• Nenhum resultado encontrado

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Gab Des Jorge Fernando Gonçalves da Fonte Av. Presidente Antonio Carlos, 251 7o andar - Gab.35 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ

PROCESSO: 0001350-80.2010.5.01.0014 - RTOrd Acórdão

3a Turma

Petros. Repactuação. Pretensão de nulidade do termo de adesão à proposta de repactuação do Plano Petros, com recebimento de incentivo monetário pelos participantes que optaram por repactuar. Perfeitamente lícito o negócio jurídico proposto ao autor e por ele aceito, mormente diante da ausência de prova nos autos dos alegados vícios de consentimento, ônus que lhe competia. As consequências patrimoniais da adesão e do recebimento do incentivo, sustentadas nas defesas, são legítimas. Recurso autoral improvido.

Vistos estes autos de recurso ordinário em que figuram, como recorrente, JIRVÂNIO DE ALMEIDA MATTOS e, como recorridas, PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS e FUNDAÇÃO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS.

RELATÓRIO

Recurso ordinário interposto pelo reclamante às fls. 839/862, contra a r. sentença de fls. 831/838, proferida pela MM. Juíza Janice Bastos, da 14ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que julgou improcedente o pedido.

Pretende o recorrente a declaração de nulidade de sua adesão à proposta de repactuação do plano de previdência privada da PETROS, uma vez que

(2)

houve vício de consentimento. Diz que em todo o material distribuído pelas rés referentes à repactuação não houve expressa determinação das alterações regulamentares a serem implementadas, mormente no que se refere ao equacionamento do desequilíbrio atuarial; que a maciça campanha engendrada pelas rés, em parceria com um segmento da representação sindical, mascarou os fatos e omitiu pontos de suma importância para uma correta compreensão do cenário e das garantias contratuais das quais estaria abrindo mão com a repactuação; que as rés não observaram o princípio da boa-fé. Aduz ainda que foi regular a emenda à inicial por ele oferecida, uma vez que apresentada antes do oferecimento das contestações; que a RMNR - Remuneração Mínima por Nível e Regime foi assegurada aos empregados que trabalhavam antes da alteração; que todos os empregados da primeira ré da base territorial do Rio de Janeiro teriam um plus remuneratório de 34%, sendo que para aqueles que já recebiam o adicional de periculosidade ou Vantagem Pessoal (VP), o acréscimo seria apenas de 4%, de forma a perfazer o mesmo índice dos empregados que não recebiam a periculosidade ou a VP; que nos três anos anteriores a Petrobras concedeu reajuste acrescido de um nível salarial para todos os empregados em atividade, com concessão de índice de reajuste da tabela salarial equivalente ao IPCA, consolidando nova lesão ao art. 41 do regulamento da Petros.

Contrarrazões às fls. 845/885 e 890/922, apresentadas a tempo e modo.

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho (art. 85 do Regimento Interno deste Tribunal), sendo que na sessão de julgamento o Parquet

não vislumbrou necessidade de intervenção no feito.

V O T O

Conhecimento.

Estão presentes os requisitos de admissibilidade do recurso. O apelo é tempestivo, a parte autora está bem representada e comprovou o recolhimento das custas.

Conheço.

A interposição de recurso ordinário pelo reclamante sucumbente devolve ao conhecimento da instância superior todas as questões controvertidas, ainda aquelas que possam ter sido rejeitadas em primeiro grau. Inteligência do art. 515 e seus §§1º e 2º, do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas

(3)

não as tenha julgado por inteiro.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o

conhecimento dos demais.

A análise deve se iniciar, portanto, pelas preliminares suscitadas nas defesas.

Incompetência absoluta e sobrestamento do feito.

Sob o argumento de que a presente ação tem por objeto matéria nitidamente previdenciária, pretenderam as reclamadas a declaração da incompetência da Justiça do Trabalho, utilizando como escopo o artigo 202, § 2°, da Constituição Federal, com a redação da Emenda Constitucional nº 20/98. Renovam, ainda, as preliminares de ilegitimidade passiva ad causam.

Não assiste razão às recorridas.

O pedido é de nulidade de termo de adesão à repactuação do plano de previdência privada da PETROS, plano esse decorrente da relação empregatícia havida entre o reclamante e a primeira reclamada, que é a patrocinadora-instituidora da segunda ré. A competência para a apreciação e julgamento do feito se insere, portanto, naquela definida pelo artigo 114, inciso I, da Constituição Federal, com a redação introduzida pela Emenda Constitucional n° 45/2004.

Data maxima venia, não vejo como aceitar a tese de que a Emenda Constitucional nº 20/98, ao modificar a redação do art. 202 da Constituição Federal, alterou a competência da Justiça do Trabalho, para afastar a possibilidade de apreciação de pedidos de prestações relacionadas a entidade de previdência privada.

Ora, o artigo 114, que trata da competência da Justiça do Trabalho, como não poderia ser diferente, está inserido no Título da Organização dos Poderes, enquanto que o parágrafo 2º do artigo 202, alterado pela Emenda Constitucional nº 20/98, está disposto no Título concernente à Ordem Social, que, por óbvio, não trata da competência dos órgãos do Poder Judiciário. Ademais, ainda que a referida Emenda Constitucional tenha trazido inovação em seu bojo quanto ao elastecimento da competência da Justiça do Trabalho, agora também incumbida de executar as contribuições previdenciárias resultantes de suas próprias decisões, a verdade é que em momento algum diminuiu as atribuições desta Justiça Especializada até então vigentes. Tanto isso é correto que, quando o legislador quis introduzir alteração na competência da Justiça do Trabalho, o fez diretamente no artigo 114, para nele inserir o parágrafo 3º (atualmente inciso VIII), que trata justamente da sua ampliação para execução das contribuições em favor do INSS.

Quanto à tese de que deve ocorrer sobrestamento do feito até pronunciamento final do STF sobre recurso extraordinário em que reconhecida

(4)

repercussão geral, o requerimento merece ser rejeitado.

O instituto da repercussão geral foi criado pela Emenda Constitucional 45/2004, com regulamentação no Código de Processo Civil (arts. 543-A a 545-B, introduzidos pela Lei nº 11.418/2006) e também no Regimento Interno do E. Supremo Tribunal Federal. Pelo que se extrai do art. 543-B e parágrafos do CPC, mesmo quando reconhecida a repercussão geral quanto à questão controversa nos autos, somente há previsão do sobrestamento dos feitos na fase de recurso extraordinário para a Suprema Corte, nada impedindo o julgamento do presente nesta instância revisora.

Rejeito a preliminar.

Ilegitimidade passiva da Petros.

Nenhum reparo merece a decisão impugnada que rejeitou as preliminares de ilegitimidade ativa e passiva ad causam arguida pela Petros.

A análise da legitimidade passiva deve ocorrer à vista da relação jurídica de direito material afirmada em juízo. Tendo sido a Petros indicada pelo reclamante como parte na relação jurídica material, tal fato é suficiente para legitimá-la a compor o polo passivo da presente relegitimá-lação processual, relevando ainda notar que a titularidade do direito de ação não significa a qualidade efetiva de titular da relação jurídica de direito material existente, mas, tão somente, aquela afirmada na inicial. Havendo pertinência subjetiva na formulação do pedido, o feito não pode ser extinto sem resolução de mérito.

Rejeito.

Ilegitimidade ativa ad causam.

LIEBMAN coloca na raiz da legitimidade a pertinência subjetiva, que é a relação indissolúvel entre a obrigação e o obrigado, ou entre o direito e seu titular. O reclamante deduz pretensão contra as reclamadas, postulando direito próprio, havendo pertinência subjetiva, sendo este legitimado ativamente para demandar. Se postula, na qualidade de aposentado, e como aposentado teria o direito vindicado, então há perfeita adequação entre sua posição como autor da ação e a sua pretensão.

Rejeito a preliminar.

Falta de interesse de agir.

Inviável a extinção sem resolução de mérito com base em adesão espontânea à repactuação, já que o objetivo da ação é exatamente questionar a validade deste negócio jurídico, não podendo o feito ser extinto antes da análise do

(5)

merecimento.

Rejeito também esta preliminar.

Prejudicial de mérito - Prescrição.

Não merece ser acolhida.

Releva destacar, inicialmente, que o prazo prescricional de dois anos previsto no art. 7º, XXIX da CRFB/88, refere-se ao limite para ajuizamento da ação após a cessação da relação de emprego, obviamente quando a causa de pedir ocorrer durante a relação empregatícia. O caso sob exame é diverso.

O autor é aposentado e a causa de pedir remonta a janeiro de 2007 (data em que ratificou o termo de adesão), razão pela qual não se pode cogitar de prescrição bienal, nem tampouco em prescrição quinquenal, tendo em vista que a ação foi ajuizada em 22/11/2010 (fl. 2), menos de 5 anos após o ato supostamente lesivo.

Rejeito.

Mérito.

Nulidade da adesão à proposta de repactuação do Plano PETROS. Trata-se de ação proposta por empregado aposentado, em face de sua ex-empregadora e da entidade de previdência privada, pretendendo ver declarada a nulidade da sua adesão à proposta de repactuação do Plano PETROS de previdência privada, alegando vício da vontade e erro substancial.

Na inicial (fls. 03/26), o autor sustentou, em resumo, que as rés, sob o pretexto de acabar com "déficits” atuariais do plano Petros, lançaram campanha publicitária que visava à repactuação de regras, principalmente quanto ao critério de reajuste e responsabilidade da patrocinadora, levando-o a ser seduzido por tanta informação e promessas, além do medo de um futuro ameaçador, tendo recebido uma bonificação a título de perdas salariais para abrir mão da isonomia com o pessoal da ativa, incorrendo em erro substancial, que acarretaria a anulabilidade do negócio jurídico celebrado. Com base em tais fatos, vindicou declaração de nulidade do termo de adesão individual às alterações do Regulamento Petros firmado em 09/08/2006, condenação das rés a reconstituírem a relação jurídica às regras vigentes antes da repactuação.

As defesas das reclamadas, no mérito, sustentaram que a repactuação se tornou indispensável para que fossem atendidas determinações introduzidas pela Emenda Constitucional 20/98, tendo o autor aderido à repactuação por livre e espontânea vontade, inclusive recebido incentivo monetário no momento da adesão. Alegaram ainda que nenhum prejuízo sofreu o empregado.

(6)

A sentença julgou improcedente o pedido com fundamento na inexistência de prova quanto aos vícios de vontade alegados na petição inicial.

Feito o relato dos principais eventos processuais, reanalisadas e superadas as preliminares, passo a analisar meritoriamente a controvérsia.

Não merece provimento o recurso.

A profusa documentação juntada aos autos por todos os litigantes parece indicar que houve amplo debate e oferta de informação aos funcionários e demais interessados em aderir à repactuação. O próprio modelo do termo de adesão deixava bastante claro que as alterações aceitas alterariam os artigos 41 e 42 do Regulamento do Plano Petros (fl. 29), com correção da sua futura suplementação de aposentadoria pelo IPCA e não pelos índices aplicáveis ao pessoal da ativa.

O oferecimento de valor monetário em contrapartida, para celebrar a avença, foi embolsado, e não se tem notícia de que o reclamante tenha oferecido sua restituição às rés. Não é moral e jurídico beneficiar-se do incentivo monetário e em seguida pretender anulação do negócio jurídico mantendo o ganho auferido.

Assim, considero perfeitamente lícito o negócio jurídico proposto ao demandante e por este aceito em agosto de 2006, sem qualquer prova de existência de vício de vontade, ônus que lhe competia e do qual não se desincumbiu. As consequências patrimoniais da adesão (que inclusive contemplou o autor com recebimento de incentivo monetário) são legítimas.

A repactuação apresenta natureza de transação, através da qual os empregados na ativa ou aposentados aderiam ao novo Regulamento da Petros, concordando com a mudança na forma de reajuste dos benefícios de suplementação de aposentadoria e pensões, que passariam a usar como indexador o IPCA, e em contrapartida recebiam um incentivo financeiro correspondente a 3 (três) salários de benefício, num valor mínimo de 15 mil reais.

O reclamante exerceu o desejo de transacionar as regras referentes ao Plano da Petros, com expressa menção às alterações dos artigos 41 e 42 (fl. 29 - item 2), tendo recebido indenização de R$ 15.000,00 (fl.410), Ora, o que se percebe é que o autor pretende auferir o melhor dos dois mundos, na medida em que almeja permanecer com as regras inalteradas, em decorrência da declaração de nulidade da sua adesão, sem devolver a vantagem recebida pela ”repactuação”, conforme postulado na letra “c” do rol de fl. 25.

Ressalte-se que foram utilizados meios legítimos de convencimento dos trabalhadores, o que leva a crer que a adesão era uma questão de livre e espontânea manifestação de vontade, sem qualquer “assédio” ou imposição para aceitação.

Ademais, em razão da ampla divulgação das condições envolvidas na repactuação, certamente estaria o autor dotado de todos os meios para buscar

(7)

informações sobre a melhor situação para si, permanecer nas antigas regras ou aderir às atuais.

A partir do momento em que aderiu à nova situação, implicitamente renunciou às regras anteriores. Neste sentido é o entendimento cristalizado na Súmula nº 51 do C. TST, II, verbis:

“Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção

do empregado por um deles tem efeito de renúncia às regras do sistema do outro” (grifos do original).

Cabe destacar que o reclamante é pessoa dotada de instrução suficiente, como notoriamente o são os empregados da primeira ré, para cientificar-se das concientificar-sequências da adesão à repactuação, pelo que não há embasamento para as alegações de vício de consentimento.

Por todos os motivos expostos, o pleito estava mesmo fadado à improcedência.

Nego provimento.

Regularidade da emenda à inicial e RMNR.

Sustenta ainda o recorrente a regularidade da emenda à petição inicial, pois ao contrário do que entendeu o Juízo a quo, referida emenda foi apresentada antes do oferecimento das contestações.

Sem razão o recorrente.

O autor ofereceu emenda à petição inicial, com alteração substancial da causa de pedir e acréscimo de pedidos relacionados a acordos coletivos e a Remuneração Mínima por Nível de Regime - RMNR. Tal emenda - na verdade uma nova ação - foi apresentada na audiência inaugural, ou seja, após a citação das rés, o que é vedado pelo art. 294 do CPC e ratificado pelo art. 264 do CPC, ao vincular a modificação da causa de pedir ou do pedido ao consentimento do réu após a citação.

Nesse sentido, correta a sentença ao extinguir o processo sem resolução do mérito quanto aos pedidos contidos na emenda de fls. 117/159.

Assim, toda a discussão sobre a parcela de Remuneração Mínima por Nível de Regime - RMNR e acordos coletivos ficou prejudicada.

Nego provimento.

(8)

Pelo exposto, conheço do recurso ordinário; por força dos §§1º e 2º do art. 515 do CPC, reanaliso e rejeito as preliminares de incompetência absoluta, requerimento de sobrestamento do feito, de ilegitimidade ativa e passiva e falta de interesse de agir, bem como a prejudicial de prescrição arguidas pelas reclamadas; e, no mérito, nego provimento ao apelo do reclamante.

A C O R D A M os Desembargadores da Terceira Turma do Tribunal

Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário; por força dos §§1º e 2º do art. 515 do CPC, reanalisar e rejeitar as preliminares de incompetência absoluta, requerimento de sobrestamento do feito, de ilegitimidade ativa e passiva e falta de interesse de agir, bem como a prejudicial de prescrição arguidas pelas reclamadas; e, no mérito, negar provimento ao apelo, nos termos da fundamentação supra.

Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2012.

JORGE F. GONÇALVES DA FONTE

Relator

Referências

Documentos relacionados

Doutora em História, Política e Bens Culturais no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) pela Fundação Getúlio Vargas e Mestra em

https://www.unoesc.edu.br/unoesc/lgpd com as informações para contato direto com a Encarregada de Proteção de dados, entre outras informações relativas à LGPD.. Finalmente,

Uma vez identificado um problema, é necessário buscar soluções concretas. É utópico pensar que simples alterações na legislação teriam o condão de impedir,

Uma equação diferencial ordinária, EDO, é uma equação diferencial onde a variável dependente, função incógnita e suas derivadas são funções de uma única

Estabilidade e a Paz (IEP), que se confronta já no exercício em curso com uma insuficiência de dotações para pagamentos, situação que será agravada com novas reduções;

CARTA DE CRÉDITO A SER APRESENTADA AO LEILOEIRO, PELO ARREMATANTE, POR OCASIÃO DO LEILÃO, NO CASO DE UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DA CONTA VINCULADA DO FGTS PARA PAGAMENTO DO VALOR

(ITA-1969) Um indivíduo quer calcular a que distância se encontra de uma parede. Na posição em que ele está é audível o eco de suas palmas. Ajustando o ritmo de suas palmas ele

Delas, contudo, nos desembaraçaremos, se levarmos em conta que a nossa mente é finita; que o poder de Deus, porém, pelo qual desde toda a eternidade não somente já soube, mas