uNIvERsIDADE
DE
Évona
Departamento
de
História
CURSO DE MESTRADO
EM MUSEOLOGIA
OS
MUSEUS E
O
PATRIMONIO CULTURAL
IMATERIAL:
nsrnlrÉclAs
PARA
ODESENVOLVIMENTO
DEBOAS
pnÁUCa.S
Ana
Alexandra Rodrigues Carvalho
Orientador:
Professor Doutor
Filipe
Themudo BarataUNIVERSIDADE
DE
EVORA
Departamento
de
História
CURSO
DE MESTRADO
EM MUSEOLOGIA
OS
MUSEUS
E O
PATRIMONIO CULTURAL
IMATERIAL:
ESTRATEGIAS PARA
ODESENVOLVIMENTO
DE BOAS
PRÁTICAS
Ana
Alexandra
Rodrigues Carvalho
Orientador:
Professor Doutor Filipe Themudo Barata
Évora, Julho 2009
os
MUSEUS E O
PATRIMONIO CULTURAL
IMATERIAL:
ESTRATÉGIAS
PARA O
DESENVOLVIMENTO
DE BOAS
PRÁTICAS
Rnsuvro
Tomando
como
referência fundamentalo
trabalho desenvolvidopela
UNESCO
emmatéria de protecção
do
PatrimónioCultural
Imaterial (PCD,muito
particularmente aConvenção
para
a Salvaguarda do Património CulturalImateriol
(2003), considerou-seoportuno
reflectir
sobreas
implicaçõesque
esteenfoq\e
traz para
os
museus. Sãoindiscutíveis as repercussões que este instrumento
trouxe
parao
reconhecimento daimportância
do PCI
à escala internacional, motivandoum
crescendode
iniciativas emtomo da sua
salvaguarda.São
vários os
agentesenvolvidos
na
preservação destepatrimónio,
no
entantoo
International Council
of
Museum.s(ICOM)
reconhece umpapel
central
aos museus nesta materia.Mas
para respondera
esterepto,
os museusterão que
repensír as
suas estratégiasde forma
a
relacionar-semais com
o
PCI,contrariando
uma longa
tradição
profundamente enraizadana
cultura
material.
Opresente estudo reflecte sobre as possibilidades de actuação dos museus
no
sentido dedar resposta ao desafios da Convenção 2003, sendo certo que a
partir
das actividadesdos
museusé
possível
encontrarformas de
estudare
de dar visibilidade
a
estepatrimónio.
Em
função
das especificidadesde
cada museu,podem ser
encontradas estratégiasde
salvaguardado PCI,
entre
asquais
sepode
incluir
o
inventário
e
a documentação (audiovisual, texto, áudio, imagem), a investigação, a divulgação atravésde exposições
e
publicações, difusão atravésda intemet,
educaçãonão
formal'
entre outras actividades.Alguns
museus começaramjá
a desenvolver abordagens integradas paraa
salvaguardado PCI,
cujos
exemplos se apresentam. Estetema
suscita vários desafios, implicando práticas museológicas inovadoras que possamreflectir
o papel dos museus como promotores da diversidade e criatividade cultural.palavras-chave:
Museologia,
Património Cultural Imaterial, Património
Cultural,Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, Diversidade Cultural,
MUSEUMS AND
INTANGIBLE CULTURAL HERITAGE: STRATEGIES
TOWARDS GOOD
PRACTICES
Ansrnacr
Recalling the
UNESCO's work
towards the protectionof
IntangibleCultural
Heritage(ICH),
in
particular
the
Conventionfor
the
Safeguardingof
the
Intangible
Cultural
Heritage adopted
in
2003,I
took this
opportunityto
reflectupon
theimplications
thatthis
recognitionbrings
to
museums. The overwhelming successof this
document hasraised
the
importanceof
ICH
at
internationallevel, motivating
a
growing
numberof
initiatives towards
its
safeguard.Accordingly
to
the 2003 Convention, there are manyagents
involved
in
the
preservationof this
heritage,yet
theInternational Council
of
Museums
(ICOM)
recognisesa
centralrole for
museums. Nevertheless,to
face
this challenge, museumswill
haveto
rethink their
relationshipwith ICH
in
opposition totheir
deeprooted
tradition
in
material culture.
The
presentstudy reflects upon
the possibitities that museums have to answer the changeling 2003 Convention, recognizing thatit's
possible through museum activitiesto
find
waysto
study and givevisibility
toICH.
According
to
each
museum specificities,it
seams clearthat
strategiescan
beengaged
in
order
to
promote
the
safeguard
of
ICH,
including inventory
anddocumentation
(audiovisual,
audio,
text
and image),
research,promotion
throughexhibitions, publications,
disseminationtrough internet
and
other
means,
informaleducation,
among
other
activities.
Many
museumshave already started
exploringintegrated approaches towards
the
safeguardof ICH
and someof
these examples arepresented
in
this
study. This
theme
is
challenging,
implying innovative
museumpractices which reflect on museums role towards the promotion
of
cultural diversity andcreativity.
Keywords: Museum
Studies, Intangible
Cultural
Heritage,
Cultural
Heritage,Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage, Cultural Diversity, LINESCO,ICOM.
"Intangible
cultural heritage is not just the memory of past cultures, butis also a laboratory
for
inventing the future"AGRADECIMENTOS
As
miúas
palavras de agradecimento vão emprimeiro
lugar para o Prof. DoutorFilipe
Themudo Barata, que para além de ser o orientador deste trabalho,foi
um dos principaisencorajadores
para
a
conclusãodesta
etapa, semprecom
optimismo
e
palavras deestímulo.
Não poderia deixar de
referir
todos aqueles que directa ou indirectamente contribuírampara que se concluísse esta dissertação: professores, colegas e amigos.
À
Vanessa Antunes eà
Isabel Santos, em particular, agradeço pela preciosa ajuda na revisão do texto.E a todos aqueles que me são particularmente próximos e que, por isso, não preciso de nomear,
dirijo
um agradecimento especial.Íxurcn
LISTA
DEABREVIATURAS
INTRODUÇÃO
c,q,pÍrulo
I
-
coNTRrBurÇÕns
DA UNESCo
PARA A
PRorEcÇÃo
»o
p.q,TRINIÓNIO
CULTURAL
IMATERIAL
l.l
- As Primeiras Décadas de Reflexão1.2 - A Recomendação para a Salvaguarda da Cultura Tradicional e do Folclore
1.3 - Acções da UNESCO após a Recomendação 1989
I .3.1 - O Programa Línguas em Perigo no Mundo
1.3.2 - O Programa Tesouros Humanos Vivos
1.3.3 - Proclamação das Obras-Primas do Património Orale lmaterial da Humanidade
1.4 - Propriedade Intelectual e Direitos de Autor
1.5 - Elaboração de um novo Instrumento Normativo
1.6 - A Convenção paÍa a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial
I .6.1 - Obrigações e Direitos dos Estados-Partes
1.6.2 - Inventários
-
Alguns exemplos1.6.3 - Operacionalidade da Convenção 3.1 - Orientações do ICOM 3.2 - Dificuldades e Potencialidades 9 10 t6 19 24 26 3l 33 35 38 41 47 59 61 63
CAPÍTULO
II
-
PORTUGAL: ENQUADRAMENTO NORMATIVO
E
INSTITUCIONAL EM MATÉRIA
DE
PATRIMÓNIO CULTURAL
IMATERIAL
2.1 - Legislação Nacional sobre Património Cultural Imaterial
2.2 - Instituições e Tutelas
2.3 - Ratificação da Convenção paraa Salvaguarda do Património Cultural Imaterial
CAPÍTULO
III
_ OSMUSEUS
EPATRIMONIO CULTURAL
IMATERIAL
-
A
PROCURA DE BOAS
PRÁTICAS
IO765 65 78 92 109 115
3.3 - Que Museus?
3.4 - Qualo Papel dos Museus?
3.5 - Contributos para a Implementação de Boas Práticas nos Museus
3.5.
I
- Documentação e Inventários3.5.1.1 - Que tipologias de Inventários? 3.5.1.2 - O Papel da História Oral 3.5.2 - Investigação
3.5.3 - Comunicação
3.5.3.1 - Comunicar o Património Cultural Imaterial Online
3.5.4 - Educação
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAF'IA
124 129 r35 136 141 155 160 163 168 174 177 r83LISTA
DE
ABREVIATURAS
AFO
-
Arquivo
de Fontes Orais (Palmela)CIDOC
-
International Committee for DocumentationDPI
-
Departamento Património Imaterial DRC-
Direcções Regionais de CulturaICME
-
International Committee for Museums and Collections of EthnographyICOFOM
-
Intemational Committee for MuseologyICOM
-
International Council of MuseumsICOMOS
-
International Council on Monuments and SitesICTOP
-
International Committee for the Training of PersonnelIGESPAR
-
Instituto de Gestão do Patrimonio Arquitectónico e ArqueológicoIMC
-
Instituto dos Museus e da ConservaçãoIPPC
-
Instituto Português do Património CulturalIREPI
-
Inventaire des Ressources Ethnologiques du PatrimoineNMEC
-
National Museumof
EgyptianCivilisation
PCI
-
Património Cultural ImaterialUNESCO
-
United Nations Educational, Scientific and Cultural OrganizationINTRODUÇÃO
A
salvaguardado
PCI é um
tema quetem
merecido particular destaque nos últimosanos nos foruns internacionais, especialmente os promovidos pela UNESCO, motivando
o
interesse crescente de profissionais de várias áreas para a sua investigação e análise.Mas não só,
o
ICOMOS,
o ICOM e
a WIPO
são também algumas das organizaçõesenvolvidas no debate
e
que se prolonga nos meios universitários.De
certa forma, esteera
um
campo tradicionalmenterestrito
aos antropólogose
sociólogos, maspouco
apouco
o
debate expandiu-se
com
a
participação
de
museólogos,
historiadores, arquitectos, urbanistas, entre outros.Assistimos
nas
últimas
décadasa
um
alargamento
significativo
do
conceito
depatrimónio cultural.
A
ideia de património estritamente focada nos monumentos e sítiosfoi
sendo abandonada, passandopor
um
processoevolutivo que introduz
novasdimensões
ou
novos patrimónios.
Por
outro lado,
gaúou
expressividade
umaperspectiva antropológica da cultura, mais interessada nos processos, em detrimento de
uma visão centrada apenas nos objectos. Daqui resulta uma definição de património que
se constitui
por um conjunto de
expressões,interligadas
e
complexas, apelando àdiversidade cultural, da qual o PCI é um dos elementos essenciais.
Varios
foram
os
termos
utilizados
ao
longo
do
tempo,
alguns
até com
carácter pejorativo, mas a designação "Património CulturalImaterial"
gaúou
recentemente mais expressividade, sobretudo na esfera política, como conceito operativo, introduzido pela I-INESCO.O PCI compreende
um
conjunto diverso de expressões e tradições que as comunidades e os grupos vão transmitindo de geração em geração, recriando-as ao sabor dos tempos. Trata-se de um patrimóniovivo
que se vai expressando através da música, da dança, da oralidade,do
teatroe
dos
objectos, fazendo partede uma
complexateia de
valores, sistemas do conhecimento e saberes que estão associados à vida humana. Consideradocomunidades.
No
entanto,
estes conhecimentos raramentesão
documentadose,
namaior parte das vezes, correm o risco de se perder indelevelmente, tendo em conta que
se encontram muito condicionados pelos efeitos homogeneizadores da globalização. Por
maioria
de
razáo, poucas vezes se reflecte sobrea
sua preservação.E
este patrimónioque importa salvaguardar de modo a que continue a ser praticado e transmitido no seio
das comunidades onde se insere.
A
par
das
preocupaçõesvindas da
antropologiaem
resgataros
vestígios
de
uma sociedade cujas práticas sociais e culturais tradicionais estão em vias de desaparecer ede
um
contextopolítico
preocupado com os efeitos da globalização, surgem algumasmovimentações relativamente
à
protecção
deste património.
A
UNESCO
tempreconizado
muitas
dasiniciativas
que colocaramo
temado PCI
na
ordemdo
dia,alimentando
a
discussão
em
torno
da
sua
salvaguarda,dando-lhe
assim
amploreconhecimento
internacional. Exemplo disso
é o
culminar de
um
longo camiúo
percorrido em
prol
da protecção deste património,primeiro
com a Recomendaçãopara
a
Salvaguardada Cultura
Tradicional e do Popular
em
1989e,
mais recentemente,com a adopção da Convenção
para
a Salvaguarda do PatrimónioCultural Imaterial
em2003. Esta Convenção
vem
reconhecera
importânciado PCI e
completar,de
certomodo,
um
espaço deixado pela Convençãopara
a
Protecçãodo Património
Mundial,Cultural
e
Natural
de
1972,
um
instrumentojurídico
mais
direccionado
para
opatrimónio material.
Apesar
do
seurelativo
sucesso, se assim sepode
dizer,a
Convençáo 2003tem
sidoobjecto de várias críticas.
Muitos
debates têm surgido em tomo da sua implementação edos princípios que lhe estão adjacentes. Mas a verdade é que a ratificação da Convenção
pelos Estados-Partes, que actualmente
já
ultrapassaa
centenal, obrigaa
uma reflexãoque
cada paísterá
que
necessariamente fazerem torno da
formulação
de
políticasculturais de valorização
do PCI.
Afinal
essaé
uma consequência directa da aceitaçãodeste documento
normativo. Assim,
tal
como
a
Convenção
1972
viria
a
mudarindiscutivelmente
o
panorama
político
de
salvaguardado
património
cultural,
écomummente aceite que o mesmo se passará com esta nova Convenção'
A
motivação para desenvolver este trabalho nasce das interrogações que surgiram no decorrer do trabalho de campo realizado no contexto deum
projecto de dois anos queteve como
objecto reflexões viáriasem torno da
salvaguardado
PCI.
Deste projecto resultaram mais perguntas do que respostas, às quais importava darum
sentido. Face àinexistência
de
um
debateprofundo
sobreesta
materiaem
Portugal
e
perante osdesenvolvimentos
introduzidos pela
LTNESCOa
propósito da
Convençãode
2003 erespectiva conjuntura actual, considerou-se oportuno aprofundar este tema e interligá-lo
com a inuseologia.
No
que respeita à museologia, é conhecidoo
apoiodo
ICOM
à
Convenção 2003. Em documentoscomo
a
Carta de
Shanghai(2002) ou
a
Declaração de
Seoul (2004), oICOM recoúece
o papel dos museus na salvaguarda do PCI.De
uma forma geral,
pode dizer-se quea
museologiatem
centrado as suas funções,sejam elas
a
recolha, preservação, investigação, educaçãoe
exposição,nos
objectos,omitindo
em muitos dos casos as práticas que lhes estão associadas.No
entanto, pareceagora
claro
queos
objectospor
si
só
não traduzemtodo
o
seusignificado
sem oscontextos e as memórias a que estão ligados. Esta não é uma questão nova. Recorde-se
aqui as experiências e contributos de George
Henri
Riviêre neste sentido. Todavia, nosúltimos
anos assistimos a uma revalorização do tema,já
que muitas vezes as práticasnão confirmam esta teoria. Assim,
estamoshoje
mais
conscientesde
que
umaabordagem integrada
que inclua
tanto
o
património material como
o
imaterial
nascolecções do museu (ou fora dele) é um aspecto central na sua gestão.
Recoúecido
um
campo
de
actuação
aos
museus
cada
vez mais
alargado, nomeadamente responsabilidades no domínio do imaterial, importareflectir
sobre comolidar com um
património que
é por
naturezacomplexo
e cuja
aproximação aporta diversos problemas. Poderão os museuscontribuir
para a salvaguarda do PCI? Quais osproblemas
que
os
museusenfrentam
para realizar esta demanda? Estarãotodos
osmuseus capacitados para responder a este desafio? Finalmente, e partindo da premissa
importa
reflectir
sobre
possíveis estratégiasque permitam
dar visibilidade ao
PCI através das diversas funções do museu. Para isso,importa
apresentar alguns exemplosde boas práticas em museus que espelham esta aproximação holística do seu património.
Em
2008,
o
Estado português
ratificou
a
Convençáo 2003,
comprometendo-se areposicionar as políticas culturais do país em
prol
de uma maior atenção ao PCI. Mais,terá necessariamente
de definir
em
que medidao
direito
internacional seaplica
emarticulação com a legislação sobre património cultural em vigor, esboçando as directivas
de
enquadramentoda
salvaguardado PCI no território
português.E, por
sua vez, assegurara
concretizaçãode
uma
das condições impostaspela
Convenção2003:
arealizaçáo
de um
ou
mais
inventariosno
território
nacional. Qualquer
que
seja
aestratégia formulada
pela
administração central neste sentido,irá
certamente produzirrepercussões nos museus portugueses. Reunirão
os
museus portugueses as condiçõesnecessárias para responder ao repto da UNESCO?
O
trabalho desenvolvido
organizou-seda
seguinteforma. Assim,
e
atendendo aoexposto,
no primeiro
capítulo
deste estudo estabeleceu-secomo ponto de partida
oenquadramento
histórico
e
institucional que conduziu
à
Convenção2003.
Sendo aUNESCO
o fio
condutor
deste movimento,é
sobreas
suas actividadesque recai
aatenção deste
trabalho. Esta
análisefoi
balizadaa partir
da décadade
cinquenta do século passado, momentoem
que se consideraterem sido
dadosos primeiros
passos para a reflexão emtorno
da protecção do PCI. Pretendeu-se aqui fazero
levantamentodas principais
iniciativas
levadas a cabo pela UNESCO que, aolongo
de três décadas,foram
determinantespara
se chegarao
discursode
salvaguarda patenteno texto
da Convenção 2003.A
partir do
enquadramento internacionaldo
tema,o
segundocapítulo
dá enfoque aocontexto
nacional.
Neste
sentido, considerou-se pertinentereflectir
sobreo
quadronormativo português e
a forma
como este se articula como
PCI, sobretudo apartir
daLei
n.o 13185,momento
apartir
do qual
se denotam sinais clarosdo
alargamento da noção de património com a introdução de deveres do Estado face à protecção de "bensdécada
de
oitenta,
inovadora
na
forma como
ressalva
a
dimensão
imaterial
dopatrimónio cultural, e as consequências que se operaram ou não no cenario institucional
de
protecçãoao PCI.
Como
balanço
final,
uma reflexão sobre
a
ratificação
daConvenção 2003 em Portugal.
O terceiro e
último
capítulo procurareflectir
sobreo
papel dos museus na salvaguardado
PCI.
Para enquadrar
o
tema,
este
capítulo
desenvolveainda quatro
questõesfundamentais. Primeiramente,
são
apresentadasas
principais
orientaçõesdo
ICOM
relativamente
ao tema. Uma outra
questãoremete para
a
reflexão
em torno
dosobstáculos que
terão de
ser ultrapassadosa
fim
de dar resposta às recomendações daUNESCO e, por
outro
lado, sobre as potencialidades que este desafio encerra. Segue-seuma breve reflexão sobre quais os museus mais capacitados para a salvaguarda do PCI
e, finalmente, algumas considerações mais gerais sobre possíveis formas dos museus se
relacionarem
com
o
PCI.
Parafinalizar
este estudoé
apresentadauma
proposta deactuação dos museus para a salvaguarda do
PCI,
tendo em conta asprincipais
funções museológicas. Para o efeito, a par com algumas recomendações são apresentados alguns estudos de caso do panorama nacional e intemacional que revelam boas práticas nestaârea.
Em termos metodológicos, a pesquisa documental e bibliográfica
foi
um instrumento detrabalho imprescindível.
Paralevar
a
cabo
os
objectivos
propostos,a
investigaçãoalicerçou-se
em três tipos de
fontes.Num primeiro
momento,foram
estudados osprincipais documentos de carácter técnico produzido pela UNESCO,
permitindo
umamelhor compreensão da acção desta organizaçáo no que diz respeito às actividades que
conduziram à Convenção 2003. Em segundo lugar, a legislação produzida em Portugal,
a
partir da
décadade
oitenta,
sobrepatrimónio
cultural, de forma
a
permitir
umentendimento
sobre
o
enquadramentonormativo
portuguêsem matéria
de PCI
erespectivas repercussões
no
quediz
respeitoà
acção nesta area.Em terceiro
lugar, aprincipal
bibliografia
produzida no campo da museologia sobre o tema contribuiu para oenquadramento
teórico
sobreo
papel
dos
museus nestedomínio. Por outro
lado,revelou-se fundamental
o
estudo comparativode
casosbem
sucedidosno
panoramanacional
e
internacional que, embora em pequena escala, comprovama
existência deRelativamente às dificuldades sentidas no decorrer desta investigação, cedo se constatou
a
escassezde bibliografia
portuguesa acercadas
problemáticasligadas
ao PCI. A
ausência dereflexão em
Portugal sobreo
tema verificou-setanto
aonível
do
debatepúblico, pouco alargado, como também ao
nível
da produção debibliografra
na área damuseologia.
Esta
situaçãoconduziu
à
consulta
de
bibliografia,
na
sua maioria,
deautores estrangeiros.
Ainda
neste contexto, uma das dificuldades encontradas prendeu-secom
a
ausênciade
distanciamentotemporal
sobreum
fenómeno queno
contexto português se revelamuito
recente do ponto de vista da implementação da Convenção erespectivas exigências,
ao nível
das tutelas,
bem
como
no
panorama museológicoportuguês que denota uma acção incipiente a este respeito. Todavia, será
justo
dizer que algumas experiências neste campo têm decorrido nosúltimos
anos, mas estápor
fazer um estudo sistemático que avalie essas experiências e respectivos resultados. Apesar dasdificuldades referidas,
o
caminho percorrido saldou-sepositivo, pelo
queos
desafiosCAPÍTULO I
-
CONTRIBUIÇÕNS
DA UNESCO
PARAA
PRorBcÇÃo Do PATruuóNIo
cULTURAL
IMATERIAL
A
expressão"Património Cultural Imaterial" (daqui em
diante
PCI),
recentemente adoptada para responderà
necessidadede
encontrarum
conceito operativoem
linhacom
as
estratégias
políticas
contemporâneasde
olhar
o
património,
resulta efectivamente de varias décadas de discussão no seio da UNESCO.Ao
fim
ao cabo, esteconceito advém também da necessidade de distinguir aquele património que não estava contemplado
no
conceito depatrimónio
adoptadona
Convençãopara a
Protecção doPatrimónio
Mundial, Cultural
e
Natural de
1972(daqui em diante
designada como Convençãolg7»2.
Da
Carta de
Veneza (1964)à
actualidade deu-seum
salto gigantesco relativamente aoentendimento
do
queé
o
património cultural.
Medianteum
processoevolutivo,
foi-seincorporando
novas
dimensõesao
património
(arquitectura vernacular,
industrial,património
natural, entre outras), conferindo-lhemaior
complexidade. Poroutro
lado,uma concepção antropológica do
património cultural
que englobatanto
as expressõesimateriais
(tais como
o
saber-fazer, tradiçãooral, etc.)
comoos
monumentos, sítios,bem
como
o
contextosocial e cultural nos
quaisse
inscrevem,contribuiu, de
certomodo, para se alcançar
uma
noçãode património
cadavez
mais
alargada, diversa ereveladora, muitas vezes, de relações de interdependência3.
Assim,
as práticas sociaistradicionais e culturais
foram
ganhandoum
papel mais relevanteno
seio das políticasculturais,
facto
que
sobressaidos foruns de
discussãointernacional
sobrecultura
edesenvolvimento como sendo,
por
exemplo, a ConferênciaMONDIACULT
(1982) ouem documentos de referência como é o caso do relatório Our Creative Diversity (1996). Nesta questão, torna-se evidente a ideia da importância que
o PCI
assume para muitos'
fUeZNeOAR, Chérif - Patrimoine culturel immatériel: les problématiques. In Le patrimoine culturel immatériel: les enjettx, les problémotiques, les pratiques. Arles: Maison des Cultures du Monde,2004. ISBN 2-7427 -4632-3. p. 5t.'BOUCHBNAKI, Mounir- Editorial. Museum InternationaL Paris. Vol.56,
n322l
países, nomeadamente
no
contexto social ecultural,
sendo entendido como umamais-valia em
termos
de
desenvolvimentoeconómico,
sobretudo naqueles países onde prevalece uma cultura rica de elementos imateriaisa.À
luz
destes desenvolvimentos pode-se compreender tambémo
facto de
em
1992 seterem
introduzido
alterações significativas nas orientações técnicasda
Convenção de1972 com repercussões
no
domínio do imaterial.
Ou
seja, passoua
ser valorizada ereconhecida a dimensão imaterial associada ao património natural, de que é exemplo a
paisagem espiritual indígena na Austráli a
(Uluru-Kata
Tiuta National Park)s .E
neste contexto
de
alargamentodo
conceito
de património cultural que se
vai alicerçandoo
trabalho desenvolvido pelaUNESCO. Por outro
lado,tal
como
sugereHarriet Deacon6,
o
entusiasmo crescente que se tem verificado com relação ao PCI estáligado também a uma tendência que se verifica sobretudo a partir dos finais do séc.
XX,
e
que reflecte
a
necessidadede
reavaliar
os
efeitos
causadospela
globalizaçáo,dominando neste sentido
uma
preocupação centradana
questão das identidades emcontextos locais.
Assim, a Convenção
para
a Salvaguarda doPatrimónio Cultural Imaterial2003
(daquiem diante Convenção 2003) representa, de certa forma, o culminar de varias iniciativas
promovidas
pela UNESCO nas últimas
décadas. Independentementedas
críticas(abonatórias
ou
não)
que
lhe
são
apontadas,
este
documento
contribuiuindiscutivelmente para uma discussão à escala intemacional do tema, reveladora de um
entendimento muito particular do património e da cultura em sentido lato.
Como se irá descrever, os esforços da UNESCO em criar um instrumento de protecção
para o PCI recuam há pelo menos três décadas atrás. Entre as iniciativas levadas a cabo
o
BLAKE, Jane - Elaboration d'un nouvel instrument normatif pour la sauvegarde du patrimoine culturel immatériel: élements de ré/lexion [em linha]. Paris: UNESCO, 2001. p. vi. [Consult.
3l
Mar. 2009].Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001237/ l23744f.pdf
s
DEACON, Harriet; DONDOLO Luvuyo; MRUBATA, Mbulelo [et al] - The subtle power of intangible
heritage [em linha]. Cape Town: HSRC Publishers,2004.p.l4-15. [Consult.3 Fev.20091. Disponível
em: http:/iwtvw.wipo.int/exporísites/wwwitkienlfolklore/creative-heritage/docs/subtle-power.pdf. ISBN 0 7969 2074 5.
6
por
esta
organizaçáovisando
a
salvaguardado PCI
podem-se destacar algumas, certamente asmais
emblemáticas:a
Recomendaçãopara a
Salvaguardada
CulturaTradicional
e do Popular
(1989),
a
criação
e
disseminaçãodo
programa
Tesouros Humanos Yivos (1993) e finalmente, apartir
de 1998 a implementação da Proclamaçãodas
Obras-Primas
do
Património
Oral
e
Imaterial
da
Humanidade.
Esta
últimainiciativa,
certamente a que alcançou mais sucesso,viria
a
sero trampolim
necessário para se chegar até à Convenção 2003.Sob
uma
perspectivacrítica,
estecapítulo
inclui
o
levantamentodos
factos
maismarcantes
da
actividade da LfNESCO nesta matéria, nomeadamenteos
programas desalvaguarda do PCI
já
referidos, entre outros, e queviriam
a conduzir ao actual estadode coisas. Sem recorrer
a
uma abordagem demasiado exaustivado
tema, alguns dosprincipais momentos deste percurso são
aqui
apresentados. Finalmente, tomando emconsideração
o
texto da
Convençáo 2003 importareflectir
sobreo
seu significado e1.1
. AS
PRIMEIRAS
DECADAS DE
REFLEXÃO
Em boa verdade, a reflexão em torno da salvaguarda do PCI não se circunscreve ao séc.
XX,
tem
seguramente antecedentes mais recuadosno
tempo.No
entanto,no
que dizrespeito
à
criaçãode
instrumentosjurídicos
internacionais de protecção, as primeirasreflexões situam-se a partir de 1950, sobretudo no que se refere à questão dos direitos de autor
na
sua aplicaçãoao
que então se designava"folclore" e
"cultura
tradicional".Nessa altura, pretendia-se, sobretudo, proteger os praticantes das expressões culturais,
procurando
de
alguma
forma uma
regulaçãodo
sector, nomeadamenteao nível
daexportação comercialT.
O
envolvimento da UNESCO com estas matérias reflecte-se naConvenção (Jniversal sobre
Direito
de Autor de 19528.Por
outro
lado, importareferir
que é também na décadade
1950 que é implementado pelaprimeiravez um
sistemalegislativo
de protecção doPCI. Com
efeito,o
Japãofoi
pioneiro na criação de legislação específica sobre esta
matéria-
aLei
de protecção daspropriedades
culturais
(1950, revista em 1954). Visandoimpedir
o desaparecimento dacultura tradicional japonesa face ao impacto da modernização, esta lei pretendia também
fortalecer
a
identidadecultural
através de programas que estimulassema
diversidadecultural
do país. Neste sentido,foi
criado um sistema de tesouros nacionaisvivos
que,por um
lado, protegia
os
detentoresde
técnicase
saberestradicionais e,
por
outro,sensibilizava as comunidades para a importância deste patrimónioe. Este sistema ainda
hoje se mantém.
Vale a pena acrescentar que, à semelhança do Japão, também outros países começaram
pouco
a
pouco
a
implementar
programas nacionaisligados
ao PCI com
base nas'
KURIN, Richard-
La salvaguardia del patrimonio cultural inmaterial en la Convención de la UNESCOde 2003: una valoración crítica. Museum International. Paris. Vol. 56, n.o 221 e222 (2000,p.69-70.
t
SHERKIN, Samantha-
A historical study on the preparation of the 1989 "Recommendation on theSafeguarding
of
Traditional Culture and Folklore".ln
Safeguarding traditional cultures:a
globalasseísment of
the
1989 UNESCO Recommendation on the Safeguardingof
Traditional Culture andFolklore [em linha]. Washington D.C.: Smithsonian Institution, 2001. [Consult.
l7
Mar. 2008]' Disponível em: lrttp://wrvw.folklife.si.edu/resources/Unesco/index,hÚn'
tSbUURe, Hisànori - Le Japon et le patrimoine immatériel. ln Le patrimoine cuhurel immatériel: lesenjeux, les problématiques, les pratiques. Arles: Maison des Cultures du Monde, 2004. ISBN
mesmas preocupações, nomeadamente
a
Coreia
do
Sul
(1962), Filipinas
(1988), Tailândia (1985), entre outrosro.A
referência aqui ao Japão e à Coreia do Sul não é inusitada,jâ
que estes países irão tergrande
peso
na
estratégia
da
UNESCO para
a
implementaçãode
programas desalvaguarda do PCI, sobretudo apartir dos anos noventa. Essa influência sentir-se-á não
apenas do ponto de vista programático, visto que detinham uma
recoúecida
experiênciano domínio de políticas
culturais
vocacionadas parao
PCI,
como também aonível
dosuporte financeiro, sobretudo do Japão, que terá inclusivamente incentivado a criação de
um Fundo de apoio às actividades da UNESCO nesta área e para o qual terá contribuído
consideravelmente entre 1993 e 2001 I | .
Tendo em conta que
a
LfNESCO eum
organismo que responde às preocupações dosseus estados-membros
em
diversas matérias, nomeadamentea
cultura,
e
ao procurarestabelecer
aqui uma
possível cronologia
de
acontecimentos orientadoresde
uma estratégiapolítica
conducenteà
protecçãodo PCI,
parece relevantelembrar
aqui
aDeclaração de Princípios
para
a CooperaçãoCultural Internocional
adoptada por estaorganização
em
1966.Da
leitura desde documento não se denunciam ainda referências concretas ao PCI, todavia, a sua importância reside no facto de se terem estabelecido osprincípios de base que nortearam o desenvolvimento das políticas culturais da UNESCO
nas décadas seguintesl2.
Na
décadade
setentado
séc.XX
surgem asprimeiras
movimentações queviriam
aconsubstanciar
a
ideia
de criar um
instrumento de protecçãodo
PCI.
Desdelogo,
aadopção da Convenção
para a
Protecçãodo Património Mundial, Cultural
eNatural
em
1972,cuja
vocação
se
centrava unicamenteno
património material,
levantoualgumas vozes dissonantes
por
parte de alguns países que se mostraram inconformadosto
KURIN, Richard, op. cit., p.70.
"
ARGOUNES, Fabrice-
Une géopolitique du patrimoine mondial? De quelques enjeux au sein deI'UNESCO autour du matériel et de I'immatériel. In FOURCADE, Marie Blanche, dir. - Paffimoine et
patrimonialisation: entre le matériel et l'immatériel. [Quebéc]: Les Presses de I'Université Laval (Pul),
Octobre 2007. ISBN 2763785204. p. 12-13.
r2
com
a
ausênciade
protecçãopara
o
que depois se
viria
a
designarPCII3.
Nesteseguimento,
em
1973,
a
Bolívia
apresentoujunto
da UNESCO
uma
proposta queconsistia na adição de um protocolo à Convenção Universal sobre
Direito
deAutor
paraa
protecção
das
tradições populares.
Esta
proposta,
inicialmente
endereçada aoIntergovernmental
Copyright
Committee
foi
encamiúada para
a
LINESCO.
Natentativa de
responderao repto,
estudando até queponto a
protecçãodo PCI,
entãodesignado
por
"folclore", poderia ser
articulada
com
a
propriedade intelectual,
aUNESCO
apresentouum
documento quehavia
elaboradoem
1971-
Possibility
oí
Estoblishing an International
Instrumentfor
the Protection
of
Folklore.
A
proposta acaboupor
não serbem
sucedida, tendo sido consideradapouco
realista, motivando,assim,
perspectivas separadasquanto
à
questãoda
protecção
do
"folclore"
e
dapropriedade intelectual, temas que ainda hoje se mantêm em caminhos diferenciados e
cuja problemática se aborda mais à frentela.
Paralelamente
a
esta questão,no
dealbarda
décadade
setenta, assiste-sea
algumasiniciativas
da
UNESCO,
porventura menos
sistematizadasse
atendermosa
uma estratégia mais alargada, mas, ainda assim,a
evidenciar quea
sua actividade não selimitava
apenas aopatrimónio cultural
na sua acepção material. Disso são reveladorasas seguintes acções: a implementação de um plano
dirigido
ao estudo das tradições orais africanas, actividades focando a promoção das línguas africanas, uma série de estudos sobre as culturas daAméricaLatinae
aorganização doprimeiro festival
dedicado àsArtes do Pacíficol5.
Na
década de oitenta, mais precisamenteem
1982, algumas medidas são tomadas no seio da LINESCO no que respeita à sua organizaçáo interna, nomeadamente a criação deum
Committee of Experts on the Safeguarding ofFolklore, a
criaçáo da Sectionfor
theNon-Physical
Heritage
e a
implementaçãode um
programa
intitulado
Study
andCollection
of
Non-PhysicalHeritage
(1984)t6. Estasiniciativas
permitem perceber at'rbidem.
'o SHERKIN, Samantha, op. cit.
'5 BRUGMAN, Fernando
-
La Convención para la Salvaguardia del Patrimonio Cultural Inmaterial. InDIAZ, Gema Carrera; DIETZ, Gunther, coord.
-
Patrimonio inmaterialy
gestión dela
diversidad. [Sevilha]: Junta de Andalucía-Consejeria de Cultura, 2005. ISBN 84'8266-567-7. p. 57.16 SHERKIN,
importância
que
o
PCI
vai
assumindono
seio
da
UNESCO,
uma
vez
que
sãodistribuídos recursos humanos e financeiros com vista à prossecução de um conjunto de
actividades
em
torno
da
salvaguardado
PCI
e
que, cada
vez
mais,
se
vai autonomizando.No
contexto da mudança de paradigma relativamenteà forma de
entendera
cultura,merece
aqui uma
nota
a
Conferência
Mundial
sobre Políticas
Culturais(MONDIACULT)
realizadaem
1982no México.
Sob
a
alçadada
UNESCO,
estaconferência acontece
no
seguimentode uma primeira
conferência organizada emVeneza
em
1970,que
abordoua
cultura
sob
o
prisma
das questões institucionais,administrativas
e
financeiraslT. Destaprimeira
conferência sobressaíram as noções de"desenvolvimento
cultural" e
"dimensãocultural do
desenvolvimento"ls, sendo cadavez mais reconhecida a importância da cultura para o desenvolvimento da economia dos países.
Por
seulado,
a
conferênciade
1982tiúa
como
objectivosum
balançodos
efeitos gerados a partir da conferência de 1970 relativamente às políticas culturais, actualizar odebate na área da cultura em conformidade com as problemáticas então em discussão, a
definição
de
novas
orientações para
a
dimensão
cultural
em
articulação
com
odesenvolvimento
e,
finalmente,
o
estímulo
à
cooperaçãocultural
internacionalle.Segundo Janet Blaka20,dconferência
de
1982foi
reveladora de umavisão
de culturacujo
enquadramento estaria orientado parauma
visão mais"antropológica",
como sepoderá constatar no conceito de cultura formulado nas actas do encontro:
"That
in
its widest sense, culture may now be saidto
be the whole complexof
distinctive spiritual, material, intellectual and emotional features that characterize asociety or social group.
It
includes not only the arts and letters, but also modesof
''
Para aprofundamento deste tema ver: UNESCO-
Intergovernmental conference on institutional,administrative andfinancial aspects of cultural policies, Venice,24 August
-
2 September 1970: finalreport lem linha].
[Paris]: UNESCO, [1970?]. lConsult.em
27 lul.
2008]. Disponível em: huo:l/unesdoc. unesco.org/imases/0009/000928/092 83 Teb.pdfr8
http://www.unesco.orgculture/ich/index.php?pg:00007 [Consult. 5 Abr. 2008].
''
UNESCO-
lntergovernmental conference on institutional (...) op. cil.,p.7.'o BLAKE, Janet
j
UNESCO's 2003 Convention on tntangible Cultural Heritage: the implications of community involvementin
"safeguarding".In
SMITH, Laurajane; AKAGAWA, Natsuko, ed'life,
the fundamental rightsof
the human being, value systems, traditions andbeliefs" 2l.
Daqui resulta,
naturalmente,
um
especial
enfoque
ao
PCI.
Não
obstante,
seriainclusivamente
utilizado
pela
primeira
vez
o
termo "Património Imaterial"
em documentaçãooficial
da UNESCO22. Pode-se situar esta conferência no contexto de umnovo entendimento sobre cultura e desenvolvimento que se vai pouco a pouco forjando
com
aportes importantespara
o
reconhecimentodo PCI. Com efeito,
é
sobre estaplataforma
de
enquadramento sobrea
cultura que
sevai
alicerçandoo
trabalho daLINESCO.
"
UNESCO-
Ll/orld conference on cultural policies, MONDIACULT, Mexico City 26 July-6 Augustt9g2: final report lem linhal. uNESCo: Paris, November 1982. p. 41. [Consult. 5 Jul. 2008]. Disponível em : htlo://unesdoc. unesco.org/images/O005/000525/052505eo.pdf
"
SCOúnNEC, François-Pierre Le-
Quelques enjeux liés au patrimoine culturel immatériel. In Lepatrimoine culturel immatériel: les enjeux, les problématiques, les pratiques. Arles: Maison des Cultures
1.2.
ARECOMENDAÇÃO
PARA
A
SALVAGUARDA DA
CULTURA
TRADICIONAL
E DO
FOLCLORE
Entretanto,
a
ideia de formular
um
documento
orientadorpara
uma
estratégia desalvaguarda do PCI
vai
ganhando pesono
seio da UNESCO.Em
1985, no contexto da Conferência geral da UNESCO é tomada, então, a decisão sobre otipo
de documento apreparar, sendo adoptado para este efeito uma "Recomendação"23.
Assim,
na sequência desta decisão e após vários anos de trabalhos preparatórios,foi
finalmente aprovada aRecomendação
para a
Salvoguardada Cultura
Tradicional e do
Popular
(daqui emdiante
designada
como
Recomendação1989),
no
contexto
da
vigésima
quintaConferênci
a
geral da LINESCO, em Paris, al5
de Novembro de 1989.Eis, pois,
o primeiro
documento normativo de enquadramento internacionaldirigido
àprotecção do
PCI.
Seria então encontrada uma definição de PCI, sendo utilizado para oefeito o termo "cultura tradicional popular" e que se definia da seguinte forma:
"(...)
é o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural fundadasna tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente respondem às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade
cultural e social; as normas e os valores transmitem-se oralmente, por imitação ou
de
outras maneiras.As
suas formas compreendem, entre outras,a
língua, aliteratura,
a
música,a
dança, os jogos,a
mitologia,os
rituais, os costumes, o artesanato, a arquitectura e outras artes." (Alínea A)24De
facto, esta definição
tinha em
consideraçãoelementos importantes
para
aconceptualizaçáo deste património, mas por outro lado, revelava-se
limitada,
no sentido"
AIKAWA, Noriko-
Visión histórica de la preparación de la Convención Internacional de la UNESCOpara la Salvaguardia del Patrimonio Cultural Inmaterial. Museum InternaÍional. Paris. Vol. 56, n.o 221 e
222(2004),p.
l4l.
2a
http://portal. r.rnesco.
em
que não
era
suficientemente abrangentepara
incluir
todos
os
aspectos destepatrimónio25.
A
Recomendação 1989 acabou por defraudar algumas das expectativas, sendo adoptadapor
poucos países e acabandopor
não causarum
impactosignificativo.
Fosse por nãoter
o
peso de uma Convenção, fosse pelas vicissitudes políticas e culturais da época, averdade
é
que poucos países mostraram interesseem
implementar este documento erespectivos
princípios
orientadores. Sobre as razões deste "insucesso" falar-se-á mais adiante, a propósito da avaliação do impacto deste documento pela UNESCO em 1999.No
entanto,
a
Recomendação1989 passou
a
Ser
um
marco
importante para
aprossecução
e
desenvolvimentode
projectosem
torno da
salvaguardado PCI
pelaUNESCO.
Afinal,
desencadeou
um
maior
reconhecimento
deste
património,funcionando sobretudo
como
uma espécie de catalizador paraa
reflexão emtomo
denovas formas
de identificar,
preservar,proteger
e
promover
o
PCI. Em
síntese, aRecomendação
1989
poderá ser
entendida,de
certo modo, como
o
prelúdio
daConvenção 2003.
1.3
-
AcÇÕns
oa
UNESCo
após
A
RECoMTN»,1çÃo
1989A
década de noventa será marcada por um discurso político preocupado com os efeitosnegativos
da
globalizaçáo sobre
as
culturas.
Receava-seque
a
cultura de
massasdespoletasse o desaparecimento de muitas tradições, correndo
o
risco deste legado não sertransmitido
às gerações futuras.É
nestequadro
que se deve entender também ocrescente interesse pela salvaguarda do PCI26.
Assim, pode afirmar-se que os anos noventa serão sinónimo de uma
maior
atenção aoPCI,
atendendoà
actividade
intensa que caracteriza esteperíodo.
O
lançamento deprogramas
como
os
TesourosHumanos Vivos (1993)
e
a
criação
da
distinçãointemacional Proclamação
das
Obras-Primas
do
Património
Oral e
Imaterial
da Humanidade (1998), entre outros, atestam uma proficua actividade que vai fundamentar uma estratégia cada vez mais vincada nesta area.Face ao desfasamento da Recomendação 1989 perante as exigências que, entretanto, se
colocavam
no
horizonte,o
caminho apontava paraa
criação deum novo
instrumentointemacional de protecção para
o
PCI. Também é certo que para a concretização desteprojecto
muito
terá contribuído,em
1999, a nomeação do japonêsKoichiro
Matsuuracomo director-geral da I-INESCO27.
Para
melhor
compreender este processo,eis,
pois,
uma
síntesedas iniciativas
mais relevantes deste período e algumas notas sobre os factores que o condicionaram.Após
a
Recomendaçãode
1989,o
trabalhoda
UNESCO continuaria
no
sentido deaumentar
o
impacto
deste documento,
esperandoobter
maiores
repercussões naspolíticas culturais
dos
paísesem
matéria
de
PCI.
Para alcançareste
objectivo,
aLINESCO
levou
a
cabo
várias actividades,tais
como
cursosde
formação, planos de2u
KURIN, Richard, op. cit.,p.70.
acção dirigidos
às
comunidades indígenas,
festivais,
uma rede
de
actividadesfolclóricas, colecções de música tradicional, entre outras2s'
Um novo programa dedicado ao
PCI
foi
implementado pela UNESCOem
1992 com oobjectivo de
estimular
o
respeito
e
reconhecimentopelo PCI.
Neste contexto, foi
elaborado
um
estudo sobre todas as actividades e trabalhos realizados até então sobrePCI nos seus vários domínios, no sentido de fazer uma análise retrospectiva da situação. Este estudo
iria permitir
obter as coordenadas necessárias paraa definição do
futuro programa dedicado ao PCI e actuação estratégica da UNESCO nesta área.Varios especialistas foram chamados a intervir neste estudo e, entre 16 e 17 de Junho de
1993, teve lugar em Paris uma reunião onde foram apresentadas e definidas as grandes
liúas
programáticas a seguir2e. Deste encontro concluiu-se a importância da UNESCOcomo
organismo catalisadore
coordenadorde
acções orientadorasno
domínio
da salvaguardado PCI.
Mais
concretamente,foram
definidasa
curto
prazo as seguintes áreas prioritrírias: música, dança, teatro, tradições oraise
línguas. Ficaria determinadotambém que as actividades da
UNESCO
se centrariam sobretudona
revitalização doPCI
e
na
sua transmissão às gerações futuras.Além
disso,foram
apresentados cincoprojectos-piloto, elaborados por várias instituições representativas dos cinco continentes
do globo.
Expressivosdo
enquadramento programáticoda
LINESCO,
os
projectos apresentados neste contexto foram os seguintes:Protecção. conservação e revitalização do PCI da região de Hué (Vietname). Os
objectivos
desteprojecto residiam
no
estudoe
na revitalização das
culturastradicionais,
incluindo
as
artesdo
espectáculoda corte
real,
o
"restauro"
dealdeias
especializadasem
artesanatoe,
finalmente,
o
estudo
do
sistema educativo tradicional."
BRUGMAN, Fernando, op. cit.,p.59.2e
UNESCO
-
International consultation on new perspeclivesfor IJNESCO's Programme: the intangiblecultural heritage: final report [em linha]. Paris: UNESCO, 1993. [Consult.4 Abr. 2008]. Disponívelem:
n
n
n
tr
Salvaguarda
e
revitalização das
músicastradicionais da
Nigéria.
O
projectopretendia
evitar
a
banalização
destastradições, através
de
estratégias derevitalização que, em
última
instância, deveriam promovera
indústria culturaldas músicas africanas.
Criacão
de
uma rede
de
instituições
de
investigacãopara
a
salvaguarda.revitalização e disseminacão do património cultural tradicional e popular na
sub-regiãodaEur@.Numesforçoconjunto,estasinstituições
poderiam
criar
soluções para problemas comunsno
sentido de desenvolver umapolítica e estratégia partilhada no domínio do PCI.
Recolha. formação
na
recolhade
técnicase
revitalizacãoda
músicae
dancatradicional
naTunísia. O
grande enfoque deste projecto era, de certo modo, arevitalização das músicas e danças tradicionais através da educação pública e da
comunicação social.
O
património urbano imaterial do centrohistórico
da cidade doMéxico
(.1940-1990).
Documentaçãoe
Promocão.O
projecto
enfatizava
a
necessidade deconsciencializaçáo para
o
PC[, a
formaçãode
agentesculturais e a
criação dearquivos.
O
livro
vermelho das línguas em perigo. O objectivo deste projecto consistia eminquirir
e estudar todas as línguas em perigo no mundo.Outros factores contribuíram para
um
maior reconhecimento da importância doPCI
na década de noventa.A
este propósito,Noriko
Aikawa3ofaz
referência ao trabalho da I-INESCO relativamente à problemática dos povos autóctones e que se reflectiu em três acções:a
Convençãodas
Nações Llnidas sobrea
DiversidadeBiológica
(1992)3t, a'o AIKAWA, Noriko, op. cit., p. 143. 3r
No artigo 8 O deste documento faz-se uma referência clara às práticas tradicionais dos povos indígenas
e à necesiidade da sua preservação:
"(...)
respect, preserve and maintain knowledge, innovations andpractices
of
indigenoui and local communities embodying traditional lifestyles relevantfor
theôonservation and iustainable use of biological diversity and promote their wider application with the approval and involvement ofthe holders ofsuch knowledge, innovations and practices and encourage the
celebração
da
Década
das
Nações Unidas
para as
Populações Autóctones
eMinoritárias
(1995-2004)e
o
projecto de Declaração das Nações Unidas
sobre osDireitos
dos Povos Autóctones (redigido entre 1994-1995). O enfoque dado a este temasublinhou a relevância dos
direitos
culturais dos povos autóctones e a necessidade derespeitar e salvaguardar o seu PCI.
Paralelamente,
como referido
anteriormente, algumas mudançassão
colocadas emprática
relativamente
à
Convenção
de
1972, cujas
orientações
técnicas
foram actualizadasna
década de noventa,de
acordocom
um
entendimentomais plural
dopatrimónio
do
qual
emerge
a
necessidadede
associar
os
sistemas
de
valores(intangíveis) ao património material. Esta abordagem reflecte-se em concreto em 1992,
sobretudo no que respeita ao
critério
VI
das orientações técnicas, que passa a permitirque
sítios
ou
monumentos possam inscrever-sena lista do
patrimonio mundial
sepreencherem, entre outros,
o
seguinte requisito:"be
directly
or tangibility
associatedwith
events orwith
ideas or beliefs of outsanding universal significance (..')"32.Tendo como pano
de fundo a
reflexão
sobreo
lugar
da
cultura
na
relaçãocom
odesenvolvimento económico, cita-se
aqui
o
relatório
Our
CreativeDiversi\f3
Qgge)pelas
conclusõesque
apresentaem
beneficio
de uma maior
valorização
do
PCI.Compilado
pelal(orld
Commissionfor
Culture and
Development(ctiada
em
1992),pretendia-se deste
relatório
um
conjunto
de
propostasrelativamente
à
actuação daUNESCO
perante estetema.
Relativamenteao PCI
destacamosdois
aspectos. Emprimeiro lugar, neste documento é
sublinhadaaiqtezadeste
património, confirmando asua importância
como
elemento
da
memória colectiva das
comunidadese
da
suaidentidade. O segundo aspecto, mais relevante, prende-se com o facto de se
recoúecer
que este
património
não receberaa
atenção devidano
passado, fazendonotar
que aConvenção 1972 não era
o
instrumento mais adequado para proteger este património.equitable sharing
of
the benefits arising from the utilizationof
such knowledge, innovations andpractices". In http:/iwww.cbd.iníconventiorr/articles.slrtntl?a:cbd-O8 [Consult. l5 Mar.2008].
3, uNESco - rNrencovERNMENTAL coMMITTEE FoR THE PRoTECTIoN oF THE woRLD
CULTURAL AND NATURAL HERITAGE
-
Operational guidelinesfor
the implementation of thellorld
Heritage Convention [em linha]. Revised 27 March 1992, p. 5. [Consult. em 27 Jul. 2008]. Disponível em: lrttn://whc.urresco.or9archive/opguide92.pdf33
'
Para
uma
panorâmica
sobre este
relatório
consultar:Consequentemente,
é
sugerido
que
se
definam outras formas
que
permitam
oreconhecimento do PCI na sua diversidade de expressões à escala global3a.
I.3.1 . O
PROGRAMA LÍNGUAS EM PERIGO
NO
MUNDO
O programa Línguas em Perigo no Mundo surge no ano de 1993, mas as preocupações
da UNESCO perante
a
problemática das línguas manifesta-se desdea
sua fundação.Durante a década de sessenta esta organizaçáo promoveu a língua como instrumento de
cultura e educação, através darealização de conferências e formação (bolsas, cursos de
formação, seminarios).
Mas
é
entrea
décadade
setentae
noventaque as
políticasrelacionadas com esta temática
gaúam
maior visibilidade3s.Desde a década de setenta que os linguistas chamam a atenção para
o
facto de muitaslínguas se encontrarem em
risco
de desaparecer,no
entanto, só mais recentemente anecessidade
preservar
as
línguas
ganhou
reconhecimentoà
escala
internacional.Todavia,
e a
partir
do
início
da
década
de
noventa
que
começam
a
surgir movimentações no sentido de discutir este problema numa atitude proactiva36.A
ideia de preservar as línguas em risco de desaparecer ganha contornos concretos em1993. Este ano seria marcado pela comemoração
do
United NationsInternational
Year of the World's Indigenous Population, colocando a tónica na importância das línguas, noseu significado e chamando a atenção, por sua
vez,pataa
vulnerabilidade a que muitaslínguas estavam sujeitas.
É neste enquadramento que a secção do Património Imaterial da UNESCO promove um
programa
de Línguas
em
Perigo no
Mundo, projecto que
havia sido
proposto
nocontexto
da
International Consultation
on
New
Perspectivesfor
UNESCO'sProgramme
(1993),
conferênciajá
referida
anteriormente.O
projecto
-
O
Livro
Vernelho das Línguas em Perigo, procurava,
por um
lado,reunir
informação sobre aslínguas
em risco de
desaparecer, determinaro
diagnósticoda
situaçãoe
avaliar
anecessidade de
tomar
medidas urgentes no sentido da sua salvaguarda. Por outra parte,"
UNESCO-
Presentation by Mr. Mounir Bouchenaki Assistant Director-General UNESCO on theoccasion of the international expert meeting on UNESCO Programme Safeguarding of Endangered
Languagei [em 1inha]. Paris,
l0
March 2003. [Consult.l9
Abr. 2008].p. 3.
Disponível em: htfio://www.unesco.orgy culture/ich/doc,rsrc,/O0 I I 8-EN.pdfpretendia-se estimular a investigação neste domínio, a publicação de estudos e a recolha
de material que pudesse dar
a
conhecer as línguas nas suas diversas tipologias.Além
disso, incluía
a
criação deum
comité de carácter internacional e uma rede de centrosreglonals
Ainda no
contexto deste programa, soba
responsabilidade das autoridades japonesas, estava prevista a criação deum
banco de dados para as línguas em perigo e que veio aconcretizar-se em 1995 pela Universidade de Tóquio. Este centro tinha como finalidade recolher, estudar e
difundir
informação sobre as línguas em perigo37.Além
disso,foi
criada uma
basede
dadosonline
intitulada
UNESCO RedBook
of
Endangered languages.
Mais
tarde, no seguimento destas iniciativasviria
a ser criadoum atlas
-
Atlas
of the World's Languages in Danger of Disappearing3s. Neste domínio outras iniciativasviriam
a ser desenvolvidas pela I-INESCO, sendo esta uma area-chave de actuação.Não é de hoje que a questão da defesa das línguas se configura como uma das ameaças
concretas conducentes à perda da diversidade cultural, mas esta consciencialização vai
gaúando
maior evidência nos nossos dias perante arapidez com que o desaparecimentode
tantaslínguas
se
faz
sentir um
pouco
por
todo
o
mundo
como
resultado daglobalização.
A
atenção especial
que
merecem
as
línguas
deve-se
em
parte
aorecoúecimento
que a UNESCO promoveu em tomo da ideia de que as línguas também fazemparte
do
património3e. Efectivamente,com
a
perda
de uma
língua
perde-se indelevelmente uma partesigniÍicativa
das nossas tradições, memóriae
identidade. E neste contexto que se explicao
compromisso da LINESCO na promoção de actividades direccionadas para a salvaguarda das línguas.3'UNESCO - Presentation by Mr. Mounir (..-), op. cit.,p.6.
38
http:l/www.unesco.org/culture/ich/index.php?pg=00206 [Consult' 29 Mat' 2008]'