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Contabilidade para não contadores. Módulo I: Conceito e histórico

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Academic year: 2021

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Contabilidade para não

contadores

Módulo I:

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Curso: Contabilidade para Não Contadores Carga-horária: 80 horas

Professor-autor: André Charone Tavares Lopes.

Currículo Resumido: Contador, professor universitário, pós-graduando em MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sócio do escritório Belconta - Belém Contabilidade e do Portal NeoEnsino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional no Brasil, em Portugal e na Espanha, ganhador de prêmio acadêmico pelo CRCPA, palestrante, consultor editorial da Revista Contadores Belém-Pará, membro da Associação Científica Internacional Neopatrimonialista - ACIN.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3867216597508869

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Conteúdo

1 – DEFINIÇÃO E HISTÓRICO...2

1.1 – CONCEITUAÇÃO ...2

1.2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIÊNCIA CONTÁBIL ...3

1.2.1– Período Intuitivo-Primitivo ...4

1.2.2 – Período Racional-Mnemônico ...5

1.2.3 – Período Lógico Racional...7

1.2.4 – Período da Literatura ou Literário ...8

1.2.5 – Período Pré-Científico ...8

1.2.6 – Período Científico ... 10

1.2.7 – Período Filosófico-Normativo ... 11

1.3 – ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTÁBIL... 12

1.3.1 – Escolas Italianas ... 12

1.3.2 – Escola Norte-Americana ... 16

1.3.3 – Neopatrimonialismo Contábil: Princípio de uma Escola Brasileira... 17

1.4 – O PROFISSIONAL CONTÁBIL NO BRASIL ... 21

1.4.1 - Histórico ... 21

1.4.2 – Campo de atuação ... 21

1.4.3 – Expectativas do mercado para o profissional contábil brasileiro ... 23

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1 – DEFINIÇÃO E HISTÓRICO

1.1 – CONCEITUAÇÃO

O curso de “Contabilidade para Não Contadores” visa familiarizar os estudantes e profissionais das mais diversas áreas que estão iniciando a aprendizagem da disciplina contábil com os principais conceitos teóricos e práticos que envolvem a Contabilidade.

Nosso objetivo não é o de formar contadores ou técnicos em contabilidade, mas sim o de fornecer os conhecimentos necessários para que os profissionais de todas as áreas possam aproveitar os recursos contábeis da melhor maneira possível.

Não esqueça que a qualquer momento você pode entrar em contato com a tutoria do Portal Neo Ensino para tirar as dúvidas através do e-mail: neoensino@belconta.com.br.

Entendido o propósito do presente curso, o primeiro passo é o de se conceituar a ciência objeto de nosso estudo. Existem inúmeros conceitos considerados válidos para a Contabilidade, alguns dos quais nós exporemos a seguir.

O primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em 1924 no Rio de Janeiro, assim definiu a Contabilidade:

A ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro dos atos e fatos de uma administração econômica.

Já o emérito Prof. Antônio Lopes de Sá, uma das maiores mentes da Contabilidade teórica no Brasil e, quiçá, no mundo, conceitua:

Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais. (SÁ, 2008, p.46)

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Com base nas definições acima, podemos conceituar a Contabilidade como, basicamente:

“A ciência social que tem por objeto de estudo o patrimônio das entidades e por objetivo transformar dados sobre este em informações úteis aos seus usuários”

A partir deste conceito podemos definir claramente dois aspectos sobre a ciência contábil:

a) Objeto de estudo: O patrimônio das entidades;

b) Objetivo: Transformar dados em informações úteis para os seus usuários, tanto internos (empregados, diretores) quanto externos (governo, fornecedores, clientes).

Utilizamos o termo “ciência social” devido ao fato de a Contabilidade estudar os fenômenos do patrimônio, estes que são ocasionados, essencialmente, pela vontade humana.

1.2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIÊNCIA CONTÁBIL

Apesar de ter se estruturado como Ciência moderna apenas em meados do século XIX, como veremos mais adiante no decorrer do curso, sabe-se hoje que os primeiros registros contábeis primitivos foram realizados há cerca de 200 séculos e, portanto, ainda na Pré-história.

Segundo IUDÍCIBUS (2005, p. 31), “a Contabilidade é tão antiga quanto o próprio homem que pensa”, ou seja, mesmo que de maneira empírica e, conseqüentemente, não científica, as civilizações primitivas já utilizavam ferramentas contábeis básicas para controlar o seu patrimônio e, em alguns casos, até mesmo apurar custos e elaborar orçamentos, como se nota em registros feitos em pranchas de argila nas civilizações da Suméria e da Babilônia, de acordo com SÁ (1997, p.25).

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Devido a essa imensa dimensão histórica, vários autores apresentam categorizações diferentes de períodos para o estudo da evolução do pensamento contábil, no entanto todas não passam de formas diversas de estudo de um único assunto, a História da Contabilidade. Assim, empregaremos nesse curso, para fins de apresentação, a classificação utilizada pelo Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá, onde se encontram expostos sete períodos, dos quais cinco podem ser considerados Pré- Científicos, ou seja, anteriores à estruturação da Contabilidade como Ciência (Período Intuitivo Primitivo; Período Racional-Mnemônico; Período Lógico-Racional; Período da Literatura; e Período Pré-Científico), e dois Científicos (Período Científico e Período Filosófico-Normativo).

1.2.1– Período Intuitivo-Primitivo

A Contabilidade Intuitiva Primitiva tem início no período denominado no estudo da Pré-história de Paleolítico Superior (18.000 a.C.), momento no qual ocorrera na região européia a última Idade do Gelo. Foi, entretanto, na chamada Era Neolítica (8.000 a.C.), popularmente conhecida como a Idade da Pedra Polida, que o homem passou a praticar a criação de animais e a agricultura, desenvolvendo, deste modo,

Intuitivo-primitivo

Racional-Mnemônico

Lógico-Racional

Literatura

Pré-científico

Científico

Filosófico-Normativo

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maiores noções de propriedade e patrimônio, surgindo a partir daí a necessidade de formas de controle e registro dos bens, direitos e obrigações do homem pré-histórico.

Foi durante este período que apareceram as primeiras contas primitivas. Em sítios arqueológicos do Oriente Próximo (região da Ásia próxima ao mar Mediterrâneo, a qual engloba países como Síria, Líbano, Israel, Palestina e Iraque) foram descobertos sistemas contábeis primitivos utilizados entre 8.000 e 3.000 a.C. por civilizações pré-históricas.

Através de pequenas fichas de barro e outros instrumentos igualmente simples, o homem daquele tempo já fazia o registro de seu patrimônio, antes mesmo da invenção da escrita e da contagem abstrata (na verdade, muitos historiadores remetem o desenvolvimento da linguagem escrita à própria Contabilidade).

Embora em caráter eminentemente empírico, pode-se dizer que este período foi o gênesis da Contabilidade, dando início ao que mais tarde passaria a ser a ciência contábil.

1.2.2 – Período Racional-Mnemônico

A Contabilidade Intuitiva Primitiva perdurou até aproximadamente 4.000 a.C., ano em que, de acordo com a classificação proposta pelo Prof. Antônio Lopes de Sá, tem início o período Racional – Mnemônico.

A evolução das civilizações, impulsionada pelos Estados e pelos poderes religiosos, assim como a invenção da escrita cuneiforme pelos sumérios por volta de 3.500 a.C., serviram de mola propulsora para o desenvolvimento da Contabilidade daquele período.

De fato, foram nas antigas cidades da Suméria (em especial Uruk e Susa) que surgiram algumas das mais ousadas técnicas de escrituração contábil da antiguidade. Para SCHMIDT et al. (2007, p.22) “aos contadores de Uruk [...] pode ser creditada a criação dos numerais, a revolução na contagem e na manipulação de dados”. Nota-se mais uma vez que, pelo que demonstram os fatos históricos de que temos

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conhecimento atualmente, a Contabilidade foi a base para a criação da escrita e dos números abstratos, e não o contrário.

Com o avanço das próprias civilizações nas regiões da Suméria e Babilônia, houve a necessidade de aprimoramento do trabalho realizado pelos contadores da época. Assim,

começou-se a registrar as movimentações financeiras em placas de barro que posteriormente passaram a ter os seus registros transcritos de forma resumida para pranchas maiores, surgindo assim as primeiras noções do que atualmente conhecemos por Diário.

Sabe-se hoje que já no ano de 2.000 a.C. os contadores da Mesopotâmia já adotavam uma espécie primitiva de razão, elaboravam demonstrações, orçamentos e até mesmo a apuração de custos.

A civilização egípcia também apresentou considerável destaque no período Racional – Mnemônico da Contabilidade. Como contribuições do Egito ao desenvolvimento da prática contábil destacam-se: a criação do papiro (forma primitiva de papel, confeccionada a partir do miolo de planta de mesmo nome), permitindo a criação dos primeiros livros de escrituração; e a criação de uma moeda como base de valor, o shat de ouro e prata.

Ainda neste período, a humanidade presenciou o surgimento do Império Romano, um dos maiores da História. As principais contribuições de Roma para o nosso estudo se dão em relação à importância da Contabilidade Pública e das colônias, havendo inclusive a figura do Contador Geral do Estado, um dos profissionais mais importantes da administração pública de Roma.

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Em um documento intitulado Res Gestae Divi Augusti (“Os Atos do Divino Augusto”, em Latim), elaborado no ano de 23 a.C. pelo próprio imperador César Augusto, são evidenciadas as obras realizadas durante sua longa vida política, incluindo conceitos contábeis avançados com contas detalhadas que expressavam, dentre outras informações, a quantidade de dinheiro disponível no caixa e o volume dos impostos oficiais cobrados.

1.2.3 – Período Lógico Racional

O terceiro período de nosso estudo acerca da história do pensamento contábil tem início na segunda metade do século XI e se estende até meados do Século XV. É neste momento que a racionalização oriunda das fases anteriores da Contabilidade passa a caminhar para uma lógica de sistematização contábil, de acordo com SÁ (2005).

Durante o período da Alta Idade Média (476 – 1.000), a influência da Igreja sobre as terras e a economia fizeram com que, no Ocidente Europeu, ocorresse uma estagnação na evolução social e econômica. O Oriente, entretanto, não sofria do mesmo modo a influência da Igreja ou dos problemas gerados pelos grandes latifúndios, permitindo que fosse desenvolvido nesta região um método de registros que posteriormente seria desenvolvido na Itália sob o nome de Método das Partidas Dobradas ou Método Veneziano, uma equação onde um conjunto de créditos sempre corresponderá a um conjunto de débitos no mesmo valor.

Não se sabe ao certo a origem da técnica das partidas dobradas, no entanto, alguns historiadores acreditam que as primeiras manifestações do uso das partidas dobradas ocorreram entre os séculos XII e XIII, na região do norte da Itália. A popularização desta técnica aconteceu em especial após a chamada Revolução Comercial, ocorrida entre os séculos X e XIV, quando o comércio passou a ser o grande

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motor do progresso econômico, exigindo uma prática contábil eficaz para registrar uma grande quantidade de movimentações financeiras.

1.2.4 – Período da Literatura ou Literário

Os séculos XV e XVI foram marcados por uma forte produção literária, através da difusão de livros e livretes, proporcionados pelo advento da imprensa, aperfeiçoada pelas máquinas criadas Johannes Gutenberg. Estes avanços tecnológicos na maneira de se fazer publicações permitiu que surgissem os primeiros grandes trabalhos da literatura contábil.

Embora alguns livros e livretes de Contabilidade já circulassem desde o século XI, uma das mais importantes obras publicadas acerca das práticas contábeis foi, sem dúvidas, o famoso Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita, escrito pelo Frei Franciscano Luca Bartolomeo de Pacioli. A publicação destaca-se por ter sido a primeira a abordar (em sua seção Particulario de computies et Scripturis) a Contabilidade de dupla entrada, também conhecida como método das partidas dobradas ou método veneziano. Destaca-se que, apesar de não ter sido o criador do referido método, Luca Pacioli ficou marcado na história como “o pai da Contabilidade” devido a sua notória publicação, já que, até hoje, esse método é massificado pela comunidade contábil para e escrituração dos fatos administrativos.

Neste momento da história da evolução do pensamento contábil, as principais obras de Contabilidade eram encontradas em livros matemáticos. Com a evolução da própria sociedade e, em especial, da economia, a Contabilidade passou a se desenvolver e, conseqüentemente, a se desvencilhar da matemática, se estabelecendo como disciplina autônoma e dando um grande passo rumo ao seu estabelecimento como Ciência, passando então ao que se denomina de Período Pré-Científico.

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Os tratadistas de Contabilidade que surgiram após Luca Pacioli foram os precursores da primeira Escola do Pensamento Contábil, o Contismo1. Ganhando força a partir das obras de Ângelo Pietra, a Escola Contista acreditava que o objeto principal da Contabilidade, ainda em estado pré-científico, era o estudo das contas.

Dentre as contribuições de Pietra para a

evolução de nossa ciência, destacamos a preocupação na busca das razões de conceitos, em oposição à maioria das obras existentes até então, que se preocupavam apenas expor formas de registro e exemplos de lançamento.

Além de Ângelo Pietra, destacaram-se na Escola Contista os seguintes autores: Leonardo Fibonacci, Francesco di Balduccio Pegolotti, Alvise Casanova e Ludovico Flori.

Os Avanços da Contabilidade neste momento da história não se restringiram, no entanto, à Itália, alcançando diversos outros países. A França, por exemplo, apresentou um considerável desenvolvimento de suas obras contábeis, oriundo da necessidade por informações que se gerou devido ao caos financeiro vivido naquele país durante o período.

De fato, a Escola Francesa de Contabilidade chegou a exercer considerável influência sob os estudiosos contábeis da época. Países como Estados Unidos, Polônia, Suécia e Bélgica também editaram trabalhos contábeis de valor durante estes anos.

Embora não tenha sido uma unanimidade, as obras editadas entre o final do século XVI e início do século XIX apresentaram um teor pré-científico que serviu de base para, no próximo momento da história do pensamento contábil, consolidar a Contabilidade como ciência.

1 Em tópicos posteriores, estudaremos mais detalhadamente as principais Escolas dos Pensamento

Contábil.

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1.2.6 – Período Científico

O período da História do Pensamento Contábil que se inicia nos meados do Século XIX teve como marco a busca dos doutrinadores pelo verdadeiro objeto de estudo da Contabilidade. O surgimento de doutrinas contrárias ao Contismo trouxeram uma noção muito mais extensa da Ciência Contábil, passando-se a buscar a explicação dos fatos patrimoniais, transformando as contas em meros instrumentos de informação e não o objeto de estudo principal da Contabilidade.

Dentre as Escolas de Pensamento Contábil que se destacaram neste momento estão: a) Materialismo Substancial; b) Personalismo; c) Controlismo; d) Reditualismo; e) Aziendalismo; f) Patrimonialismo.

No próximo tópico deste módulo, nós iremos estudar as características das principais características de algumas dessas escolas do pensamento contábil.

Ressalta-se como acontecimento histórico importante deste período a divulgação da obra de R. P. Coffy na Academia de Ciências de Paris, na qual reclamava a posição científica da Contabilidade, a qual, para este autor, possuía como objeto de estudo o “Capital”.

No entanto, devido a grande popularidade conquistada pela Escola Patrimonialista entre os estudiosos contábeis no mundo inteiro, a maior parte dos doutrinadores consideram o “patrimônio” como o objeto de estudo da contabilidade.

Inclusive no Brasil, observamos a influência patrimonialista na Resolução CFC n. 750, a qual institui (dentre outros) o princípio contábil da entidade que considera o patrimônio como objeto da Contabilidade.

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1.2.7 – Período Filosófico-Normativo

A partir da segunda metade do último século, várias transformações de caráter científico-doutrinário ocorram na Contabilidade. As evoluções social, econômica e tecnológica vividas nas últimas décadas criaram a necessidade de desenvolvimento da disciplina contábil, o que aconteceu mediante diversos fatos históricos, dos quais figuram entre os mais importantes:

a) Surgimento de teorias de grande valor científico; b) Formação de uma “Filosofia da Contabilidade”;

c) Excesso normativo por parte do Estado e das Entidades de classe; d) Avanço da Tecnologia da Informação;

e) Criação da Doutrina Neopatrimonialista, aproximando a Contabilidade da visão holística e social, expandindo o estudo contábil para as relações ambientais das células sociais.

Este novo momento histórico pelo qual passa a Ciência Contábil, desde a década de 1950 até os dias atuais, denomina-se de Filosófico-Normativo, nome que provém das duas correntes doutrinárias que se seguem paralelamente durante este período: empírico-normativa e científico-filosófica.

A Corrente Empírico-normativa é formada por pesquisadores preocupados exclusivamente com a adequação da Contabilidade às normas impostas pela legislação e pelas entidades de classe que regulam a prática profissional.

Já os defensores da visão científica-filosófica da Contabilidade estudam a relação da ciência contábil com o seu ambiente epistemológico, voltando-se mais para o aspecto teórico.

Na realidade, essas duas visões devem se complementar e não seguir de forma separada.

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1.3 – ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTÁBIL

Diversas foram as escolas que ganharam destaque na comunidade contábil ao longo da história. Assim, estudaremos aqui as que mais contribuíram, de uma forma ou de outra, para a evolução da Contabilidade, mas sem desmerecer o mérito das que não forem citadas.

Para tornar o processo de aprendizagem mais didático, dividiremos as escolas de acordo com o seu país de origem, tratando primeiramente das Italianas (Contismo, Personismo, Neocontismo, Controlismo, Aziendalismo e Patrimonialismo), posteriormente fazendo algum comentários acerca da Escola Norte-Americana e, por fim, apresentando o Neopatrimonialismo, como primeira escola de origem brasileira a despontar no cenário mundial da Contabilidade.

1.3.1 – Escolas Italianas

O primeiro passo de todo o conhecimento científico contábil ocorreu no norte da Itália: A publicação na cidade de Veneza, em 10 de novembro de 1494, da célebre obra de Luca Pacioli “Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornalita”, a primeira obra da qual se tem notícia a registrar o método das partidas dobradas. O Monge Franciscano Luca Bartolomeo de Pacioli, o qual fora educado pelo matemático Dominico Bragadino e foi o primeiro professor de matemática da Universidade de Perugia, é considerado o pai da contabilidade moderna por ter sido pioneiro ao publicar em um livro o método das partidas dobradas.

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Como primeiro expositor do método das partidas dobradas, Pacioli iniciou a primeira grande escola de pensamento contábil: o Contismo. Para os adeptos desta corrente, a principal preocupação da Contabilidade seria com o processo de escrituração e com as técnicas de registro através das contas.

A Escola Contista permaneceu soberana até a segunda metade do século XIX, período em que surge no cenário contábil a Escola Personalista, passando a dar personalidade às contas de modo a melhor expor as relações de direitos e obrigações.

Dentre os primeiros idealizadores desta teoria destaca-se Francesco Marchi (1822/1871), autor de I Cinquecontisti, livro no qual afirmava que deveriam haver em

• CU RIOSIDA DE: L uca Pac ioli e as Partidas Dobradas

Ao contrário do que é comumente difundido em muitas academias de ciências contábeis, Luca Pacioli não foi o criador do celebre método das partidas dobradas (segundo o qual para um ou mais débitos existem sempre um ou mais créditos equivalentes).

A evidência mais antiga de um registro com base nas partidas dobradas consiste em um livro-razão primitivo elaborado por Giovanno Falfori em 1299, quase dois séculos antes da publicação de Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornalita. Já foram encontrados também manuscritos nunca publicados que já apresentavam o método exposto pelo monge franciscano. Como exemplo, pode-se destacar o elaborado por Benedetto Cotrugli cerca de 35 anos antes da publicação de Summa em Veneza.

Apesar da falta de originalidade (considerando que a técnica já era utilizada por diversos comerciantes do norte italiano), o mérito de Pacioli está em ter sido o primeiro autor a publicar uma obra que trouxesse o assunto e, conseqüentemente, dar o primeiro impulso à produção literária em Contabilidade.

Não se sabe ao certo quem, de fato, inventou o referido método. O mais provável é que, devido a sua praticidade e lógica, o mesmo tenha sido “inventado” por mais de

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uma entidade econômica a interação entre pelo menos quatro grupos de pessoas: O Proprietário, O Administrador, Os Agentes Consignatários e os Correspondentes.

O maior contribuidor para o fortalecimento da teoria personalista, no entanto, não foi Francesco Marchi, mas sim Giuseppe Cerboni (1827/1917), que trabalhos mais científicos e passou a fundamentar a teoria em axiomas.

A Escola Personalista tornou-se importante para a

história da Contabilidade por ter sido nela a primeira vez em que a ciência contábil passou a ser abordadapelo seu aspecto informacional no processo de gestão das entidades.

Por volta de 1915, surge no cenário contábil a Escola Neocontista, que reforçou o objeto de estudo da contabilidade como o patrimônio ou, melhor dizendo, a riqueza patrimonial. Para os neocontistas, a principal função da contabilidade era a de registrar e classificar as contas e não a de demonstrar os aspectos econômicos e gerenciais oriundos destas.

As teorias neocontistas baseavam-se na equação fundamental da contabilidade (ATIVO – PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO) para explicar a dinâmica do balanço, evidenciada pelos fatos permutativos e modificativos. Dentre as contribuições da Escola Neocontista, destacam-se a divisão do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido no Balanço Patrimonial, assim como a apresentação de regras para a sua exposição (pelo grau de liquidez ou disponibilidade no Ativo e de exigibilidade no Passivo).

A próxima corrente de pensamento que predominou na Escola Italiana foi a do

Controlismo (ou Escola do Controle), defendida por, dentre outros célebres autores, Fábio Besta, o qual entendia que a contabilidade deveria estabelecer um ponto de partida para tornar possível a análise dos resultados da gestão, evidenciar os fatos ocorridos e, por fim, demonstrar os resultados para aprovação ou rejeição dos gestores.

Giuseppe Cerboni

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Seguindo na linha do tempo histórica da contabilidade, nos deparamos com a

Escola Aziendalista, a qual possui como principal representante Guino Zappa, expositor da importância do estudo Contábil para a manutenção da vida das Aziendas, como se nota em obras tais quais La determinazione del reddito nelle imprese. I valori di conti in relazione Allá formazione dei balanci.

Por volta de 1926, ganha destaque, na Itália e no resto do mundo, a Escola Patrimonialista, considerada por muitos autores como a principal corrente doutrinária da Escola Italiana de Contabilidade. Define o patrimônio como o objeto da Contabilidade, sendo este a grandeza real que se transforma com a evolução das atividades econômicas.

O Patrimonialismo surgiu, em quase sua totalidade, através dos esforços e pesquisas do Professor da cidade de Bolonha, natural de Rimini, Vicenzo Masi. As suas obras destacam-se por apresentar um valor científico único, utilizando de fundamentos teóricos absorvidos pelo autor através de estudos das obras de, dentre outros, Villa, Besta e Rossi.

No Brasil, um dos principais defensores da corrente patrimonialista foi o ilustre prof. Francisco D’áuria, o qual chegou até mesmo a explanar sobre tal no VI Congresso Internacional de Contabilidade, em 1929.

As sementes plantadas pelos autores patrimonialistas ainda dão frutos de inigualável importância para contabilidade. O maior exemplo é, sem dúvidas, a criação da doutrina científica neopatrimonialista pelo saudoso Prof. Antônio Lopes de Sá, a qual se consolida como, atualmente, a mais moderna corrente científica da contabilidade.

Nos próximos tópicos deste modo, estudaremos um pouco mais sobre o Neopatrimonialismo e suas principais características que o distinguem do Patrimonialismo tradicional.

Até hoje, muitos dos aspectos defendidos pela escola patrimonialista ainda são difundidas no mundo acadêmico da Contabilidade. A ideia pacificada de que o patrimônio é o objeto de estudo da ciência contábil é um exemplo dessa influência do patrimonialismo em nossa disciplina.

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Abaixo, fazemos um resumo das principais características de cada uma das escolas italianas estudadas anteriormente:

Escola Principais autores Objeto

Contismo Jacques Savary e Edmundo Degranges Mecanismo das contas Personalismo Giuseppi Cerboni Personificação das contas Neocontismo Fábio Besta (Em suas primeiras produções) Riqueza Patrimonial

Controlismo Fábio Besta Controle da riqueza

Aziendalismo Gino Zappa Fator de gestão

Patrimonialismo Vincenzo Masi. Patrimônio

1.3.2 – Escola Norte-Americana

Grande parte do desenvolvimento do conjunto de trabalhos que chamamos de “Escola Norte-Americana” se deu através das contribuições das entidades de classe ligadas aos profissionais da área contábil. Os trabalhos desenvolvidos pelas associações profissionais dos Estados Unidos, em especial o American Accounting Association (AAA), o American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) e o Financial Accounting Standards Board (FASB), trouxeram grandes contribuições à Contabilidade, ditando regras no tratamento de questões ligadas à auditoria, contabilidade de custos,

controladoria, análise de demonstrações contábeis, gestão financeira, controle orçamentário e ainda outros ramos do conhecimento contábil.

A escola norte-americana não apresentou um rigor teórico tão rico quanto o desenvolvido pelos

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italianos, voltando-se mais a questões práticas da profissão. Ainda assim, citando Shmidt (2007, p.83), “a Contabilidade deve muito do seu atual estágio de desenvolvimento aos pesquisadores, acadêmicos e contadores norte-americanos”.

Dentre os principais pensadores da escola norte-americana, destacamos: Charles Ezra Sprage, Henry Rand Hatfield, William Andy Paton, Ananias Charles Littleton, Carman George Blough, Maurice Moonitz, Raymond John Chambers e Richard Mattessich.

1.3.3 – Neopatrimonialismo Contábil: Princípio de uma Escola Brasileira

A ciência contábil acompanha o desenvolvimento da sociedade e da economia. Desta forma, é natural que surgisse uma corrente doutrinária buscando atender à nova realidade suscitada por várias mudanças ocorridas a partir da segunda metade do século XX, as quais, segundo Cândido (2009 apud Sá, 2006) foram as seguintes:

1. Avanço prodigioso da informática;

2. Internacionalização dos mercados e que imprimem modificações nos procedimentos de concorrência através de preços e qualidade;

3. Declínio considerável da ética e da moral; 4. Facilidade extrema da comunicação; 5. Relevância dos aspectos sociais;

• ESCOLA ITAL IA NA X ESCOL A NORTE- AM ERICAN A

É muito difícil dizer qual das duas escolas é a “melhor”. A verdade é que ambas apresentavam vantagens e desvantagens. A escola italiana, por exemplo, teve uma preocupação muito maior com o rigor teórico de seus trabalhos, enquanto os norte-americanos produziram pesquisas com uma qualidade teórica, via de regra, inferior, porém com menos prolixidade e maiores aplicações práticas.

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6. Abusiva concentração da riqueza e excessos de especulação financeira; 7. Intervenção cada vez maior do Estado no destino dos empreendimentos e

na ação humana pelo trabalho;

8. Aumento considerável dos índices de miséria; 9. Avanço expressivo das tecnologias e da ciência;

10. Necessidade de preservar o planeta em suas condições ecológicas, pelos graves danos causados pela era industrial. Aparecimento da Bioética como disciplina específica e relativa ao comportamento perante a vida; e

11. Grandes esforços de harmonização de princípios e normas.

Foi neste contexto que surgiu a doutrina neopatrimonialista, trazendo à Contabilidade a uma nova visão, através de uma abordagem holística sobre as empresas e o fenômeno patrimonial.

O Neopatrimonialismo se desenvolveu através de pesquisas elaboradas desde a década de sessenta do século passado pelo saudoso Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá (1927-2010), as quais culminaram na chamada Teoria das Funções Sistemáticas, escopo da referida escola.

A doutrina neopatrimonialista foi divulgada pela primeira vez em 1987, na Universidad de Sevilla, uma das mais importantes instituições espanholas de ensino superior. Foi, no entanto, em 1988 que a referida teoria foi exposta pela primeira vez no Brasil, sendo apresentada pelo próprio Prof. Antônio Lopes de Sá em seminário realizado no VIII Congresso Brasileiro de Contabilidade, ocasião na qual fora também concedida a Medalha João Lyra ao emérito estudioso.

A partir daí, o Neopatrimonialismo brotou de maneira espetacular na comunidade filosófico-científica da Contabilidade em todo o mundo, conforme comenta Rocha (2009):

Em conferências, seminários e aulas, nas Universidades de Saragoça, Málaga, Santiago de Compostela, Minho, Porto, Coimbra, Aveiro, Algarve, Idanha - a Nova, Lisboa e Pisa, todas européias, o insigne mestre brasileiro [Antônio Lopes de Sá] realizou exposições específicas sobre as idéias neopatrimonialistas, destacando que a Contabilidade não mais poderia confinar-se ao estudo de fatos

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apenas sucedidos, mas, deveria, sim, dedicar-se ao conhecimento das causas dos acontecimentos, partindo das bases de uma ciência pura competente para subsidiar modelos que posteriormente seriam adaptados para aplicações, mas, sem haver preocupação primordial com estas.

A Escola criada por Lopes de Sá teve sua construção pautada no conhecimento científico da Contabilidade, surgindo como doutrina uma norteadora ao estudo do fenômeno patrimonial. Deste modo, o seu gênesis foi essencialmente teórico, partindo, posteriormente para os estudos de aplicações práticas.

O Neopatrimonialismo é a primeira doutrina contábil genuinamente brasileira e desponta como uma das mais modernas em todo o cenário científico da contabilidade, culminando na adesão de inúmeros profissionais, professores e acadêmicos da ciência contábil em todo o mundo, atualmente reunidos sob a sigla ACIN (Associação Internacional Científica Neopatrimonialista).

Claramente, a base para a concepção da doutrina neopatrimonialista foram as ideias desenvolvidas pelo Patrimonialismo de Vicenzo Masi. A escola patrimonialista foi, sem dúvida, a corrente doutrinária contábil de maior destaque da Europa, erguendo um arcabouço teórico de raro valor didático e científico, definindo o patrimônio como objeto de estudo da Contabilidade, entendimento que perdura até hoje, como se nota em diversos livros da doutrina contábil no Brasil e em outros países do mundo.

Partindo das sólidas estruturas estabelecidas pelo Patrimonialismo, o Prof. Antônio Lopes de Sá desenvolveu a sua Teoria das Funções Sistemáticas, a qual, embora se utilize de bases patrimonialistas, transcendeu as estruturas originárias da referida doutrina.

A tabela a seguir expõe as principais diferenças entre o Patrimonialismo tradicional e o Neopatrimonialismo:

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Parâmetro de Comparação

Patrimonialismo Neopatrimonialismo

1 - Criador Vicenso Mais Antônio Lopes de Sá

2 – Inspirações Fábio Besta Rossi, Garnier, Masii

3 – Espaço Itália Brasil

4 - Surgimento (época) Década de 20 (século XX) Década de 80 (século XX) 5 – Objeto de estudo Patrimônio Fenômeno Patrimonial 6 - Análise da informação "Ex-post" "Ex-ante" e "Ex-post"

7 – Paradigma Gerencial Social com ênfase na gestão patrimonial (eficácia)

PONTO DE RUPTURA: O OBJETO DE ESTUDOS

Fonte: VASCONCELOS, Yumara Lúcia. Neopatrimonialismo: natureza e demanda da informação contábil. Jornal de contabilidade da APOTEC nº 287, de fevereiro de 2001 (adaptado).

O Neopatrimonialismo, através de sua rica base científica, trouxe à Contabilidade o estudo holístico e ambiental das entidades, algo que há algumas décadas já era realizado na ciência da Administração. Assim, surgiu o conceito de célula social, apresentando a entidade (empresas, associações, grupos familiares, dentre outros) como um organismo vivo que está constantemente em interação com um organismo ainda maior, no caso, a sociedade.

Em analogia ao organismo humano, onde todas as células voltam esforços para se manterem vivas e sadias, o neopatrimonialismo defende que quando todas as células sociais forem prósperas, a sociedade como um todo também assim o será. Acerca disso, comenta Pires (2009 apud Sá, 1994) que “Como célula social a azienda é o continente da riqueza celular; a soma das células sociais (famílias, empresas, instituições) se forma a sociedade, com a soma dos seus patrimônios se obtêm a soma da riqueza social”.

Surge daí uma das mais puras funções sociais do profissional da Contabilidade, a de contribuir para a eficácia das aziendas, agregando, conseqüentemente, à prosperidade social.

Quem quiser obter maiores informações sobre o Neopatrimonialismo pode acessar a página na internet em homenagem ao Prof. Lopes de Sá (HTTP://www.lopesdesa.com.br), a qual contém diversos artigos sobre o assunto.

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1.4 – O PROFISSIONAL CONTÁBIL NO BRASIL

1.4.1 - Histórico

Existe ainda certa divergência nos relatos históricos da chegada dos profissionais contábeis no Brasil, entende-se, no entanto, que esta foi uma das primeiras profissões a abordar no país. Mesmo nas primeiras embarcações que chegaram a território brasileiro já existiam pessoas responsáveis pelo registro contábil dos bens encontrados nas novas terras.

São nos últimos anos, entretanto, que a profissão tem ganhado destaque no cenário brasileiro. Até a década de 1960, os profissionais contábeis no Brasil eram ainda conhecidos como “guarda-livros”, expressão que se tornou obsoleta com o milagre econômico de 1970, trazendo uma grande aceleração da economia e, conseqüentemente, aumentando o reconhecimento da profissão contábil.

A situação brasileira neste período só vem confirmar algo já percebido durante toda a história da contabilidade: À medida que a economia e as atividades empresariais se desenvolvem, as ciências contábeis evoluem de igual modo.

Ocorre que, apesar das evoluções presenciadas nas últimas décadas, a qualidade da maioria dos profissionais contábeis brasileiros ainda está, infelizmente, inferior àquela exigida pelo mercado, especialmente em nível gerencial. Embora a contabilidade fiscal brasileira esteja entre as mais normatizadas e, até mesmo, desenvolvidas do mundo, a contabilidade gerencial (ou seja, aquela voltada à geração de informações para o usuário interno) ainda encontra-se em fase de amadurecimento.

1.4.2 – Campo de atuação

Como já fora explanado anteriormente, a importância da contabilidade varia proporcionalmente ao desenvolvimento econômico. Deste modo, as informações contábeis são muito mais valorizadas em países desenvolvidos.

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O Brasil, como um país em desenvolvimento, possui um amplo campo de atuação para os profissionais de contabilidade, o qual tende a permanecer em expansão, com o crescente número e proporção dos empreendimentos brasileiros. Para se ter uma noção de quão vasto é o mercado de trabalho para o profissional de contabilidade no Brasil, estudos apontam a existência de apenas 150.000 contadores registrados para um universo de 4,5 milhões de empresas.

Existe uma escassez de profissionais com conhecimentos na área financeira, em especial no que diz respeitos à geração de informações para a tomada de decisões, o que proporciona aos contabilistas especialistas e capacitados neste segmento um mercado com excelentes remunerações e reconhecimento profissional.

Durante muito tempo o profissional da contabilidade foi tido como um trabalhador extremamente burocrata, introspectivo e voltado apenas para tarefa de rotinas como a escrituração fiscal, elaboração de folha de pagamento e de guias de recolhimento. Podemos notar claramente essa mentalidade através da tira de Dilbert, personagem criado pelo cartunista Scott Adams:

O departamento de Contabilidade da empresa em que Dilbert trabalha é apresentado como uma masmorra e os contabilistas são interpretados por monstros, simbolizando o trabalho burocrático e a postura passiva desses profissionais, os quais são expostos como pessoas insignificantes na organização, que se recusam a prestar informações às peças elaboradas.

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A tira acima possui um teor claramente satírico, mas, ainda assim, serve para mostrar como o profissional contábil é visto pela população em geral. Atualmente, cabe ao contabilista que quer se destacar no mercado de trabalho o papel de mudar essa visão, atuando como um agente fornecedor de informações para a tomada de decisão nas empresas. Um profissional pró-ativo e compromissado com a continuidade dos empreendimentos.

O mercado de trabalho do contabilista não se restringe a grandes empreendimentos. Medidas governamentais de apoio aos pequenos empreendimentos, tais como o Simples Nacional e a parceira entre o CFC e SEBRAE com o “Contabilizando o Sucesso”, geram ainda excelentes oportunidades aos contabilistas que optam por atuar no nicho de mercado das micro e pequenas empresas.

1.4.3 – Expectativas do mercado para o profissional contábil brasileiro

O desenvolvimento econômico, acompanhado da evolução técnico-informacional, cria novas expectativas dos usuários em relação à profissão contábil. A aceleração da velocidade com que os dados são processados e a convergência entre a economia, sociedade e os usuários da contabilidade faz com que o profissional contábil precise alterar o seu perfil, deixando de ser responsável apenas por manter a escrituração em ordem (técnica que está em constante processo de automação) e passe assumir o papel de prestador de informações.

Nos últimos anos, em especial, a prática contábil tem sofrido diversas alterações, conforme comentamos no início deste módulo. O novo padrão contábil trás uma grande oportunidade de ampliação do mercado de trabalho aos contabilistas, mas, em contrapartida, exige que o contador esteja apto intelectualmente para os novos desafios. Para tal, o profissional precisa estar cada vez mais preparado e especializado.

Neste sentido, é importante que os cursos de graduação preparem os seus alunos para este novo mercado de trabalho, assim como é necessário que se invista e incentive a pós-graduação destes alunos.

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Sobre isso, CARVALHO (2002, p.10) em sua dissertação de mestrado, comenta que:

O fim do curso de graduação, por si só, não garante o sucesso profissional. Muito pelo contrário, é o início de uma longa caminhada, que tem como pressuposto básico a educação continuada. Afinal as empresas estão procurando profissionais cada vez mais especializados, que possuam uma visão generalista e sejam capazes de conectar fatos, acontecimentos em várias áreas e ajudar as empresas na consecução dos seus objetivos.

Na grande maioria das instituições de ensino superior, muito pouco se discute sobre a teoria da contabilidade e as suas implicações na prática profissional, gerando muitas vezes profissionais sem qualquer conhecimento doutrinário, inundados de conhecimentos puramente técnicos.

É preciso que se incentive a pesquisa contábil, no sentido de manter e atualizar não só o corpo docente das instituições de ensino superior, mas também os contabilistas em atuação na prática profissional.

1.4.4 – Áreas de atuação

A profissão do contabilista é regulamentada pelo Decreto-lei nº 9295/46 de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares, dispondo sobre as prerrogativas profissionais, e sendo especificado pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 560 de 28 de outubro de 1983:

Art. 1º - O exercício das atividades compreendidas na contabilidade, considerada estar em sua plena amplitude e condição de Ciência Aplicada, constitui prerrogativa, sem exceção, dos contadores e dos técnicos em contabilidade legalmente habilitados, ressalvadas as atribuições privativas dos contadores.

Art. 2º - o contabilista pode exercer as suas atividades na condição de profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de

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sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica, definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de função (...).

Pelo que se percebe nos artigos acima transcritos, cabe exclusivamente aos contabilistas habilitados a prática de todas as atividades compreendidas na contabilidade, podendo este ainda ser profissional liberal, empregado regido pela CLT, servidor público, militar, sócio de qualquer tipo de sociedade, diretor ou conselheiro de quaisquer entidades.

Cabe ao profissional da contabilidade, através de suas habilidades pessoais, identificar qual o ramo de atuação que deseja atuar. Para tal, ele precisa desenvolver suas aptidões e se especializar naquilo em que pretende trabalhar.

No próximo módulo, estudaremos os princípios fundamentais que regem a Contabilidade no Brasil, o que servirá de base teórica para o estudo da prática que veremos posteriormente. Neste ponto, lembramos que você pode mandar as suas dúvidas para a nossa tutoria a qualquer momento através do e-mail neoensino@belconta.com.br.

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