• Nenhum resultado encontrado

Biologia de aves capturadas em um fragmento de Mata Atlântica, Igarassu - PE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Biologia de aves capturadas em um fragmento de Mata Atlântica, Igarassu - PE"

Copied!
82
0
0

Texto

(1)i. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA MESTRADO EM BIOLOGIA ANIMAL. BIOLOGIA DE AVES CAPTURADAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU – PE. VIVYANNE SANTIAGO MAGALHÃES. RECIFE 2005.

(2) ii. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA MESTRADO EM BIOLOGIA ANIMAL. BIOLOGIA DE AVES CAPTURADAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU – PE. VIVYANNE SANTIAGO MAGALHÃES. RECIFE 2005.

(3) iii. VIVYANNE SANTIAGO MAGALHÃES. BIOLOGIA DE AVES CAPTURADAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA, IGARASSU – PE. Dissertação apresentada ao Mestrado em Biologia Animal da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas na área de Biologia Animal.. Orientador: Dr. Severino Mendes de Azevedo Júnior. RECIFE 2005.

(4) iv.

(5) v.

(6) vi. “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”. Theodore Roosevelt.

(7) vii. SUMÁRIO DEDICATÓRIA................................................................................................................ i. AGRADECIMENTOS........................................................................................................ ii. LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... v. LISTA DE TABELAS......................................................................................................... vii. RESUMO........................................................................................................................ viii ABSTRACT..................................................................................................................... ix. 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1. 2. OBJETIVOS............................................................................................................. 5. 2.1. Objetivo Geral.......................................................................................... 5. 2.2. Objetivos Específicos............................................................................... 5. 3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 6. 3.1. Área de estudo.......................................................................................... 6. 3.2. Métodos.................................................................................................... 9. 3.3. Tratamento Estatístico.............................................................................. 13. 4. RESULTADOS........................................................................................................ 15. 4.1. Biologia das Espécies............................................................................... 15. 4.2. Temperatura e Índices Pluviométricos..................................................... 16. 4.3. Bionomia e Biometria............................................................................... 18. 5. DISCUSSÃO............................................................................................................ 33. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 43. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 45. 8. APÊNDICES............................................................................................................ 53.

(8) i. Aos meus avozinhos, Dona Leó e Seu Gigi, in memorian, por terem construído o amor e companheirismo através de uma família tão maravilhosa e deixado valores que nos guiarão como seres viventes conscientes e destinados ao bem. Por terem sonhado com esse momento. Que estejam vendo o resultado do que plantaram!.

(9) ii. Agradecimentos. Hoje agradeço, sobretudo, a Deus, pela minha existência e por toda a confiança que Ele depositou em mim, mostrando que cada minuto trilhado da vida, por mais difícil que seja (e foram anos difíceis), vale a pena! A minha mãezinha querida, Terezinha, que com muito carinho esteve eternamente presente e atenta às minhas necessidades, principalmente nas noites solitárias em que me encontrava acordada escrevendo, com seus lanchinhos providenciais. Fez tudo isso de coração aberto, muitas vezes sequer imaginando a dimensão dos meus projetos de vida. Ao meu pai, Mariceu, que este ano de 2004 vivenciou tantas mudanças em sua vida, mas mesmo assim não se rendeu às adversidades, estando pronto aos meus chamados sem pestanejar e providenciou – orgulhoso – toda a logística para facilitar a escrita da minha dissertação. Aos meus irmãos, Polyanna e “Manoel”, que passam atualmente pelo mesmo momento “literário” que eu, mas que, ainda assim, encontraram a palavra certa para me ajudar e depositar confiança e estímulo a continuar, desde o campo, do qual sem eles esta empreitada não teria sido concluída. A Maria José e a Rose e os meninos, Camila e Tiago, que ajudaram da forma que puderam e trouxeram momentos de descontração tão necessários nessa fase. A família como um todo, pela paciência e compreensão da minha ausência (para alguns, uma ausência aliviada – rs). Foi apenas uma etapa minha gente. Estou de volta!!! Ao orientador, Severino Mendes de Azevedo Júnior, por aceitar ceder seu nome para que eu pudesse seguir adiante com meu projeto. Agradeço as oportunidades profissionais que me ofereceu ao longo desses anos. A CAPES pelo apoio financeiro concedido durante parte do período do mestrado..

(10) iii. A Michele e Roberto Siqueira, que permitiram a realização desta pesquisa no RECD e ajudaram no que puderam, tornando possível este desafio; não esquecendo àqueles que fazem parte íntima do Refúgio: Daniel, Henrique, Branco e Manoel. Aos queridos, Rachel e Wallace, que começaram tudo isso, através de um convite que inicialmente pensei que seria apenas um sonho. Este sonho está em fase de conclusão, meninos. Obrigada! Àqueles que participaram desse processo nos bastidores: Ana Elizabeth, da Secretaria do Mestrado; Mário, experiente taxidermista e “professor de campo” do Laboratório de Ornitologia da UFPE com quem aprendi bastante; Ana Katarina da biblioteca da UFRPE, sempre disposta a ajudar “para ontem” e Gustavo da geologia da UFPE, com seu profissionalismo e simpatia atuantes. Aos professores da UFPE que se dispuseram e auxiliaram este trabalho com grande empenho, cada um dentro da sua especialidade: José Roberto Botelho, Miriam Camargo Guarnieri, Maria Eduarda de Larrazábal, Sigrid Leitão e Waldir Luna. A Marina Anciães, que se mostrou sempre receptiva, mesmo virtualmente. A Daniela Pedrosa, vulgo Dani Bananinha, por todo o apoio desde o campo ao trabalho braçal no computador e pelo grande carinho que construímos durante esse período de convivência intensa. Uma pessoa que nunca me faltou quando mais precisei. Obrigada! Aos amigos: Carmem, Samanta, Luiza, Emerson, Weber, Mércia, Cláudio Cazal, Sheila (Popoca), Viviane, Tininha, Milena, Arnaldo, juntamente com todos do Laboratório de Répteis da UFPE, pela força. A Karina Linhares: abro um espaço especial a você amiga que muito me ensinou em tão pouco tempo e sempre esteve por perto. Que bom essa disciplina ter existido para nos aproximar ainda mais! A Marco Antônio, eita, vixe, oxe, Marco Antônio... Por todo carinho, atenção, paciência (sobretudo), ajuda, leitura crítica, apoio moral, madrugadas virtuais de estudo, momentos de relaxamento e, principalmente, pela confiança ilimitada na minha capacidade e no meu trabalho, qualquer que seja ele. E ainda, agradeça por mim aos.

(11) iv. amigos em comum que fizemos ou adquirimos um do outro nessa sua terrinha e que também desejaram o melhor. Valeu! A ADAGRO, nas pessoas de Dr. Jair Virgínio e Fernando Góes de Miranda, que compreenderam esse momento importante da minha carreira profissional e deram oportunidade para que eu concluísse com tranqüilidade essa etapa, me resguardando das demais tarefas que me competiam. Sem essa ajuda, talvez eu não tivesse conseguido. Virgínia, Edjailson e Tereza pela força, compreensão e cuidados sempre presentes e aos demais companheiros da ADAGRO, pela torcida incondicional. A Maria Luiza Santos, pelos dias (principalmente seus sábados) que dedicou em me ajudar com a parte estatística, até tarde da noite, com olhos vermelhos de cansaço, mas sem pestanejar no apoio irrestrito. Uma nova amizade construída! E a Rodrigo, pelo bom humor sempre presente e pelo empréstimo do quarto e do computador. Ao professor Edmilson Mazza que nessa reta final foi fundamental para a conclusão do meu estudo, trabalhando em tempo recorde em pleno carnaval. A todos que porventura não citei, mas que ajudaram de alguma forma. Ao Gordo, Sérgio eu agradeço... Ele sabe por quê! E aos seus pais, Cristina Alcantara e José Elizeu e Silva, que sempre estiveram presentes, ajudando e torcendo, sobretudo. Meu muito obrigada! E a minha eterna Kelly, em nome de todos os animais..

(12) v. LISTA DE FIGURAS Figura 1.. Planta Diretora de Igarassu (Escala 1:760.000). A. Localização do município de Igarassu. B. Posição geográfica do Refúgio Ecológico Charles Darwin (RECD). C. Localização georeferenciada das redes. Fonte: SINTAXE Consultoria................................................... Figura 2.. 6. Aspectos da vegetação a partir de campo aberto. Em destaque, notar proporção da altura da mata em relação à estatura de um adulto. Foto da autora.......................................................................... Figura 3.. 8. Medição do Turdus leucomelas (Sabiá-barranco): A. Medição da asa; B. Medição do diâmetro do tarso, no terço distal; C. Comprimento do tarso. Fotos: Marco A. B. de Almeida..................... Figura 4.. 11. Placas de Incubação: A. Placa em estágio 2, entrando na fase de postura; B. Placa em estágio 3, correspondente ao período de incubação dos ovos propriamente dito (IBAMA 1994). Fotos da autora................................................................................................... Figura 5.. 12. Índice de Precipitação Pluviométrica, distribuído ao longo dos meses de coleta.................................................................................... 16. Figura 6.. Temperatura média distribuída ao longo dos meses de coleta............ 17. Figura 7.. Freqüência da presença e ausência de Placa de Incubação ao longo dos meses de estudo............................................................................. Figura 8.. Freqüência de placa e muda simultâneos (sobreposição) por tipo, segundo o mês de ocorrência............................................................... Figura 9.. 24. 26. Representação gráfica de um plano fatorial numa análise dos componentes principais, utilizando-se o método de ordenação e projeção. Foram projetados no Eixo I-II os vetores espécies, fatores abióticos e meses de captura................................................................ Figura 10.. 27. Espécies capturadas no RECD entre julho de 2003 e junho de 2004. A. Conopophaga lineata, B. Xenops minutus, C. Touit surda, D. Ornithion inerme. Fotos da autora....................................................... 28.

(13) vi. Figura 11.. A. Ninho ocupado em dezembro de 2003 pelo Trogon curucui (Surucuá-de-barriga-vermelha). B. Ninho destruído em fevereiro de 2004, com ovo em seu interior. C. Detalhe dos outros ovos destruídos fora do ninho. Fotos da autora............................................ 31.

(14) vii. LISTA DE TABELAS. Tabela I.. Tempo de anilha das espécies recuperadas no RECD entre 1996/1997 e 2003/2004. A = Adulto, J = Jovem, M = Macho, F = Fêmea, I = Indeterminado, Id = Idade, Sx = Sexo, TA = Tempo de Anilha................... Tabela II.. 15. Freqüência de ocorrência, médias e desvio padrão das massas corpóreas registradas para as espécies de aves capturadas no RECD entre julho de 2003 e junho de 2004. Ordem de evolução de acordo com SICK (1997). FO = freqüência de ocorrência, <MC(g) = menor massa corporal encontrada, >MC(g) = maior massa corporal encontrada, dp = desvio padrão e (n) = nº de indivíduos analisados quanto ao peso........................... Tabela III.. 19. Média e desvio padrão da massa corpórea de três espécies de aves segundo o sexo dos animais. (n) = número de indivíduos analisados por espécie e sexo, dp = desvio padrão................................................................ Tabela IV.. 20. Média e desvio padrão da massa corpórea de três espécies de aves segundo a estação seca e chuvosa. (n) = número de indivíduos analisados por espécie e sexo, dp = desvio padrão......................................................... Tabela V.. 21. Média e desvio padrão das medidas: asa, tarso e diâmetro do tarso de três espécies de aves segundo o sexo dos animais. (n) = número de indivíduos analisados por espécie e sexo, dp = desvio padrão, Ø do tarso = diâmetro do tarso.......................................................................................................... Tabela VI.. Avaliação da ocorrência de cada tipo de muda segundo a estação da captura........................................................................................................... Tabela VII.. 23. Avaliação da ocorrência de cada tipo de muda segundo a ocorrência de placa de incubação......................................................................................... Tabela VIII.. 22. 25. Informações sobre bionomia e biometria de duas espécies de aves para o RECD. ST = status, ST1 = ave nova, AN = anilha, GT = guilda trófica, Frug. = frugívoro, Inset. = insetívoro, ID = idade, I = indeterminado, A = adulto, SX = sexo, PI = placa de incubação, RG = rêmiges, N = ausente, CN = contorno, C = cabeça, D = dorso, V = ventre, RT = retriz, RP = penas em reposição, RTD = reposição retriz direita, RTE = reposição retriz esquerda, AS = comprimento da asa, T = comprimento do tarso, ØT = diâmetro do tarso, CC = comprimento da cauda, CM = cúlmen total, NP = narina ponta, CT = comprimento total, P = peso................................. 30.

(15) viii. RESUMO. Este trabalho estudou a biologia da avifauna do Refúgio Ecológico Charles Darwin, fragmento de 60 ha de Mata Atlântica, no município de Igarassu, Pernambuco. Objetivando obter informações acerca das espécies desse bioma, foram realizadas observações entre agosto de 1996 e julho de 1997 e capturas mensais utilizando redes de neblina, de julho de 2003 a junho de 2004. Entre observações, capturas, recapturas e recuperações, foram registradas 151 espécies (31 famílias) para a área, onde 456 aves de 53 espécies e 25 famílias foram capturadas com redes ornitológicas. Foram recuperadas 10 espécies (tempo de anilha de seis a oito anos). O número de capturas foi maior nos meses mais quentes. A maioria das espécies capturadas (52,8%) teve freqüência de ocorrência menor que 25%, sendo Manacus manacus (Linnaeus, 1766), Arremon taciturnus (Hermann, 1783), Neopelma pallescens (Lafresnaye, 1853) e Turdus leucomelas Vieillot 1818 as mais freqüentes. Houve correlação significativa entre médias de massa corpórea e comprimento da asa e tarso e diâmetro do tarso relacionado ao sexo do indivíduo, e de mudas com estação do ano. O maior período com muda associada à placa de incubação foi de março a maio (pico em maio). Os achados fortalecem a imprevisibilidade dos efeitos das alterações ambientais na estrutura da comunidade de aves em longo prazo. Mantém-se afirmativo que os desequilíbrios populacionais possam vir a aumentar as chances de extinção, sendo necessárias novas alternativas para a proteção da biodiversidade, sobretudo em fragmentos florestais. PALAVRAS CHAVE. Avifauna, ecologia, fragmentação..

(16) ix. ABSTRACT Biology of birds captured in an Atlantic Forest fragment, at Igarassu, Pernambuco A study was carried out, about biology of the avifauna of the Refúgio Ecológico Charles Darwin, a 60 ha fragment of Atlantic Forest, in the town of Igarassu, Pernambuco. Planning obtain information about the species of that bioma, were carried out observations between August – 1996 and July – 1997 and monthly captures utilizing mist nets, between July – 2003 and June – 2004. Among observations, captures, recaptures and recovers, 151 species (31 families) were registered in the study area, and 456 birds (from 53 species and 25 families) were trapped in the nets. Ten species had been recovered (time of banding from six to eight years). The amount of captures it was bigger in hottest months. The majority of captured species (52,8%) had frequency of occurrence less than 25%. Manacus manacus (Linnaeus, 1766), Arremon taciturnus (Hermann, 1783), Neopelma pallescens (Lafresnaye, 1853) and Turdus leucomelas Vieillot 1818 was the most frequent. It had significant correlation between averages of corporal mass and length of the wing and tarsus and diameter of tarsus related with sex, and of molt with seasons. The main period with molt associated to the brood patches was from March to May (with a peak in May). The findings fortify the unpredictability of the effects of alterations in the structure of bird community in long stated period. It is remained affirmative that the population unbalance can come to increase the extinguishing possibilities, being necessary new alternatives for the protection of biodiversity, over all in forest fragments. KEY fragmentation.. WORDS.. Bird community, ecology,.

(17) 1. 1. INTRODUÇÃO. A rapidez com que os ambientes naturais estão sendo destruídos não tem precedentes na evolução histórica da floresta tropical úmida e certamente pode causar profundos efeitos sobre o ecossistema (BIERREGAARD et al. 1992). Neste contexto, a Mata Atlântica é considerada um dos ecossistemas florestais mais ameaçados e devastados pelo homem, um dos “hotspots” da biodiversidade, com seus remanescentes florestais sofrendo ainda forte pressão antrópica (FONSECA 1985; RANTA et al. 1998, MYERS et al. 2000), restringindo-se, atualmente, a apenas 7,3% de sua cobertura original (IBAMA 2003). A região Nordeste possuía 36,8% de sua área coberta com este ecossistema no início do século XX e o Estado de Pernambuco 34,14% no mesmo período (GONZAGA DE. CAMPOS 1912). Atualmente mantém apenas 2% da sua cobertura original, em. fragmentos rodeados por monoculturas canavieiras e aglomerados urbanos (VIANA et al. 1997; CHIARELLO 1999; SILVA & TABARELLI 2000). Sendo assim, o que resta de Mata Atlântica em Pernambuco está distribuído principalmente em pequenos fragmentos, uma vez que aproximadamente 48% dos trechos restantes possuem menos de 10 hectares e apenas 7% destas “ilhas” são maiores que 100 ha com o tamanho médio de 34 ha por fragmento (RANTA et al. 1998). Apesar de tão explorada, pouco se conhece da Floresta Atlântica, mas sabe-se que este complexo ecossistema contém uma diversidade de espécies maior do que a Floresta Amazônica e é caracterizada por altos níveis de endemismo entre plantas e animais (FONSECA 1985; BROWN & BROWN 1992, TERBORGH 1992)..

(18) 2. A destruição da floresta tem resultado na eliminação de muitas populações e potencialmente, na erosão da diversidade genética de várias espécies (BROWN & BROWN 1992, MORELLATO & HADDAD 2000). Inicia-se assim um processo contínuo de extinção local, onde a composição e diversidade biológica da comunidade passam por estágios de transição até a fase de equilíbrio (TABARELLI 2000). WILLIS (1979) e BIERREGAARD et al. (1992) estão de acordo com TABARELLI (2000) quando relatam a diminuição da área florestal associada a um decréscimo no número de espécies de aves. Por isso entende-se que a presença ou ausência de certas espécies em áreas estudadas da Mata Atlântica ou de outros ecossistemas, determinam a situação ecológica de ecossistemas específicos (TELINO JÚNIOR et al. 2000). MARINI (1998), em estudos acerca dos efeitos da fragmentação florestal sobre as aves, relata a importância das pequenas áreas fragmentadas de Mata Atlântica, bem como a necessidade de preservação e desenvolvimento de novas pesquisas nestes refúgios. Para LAURANCE (1991) e TABARELLI (2000), a fragmentação apresenta efeitos em longo prazo sobre as populações através de mudanças nos principais processos ecológicos como a polinização, predação, comportamento territorial e hábitos alimentares. Esses efeitos podem surgir como resultado indireto de conseqüências microclimáticas da fragmentação, como mudança na radiação solar, umidade e padrões de vento, que são importantes para muitos organismos. Toda essa fragmentação aumenta a proporção das áreas de borda nesta região, que se apresenta fisicamente diferente do interior do habitat, estando inversamente relacionado ao tamanho do fragmento, o que resulta em falha por estes fragmentos em suportar espécies geralmente encontradas em ecossistemas intactos (BIERREGAARD et al..

(19) 3. 1992; RANTA et al. 1998). Para a avifauna, a fragmentação florestal geralmente atua favorecendo as aves de ambientes abertos e de borda, atuando negativamente, na maior parte dos casos, sobre espécies florestais (WILLIS 1979; BIERREGAARD et al. 1992; ALEIXO & VIELLIARD 1995). Os distúrbios antropogênicos no hábitat natural, aliados aos fatores supracitados, levam à necessidade de acompanhamento do tamanho e qualidade das populações silvestres, o que pode ser feito através do desenvolvimento de métodos simples, aplicadas como índice para monitoramento do grau de conservação de populações de aves em fragmentos da Mata Atlântica (ANCIÃES & MARINI 2000 a e b). Segundo AZEVEDO-JÚNIOR et al. (2001), diversos estudos já demonstraram a importância da marcação de aves, principalmente no que concerne a dados sobre a biologia, longevidade, deslocamentos e migrações. SICK (1997) afirma que o anilhamento é útil, se não indispensável para estudo de populações locais, incluindo aquelas que não migram, trazendo informações importantes como subsídios das atitudes e políticas de conservação, empreendidas pelo órgão federal responsável (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA), bem como pela difusão do uso da técnica de anilhamento em aspectos de pesquisa básica ou aplicada (IBAMA 1994). Embora as aves, de um modo geral, já se apresentem como um grupo amplamente estudado, informações relacionadas à bionomia e biometria são escassas (CLARK JÚNIOR 1979, FOSTER 1975, REINERT et al. 1996). Estudos prolongados sobre mudas de aves neotropicais são raros (MARINI & DURÃES 2001). Aqueles autores que trazem informações sobre massa corpórea, em geral apresentam informações pontuais, bem como aqueles que fazem inferência acerca de dados biométricos (BALDWIN &.

(20) 4. KENDEIGH 1938, MCNEIL 1971, CLARK JÚNIOR 1979, ONIKI 1981, ONIKI & WILLIS 1993, REINERT et al. 1996). A despeito disto, poucas são as pesquisas realizadas que mostram como as espécies respondem ao atual estado de fragmentação de seus habitats na região nordestina. Alguns trabalhos ornitológicos com anilhamento e biologia das espécies foram desenvolvidos entre os anos de 1996 e 1997, na mesma área onde foi realizado o presente trabalho (LYRA-NEVES et al. 2000; TELINO-JÚNIOR et al. 2000). Desta forma, objetiva-se apresentar novas informações acerca da biologia das espécies de aves em uma área fragmentada de Mata Atlântica secundária no nordeste do Brasil, através de informações obtidas por observação, captura, recaptura e recuperação, visando à obtenção de dados que possam ser utilizados em estratégias de conservação da avifauna..

(21) 5. 2. OBJETIVO. 2.1. OBJETIVO GERAL Esta pesquisa teve como objetivo apresentar novos conhecimentos acerca da biologia das espécies de aves em um fragmento de Mata Atlântica, que possam ser utilizadas para subsidiar estratégias de conservação da avifauna. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ► Gerar informações sobre a biologia das espécies de aves capturadas em um fragmento de Mata Atlântica, pela avaliação da idade, sexo, tempo de anilha, período reprodutivo e mudas; ► Inferir se há ou não diferenças e associações significativas entre fatores bióticos e abióticos encontrados..

(22) 6. 3. MATERIAL E MÉTODOS. 3.1. ÁREA DE ESTUDO O presente estudo foi desenvolvido no Refúgio Ecológico Charles Darwin – RECD (Figura 1), Zona da Mata Úmida Norte do Estado de Pernambuco (ANDRADELIMA 1960; LYRA-NEVES et al. 2000).. Figura 1. Planta Diretora de Igarassu (Escala 1:760.000). A. Localização do município de Igarassu. B. Posição geográfica do Refúgio Ecológico Charles Darwin (RECD). C. Localização georeferenciada das redes. Fonte: SINTAXE Consultoria..

(23) 7. O RECD é um fragmento florestal de Mata Atlântica localizado no Município de Igarassu entre as coordenadas 7º48’ e 7º49’ Sul e 34º56’ e 34º57’ Oeste, distando 34 km da capital pernambucana, fazendo parte do Complexo Litorâneo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Propriedade de domínio privado ocupa uma área de aproximadamente 60 ha, totalmente ilhada por monocultura de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.). Criado há cerca de 40 anos, somente no final da década de 80 teve início à sistematização de suas atividades como Centro de Pesquisas (LIMA 1998). A floresta que compõe este fragmento sofreu ação antrópica no passado, sendo atualmente representada por um remanescente de Mata Atlântica com formação vegetal secundária em fase de recomposição, embora as áreas vizinhas já estejam desmatadas servindo à agropecuária. Conforme descrito em trabalhos anteriores (FIDEM 1993), nesta zona da mata a vegetação encontra-se dividida em capoeirão, capoeira rala, vegetação arbustiva e campos, assim descritos: capoeirão, de formação secundária, originária da Floresta Atlântica primitiva, apresenta vegetação arbórea, onde predomina espécies de porte médio e alto, demonstrando recomposição; a capoeira rala é semelhante ao capoeirão, porém, de porte menor e com uma maior densidade de espécies; a vegetação arbustiva é constituída por uma faixa de transição, com extrato arbóreo inferior a três metros de altura, composta por arbustos finos e gramíneas; nos campos predominam as gramíneas, com diversas espécies arbóreas (frutíferas em sua maioria, a exemplo de: sapotizeiro [Achras sapota L.], pitangueira [Eugenia uniflora L.] e cajueiro [Anacardium ocidentalis L.]), sendo distribuídas espaçadamente ao longo da área. A borda da mata é composta predominantemente por vegetação arbustiva e o seu interior composto principalmente por capoeirão (Figura 2)..

(24) 8. ANDRADE-LIMA (1961) relata que causas diversas condicionam os tipos de floresta, sendo a mais importante delas o clima. O autor afirma que em Pernambuco ocorre significativa variação de condições climáticas, sendo a distribuição das chuvas desiguais em todas as áreas do Estado. Nos municípios mais próximos da costa há chuvas entre abril e agosto, podendo prolongar-se até setembro, em um total anual variando de 700 a 1.300 mm/ano nos municípios mais ao norte e de 1.500 a 2.300 mm/ano naqueles municípios costeiros e do sul do Estado, em Recife chegando a 1.700 mm/ano (RANTA et al. 1998), com os períodos de estiagem descritos por AZEVEDOJÚNIOR (1990) ocorrendo entre os meses de setembro a março.. Figura 2. Aspectos da vegetação a partir de campo aberto. Em destaque, notar proporção da altura da mata em relação à estatura de um adulto. Foto da autora.. O clima de Igarassu é considerado quente e úmido (LYRA-NEVES 1998). Quanto à hidrografia, o RECD é cortado pelo Rio Tabatinga, também chamado de Jacoca, cujo.

(25) 9. leito é perene e possui uma largura variando de dois a oito metros e sua profundidade entre 30 centímetros a dois metros (LYRA-NEVES op cit.).. 3.2. MÉTODOS No RECD, dois ambientes foram escolhidos, sendo denominados Área I (AI) e Área II (AII). Ambos tiveram redes posicionadas na borda e no interior da mata. Cada área foi amostrada mensalmente durante um período de três dias, entre julho de 2003 e junho de 2004. A AII não foi amostrada no mês de novembro, sendo as duas expedições realizadas na AI. Para algumas análises, este mês foi removido ou, quando possível, a média de espécies capturadas naquele mês foi utilizada para os cálculos. O registro das espécies presentes no RECD (Apêndice 1) ocorreu entre os períodos de agosto de 1996 a julho de 1997 (apenas por meio de observação visual) e de julho de 2003 a junho de 2004 através de um esforço padronizado de captura pelo uso de redes de neblina (mist-net), em número médio de 12, com 36 mm de malha, 12 m de comprimento e aproximadamente 3 m de altura. As redes foram dispostas em transecções lineares no sub-bosque, com localização georeferenciada para as redes colocadas entre 2003 e 2004, que foram abertas entre 5:00h e 10:00h e fechadas no intervalo mais quente do dia, quando as aves estão em descanso. As mesmas foram reabertas das 15:00h às 17:00h, quando retornam a atividade mais intensa antes do período de repouso. As redes foram vistoriadas a cada hora. Todos os dados referentes à biometria e bionomia (idade, sexo, mudas, placa de incubação, guildas alimentares, recapturas e recuperações) foram anotados em planilha de campo (Apêndice 2) para cada indivíduo capturado..

(26) 10. Para fins desse trabalho, entende-se por captura toda ave marcada pela primeira vez. Por recaptura as aves que são marcadas e capturadas novamente pelo mesmo pesquisador, naquela localidade. E recuperação, quando são capturadas aves marcadas por outros anilhadores. Dados de temperatura e pluviometria para o período de 2003 e 2004 foram obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), pela Seção de Observação e Meteorologia Aplicada (SEOMA). Todos os indivíduos foram identificados ao nível específico, de acordo com DUNNING (1987), RIDGELY & TUDOR (1994 a-b), SICK (1997) e SOUZA (2002). A nomenclatura científica e os nomes vulgares utilizados são aqueles propostos por SICK (1997). As aves capturadas receberam anilhas metálicas fornecidas pelo Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação de Aves Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (CEMAVE/IBAMA) seguindo as orientações contidas no manual de anilhamento deste centro (IBAMA 1994). Para os dados biométricos, todos os indivíduos capturados foram mensurados, utilizando-se: paquímetro com precisão de 0,02 mm e régua metálica milimetrada, onde foram aferidos comprimento das asas e tarsos e diâmetro dos tarsos. As asas foram medidas pelas penas primárias em sua extensão plena, mantidas o mais retilínea possível. A décima primária não foi considerada na medição por ser rudimentar em alguns grupos (SICK 1997). Os tarsos foram mensurados a partir da articulação tíbiotarso até o final da última escama completa do tarso e o seu diâmetro medido longitudinalmente na porção mais distal do tarso, próximo à articulação tarso-metatarso (Figura 3). Aves em muda de rêmiges primárias ou com anomalias nos tarsos não foram.

(27) 11. medidas. A massa corpórea foi obtida através de balanças Pesola tipo dinamômetro com precisão de 1 e 2g.. Figura 3. Medição do Turdus leucomelas (Sabiá-barranco): A. Medição da asa; B. Medição do diâmetro do tarso, no terço distal; C. Comprimento do tarso. Fotos: Marco A. B. de Almeida.. A determinação da idade e sexo, quando possível, foi baseada na plumagem. Quanto às mudas, foram observadas: penas de contorno (penas que recobrem o corpo), penas da asa ou rêmiges e penas da cauda ou retrizes. Foi estabelecida a presença de muda de contorno quando havia penas em crescimento (canhão) na região da cabeça, dorso e ventre, num número mínimo de três penas em quaisquer dessas regiões. Nas penas de vôo da asa, apenas as mudas das rêmiges primárias foram observadas, critério amplamente utilizado nos trópicos (MILLER 1961), aconselhado por este fenômeno ocorrer em um curto espaço de tempo, substituindo praticamente toda a plumagem no período de muda (AVERY 1985). Em acordo com o trabalho de MARINI & DURÃES (2001), nesta pesquisa as rêmiges e retrizes foram consideradas em muda somente.

(28) 12. quando apresentavam reposição simétrica e para esta análise foram excluídas as aves imaturas ou àquelas com algumas penas perdidas acidentalmente durante a captura e processamento. Para a análise das mudas, àquelas aves recapturadas ou recuperadas em diferentes meses foram tratadas como novos registros, mas somente no primeiro registro individual do mês amostrado (MARINI & DURÃES op cit.). Para o estudo reprodutivo, foi analisada a presença de placa de incubação ou placa de choco, observação que evidencia a atividade reprodutiva (Figura 4). Para avaliação deste parâmetro, utilizou-se a classificação adotada pelo Manual de Anilhamento de Aves Silvestres do CEMAVE (IBAMA 1994).. Figura 4. Placas de Incubação: A. Placa em estágio 2, entrando na fase de postura; B. Placa em estágio 3, correspondente ao período de incubação dos ovos propriamente dito (IBAMA 1994). Fotos da autora.. As espécies foram classificadas quanto à sensibilidade ao ambiente alterado, segundo PARKER III et al. (1996). Esta sensibilidade demonstra o comportamento diferenciado entre as espécies com relação aos distúrbios ambientais provocados pelo homem. A presença de espécies altamente sensíveis denota sua importância como.

(29) 13. bioindicadores de ambientes antropizados. PARKER III et al. (1996) determinam ainda aquelas espécies com prioridade de conservação ou com prioridade de pesquisa (Apêndice 1). A primeira é estimada através do estado de conservação do habitat, local de distribuição da espécie, abundância relativa, tolerância ao habitat e sensibilidade aos distúrbios. A segunda baseia-se no conhecimento da história natural, distribuição e taxonomia de cada espécie. Poucas espécies neotropicais já foram estudadas detalhadamente. Muitas dessas com prioridade de pesquisa ocorrem especificamente em vários locais e são de grande importância para a conservação. As espécies endêmicas e ameaçadas de extinção foram identificadas segundo SICK (1997) e através da Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (IBAMA 2003). As guildas alimentares foram agrupadas em quatro categorias tróficas: Onívoras (O), Granívoras (G), Insetívoras (I) e Frugívoras (F), seguindo WILLIS (1979), TERBORGH et al. (1990) e SICK (1997).. 3.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO Quanto ao tratamento estatístico dos dados, foi calculada a freqüência de ocorrência (FO) das espécies de aves capturadas. Estas interpretam, em porcentagem, o número de visitas em que uma espécie foi encontrada, avaliando a regularidade com que a mesma foi achada na área analisada. Foram obtidas distribuições absolutas, percentuais das variáveis nominais ou categóricas e as medidas: média e desvio padrão para as variáveis numéricas (estatística descritiva) e foi utilizado o teste t-Student para amostras independentes com variâncias iguais ou desiguais e teste Qui-quadrado de independência (estatística inferencial). A verificação da hipótese de igualdade de variâncias foi realizada através do teste F..

(30) 14. Objetivando proporcionar informações sobre as semelhanças ecológicas das amostras, foi empregado o Método de Ordenação através da Análise de Componentes Principais (ACP) para espécies com FO superior a 58%, através do índice de correlação de Pearson, utilizando-se o Software NTSYS pc 2.1. Para este método houve cruzamento dos dados de FO com fatores abióticos, como temperatura e pluviometria. O nível de significância utilizado na decisão dos testes estatísticos foi de 5% (0,05). Os dados foram digitados na planilha Excel e o “software” utilizado para a obtenção dos cálculos estatísticos foi o SAS (Statistical Analysis System) na versão 8..

(31) 15. 4. RESULTADOS 4.1. BIOLOGIA DAS ESPÉCIES Entre 1996 e 1997 (observações) e 2003 e 2004 (capturas), foram registradas 151 espécies de 31 famílias de aves para o RECD. No período de 2003 e 2004 foram analisados 456 indivíduos pertencentes a 53 espécies e 25 famílias de passeriformes e não-passeriformes, através de capturas, recapturas e recuperações. O esforço amostral totalizou aproximadamente 490 horas/rede para os 12 meses analisados. Desse total, 335 foram capturas, 98 recapturas e 23 recuperações (Apêndice 1). Dos 23 animais recuperados, 14 caíram na rede uma única vez, totalizando 3,07% dos indivíduos amostrados, abrangendo 5 famílias de 10 espécies diferentes (Tabela I).. Tabela I. Tempo de anilha das espécies recuperadas no RECD entre 1996/1997 e 2003/2004. A = Adulto, J = Jovem, M = Macho, F = Fêmea, I = Indeterminado, Id = Idade, Sx = Sexo, TA = Tempo de Anilha Espécies Arremon taciturnus. Cyanerpes cyaneus Cyclarhis gujanensis Euphonia violacea Manacus manacus Neopelma pallescens Ramphocelus bresilius Thamnophilus caerulescens Thlypopsis sordida Xiphorhynchus picus. Anilha E26784 E26797 E30687 C25334 G31230 1D30305 D30630 1D30398 D30603 1D30330 E26799 1D30335 D30618 G31208. Capturas 09/03/96 16/08/96 09/09/97 21/12/96 28/11/96 10/03/96 09/01/98 17/03/97 01/04/97 26/06/96 16/08/96 26/06/96 06/06/97 16/06/96. Datas Recuperações 24/04/04 24/01/04 12/06/04 28/02/04 28/02/04 04/10/03 28/02/04 27/03/04 14/07/03 07/09/03 27/12/03 09/11/03 12/06/04 28/12/03. Capt. Id Sx A M A I A M A M A I A M A F J I A I A I A M A M J I A I. Recup. Id Sx A M A M A M A M A I A M A F A F A I A I A M A M A M A I. TA >8 anos >8 anos >7 anos >8 anos >8 anos >7 anos >6 anos >6 anos >7 anos >7 anos >7 anos >7 anos >7 anos >7 anos. Tais recuperações ocorreram seis a oito anos após a captura, onde a maioria dos indivíduos naquele período já era adulta, aumentando o tempo de vida estimado..

(32) 16. 4.2. TEMPERATURA E ÍNDICES PLUVIOMÉTRICOS No período estudado entre 2003 e 2004 o índice pluviométrico variou com a mínima de 26,8 mm em novembro de 2003 e a máxima de 538,9 mm em junho de 2004. A temperatura e a umidade relativa do ar apresentaram médias de 26,1ºC e 79,4%, respectivamente. O período de estiagem deu-se principalmente entre agosto e dezembro de 2003. Entre os meses de dezembro de 2003 e janeiro de 2004, foi possível observar um aumento de 198,4 mm nos níveis pluviométricos, mantendo um padrão elevado até junho de 2004, com a diminuição mais expressiva no mês de março de 2004 (Figura 5). Precipitação Pluviométrica 600.0. 2003. 538.9. 2004. Precipitação (mm). 500.0. 400.0. 377.5 327.3. 300.0 282.2. 249.9. 226.0. 194.8. 200.0. 168.8 135.8. 100.0. 52.2 26.8. 0.0. 0.0 Jul. 0.0. 0.0. Ago Set. 0.0. 0.0. 51.5 0.0 0.0. Out Nov Dez. Jan. 0.0. 0.0. 0.0. 0.0. 0.0. Fev Mar. Abr. Mai. Jun. Meses do Ano. Figura 5. Índice de Precipitação Pluviométrica, distribuído ao longo dos meses de coleta..

(33) 17. A média de espécies presentes nos meses de temperaturas mais baixas do período amostral (julho a outubro de 2003; maio e junho de 2004, entre 24,3 e 26ºC), foi inferior (16 espécies) à média de 21 espécies, capturadas nos meses com temperaturas mais elevadas, quando a média ficou entre 26,6 e 28,1ºC (novembro de 2003 a abril de 2004) (INMET 2004) (Figura 6).. Temperatura Média 2003 30. 25. 24.3. 24.3. 25.1. 26.0. 27.1. 27.5. 28.1. 2004 26.8. 26.9 26.6. 25.8. 25.0. Temperatura ºC. 20. 15. 10. 5. 0. 0.0 Jul. 0.0 Ago. 0.0 Set. 0.0 Out. 0.0 Nov. 0.0 0.0 Dez. Jan. 0.0. 0.0. 0.0. 0.0. 0.0. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Meses do Ano. Figura 6. Temperatura média distribuída ao longo dos meses de coleta.. No período de estiagem, o número de capturas apresentou uma alta com o maior registro de espécimes (n=63) para o mês de dezembro..

(34) 18. 4.3. BIONOMIA E BIOMETRIA A maior parte (52,8%) da avifauna capturada no RECD apresentou FO inferior a 25%, ou seja, presentes em menos de quatro do total de 12 visitas (Tabela II). Manacus manacus (Linnaeus, 1766), Arremon taciturnus (Hermann, 1783), Neopelma pallescens (Lafresnaye, 1853) e Turdus leucomelas Vieillot 1818, foram as espécies mais freqüentes, apresentando FO acima de 75%, com M. manacus representando 91,67% e os demais, 83,33% das amostras. As três famílias mais representativas foram: Pipridae (26,1%), seguida de Emberizidae (15,1%) e Tyrannidae (13,8%), totalizando 55% das aves capturadas, com 71,3% dessas capturas ocorridas na AI. Informações referentes à massa corpórea das espécies capturadas constam na Tabela II, com suas médias, valores máximo e mínimo, bem como o desvio padrão para aquelas que apresentaram um número de captura acima de dois indivíduos. Doze espécies com representatividade única tiveram esse dado registrado, como segue: Família Caprimulgidae, com Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789): 62,0g; Família Trogonidae, com Trogon curucui (Linnaeus, 1766): 49,0g; Família Picidae, com Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788): 85,5g e Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766): 27,5g; Família Tyrannidae, com Elaenia cristata (Pelzeln, 1868): 14,0g, Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766): 51,0g e Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818): 17,0g; Família Vireonidae, com Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789): 28,0g e, Família Emberizidae, com Thlypopsis sordida (D’Orbigny & Lafresnaye, 1837): 15g, Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823): 9,5g, Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766): 32,5g e Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789): 42,0g..

(35) 19. Tabela II. Freqüência de ocorrência, médias e desvio padrão das massas corpóreas registradas para as espécies de aves capturadas no RECD entre julho de 2003 e junho de 2004. Ordem de evolução de acordo com SICK (1997). FO = freqüência de ocorrência, <MC(g) = menor massa corporal encontrada, >MC(g) = maior massa corporal encontrada, dp = desvio padrão e (n) = nº de indivíduos analisados quanto ao peso FAMÍLIA Columbidae Psittacidae Caprimulgidae Trogonidae Galbulidae Picidae. ESPÉCIES. Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Touit surda (Kuhl, 1820) Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) Trogon curucui Linnaeus, 1766 Galbula ruficauda Cuvier, 1816 Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) Thamnophilidae Formicivora grisea (Boddaert, 1783) Herpsilochmus atricapillus Pelzeln, 1868 Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Conopophagidae Conopophaga lineata (Wied, 1831) Furnariidae [Philydorinae] Xenops minutus (Sparman, 1788) Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Xiphorhynchus picus (Gmelin, 1788) Tyrannidae [Elaeniinae] Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Capsiemps flaveola (Lichtenstein, 1823) Elaenia cristata Pelzeln, 1868 Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 Mionectes oleagineus (Lichtenstein, 1823) Ornithion inerme Hartlaub, 1853 Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) Tyraniidae [Tyranninae] Myiozetetes similis (Spix, 1825) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Tyrannidae [Tityrinae] Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Pachyramphus viridis (Vieillot, 1816) Pipridae Chiroxiphia pareola (Linnaeus, 1766) Manacus manacus (Linnaeus, 1766) Neopelma pallescens (Lafresnaye, 1853) Pipra rubrocapilla Temminck, 1821 Hirundinidae Stelgodopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Troglodytidae Troglodytes musculus Naumann, 1823 Muscicapidae [Sylviinae] Ramphocaenus melanurus Vieillot, 1819 Muscicapidae [Turdinae] Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Vireonidae Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Emberizidae [Parulinae] Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) Emberizidae [Coerebinae] Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Emberizidae [Thraupinae] Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) Tachyphonus cristatus (Linnaeus, 1766) Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783) Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Thlypopsis sordida (Orbigny & Lafresnaye, 1837) Thraupis palmarum (Wied, 1821) Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) Emberizidae [Emberizinae] Arremon taciturnus (Hermann, 1783) Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) Emberizidae [Cardinalinae] Saltator maximus (Müller, 1776) Emberizidae [Icterinae] Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789). n 2 2 1 1 5 1 1 5 4 5 1 5 4 6 1 2 1 7 6 3 2 7 3 1 1 2 7 11 10 9 2 2 2 10 1 2 9 5 5 2 5 2 1 6 3 1 3 2 10 1 2 1 1. FO <MC(g) >MC(g) Média ± dp (n) % 16,67 48,0 54,0 51,0 ± 4,2 (2) 16,67 54,0 68,0 62,5 ± 7,5 (3) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 41,67 20,5 26,0 23,3 ± 1,5 (16) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 41,67 10,0 11,5 10,7 ± 0,6 (9) 33,33 8,0 15,0 10,3 ± 2,5 (6) 41,67 10,5 22,0 17,2 ± 5,0 (9) 8,33 21,0 21,5 21,3 ± 0,4 (2) 41,67 9,5 17,0 11,2 ± 2,4 (10) 33,33 9,0 14,0 11,6 ± 1,3 (10) 50,00 31,0 40,0 35,8 ± 3,1 (7) 8,33 9,0 10,0 9,5 ± 0,7 (2) 6,0 16,67 9,0 7,5 ± 2,1 (2) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 58,33 13,0 24,0 20,1 ± 3,1 (12) 50,00 9,5 14,0 11,7 ± 1,0 (22) 25,00 11,0 14,0 12,1 ± 1,3 (5) 8,0 16,67 7,0 7,5 ± 0,7 (2) 58,33 10,0 13,0 12,0 ± 0,8 (16) 25,00 26,0 51,0 42,7 ± 14,4 (3) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 16,67 18,0 20,0 19,0 ± 1,4 (2) 58,33 17,5 23,5 19,5 ± 1,5 (17) 91,67 12,5 24,0 15,0 ± 2,2 (36) 83,33 13,0 21,0 18,0 ± 1,6 (48) 75,00 11,0 21,5 12,9 ± 2,4 (18) 16,67 15,0 16,0 15,6 ± 0,5 (4) 16,67 11,0 12,5 12,0 ± 0,9 (3) 16,67 9,0 10,0 9,5 ± 0,7 (2) 75,0 62,3 ± 5,2 (28) 83,33 53,0 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 16,67 14,0 16,0 15,0 ± 1,0 (3) 75,00 10,0 14,0 12,5 ± 0,9 (30) 41,67 9,0 16,0 10,2 ± 2,0 (11) 41,67 12,0 20,0 13,7 ± 1,8 (17) 16,67 11,0 13,0 12,3 ± 1,0 (4) 41,67 13,0 16,0 14,0 ± 0,9 (15) 16,67 27,5 36,0 30,5 ± 4,8 (3) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 50,00 26,0 39,0 31,9 ± 3,3 (13) 25,00 14,0 22,0 18,2 ± 2,6 (6) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 25,00 35,5 43,0 38,6 ± 2,7 (7) 16,67 34,5 35,0 34,8 ± 0,4 (2) 83,33 24,0 31,0 26,4 ± 1,5 (32) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 16,67 41,0 44,0 42,5 ± 2,1 (2) 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬ 8,33 ‫ـ‬ ‫ـ‬ ‫ـ‬.

(36) 20. Foram realizados cálculos de média, desvio padrão e os resultados do teste comparativo entre sexo e peso médio das aves, entre peso médio e estação do ano (chuvosa – de abril a agosto e seca – de setembro a março) e entre sexo e medidas do tamanho da asa e tarso e diâmetro do tarso (Tabelas III, IV e V). Com isso, objetivou-se verificar se existe diferença significativa entre as variáveis para as espécies com pelo menos cinco animais capturados em cada subgrupo (excluídos não adultos, sexo indeterminado ou recapturas). Foi possível destacar que os valores médios da massa corpórea foram mais elevados entre os machos do que entre as fêmeas para a espécie Arremon taciturnus e o contrário ocorreu com as espécies Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) e Manacus manacus. Entretanto A. taciturnus foi a única espécie que apresentou diferença significante entre sexos (p < 0,05) (Tabela III). Tabela III. Média e desvio padrão da massa corpórea de três espécies de aves segundo o sexo dos animais. (n) = número de indivíduos analisados por espécie e sexo, dp = desvio padrão Sexo Espécie Fêmea Macho Valor de p Média ± dp (n) Média ± dp (n) Arremon taciturnus. 25,20 ± 1,10 (5). 26,69 ± 1,23 (13). p(1) = 0,0312*. Cyanerpes cyaneus. 14,58 ± 2,94 (6). 13,25 ± 0,68 (10). p(2) = 0,3211. Manacus manacus. 15,03 ± 2,78 (17). 14,86 ± 0,69 (7). p(1) = 0,8742. (*) – Diferença significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste t-Student com variâncias iguais. (2) – Através do teste t-Student com variâncias desiguais.. Verificou-se que os valores médios foram mais elevados entre os animais capturados na estação chuvosa do que na estação seca para as espécies: M. manacus e Pipra rubrocapilla Temminck, 1821 e o contrário ocorreu com a espécie A. taciturnus..

(37) 21. Entretanto para nenhuma das três espécies comprova-se diferença significativa entre sexos em relação às estações chuvosa ou seca (p > 0,05) (Tabela IV). Tabela IV. Média e desvio padrão da massa corpórea de três espécies de aves segundo a estação seca e chuvosa. (n) = número de indivíduos analisados por espécie e sexo, dp = desvio padrão Espécie. Estação da captura Chuvosa Seca Média ± dp (n) Média ± dp (n). Valor de p. Arremon taciturnus. 25,71 ± 1,38 (7). 26,64 ± 1,27 (11). p(1) = 0,1649. Manacus manacus. 16,00 ± 4,21 (6). 14,64 ± 1,32 (18). p(2) = 0,4687. Pipra rubrocapilla. 14,30 ± 4,04 (5). 12,45 ± 1,27 (11). p(2) = 0,3699. (1) – Através do teste t-Student com variâncias iguais. (2) – Através do teste t-Student com variâncias desiguais.. Exceto no diâmetro do tarso em C. cyaneus e tamanho da asa em M. manacus, observou-se que as medidas médias foram mais elevadas entre os machos do que entre as fêmeas. Diferenças significativas foram verificadas para o tamanho da asa de qualquer uma das três espécies, para o diâmetro do tarso de C. cyaneus e tarso da espécie M. manacus (p < 0,05) (Tabela V). Abril e maio de 2004 foram os meses com maior número de mudas de rêmiges. Para retrizes este número foi maior entre dezembro de 2003 e janeiro de 2004. Foi possível constatar sobreposição de mudas de rêmiges e retrizes, através da análise de correlação de Pearson, (r=0,57, p=0,026), o que demonstra, de maneira geral, um padrão semelhante de mudas dessas penas ao longo do ano. As mudas das penas de contorno apresentaram padrões irregulares, mostrando picos nos meses de outubro e dezembro de 2003 e abril e maio de 2004..

(38) 22. Tabela V. Média e desvio padrão das medidas: asa, tarso e diâmetro do tarso de três espécies de aves segundo o sexo dos animais. (n) = número de indivíduos analisados por espécie e sexo, dp = desvio padrão, Ø do tarso = diâmetro do tarso Sexo Espécie. Arremon taciturnus. Cyanerpes cyaneus. Manacus manacus. Medida. Fêmea Média ± dp (n). Macho Média ± dp (n). Valor de p. Asa. 69,55 ± 2,85 (5). 75,55 ± 1,88 (13). p (1) < 0,0001*. Tarso. 24,09 ± 0,60 (5). 24,42 ± 0,62 (13). p (1) = 0,3191. Ø do tarso. 2,30 ± 0,16 (5). 2,33 ± 0,15 (13). p (1) = 0,6799. Asa. 62,96 ± 1,43 (6). 66,26 ± 1,62 (9). p (1) = 0,0014*. Tarso. 14,45 ± 0,29 (6). 14,49 ± 0,39 (9). p (1) = 0,8003. Ø do tarso. 1,89 ± 0,12 (6). 1,69 ± 0,14 (9). p (1) = 0,0127*. Asa. 54,50 ± 3,95 (15). 49,04 ± 1,10 (7). p (2) < 0,0001*. Tarso. 19,37 ± 0,42 (16). 20,81 ± 0,55 (7). p (1) < 0,0001*. Ø do tarso. 1,68 ± 0,11 (16). 1,69 ± 0,14 (7). p (1) = 0,9582. (*) – Diferença significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste t-Student com variâncias iguais. (2) – Através do teste t-Student com variâncias desiguais.. Independente da estação do ano o percentual de muda mais elevado foi a de contorno (39,8%), seguida da muda de rêmige (12,9%) e de retrizes (8,6%) para aquelas espécies com idade adulta e/ou idade indeterminada (neste último caso analisadas quando com plumagem homogênea presente) (Tabela VI). Os percentuais de mudas de rêmiges e contorno foram maiores na estação chuvosa do que na estação seca (24,2%7,2% e 55,7%-31,6%, respectivamente), sendo significante a associação entre estação do ano e ocorrência de muda (p < 0,05). Os percentuais de mudas de retrizes foram aproximados entre as estações chuvosa (8,1%) ou seca (8,9%) e não se verifica associação significativa entre as duas variáveis em análise (p > 0,05) (Apêndice 3, 4 e 5)..

(39) 23. Tabela VI. Avaliação da ocorrência de cada tipo de muda segundo a estação da captura Muda Tipo de Estação do Sim Não TOTAL Valor de p muda ano n % n % n % Chuvosa 36 24,2 113 75,8 149 100,0 (1) p < 0,0001* Rêmiges Seca 21 7,2 270 92,8 291 100,0 Grupo total 57 12,9 383 87,1 440 100,0 Chuvosa 83 55,7 66 44,3 149 100,0 (1) p < 0,0001* Contorno Seca 92 31,6 199 68,4 291 100,0 Grupo total 175 39,8 265 60,2 440 100,0 Chuvosa 12 8,1 137 91,9 149 100,0 p(1) = 0,7555 Retrizes Seca 26 8,9 265 91,1 291 100,0 Grupo total 38 8,6 402 91,4 440 100,0 (*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.. As placas de incubação foram registradas em 110 indivíduos (Apêndice 6), totalizando 24,1% das amostras. As placas estiveram presentes principalmente entre os meses de outubro de 2003 a abril de 2004 (a maior parte no período da chuva), com um pico em agosto de 2003, estando mais acentuado nos meses de novembro de 2003, fevereiro, março e abril de 2004. Em todos os meses foi possível observar indivíduos que não apresentaram placa de choco, sendo este número mais acentuado no mês de setembro (Figura 7). Através do teste Qui-quadrado comprova-se diferença significativa entre os meses em relação à ocorrência de placa de incubação, onde p < 0,001..

(40) 24. 120. Presença. Percentual das Placas de Incubação. Ausência 100. 80. 60. 40. 20. D ez. N ov. ut O. Se t. go A. Ju l. Ju n. ai M. A br. ar M. Fe v. Ja n. 0. Figura 7. Freqüência da presença e ausência de Placa de Incubação ao longo dos meses de estudo.. Quando associada à placa de incubação, é possível observar o percentual de muda de contorno (40,0%), de rêmige (12,9%) e retriz (8,5%), sempre com percentual mais elevado. Para qualquer tipo de muda o percentual foi mais elevado quando a ave apresentava placa do que quando esta se encontrava ausente. Os percentuais dos que apresentavam muda de rêmiges e retrizes foi mais elevado em 2,7% e 3,6%, respectivamente, entre os animais que tinham placa em relação àqueles que não tinham e a associação entre as duas variáveis não foram significantes (p > 0,05). Na análise de muda de contorno, o percentual foi 11,4% mais elevado entre os que tinham placa e a associação foi de p < 0,05 (Tabela VII)..

(41) 25. Tabela VII. Avaliação da ocorrência de cada tipo de muda segundo a ocorrência de placa de incubação Muda Placa Sim Não TOTAL Valor de p Tipo de muda n % n % N % Sim 16 14,9 91 85,1 107 100,0 p(2) = 0,4595 Rêmiges Não 40 12,2 288 87,8 328 100,0 Grupo total 56 12,9 379 87,1 435 100,0 Sim 52 48,6 55 51,4 107 100,0 p(2) = 0,0366* Contorno Não 122 37,2 206 62,8 328 100,0 Grupo total 174 40,0 261 60,0 435 100,0 Sim 12 11,2 95 88,8 107 100,0 p(2) = 0,2473 Retrizes Não 25 7,6 303 92,4 328 100,0 Grupo total 37 8,5 398 91,5 435 100,0 (*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (2) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.. O percentual de placa e muda simultâneos foi mais elevado (28,1%) para muda de contorno e menos elevado (5,8%) para muda de retriz (Figura 8). Na análise mensal observou-se que os percentuais de placa e muda de contorno foram correspondentemente mais elevados do que os outros dois tipos de muda e que para rêmige os meses com maiores percentuais foram registrados em maio (27,6%), abril (16,7%), junho (14,3%) e janeiro de 2004 (12,5%). Para contorno o maior percentual foi registrado no mês de maio de 2004 (72,4%) e para os outros meses o percentual variou de 14,3% até 35,7%. Para a muda de retriz os dois maiores percentuais corresponderam aos meses de maio (13,8%) e janeiro de 2004 (10,0%)..

(42) 26. 80. Percentual de Placa e Mudas. 70. 60. 50 Rêmige Contorno Retriz. 40. 30. 20. 10. to ta l. D ez. G ru po. N ov. ut O. Se t. A go. Ju l. Ju n. ai M. br A. ar M. Fe v. Ja. n. 0. Figura 8. Freqüência de placa e muda simultâneos (sobreposição) por tipo, segundo o mês de ocorrência.. Para as Análises dos Componentes Principais, no plano fatorial é possível observar que o eixo I é positivamente ligado principalmente à espécie Basileuterus flaveolus (Baird, 1865), ocorrendo com maior freqüência nos meses de julho de 2003 e entre maio e junho de 2004, que está relacionado ao período de maior precipitação e elevada umidade (coordenadas positivas das variáveis precipitação e umidade). Em oposição projetam-se negativamente ao eixo I as espécies P. rubrocapilla, T. flaviventris e M. manacus, nos meses de outubro a dezembro de 2003 e janeiro de 2004, onde M. manacus destaca-se junto a variável temperatura (Figura 9)..

(43) 27. Figura 9. Representação gráfica de um plano fatorial numa análise dos componentes principais, utilizando-se o método de ordenação e projeção. Foram projetados no Eixo I-II os vetores espécies, fatores abióticos e meses de captura.. Para as espécies identificadas na listagem geral registrada para o RECD, seis apresentaram alta sensibilidade aos distúrbios ambientais, de acordo com PARKER III et al. (1996), sendo elas: Micrastur gilvicollis (Vieillot, 1817); Aramides cajanea (Statius Muller, 1776); Touit surda (Kuhl, 1820); Hemitriccus zosterops (Pelzeln, 1868); Chiroxiphia pareola (Linnaeus, 1766); Pipra rubrocapilla Temminck, 1821 (Apêndice 1). As espécies Conopophaga lineata (Wied, 1821), Touit surda (Kuhl, 1820) e Iodopleura pipra (Lesson, 1831), apresentaram alta prioridade de conservação, sendo as duas últimas também com alta prioridade de pesquisa..

(44) 28. Destas 151 espécies, quatro - Conopophaga lineata (Wied, 1831), Xenops minutus (Sparrman, 1788), Picumnus exilis (Lichtenstein, 1823) e Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 - encontram-se na categoria de ameaçada de extinção e três Touit surda (Kuhl, 1820), Iodopleura pipra (Lesson, 1831) e Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) - foram consideradas endêmicas para a região (Figura 10).. Figura 10. Espécies capturadas no RECD entre julho de 2003 e junho de 2004. A. Conopophaga lineata, B. Xenops minutus, C. Touit surda, D. Ornithion inerme. Fotos da autora.. As espécies onívoras apresentaram um percentual mais elevado do que as demais guildas alimentares identificadas para estas amostras, com 183 indivíduos (40,1%) dos representantes, acompanhados dos insetívoros (36%). Os granívoros tiveram o menor registro (0,7%) para este método de captura. No RECD, três indivíduos de Touit surda foram capturados, sendo um casal em 01/11/2003 e o terceiro em 11/06/2004, todos na AI e na mesma rede que se encontrava.

(45) 29. disposta entre dois sapotizeiros (Achras sapota L.), de altura inferior a quatro metros. Os dois primeiros foram depositados na coleção da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) sob número de tombo 4024 para o macho e 4025 para a fêmea. Ambos encontravam-se forrageando nos sapotizeiros uma vez que apresentavam polpa da fruta aderida ao bico (Tabela VIII). Os dois indivíduos de Ornithion inerme foram capturados nos dias 28/12/03 e 24/04/04, ambos na AI. O primeiro teve sua pele encaminhada para a coleção da UFPE, sob número de tombo 3993. Salienta-se que este é o primeiro registro de captura da espécie para o Estado. O segundo exemplar foi anilhado, com anilha metálica C28657 e dados de bionomia e biometria foram coletados. Ambos apresentavam muda de contorno, mas apenas o indivíduo anilhado substituía sua 9a rêmige e indicava placa de choco em estágio final de sucessão, sugerindo que o período de reprodução deveria estar terminando ou já concluído. Pesavam 7 e 8g, com comprimento total de 7,2 e 9,5cm, respectivamente, onde aquele indivíduo anilhado sempre apresentou as maiores medidas (Tabela VIII)..

(46) 30. Tabela VIII. Informações sobre bionomia e biometria de duas espécies de aves para o RECD. ST = status, ST1 = ave nova, AN = anilha, GT = guilda trófica, Frug. = frugívoro, Inset. = insetívoro, ID = idade, I = indeterminado, A = adulto, SX = sexo, PI = placa de incubação, RG = rêmiges, N = ausente, CN = contorno, C = cabeça, D = dorso, V = ventre, RT = retriz, RP = penas em reposição, RTD = reposição retriz direita, RTE = reposição retriz esquerda, AS = comprimento da asa, T = comprimento do tarso, ØT = diâmetro do tarso, CC = comprimento da cauda, CM = cúlmen total, NP = narina ponta, CT = comprimento total, P = peso Família. Espécie. Data Capt.. Hora ST AN. GT ID SX PI. Mudas RG CN RT RP. AS. Medidas (mm) P(g) T ØT CC CM NP CT. Psittacidae Touit surda (Kuhl, 1820). 1/11/2003 16:05 1 ÓBITO Frug. I. I. 119,0 12,4 3,5 51,0 15,5 17,9 160,0 68,0. Psittacidae Touit surda (Kuhl, 1820). 1/11/2003 16:00 1 ÓBITO Frug. I. I. Psittacidae Touit surda (Kuhl, 1820). 11/6/2004 15:35 1 J21609 Frug. A I 0 N C,D,V N 1,2,5RTD/3,6RTE 115,0 12,9 3,3 50,0 14,5 17,0 165,0 54,0. N. N. N. N. 119,0 12,2 3,8 45,0 16,6 17,8 155,0 65,5. Tyrannidae Ornithion inerme Hartlaub, 1853 24/4/2004 16:00 1 C28657 Inset. I. I 5 9 C,D,V N. 6RTE. 49,0 19,7 1,6 38,0 12,6 9,9 95,0 8,0. Tyrannidae Ornithion inerme Hartlaub, 1853 28/12/2003 14:20 1 ÓBITO Inset. I. I 0 N C,D,V N. N. 42,0 13,0 1,5 24,5 8,0 7,2 72,0 7,0.

(47) 31. Em 27 de dezembro de 2003, na trilha de acesso ao RECD, foi observada a ocupação de um ninho (provavelmente de cupim) pela espécie Trogon curucui Linnaeus, 1766 (Surucuá-de-barriga-vermelha), que o utiliza para nidificar (Figura 11), confirmando o início do período de atividade reprodutiva demonstrado pela presença da placa de incubação nas demais espécies.. Figura 11. A. Ninho ocupado em dezembro de 2003 pelo Trogon curucui (Surucuá-de-barrigavermelha). B. Ninho destruído em fevereiro de 2004, com ovo em seu interior. C. Detalhe dos outros ovos destruídos fora do ninho. Fotos da autora.. Em fevereiro de 2004 o mesmo ninho foi encontrado no solo, destruído, apresentando três ovos, dos quais um ainda estava no seu interior e os demais se.

(48) 32. encontravam ao lado, externamente, com a casca parcialmente destruída e seu conteúdo totalmente removido, sugerindo o ataque por animais de pequeno porte..

(49) 33. 5. DISCUSSÃO. Modelos estatísticos podem ser empregados para determinar a estimativa de sobrevivência das aves através de capturas e recapturas de indivíduos marcados, embora em geral esses estudos necessitem de um acompanhamento contínuo dessas recapturas ou recuperações ao longo dos anos (ELDER & ZIMMERMAN 1983, PAYNE & PAYNE 1990). As recuperações ocorridas demonstram a fidelidade de algumas aves ao ambiente e reforçam a importância dos pequenos fragmentos para espécies residentes e ocasionais. Com isso, foi possível registrar o tempo de anilha para determinadas espécies, conforme apresentado por SNOW & LILL (1974), que relatam a idade para Manacus manacus em mais de 14 anos e LOPES et al. (1980) que fornecem o tempo de anilha para várias aves que serviram para estudos sobre possíveis vírus presentes neste grupo silvestre. Desses dados, apenas duas espécies (M. manacus e Thamnophilus caerulescens) coincidiram entre as pesquisas e nenhum tempo de anilha apresentado por aqueles autores foi maior do que o encontrado neste trabalho. Os resultados obtidos para a composição da listagem de aves para o RECD demonstram semelhança a alguns trabalhos desenvolvidos nas matas pernambucanas, a exemplo de AZEVEDO-JÚNIOR (1990) que apresentou uma listagem com 181 espécies para a Estação Ecológica do Tapacurá e LYRA-NEVES et al. (2000), com o registro de 187 espécies para a Área de Proteção Ambiental de Guadalupe, ambas com áreas superiores a 60 ha. Estes resultados diferem daquele encontrado para a Reserva Estadual de Gurjaú, com 220 espécies de aves que foram registradas em 1077,10 ha de mata dividida em três regiões, apresentando um resultado alto se comparado aos levantamentos realizados nos trabalhos descritos (LYRA-NEVES et al. 2004). Essa.

(50) 34. aproximação do número de espécies encontradas no pequeno fragmento do RECD com as demais áreas citadas pode estar relacionada à presença de florestas circunvizinhas, a exemplo da Usina São José (distando aproximadamente 4 km da área estudada), o que certamente contribui com a existência de muitas espécies que sobrevivem em pequenos fragmentos interligados a plantações, pastagens e outros fragmentos, promovendo a ampliação do uso de recurso por parte desses animais (ALEIXO & GALETTI 1997; MALDONADO-COELHO & MARINI 2000; TELINO-JÚNIOR et al. 2000). A partir de outubro o número de capturas aumentou e isto pode corresponder a maiores padrões de atividades das aves no verão. ALMEIDA et al. (1999) considera o mês de setembro de grande atividade das aves, período a ser considerado quanto à realização de levantamentos avifaunísticos, quando é possível amostrar um maior número de espécies. Independente da elevação das capturas em períodos quentes do ano, resultados de baixa FO são esperados. Isto se deve, juntamente ao elevado índice de registros únicos de algumas espécies, à metodologia aplicada, que restringe a captura a determinadas espécies pelo fato de ocuparem diferentes estratos da floresta que não contemplam o intervalo de altura das redes quando desenvolvem as suas atividades como alimentação e nidificação. Concomitante a isso se faz necessário observar padrões fitogeográficos da área, uma vez que o fragmento encontra-se em fase de regeneração, o que pode limitar sua diversidade. A FO demonstrou que apenas três famílias já representavam mais de 50% das espécies capturadas (Pipridae, seguida de Emberizidae e Tyrannidae). Este advento é explicado quando se observam que as espécies mais numerosas são aquelas caracterizadas pela vasta distribuição e habitarem, sobretudo, a mata e capoeira..

Referências

Outline

Documentos relacionados

◦ Os filtros FIR implementados através de estruturas não recursivas têm menor propagação de erros. ◦ Ruído de quantificação inerente a

POSTROUTING: Regras que serão processada pós roteamento dos pacotes nas interfaces do firewall.... TRABALHANDO

Nos 3 casos nos quais a profilaxia com antirretroviral não foi realizada (nem nas mães e nem nas crianças) as mães tiveram a evidência laboratorial do HIV após o parto e

Difere de Piaget, principalmente pelo fato de haver elaborado um instrumento para avaliar a maturidade de julgamento moral; isto permite a obtenção de resultados

A teoria social- cognitiva de Bandura (1997) e da carreira (Lent, Brown, &amp; Hackett, 1994; Lent, 2004) podem ser utilizadas para orientar esforços deliberados para apoiar

Os objetivos específicos foram: (I) realizar um levantamento das espécies de aves de rapina diurnas existentes ao longo dos fragmentos de Mata Atlântica; (II) verificar as relações

Ao entrar no desenvolvimento do protótipo, os autores explicam as tecnologias envolvidas para se alcançar o objetivo, entre elas o Android SDK,

A social history of truth: civility and science in seventeenth-century England.. Chicago and London: University of Chicago