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O Fenômeno de Transição de Fase no Modelo de Percolação de Elos* em d Dimensões.

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Academic year: 2017

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O Fen^omeno de Transi~ao de Fase no

Modelo de Perola~ao de Elos

em d Dimens~oes

Marelo Martins de Oliveira

Departamento deFsia-UFMG

manebosia.ufmg.br

Gast~aoA. Braga

DepartamentodeMatematia -UFMG

gbragamat.ufmg.br

Reebidoem23demaio,2002. Aeito26desetembro,2002.

Estetrabalhotrata,demaneirarigorosa,auto-ontidaeaessvelaumalunodegradua~aoemfsia

e areasans, dof^enomenodetransi~aode fasenum modelode perola~aode elosindependentes

na rede hiperubia d-dimensional. Esses modelos s~ao frequentementeutilizados para desrever

situa~oesdeinteressefsio. Ofen^omenoda\perola~ao"oorrequandoenontramosum

aglome-rado innito em nossa rede. A mudanaque oorre aose passarde um estado em que existem

somenteaglomerados nitosparaoestadoemquehaosurgimentodeumaglomeradoinnitoeo

analogogeometriodeumatransi~aodefaseemme^aniaestatstia. Mostramosqueatransi~ao

defase oorre, pararedeshiperubias emdimens~aod2,emumpontobemdenido,hamado

depontortio,equepodemosassoiarumpar^ametrodeordemaestatransi~aodefase. Dentre

os modelos daFsia que apresentamo fen^omenode transi~ao defase, o modelode perola~aoe

provavelmenteomaissimples.Aomesmotempo,eleexempliaedeixalaraaonex~aoquemuitas

vezesenontramosentreareasdafsia,damatematiaedaprobabilidade.

In this paper we study phase transition phenomenain an independent edge perolation model

on a d-dimensional hyper-ubi lattie. The subjet is treated ina rigorous, self-ontained and

aessible way for undergraduatestudents inphysis and related areas. These models are often

usedtodesribesituationsofphysialinterest. The\perolationphenomena" ourwhenwend

aninnitelusterinthelattie. Thehangefromastatewhere thereare onlynitelusters toa

statewith atleast oneinnityluster isthe geometri analogous ofa phasetransition as known

in statistial mehanis. We show that the phase transition ours, for hyper-ubi latties in

dimensiond2,inawell-denedpoint,knownas theritial point. Weanassoiate anorder

parametertothisphasetransition. Amongallthephysialmodelsthatpresentaphasetransition,

theperolationmodelisprobably oneofthesimplest. Atthe sametime,itis agoodexampleof

theonnetionthatsometimeswendrelatingphysis,mathematisandprobability.

I Introdu~ao

Todosnosjafomosexpostosaofen^omenodetransi~ao

defase. Oexemplomaisomumeatransforma~ao,ao

sevariaratemperatura,daaguanafaselquidaparaa

agua nafasesolida (gelo),ou para aaguana fase

ga-sosa(vapor). Um exemplomenostrivialea mudana

defasenummaterialmagnetio. Umm~a,aoser

aque-ido atemperaturasmuito altas, perdea propriedade

de atrairlimalhas de ferro, isto e, ao sevariar a

tem-peratura, om~a muda da fase magnetia para a fase

paramagnetia.

Onossoobjetivonestetrabalhoeapresentar,de

ma-neira aessvel a umaluno de gradua~ao em Fsia, o

oneito de transi~ao de fase do ponto de vista

ma-tematio. Adotamos o modelo de perola~ao de elos,

a serdenido na proximase~ao, porser

matematia-mentesimplesemsuaformula~aoaomesmotempoque

nosforneeproblemasintrigantementedifeisde

solu-ionar.

Se, por um lado, varios ursos de baharelado

em Fsia ja admitem uma onentra~ao em F

sia-Matematia,poroutrolado,adespeitodosotimos

tex-tosexistentesemportugu^es[1,2℄,emnenhumdelesha

(2)

apreoupa~aoemapresentarumavis~aorigorosado

as-sunto. Estetextofoiesritotendoemmenteumaluno

om o perl mais teorio, embora ele tambem possa

ser usado por estudantes om outros interessesou de

outras areasdoonheimento. Otextoeauto-ontido

e pode serusadoomo notas deaulaem um urso de

Fsia-Estatstia,porexemplo.

Estetrabalho estaassim dividido. Nase~ao II

ex-pliamos a ideia por tras do modelo de perola~ao e

forneemos algumas aplia~oes do mesmo. Na se~ao

seguinte introduzimos a nota~ao a ser utilizada e

fa-zemos uma breve revis~ao deprobabilidades. Nase~ao

IVdenimosaprobabilidadedeperola~aoe

argumen-tamos que esta probabilidade deveria funionar omo

umpar^ametroqueindiasseseosistemaestaordenado

ou n~ao. As se~oes V eVI s~ao dediadas ao estudo da

exist^eniaoun~aodeumatransi~aodefaseemumaou

maisdimens~oes.

II O que e perola~ao?

Historiamente, o oneito de perola~ao surge do

es-tudo do fen^omeno de transporte de umuido atraves

deummeioporoso. Porexemplo,opetroleoatravesde

uma roha, ou a agua em um ltrode areia.

Formu-lado no nal da deadade 50 por Broadbent e

Ham-mersley [3℄, o modelo de perola~ao onentra-se em

desreveromeioporoso,queseravistoomoumarede

de anais aleatorios, por onde esoa um uido

deter-minstio. 1

Modelosdeperola~aoenontramaplia~ao

em varias situa~oes fsias de interesse tais omo o

problema da me^ania estatstia de sistemas

ferro-magnetiosdiludos [4℄, no problemadotransporte de

orrenteeletriaatravesdeumaredeompostaporum

grandenumeroderesistores[5℄,emproblemasde

pros-pe~ao de petroleo [6℄e atemesmo na propaga~ao de

epidemiasedein^endiosembosques[7℄.

Modelemosomeioporosoomoumsubstratosolido

em ujo interior existe um ertonumero de pequenos

anais e poros em pontos esolhidos ao aaso. Se o

numerodeanaisforsuientemente grandeent~aoeles

estar~ao interligados e o meio se tornara permeavel a

passagem do uido. Neste asodizemos que houve a

perola~aodouido.

Podemosreformularomodelodesritoaimaam

de que possamostrata-lo analitiamente. Comeemos

supondo queosanais formemum retiulado no

inte-riordo solido,omouma redeubia(veja aFigura1

para um exemplo bidimensional). Cada stio da rede

ent~ao representaria um poro e ada elo representaria

umpequenoanalligandodoisstiosvizinhos.

Figura1. Modelo paraumarohaporosabidimensional

imersaemlquido.

Para simular a passagem do lquido atraves dos

poros, nos diremos que um elo esta aberto om

pro-babilidade p e fehado om probabilidade 1 p, om

0 p 1. Dessa forma, passamos aimaginar

on-gura~oesdeelosabertosefehados. Cadaongura~ao

oorreent~aoomumaertaprobabilidade,dadapor

p jAj

(1 p) jFj

; (1)

ondejAj eonumerodeelos abertos ejFjeonumero

deelos fehadosdaongura~ao (vejaaFigura 2). A

formula aima so tem import^ania se jAj ejFj forem

ambosnitos pois, aso ontrario, a probabilidade de

oorr^eniadeumadadaongura~aoserasemprenula.

Figura2. Tr^es ongura~oes diferentes, porem todas om

exatamente24elosabertose36fehados,emumarede

bi-dimensional 66. A probabilidade de ada uma dessas

ongura~oesep 24

(1 p) 36

:

Na proxima se~ao vamos generalizar este modelo

paraddimens~oes,formulando-onumaredehiperubia

d-dimensional. Esta rede e innita e, por isto, uma

ongura~ao sempre tera peso estatstio nulo.

Sere-mosent~aolevadosadenironjuntosdeongura~oes

ompeso estatstio n~ao nulo. Consideraremosainda

quehaveraelos ligandoapenas doisstiosvizinhos, de

forma que estudaremos a perola~ao de primeiros

vi-zinhos. Mesmo omuma redesimplesobservaremosa

exist^enia de um fen^omeno rtio, araterizado por

uma mudana de fase. A oorr^enia de fen^omenos

rtioseumdosprinipaismotivosdosuessodo

mo-delo de perola~ao de elos. Neste trabalho,

estare-mos interessados nos aspetos matematios da teoria.

Por isto, a nossa exposi~ao se baseia nas refer^enias

[4,8,10℄. Umaexposi~aointrodutoriaemnveldep

os-gradua~aopodeserenontradaem[11℄.

(3)

III Nota~ao e algumas deni~oes

iniiais

Desenvolveremos nosso estudo em uma rede

hi-perubia d-dimensional, denotada por L d

= (Z,

E d

). Nesta nota~ao, Z representa o onjunto de

stios(ouverties)e E d

representa oonjunto de elos

(ou liga~oes) da rede. Mais espeiamente, Z d = f(x 1 ;x 2 ;;x

d ) : x

i

2 Z8ig e E d

= f(x;y) 2

Z d

Z d

:kx yk

1

=1g,ondek:k

1

eafun~aodist^ania,

denida omokx yk

1 = P d i=1 jx i y i

j. Emresumo,

ada stio x 2 Z d

e indexado por d numeros inteiros,

ondedeadimens~aoespaialdarede,enquantoqueum

elo e2 E d

e indexadopor umparde stiosx;y 2Z d

daseguinte forma: e=(x;y)=(y;x). Osstiosx ey

s~aohamadosdepontosterminaisdoeloe. Aondi~ao

jjx yjj

1

=1signiaquetrataremosdeummodelode

perola~aodeprimeirosvizinhos(videFig. 3).

Figura3. Osprimeirosvizinhos(rulos)eossegundos

vi-zinhos(tri^angulos)daorigememuma redequadrada

bidi-mensionalsegundoametriadenidapelafun~aodist^ania

kx yk 1 = P d i=1 jx i y i j.

Atribumos a ada elo, aleatoriamente, a

propri-edade aberto ou fehado: ao elo e assoiamos uma

variavel!

e

queassumiraosvalores1(seoeloeaberto)

ou 0 (se o elo e fehado). Deste modo, dizemos que

adaeloedaredeestaraaberto(!

e

=1)om

probabi-lidadepoufehado(!

e

=0)omprobabilidade1 p,

onde0p1. Alemdisso, assumimos queo estado

de um elo n~ao sera afetado por quaisquer outros elos

daredeobtendo,assim,omodelodeperola~aode elos

independentes 2

. Uma ongura~aodeste modelo pode

ser vista omo um vetor om um numero innito de

omponentes,ada omponente estando indexadapor

um elo da rede. Numa linguagem mais formal, uma

ongura~ao! eumponto doonjunto=f0;1g E

d

,

onheidoomoespao de ongura~oes.

Um subonjunto de em que o estado de um

numeronitodeelosedadodeantem~aoehamadode

onjuntoilndrio. Ent~ao,umonjuntoilndrioeda

forma C(f

e1 ;;

en

g) = f! 2 : !

ei =

ei 8i =

1;;ng. Devidoaindepend^eniaentreoselos,

pode-mosfailmenteomputaraprobabilidadedeoorr^enia

do onjunto ilndrio C(f

e

1 ;;

e

n

g). Seja jA

C j o

numerode elosabertosejF

C

jonumerode elos

feha-dosdeC(equivalentemente,jA

C

jeigualaonumerode

's iguaisa1ejF

C

jeigualaonumerode 'siguaisa

0). Ent~ao

P(C(f

e1 ;;

en g))=p

jA C j (1 p) jF C j :

Observe que a formula aima da a probabilidade de

oorr^eniadeumonjuntoenquantoqueaformula(1),

embora similar, da a probabilidade de oorr^enia de

umaongura~ao.

Umonjuntodeelosfe

1 ;e

2 ;;e

n g,e i =(x i ;x i+1 )

serahamadodeaminhoseosvertiesx

1 ;x

2 ;;x

n+1

foremdistintos. Ent~ao,umaminhoeumonjunto

o-nexo de elos, sem auto interse~oes (veja Figura 2-b)

ou seja, os aminhos n~ao admitem voltas (loops). Se

x

1 =x

n+1

ent~aotemos umiruito (veja Figura2-).

Umaminhoeabertosetodososseuseloss~aoabertos.

Dois stios da rede, x e y, est~ao onetados (x $ y)

se existir um aminho aberto fe

1 ;e

2 ;:::;e

n

g tal que

x

1

=x ey

n

=y (veja Figura4-a). Observeque todo

aminhoabertodeneumonjuntoilndrio.

Emgeral,umonjunto para oqual sepode denir

um peso estatstio e hamadode evento. Dados dois

eventosA;B2,temosque

P(A[B)=P(A)+P(B) se A\B=;;

P(A)P(B) se AB;

UmsubonjuntoaleatoriodeL d

ontendoum

on-juntodeverties(stios)deZ d

quesejampontos

termi-naisdeelos abertosonexosehamadodeaglomerado

aberto. ChamaremosdeC(x)oaglomeradoaberto

on-tendoovertiexmasrepresentaremosporCo

aglome-rado aberto pela origem (veja Figura4-b). Onumero

devertiesdeC(x)seradenotadoporjC(x)j.

SejaAum onjuntode vertiesdeZ d

. Chamamos

defronteiradeA(edenotamosporA)aoonjuntode

verties de A que s~ao adjaentes ao omplementar de

A.

Figura4. (a)Umaminhodeelosabertosligandoxey.

(b)Oaglomeradoontendoaorigem.

Trabalharemossobreumaredeinnita,que,

diferen-temente da roha em nosso exemplo iniial, n~ao

pos-sui fronteiras. Nesse aso, diremos que oorreu

per-ola~ao quando enontrarmos, om probabilidade n~ao

2

(4)

nula,umaglomeradodetamanhoinnitopassandopor

umpontopre-xado. Ofatodearedeserinnita,

jun-tamente om a independ^enia dos elos e a uniidade

do par^ametro p (o mesmo p para todos os elos), nos

garantiraa invari^ania translaionalna rede. Isso

sig-niaqueaorigemnadatemdeespeial, istoe,

pode-mostomarqualquerstiodanossaredeomoaorigem,

onformenossaomodidade.

IV O problema da transi~ao de

fase em perola~ao

Denimosomoprobabilidade de perola~aoa

probabi-lidadedeumdadostiodaredeperteneraum

aglome-radodetamanhoinnito. Esteeventopodetambemser

representado porfx$1gostiox estaonetado

aoinnito. Semperdadegeneralidade,podemostomar

tal stioomosendoaorigem. Dessemodo,denimos

(p)P

p

(jCj=1):

Vamos desreveraseguir,de maneiraheurstia, o

graode omo fun~aode p. Primeiramente,

obser-vamos que (p) e uma fun~ao n~ao deresente de p.

De fato, se aumentarmos o valor de p (grosso modo,

se \abrirmos mais elos" nas ongura~oes que

ontri-buemparaumpesoestatstion~aonulo),ent~aooevento

f0 !1g ontinuaraoorrendo, impliando que e

n~ao deresente. Examinemos, agora, o

omporta-mentodomodeloquandoptomaseusvaloresextremos:

quando p=1,todososelos da redeest~ao abertos, de

modo quetodo stioesta onetado aqualqueroutro.

Em partiular, a origemestaonetada aum numero

innito de outros stios om probabilidade 1, ou seja,

(p)=1;quandop=0,n~aohaelosabertos. Nenhum

stioestaonetadoaqualqueroutro,eempartiular,

aorigemestaonetadaaumnumeronito(nesteaso

zero)deoutrosstios.

Na se~ao VI vamos mostrar que, em qualquer

di-mens~ao espaial d 1, se p 0 ent~ao (p) = 0.

Tambem vamos mostrar que, se a dimens~ao espaial

d epelo menos 2 e se p 1, ent~ao (p) 1. Ent~ao

(p)esimilaraopar^ametrodeordememme^ania

es-tatstiaeseraatravesdesta fun~aoque deniremosa

probabilidade rtia(oupontortio). Essamudana

no estadodarede,de possuirsomente aglomerados

-nitos para o surgimento de um aglomerado innito e

o analogo geometrio de uma transi~ao de fase, omo

quandoaaguapassadelquidoparasolidoauma

deter-minadatemperaturaepress~ao. Conjetura-se[8℄queo

graodeversuspedaformadadanaFigura5para

d2. Naproximase~aovamosmostrar que,emuma

dimens~ao,(p)=0paratodo0p<1,istoe,n~aoha

transi~aodefaseemumadimens~aoespaial.

V Inexist^enia de transi~ao de

fase em dimens~ao d= 1

Iniialmente,onsideremosomodelodeperola~ao

uni-dimensional, e os seguintes eventos: fj C j= 1g,

f0 $ 1g, f0 $ ng e f0 $ ng, onde n 2 N.

Ve-mosque

fjCj=1g=f0$1gf0$ng[f0$ ng:

Da deni~ao de probabilidade de perola~ao

obte-mos

(p)=P(jCj=1)Pf0$ng+Pf0$ ng:

Ja a probabilidade da origem estar onetada ao

stionouaostio nefailmente alulada

Pf0$ng=Pf0$ ng=p n

; (2)

poisqualquerelo entre 0e nouentre 0e ntemque

estarneessariamenteabertoequalqueroutroelopode

estarouabertooufehado. Dessa maneira,

(p)2p n

: (3)

Como n e arbitrario, vemos que a express~ao obtida

aima vai a zero quando n ! 1, para p < 1, o que

noslevaaonluirque

(p)=0;80p<1:

Logo,n~aoobservamosnenhumtipodetransi~aodefase

parad =1, ouseja, n~ao enontramos (om

probabili-dade1)umaglomeradodetamanhoinnitonomodelo

de1dimens~ao. Talresultadotrivial,noentanto,n~aoe

valido paramodelosdeperola~aounidimensionais de

longo alane (lembramos que restringimos nosso

es-tudoao modelosde primeiros vizinhos, queeum

mo-delodeurtoalane).

VI Exist^enia de transi~ao de

fase em dimens~ao d 2

Aoontrariodo quemostramospara d=1, omodelo

deperola~ao emduas ou maisdimens~oes nosreserva

um resultado n~ao trivial 3

. Talvez, usando a sua

in-tui~aofsia,oleitortenhapensadoqueaumentandoa

dimens~aodarede(eportanto,onumerodeliga~oespor

stio),aperola~aopasseaoorrerparapmenorque1,

embora ainda n~ao oorrapara valores pequenos de p.

Eeexatamente issoque oorreemdimens~oesapartir

de2. Naverdadeexisteumvalorrtio,p

,quesepara

essasduasfases. Vamos,ent~ao,provarrigorosamenteo

quedisutimosaima:

(5)

Proposi~ao 1 Existem valores p e p, 0 < p p <

1;ambosdependentes dadimens~ao,tais que:

1. (p)=0parad1e para0p<p.

2. (p)>0parad2e parap<p<1.

De aordoomaproposi~aoaima, podemosdenira

probabilidade rtiaomoosupremodetodosos

valo-resdepparaosquais=0

p

supfp:(p)=0g:

Como jadisutimos, p

e fun~ao da dimens~ao, isto e,

p

=p

(d).

E evidente quep

=1emuma dimens~ao.

Seguedaproposi~aoaimaquep

(d)eumnumero

estri-tamentemaiorque0eestritamentemenorque1. Como

orolariodaproposi~ao,temososeguinteteoremaque

resume matematiamente o fen^omeno de transi~ao de

faseemperola~ao.

Teorema 1 Existe, parad2,um valorp

da

proba-bilidade ptal que:

1. 0<p

<1.

2. (p)=0se0p<p

.

3. (p)>0sep

<p1.

Chamaremosde fase subrtiaointervalo0p<p

edefase superrtiaaointervalo1>p>p

. Oponto

p=p

ehamadode pontortioeoomportamento

do sistema na vizinhana deste ponto e bem singular.

A fun~ao funiona omo um par^ametro de ordem:

exeto pelo ponto rtio, se = 0 estaremos na fase

subrtia e se > 0 estaremos na fase superrtia.

Emborasejaonheidoque(p

)=0emd=2,n~aose

sabe seo mesmoeverdade para d> 2(onjetura-se

que(p

)=0parad>2). VejanaFigura5umesboo

dafun~ao (p).

Figura5. Graode(p)pparad2.

Prova da primeira parte da proposi~ao 1:

Con-sideremosuma\aixa"hiperubia,delado\n",dada

por

B(n)=[ n;n℄ d

=fx2Z d

:kx

i

kn;8ig:

Figura6. CaixaB(n),ondexestanafronteiradaaixa.

Ent~ao podemos armar que o onjunto das

on-gura~oesnasquaisaorigemestaonetadaafronteira

da aixaontem oonjunto dasongura~oes em que

aorigemseonetaaoinnito

f!2jCj=1g=f!:o7 !1gf!:o7 !B

n g;8n:

(4)

DenotaremosporjB

n

jaareadafronteiradaaixa

entrada na origem e de lado 2n (isto e, j B

n j

de-notaonumerodestiosqueest~aonasuperfiedeB

n ).

Considerando-seapenas aminhos semvoltas,ou seja,

passeiosaleatoriosautoevitaveis(self-avoiding random

walks),temos de(4)que

(p)P(f!:o7 !B

n

g): (5)

Preisamosagoraontar,ou pelo menosestimar,a

probabilidade dos aminhospossveisque ligam a

ori-gemafronteirada\aixa". Onumerodeaminhossem

loopsdeomprimentoj!jqueligaaorigemafronteira

da aixaeno maximo jB

n

j 2d(2d 1) j!j 1

, pois o

primeiro passo do aminho tem 2d possveis stiosde

destino,adaumdospassosseguintes,ateatingirmosa

fronteira,temnomaximo2d 1op~oespossveisdevido

aaus^enia de loops e,nalmente, podemosalanar a

fronteiradeB

n

emjB

n

jpontosdistintos. Comoada

passo,istoe,adaeloaberto,oorreomprobabilidade

p,temos,de(5),que

P(f!:o7 !B

n g)

X

j!jn jB

n

j2d(2d 1) j!j 1

p j!j

:

(6)

(6)

X

j!jn jB

n

j2d(2d 1) j!j 1

p j!j

=

2djB

n j

2d 1 X

k n

(2d 1) k

p k

: (7)

Mas

1

2d 1 X

k n

(2d 1) k

p k

=

[(2d 1)p℄ n

2d 1

1

1 (2d 1)p ;

se (2d 1)p<1: (8)

Ent~ao,substituindo(8)em(7),onseguimosumaotasuperiorparaosegundotermo dadesigualdade (6)

2djB

n j

[(2d 1)p℄ n

2d 1

1

1 (2d 1)p

2dC

d

1 (2d 1)p n

d 1

[(2d 1)p℄ n

:

d

Na desigualdade anterior, usamos que j B

n

j pode

serotadasuperiormentepelaareadeumahiperesfera

entradanaorigem ederaio 2n,i.e., jB

n jC

d n

d 1

.

Assim,adesigualdadeanteriorvaiazeroquandon !

1se(2d 1)p<1. Comooargumentoaimavale8n,

temos que,se0p<1=(2d 1), ent~ao(p)=0.

Paraprovarmosasegunda parteda proposi~ao

te-remosqueusaroseguinteresultado:

Proposi~ao2 (p;d) e uma fun~ao n~ao-deresente

da dimens~ao d.

Prova: Podemosonstruiromodelodeperola~aoem

ddimens~oesemumhiperplano d dimensionaldarede

(d+1) dimensional ontendo a origem. Para tanto,

\desligamos" (delaramos fehados) os elos ligando o

hiperplano ao restodo espao. Chamaremosde C 0

ao

aglomerado daorigemneste modelo(vejaaFigura7).

E fail verqueC 0

C eassim

(p;d)=P

p;d+1 (jC

0

j=1)

P

p;d+1

(jCj=1)=(p;d+1):

Figura7. OaglomeradoC 0

equivaleaoaglomeradoCem

dimens~aod+1.

Prova da segunda parte da proposi~ao 1:

Se-gue da proposi~ao 2 que, para provarmos a segunda

arma~ao da proposi~ao 1, e suente prova-la para

d = 2. Alem disto, omo (p) = 1 P(jCj < 1), e

suiente mostrarque existe umvalor p, estritamente

positivo, tal que P(jCj < 1) < 1para todo pmaior

quepeestritamente menorque1.

Utilizaremos a seguir um argumento semelhante

ao hamado \argumento de Peierls" da me^ania

es-tatstia[8℄. Trabalharemosnarededual deZ 2

,Z 2

=

Z 2

+(1=2;1=2). Da Figura 8efail verquepodemos

assoiar adaelo da redeZ 2

aum elo orrespondente

narededual,emumarela~ao1a1.

Figura8. (a) A rede dual da rede quadradaZ 2

. (b) No

modelo de perola~ao na rede dual, ada elo e delarado

abertooufehadoseoelodaredeoriginalqueointerepta

estaabertooufehado,respetivamente.

Vamosdenirummodelodeperola~aonarededual

Z 2

, baseadono modelo em Z 2

, delarandoos elos e

i

darede dual abertos (om probabilidade p) ou

feha-dos(omprobabilidade1 p)onformeose

i

'sestejam

abertosoufehados. Notemos queaexist^eniade um

iruito de elos fehados na rede dual ao redor da

origem esta relaionada oma exist^enia de um

aglo-meradonitodeelosabertosontendoaorigememZ 2

.

Estefatogeometrio 4

,bemintuitivo,eilustradona

Fi-gura9.

Portanto, temos que P(jCj <1) = P(existe 3

0dual),e omo 1=P(jCj<1)+P(jCj =1),

on-luimosqueP(jCj=1)>0semprequeP(existe 3

(7)

Figura9. Umiruitoontendoaorigem.

0 dual)<1,queeoquepassamosaprovar.

Observa-mosque

P(existe30dual)=

= X

P( 30dual) X

n4 X

jj=n

P( 30dual);

ondeaprimeirasomaserefereatodososiruitosde

elosfehadosnarededualeaoredororigem. Asegunda

soma omea de 4porque estee omenortamanho de

iruitopossvel,ao redordaorigem. Aprobabilidade

dentro do ultimo somatorio depende do omprimento

n do iruito, e vale (1 p) n

. Onumerode iruitos

de omprimento n na rede dual ao redor da origem e

no maximo igual a (n43 n 1

) pois, a partir de

um vertie da rede dual (esolhido sobre o eixo dos

y's) temos iniialmente 4 dire~oes para esolher o elo

iniial e, a partir desta esolha, temos no maximo 3

esolhas,sendon onumeromaximode possibilidades.

Alem disso,temos, nomaximonpossveisesolhasdo

vertieiniials^obre oeixodosy's. Dessaforma,

obte-mos

P(existe30dual) 4

3 X

n4

n[3(1 p)℄ n

: (9)

Aexpress~aodoladoesquerdodadesigualdadeaimae

umafun~aoontnuaederesentedepparavaloresde

pmaioresque 2

3

,eanula-sequandop=1. Apliandoo

teoremadovalor intermediario [12℄, podemos onluir

que existep <1tal que asoma aimaeestritamente

menorque1parap>p.

Observa~aoEmespeial,aprovadaproposi~ao1nos

forneeotassuperioreseinferioresparap

,

dependen-tesdadimens~ao 5

, dadaspor:

1

2d 1 p

(d)p:

Agradeimentos

Estetrabalhoepartedeumprojetodeiniia~ao

i-enta[13,14℄desenvolvidopeloprimeiroautorsoba

orientaaodosegundoautor. M.M.de Oliveira

agra-deeaFAPEMIGpelabolsadeiniia~aoienta

du-ranteoperododemaroajulho de2001eao extinto

GrupoPET/CAPES/SESudoDepartamentodeFsia

da UFMG pelo suporte naneiro durante o ano de

2000. OsdoisautoresagradeemaBernardoB.Lima,

Marelo T. Cunha e Remy Sanhis por terem lido e

ritiadovers~oesanterioresdestemanusrito.

Refer^enias

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S~aoPaulo(1981).

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per-ola~ao,AnaisdaXSemanadeIniia~aoCientada

UFMG,Belo Horizonte,(2001).

5

Kestenmostrouquep(d) 1

Imagem

Figura 2. Tr^ es ongura ~ oes diferentes, por em todas om
Figura 4. (a) Um aminho de elos abertos ligando x e y.
Figura 6. Caixa B(n), onde x est a na fronteira da aixa.
Figura 8. (a) A rede dual da rede quadrada Z 2
+2

Referências

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