• Nenhum resultado encontrado

A formação sindical no Brasil nos anos 80: concepções e práticas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "A formação sindical no Brasil nos anos 80: concepções e práticas"

Copied!
125
0
0

Texto

(1)

A FORT1AÇÃO SINDICAL NO BRASIL

NOS AtlOS 80: Concepções e Práticas

c/

Laélla Gureel Portela {

(2)

1

FU:IDAÇíio GETÚLIO VAl1GAS - !1J

I1ISTITUTO DE ESTUDOS AVNIÇJ\DOS Efl r.nucJ\çÃO- lESAI::

DEPARTAiTEI!TO

1)::

An;:TrIJSTnAçÃO nE SISTC'll\S r.nUCACIOIIAIS

LAÉLIA GURGEL POl1TELA

A FORlIAÇiiO SlilDICAL NO ORASIL

rws 1\1I0S 80: Conec~çõe::; c Pl"útici15

., ..

.

.

'.

Dissertação apresentada ao Curso

de rtestrado do IESAE/FGV,

De-partamento de Administração de

Sistemas Educacionais - DASE, co

DO requisito parcial para a ob

tenção do titulo de ilestre em

Educação

O!1IEtlTAIlOI1:

PROF. Dr.CarIos l11nayo Gomez

Rio de Janeiro, 1990

(3)

r

...

_~

..

~,- .'

--~

.,

",:r ':'

O' I '

.-. .-. .-. ' o • • " ~!l . . :· •. . , . .. ,

. ."

.. ...

,-_

..

,

... _ - _ ._._-j:

Aos arnigos:

José Haria r'loreira e

Lecy Consuelo Neves.

À Clara e ao Geraldo .

(4)

ACRADECI:lr.IITOS

A :li;tnoel uC Jesu:.3 <: r.alldêncio, pelo apoLo •

du,'nntc os pt'imeirus estudm..: de jJ(J::;-l.!r[,d~

-açao.

À Julieta Calazan::>, pela constante

de obtenção ele recursos I,mterialti

busca

parn

os mestrandos , cntre os quais estive

inclu-ida.

Às seguintes pessoas, pela reccptividade e

eenerosidade com que me receberam e me

o-fereceram informações e material sobre For

mação Sindical: Berenice e Paulo, do Sindi

cato dos Metalúrgicos de S. Bernardo do

Campo e Diadema, Solange Dastos, do Dieese,

José Ramos, da Confederação Drasileira dos

Trabalhadores Cristãos e Gilbson Sant' ana e

JoÃo Dri to~ do Instituto de Promoção Social.

A todas as outras pessoas Que direta ou

indiretanente colaboraram e, finalmente ...

Ao professor e amigo Carlos Hinayo, pela

orientação segura e produtiva, pela paciê~

cia infinita, pela amizade e pelo

constan-te bom humor, mesmo nos rnomentos difl-ceis.

(5)

.

O objetivo (le:".>ttJ tralJnlho e tl'fH;:1r UI ~ I pUJlOrarl:t fia

For'

-l1açao Siru:.]iç.:l1 i]\J(! :;.1 ]ll'nti(!,. no nl';I!~il i-'à,'L11' dt : 11(!atJo~; d ...

décadn dr 80 , :1pCtJlt:llldo o !;ur[! tl llC'nt:j ) (1(' IUfir rlov:\ 110d:l1 idndc

de educo.ção dt-: :; inrJi caUBta~ que :;t! d(:li,nei.il - nu Sllil

tendên-cia majoritária - como forrlaç?i.o pol {ti Cél de clnssc trnhalhaclo

ra.

Caracteriza as principais cxperiêncins F!I ,l ancl:1.llIento ho

je, no nrnsil, expondo ~eus ohjetivos c s.uas flráticél~,On:lli

-sando, ao 1.1esmo tempo. sua espe cificidnde netodolóeica.

Contextualiza o tema historicamente, demon strando sua

vinculação com as atividades de Educação Popular próprias dos

anos 70. Destaca a busca, por parte de um grupo da s

institui

-çoes analisadas. de relacionar constanterJlente o trabalho

edu-cativo COJ:l a ação sindical, assim COI:10 de poss.ibili tar aos

participante s das atividades form:'\tivas a .wrolJI'iação de um

método de análise .

Demonstra, por último, de que maneira t!ssa nova modali

dade de Formação Sindical transcende, tanto as práticas de

,',

transmissão pura e siraples de conhecimento. quanto a formação 11

estritamente doutrinária que. historicamente, têra caracteriza-

,

do as iniciativas educacionais voltadas para a classe traba

(6)

ABSTRACT

The aim oh this work is to offer a view oh the Syndi

-cal Education in Brazil, since the last of the 80 ' 5, showing the emergence oh a new kind of education for : syndicalists

that outlines - in its major trend - a political

of the worker class.

formation

The work describes the main experiences in progress t~

day in Brazil, their goals and pratices analysing, at the

same time, their methodological specifities.

It places the theme historically, demonstrating its

l1nks w1th the act1v1t1es or Popular Educat10n typ1cal or

the seventies. The work points out the search or part of the

analysed institutions, for constantly stablishing a relation

between the educative work and the syndlcal action, as well

as the search for ofrering the syndlcalists the posslbl1y or

approprlation of a method or analysls.

At last, lt shows in what way thls new type of Syndl

-cal Educatlon transcends, not only the pure transference or

knowledge but also the strlctly doctrinarlan formatlon that

historically have characterlzed the educational lnltlatlves

(7)

LISTA:) DE SIGLAS

CEDI - Ccntl'O Ecunênico de Documentação c In:fornaç ão.

CEPIS - Centro de Educnçno Popular do Instituto Seues Sapic ~

t1al.

CLAT - Central Latino-Americana de Trabalhadores.

CCT - Central Ceral dos Trabalhadores.

CUT - Central Única dos Trabalhadores.

DIEESE - Departrunento Intersindlcal de Estatlstica e Estudos

Sócio-Econômicos.

E.P. - Educação Popular.

<

FASE - Federação dos orgãos para Assistência Social e Educa

c1onal.

FS - Formação Sindical.

ICT - Instituto Cultural do Trabalho.

IPROS - Institúto de Promoção Social.

SBCD -

são

Dernardo do Campo e Diadema.

SNF - Secretaria Nacional de Formação.

(8)

CAPÍ'l'UT.r) I: ;;'O~I1 I\ÇÃO SI ill)lCi\l. E 7)1i' : r.:\O ;1\ CO : I:-:\:If: : JCI ,~

1. I\Slh~CtOG dn FOl' l lIH;~O dc tl' a iJillj l ~h~url::: 110

Contexto ...lo ::OVhIClltú Opc[,:ll ~iu :1iJ1Cic ,ü

nl ' ;lf.iiletl~ú

2. Da Li tera turn :Jobl~e o TOi.la

3 . A Contrl1Julç:\0 de Lu1<ác:J

4. O Conceito ::o.r;ü::.to. de Pl'axis ilotas de J1eferênci;w

CAPÍTULO rI : A FOT1AÇÃO SI;IDICAL

DO~ MlO:1 80

1. A Centr.:ll L ;1tino- \ l lerlcnn n ele Tral>al:1I1.rlOl"'cn

1.1. Pressuposto s t1(' í-'orl .! nc;no Of e r e cida

pela CI.A'i'

1.2. O It~ to do Ativo - P3rticipntivo- Cl' iativo ,

as Técnic as e os !.leias

2. A Esco l a S indic a l do I?ROS

3 . A fOl"maçno du eBTC

4. O Prograr,la de F01:'nação S i nd i co.l da CGT 5 . A Formnção Sindical da CUT

,

6. A Prátlc'\ de Forrlnç no do ~lnd i cilto dos

Tro.ba-l hadorcs iletalúr~ i cor. nc

s.

nernnl"'do elo Campo e

Di adema

':1 .. 'O Trabalh o do. ~C]uipe dn r.ocoln ~ln(lico. l do Oiccsc

0 1

11

lS

tr.

43

4 9

S7

59

02

04

70

(9)

:n

1. As~cctos Gcro i o 02

nr. FEnÊ'IC I A::'} ·~I :" ~I. I OGl1 . \FIC A~ 107

(10)

IHTRODU(;ÃO

1 . Por que f Or'I 'laç5.o 3indic.ll .

t1cu interesse pe l a Formação :1indica l nur[!iu c tOI!lQU cor

po praticamente er.l conjunto COí.! o dc::;e nvolvi.í.Ient o das

primei-ras práticas li1ais sis t emátl c iJs de formação ( em meados da décR

da d e 19 80 ) realizadas, tanto por agên cia::; de assessoria a

grupos populares, quanto por sindicatos e por cen trai s s i nd

i-cais.

A pré - história do tema rel ac i ona- se , d e certa f orma ,c om

a minha tra j e tória pessoal-profissional que, num determinado

momento, mai s precisamente no ano de 1903, durante um curso

de esp ec ialização em Educação Básica não -Formal, na

discipli-na Educação Popular, colocou-me diante da necessidade de uma

reflexão mais profunda sobre a dimensão polltlca do trabalho

que entidades leicas de assessori a r ealizavam junto às popul~

ções de baixa renda, tanto na áre a urbana quanto na rural, a

-tuando em sindicatos , movimentos de bairros, etc .

É

sobejamente sabido qu e no s a nos mais sombrios da re

-pressao intelectuais de esquerda r efugi a r am - se em ins titui

ções, de igreja, ou não, que, de ce rta fOMna , além de possibi

litar-lhes os meios de sobrevivência o:fereclam, também, a

possibilidade de continuarem, dentro das limitações

conjuntu-,

rais, a realizar algum tipo de trabalho politi.co junto às

classes ~opulares. Para quem não havia percorrido essa traje

-•

toria, restava a necessidade de estabelecer os limites entre

a militância e o trabalho educativo, dilema que o tempo e o

desenvolvimento desta dissertação foram se encarregando de re

• •

solver, mas que, na epoca, tambem se fazia presente

não de forma exp licita tanto no s debates, qu a nto na

.

-embora

produção

(11)

'.

'

-ati que eral:! <.lesellvol vidas por Urupos e lnstl tuiçôco que nau

lIIantinham vinculo::; com o aparelho de E13Lado.

rIo llue ::;e relaciona aos a13pcctos teóricos ua Educação Popular, estava em discussão o U:;;0 l1eStIlo que ue fazia do

tcr-mo podendo - se, grosso tcr-modo , dizer que existiwn uuas grandes

tendências que , frutos de concepções c de:! práticas distintas

resultavam, de um lado, nuna visão mais abrangente de Educa

-çao Popular e , de outro , nur:'! estreitamento ela conceituação

das práticas assir'l denOi'linadas . i/o IH'1!:lciro caso, considerav!!,

se educação popular toda a educação que se desenvolvia junto

às classes popu l :u~t!s , concepçÃo que tra:l.la em seu bojo tl. (lere

sa da escola,em contraposição

à

supervalorlzação do sabe r po -pular e

à

consequente,embora muitas vezes involuntária, defe-sa da desescolarização. A segunda tendência adotaria uma

vi-são mais especifica de Educação Popular, ficando o seu âmbito

restrito ao da educação de adu ltos . privil egiando em sua

aná-lise os aspectos pedagógico-politi cos da relação

intclectualgrupos populares, bem como o exame de formas próprias de co

-nhecer, de pensar e de se organizar dos grupos corri os

se trabalhava.

quais

Em qualquer dos casos, as questões lmplicitas na discus

são relacionavam-se, em última instância:

1)

à

existência, ou não, de um projeto definido e assu-mido pelos grupos -e pelos intelec tuais que juntos levavam a

cabo o trabalho educativo i

2)

à

necessidade de maior ou menor diretividade por par te dos agentes de educação popular no que diz respeito ao tra

balho de base. Em suma: o que se colocava em questão não eram ~,

aspectos puramente técnicos ou pedagógicos , que pudessem ser

resolvidos no âmbito das definições, ou no plano puramente t~

órico, mas o problema do intelectua l orgânico e de suas

(12)

consciêncin e a queKtão do poder . Tais ques tõ es , no en t an t o ,

ernm abordadns , em ceral, COI,lO !;(! rLl~:";CI:' pcedol"inantcl,len te r>~

dagógicas e COI:10 se as so lu ções puuessem SC l~ obtidas ao nive l

das intenções c do compromisso po li tico dos intelectuai s res

-ponsáveis po r pro~ramas de assessoria e/o u por aque l es que

produ:l.iar:t teoricnr,) cnte sobre o a ssun to.

A rei teração de tais preocupações nos debates e produ

-çõe s teóric as sob r e Educação popular tel~r. linar am por !.'le i l.lpor a

nece :i s i dadc de superação dC:3:3C oc ul tUl.lcnto do poli tico no pe

-da~óeico voltando - se o meu interesse, ent.ão , para o campo da

educação pollticu prOprial.1cntc ditaJ COI,' particular atenç5.o

para a educação dirigida

à

formação uu co nsc iênci a , ass im co-mo para as forma s de transmitir conhec imentos que pudessem,de

alguma forIna, ajudar ne sse processo.

Os prourwnas de Formaç ão Sindical aos qutli !3 tive acesso

programas de centrais sindicais européias, proe;ramas de a

l-guns sindicatos cuti stas e o proflr amR do Dieese - facilitara/:1

.

-me, de salda, esse esclarecimento, por sere m, tanto no seu a~

pecto legal-burocrático, qu a nto no que expressavam como proP2

sitos de formação po lltica, propriame nte, prol1rarnas de

educa-ção expressamente classista nos qu a is as expre ss ões "povo" e

"popular", tão vagas e diluidoras são substituldas por "clas

-se", "cateuoria." e nos quais a existência ou nüo de um

proje-to de c lasse s impl ~smen te não

se

col ocava, por óbvia ,

passan-do a discussão p a ra, entre outros aspectos , o pluno tia artic u

lação do econômico com o polltico .

S~rge, então, a decisão de analisar essas experiências

associando-as a uma discussão sobre a formação da consciência

da classe trabalhadora que teria, em última instânc ia, que se

fazer considerando as suas origens (fonte~ e influências) e o

que elas teri a m de pedagogicamente inovador no que diz re spe.!.

to

à

aquisição do conhecimento por parte da c l asse trabalhado r a e ao elemento polltico formador da consc iência de clas$c .

(13)

i las, o (IUe estaI IO:; entendendo aqui por F01'ldí'lção Sindl

-cal?

:Jiío l;lult a :] c Illui t o vilrL.l(k't:1 íl:~ pr~\t1c:w clt: fOI'WIÇ::;U t.:in

anc1ar1ento hoje , no n r [lBi l, c rü;"\lil'.nc1ns, nno fiÓ por' slndic:l

-tos ou por centrai s sind ic ais, nns tar.lbén por insti tutções de

assessoria eM Educação Popul(tr e de prestação de serviços , o

que torna <.lificil umu definição li a !)J'lol'i" e univuc a tio terno. Entretanto, estamo~ diante de Ullla prática que tem a l l.!um;:-\s

cu-racteri sticas fundamentais, das qu;"\ls intercSSR-nos destacar

principal/lente n sua vinculação COI\ a ação s indical.

A pr;l.tica sindical co l oca aos seus qua dpos ques tões COll

eretas que devem ser resolvidas de diferentes maneiras, de

acordo com a sua especificidade. Abran2e, desde casos concre

-tos que ocorrem nas empresas, até a problemática mais e;eral

que se rel ac ion a

à

legislação sindical, ao movimento operário como um todo c

à

si tu ação econô~ica e politica do pais. A For

mação Sindical busca atender a essas nec essidades , não nals

apenas por meio da própria práticu, mas criando espaços onde

a reflexão possa acontecer de forma sistemática, e dos quais

possam sureir, num 12 IttOmento, ~D.is e mais trabalhadores e mi litantes engajados na luta por melhores condições de vida e

de trabalho, e que possam, depois, o.ssumir t anto a Gua pró

pria formação p~litlca quanto a de seus companhe iro s . Os e

le-mentos dessa form~ção em geral são oferecidos em cursos e

se-minários que podem ser agrupados em dois tipos básicos:

1) Curso de c~pacitação, para diriuentes e militantes, volta-dos para o aspecto leeal e trabalhista naquilo que diz respe!

to aos intere sses da categoria;

2) Cursos e seminários oferecidos para dirieentes, militantes

e trabalhadores de base qu e têm como objetivo fornecer - lhes

instrumenta l teórico que lhes perHli ta compreender a sociedade

(14)

"

ficas ( a ut omaç ão, nc~ociaçno cole t.i V':'l , pOl' c xúmVlo) t! , ai nda, sobre aspectos da conjuntura que di~'.eJ.l r espei to Ilni u c.lil~etâ -mente a clU::ise ope l~ úr i n . O púlllico a quel.l tni s lJl'O~l'UIW,U fie

destino

é

lIu1 lo be m ucli llli l ':HJo c trotando - se da cl.lucaçãv uc slnd1c :111stas , traba lI Hlr- sc -i a COIll qUt! r.l , prefjumiv~ 1 111c nt e , I'C

-presenta O :Je t or' 11,11 s :1vançndo t..I a ClO :35C tl'nbnlhadol'a , Cal I ex

ceção de al,euns partidos ne csqlll!l'dn qu e l1.~l.'HP"'\rl seto l'c" dn

população trabalhadora , por ::Wl' o l't:nn1 :--:ado .

Entretanto , restam as secuinte s questões :

a) O que mais teri a ess e trabalho educat ivo de espec ifiCO?

b) O que o torna direrentes de Educação Popular e da Educação

de Adul tos (conforne concei tuação l~enc i onada anter i ormente )

realizadas po r insti tui ções v a ri adas que trabalhavam (e e m

muitos casos ainda trabalham) antes de 1964 junto a classe de

alfabetização, movimentos de cultura , s indi cn to G, movimentos

de bairro? E, comparativamente ao " hoom lld a Educaçn.o Popular

da década de 70, que avanços se produziram a partir dos pro

-gramas de Formação Sindical?

c) O que a sua metodoloeia tem de peculiar?

d) Pode-se ralar em resultados ao nive l da formação da consci

ência?

e) E. quanto aos sindicalistas propriamente dito s , em que

di-fere a formação odi-ferecida hoje daquela que se realizava n as

décadas de 60 e de 701

Estas são as p rincipais questões que essa d issertação co

loca e às quais tentarei dar uma resposta ao l on go do seu

(15)

, ,

I,

::r.1 te riJOS teóricos, ne tow15:Jclno!1 .'1. poIêmic~ Grahlsci

I

se lhos de :fábrica de Turi ln cor.lO r e ferência , cr.lhatu cnrLu.l03 CI1

vários pontos c poclcrtamos , ncsno cheear (\ duvidar <.lo.

valiua-d e poli tica Llo tr~bo.lho de f'ornaç?io rc~li 2 ac.lo CII

ou pnra sinc1ica l1 ::; t<'l.S . r.::llllllerariallos várias razõCt; para ü~co:

1) IJo caso brasi l eiro , de un 110do ~p'r;:\l , a [!êncsc das práti

-cas de F3 e~tn na cxistênci:'l de UWl ~ r nndc e::pcriênciu .'1.CU fl

U-lada no cnnpo da educ aç ão ele adulto s por parte de illtelectu

-ais proe,ressistas que, por razôec de nilitância politica, "c~

sam" essa experiência com nece sG idndcs de capac1 t:lção

.sentidaS-por a l euns setores de ponta do sindicalismo do Rio e de ~ão

paulo.1

Não teriam nascido, portanto , as praticas cle F:} das ne

-cessidade s "revolucionárias !! do prolctaria(lo , InesrlO por'que <1

conjuntura em que as experiências começm"Wl a se ee:itm" era

de uma tililida e uradual abertura polltica .

2) Para Grrunsci, no contexto dos cOl~!.jelhos , a ditadura prole

-tári a deve ser feita a partir dos prouutorcl;; e não a partir

dos "e scravos do capi talll (assalari '\dos) e , se nd o ass im , os

sindicatos nada representEU7l como instrulJentos de l'orr:la(;ão po

-li tic a po i s , sendo uma forma da ::iociednde cf\pi tal i5 t a que

or-gan iz a os operários cono mercadoriA , não poderia representar

o foco principa l onne o trabalho educativo deve acontecer. O

1 A esse re spéito

é

i nteressante , como fundal:lentação , a pubIi

cação do CEPIS IIO S Centros de Educação Popular e a Conjunt.!:!,

rall na qual Pedro Pontual narra de que mane ira do trabalho

de r esistência , do final dos anos õO e da década de 70,

re-alizado em bairros , entre outros , intelectuai s c técntcos

(16)

'/

o

verdadeiro lnGtrUl!ltmtn tl<~ lut:l c ( h ~ CductlÇn.O rcciprocn se

-r1 :( aquel e flUI' Ul\ \~ O!; tr:lh :\lho'1.dorcr: 0 nquanto prndutore!j c cri

adorc n ( or: confi c lhO !3 d e r';hr'!cn ) que , nlólIl (le r ; C I'vtl'I~ ! 1 CO I'IO

in Gtru n ento de renovaç;io radical ela r:oci e dllde ,

jn

são G pró

-pr1<1 for r:l.:1 d:l revolução, ou dn soci e d a de comunif;t:\ , alê l.l de

órg ã o d e p r e paração técnic :l. c cconôl.lic n cIos olJ c rári os .

"OS conselhoG s ã o , t. u lu é JI , o r·e.[tnj :~l.l u:J pOlltlcos ~ cultu

rais enquanto i nstrumentos d H revo l ução proletúri a : pril1eiro

,

i

2

na fabrica e depois no pa s ."

3) P a ra Dord ica , o verd.qd e iro in s t l 'UI'1ento de luta d o iH'ol c t a

-rl ado

é

o partido de c l a sse , não P,"l !,)fH1n clo de co rporativi s mo

qu a lqu e r t e nt at iva de emancipação no plano das relações econ.§.

micas an te s da t omada do Estado pelos operá rio s . Combate a vi

são eraduali sta , que cons i dera equivocada, e não concebe o de

senvolvl mento cu ltura l possível de se realiznr

n.

nareera da

que stão partidá ri a.

Todo esse quest i onamento , ent r etanto , longe de nos de i xar

ca-ir na tent ação de invalidar a partca-ir de seun pressupostos a

FS, inc en tiv a -nos , cada vez raais, a tentar compreendê-la em

sua peculiaridade no próprio con t exto de seu surt~inento e de

seu desenvolvimento , buscando sua e:cp ccific i dadc me todológica

e seu valor como instrumento de forlllação poli tica.

nuscaremos , então , neste , tr ,'1.h a lh o , discutir a

1r.lportân-- d ~ ,

ci a da Formaçao 51ndical entro de uma estrategia geral de O!

eanização do movimento operáriO, situando as especific i dades

dessas práticas de capacitação no contexto geral das in f l uên

-cias sofridas por parte de se us articuladores, caracteri zando

suas peculiaridades metodológicas , objet ivando oferecer uma

contribuição

Silvia

à

apenas recé m-inaugurada discussão sobre o tema.

Ilanfred i3 t em pesquisa reali zada no inicio dos

anos 60 , tendo são Paulo cor,lO base, denullcia o carn.ter

predo-min antemente exógeno das prát i cas de :Con'lação 11 que até 1 9 64

(17)

u

movimento sindical (patronais, governamentais, religiosas e

ligadas a partidos pollticos). Registra porém, por outro

la-do, a tendência que se esboça a partir de 1977, no sentido de

as entidades passarem a chamar para 51 a responsabilidade de

promover práticas de capacitação tanto para dirigentes, qua~

to para militantes de base.

Em publicação de 1986, Claudio Nascimento e Cecilia Ml

4

nayo constatam a inexistência de uma estratégia sindical de

formação no Brasil, sustentando tal afirmação no fato de

se-rem, tanto as estratégias quanto os objetivos ideológicos da

FS que se realizava no Brasil,

à

época da publicação do artl go, emprestados da Educação Popular.

A constatação que os autores fazem revela, e nisso

re-side a sua relevância, a ponta do fio da meada que vai desnu

dar o caminho que leva às várias tendências e entidades que

atuam hoje no campo da educação de sindicalistas e que

cons-tituem, talvez, o lastro em Que a Questão da especificidade,

da metodologia da Formação Sindical se situa, colaborando na

busca de torná-la o mais precisa e adequada possivel, assim

como mais próxima de atender os propósitos gerais da educa

-ção proletária.

Atualmente, a primeira constatação Que fazemos

é

a de que não se pode mais ignorar a existência, se não de uma

es-tratégia sindical de formação, pelo menos de práticas

siste-máticas de FS que se desenvolvem em vários estados

brasilei-ros, tanto na área urbana quanto na rural. Tais práticas, se

não podem ser ·consideradas exclusivamente sindicais (dado o •

pequeno numero de escolas sindicais propriamente ditas em re

lação às entidades de assessoria que fazem FS), guardam

tra-ços que 8S diferenciam significativamente das experiênci

as predominantes antes de 1964.

(18)

I

,

Embora seja significativo o numero de entidades

externas ao movimento sindical trabalhando nesse cam

pc, pode-se dizer que estas se colocam na perspe~

.

tlva do trabalho, em contraposição a do capltal,te~

-tando, por essa razao, apoiar e ajudar na organlz~

-

-çao dos movimentos sociais em ge ral, e nao apenas

dos sindicatos. Com mais uma diferença: a de Que

concebem os sindicatos como sujei to do processo de

-formação, dai nao poder a formação, nessa perspect!

va, ser confundida com

rios ou de militantes

formação

cristãos

de

que

Quadros

partldá-têm os

slndlca-,

atuação. tos como are a de

Inicialmente, pensamos em fazer um estudo

com-paratlvo entre as diversas modalidades de FS torna0

do como referências extremas a formação oferecida

pela CUT. de um lado. e a da CGT e a da Igreja

Católica, por outro. Tal pretensão logo se

ineviável. dada a pouca estruturação do

mostrou

trabalho

por parte das duas últimas instituições. dificuldades

que aumentou mais ainda no momento em que a CGT

.

implode e cinde-se estando. neste momento. a

procu-ra de articulação (no caso da CCT - Hagri) e de

rearticulação (no caso da CCT-J) da Formação. O

trabalho da Igreja, embora seja bastante abrangente

em termos de programa. encontra-se em termos

cos, em fase de implantação sendo poucos,

os dados sistematizados que tem a • oferecer.

prát!,

ainda,

(19)

lU

trabalho que, no nosso entender, se encontra na fase mais

avançada de implantação e sistematização e que vem a

ser, o da linha CUT (Secretaria Nacional de Formação,

Es-cola sindical 7 de Outubro e Sindicato dos Metalúrgicos de

são Bernardo do Campo e Diadema); o da linha CLAT

- IPROS e CSTC; o trabalho da CGT (antes da divisão) e

o da equipe da Escola Sindical do Dleese.

o

estudo está dividido em três partes principais:

Na primeira, buscamos situar as práticas de Formação

Sindical no contexto do movimento operário, ao mesmo tempo

que comentamos a produção teórica sobre o tema trazendo

ainda, para esse espaço, a contribuição teórica de alguns

autores nos quais nos baseamos para dar conta do objeto

Caio Prado Júnior e Marx e Engels no que diz respeito ao

método dialético e

à

relação teoria-prática, e Marx e Engels e Lukács no que concerne

à

formação da consciência.

Não pretendemos fazer um resumo do pensamento de cada um

dos autores citados com relação aos temas abordados, mas

.

-traze-los, sempre em conexao com aquilo que buscamos anal i

sar e demonstrar, para a discussão.

A segunda parte consta de uma amostra das várias ten-•

dencias da FS que - se faz hoje no Brasil - quem faz, por

que faz, como faz - panorama ao Qual acresce~taremos os nossos comentários, que mesclam descrição e análise

à

luz dos autores nos quais nos respaldamos .

Os programas e praticas descritos nessa segunda parte

e que constituem a matéria-prima de nosso estudo podem ser

agrupados basicamente assim:

1) A formação oferecida por entidades para-sindicais:

(20)

I I

Tl es t a cateeo r la e stão incluíõa:=:: a s esperiências de for

mação rea l1 :l.íHJas I PROS - Instituto de Pl"'ornoçD.o Social e pela

enTe - Confederação '1ra:Ji l cira de 'rr':'\baI1Hulorc:3 Cr-istiíos , c!,!

tidades de inspiraç:to cató l ica e ,\I'lparadas intel'll ~ lcj o n almen

-te pelas diretrizes Ja CLAT (Central LHtinO - fl["I ~ l'ic[ula de 'i'r,!.

balhadol~cs) ol~tianislno reeiu ll a l tIa GilT - Cvn r ederação flundlal

\lu Trllbalh :ILhll'u u .

2 . Proerru nas desenvol vi dos sob a orientação ele Centrnis Sin -dicais:

Os programas da CUT e da CCT.

3 . O programa de Formação S indical do Sindicato dos Trabalha

dores Y'1etalúrglcos de S . Bernardo e Diadema.

4. O trabalho de Equipe da Escola Sindical do Dleese - Depa ~

tamento de Intersind lcal de Estatistlca e Es tudos Sócioec·o

-nômico s .

5. A Escola Sindical ~ de Outubro, de Delo Horiz on te -I.JG.

A terceira e última parte

é

conclusiva. Não pretendo nela, fechar em definitivo nenhuma das questões, relativas

ao tema, anteriormente enunciadas. nusco I mui to In<li s , cOl:1pr~

ender as práticas de Formaç;o Sindical como algo en co

nstru--

.

çao, descrevendo" apontando semelhanças , influenci as , e a I

-guns resultados, quando for o oaso .

.

-2 . Aspectos ' 14etodológicos da Pesquisa

A escolha do tema e da metodolo g ia a ser utili zada

co-locaram-me em confronto com algumas questões e difiouldades

que talvez possam ser resumidas em três perguntas co loc adas

por Umberto Eco, a respeito do tratamento cientifico de de

-5

terminados temas, em seu livro "Como se f az uma tese" , e que

são as seeuintes:

(21)

12

2) Temas antieos ou conte mporaneos?

3) Tese cientif'ica ou tese pOliticn?

Optei por tratar de formn pnnornl:lica um tema polI tico c

contemporâneo assur.lindo , consequentcllente , todas ns

il'lplica-ções que possaJ':'! decorrer dessa escolha . Tonar cano op,je.to de

estudo um tema atual e politico, cnfluanto representa, por UIl

lado. um esforço maior em face de cor,lplicações que a própria

conternporaneidade coloca, torna, por outro, a busca r:lnis

instigante no sentido de que tambér:1 estamos oferecendo a nos

sa contribuição a um trabalho que se encontra em construção

podendo, eventualmente, vir a interferir nos rumos que este

possa tomar.

A razão da escolha, porém, não se relaciona a ousadia

ou pretensão de nossa parte.

É

muito mais uma continuência , conforme já tentamos explicar anteriormente. O assunto da

nossa pesquisa está, mesmo que não de forma direta, diaria

-mente nos jornais, e o panorama do sindicalismo

é

por demais

,

1nstavel e em trans form açao para que se possa assumir mode

-los pré-estabelecidos. Apenas nos dois últimos anos

é

possi-vel apontar, como novidade na vida sindical , a consolidação

do que se convencionou chamar "sindicali smo de resultados",a

formação de um embrião de central, fruto de urna dissidência

da CGT, a CSC - Corrente Sindical Classista, ~inculada a se-tores do PC do B - Partido Comunista do Brasil e, por últir.lO,

a implosão da própria CGT, bem como o atre lamento da

corren-te vitoriosa no último pleito, de uma vez por todas,

à

linha sindical norte-americana. via ICT - Instituto Cultural do

I Trabalho.

Em termos de construção do objeto, muitas f'oram as

di-ficuldades decorrentes da própria escolha do tema. Er.lbora

(22)

1 ~

dispuséssemos de u m projeto de pesquisa que previa visitas a

entidades proi.lotoI'.1.:1 de F:J I cntrcvlctas con fOI'Il<ldorcc, com

participa ntes de atividades formativas e cai.! sindicalistas

e m Ce1":l.l , mui tas foram as MOdlflcÍ'tt;õcn que fOl,lOS ohr1eados

a fazer no nosso roteiro orl[!ln,"'I. l.A principal delas foi a ne

cessldade de deslocal ,lento do pr'occ ss o d e coleta do n:\terinl

i

.

,

enp rico (feita atrnve::: de: vi s ita !"; l' e n tl'ev!:-;tas) p fl,"'a

Paulo, prioritariamente,quando inicialme nte pens:ívamos trahn

lhar apenas no

ruo

de Janeiro.

Outras I:lOdifiCílÇÕCS n e fizer "l l no decorr/:!,' <lo lJróprio

processo de coleta de dados, em clúcorrência, seja c1:'\ ilnplc

-mentação de novos programas antes apcn,as esl>oçados, seja da

fundação de escolas sindicais - como la 7 de Outubro, por e

-xemplo, que. começou a funcionar

quando estávamos com

qua-se todo o material empirico recolhido.

Tais modificações implicarar:t um rec.l1nensionaJ:lcnto da

amostra, ao mesmo ' tempo que um trabalho adicional de sistema

tização e análiae do dados.

Quanto ao materia l relacionado aos conteúdos, pressu

-postos e métodos da Formação Sindical que, deveria, de salda,

facilitar muito a nossa análise, encontramos uma dificuldade

particular: a sistematização das práticas de formação é ain

-da muito precária (por conta até do pouco tempo que a ll3uf:las

delas têm de estruturação, ou de restruturac;ão numa nova

perspectiva) tornándo necessário, de nossa parte, um esforço

artesanal de construção de concepções e de aspectos da

metodOlogia/ou pelo cruzamento de vários documentos ou pela com

-plementação destes com ~ntrevistas, na ausência de explica

-ções mais cabais de cada prática de Formação aqui focalizada.

Quanto às entrevistns percebemos, nu~ determinado mo

-mento, quando se tratava da mesma linha politica e

metodoló-gica (a linha CUT, por exemplo) que, mesmo sendo o trabalho

(23)

detcrr.linndos teíl.:ts s e repet1a!":'l c , cn c cr.:tl, corroboravam o

,

que os p r ogranas c os docur.1Cntos out .... os c::punham. Dai

rcsol-vcrr.1o~ I cv :1 nt,u~ or..: 1\0 5:;00 dntlo!i 11:10 npCl1it!; por IIle 10 de U I I

;1-n1 c o 1ns trlll lC nto , ou de 1lI1l, , pr10l~i t:1rt rmentc , e m dc tr'illfmtn oor; outros.

Optamos tanto por, , íllla.ll snr cOJ\tt~úctor; de relatórios, programa s , e projetos , quanto po r en tr evista r formadores anali

-sando, ei.\ cadn caso , a conveniência de 5e privl l e~ial'" uma ou

outra técnic a ou, ain da , a possib ili dade de não se

n enhuma das duas , por absolutamente indlnpcnsáveis.

exc luir

Ass1m na inves tigação do IP ROS e na enTe trabalh am os

tanto com contatos diretos como re spo n sáveis pela Formação

quanto COi.\ materiais escritos (mais ao n l ve l programátiCO do

que de ava liação ou de reflexão teórica) do próprio IPR OS e

da própria COTC, bem como com material da CLAT. !'leste úl tir,lo

• •

encontramos expostos os pressupostos filosofico s e me t odo

lo-gicos da formação que es t a central preconiza, e que d:i.o 5U

-•

porte as entidades fili adas.

A linha CUT

é

a mais fart a em documen t a ção. Privl1eei~

mos, então, o trabalho documental com r e lação

à

mrr/ eUT

e a • Escola Sindical 7 de Outubro . rIo Sindicato dos Ttetalúreicos,

de são Bernardo f porém, alé'm de contato direto e uma entre

-vista com membros d~ equipe de f o r r,lado re s utilizamos, ainda ,

.

como material de a~oio um artigo, publicado pela revista PROPOSTA nR' 40, de autoria do coordenador geral da formação desenvolvida por este Sindic ato .

O trabal~o de equipe do Die~se foi levantado mesclando-se entre

vistas com analise de material produz ido pela equipe da Esc 2

la Sindical que abrange da primeira proposta de Fo r mação or~

recida pela ins tituição a té os úl ti mos núm~ros do boletim

!lÊ Só Fazendo que se Aprende ."

(24)

,

I',

nOTA:"; m: ~r:F::nÊjICIA,";

1. IlA·Wnr.OI , Si lvi a . r.duc;'\ç tlo C/I :3tlldlcatuu: que !!} l\Ü;~e (l He

:1 ~cnte não sabe? S . P:1.ulo , tcs t.:: d~ doutorado, 1 a33 .

2. GRAITSCI , Antonio e n O:1DIGII. , AIMldeo . Conselhos de fábric a .

S.Paulo, Dra s ilicnse , 1!J8l.

3 . IIAtlFREDI , Silvia . OP. cit o

4 . NASCIrlEtlTO , Claud i o e iUHAYO , CecIlia . Formação de.: form a

dores : perspect i vas pOl!tlcas. PROPOSTA , nio de Janei

-ro , 30 p. 32-35 , 1906 .

5.ECO, Umberto . Co~o se faz uma te se . G.Paulo , Perspectiva

190 1. p . 13- 18 .

.-•

(25)

!

I ,

I I .

CAPÍTULO I: FOn·it ~ çÃo Sl'mIGAL E [o'omrAç;\o DA COnSCIÊnCIA

1. /I. ~ ~P\:c to:; clt' F01'"I :'h;n.O de Tl'au : t l i l :ul0 1't :: j 110 COI) tu;: to ua r-1ovi

ncnto Operári.o-Sindical Brar:j lf" ~ ir'o.

o r.lovltlcnto opcP!lrio tilnuic~11 11O DI'il..iil , c

pnr-tlcul:tr-mente no Rio e Cfl são Paulo, onde :\ c;ü8têncin ele setorc:1 de

ponta do ciJpi talisr.lo detcI'Llinn a. conccntr,'l!]ão de populações

e orr;anlzações proletárias, representa UM dos Il n i~

illpOl'ta:1-tes organismos ne que dispõe :1. f;ociCdndc c ivil no '"'Iras!l de

hoje.

D<lS primeiras ~reves no lnlc10 do século até a nrcve

geral de 1989 estão em questão a co'nstrução da democracia, a

relação sindlcatos/par-tldos pollticos e as fraquez as e

debi-•

lidades da classe operaria em face do poder de Estado, que

historicamente se tem apresentado de diversas fornas - da di

tadura mais truculenta

n.

abertura, dn coerção

?t

busca de

10-gltimação e do consenso . •

O que tera mudado basicn.mentc das pl~imeiras ore:miza -ções e movimenta-ções operárias até hoje, quando o confronto

entre o capital e o trabalho torna necessária uma Modifica

-ção, por parte das forças no poder no ~odo de tratar a ~ues ­

tão operária que, se no come~o do século era considerada "ca

so de policia" adquire, hoje, status de questão social?

Com o fortalecimento de setores mais conbativos elo op~ • rariado, principalmente a partir de 1978, o Estado ve-se

hoje, "forçado a aceitar como interlocutores representantes

da classe trabalhadora, cujo nlvel de independênci a

é

inédi-•

to na historia do sindicalismo. !Ta •

dicatos ta.mbem conseguiram acumular

conjuntura pré-54, os 5in

I

poder, cheuando, em a I

-nuns momentos, a r.larcar fortemente, COf.1 suas pressoes c

exi-.

. ,

genclas, presença no cenario pol~tico nacional. ilas, COr.lO

I

(26)

, 'I

le mbra ":1'1 c.; 1 (:50n , "!.Icsno no~,; Ih,}\ilelltOf:; ali que eral. considel'mlo~

na ! ::; l'l:vúluc1un:u'io::i , seu:. ~ H ::> t C Jlt[ l culo }; e r w,\ é-dr td u. p aJ~ t{! do apa r ato Q,I."ir..: i a l LIo Es t ado , ou el' aLI bõ c t rl ll te clcpeIHk:llte :, de l e ,., 1

.:l.parcntc sir,lplic i dadc da o l"' ~nlliz«ção pro(,lI.ltiv (\ e de

do inIcio do século e da conscqucntc tr,mspar;:ncia das neces

-s i dilc1e-s (; po-s-sibilidad e-s de Hlol.>llizaçno ela c l :1~GC operária

têm- se , hoje , Ull quadro de cnOP/lC cor,lple ~: ielade no que diz.

respci to

à

estru tura de c l asses e no r'c l o.c ion::l.l1cn t o (!e5 sa:"j clas ses entre si e CO I';'\ o Es t ado e con Of; innti t u tos da :.3oc i e

-dade c ivil.

A fr ag ili dade de nossa prática de~ocrátic a co l oca na 01'

dem do dia, junto com a ne cess idade de organiz aç ão dos se to

-res produtivos da sociedade, UMa urgência em se ap rofund a r a

questão da democra ci a e de qu e ti ~o de democracia está se ndo,

ou se pretende se j a con stru id a em OOS30 pn i s .

A trans ição politica qu e o paIs atravessn co l oca na

li-nha de fr ente dos movi men to s populares a lut a pe l a conquisto.

e consolidação das liberdades democ ráti cas , dos d ire itos c i

-vis, entre outros, luta que aponta para a co nst r ução de umu

sociedade que seja democrática e qu e conte com or[!o.nismos de

2

massa atuantes e fort es . Carlos ne l son Cou tinho erJ entrev i s

-t a sobre a es-tru-tura e a con jun-tura bras ileiras salien-ta a i m

portância do fo r taleciment o do que chana "sujeitos co l eti vosll

,-e também 'qu,-e "naquilo qu,-e Gramsc i chamou d,-e form a çõ,-es oc i c,-en-

cen-ta'is não se pode imagina r que o único protnéonista polI tico

é

o partido." ' Lembra, ainda, que "o TIrasil chegou ao cap

italis-mo por vias transversais ( •.. ) ou seja, a través de uma série

de transformações que se deram de cima para baixo, sem pa

rti-cipação popular, sem revolução (e que) "las conquistas demOcr! ticas não poderno Ger fcitaG no TI rasil só pela bureuesia, nc~ ,

se sentido a transformação do pais imp lica uma mudança no

jogo da heeemoni a ." E conclui que, entre o caninho do choque

(27)

1 " ."

front a l co~ o r c~ln~ c o Gtl. construçõ.o cle un a :ioci edacte CO:1

oreanls no s de l7I.:l.ssn f ortes , " devenOG optor po r uno. solução P2.

11 tic .:L '1UIJ: corrc ~ ponct:\ ~o I ndo oclch-:nt.-1.l do p:l l ~ : . i s t o

é .

uno.

estrutu r a part i ctnria p l u r',:ll c U11.'1 f':G cicc1:vl.c c iv i l aI t. ... nen tc

orc.:mlznda." ( ~l 'if t) rlc u)

J:!'>trit:ulcnt\! 1)0 ~Ilhit o elo t lQVj llC! 1\tll U1H:t·ttl'i.u - : .. .i IH:ical (; no cl n. fOl"'.1;1Ç;O Ilu c0I1:iciênc 1 :1 [H"o l (~ t;n'i: , l,r'Oltri.rll.I.")nt0. Llit :1 , C!2,

con s tru ção dí\ neSITI::t no pl<tno n uc ionnl e t :\111Jl'!/1 no p l nno (1m;

ore.aniz:lçõc:; ope rárias ?

As tl'an:=;fornações po lI tici..1S c cconôllicilS (llle aCQPPIJ! I no

Brasil pÓ S-7 8t t e ndo COl10 n arca fUllc!Qllcntnl as !!palllles ~reves

do ABC c o s urt~imento do que aleuns especialistas des i znarar.t

" novo s indicalismo" são , ao me sno tenpo causa e cOl1sequênci a ,

de novas prát ic as oreanizativas qu e t er i ru:l cono característi

c as principais , além de Ulil enrnizamcnto ma ior na base ( orua

-nização por er.Jpre sas ) I a ruptura t1~1 depend ênci a CO!l o E:=;t a uo ,

a democratiz aç ão dos sindicatos e 1..1" rel nção diri,l.!cntes/base

_ 3

e a politizaçao .

Tais p ráticas guardam estrei ta lie aç ão COlO novüs Plodali

dades ele úc1u cuçüo siuuical que, :tu l OIl(!u (lu:) úl t lLllu:; llt):~ ; U\l.l:J ,

foram se consolidando até deSCI .1UOCo.r n<1 exi::i tencia , hoje , de

significativo numero e de dlverrd flcadoG proernllcw de forl ta

-ção de sindicali stas . Ess a nova r,lodo. lidadc de educa-ção s indi-

.-.

cal se distineue de programas outros que a nt es . e me~m o apos

1964, pri vilec;iavarn a formação d e trabalhadores, f'undane nt a

l-mente por terem nos s indic atos , nas centrais sindicais e/ou

nas instituições de assessoria e de Educnç ão Popul a r os se u s

patrocinadore,S e realizadores.

Sem entrar no mérito das cllvn~ens ldeolóelcas e metodo

lógic as que porventura venham n c:t1ctir entre os proeranas e

seus mentore:3 e executores, o que 115. de comum entre eles é a

preodupaç~o com una prát i ca pedn2ó~icn que todos reconhecem

(28)

especial, por tentar expressar e traduzir uma questão mais

profunda, Que

é

a especificidade da educação politica do ope-rariado e Que traz consigo a necessidade de uma ampla

discus-são sobre a questão de metodologia da Formação Sindical e dos

caminhos e descaminhos que trtlham os trabalhadores para se

constituirem em uma classe digna dessa denominação.

Em estudo de caso sobre o Sindicato dos Trabalhadores Me

talúrgicos do Rio de Janeiro, Eduardo Stotz levanta importan_

te questão relativa

à

consciência e à organização da classe trabalhadora, Que julgo interessante apontar como elemento a

ser incorporado às nossas reflexões relativas às práticas de

Formação Sindical que ora se desenvolvem no Brasil.

Descartando as explicações Que colocam o poder coerclti

vo do Estado como o principal elemento de desarticulação dO

sindicalismo livre e de implantação da estrutura sindical cor

porativa, Stot~ mostra a outra face do problema ao demonstrar a existência de correntes pró-governistas no âmbito dcroperar!

ado carioca,que com sua prática colaboracionista,forjarn o que

designa como IIcorporativosmo societário" filial, no seu

enten-der, do corporativosmo estatal.

Embora aponte em suas conclusões as deficiências desse

projeto operáriO, pois o corporativismo

é

sempre "uma forma de dominação da -burguesiaU

, o que há de novo

é

que representa

ria uma tentativa (embora restrita ao periodo 34-35) de

apre-aentar reivindlcaç~es propriamente operárias, mesmo dentro dos

l1m1tes da 1mpos1ção estatal.

A caracteristlca bÁsica do corporativismo societário se

ria que, enquanto busca espaço para afirmação de um poder sia

dical, "tenta fazer com que a força do Estado se incline em

sua próprio direção para realizar suas próprias aspiraçõesll

~

A importância do trabalho de Stotz reside na recuperação que ~,

(29)

r

2 0

unilateral, desvio também muito comum quando se trata de ex

-pllcar o papel da luta operária na conquista da legislação tra

balhlsta.

Este estudo sobre Formação Sindical - seus pressupostos,

seus conteúdos, sua metodologia - se inscreve no mesmo quadro

de preocupações, na medida em que busca captar o desafio que

essas práticas representam enquanto criação de espaço e lns

-trumento de luta inseridos na grande batalha polltlca, social

e ideológica que se vem travando no pais na luta pela constru

ção democrática .

O ressurgimento do movimento operário a partir de 1978,

com destaque para o papel representado pelos operários

oriun-dos oriun-dos setores dinâmicos da economia, ao lado da abertura

política que vem ocorrendo nos últimos dez .anos representam

duas faces da mesma moeda na luta hegemônica em que, se um la

do força, o outro cede para não vergar ainda mais sob o peso

dessa força. A caminhada para a democracia e a tarefa de apr!

• •

morar sua teoria e sua pratica e o desafio de todos os seto

-res inte-ressados nessa construção e o caminho

é,

ao lado de

uma participação ampliada, buscar entendê-la como instrumento

.

-e obj-etivo da class-e op-eraria na luta contra a dominaçao qu-e

sobre ela se perpetua.

Se o Brasil Itcaminha para a democracia sob hegemonia I.!

5 .

baral" de que maneira se podem fortalecer 08 setores

popula-res para que tenham papel decisivo na luta pela concretização

de seus interesses pollticOB e 80cia1s?

Construir uma a1 ternat1va de participação popular de b.! .:.

se. democráticas ultrapassa o vanguardismo produtor de pala

-vras de ordem muitas vezes autoritárias e vazias de conteúdo

pOlltico concreto, da mesma forma que busca superar o esponta

nelamo basista que advoga a existência de um saber popular em

estado puro e reivindica para esse senso comum, precariamente

(30)

:.! l

Sendo 05 sindicatos um dos sujeitos coletivos mais re

-presentativos da classe operária e um dos espaços

privilegia-dos no sentido da congregação e das possibilidades de

aquisição da consciência de classe via lutas que patrocina e de

senvolve, julgamos o tema da maior importância, embora reco -"

nheçamos o caráter problemático de se atribuir ao

sindicalis-mo um papel prisindicalis-mordial na questão da formação da consciência

do trabalhador pois não desconhecemos que, do ponto de vista

teórico que optamos por privilegiar,

é

o partido de classe o real instrumento de luta e de organização da classe

trabalha-dora. Não se trata, porém, de excluslvisarmos um ou outro

mesmo porque, no caso brasileiro, sindicato e partido são

du-as instituições que sempre estiveram profundamente embricaddu-as ,

Se pensarmos em termos de novo operariado torna-se mais

dif1-ci1, ainda, essa separação, na medida em que o berço do novo

sindicalismo e da CUT,bem como o das oposições sindicais,{que

deram origem a grande parte dos atuais programas de FS) é t~

bem o berço dos diversos agrupamentos que formam o Partido dos

Trabalhadores • •

As praticas de FS que proliferaram do final da década

de 70 para cá, têm sido uma das formas que os trabalhadores e

esforço • educadores encontraram de ampliar e fortalecer esse

de democracia de base, e cremos que a sua crescente expansao

traça um paralelo, guardadas as devidas especificidades, com

a explosão de atividades de Educação Popular próprias da con- ~,

juntura pré-64, com a diferença que a FS concentra-se em fun-çÃo da classe . operária propriamente dita. A categoria "povo II

é

8ubstitu1da por uma outra de sentido mais estrito e que vem a ser representada por sindicalistas: de militantes de base

a dirigentes. Acrescente-se a isso a grande novidade, e ingr!

diente principal, que

é

a idéia de auto-formação, presente em

• •

algumas das mais significativas praticas de capacitaçao sindi

(31)

22

Não

é

nosso objetivo aqui analisar historicamente essa questão, muito menos traçar uma cronologia ou evolução da fOE

mação (recuperar historicamente a formação, na perspectiva

dos trabalhadores mereceria, no nosso entender, uma pesquisa

à

parte, dadas a riqueza e complexidade do terna) algumas refe rências, porém, se fazem forçosamente necessárias para que

possamos compreender, comparativamente, a peculiaridade da

formação que se consolida no Brasil de meados da década de

80 até o momento desta dissertação.

Programas de educação voltados para a classe operária

em geral e para sindicalistas não são, em sl, propriamente 02

vldade. Historicamente o Estado, a Igreja, 08 partidos pollt!

C08 e os empresários, bem como os próprios operários têm

sem

pre mantido em pauta essa preocupaçao e engendrado iniciati

-vas de formação das mais variadas.

Se nos reportarmos ao inicio do século, encontraremos ,

enquanto durou a hegemonia do movimento anarquista nos meios

operários, uma preocupação muito forte com a formação do

pro-letariado, bem como com a elevação de seu nivel cultural, pre ~.

ocupação que se traduzia no desenvolvimento de uma série de

r

atividades que abarcavam plenamente o politico, o social e o

cultural. A opção pela ação direta, o sonhar libertário, o

vislumbre de uma sociedade sem Estado e na qual os sindicatos

tossem os organismos básicos fizeram com que o movimento

ope-, ,

.

rario da epoca se caracterizasse pelo alto grau de

combativi-A

dade e de efervecência cultural, não se podendo esquecer, por

outro lado, que o Estado sempre esteve presente, junto com o

patronato. engendrando esforços para desarticular essa movimen

tação valendo-se,para isso, tanto da repressão direta quanto

de formas outras de ataque (como a deportação de lideres es

-trangeiros, por exemplo) e mesmo de contra-ataque no

cultural e politico.

plano

(32)

-com a ascensao dos -comunistas manteve-se a preocupaçao -com a

formação havendo, entretanto, um deslocamento do âmbito cultu

ral para o politlco-ldeológlco. Para os comunistas

é

muito importante a atuação dentro dos sindicatos, mesmo os mais rea

clonárlos, pois a obrigação da vanguarda

é

estar onde estão

as massas, e

é

no sindicato, junto com os operários mais av~

çados, que os operários começam a entender toda a complexlda-6

de da luta contra os capitalistas.

Se no caso da formação anarquista a classe trabalhadora

sofreu muita influência dos imigrantes estrangeiros, partlcu-•

larmente italianos e esp~ols, Quando os comunistas passam

a ser hegemônlcos no movimento a grande influência que se re-•

glstra e a da conjuntura internacional, principalmente da

Re-volução Russa que, juntamente com

xistas traduzidos em l!nguas mais

os primeiros

7escritos acess!veis (português

mar

-CO

e

es-penhol) ditam, por assim dizer, os rumos do movimento coloc~

do-se os sindicatos como o centro e o espaço onde o proletar!

ado poderia se reconhecer como classe e se organizar. Segundo

Basbaum, "Dentro dos Sindicatos davam-se cursos teóricos de

marxismo com as deficiências naturais e compreens!veis, uma

vez Que os professores sabiam pouco mais Que o~ alunos. mas despertando assim

tões econômicas ' e

mesmo o interesse 7

politicas.1I

dos operários pelas

ques-Na década de 30, inicia-se uma nova fase no

sindicalismo brasileiro. Os sindicatos por força do atrelamento ao Mi

-nistério do Trabalho passam a ser órgãos de cOlaboração e de

cooperação com o Estado sendo as seguintes, segundo Antunes t

a8 principais restrições Que afetavam diretamente

à

classe

trabalhadora no que diz respeito

à

concepção dos sindicatos como um dos seus mais importantes instrumentos de luta:

na) Proibição do desenvolvimento de atividades pOliticas e

i-deológicas

(33)

c) Veto ao direito de sindicalização dos funcionários públi _

COSj

, B

d) Limite aos operarios estrangeiros nos sindicatos. 11

As tendências presentes no sindicalismo são, além da

comunista, a anarco-sindicalistas e a socialista. No plano da

formação, porém, não podemos esquecer "a criação de um movi

-mento operário católico em âmbito nacional, considerada urgen

te e necessãria, a partir de 1930, (que) teria entre suas

fi-nalidades a de colaborar com o novo Estado ( .•• ) na busca de

soluções para os problemas materiais e culturais dos trabalha

dores, numa ação de caráter nitidamente preventivo contra a

-

i

-

9

-tao tem vel infiltraçao comunista." Encontramo-nos, entao,d!,

ante de não mais apenas dos comunistas atuando no meio mas,

também do Estado e da Igreja Católica, (via Circulos

Operári-os e Ação Católica) que vão continuar a se fazer presentes nas

décadas subsequentes.

Do ponto de vista do movimento operário e de sua

rela-ção com o Estado vamos constatar, dos anos 30 aos 50, a

exis-tência de periodos alternados de pressão e descompressão poli

tica nos quais a classe trabalhadora tentava se organizar, r~

,

.

aietir, bem como se rearrumar frente as exigenclas da econo

-mia, das conjunturas politicas e também em face da nova legl!

lação social e trabalhista e sindical. É um periodo em que a

formação pode ser resumida como formação para a resistência

e para a mobilização em momentos de descompre~são maior,

tor-nando-se dificil, por conseguinte, pensá-la de modo estrito

em conjunturas tão variadas e com os possiveis formadores

co-locados frente

à

frente com tarefas tão complexas como as de resistir, mobilizar-se e organizar-se frente ao seu principal

adversário - a burguesia - tendo, ainda, que posicionar-se

frente a um Estado que precisa da classe trabalhadora para

enfrentar seus outros adversários.

, _ 10

Quanto a formaçao de quadros, Berno de Almeida cita a

(34)

das Escolas de Partido, do PCB, que conjugavam a produção de

textos com cursos sobre marxismo-leninismo e sobre o stalinis

mo, e que eram destinados aos militantes visando

à

elevação de seu nivel ideológico. O pressuposto da existência das bi

-bliotecas e das escolas era o de serem atreladas a um movimen

to politico desenvolvido no interior da classe operária para

transformar a sociedade. Buscavam, em última instância, além

de um reforço

à

estrutura partidária a articulação da teoria com a prática politica, que se pretendia revolucionaria.

O inicio dos anos sessenta

é

um período de intensa movi mentação da classe trabalhadora. Os sindicatos seriam nesse

contexto, conforme as palavras de Weffort, "o 4R poder de um

regime em franca bancarrota mas o preço a pagar seria de sus-11

tentação do regime freando as bases."

A tendência nacionalista que agrupava os socialistas, a

esquerda do PTB e o PCB vanguardeavam o movimento sindical

que se caracterizava por ser combativo mas, ao mesmo tempo

de cúpula, carecendo de bases organizadas que lhes pudessem

dar sustentação. A formação existente nesse periodo foi pes

-quisada por Silvia Manfredi,

dominância, no período de 60

em são Paulo, que contata a

pre-a 64, de práticpre-as de educação

sindical realizadas por uagências externas ao movimento sind!

cal, controladas pelo governo; Tais práticas voltavam-se ora

para os dirigentes sindicais, ora para os associados. A educa

,-

-ção oferecida aos dirigentes era utilizada como um

instrumen-to de perpetuação da estrutura sindical controlada pelo

Esta-dO, ao mesmo tempo que os cursos oferecidos aos associados

tinham o caráter de suplência em relação ao ensino público

o-ficial. 1I12

A pesquisa de Silvia avança, ainda, ao periodo

posteri-or a 64 no qual constata poucas alterações em relação ao peri

odo anterior. Houve mudanças significativas apenas no períOdO

de 1970 a 1974, quando "começavam a ser criados, como parte

(35)

,",

do movimento de resistência ao golpe de 64, os cursos de cap~

citação sindical de iniciativa própria dos sindicatos mais

1 3 · ,

avançados", experiencia que se aprofunda apos 1975,

quan-do "esboça-se uma tendência no sentiquan-do de diminuição de

ofer-tas de cursos de suplência e incremento de cursos, palestras,

seminarios e congressos voltados para as necessidades das

en-14

tidades sindicais. II

A gênese da Formação Sindical, na perspectiva que anal!

saremos a seguir, está na criação das oposições sindicais na,

década de 70, e se relaciona com as iniciativas que citamos

anteriormente, com base no trabalho de totanfredi. Entretanto ,

cremos que a Formação só vai aparecer realmente como prática

sistemática na metade dos anos 80, coincidindo com a

estrutu

-raçao das principais centrais sindicais (com destaque para a

CUT), com a organização de seus departamentos e secretarias de

formação e

à

medida que se estrutura, também. o trabalho da equipe da Escola Sindical do Dieese.

A titulo de ilustração podemos citar uma das principais

conclusões a que chegaram os participantes de um seminário

sobre Formação Sindical realizados em 1982, pelo ILDES -

Ins-tituto Latino Americano de Desenvolvimento Econômico e Social

que, resumidamente, dá conta de que o Brasil mal havia impl~

tado programas de Formação Sindical e, ainda, Que as experiê~

cias em andamento, embora significativas, estavam longe de

expressar uma tendência de que os sindicatos passassem a as

-sumir a formação de Quadros dirigentes e de militantes

inter-mediários e de base como parte de sua estratégia de ação.

As informações mais recentes de que dispomos provêm

duas fontes diversas:

de

1) O relatório do "Seminário Nacional sobre Concepção e Práti

ca Sindical e Experiências de formação Sindical" realizada em

1987, em são Paulo, sob o patrocinio da CUT - Central Única

(36)

de Órgãos para Assistência Social e Educacional e do CEDI

Centro Ecumênico de Documentação e Informação;

;.'/

2) O boletim t!É Fazendo Que se Aprende!', de "equipe da Escola

' )

Sindical do Dieese, de junho de 1988.

O primeiro expõe sucintamente o trabalho das ins titui

-ções que em estados de várias regiões do pais trabalham com

educação sindical e que, ou são estruturalmente vinculadas a ,

CUT, como a sua Secretaria Nacional de Formação, ou

aproxima-se teórica e metodologicamente da orientação dessa central

tanto no que diz respeito

à

concepção de sindicato, no que se relaciona mais especificamente

à

Formação.

quanto

são 24 instituições: umas atuando basicamente com educa

ção sindical, como

é

o caso das escolas constituldas para tal fim (Ex. Escola Sindical 7 de Outubro, de I'lG e Escola Sindi

-cal Margarida Alves, do Paraná) e outras tendo o trabalho no

campo sindical como uma, dentre outras atividades educativas,

que compreendem, assessoria a movimentos de bairros, apoio a

movimentos dos Sem-Terra, documentação, produção de material

didático e de apoio, só para citar algumas.

O boletim do Dieese dá conta da atuação de Sindicatos,

Federação e Associações de Profissionais Que de 1985 a 1987

promoveram atividades de formação nas seguintes modalidades e

quantidades: 27 ' cursos, 26 seminários, 13 encontros, 9 deba

tes, 5 palestras, 4 congressos de trabalhadores, 3 circulos

de estudos e 1 reunião abrangendo um total de 12.045

partici-pantes entre dirigentes, militantes, ativistas, associados e

trabalhadores ' de base, terminologia utilizada pelos próprios

promotores das atividades aqui citadas.

Essas atividades de formação foram realizadas em várias

regiões do paIs sendo que a maior concentração ocorreu, em

ordem decrescente, nos estados abaixo relacionados: I·tinas

Ge-rais, são Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul regis

trando-se atividades também em GOiás, no Distrito Federal, no

(37)

Rio de Janeiro, no Paraná, na Bahia e na Paraiba . •

Uma ressalva que deve ser feita e que estes dados refe _

rem-se apenas àquele grupo de entidades que atendeu à solicita

ção do Dieese de enviar informações sobre atividades de

forma-ção, sabendo-se que, na prática,

é

bem maior o número de sindi catos e entidades afins que realizam atividades dessa natureza.

2. Da Literatura Sobre o Tema.

Uma das dificuldades com as Quais temos tido que lidar

em nosso trabalho, tem sido a da exigUldade de material

teóri-co disponível sobre o assunto. A bibliografia especifica sobre

Formação Sindical com Que contamos consta de uma tese de douto

ramento (Manfredi), de um nÚmero de revista PROPOSTA,

publica-da pela FASE e do relatório do seminário IIConcepção e Prática

Sindical e Experiências de Formação Sindical IIjá anteriormente

mencionado. Este relatório traz mais descrição do que reflexão

teórica mas relaciona, embora em pequeno número, alguns

comen-•

o'

tarios de certa forma analiticos{geralmente vinculados aos

ob-jetivos e às questões mais prementes em discussão entre os Que

fazem FS), que julgamos importante levar em conta nossa

análi-se.

É com base nesses trabalhos que teceremos nossas conside

rações quanto ao estágio em Que se encontra a discussão

teóri-ca relativa à FS relacionando-os, Quando for o teóri-caso, com os

subsidios Que consideramos podem ajudar a dar -conta de nosso

objeto de estudo.

A pesquisa de Manfredi trata-se da primeira tentativa de

resgatar experiências de capacitação ao nivel do movimento sin

dical, em são Paulo, no períOdO que abrange de 1964 a 1978, r~ •

lacionando-a ao movimento operario-sindical e reconstruindo-as

a partir de sua gênese, de sua constituição e de sua dinâmica.

A autora faz uma minuciosa expOSição das experiências da

Referências

Documentos relacionados

Se este produto contiver ingredientes com limites de exposição, pode ser requerido o monitoramento biológico ou da atmosfera do local de trabalho e do pessoal, para determinar

6.1 - Condição para 1ºs condutores e 2ºs condutores/navegadores obterem pontuação nas provas/eventos do CRCM - serão considerados aqueles que tenham licença

 Sobre os tipos de tecidos presentes no leito da lesão, seu aspecto permite inferir se o processo de cicatrização está se desenvolvendo de forma saudável, sendo que em

Art. O gerenciamento dos resíduos sólidos será efetuado pelo gerador e pelos municípios de forma preferencialmente integrada. § 1º A execução dos serviços a cargo

A autora ainda apresenta outras formas de impedimento como a desqualificação do funcionário, que ocorre pela comunicação não aberta, como subentendimentos e

O cinto de 2 pontos é eficaz em colisões laterais, mas em outros tipos pode causar lesões de cabeça e pescoço. O uso inadequado da faixa diagonal pode causar graves

Valdir Pereira Da Silva Ministério Público do Trabalho Valéria Andrade Pedreira Ministério Público do Estado da Bahia Valeria Andrea Ferreira De Lima Ministerio Publico de

Apartamento tipo : Varanda, salas de estar, sala de jantar, 04 quartos sendo 02 suítes, lavabo, circulação, copa, despensa, cozinha, área de serviço, quarto