes Pareto-eficientes s˜ao candidatas naturais ao equil´ıbrio da economia.

Observa¸c˜oes sobre o Crit´erio de Pareto:

• Uma outra maneira de interpretar: aloca¸c˜oes de recursos em que n˜ao ´e poss´ıvel fazer com que todos melhorem ou que n˜ao ´e poss´ıvel fazer com que algu´em melhore sem que pelo menos uma outra pessoa piore s˜ao aloca¸c˜oes Pareto ´otimas.

• Aloca¸c˜oes eficientes de Pareto s˜ao aloca¸c˜oes em que todos os ganhos de troca se exauriram. Logo n˜ao existem mais trocas mutualmente vantajosas para serem feitas.

• Eficiˆencia de Pareto ´e o que economistas querem dizer quando chamam algo eficiente. • Em geral h´a um conjunto grande de pontos Pareto ´otimos em uma economia. Dizer que

a economia deve estar em um ponto Pareto ´otimo ´e um ju´ızo de valor, mas o mais fraco ju´ızo de valor que se pode fazer a respeito da situa¸c˜ao da economia.

• O crit´erio de Pareto apenas diz que n˜ao deve haver perdas ou desperd´ıcios na economia, ele n˜ao diz nada sobre a distribui¸c˜ao de riqueza de uma sociedade.

Defini¸c˜ao: Curva de Contrato. A curva de contrato ent˜ao ´e o conjunto de todas aloca¸c˜oes Pareto eficientes da economia. Essa curva tamb´em ´e chamada conjunto de Pareto.

0A 6 -0B  ? s e = (eA, eB) s s Curva de Contrato

(23)

Em uma aloca¸c˜ao Pareto eficiente, as taxas marginais de substitui¸c˜ao entre dois bens devem ser iguais entre os consumidores (se n˜ao fosse o caso, existiria alguma troca que melhoraria um dos consumidores sem piorar o outro – observe a figura acima). Note que isso vale para utilidades bem comportadas e aloca¸c˜oes no interior da caixa de Edgeworth.

Exemplo: Suponha dois consumidores, A e B, que possuem dota¸c˜oes iniciais representadas por eA = (ex

A, e y

A) e eB = (exB, e y

B), e utilidades Cobb-Douglas denotadas por:

uA(xA, yA) = xαAy 1−α A e uB(xB, yB) = x β By 1−β B

Igualando a TMS dos dois consumidores, obtemos: T M SA(xA, yA) = αyA (1 − α)xA = βyB (1 − β)xB = T M SB(xB, yB)

Lembrando que toda aloca¸c˜ao Pareto eficiente ´e fact´ıvel e que as aloca¸c˜oes fact´ıveis satisfazem xA+ xB = eTx e que yA+ yB = eTy, obtemos: αyA (1 − α)xA = β(e T y − yA) (1 − β)(eT x − xA)

Resolvendo essa equa¸c˜ao, encontramos yA em fun¸c˜ao de xA, de modo que define a curva de

contrato. Suponha que as utilidades dos dois indiv´ıduos s˜ao iguais (logo, α = β). Ent˜ao a ´

ultima express˜ao acima se torna: αyA (1 − α)xA = α(e T y − yA) (1 − α)(eT x − xA) ⇒ yA= eTy eT x ! xA,

ou seja, a curva de contrato ser´a uma reta, qualquer que seja a utilidade Cobb-Douglas consi-derada (isso n˜ao ocorrer´a se as utilidades dos dois indiv´ıduos forem distintas).

Defini¸c˜ao: Conjunto de Possibilidade de Utilidade. O conjunto de possibilidade de utilidade (CPU) ilustra combina¸c˜oes de utilidades poss´ıveis de serem obtidas, dados os recur-sos da economia. Na fronteira da CPU s˜ao representadas combina¸c˜oes de utilidades geradas por aloca¸c˜oes Pareto eficientes. Mais ainda, toda aloca¸c˜ao Pareto eficiente possui uma repre-senta¸c˜ao da utilidade gerada na fronteira de possibilidade de utilidade (FPU).

6 -uB uA Fronteira de Possibilidade de Utilidade 

(24)

As transa¸c˜oes na economia s˜ao efetuadas em mercados competitivos, onde cada consumidor maximiza o seu bem-estar, dados os pre¸cos de mercado que ele observa. Portanto, o sistema de pre¸cos ´e o instrumento alocativo de uma economia de mercado. Ele determina o valor de cada dota¸c˜ao inicial e, consequentemente, quais cestas de bens est˜ao dentro da possibilidade de consumo de cada indiv´ıduo.

Suponha I consumidores, I = {1, . . . , I} denota o conjunto dos I consumidores. Suponha tamb´em que consumidor i ∈ I tenha uma fun¸c˜ao de utilidade ui. O problema do consumidor

i, no caso de dois bens apenas, ´e: max

xi 1,xi2

ui(xi1, xi2) s.a. p1xi1+ p2xi2 ≤ p1ei1+ p2ei2,

onde ei = (ei

1, ei2) ´e a dota¸c˜ao inicial do consumidor i. Resolvendo o problema do consumidor,

encontramos a sua demanda xi(p, p · ei), onde para o caso de dois bens temos que xi(p, p · ei) =

(xi1(p, p · ei), xi2(p, p · ei)).

Se introduzirmos firmas no modelo de equil´ıbrio geral, a produ¸c˜ao e, portanto, a oferta agre-gada, ser˜ao consequˆencias do comportamento maximizador de lucros das firmas. Logo, a quan-tidade de bens dispon´ıveis para consumo n˜ao ser´a mais fixa e depender´a da decis˜ao de produ¸c˜ao das firmas. O lucro das firmas ser´a distribu´ıdo aos consumidores, que s˜ao os propriet´arios das firmas. Vamos caracterizar firmas por meio da tecnologia de produ¸c˜ao que possuem.

Em pontos de eficiˆencia t´ecnica, as taxas marginais de substitui¸c˜ao entre insumos s˜ao iguais entre firmas, mesmo que estas firmas produzam bens diferentes. Podemos construir o seguinte conceito:

A fronteira de possibilidade de produ¸c˜ao (FPP) mostra a quantidade m´axima do bem Y (di-gamos vinho) que a sociedade pode produzir, para qualquer quantidade do bem X (di(di-gamos p˜ao) produzida.

6

-Bem Y

Bem X Fronteira de Possibilidade de Produ¸c˜ao

 

rA

rB

Pontos na FPP representam a quantidade m´axima do bem X que pode ser produzida para certa quantidade do bem Y . Pontos que est˜ao na FPP s˜ao associados a pontos de eficiˆencia t´ecnica ou eficiˆencia produtiva. Pontos no interior da FPP s˜ao pontos ineficientes do ponto de vista t´ecnico. Podem existir pontos de eficiˆencia t´ecnica que n˜ao representem aloca¸c˜oes Pareto eficientes. Por´em, toda aloca¸c˜ao Pareto eficiente est´a necessariamente associada a um ponto de eficiˆencia t´ecnica.

(25)

O custo marginal do bem X ´e o custo de produzir uma unidade adicional de X, expresso em unidades do outro bem que deixa de ser produzido:

CM gX,Y = − dY dX F P P

O formato da curva da FPP reflete como o custo marginal de um bem muda com a quantidade do outro bem sendo produzida.

Esse custo de oportunidade marginal da FPP recebe um nome: taxa marginal de transforma¸c˜ao dos bens (TMT). Essa taxa mede a taxa pela qual um bem pode ser transformado em outro, no sentido de que os fatores de produ¸c˜ao s˜ao realocados da produ¸c˜ao de um dos bens para a produ¸c˜ao do outro bem.

Suponha que existam J firmas. O conjunto de possibilidade de produ¸c˜ao da firma j, denotado por Yj ⊂ Rn, com n bens, ´e o conjunto de todas as combina¸c˜oes de insumos e produtos

dispon´ıveis para a firma. Um vetor yj ∈ Yj ´e chamado plano de produ¸ao. Dado o vetor de

pre¸cos p ≥ 0, a firma j escolhe o plano de produ¸c˜ao que maximiza lucros: max

yj∈Yj p · y

j

(2) Esse ´e o mesmo problema de maximiza¸c˜ao de lucros da firma analisado antes, mas agora escrito em termos do conjunto de possibilidade de produ¸c˜ao.

Propriedades da fun¸c˜ao lucro e oferta ´otima. Se o conjunto de possibilidade de produ¸c˜ao (CPP) Yj satisfaz certas condi¸c˜oes, ent˜ao, para todo vetor de pre¸cos p  0, a solu¸c˜ao do problema da firma (2) acima ´e ´unica e cont´ınua (denotada por yj(p)). Al´em disso, a fun¸c˜ao

lucro, Πj(p) = p · yj(p), ´e bem-definida e cont´ınua.

O vetor yj(p) ´e chamado fun¸ao de oferta da firma j, em sentido amplo, j´a que engloba n˜ao

somente os bens que a firma produz, mas tamb´em os bens que a firma utiliza como insumos. Os lucros da firma s˜ao distribu´ıdos para os consumidores. Em um modelo intertemporal, eles podem ser reinvestidos na firma.

Defini¸c˜ao: Excesso de Demanda Agregada. A fun¸c˜ao de excesso de demanda (ou exce-dente de demanda) agregada do bem k ´e definida como:

zk(p) = X i∈I xik(p, mi(p)) −X j∈J ykj(p) −X i∈I eik,

e o vetor de excesso de demandas ´e denotado por:

z(p) = (z1(p), . . . , zn(p)) .

Observe que zk(p) = 0 equivale a: I X i=1 xik(p, p · ei) = I X j=J yjk+ I X i=1 eik

Ent˜ao, aos pre¸cos p, se zk(p) = 0, a demanda de mercado pelo bem k iguala a oferta de

(26)

Defini¸c˜ao: Equil´ıbrio. O vetor de pre¸cos p∗ ´e um equil´ıbrio Walrasiano se z(p∗) = 0. Propriedades da Fun¸c˜ao Excesso de Demanda. Se para cada consumidor i ∈ I, ui ´e bem-comportada, ent˜ao, para todo p  0, temos que:

1. (Continuidade) z(p) ´e cont´ınua em p;

2. (Homogeneidade) z(αp) = z(p), para todo α > 0; 3. (Lei de Walras) p · z(p) = 0.

Intui¸c˜ao das propriedades da Fun¸c˜ao Excesso de Demanda:

• (Continuidade) Se um pre¸co varia em uma quantidade pequena, o excesso de demanda agregada varia por uma quantidade pequena. O excesso de demanda ser´a cont´ınuo se as demandas individuais forem cont´ınuas.

• (Homogeneidade) Apenas pre¸cos relativos importam – podemos normalizar os pre¸cos e usar um numer´ario. Logo, n˜ao podemos determinar o valor dos pre¸cos absolutos de equil´ıbrio da economia. Se existem n pre¸cos na economia, apenas n − 1 pre¸cos s˜ao independentes. No caso de dois bens, podemos normalizar um deles em 1 e apenas encontrar o pre¸co relativo do outro.

• (Lei de Walras) O valor do excesso de demanda agregada ´e sempre zero, quaisquer que sejam os pre¸cos de mercado. Consequentemente, se existem n mercados na economia, e n − 1 mercados est˜ao em equil´ıbrio, ent˜ao necessariamente o ´ultimo mercado estar´a em equil´ıbrio. Portanto, para o caso de dois bens, precisamos verificar o equil´ıbrio ape-nas para um dos mercados (uma vez que se um mercado estiver em equil´ıbrio, o outro automaticamente tamb´em estar´a em equil´ıbrio).

Considere a economia de propriedade privada com produ¸c˜ao e suponha que cada utilidade individual satisfaz certas propriedades (por exemplo, ´e bem-comportada) e que o conjunto de possibilidade de produ¸c˜ao de cada firma satisfaz certas hip´oteses (por exemplo, apresenta retornos decrescentes de escala). Suponha tamb´em que y +P

i∈Ie

i  0 para algum vetor de

produ¸c˜ao agregada.

Nesse caso, podemos garantir que existe pelo menos um vetor de pre¸cos p∗  0 tal que o vetor de excessos de demanda seja igual a zero, z(p∗) = 0. A aloca¸c˜ao de equil´ıbrio para uma economia com produ¸c˜ao deve descrever al´em das cestas de consumo de cada indiv´ıduo, os planos de produ¸c˜ao ´otimos de cada firma.

Defini¸c˜ao: Aloca¸c˜ao de Equil´ıbrio Walrasiano (WEA). Seja p∗ um equil´ıbrio para uma economia com produ¸c˜ao. O par de vetores (x(p∗), y(p∗)) ´e uma aloca¸c˜ao de equil´ıbrio Walrasiano, onde:

1. (Maximiza¸c˜ao dos Consumidores) x(p∗) = (x1(p∗), . . . , xI(p∗)) ´e o vetor com as cestas ´otimas de cada consumidor, quando os pre¸cos s˜ao p∗ e a renda do consumidor i, i = 1, . . . , I, ´e mi(p);

2. (Maximiza¸c˜ao das Firmas) y(p∗) = (y1(p∗), . . . , yJ(p∗)) ´e o vetor com os planos de produ¸c˜ao ´otimos de cada firma j, quando os pre¸cos s˜ao p∗;

3. (Equil´ıbrio) Os mercados de todos os bens est˜ao em equil´ıbrio: X i∈I xik(p∗) = X i∈I eik+X j∈J yjk(p∗), ∀k = 1, . . . , n.

(27)

0A 6 -0B  ? @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ @ s Aloca¸c˜ao de equil´ıbrio s xA∗ 2 xB∗2 s xA∗ 1 xB∗ 1 se

A caixa de Edgeworht ilustrada na figura acima mostra um vetor de pre¸cos de equil´ıbrio, que leva os consumidores A e B, a partir de suas dota¸c˜oes iniciais, representadas no ponto e na caixa, `a aloca¸c˜ao de equil´ıbrio x = (xA∗, xB∗), na qual ambos os consumidores est˜ao

maximizando o seu bem-estar e os mercados dos dois bens est˜ao em equil´ıbrio.

O sistema de pre¸cos leva, via mercados funcionando de modo competitivo, a uma aloca¸c˜ao de equil´ıbrio, de modo descentralizado: cada agente econˆomico toma as suas decis˜oes de modo a maximizar o seu bem-estar individual. Desse modo, o sistema de pre¸cos realiza um papel fundamental, de alocar os recursos da economia.

(28)

5

Bem-Estar Social

O Primeiro e o Segundo Teoremas do Bem-Estar s˜ao resultados cruciais sobre bem-estar em economias de mercado. Os dois teoremas respondem `a pergunta em que sentido e sob quais condi¸c˜oes mercados competitivos levam `a eficiˆencia econˆomica e quando qualquer situa¸c˜ao de eficiˆencia pode ser alcan¸cada por um mercado competitivo.

Primeiro Teorema do Bem-Estar. Toda aloca¸c˜ao de equil´ıbrio Walrasiano ´e Pareto-´otima. O Primeiro Teorema do Bem-Estar afirma que todo equil´ıbrio Walrasiano satisfaz o crit´erio de Pareto, ou seja, todo equil´ıbrio em concorrˆencia perfeita ´e Pareto ´otimo. Logo, n˜ao existe nenhum rearranjo de recursos (ou seja, nenhuma mudan¸ca na produ¸c˜ao ou no consumo) tal que algu´em possa melhorar sua situa¸c˜ao sem ao mesmo tempo piorar a situa¸c˜ao de outro. Portanto, o mercado agindo sozinho alcan¸ca uma situa¸c˜ao de equil´ıbrio Pareto ´otima, mesmo com cada agente econˆomico agindo de modo ego´ısta, no sentido de buscar apenas o seu pr´oprio bem-estar. Este resultado est´a relacionado com a famosa “m˜ao invis´ıvel ” de Adam Smith. Observe que a aloca¸c˜ao de equil´ıbrio pode ser bastante desigual e ainda assim ser Pareto eficiente.

Segundo Teorema do Bem-Estar. Sob certas hip´oteses, se x ´e Pareto-eficiente, ent˜ao x ´

e uma aloca¸c˜ao de equil´ıbrio Walrasiano para algum pre¸co p de equil´ıbrio, ap´os uma redistri-bui¸c˜ao adequada de dota¸c˜oes iniciais.

O Segundo Teorema Fundamental do Bem-Estar diz que, “sob certas condi¸c˜oes”, toda aloca¸c˜ao Pareto ´otima pode ser obtida pela economia de mercado, por meio de uma redistribui¸c˜ao adequada das riquezas iniciais dos agentes.

Portanto, o teorema implica que qualquer aloca¸c˜ao Pareto-´otima pode ser atingida por meio do mecanismo de mercado descentralizado, ou seja, n˜ao ´e necess´ario haver um planejador central. O pr´oprio mercado pode alcan¸car a aloca¸c˜ao desejada, sendo necess´aria somente a correta redistribui¸c˜ao de recursos na economia. Neste sentido, ´e poss´ıvel dizer que o segundo teorema do bem-estar permite a separa¸c˜ao dos problemas de eficiˆencia econˆomica e de distribui¸c˜ao dos bens na sociedade.

Falhas de mercado s˜ao situa¸c˜oes que invalidam os teoremas de bem-estar. Em particular, se alguma falha estiver presente, n˜ao podemos afirmar que a aloca¸c˜ao de recursos e bens alcan¸cada por uma economia de mercado satisfa¸ca o crit´erio de eficiˆencia de Pareto.

Exemplos de falhas de mercado:

• Bens P´ublicos: um bem p´ublico (puro) ´e um bem que possui duas caracter´ısticas: 1) n˜ ao-rival: o consumo do bem por uma pessoa n˜ao limita ou diminui a quantidade dispon´ıvel para consumo por outras pessoas; e 2) n˜ao-excludente: n˜ao ´e poss´ıvel (ou ´e muito custoso) excluir indiv´ıduos do seu consumo.

• Externalidades: dizemos que ocorre uma externalidade quando o bem-estar de um agente econˆomico (indiv´ıduo ou firma) ´e afetado diretamente pelas a¸c˜oes de outro agente econˆomico. A externalidade pode ser negativa (se piora o bem-estar do agente) ou positiva (se me-lhora o bem-estar do agente). Um exemplo cl´assico de externalidade negativa ´e polui¸c˜ao. • Poder de mercado: Poder de mercado ocorre quando um agente econˆomico n˜ao toma mais os pre¸cos como dados e possui alguma capacidade de inferir nos pre¸cos de mercado. Exemplos s˜ao monop´olios, oligop´olios, monopsˆonios.

(29)

• Informa¸c˜ao Imperfeita: assimetrias informacionais podem gerar comportamentos es-trat´egicos, onde o objetivo ´e tirar proveito da informa¸c˜ao privada que o agente possui. Em diversos casos, a assimetria de informa¸c˜ao gera uma ineficiˆencia.

Referˆ

encias

Nicholson, W., & Snyder, C. (2008). Microeconomic theory – basic principles and extensions (10th edition). South-Western Cengage Learning.

Varian, H. (2012). Microeconomia – uma abordagem moderna (8a edi¸c˜ao). Elsevier/Editora Campus.

Referências

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