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SALAS DE LEITURA: DA REALIDADE ÀS POSSIBILIDADES.

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Academic year: 2021

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SALAS DE LEITURA: DA REALIDADE ÀS POSSIBILIDADES.

Ana Dabis Pereira da Silva Viana1

Jamicielle Matil dos Santos Muniz 2

Carlos Alberto Suniga dos Santos 3

INTRODUÇÃO

Este artigo teve como objetivo mostrar a importância das salas de leitura nas escolas, constituindo-se de pesquisa desenvolvida tendo como foco cinco escolas da rede pública de ensino em Cacoal/ RO. O intuito desse artigo é levar muitos profissionais a pensar sobre a importância de um local para a execução das atividades de leitura, principalmente a sala de leitura, mas que, na maioria das escolas, inexistem. Partimos da utilização do método descritivo, com procedimento de pesquisa bibliográfica e de campo. Com a pesquisa de campo; procuramos identificar aspectos relativos à existência, ou não, de salas de leitura; assim como questões como a estrutura física, os acervos, os recursos humanos e projetos. Mais que apenas outro local de leitura na escola, as salas de leitura podem se tornar em um ambiente rico e fomentador de práticas organizadas de forma a propiciar ao aluno condições de desenvolvimento de suas habilidades e competências enquanto leitor. Mas, para que isso ocorra, é fundamental o planejamento das atividades e o desenvolvimento de projetos efetivamente consistentes e que propiciem a fruição do ato de ler como prática essencial para o ser humano.

No ambiente escolar, espaço social mais comumente relacionado à formação do ato de ler a palavra escrita; as práticas deveriam ocorrer de forma lúdica e atrativa; já que esse ambiente é, socialmente, encarregado de utilizar a leitura como atividade cotidiana. Embora diversos sejam os espaços em que as atividades de leitura possam ser desenvolvidas na escola; a sala de leitura pode ser o local mais propício para a efetivação do hábito de ler porque ela pode oferecer melhores condições para que os alunos se sintam mais tranquilos e à vontade para efetuar uma leitura.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo faz uso, inicialmente, de pesquisa bibliográfica; com posterior desenvolvimento de pesquisa de campo. A priori parte-se de um levantamento de bibliografias relacionadas ao tema da pesquisa para alcançar os objetivos propostos

1 Graduada em Letras (Língua Portuguesa, Inglês e Respectivas Literaturas) pelas Faculdades Integradas de

Cacoal (UNESC).

2 Graduada em Letras (Língua Portuguesa, Inglês e Respectivas Literaturas) pelas Faculdades Integradas de

Cacoal (UNESC).

3 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Professor nas Faculdades

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anteriormente. A base para sua realização encontra-se nos pressupostos do método dedutivo e de caracterização descritiva a fim de que sejam elaboradas e apresentadas análises das questões levantadas sobre o tema. O método dedutivo, para Marconi e Lakatos (2003, p. 106), é aquele “[...] que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares”. Ou seja, o ponto de partida não é um caso particular, mas todo um conjunto de teorias que se aplicam a uma situação ou fenômeno particular.

As pesquisas descritivas, de acordo com Gil (2002, p. 42), configuram-se como tais porque “[...] têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Posteriormente à realização da pesquisa bibliográfica, com a leitura das obras pertinentes ao tema; a estruturação da fundamentação teórica foi iniciada pelo resgate dos referenciais históricos junto a autores e pesquisadores da questão da leitura e de suas práticas. A coleta de dados acerca da existência e utilização de sala de leitura ocorreu em 05 cinco escolas da rede pública de ensino; junto às quais verificamos questões pertinentes ao tema, tais como estrutura física e de pessoal, recursos, acervos e programas desenvolvidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As salas de leitura devem se configurar como um espaço específico e estruturado, cujo objetivo principal preciso ser o de oferecer atividades de leitura orientadas e devidamente planejadas. Mas, para iss, é preciso que sua estrutura esteja “[...] integrada às práticas desenvolvidas nas salas de aula, no contexto do Projeto Político Pedagógico de cada unidade escolar”. (RIO DE JANEIRO, 2007, p. 09). Desse modo, maior será a possibilidade de que o aluno tenha uma aproximação maior com os suportes de leitura e, consequentemente, maiores serão as chances de se desenvolver, junto a ele, o prazer e o hábito da leitura. Nesse sentido, é preciso observar quatro pontos por meio dos quais as atividades da sala de leitura poderão ser efetivadas e; por conseguinte, uma real utilização desse ambiente de leitura: a estrutura física, o acervo, os recursos humanos e os projetos. A estrutura física necessária à implantação de uma sala de leitura compreende não apenas o espaço físico em que serão desenvolvidas as atividades; mas também questões reativas ao

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mobiliário, à acessibilidade e decoração do ambiente. Questões essas que implicam “[...] a melhor adequação e distribuição do mobiliário existente, bem como o levantamento das necessidades físicas e de mobiliário de cada uma, incluso as de iluminação, ventilação, insolação, umidade e isolamento acústico”. (RODRIGUES, 2013. p. 08); como meio de dinamização do espaço. O acervo disponível nesse ambiente deve ser atrativo e em conformidade com o público atendido e com as ações (projetos) ali desenvolvidos; já que, como objetivo maior desses ambientes, “[...] deve-se buscar estratégias para atrair os leitores [...]”. (ORIENTE; SOUSA; SIMÕES, 2014, p. 157). E, para tanto, faz-se necessário que os profissionais que irão desenvolver atividades nesse ambiente sejam qualificados e preparados para a efetivação de atividades projetadas. É preciso que seja um profissional com treinamento adequado e que perceba que “A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”. (FREIRE, 2003, p. 13). Assim, é importante que seja um profissional de linguagens com formação mínima em áreas de educação ou de biblioteconomia. Nesse contexto, “O papel do professor [...] não pode ser simplesmente de reprodutor, mas de pensador da educação e do ensino” (GERALDI, 1995 apud PINTO, 2012, p. 2274). É necessário, pois, que ele se posicione como elemento reorganizador de suas formas de conhecimento e saiba orientar o aluno nesse processo de reorganização. Portanto, mais que um simples espaço de obras, as salas de leitura precisam se configurar como ambientes em que o ato de ler se processa de forma organizada e orientada, com suportes atrativos e adequados, num local acessível e aconchegante; num ambiente em que o aluno sinta a necessidade, e a vontade, de querer ler, de querer aprender mais.

A pesquisa realizada concretizou-se por meio de coleta de dados com protocolo de observação e entrevista semiestruturada com pessoas responsáveis pela “Sala de Leitura”, em cinco escolas da rede pública de ensino da cidade de Cacoal, em Rondônia. Dividido em quatro vetores, esse protocolo abordou a estrutura física, os recursos humanos, o acervo e os projetos desenvolvidos; instâncias essas primordiais para o conhecimento acerca das práticas de leitura no ambiente escolar, principalmente em locais mais reservados.

As escolas que participaram desta pesquisa não disponibilizam de sala de leitura em aspecto de estrutura física; porém, a maioria, utiliza-se das bibliotecas como também as

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salas de aula para essas atividades. Como não observamos a existência a salas de leitura propriamente ditas, partimos para identificação dos outros espaços em que as atividades com o ato de ler eram desenvolvidas. Nesse ponto, recolhemos alguns dados das bibliotecas que se encontram a seguir indicados.

Com relação às dimensões, observa-se uma variação muito grande entre as escolas pesquisadas. As escolas A, C e D apresentam, praticamente a mesma área que se configura como um espaço muito reduzido para uma biblioteca. Caso sejam utilizadas como salas de leitura, a questão se torna ainda mais crítica dado ao espaço reduzido em que as atividades seriam desenvolvidas. No tocante ao mobiliário, a maioria das escolas pesquisadas apresenta mesas e cadeiras para os alunos, tal como estantes disposição e apresentação da obras que compõem ao cervo. O problema que se identifica é que esse mobiliário, principalmente, em relação a cadeiras e mesas, não se encontra adequado ao público a que atende, no caso, principalmente crianças. Sendo, pois móveis para adultos, podem dificultar o posicionamento e a acomodação dos pequenos leitores. Como ambiente propício ao desenvolvimento de atividades voltadas para o incentivo do ato de ler, o espaço destinado a essa prática deve ser “[...] um ambiente agradável para os leitores e adequado à conservação dos livros”. (GARCIA, 1989, p. 37).

Quanto à ambientação dos locais, todos possuem ar condicionado e com bom estado de conservação, também em algumas escolas há ventiladores, porém quase não são utilizados; já com relação a portas e janelas, todas disponibilizam de um certo número; algumas tendo em maior quantidade e outras em menor quantidade, mas que em todos configura um bom arejamento do ambiente. Quanto à acessibilidade alguns desses ambientes apresentam rampas e escadarias e, embora não atendam a um público especial como cadeirantes e cegos; faz-se necessário que em todas houvesse apenas rampas bem estruturadas e adequadas aos padrões mínimos de construção estabelecidos em lei.

Os recursos humanos dessas escolas são diversificados, pois há professores formados em várias áreas, os quais apresentam como tempo de serviço uma variação grande, tal como a atuação no local chamado sala de leitura varia em tempos de curta duração; todos exercem a função de bibliotecário. O profissional que atua na biblioteca deve ter o mínimo de

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formação necessária ao desempenho de suas funções em relação à promoção e ao incentivo das práticas de leitura; já que suas atividades “[...] consistem em orientar os usuários no uso do acervo, bem como em suas demandas por informações [...]”. (ORIENTE; SOUSA; SIMÕES, 2014, p. 158). Contudo, não em raras ocorrências, observa-se que os profissionais que atuam nesses espaços são [...] professores que, por doença, velhice ou fastio pedagógico, são “encostados” nas bibliotecas das escolas [...]”. (SILVA, 1999, p. 16). Desse modo, poucas ou quase nenhuma são as chances de esse profissional desenvolver atividades que propiciem a formação do aluno-leitor. Ademais, além da questão da formação do profissional, também se faz relevante a constituição, renovação e atualização ‘dos acervos dessas bibliotecas.

No que diz respeito aos acervos, todas as escolas participantes dessa pesquisa têm obras suficientes e disponíveis para alunos, professores e comunidade. Contudo, muitos desses livros já estão bem usados, alguns se apresentam rasgados ou faltando páginas da obra. Vimos que algumas escolas não têm espaço suficiente nas estante para comportar a quantidade de obras que apresentam, já há outras que possuem espaço de sobra, mas nem todos têm o interesse de conhecer todos esses livros disponíveis para seu desenvolvimento cognitivo. Os números de exemplares indicados por alguns escolas, apresenta-se um pouco exagerado, pois constatamos que, pelo menos, 50% desses exemplares, na realidade são livros didáticos antigos guardados na biblioteca, supostamente com o fim de pesquisas escolares. Embora o número de exemplares seja significativo, é preciso observar que ele não atende a um projeto específico de leitura, constituindo-se como um conjunto geral de obras recebidas ou adquiridas pela escola. Faz-se necessário que o acervo atenda às necessidades do pública a que se destina, no caso; crianças e adolescentes porque “[...] as expectativas

qualitativas e quantitativas [...] fortalece-se a hipótese de que a solução do problema resida

na exigência de qualidade do texto oferecido à criança.4 (LAJOLO, 2005, p. 43).

Apesar de considerarem a biblioteca como sala de leitura, são necessário projetos para desenvolver com os alunos práticas de leitura que não se enquadrem no âmbito das atividades rotineiras da biblioteca, tais como empréstimos, consultas e pesquisas. Dentre as 05 escolas pesquisas, apenas 02 apresentaram projetos voltados especificamente para o

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desenvolvimento de atividades de leitura, próximos ao que se espera das atividades desenvolvidas, normalmente, por uma sala de leitura. A existência e efetivação desses projetos é essencial para o desenvolvimento e incentivo do ato de ler; pois, com sua realização, o leitor será “[...] capaz de dialogar com novos textos, posicionando-se crítica e criativamente diante deles, por meio de um processo hermenêutico que envolve compreensão, interpretação e aplicação”. (RIO DE JANEIRO, 2007, p. 16).

Tais atividades, cremos como fundamentais para a formação do aluno-leitor e para que ele desenvolva o “Emprego eficiente da leitura como um instrumento de aprendizado e crítica e também de relaxamento e diversão”. (BAMBERGER, 2002, p. 24). Além disso, é preciso atentar para o fato de que “[...] para que as crianças leiam regularmente, é necessário que tenham a oportunidade de acesso ao livro”. (VÁLIO, 1990, p. 20). Tais acessos e instrumentos só se tornarão válidos quando o ato de ler for concebido como um instrumental essencial para a formação crítica do aluno.

REFERÊNCIAS

BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 7. ed. São Paulo: Ática, 2002. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 44 ed. São Paulo: Cortez, 2003.

GARCIA, Edson Gabriel. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6. ed. São Paulo: Ática, 2005.

PINTO, Liliana Secron. Mediação de leitura em sala de aula – uma experiência no 1º segmento do ensino fundamental. In: Anais do XVI CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2012. p. 2272-2281.

ORIENTE, Alice Pereira do; SOUSA, Ana Claúdia Medeiros de; SIMÕES, Angélica Clementino. Espaço de livros e leitura: um estudo sobre a sala de leitura da Biblioteca Central da UFPB. In: Biblionline. João Pessoa, PB; v.10, n.2, p. 154- 163, 2014.

RIO DE JANEIRO. Multieducação: Sala de Leitura. Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. 2. ed. Rio de Janeiro, 2007. (Série Temas e Debate)

RODRIGUES, Márcia Cintra Camargo. Estudo para otimização do uso das bibliotecas e salas de leitura da Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo. In: XXV Congresso Brasileiro de

Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. Florianópolis, SC, julho de 2013. p. 08.

SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. 2. ed. São Paulo: Cortez,1999.

VÁLIO, Else Benetti Marques. Biblioteca escolar: uma visão histórica. Trans-in-formação, v.2, n.1, jan./abr.1990. p. 15-24.

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