• Nenhum resultado encontrado

Cfr. Pº R.P. 154/2009 SJC-CT, disponível intranet.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Cfr. Pº R.P. 154/2009 SJC-CT, disponível intranet."

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

P.º n.º R.P. 111/2010 SJC-CT Artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho. Artigo 8.º-A do Código do Registo Predial. Obrigatoriedade do registo. Entrada em vigor. Incumprimento da obrigação de registar. Emolumento em dobro. Falta de pagamento. Rejeição da apresentação.

DELIBERAÇÃO

1. No dia … de … de ... ( Ap. ... ) o advogado ... pediu na Conservatória do Registo Predial de ... o cancelamento da inscrição de penhora da Ap. ... de …/… /… respeitante à fracção autónoma “…” do prédio descrito sob o nº … da freguesia de …, concelho de …, mediante a apresentação de certidão emitida no dia … de … de ... pelo Serviço de Finanças de ... ( … ), a qual, para lá de incluir o teor integral do despacho do Chefe do mesmo Serviço de Finanças proferido no dia … de ... de … no Processo de Execução Fiscal nº …, certifica narrativamente que o mesmo transitou em julgado, sem indicar a respectiva data, e que não houve lugar a venda judicial.

O despacho dispõe que “Mostrando-se paga a quantia exequenda e demais acréscimos por parte de … (…) e tendo em vista a certidão de encargos e o disposto no art. 888º do Código do Processo Civil mando, ao abrigo do nº 2 do art. 260º do Código de Procedimento e Processo Tributário, se proceda ao levantamento da penhora (…)” e que “Neste processo não foram efectuadas quaisquer vendas de bens”.

A certidão inclui ainda a seguinte menção feita pela escrivã seguidamente ao despacho do Chefe do Serviço de Finanças: “Na mesma data recebi os presentes autos e procedi ao seu arquivamento”.

O pedido não foi acompanhado do pagamento de qualquer quantia emolumentar.

2. O senhor Conservador lavrou em … de … de ... o seguinte despacho: - “RECUSADA: POR O SUPRIMENTO DE DEFICIÊNCIAS DO PROCEDIMENTO REGISTRAL NÃO TER SIDO EFECTUADO ( NÃO PAGAMENTO DAS QUANTIAS DEVIDAS ) FALTANDO ASSIM ELEMENTOS PARA SE PODER INICIAR A QUALIFICAÇÃO DO ACTO. ARTS. 73 Nº 2 E 68 DO CRP”.

(2)

3. À indicada decisão opôs-se o titular inscrito ( executado no processo de execução fiscal e que fora tacitamente representado no pedido de registo) no dia … de … de … ( Ap. … ) mediante interposição do presente recurso hierárquico, cujos termos aqui se dão por integralmente reproduzidos.

O recorrente começou por invocar a nulidade do despacho recorrido, com fundamento no disposto nos artigos 124º, nº 1, a) e 125º, nº 2 do Código de Procedimento Administrativo, por considerar que o mesmo não está fundamentado, já que nenhum dos artigos invocados ( 73º/2 e 68º do C.R.P. ) “versa sobre a necessidade de se proceder ao pagamento de quaisquer quantias” e foram omitidas as normas que o impõem.

De seguida alegou, em síntese que :

a) A relação fiscal que determinou a penhora foi extinta na data do pagamento da quantia exequenda por parte do recorrente, que ocorreu no dia … de … de …;

b) Só no dia … de … de … é que o Serviço de Finanças arquivou o processo de que emergiu a penhora;

c) As alterações e aditamentos introduzidos ao Código do Registo Predial pelo D.L. nº 116/2008, de 4 de Julho, designadamente o novo art. 8º-C, não são aplicáveis àquela relação jurídica fiscal, já que entraram em vigor em 8 de Julho de 2008 - data em que já se encontrava extinta a execução - e o art. 12º, nº 1 do Código Civil “ determina a irretroactividade das leis”, não tendo aplicação ao caso o disposto no nº 2 do mesmo artigo.

3. Depois de justificar o facto de não ter incluído o artigo 69º na fundamentação de direito da decisão impugnada ( invocando para o efeito o Pº R.P. 57/2009 SJC-CT), de reconhecer que o procedimento adequado teria sido a rejeição da apresentação , de fazer referência à diligência efectuada em sede sub - procedimento de suprimento de deficiências1 e de contra-argumentar no

sentido da inaplicabilidade do Código de Procedimento Administrativo aos actos dos Conservadores, cuja aplicação subsidiária se limita ao âmbito do recurso hierárquico( art. 147º-B do C.R.P. ), o senhor Conservador termina afirmando que o D.L. nº 116/2008 entrou em vigor no dia 21 de Julho de 2008 e que a gratuidade prevista no art. 33º, nº 2 desse diploma só é aplicável ao registo de factos ocorridos antes da sua publicação ( 4 de Julho de 2008), pelo que dela não

1Que se traduziu, em face do que consta do processo (afirmação no despacho de sustentação),

(3)

podia beneficiar “(…) o registo do facto ocorrido em ... de ... de …, data em que

o Serviço de Finanças de … arquivou o processo de que emergia a penhora cujo registo se pretende cancelar”.

5. Da extensa informação do SJC emergiu a questão que determinou a remessa dos autos para apreciação deste Conselho, consistente em saber se, faltando na certidão emitida pelo serviço de finanças a data de trânsito em julgado do despacho que ordenou o levantamento da penhora e dando-se o caso de essa data ser relevante para efeito de saber se estamos perante facto sujeito a registo obrigatório ou não, consoante o trânsito em julgado tenha ocorrido depois ou antes de 21 de Julho de 2008, se cabe à conservatória a indagar previamente dessa data ou não, para saber qual o emolumento devido.

Questão prévia

Coloca-se nestes autos a mesma questão prévia que se colocou no Pº R.P.64/2010 SJC-CT, disponível intranet, tendo a deliberação deste Conselho sido homologada pelo Ex.mo Presidente do I.R.N., I.P. no dia 16 de Agosto de 20102.

Considerando ser de manter o que então se defendeu, transcreve-se integralmente 3 o teor da respectiva apreciação:

“O recorrente começa por invocar a nulidade do despacho impugnado, por falta de fundamentação.

Apesar de o despacho não primar pela clareza, não nos parece que o disposto nos antigos 666º, nº 3 e 668º, nº 1, b) do Código de Processo Civil possa constituir fundamento da invocada nulidade, já que se invocou a falta de pagamento do emolumento e o disposto nos artigos art. 73º, nº 2 e 68º do C.R.P..

Não deve confundir-se a ilegalidade na invocação de determinados fundamentos com a nulidade por falta de fundamentação.

2Data que é posterior à da apresentação do pedido de registo em tabela. Foi o mesmo o autor de

ambos os despachos de recusa de qualificação, os quais são coincidentes no seu teor.

3

Já que o agora recorrente fundamentou a invocação da nulidade do despacho com o disposto nos artigos 124, nº 1, a) e 125º, nº 2 do C.P.A., como ficou relatado, - o que não se verificou no outro processo - importa acrescentar ao que então se disse e vai ser transcrito no texto que , como por variadíssimas ocasiões tem sido afirmado por este Conselho, o Código de Procedimento Administrativo não é aplicável ao processo de registo, mas apenas, subsidiariamente, ao recurso hierárquico( art. 147º-B do C.R.P.).

(4)

Resta indagar se o despacho deve ser dado por nulo com outro qualquer fundamento.

No despacho de sustentação o senhor conservador invoca o parecer proferido no Pº 57/2009 SJC-CT em apoio da sua decisão de recusa de qualificação por falta de pagamento de emolumento.

De facto, este Conselho tem entendido ( Cfr. também, entre outros, o Pº C.P. 13/2009 SJC-CT e C.P. 31/2009 SJC-CT ) que em caso de ser indevidamente efectuada a apresentação do pedido - em violação do disposto no artigo 66º, nº 1, e) do C.R.P., que determina a rejeição da apresentação em caso de falta de pagamento das quantias devidas - o registo deve, ainda assim, ser recusado com tal fundamento4.

Contudo, como se defendeu no processo indicado em 1º lugar, “ deverá o serviço competente notificar o apresentante para que no prazo de cinco dias proceda à entrega das importâncias em falta, com a cominação de que, não pagando, o registo se recusará com esse mesmo fundamento” (sublinhado nosso) numa aplicação mutatis mutandis do disposto no artigo 73º, nº 2 do C.R.P..

E a exigência das ditas “notificação”/”cominação” em vez da “comunicação por qualquer meio ” prevista no indicado artigo não foi feita por acaso e faz todo o sentido.

Se no caso de deficiência em sentido próprio , para a qual está previsto o sub - procedimento do artigo 73º - concretamente no âmbito de aplicação do seu nº 2 - a falta de cumprimento do dever de efectuar a indicada comunicação não afecta a validade do posterior despacho de qualificação desfavorável5, parece-nos

que o mesmo não acontece aqui, em que a notificação deve ser tida como formalidade essencial, cuja falta acarreta a nulidade do despacho de recusa de qualificação (cfr. art. 201º, nº 1 do Código do Processo Civil).

Se a notificação deve ser efectuada com a cominação referida, na prática estamos a antecipar o conhecimento da decisão “futura”.

4Quanto à natureza desta decisão de recusa (que é de qualificação e não de efectuação do

registo pedido) , seu fundamento de direito ( que não figura nem tem que figurar no elenco do art. 69º , sendo “sistematicamente postulada”) e regime de impugnação ( que é o da rejeição da apresentação) remetemos para a fundamentação constante dos indicados processos, disponíveis intranet”.

5

(5)

É certo que a lei institui o pagamento das quantias devidas em pressuposto de entrada do pedido no próprio sistema , sendo assim a sua falta, à partida, algo mais grave do que uma simples deficiência.

Mas a partir do momento em que o sistema ( de forma automática, como acontece nos pedidos “on line” , ou não) aceita a entrada , por um lado não pode rigorosamente falar-se de deficiência da responsabilidade do apresentante e, por outro, criou-se no apresentante uma expectativa de que essa decisão não virá a ser “revogada”.

No comum das situações, perante a decisão de rejeição (que, tal como a de aceitação, tem que ser imediata– Cfr. o realce que a este aspecto se deu no Pº R.Co. 22/2008 SJC-CT e C.P. 73/2008 SJC-CT, disponível intranet), o apresentante tem a possibilidade de, também de imediato e caso não pretenda impugnar a decisão de rejeição, dar novamente entrada do pedido (desta vez pagando) reservando desde logo o lugar para efeito de prioridade.

Nesta situação de “rejeição mediata”, o apresentante só consegue salvaguardar aquela reserva de lugar se efectuar o pagamento em falta, pois no momento em que tem conhecimento da cominação pode ter decorrido já muito tempo em relação à data da apresentação. Se efectuar novo pedido, muito pode ter mudado na situação registral.

Resumindo o que ficou dito, entendemos que a notificação/cominação tem que assumir a forma da notificação de uma decisão registral, isto é o carácter de uma formalidade essencial, cuja falta afectará a validade do despacho de recusa de qualificação ou “rejeição mediata” .

Ora, como deixámos relatado, em vez de uma notificação por carta registada – nos mesmos termos de uma notificação de uma decisão registral -, in

casu foi utilizado o telefone para solicitar pagamento , o que obviamente não

pode valer como notificação.

Dando por assente, não só que a recusa de qualificação ( “rejeição mediata” da apresentação) não pode ter lugar à revelia do apresentante, ao qual é atribuída a faculdade de evitar que ao seu comportamento faltoso ( não pagamento das quantias devidas ) seja imputado tal resultado, mas também que é essencial que a forma de dar a conhecer essa cominação assuma a natureza da notificação legalmente prevista para o conhecimento da decisão de rejeição da apresentação ou da decisão de qualificação desfavorável do próprio pedido( cfr. arts. 66º, nº 3 e 71º do C.R.P.), há que concluir pela nulidade do despacho de recusa de qualificação, a qual decorre da omissão dessa mesma

(6)

formalidade(cfr. o indicado art. 201º, nº 1 do C.P.C.) impondo-se a respectiva revogação, não sendo no entanto in casu possível o suprimento dessa nulidade por parte da entidade ad quem, decidindo “ex novo”6, por não estar ainda

cumprida a dita formalidade”.

Adoptando a prática (como se fez no referido processo) que vem sendo seguida nos casos de rejeição ou indeferimento liminar do recurso ( v.g. por intempestividade ), não vai este Conselho deixar de se pronunciar sobre a questão de mérito, manifestando a sua posição na seguinte

Deliberação

1. O art. 2º do D.L. nº 116/2008, de 4 de Julho, na parte em que aditou o artigo 8º-A ao C.R.P., entrou em vigor no dia 21 de Julho de 2008, mas o regime de obrigatoriedade nele previsto apenas se aplica aos “factos, acções ou outros actos” - nomeadamente quanto aos “factos jurídicos que importem a extinção” de penhora registada ( cfr. art. 2º, nº 1, x) do C.R.P.) - ocorridos após essa data (cfr. art.s 33º, nº 1 e 36º, nº 1 e nº 3, a) do indicado D.L.) 7.

2. Se for esse o caso, o cumprimento tardio da obrigação de pedir o cancelamento do registo de penhora é legalmente sancionado com o pagamento em dobro (art. 8º-D, nºs 1 e 2 do C.R.P.) do emolumento do art. 21.3 do R.E.R.N., o qual é abrangido pelas “quantias devidas”, cuja falta ou insuficiência do pagamento total aquando da submissão do pedido de registo constitui motivo imperativo de rejeição da apresentação ( cfr. art.s 66º, nº 1, e) do C.R.P.)8.

6Como aconteceria se o fundamento da nulidade estivesse na falta de fundamentação invocada

pelo recorrente ( Cfr. Pº R.P. 157/99 DSJ-CT, in B.R.N. nº 4/2000 ( II ), como exemplo de situação em que se defendeu o suprimento por parte da entidade ad quem). Não tem, assim, razão o recorrente quando afirma que a entrada em vigor ocorreu no dia 8 de Julho de 2008”.

7Não tem, assim, razão o recorrente quando afirma que a entrada em vigor ocorreu no dia 8 de

Julho de 2008.

8 Cfr. Pº R.P. 186/ 2008 SJC-CT (declaração de voto anexa à deliberação emitida, homologada

(7)

3. Não sendo esse o caso, o registo ou será gratuito ou sujeito ao pagamento do referido emolumento em singelo consoante a ocorrência seja anterior ou posterior a 4 de Julho de 2008 (data da publicação do dito D.L. nº 116/2008 – cfr. o seu art. 33º, nº 2).

4. Efectuada indevidamente a apresentação do pedido, em razão de não terem sido entregues as “quantias devidas” (emolumento em dobro ou em singelo, consoante o caso), o apresentante deve ser notificado – por carta registada, dando-se a notificação por efectuada nos mesmos termos aplicáveis à notificação da decisão registral - para efectuar o pagamento no prazo de cinco dias, com a cominação de que, não pagando, o registo será recusado com esse fundamento9.

5. Da notificação deve constar o valor a pagar e a respectiva fundamentação legal, o que, no caso de o documento apresentado não dar a conhecer a data da titulação do facto submetido a registo ou permitir a dúvida acerca da mesma ( cfr. art. 8º-C, nº 1 do C.R.P.) - designadamente a data do trânsito em julgado do despacho que ordenou o levantamento da penhora, proferido em execução fiscal - significa que o serviço de registo deve indagar previamente desse elemento em falta 10.

9Esta afirmação corresponde ao que, por palavras não totalmente coincidentes, se afirmou nos

nºs 4 e 5 da deliberação do citado Pº R.P. 64/2010 SJC-CT.

10 Como vimos, a falta ou insuficiência de pagamento é motivo imperativo de rejeição da

apresentação, cuja decisão é imediata ( cfr. os já citados Pº R.Co.22/2008 CT/ Pº C.P.73/2008 SJC-CT), não sendo assim legalmente admissível aceitar a apresentação do pedido sem o pagamento, para posteriormente instaurar o sub-procedimento de suprimento de deficiências para tentar cobrar o que for devido.

No acto da apresentação, não cabe ao serviço de registo efectuar qualquer indagação acerca da data de titulação do facto, para lá da que for disponibilizada pelos documentos que se pretendem apresentar.

Se essa liminar indagação levar à constatação de que está em falta a data de titulação do facto (v.g. a data do trânsito em julgado do referido despacho de levantamento da penhora) e daí resulte inviabilizado o conhecimento do regime de tributação aplicável - se emolumento em singelo se em dobro - deverá ser desde logo exigido o pagamento do emolumento em singelo, advertindo-se o apresentante para a eventualidade de poder vir a ser notificado para efectuar o pagamento da quantia em falta (conforme consta do nº 4 do texto) , caso venha a concluir-se , em sede de averiguação a efectuar pelo serviço de registo posteriormente à apresentação, que há lugar ao pagamento em dobro.

(8)

Nos termos expostos, propomos revogação do despacho de recusa de qualificação, a qual deverá determinar:

a) A inutilização das anotações de recusa e da data de notificação do despacho;

b) Restituição do emolumento do recurso;

Caso tenha sido indevidamente efectuada a apresentação sem o pagamento de qualquer quantia, nos termos referidos, o apresentante será notificado para pagar a quantia que vier a concluir-se ser a devida, em função do resultado da averiguação sobre a data da titulação.

A averiguação deve ter lugar imediatamente: ou após a apresentação ou após a verificação da falta de elementos que permitam apurar da (in)existência da obrigação de registar. Se dentro do prazo legalmente aplicável à concreta entidade a quem foi solicitada a informação ( v.g. o fixado para os “órgãos administrativos” no art. 71º, nº 1 do C.P.A. ) - e ponderando o prazo respeitante à remessa pelo correio – não ocorrer a respectiva recepção , desconsiderar-se-á a questão da obrigação de registar, “passando-se” à qualificação ou procedendo-se à notificação nos termos já referidos (cfr. nº 4 do texto), para que seja efectuado o pagamento do emolumento em singelo, consoante o caso.

Dando-se o caso de a informação - da qual conste uma data de titulação de que resulte que o cumprimento da obrigação de registar foi tardio - ser recebida já depois da qualificação, mas antes de realizada a conta, esta deve integrar o agravamento, notificando-se o interessado para liquidar a quantia em falta ou, querendo, impugnar a conta.

Na outra hipótese – de recepção da informação já depois da notificação para pagamento do emolumento em singelo (com a cominação de recusa) - a qualificação não é inviabilizada por estar em falta a quantia correspondente ao agravamento, procedendo-se quanto à conta nos termos anteriormente referidos.

No caso dos autos desconhecemos qual o valor “pedido” no contacto telefónico( cfr. nota 1), mas é possível supor que tenha sido o emolumento do art. 21.3 do R.E.R.N. em singelo, já que no despacho de sustentação se considera categoricamente que a data do facto é ... de … de …, data do despacho e data do arquivamento de processo.

Permitirá o teor do despacho afirmar que é essa, indiscutivelmente, a data a considerar? Inclinamo-nos para considerar que não.

De referir, desde logo, que o despacho foi proferido ao abrigo do nº 2 do art. 260º do C.P.P.T., que não existe, já que esse artigo não tem numeração.

Acresce, supondo que o lapso tenha estado apenas na indicação do nº 2, que o dito art. 260º se insere na secção destinada à extinção da execução por pagamento coercivo e o teor do despacho aponta para extinção da execução por pagamento voluntário, sendo certo que a lei para este caso prevê apenas um despacho a declarar extinta a execução( sem o qual não pode dar-se por titulada a extinção da execução por pagamento voluntário, ao contrário do que entende o recorrente, ao afirmar que a extinção da relação jurídica fiscal se deu no dia do pagamento, … de … de …, facto que aliás nem consta comprovado) . Mesmo que seja de entender-se que deve também ser ordenado o levantamento

(9)

c) A notificação do apresentante, por meio de carta registada, dando-lhe a conhecer que ainda pode efectuar o pagamento da quantia devida no prazo de cinco dias, com menção expressa da cominação a atribuir à falta de pagamento11.

Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 17 de Novembro de 2010.

Luís Manuel Nunes Martins, relator.

Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em 02.12.2010.

da penhora e o cancelamento do registo, por interpretação extensiva ou integração analógica do art. 271º do C.P.P.T. - como acontece com Jorge Lopes de Sousa, in Código de Procedimento e Processo Tributário, anotado e comentado, Vol. II, a pág. 641 registo - o fundamento para tal despacho seria o artigo 271º e não o art. 260º.

Ou seja, embora se possa dar por subentendido que a cota de arquivamento lançada pelo escrivão no processo partiu do pressuposto de que o despacho é insusceptível de impugnação, e que , assim, poderia em princípio atribuir-se-lhe o mesmo “valor” de uma certificação de trânsito em julgado do despacho ( na data em que foi proferido), não podemos deixar de relevar a dúvida legitimada pelo teor do despacho, conjugado com o disposto no C.P.P.T..

Concluindo: sem pretender questionar a decisão constante do despacho, parece-nos que só deve ser exigida ao apresentante a quantia que possa dar-se por devida em razão da certeza quanto à data da titulação do facto, elemento que será de fácil indagação junto do Serviço de Finanças competente.

11 Se o pagamento vier a ser efectuado dentro do prazo – o qual não inviabilizará a

admissibilidade de futura impugnação da correspondente conta - caberá à recorrida qualificar o pedido nos termos normais, como se o pedido não tivesse sido indevidamente apresentado. Se tal não acontecer, a novadecisão de recusa de qualificação será passível de impugnação, nos termos normais, sendo certo que o recorrente conhece já a posição deste Conselho sobre a matéria, o que naturalmente poderá constituir elemento de ponderação na opção pela modalidade da impugnação.

Referências

Documentos relacionados

Observe o que ocorre com Pedro: ele pede ao Senhor uma palavra para poder andar sobre as águas (versículo 28); o Senhor profere a palavra e Pedro começa a andar pelas águas

Mais uma característica importante do parque habitacional português prende-se com a pouca atractividade do mercado de arrendamento, que pode ser explicada pela falta de procura

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

Figura 11.1. Concentração dos problemas por eixo do saneamento básico, segundo a oficina setorial em Tupaciguara. Fonte: DRZ Geotecnologia e Consultoria, 2014.. MUNICÍPIO

Pretendo, a partir de agora, me focar detalhadamente nas Investigações Filosóficas e realizar uma leitura pormenorizada das §§65-88, com o fim de apresentar e

Se os preços não sofreram alterações no período em que Maria Helena fez as compras, determine o preço do quilo da carne que

As demonstrações financeiras foram preparadas considerando o custo histórico como base de valor, exceto ativos e passivos financeiros (inclusive instrumentos

Como também não exige que o depósito electrónico, que compete à entidade autenticadora (cfr. 6º, nº 1, da Portaria nº 1535/2008), seja realizado na presença das partes