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DA PROIBIÇÃO DO USO DE AGROTÓXICOS

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DA PROIBIÇÃO DO USO DE AGROTÓXICOS

Centro Universitário Toledo Araçatuba

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DA PROIBIÇÃO DO USO DE AGROTÓXICOS

Monografia apresentada à coordenação do Curso de Direito do Centro Universitário Toledo de Araçatuba, como requisito parcial para obtenção de grau de bacharel em direito sob orientação do professor Milton Pardo Filho.

Centro Universitário Toledo Araçatuba

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Banca examinadora ________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________ Prof. Ms. ________________________________________ Prof. Ms. Araçatuba,____de_________de 2019.

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Agradeço a todos que me auxiliaram e me incentivaram a concluir mais uma etapa significativa da minha vida.

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A preservação ao meio ambiente no decorrer dos anos entrou nos centros de discussões por todo o mundo, sobretudo nos anos seguintes as guerras mundiais. Com a criação da ONU – Organização das Nações Unidas, essa entidade passou a defender o meio ambiente como um direito humano e tornou-se defensora da produção de alimentos, utilização de recursos naturais, e etc... de maneira harmônica com o meio ambiente, visando o bem estar da vida humana e consequentemente garantindo a vida para as futuras gerações. Nesse prisma, surgi o tema agrotóxico que tem sido largamente utilizado nas lavouras para produção de alimentos pelo mundo, sobre tudo no Brasil, impactando o meio ambiente durante toda a cadeia de produção dos mantimentos, inclusive tendo reflexos na saúde humana, uma vez que, não se tem debates aprofundados de como está à alimentação do brasileiro. Importante destacar que com o avanço das monoculturas, precárias condições de fiscalizações no uso dos agrotóxicos e falta de políticas públicas que priorizem técnicas de produção de alimentos mais sustentáveis, o Brasil tem se tornado um grande consumidor de agrotóxicos para produção de alimentos com a adoção dos transgênicos, gerando desdobramentos ao meio ambiente, a saúde humana e ao direito de propriedade.

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The preservation of the environment over the years has entered the centers of discussions all over the world, especially in the years following the world wars. With the creation of the United Nations, this entity came to defend the environment as a human right and became an advocate of food production, use of natural resources, and so on ... in a way that is harmonious with the environment , aiming at the well being of human life and consequently guaranteeing life for future generations. In this perspective, the agrotoxic theme has appeared that has been widely used in crops for food production throughout the world, especially in Brazil, impacting the environment throughout the food supply chain, including having a negative impact on human health, there is no in-depth discussion of how the Brazilian is fed. It is important to point out that with the advance of monocultures, poor conditions of inspections in the use of agrochemicals and lack of public policies that prioritize more sustainable food production techniques, Brazil has become a major consumer of agrochemicals for food production with the adoption of transgenic, generating consequences for the environment, human health and property rights.

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INTRODUÇÃO ... 09

I Do Direito Ambiental ... 10

1.1 Conceito de Meio Ambiente ... 10

1.2 Revolução Verde ... 10

1.3 Origem do Direito Ambiental ... 11

1.4 Direito Ambiental como direito Constitucional ... 12

1.5 Direito Ambiental como direito Fundamental ... 13

1.6 Direito Ambiental no sistema jurídico ... 14

1.7 Tratados e Convenções Internacionais ... 17

1.8 Constituição de 1988 ... 18

1.9 Princípios Fundamentais do Meio Ambiente ... 20

1.9.1 Princípio da Prevenção ... 21

1.9.2 Princípio do desenvolvimento sustentável ... 21

1.9.3 Princípio do poluidor-pagador ... 22

1.9.4 Princípio da cooperação entre os povos ... 23

1.9.5 Princípio da solidariedade intergerencial ou equidade... 23

1.9.6 Princípio da natureza pública da proteção ambiental ... 25

1.9.7 Princípio da participação ... 25

1.9.8 Princípio da proibição ao retrocesso ... 26

1.9.9 Princípio da função socioambiental da propriedade ... 28

1.9.10 princípio da responsabilidade compartilhada ... 29

II Agrotóxicos ... 30

2.1 Definição pelo mundo ... 30

2.2 Definição no Brasil ... 30

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2.3.3 Da receita agronômica ... 36

2.3.4 Do usuário de agrotóxico ... 38

2.3.5 Das embalagens de agrotóxico ... 39

2.3.6 Da reavaliação de agrotóxicos ... 39

2.4Transgênicos ... 40

2.4.1Conceito de transgênicos... 40

2.4.2 Surgimentos de pragas mais resistentes mesmo com a transgenia ... 42

III Dos impactos causados pelo uso de agrotóxicos ... 44

3.1 Direito de propriedade... 44

3.2 Direito a saúde e a vida ... 46

3.3 Desaparecimentos de abelhas ... 47

3.4 Impactos na saúde humana ... 48

3.5 Resíduos de agrotóxicos nos alimentos... 49

3.6 Capina Química nas cidades ... 51

CONCLUSÃO ... 53

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INTRODUÇÃO

Após as guerras mundiais surgi a ONU (Organização das Nações Unidas), fundada com o objetivo de defender os direitos humanos, dentre eles o direito ambiental. Com a expansão alcançada pelo tema ambiental pelo mundo o Brasil começou gradativamente a implantar no ordenamento jurídico princípios e leis norteadoras para assegurar um meio ambiente mais equilibrado, possibilitando uma vida mais sadia aos seus cidadãos.

Concomitantemente a essa tutela, uma parcela de desenvolvimento do Brasil se deu através da agricultura, impulsionada pela utilização de agrotóxicos e afins, ainda mais com a adoção do uso de transgênicos que culminaram em produções volumosas. Em contrapartida, geram danos ambientais de difícil reparação, interferindo no direito de propriedade e, sobretudo no direito a sadia qualidade vida, que se tornou um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal de 1988.

Embora tenhamos técnicas de produção sustentáveis o que garante uma qualidade de vida adequada ao ser humano e ao meio ambiente, não possuímos políticas públicas que busquem reduzir a utilização dos agrotóxicos no nosso país, ao contrário disso, como apresentado nesse trabalho, o Brasil tem se tornado o País que mais consome agrotóxico no mundo, sobre tudo após a adoção da transgenia na agricultura.

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I – DO DIREITO AMBIENTAL

1.1 Conceito de Meio Ambiente

Com a importância que o meio ambiente ganhou, evolui-se para idéia de que ele não poderá mais ser visto como apenas algo exploratório, sem que se leve em consideração a sua preservação frente às relações humanas que são exercidas sobre ele.

Embora haja vários conceitos disponíveis sobre o termo meio ambiente, ele foi primariamente definido no Brasil, de maneira ampla, no artigo 3º, I da Lei 6.938/1981 com a seguinte redação: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, donde se observa a inclusão de vários tipos de meio ambiente, dentre os quais estão o natural, artificial, cultural e do trabalho, conforme aponta Leite e Pilati (2011, p. 31).

No dicionário há distinção entre o termo “meio” de “ambiente”, porém no ordenamento jurídico brasileiro, o termo utilizado tem sido meio ambiente conforme art. 225 da Constituição Federal de 1988.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

A importância do tema é tamanha que Milaré (2015, p.253) aduz o seguinte, “a questão ambiental veio para ficar, e o Direito do Ambiente surge como seu escudeiro vitalício, ou seja, ad aeternum”.

1.2 Revolução Verde

Nos meados dos anos 50, com o foco em aumentar a quantidade de alimentos produzidos no mundo, objetivando a diminuição da fome, observou-se a necessidade de fazer

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inovações nas lavouras, submetendo-as a novas tecnologias para alcance de uma produção de larga escala.

Essas tecnologias trouxeram para as lavouras componentes químicos, mudanças genéticas nas sementes no qual possibilitaram a elevação da produção de alimentos. Porém, essa nova metodologia trouxe questionamentos sobre os impactos no meio ambiente.

Nessa nova forma de produção de alimentos fez com que as culturas se tornassem refém desses produtos químicos que são fornecidos por grandes conglomerados empresarias no ramo da indústria química, gerando um circulo vicioso, donde só se consegue produzir aplicando esses agentes.

Cabe o destaque no ocorrido com sementes que para alcançar a produtividade esperada deve ser submetida a grande quantidade de insumos químicos, como os fertilizantes, adubos e agrotóxicos.

Demais disso, a Revolução Verde fortaleceu os latifundiários e a disseminação da monocultura nas áreas produtoras de alimentos. Sendo assim, a monocultura possuiu uma grande quantidade da mesma espécie de planta em um determinado local, possibilitando o surgimento de pragas e que para o seu controle demandam o uso de produtos químicos.

Para sublinhar o impacto do meio ambiente através da monocultura, vale observar a produção de arroz irrigado, onde se utiliza produtos químicos na lavoura e consequentemente a água é utilizada pelos peixes como habitat, potencializando a extinção e contaminação dos mesmos.

Houve, portanto, uma ruptura com o antigo modelo de produção em que existia uma sintonia de produção e o meio ambiente, conforme elucida Caldart (2012, p. 688):

“o trabalho que era realizado em convivência com a natureza foi fragmentado em partes – agricultura, pecuária, natureza, sociedade –, e cada esfera passou a ser considerada em separado, quebrando-se a unidade existente entre ser humano e natureza.”

Por tanto, a preocupação ao meio ambiente passou a ser irrelevante.

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Trata-se de um novo bem jurídico cingido na ciência do Direito, que ganhou visibilidade e atenção global com o fim da Segunda Guerra Mundial, nos meados dos anos 1960, onde se verificou a necessidade de garantir uma tutela ao meio ambiente, visto que muitos dos recursos naturais sofreram diminuição e que determinados produtos ecológicos tornaram-se economicamente caros.

A ONU (Organização das Nações Unidas) enfocada no tema reuniu na Suécia em 1972 durante a Conferência de Estocolmo, líderes de vários países e movimentos ambientais para discutir o assunto, tendo ao final do encontro redigido e assinado pelos envolvidos, um documento com princípios que precisavam ser observados para aliar o desenvolvimento em paralelo com a preservação ambiental. Sendo assim, o direito ambiental, passou a ser reconhecido como parte inerente dos direitos humanos.

Tal documento trouxe a seguinte redação no item 01, que corrobora com início da idéia de desenvolvimento sustentável aliado a preservação ambiental pelos povos da Terra:

“1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo o que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma”.

Vale resaltar o ensinamento do mestre de Viena Norberto Bobbio, (1996 apud ANTUNES,2013, p.4) “o mais importante dos direitos sociais e humanos é o reinvidicado pelos movimentos ecológicos: O direito de viver num ambiente não poluído.”.

1.4 Direito Ambiental como Direito Constitucional

A célere ascensão obtida pelo direito ambiental, mesmo sendo tema relativamente novo no âmbito de proteção, foi conquistada pelos movimentos protecionistas realizados ao redor do mundo no pós-guerra mundial, que as novas constituições incorporam no decorrer dos anos, haja vista a brasileira em 1988.

Como indica Herman Benjamin, no livro de Canotilho e Leite (2008 p. 95, 96, 99 e 103), essa constitucionalização acarretou vários benefícios, que abordaremos sucintamente:

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a) dever constitucional genérico de não degradar, ou seja, consolida o princípio da precaução, dando limites a exploração da propriedade

b) ecologização da propriedade e da função social, ou seja, faz com que a propriedade deixa de ter direito pleno de explorar, garantido o direito de vizinhos. Logo, o direito de explorar da propriedade deve ser observado em consonância com a saúde humana e os processos e funções ecológicas essenciais.

c) proteção ambiental como direito fundamental, ou seja, ao adquirir essa posição de direito fundamental, tem-se aplicação imediata, nos moldes do art. 5º, §1º da Constituição Federal de 1988.

d) segurança normativa, ou seja, os direitos e garantias individuais são pétreos.

1.5 Direito Ambiental como Direito Fundamental

Assim define Herman Benjamin, no livro de Canotilho e Leite (2008, p. 96), o direito fundamental ambiental: “Formalmente, direitos fundamentais são aqueles que, reconhecidos na Constituição ou em tratados internacionais, atribuem ao indivíduo ou a grupos de indivíduos uma garantia subjetiva ou pessoal”.

Deste modo, dada a sua importância e status dentro do ordenamento jurídico, os direitos e garantias ambientais tendem a serem mais efetivos, por estarem no topo desta hierarquia.

A estrutura desses direitos possui divisões que a doutrina os diferencia por critérios definindo-os como de 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª geração.

Os direitos de 1ª geração, como nos ensina Lenza (2014, p. 1056) dizem “respeito às liberdades públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos civis e políticos a traduzir o valor liberdade”, ou seja, não há necessidade de uma interferência estatal para que possam existir. Sendo assim, o direito a vida é contemplado nessa modalidade.

Ao que se refere a direitos coletivos, são tidos como de 2ª geração, pois uma atividade estatal se faz necessária para que eles sejam alcançados. Nesse sentido, Masson (2016, p. 192) explica:

“São, usualmente, denominados "direitos do bem-estar", uma vez que pretendem ofertar os meios materiais imprescindíveis para a efetivação dos direitos individuais.

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Para tanto, exigem do Estado uma atuação positiva, um fazer (daí a identificação desses direitos enquanto liberdade positivas), o que significa que sua realização depende da implementação de políticas públicas estatais, do cumprimento de cerras prestações sociais por parte do Estado, tais como: saúde, educação, trabalho, habitação, previdência e assistência social”

Com as novas mudanças que ocorram na sociedade no âmbito mundial, tanto na esfera econômica e social, emergiu-se direitos “transindividuais” conforme explica Masson (2016, p. 192), no qual se destaca o direito ambiental, o direito de propriedade, o direito de comunicação, sendo-os classificados como direitos de 3ª geração. Ou seja, o direito ambiental, torna-se público (é de todos, não tem dono), consagrando o princípio da solidariedade deixando-o de ser visto como singular e tornando-se coletivo, embasado portando no espírito fraterno e solidário, conforme Mandado de Segurança 22.164, relator Ministro Celso de Mello, Diário de Justiça da União de 17.11.1995.

Em síntese, Masson (2016, p. 192), nos orienta:

“são direitos que não se ocupam da proteção a interesses individuais, ao contrário, são direitos atribuídos genericamente a rodas as formações sociais, pois buscam tutelar interesses de titularidade coletiva ou difusa, que dizem respeito ao gênero humano”.

Insta salientar as palavras de Herman Benjamin, no livro de Canotilho e Leite (2008 p. 98), sobre a constitucionalidade do direito ambiental com norma fundamental: “..., o direito fundamental leva a formulação de um princípio da primariedade do ambiente, no sentido de que a nenhum agente, público ou privado, é lícito trata-lo como valor subsidiário, acessório, menor ou desprezível” .

1.6 Direito Ambiental no Sistema Jurídico Brasileiro

Os primeiros pontos da tutela do meio ambiente por legislação própria brasileira só ocorreram com a implantação do Código Civil 1916.

Nesse caminho, Milaré, detalhou (2015, p. 239 e 240) um rol de regras que foram implementadas em nosso ordenamento que tratam de matérias específicas e pontuais de assuntos ambientais:

Decreto 16.300, de 31.12.1923 (Regulamento do Departamento de Saúde Pública); Decreto 23.793, de 23.01.1934 (Código Florestal);

Decreto 24.114, de 12.04.1934 (Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal); Decreto 24.643, de 10.07.1934(Código de Águas);

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Decreto-Lei 2848, de 07.12.1940 (Código Penal); Lei 5.197 de 03.01.1967 (Proteção à Fauna);

Decreto-Lei 303, de 28.02.1967 (Criação do Conselho Nacional de Controle de Poluição Ambiental);

Lei 5.318, de 26.09.1967(Política Nacional de Saneamento), que revogou o decreto-lei 303/67;

Decreto 73.030, de 30.10.1973 (Criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente); Lei 6.151, de 04.12.1974 (Criação do II Plano Nacional de Desenvolvimento).

Vale ressaltar que, os textos de várias destas legislações já sofreram revogações ou alterações significativas.

A grande prova de que o Brasil de fato incorporou o tema ambiental de maneira jurídica e relevante, foi com a edição da lei 6.938 de 1981, regulada pelo Decreto 99.274/1990, que implantou a Política Nacional do Meio Ambiente, em que trouxe o primeiro conceito legal de meio ambienteconforme seu artigo 3º, bem como criou responsabilidades ao Estado a fim de efetivar a proteção ao meio ambiente benigno à vida, e, por conseguinte a dignidade humana, com a redação dada no artigo 2º desta mesma lei:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Um desses trunfos foi, por exemplo, a criação do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), e de órgãos hierarquicamente inferiores como o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), que através de vários instrumentos tiverem a possibilidade de fomentar e efetivar tais garantias legais, conforme descrito no artigos 6º da lei 6.938/1981:

Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:

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I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências;

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;

Para fomentar e efetivar tais garantias ao meio ambiente à lei no seu artigo 9º criou vários instrumentos, conforme segue:

São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes;

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

Por conseguinte, essa lei trouxe algo inovador até então no nosso ordenamento jurídico brasileiro sobre a proteção e melhoria do meio ambiente, pois propiciou a Estados e

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Municípios, de maneira complementar, o auxílio à União para salvaguardar esse bem jurídico tão importante, conforme redação dada nos §§1º 2º VI, do artigo 6º:

§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.

Destarte, logo tempo depois, é promulgada a Constituição Federal de 1988, que traz em seu bojo um capítulo específico na tutela ambiental.

De arremate, a fim de cumprir uma das metas da Política Nacional do meio ambiente, em 1989 entrou em vigor a Lei 7809/89 que dispõe sobre o uso dos agrotóxicos.

1.7 Tratados e Convenções Internacionais

Após o ponta pé inicial dado pela ONU na Convenção de Estocolmo em 1972, os países com relativa frequência têm-se intensificado no debate das questões ambientais, e nesse panorama o Brasil tem se solidarizado com o tema, e incorporado em nosso ordenamento jurídico tratados e convenções internacionais cuja finalidade é as tratativas dadas aos produtos perigosos, que abarcam este trabalho.

Em adição a isso, relacionamos os tratados e convenções relacionados na tutela do meio ambiente em que o Brasil é signatário:

a) Convenção da Basiléia

Efetivada em 22 de março de 1989, na cidade da Basileia na Suíça e aprovada através do decreto legislativo nº. 34 de 1992 e promulgada pelo Decreto 875 de 19/07/1993 aqui no Brasil, essa Convenção trata da preocupação dos resíduos produtos perigosos que podem ultrapassar os limites das dividas dos países.

b) Convenção de Roterdã

Efetivada em 10 de setembro de 1998, na cidade de Roterdã, na Holanda, e aprovada através do decreto legislativo nº 197 de 2004 e promulgada pelo decreto 5360 de 31/01/2005 aqui no Brasil, essa Convenção objetiva a troca de informações para o uso adequado dos produtos perigosos, para garantir a proteção da vida humana e do meio ambiente.

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c) Convenção de Estocolmo

Efetivada em 22 de maio de 2001, na cidade de Estocolmo da Suíça e aprovada através do decreto legislativo nº. 204 de 2004 e promulgada pelo decreto 5472 de 20/06/2005 aqui no Brasil, essa convenção busca reduzir ou eliminar gradualmente a poluição de produtos orgânicos que demoram a se decompor no solo, potencializando a contaminação do meio ambiente e trazendo prejuízos a saúde humana.

1.8 Constituição Federal de 1988

Como já analisado no tópico acima, antes da Constituição de 1988, nenhuma outra Carta Magna, avalizou o tema ambiental em seu arcabouço, ou seja, só havia proteção por força de leis infraconstitucionais. Porém, vale sublinhar que em um curto espaço de tempo, o tema ambiental ganhou reconhecimento internacional e logo adquiriu uma tutela constitucional.

Sendo assim, com o advento da Constituição Federal de 1988, tido por doutrinadores como constituição verde, é que efetivamente se deu uma ampla tutela ao meio ambiente e, por conseguinte fortalecendo e expandindo o lastro de alcance do Direito Ambiental a nível nacional.

Vale observar que, a nossa carta Magna sofreu influências de constituições de outros países que foram elaboradas após esse despertar ambiental consolidado durante a Conferência de Estocolmo na Suécia em 1972, realizada pela ONU com maciça participação de lideres governamentais mundiais, inclusive do Brasil.

Nesse sentido, as Constituições de Portugal no ano 1976 e da Espanha ano 1978, acabaram por inspirar os constituintes originários Brasileiros, que anos mais tarde, elaboraram, discutiram e aprovaram normas assecuratórias no âmbito ambiental.

Nossa Constituição vigente trouxe um capítulo exclusivo para os direitos fundamentais que se encontram redigidos no seu art. 5º, mas o entendimento jurisprudencial é que esses direitos estão irradiados por todo o texto constitucional, conforme Lenza (2014, p. 1055):

Iniciamos o estudo pelos direitos e deveres individuais e coletivos, lembrando, desde já, como manifestou o STF, corroborando a doutrina mais atualizada, que os direitos e deveres individuais e coletivos não se restringem ao art. 5º da CF/88, podendo ser

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encontrados ao longo do texto constitucional, 1 expressos ou decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição, ou, ainda, decorrentes dos tratados e convenções internacionais de que o Brasil seja parte.

À tutela do direito ambiental trazida pela Carta Magna está descrita no artigo 225 de maneira ampla e bem clara. Prontamente, no caput do artigo 225, o legislador brasileiro sabiamente, deixa elucidado que não é suficiente ter apenas um meio ambiente ecologicamente equilibrado, mas que esse meio ambiente possa conferir a coletividade uma sadia qualidade de vida para a atual e para as próximas gerações.

Logo, fica evidente, em nosso entendimento, que se trata de um direito individual de primeira geração, em que não há a necessidade de uma mobilização estatal para possuí-lo, uma vez que, ele é correlacionado a direitos inerentes do ser humano que é a vida e a saúde.

Na sequência, o poder constituinte delineia nos parágrafos do artigo 225 uma série de obrigatoriedades estatais e da coletividade, a fim de se efetivar esse valioso direto, conforme segue:

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

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§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

Vale trazer a baila, a interpretação feita por José Afonso da Silva (2013, apud Milaré, 2015, p. 175), que divide o referido artigo em três normas:

“O primeiro aparece no caput, onde se inscreve a norma-matriz, reveladora do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; segundo encontra-se no §1º, com seus incisos, que versa sobre os instrumentos de garantia da efetividade do direito enunciado no caput do artigo; o terceiro compreende um conjunto de determinações particulares, em relação a objetos e setores, referidos nos §§2º a 6º, que, por tratarem de áreas e situações de elevado conteúdo ecológico, merecem desde logo proteção constitucional”

Como é sabido pelos operadores do direito, em que há um entrelaçamento de dispositivos, garantias e direitos em um ordenamento jurídico, logo o constituinte originário de 1988 assegura no artigo 3º, II, a garantia ao desenvolvimento nacional em harmonia com o caput do art. 170, que incentiva a ordem econômica, porém essa ordem econômica deve ser aliada a defesa do meio ambiente, conforme descreve o inciso VI do próprio artigo 170: “defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;”.

Por tudo isso, cumpre observar então que a Carta Magna é assecuratória do desenvolvimento da ordem econômica, porém deve-se sempre ser pautado com o devido respeito e sintonia ao meio ambiente, ou seja, que haja o desenvolvimento de forma sustentável.

De arremate, é importante mencionar o ensinamento de Leite (2011, p. 12) sobre o direito ao meio ambiente: “Trata-se de cláusula pétrea (art. 60, §4º, da CF de 88), qualidade que distingue das outras normas constitucionais, conferindo-lhes imutabilidade e intangibilidade, o que impede o retrocesso ecológico”.

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1.9.1 Princípio da Prevenção

A pauta deste princípio se dá pelos impactos já conhecidos pela ciência, ou seja, há uma certeza científica de que determinada intervenção humana cause alguma alteração no meio ambiente, especificamente um dano, na qual se invoca tal princípio com objetivo de evitar o implemento desta ação, uma vez que, ao se tratar de meio ambiente a reparação do mesmo pode não ser reestabelecida nas condições originais anteriores à degradação.

É consenso da maioria dos doutrinadores que a degradação ao meio ambiente é irreparável, e a título demonstrativo podemos refletir: O que pode ser feito para limpar uma fonte de água natural contaminada por agroquímico?

A alusão a este princípio é encontrada no plano internacional nas convenções internacionais já mencionadas no item 1.6 deste trabalho bem como no artigo 225 da Constituição Federal de 1988.

1.9.2 Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Assim como o meio ambiente, o desenvolvimento econômico é salvaguardado pelo manto constitucional. É importante que se frise, que toda atividade econômica sendo lícita, de início é livre, porém, torna-se limitada quando analisada sob seu aspecto ambiental.

Na maioria esmagadora das atividades em que são realizadas em consórcio com o meio ambiente, ela o transforma. Diante desse prisma, vale observar que o desenvolvimento é necessário para a vida humana atual, contudo deve ser alicerçado por medidas que garanta a sequência da vida para as próximas gerações.

Sendo assim, o desenvolvimento não poderá ocorrer a qualquer custo, mesmo ele tendo papel essencial no mundo contemporâneo, mas deve ser pautado por técnicas de produção aperfeiçoadas e não poluentes, garantindo que os recursos naturais não renováveis sejam ofertados as futuras gerações de maneira mais conservada possível.

No Brasil, nosso ordenamento jurídico, já encontramos respaldo para o implemento do desenvolvimento sustentável, nas leis infraconstitucionais 6.938/1981 no artigo 4º, I, que trata

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da Política Nacional do Meio Ambiente, na lei 12.305/2010 no artigo 6º, IV, que trata de resíduos sólidos e nos artigos 225 e 170, VI da Carta Maior de 1988.

Neste tocante, ganha destaque a redação do artigo 3º, XIII da lei 12.305/2010, no qual fica clara a necessidade de produzir adotando a sustentabilidade sobre tudo para as gerações vindouras:

padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras.

De arremate, a doutrina ambiental busca cada vez mais avançar na conscientização da população no intuito de termos cada vez mais um ambiente saudável, desta forma Rodrigues (2016, p. 295) apresenta para tanto três necessidades básicas:

evitar a produção de bens supérfluos e agressivos ao meio ambiente;

convencer o consumidor da necessidade de evitar o consumo de bens “inimigos” do meio ambiente;

estimular o uso de tecnologias limpas no exercício da atividade econômica.

1.9.3 Princípio do Poluidor-pagador

O objetivo deve princípio decorre da necessidade do pagamento por danos ambientais causados para quem poluir o meio ambiente, mesmo que de maneira culposa. Vale ressaltar que, esse princípio afasta a idéia de que o agente pagando pode poluir.

É bom o destaque, mais uma vez, que poluído o meio ambiente dificilmente retornará as condições originais anteriores aos danos ocorridos.

Este princípio, no plano internacional, é referendado na Declaração do Rio 92, bem como na farta legislação nacional no artigo 4º, VII da lei 6.938/1981, no artigo 33 §6º da lei 12.305/2010 e no artigo 6º, §5º da lei 7.802/1989 e na esfera constitucional no artigo 225, §3º da Constituição Federal de 1988, que descreve uma possível tripla punição, ou seja, no âmbito civil, penal e administrativa.

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1.9.4 Princípio da Cooperação entre os povos

Haja vista que, a degradação ambiental pode ultrapassar os limites territoriais de qualquer país, e o meio ambiente é uno, criou-se na esfera internacional a necessidade dos países protegerem o meio ambiente, pois uma agressão feita num determinado território poderá ter seus efeitos sentidos em territórios vizinhos.

Nesse sentido, esse princípio é encontrado na Declaração de Estocolmo de 1972, notadamente no princípio 22 com a seguinte redação:

Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização às vítimas da poluição e de outros danos ambientais que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados causem à zonas fora de sua jurisdição.

Já no rol dos princípios da Declaração do Rio 92, ele está presente no princípio 27:

Os Estados e os povos irão cooperar de boa fé e imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo do direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável.

Não obstante, nacionalmente aludido no art. 4º, IX da CF/1988, da seguinte forma “cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”; e no art. 77, da lei 9605/1998:

Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I - produção de prova;

II - exame de objetos e lugares;

III - informações sobre pessoas e coisas;

IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;

V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

1.9.5 Princípio da Solidariedade intergerencial ou equidade

Para sobreviver de maneira saudável, à espécie humana necessariamente utiliza-se do meio ambiente extraindo-lhes seus recursos naturais, porém é sempre bom lembrar que muitos desses recursos são finitos e que outros bens da natureza necessitam de alguns seres, tais

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como os polinizadores, cujo destaque são as abelhas para que o ambiente sempre esteja em harmonia. Sendo assim, vale uma atenção do que são exatamente polinizadores segundo P.J. Gullan e P. S. Cranston (2017, p. 233):

A reprodução sexuada nas plantas envolve a polinização: transferência de pólen (gameta masculino dentro de uma cobertura protetora) das anteras de uma flor para o estigma. Um tubo polínico cresce desde o estigma, através do estilete, até um óvulo no ovário, onde ocorre a fecundação. O pólen em geral é transferido por um animal polinizador ou pelo vento. A transferência pode ser das anteras para o estigma da mesma planta (da mesma flor ou de uma flor diferente) (autopolinização) ou entre flores em plantas diferentes (com genótipos diferentes) da mesma espécie (polinização cruzada). Os animais, em especial os insetos, polinizam a maioria das plantas com flores. Argumenta-se que o sucesso das angiospermas está relacionado ao desenvolvimento dessas interações. Os benefícios da polinização por insetos (entomofilia) sobre a polinização pelo vento (anemofilia) incluem:

Aumento na eficiência da polinização, incluindo a redução do desperdício de pólen Polinização bem-sucedida sob condições não adequadas para a polinização pelo vento

Maximização do número de espécies de plantas em uma dada área (já que mesmo plantas raras podem receber polens da mesma espécie, carregados por insetos dentro da área).

Por esta razão, a atual geração humana deve-se preocupar em retirar somente o necessário do meio ambiente a fim de garantir a sua sobrevivência e necessita-se preservá-lo, de maneira solidária, para que as futuras gerações possam acessa-los.

Encontramos esse princípio estampado no artigo 225, caput da Constituição Federal de 1988 e no plano internacional no princípio 2 da Declaração de Estocolmo de 1972, conforme a redação:

“Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.

Em seguida, esse princípio foi mais uma vez tutela no princípio 3 da Declaração do Rio de 1992. “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras”.

Nesse prisma, há de observar uma dose de ética da atual geração de seres humanos em relação às gerações futuras, uma vez que, hoje não sabemos as reais necessidades das futuras gerações.

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1.9.6 Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental

Com base no artigo 225, caput da Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro tem o dever de defender e de preservar o meio ambiente, porém o legislador constituinte não conferiu exclusividade ao Poder Público nessa missão, visto que delegou também atribuições a toda coletividade para que se busque a concretização desse preceito fundamental.

A Política de Nacional do Meio Ambiente, instituída pela lei 6938/81, trás no seu artigo 9 (já descrito no item 1.5 deste trabalho), um rol de instrumentos para que o Estado solidifique a defesa do meio ambiente.

1.9.7 Princípio da Participação

Este princípio é correlacionado com o princípio da informação, pois para que o cidadão possua participar em defesa do meio ambiente, é necessário que ele tenha acesso às informações do mesmo, cuja obrigatoriedade é do Poder Público em disponibilizá-las.

Como no dito popular brasileiro “uma andorinha sozinha não faz verão”, as reivindicações dos cidadãos ligadas ao tema ambiental para que possa ter mais eficácia, o ideal é que haja a união de várias pessoas que comungam da mesma causa através de ONGs (Organizações não Governamentais), para que seus pleitos tenham mais chances de serem ouvidas pelos órgãos estatais.

Sendo assim, a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente trouxe a consagração desse princípio da participação no seu art. 13, que tem o seguinte texto:

O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meio ambiente, visando: I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processos tecnológicos destinados a reduzir a degradação da qualidade ambiental;

II - à fabricação de equipamentos antipoluidores;

III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso de recursos ambientais.

Parágrafo único. Os órgãos, entidades e programas do Poder Público, destinados ao incentivo das pesquisas científicas e tecnológicas, considerarão, entre as suas metas prioritárias, o apoio aos projetos que visem a adquirir e desenvolver conhecimentos básicos e aplicáveis na área ambiental e ecológica.

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Vale lembrar também que essa mesma lei nos respectivos artigos 9º, VII, sob a redação, “o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente” e XI descrito da seguinte forma: “a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes”, cria a possibilidade de qualquer um em ter acesso aos dados ambientais, e posteriormente no Estatuto Supremo elevou tal princípio a nível constitucional, com a redação do artigo 225, §1º, VI “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;”.

Ainda na seara infraconstitucional, cabe o destaque da lei 7.802/1989 - Lei dos Agrotóxicos, que abriu a possibilidade das associações e do consumidor em impugnar o registro ou pedir cancelamento de agrotóxicos que venham causar prejuízos ao meio ambiente, saúde humana ou de animais. Segue então a redação do artigo 5º caput e III:

Possuem legitimidade para requerer o cancelamento ou a impugnação, em nome próprio, do registro de agrotóxicos e afins, argüindo prejuízos ao meio ambiente, à saúde humana e dos animais:

III-entidades legalmente constituídas para defesa dos interesses difusos relacionados à proteção do consumidor, do meio ambiente e dos recursos naturais.

Neste caminho, o devido reconhecimento internacional da participação comunitária, se deu na Declaração do Rio em 1992, com a fixação do princípio 10:

A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.

1.9.8 Princípio da proibição do retrocesso ambiental

A importância dada pelo legislador constituinte ao tema ambiental ao elaborar a Carta Magna de 1988 é tão veemente que tal norma é pétrea. Esse respaldo se encontra no artigo 5º, § 1º da CF/1988 – “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm

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aplicação imediata” em consórcio com o artigo 60, §4º, IV, do texto constitucional, “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV – os direitos e garantias individuais”. Sendo assim, há vedação de sugestões de mudanças constitucionais que tente abolir ou diminuir direitos fundamentais, logo esses direitos até podem ser pauta de apreciação, mas sempre com intuito de preservá-los ou aumentá-los.

Em adição, nossa Constituição Federal ao apresentar essa normatização que veda o retrocesso de direitos fundamentais, baliza as normas infraconstitucionais que versarem sobre o tema de direito ambiental, cujos referidos direitos devem ser mantidos, sob o risco de as mesmas serem declaradas inconstitucionais. Sob esse aspecto, cabe trazer os ensinamentos de Sarlet e Fensterseifer (2011, p. 199):

“é possível afirmar que a garantia da proibição de retrocesso tem por escorpo preservar o bloco normativo – constitucional e infraconstitucional – já construído e consolidado no ordenamento jurídico, especialmente naquilo em que objetiva assegurar a fruição dos direitos fundamentas, impedindo ou assegurando o controle de atos que venham a provocar a supressão ou restrição dos níveis de efetividade vigentes dos direitos fundamentais.”

Releva observar que, a recente lei 12.651/12 que instituiu o Novo Código Florestal traz em sua redação uma cláusula de progressividade, ou seja, o dever estatal de sempre estar evoluindo em matéria ambiental, conforme descrição do artigo 41 desta lei:

É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo do cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação:

I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente:

a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono;

b) a conservação da beleza cênica natural; c) a conservação da biodiversidade;

d) a conservação das águas e dos serviços hídricos; e) a regulação do clima;

f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico; g) a conservação e o melhoramento do solo;

h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito;

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1.9.9 Princípio da função socioambiental da propriedade

O Brasil mesmo vivendo uma época sombria quanto a incertezas políticas e jurídicas em meados da metade do século XX, com o regime militar, foi-se introduzido no ordenamento jurídico infraconstitucional o Estatuto da Terra que trouxe uma condicionante ao direito de propriedade rural em sintonia com a conservação dos recursos naturais, conforme redação do art. 2º,§1º, alínea C “A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: c) assegura a conservação dos recursos naturais”.

Anos mais tarde, a Constituição de 1988, tutela a função social da propriedade alinhada com a utilização adequada dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente, conforme artigo 186, incisos I e II:

A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

A legislação Brasileira mais novel, ao tratar do direito de propriedade impõe ao possuidor ou proprietário, mais um ofício que é o dever de zelar pelo patrimônio ambiental, conforme redação dada pelo artigo 1228 §1º do Código Civil de 2002, a saber:

O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

Esse artigo do código civil, doutrinariamente é chamado de ecologização da propriedade, conforme nos ensina Amado (2015, p. 102):

Outrossim, a função social (ou socioambiental) não se configura como simples limitação ao exercício do direito de propriedade, e sim tem caráter endógeno, apresentando-se como quinto atributo ao lado do uso, gozo, disposição e reivindicação. Na realidade, operou-se a ecologização da propriedade.

Outro exemplo é o artigo 2º, §1º da Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal) em que determina como uso irregular da propriedade, ações divergentes as tutelada por essa lei.

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1.9.10 Princípio da responsabilidade compartilhada

Com as novas maneiras de consumo realizadas pelos seres humanos, vem se adotando o emprego de técnicas de transformações de produtos, que gera um volume de resíduos inadequados que afeta o meio ambiente. Nesse sentido, criou-se a necessidade de adotar novas medidas que possam dar finalidades diversas das práticas feitas até então desses resíduos, como a titulo de exemplo o descarte a céu aberto.

Acompanhando essa nova tendência, no Brasil, foi sancionada a lei 12.305/2010 instituindo a Política de Resíduos Sólidos, que dentre outras especificidades, adota o princípio da responsabilidade compartilhada no seu artigo 6º, VII, no qual visa dar uma destinação adequada os resíduos poluentes ao meio ambiente.

Em resumo, tem-se a idéia de que todo o resíduo sólido que possa prejudicar o meio ambiente, desde o seu fabricante, passando pelo seu revendedor, até chegar ao usuário final, deve voltar à origem, isto é, retornar para o fabricante do mesmo. Esse processo é chamado pela lei como logística reversa, conforme o disposto no artigo 33 Política de Resíduos Sólidos:

São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

E esse mesmo artigo, o legislador reservou um inciso específico, sendo ele o I, para as embalagens de agrotóxicos, com a seguinte normatização:

agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;

Aqui foram apresentados vários princípios, que são basilares do direito ambiental e que dão sustento a esse trabalho. Na doutrina, encontra-se vários outros princípios, que igualmente a esses, visam aperfeiçoar a relações humanas junto ao meio ambiente, pois a proteção do meio ambiente deve ser contínua e permanente, sendo os princípios de grande valia para os estudos e para o aprimoramento de normas do sistema jurídico.

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II AGROTÓXICOS

2.1 Definição no mundo

A ONU (Organização das Nações Unidas) através do seu programa voltado para as questões relacionadas à agricultura e alimentação – FAO (Food and Agriculture

Organization), assim definiu o que é agrotóxico, segundo o estudo feito por Peres (2003, p.

24):

qualquer substância, ou mistura de substâncias, usadas para prevenir, destruir ou controlar qualquer praga – incluindo vetores de doenças humanas e animais, espécies indesejadas de plantas ou animais, causadoras de danos durante (ou interferindo na) a produção, processamento, estocagem, transporte ou distribuição de alimentos, produtos agrícolas, madeira e derivados, ou que – ou que deva ser administrada para o controle de insetos, aracnídeos e outras pestes que acometem os corpos de animais de criação.

2.2 Definição no Brasil

O termo agrotóxico só foi adotado no sistema jurídico brasileiro com o advento da lei 7.802/1989, tida como a lei dos agrotóxicos.

2.3 Lei dos Agrotóxicos

Com o objetivo de verticalizar sobre uma das políticas nacionais de prevenção ao meio ambiente trazida pela lei 6.938/1981, bem como de adequar as novas tratativas feitas pela nossa Constituição, foi promulgada a lei nº. 7.802/1989 que dentre outros assuntos qualifica e normatiza toda cadeia comercial do agrotóxico, seus componentes e afins.

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De início, a lei 7.802/1989 descreve no seu artigo 2º, I, apresenta o conceito de agrotóxico da seguinte maneira:

I - agrotóxicos e afins:

a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos;

b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento;

Sirvinskas (2010, p. 476), aprofunda o estudo sobre o conceito de agrotóxicos com os seguintes dizeres:

Esse conceito coloca em relevo a presença de produtos perigosos, assim como defensivos agrícolas (fertizantes e agrotóxicos). Não há informações precisas sobre a utilização errônea desses produtos pelos agricultores. Note-se, no entanto, que o uso excessivo de fertilizantes pode causar acidificação dos solos, contaminação dos reservatórios de água e eutrofização (execesso de nutrientes na água que provoca o crescimento exagerado de organismos como algas). Mas também pode causar danos ao meio ambiente e colocar em risco a saúde da população que consome produtos com excesso de agrotóxicos.

O legislador ainda expõe nesse mesmo artigo só que no inciso II, o conceito de componentes dos agrotóxicos, da seguinte forma: “componentes: os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias-primas, os ingredientes inertes e aditivos usados na fabricação de agrotóxicos e afins”.

2.3.1 Registro dos Agrotóxicos

Como primeira medida administrativa a ser tomada pelo registrante, a fim de conseguir o registro do agrotóxico, seus componentes e afins, é cumprir as normas assim descritas do artigo 3º da lei 7.802/89:

Os agrotóxicos, seus componentes e afins, de acordo com definição do art. 2º desta Lei, só poderão ser produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados, se previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura.

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Demais disso, o registrante deve se adequar as legalidades estabelecidas pelo Capítulo III, seção I do decreto 4.074/2002, que disciplina toda a fase de registro desses produtos.

Nesse sentido, os três ministérios governamentais deve apreciar o pedido prévio do registro, através de avaliações técnico-científica, isto é, especificações necessárias de acordo com a competência atinente de cada Ministério, conforme é evidenciado no artigo 15 do decreto 4.074/2002: “Os órgãos federais competentes deverão realizar a avaliação técnico-científica, para fins de registro ou reavaliação de registro, no prazo de até cento e vinte dias,contados a partir da data do respectivo protocolo”.

Logo na sequência, concluída a fase do protocolo de registro, por força do artigo 5º, §3º da lei 7.802/89, deverá ser dada publicidade ao mesmo, através de publicação do seu resumo no Diário Oficial da União.

Vale trazer a baila, a crítica apontada por Machado (2013, p. 732):

A publicidade previa prevista pela lei e pelo regulamento merece aplausos, mas isso não impede de se propugnar pelo aperfeiçoamento da medida. O regulamento foi incompleto ao não obrigar que outros dados devessem constar da publicação, tais como: a classificação referente à toxicidade humana, resultados dos testes efetuados, assim como das analises indicativas da persistência de resíduos (por exemplo), dados relativos ao potencial mutagênico, embriofetotoxico e carcinogênico em animais. Temos ciência de que essas informações irão constar dos relatórios técnicos endereçados aos órgãos administrativos federais. Isso e insuficiente, pois as pessoas e as associações de defesa do meio ambiente não terão possibilidade financeira e tempo para se locomover até Brasília para verificar a documentação de cada pedido.

Cumpre destacar que, são assegurados os ministérios da agricultura, saúde e meio ambiente que a qualquer tempo, o poder de requerer ao requisitante dados que reafirmam essas análises de toxicidade apresentadas no registro, conforme o artigo 21 do decreto 4.074/2002: “O requerente ou titular de registro deve apresentar, quando solicitado, amostra e padrões analíticos considerados necessários pelos órgãos responsáveis pelos setores de agricultura, saúde e meio ambiente”.

Esse mesmo regramento explanado acima também deve ser atendido no caso de pedido de cancelamento e de impugnação de registro de agrotóxicos, componentes e afins.

O legislador também teve o cuidado em aplicar uma normatização diferente entre o registro novo e os produtos que já possuem o registro e que sofreram alterações na sua composição.

Nesse caminho, o artigo 9º do decreto 4.074/2002 traz explícito em sua redação:

Os requerentes e titulares de registro fornecerão, obrigatoriamente, aos órgãos federais responsáveis pelos setores de agricultura, saúde e meio ambiente, as

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inovações concernentes aos dados apresentados para registro e reavaliação de registro dos seus produtos.

Sendo assim, se determinado agrotóxico detentor de registro, incidir algum tipo de inovação, as informações referentes a essa mudança deverá ser comunicação aos Ministérios competentes.

Por outro lado, o registro de um novo agrotóxico, componente e afins, deverá, segundo o artigo 3º §5º da lei 7.802/1989, evidenciar que o nível de toxicidade ao ser humano e ao meio ambiente seja igual ou menor do que os já apresentados pelos que possuem o registro. Esse artigo acima citado passou por regulamentação através do art. 20 do decreto 4.074/2002, donde fixou mais diretrizes a serem cumpridas.

Cumpre destacar, através de grifo nosso, que o referido artigo 3º, §5º da lei 7.802/89 ao descrever o termo “comprovadamente igual”, destoa da cláusula de progressividade constante no princípio de não retrocesso ao meio ambiente, conforme explica Sarlet (2011, p. 203), em sua obra:

“Em outras palavras, a cláusula de progressividade veicula a necessidade de a tutela legislativa dispensada a determinado direito fundamental ser permanentemente aprimorada e fortificada... também se faz imperativo, especialmente relevante no contexto da proteção do ambiente, uma obrigação de “melhorar”, ou seja, de aprimorar tais condições normativas – e também fáticas – no sentido de assegurar um contexto cada vez mais favorável ao desfrute de uma vida digna e saudável pelo indivíduo e pela coletividade como um todo”.

Por conseguinte, cumpre observar sobre o cancelamento do registro dos agrotóxicos, em inteligência ao artigo 22 caput do decreto 4074/89:

Será cancelado o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins sempre que constatada modificação não autorizada pelos órgãos federais dos setores de agricultura, saúde e meio ambiente em fórmula, dose, condições de fabricação, indicação de aplicação e especificações enunciadas em rótulo e bula, ou outras modificações em desacordo com o registro concedido.

A proibição do registro de agrotóxicos está elencada na lei dos agrotóxicos em seu artigo 3º § 6º, sendo este regulamentado pelo art. 31 do decreto 4.074/2002 da seguinte forma:

É proibido o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins:

I - para os quais no Brasil não se disponha de métodos para desativação de seus componentes, de modo a impedir que os seus resíduos remanescentes provoquem riscos ao meio ambiente e à saúde pública;

II - para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Brasil;

III - considerados teratogênicos, que apresentem evidências suficientes nesse sentido, a partir de observações na espécie humana ou de estudos em animais de experimentação;

IV - considerados carcinogênicos, que apresentem evidências suficientes nesse sentido, a partir de observações na espécie humana ou de estudos em animais de experimentação;

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V - considerados mutagênicos, capazes de induzir mutações observadas em, no mínimo, dois testes, um deles para detectar mutações gênicas, realizado, inclusive, com uso de ativação metabólica, e o outro para detectar mutações cromossômicas; VI - que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor, de acordo com procedimentos e experiências atualizadas na comunidade científica;

VII - que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratório, com animais, tenham podido demonstrar, segundo critérios técnicos e científicos atualizados; e

VIII - cujas características causem danos ao meio ambiente.

§ 1º - Devem ser considerados como "desativação de seus componentes" os processos de inativação dos ingredientes ativos que minimizem os riscos ao meio ambiente e à saúde humana.

§ 2º - Os testes, as provas e os estudos sobre mutagênese, carcinogênese e teratogênese, realizados no mínimo em duas espécies animais, devem ser efetuados com a aplicação de critérios aceitos por instituições técnico-científicas nacionais ou internacionais reconhecidas.

A lei 7.802/89 e o decreto 4.074/2002 tratam da regulamentação desses produtos e abre a possibilidade de ter reavaliação se houver sinais de um dano, conforme aponta o artigo 13 do decreto 4.074/2002. Logo, em consequência disso há um favorecimento para que esses produtos fiquem no mercado até que os consumidores de produtos ou associações não governamentais consigam por forças próprias pressionar para que possam ser ouvidos e obtenham a reavaliação dos mesmos. Sendo assim, não há uma avaliação periódica desses produtos.

Mediante informações de organizações internacionais sobre possíveis danos ao meio ambiente, saúde e a alimentação, de determinado agrotóxico, seus componentes ou afins, o Brasil terá de agir de maneira rápida tomando as medidas cabíveis, com fulcro no artigo 3º, §4º da lei 7.802/89. Nesse sentido, em caso de inércia do Poder Público será cabível a pena tríplice de responsabilidade, ou seja, pena administrativa, civil e penal.

Na opinião de Antunes (2009, p. 661), mesmo o Brasil não sendo signatário de tais organizações internacionais, é de grande valia uma atenção os documentos produzidos por eles, a fim de comparar com as práticas que implementamos em nosso dia a dia. Sendo assim, o doutrinador pontua: “Manda o bom senso que medidas preventivas sejam adotadas, com vistas ao esclarecimento das questões suscitadas pelo documento do organismo internacional”.

O artigo 6º da lei 7.802/89 traz todo um regramento de como dever ser as embalagens, bem como as informações que elas devem conter. Com a regulamentação feita pelo decreto 4.074/2002, houve um incremento dessas regras pelos artigos 43 e 44, em que as embalagens necessitam também se adequarem aos requisitos dos órgãos federais responsáveis pelo registro dos agrotóxicos.

Referências

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