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Estratégias de internacionalização de organizações não governamentais sem fins lucrativos: um estudo multi-método

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(1)

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

Tese de Doutorado

Estratégias de Internacionalização de Organizações

Não Governamentais Sem Fins Lucrativos:

Um Estudo Multi-Método

(2)

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

Estratégias de Internacionalização de Organizações

Não Governamentais Sem Fins Lucrativos:

Um Estudo Multi-Método

Fernando Martinson Ruiz

Tese apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, em cumprimento aos requisitos para obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas.

Linha de Pesquisa: Estratégia Empresarial

Orientador: Prof. Dr. Fábio Luiz Mariotto

(3)

Estratégias de Internacionalização de Organizações

Não Governamentais Sem Fins Lucrativos:

Um Estudo Multi-Método

Fernando Martinson Ruiz

Tese apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, em cumprimento aos requisitos para obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas.

Linha de Pesquisa: Estratégia Empresarial

Banca Examinadora:

_____________________________

Prof. Dr. Fábio Luiz Mariotto (orientador) FGV-EAESP

_____________________________

Prof. Dr. Tales Andreassi FGV-EAESP

_____________________________

Prof. Dr. Mário Aquino Alves FGV-EAESP

_____________________________

Prof. Dr. Moacir de Miranda Oliveira Junior FEA-USP

_____________________________

(4)

Ruiz, Fernando Martinson.

Estratégias de Internacionalização de Organizações Não Governamentais Sem Fins Lucrativos: Um Estudo Multi-Método / Fernando Martinson Ruiz. - 2012.

309 f.

Orientador: Fábio Luiz Mariotto.

Tese (doutorado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo.

1. Globalização. 2. Associações sem fins lucrativos. 3. Organizações não governamentais. 4. Globalização – Aspectos econômicos. I. Mariotto, Fábio Luiz. II. Tese (doutorado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. III. Título.

(5)

Dedico este trabalho às quatro mulheres da minha vida... Às minhas pequenas e lindas Letícia e Natália, à minha companheira Camila e à minha mãe Carmen.

E ao meu querido e falecido pai, Fernando Ruiz, médico e um grande exemplo para o mundo voluntário e do terceiro setor. Perfis e seres humanos como ele deveriam ser internacionalizados...

(6)

AGRADECIMENTOS

Neste processo longo e contínuo (me arrisco a dizer que durará enquanto eu existir) que tem sido minha formação, gostaria de agradecer às queridas pessoas a seguir.

À minha querida mãe, Carmen, que na ausência de meu pai foi ainda mais mãe, pai, amiga, grande companheira e apoiadora.

Ao meu mestre e orientador, professor Fábio Mariotto, que me orientou não só na tese, mas nas várias disciplinas as quais tive o prazer de assistir como aluno atento.

Ao meu irmão Marcelo, que como já comentei anteriormente em situações especiais, é o grande exemplo que meu pai deixou em vida, como pessoa, ser humano, amigo e irmão. Aos meus queridos “pais paulistanos”, Sérgio Genzani e Heloisa Dupas, por me ajudarem na tese também, mas muito mais por me apoiarem nestes meus já mais de 15 anos de São Paulo, pelos incontáveis momentos felizes e divertidos juntos e por terem “gerado” e educado minha companheira.

Aos professores e/ou profissionais de alguma forma ligados ao terceiro setor Mário Aquino, Maria Tereza Fleury, Clóvis Machado-da-Silva (in memorian), Fernando Rossetti, Fernando Nogueira, Felipe Borini, Isabela Curado, Patrícia Morilha, Carolina de Andrade, Marie Fujisawa, Marcos Amatucci, Carla Nóbrega e Bonnie Koenig pelos depoimentos, dicas e/ou ajuda neste trabalho.

Às ONGs (Habitat, MSF, CDI e Artemisia) e profissionais das mesmas que apoiaram este trabalho e forneceram as informações aqui contidas.

Aos meus vários amigos por toques importantes e apoio em diferentes sentidos: Fábio Fialho, Fausto Cortesão, Ana Paula Carvalho, Carlo Genzani, Flávio Vilani, Leonardo Ribeiro, Jonas Mendes, Jaércio Barbosa, Batista Gigliotti, Tatiana Iwai, Heloisa Montes, Renato de Souza, Fernando Coelho, Gabriela de Brelaz, Augusto Panachão e vários outros que não daria para citar aqui.

(7)

“De absoluto, só a relatividade.”

Albert Einstein

“I libri non sono fatti per crederci, ma per essere sottoposti a indagine.”

(8)

Resumo

Existem mais de 50 mil ONGs internacionalizadas no planeta. Tais entidades são muito importantes para a conscientização da sociedade, para o monitoramento de empresas e órgãos governamentais, para a ajuda na criação de organizações intergovernamentais internacionais, entre outras funções. Entretanto, apesar da internacionalização de empresas e da gestão do terceiro setor serem ambas estudadas há várias décadas, existem poucos trabalhos acadêmicos (especialmente com a lente da área de management) que exploram o cruzamento destes dois temas: a internacionalização de organizações não governamentais sem fins lucrativos. Sendo assim, o principal propósito desta pesquisa é o estudo da seguinte questão de pesquisa: por que as ONGs se internacionalizam e como são definidas as estratégias de internacionalização das mesmas? Após a revisão bibliográfica e entrevistas exploratórias iniciais, realizei pesquisas de campo através de estudos de caso (quatro casos foram estudados) e de uma

(9)

Abstract

There are over 50,000 international non-governmental organizations (INGOs) around the planet. Those entities are very important for a better awareness of society, they monitor corporations and government agencies, they help on the creation of intergovernmental organizations and so on. However, despite the fact that internationalization of companies and

management of the third sector organizations have both been studied for several decades, there are few academic studies (especially with the management lens) that have explored the intersection of these two research fields: the internationalization of NGOs. Therefore, the main purpose of this work is to study the following research question: why do the NGOs go abroad and how are the internationalization strategies defined? After the literature review

and some exploratory interviews, I conducted field research using the case study method (four cases were studied) and a survey (with 367 respondents). The main findings of the study were the perception that, for an NGO, there are more benefits than costs when going abroad, the decision process seems to be quite rational and “economic” motivations are among the most important ones when going international, choosing a partner in this process and choosing the destination countries. The case studies also revealed the strong influence of the social entrepreneur on the internationalization of NGOs. It was identified a strong "emergent"

character in the process of going abroad, as opposed to a planned internationalization strategy. However, it was found that the higher the maturity of the international NGOs, the more is the process of geographic expansion planned. Regarding the networks of the NGOs, it was found that relationships have strong influences on the internationalization movement.

The insights gathered on the survey not only confirmed the impressions we had with the cases, but also pointed out some interesting clues. The main perceived motivations to internationalize an NGO were raising funds abroad, bring best practices and meet needs abroad. Lack of knowledge of legal forms on operating abroad has been identified as the most

important barrier. We also listed the main used criteria on choosing destinations abroad and the main motivators for the use of networks in the process. I have suggested several topics for

(10)
(11)

Sumário

RELAÇÃO DE FIGURAS ... 4

RELAÇÃO DE QUADROS ... 6

RELAÇÃO DE TABELAS ... 7

RELAÇÃO DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS ... 8

1. CONTEXTO E PROBLEMA DE PESQUISA ... 10

1.1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO ... 11

1.2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ... 15

1.3. OBJETIVOS DA PESQUISA ... 18

1.4. JUSTIFICATIVA,IMPORTÂNCIA E OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO ... 20

1.5. DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 22

2. MÉTODOS DA PESQUISA ... 24

2.1. INTRODUÇÃO E PERSPECTIVAS DA PESQUISA ... 25

2.2. UTILIZAÇÃO DA TRIANGULAÇÃO ... 27

2.3. FASES DA PESQUISA ... 31

2.4. DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE PESQUISA ... 32

2.5. CRONOGRAMA DE TRABALHO ... 57

3. REVISÃO DA LITERATURA SOBRE TERCEIRO SETOR E INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ... 59

3.1. INTRODUÇÃO... 60

3.2. SOCIEDADE CIVIL,TERCEIRO SETOR E ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ... 63

3.2.1.INTRODUÇÃO ... 63

3.2.2.DEFINIÇÕES E CARACTERIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR ... 63

3.2.3.PAPÉIS E IMPORTÂNCIA DE ONGS E DO TERCEIRO SETOR... 70

3.2.4.TEORIAS DO TERCEIRO SETOR ... 71

3.2.5.COMPARAÇÕES ENTRE ORGANIZAÇÕES DO SEGUNDO E TERCEIRO SETORES ... 77

3.2.6.HISTÓRICO DO TERCEIRO SETOR NO MUNDO ... 80

3.2.7.PANORAMA DO SETOR NO BRASIL ... 81

3.2.8.TENDÊNCIAS E FUTURO DO TERCEIRO SETOR... 83

3.3. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ... 85

3.3.1.INTRODUÇÃO ... 85

3.3.2.TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ... 85

3.3.3.MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO ... 90

(12)

3.3.8.PANORAMA INSTITUCIONAL E O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO ... 106

3.3.9.EMPREENDEDORISMO INTERNACIONAL ... 110

4. CARACTERIZAÇÃO DE ONGS INTERNACIONALIZADAS E A INTERNACIONALIZAÇÃO DESTAS ENTIDADES ... 113

4.1. INTRODUÇÃO... 114

4.2. CARACTERIZAÇÃO DE ONGS INTERNACIONALIZADAS ... 118

4.2.1.DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ONGS INTERNACIONAIS ... 118

4.2.2.TIPOS E EXEMPLOS DE ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS INTS ... 124

4.2.3.IMPORTÂNCIA DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS INTS ... 132

4.2.4.CRÍTICAS ÀS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS INTERNACIONAIS ... 133

4.2.5.CONTEXTO DE FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DO NÚMERO DE ONGS INTS... 134

4.2.6.ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E DE GESTÃO DAS ONGS INTERNACIONAIS .. 139

4.2.7.ORÇAMENTO DE ONGS INTERNACIONAIS ... 141

4.2.8.CONSIDERAÇÕES GEOGRÁFICAS SOBRE AS ONGS INTERNACIONAIS ... 142

4.2.9.ONGS INTERNACIONALIZADAS PRESENTES NO BRASIL ... 144

4.3. AINTERNACIONALIZAÇÃO DE ONGS ... 145

4.3.1.MOTIVAÇÕES PARA UMA ONG SE INTERNACIONALIZAR ... 146

4.3.2.BARREIRAS E OBSTÁCULOS NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE UMA ONG ... 149

4.3.3.ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE ONGS... 150

4.3.4.DEFINIÇÕES DE PAÍSES DE DESTINO NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE ONGS .. 153

4.3.5.ALIANÇAS E NETWORKS DE ONGS INTERNACIONAIS ... 155

5. APRESENTAÇÃO DOS CASOS E DA SURVEY ... 159

5.1. INTRODUÇÃO... 160

5.2. APRESENTAÇÃO GERAL DOS ESTUDOS DE CASO ... 160

5.3. DESCRIÇÃO DE CADA CASO ... 162

5.3.1.CASO HABITAT FOR HUMANITY INTERNATIONAL ... 162

5.3.2.CASO MSF(MEDECINS SANS FRONTIERES) ... 167

5.3.3.CASO CDI(COMITÊ PARA DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMÁTICA)... 173

5.3.4.CASO ARTEMISIA ... 178

5.4. APRESENTAÇÃO GERAL DA SURVEY... 182

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 187

6.1. INTRODUÇÃO... 188

6.2. MOTIVAÇÕES PARA UMA ONG SE INTERNACIONALIZAR ... 189

6.3. BARREIRAS E OBSTÁCULOS NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE UMA ONG ... 199

6.4. ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE ONGS ... 204

6.5. DEFINIÇÕES DE PAÍSES DE DESTINO NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE ONGS ... 218

6.6. ALIANÇAS E NETWORKS DE ONGS INTERNACIONAIS ... 226

(13)

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 236

7.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 237

7.2. IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS ... 245

7.3. PERSPECTIVAS FUTURAS E SUGESTÕES DE TÓPICOS DE PESQUISA RELACIONADOS 246 FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 251

BIBLIOGRAFIA ... 252

SITES E PORTAIS CONSULTADOS NA INTERNET ... 273

APÊNDICES ... 277

A. CRONOGRAMA COMPLETO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA ... 278

B. PROTOCOLO DOS ESTUDOS DE CASOS ... 279

C. QUESTIONÁRIO DE APLICAÇÃO DA SURVEY ... 291

D. CARTA/E-MAIL DE CONVITE PARA A SURVEY ... 298

(14)

RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1: Foco da Pesquisa – Cruzamento de Dois Campos de Estudo ... 14

Figura 2: Desenho dos Objetivos de Pesquisa ... 20

Figura 3: Perspectivas da Pesquisa ... 25

Figura 4: Formas de Triangulação Utilizadas na Pesquisa ... 30

Figura 5: Fases da Pesquisa ... 31

Figura 6: Desenho do Método da Pesquisa ... 32

Figura 7: Cronograma Macro da Pesquisa ... 58

Figura 8: Organização da Revisão da Literatura ... 61

Figura 9: Perspectiva desta Pesquisa ... 62

Figura 10: Representação dos “Setores” e suas Interconexões ... 67

Figura 11: Teorias da Existência do Terceiro Setor ... 75

Figura 12: Espectro de Engajamento Internacional ... 98

Figura 13: Processo de “Formação de Estratégias” e “Estratégia Emergente” ... 102

Figura 14: O Empreendedor e a Estratégia de Internacionalização ... 112

Figura 15: Crescimento do Número de INGOs ... 136

Figura 16: Estrutura Internacional – Habitat ... 163

Figura 17: Estrutura Organizacional Regional – Habitat ... 164

Figura 18: Missões do MSF no Mundo ... 169

Figura 19: Estrutura Internacional – MSF... 169

Figura 20: Estrutura de Escritórios Administrativos Locais – MSF ... 170

Figura 21: Divisão dos Gastos – por tipo de gasto e por região ... 171

Figura 22: Números e Abrangência do CDI ... 176

Figura 23: Estrutura de Governança – CDI ... 177

Figura 24: Organizações e Iniciativas do Grupo Artemisia International... 181

Figura 25: Estrutura Organizacional – Artemisia Brasil ... 182

Figura 26: Porte da ONG do Respondente (Orçamento Anual) ... 184

Figura 27: Cargo do Respondente, na ONG... 185

Figura 28: Função do Respondente, na ONG ... 186

Figura 29: Atuação Internacional do Respondente ... 186

Figura 30: ONGs Deveriam se Internacionalizar? ... 188

Figura 31: Motivações – ONGs versus Empresas e ONGs versus ONGs ... 189

Figura 32: Fatores Motivadores Ligados ao Isomorfismo ... 190

Figura 33: Motivações (Agrupadas) da Internacionalização de ONGs ... 193

Figura 34: Tipo de Decisão no Processo de Internacionalização de ONGs ... 198

Figura 35: Obstáculos (Agrupados) da Internacionalização de ONGs ... 201

Figura 36: Internacionalização – Planejamento versus Oportunidade ... 206

Figura 37: Nível de Planejamento versus Tempo de Internacionalização ... 209

Figura 38: Influência do Empreendedor na Internacionalização de uma ONG ... 212

Figura 39: Adaptação do Modelo de Andersson para a Realidade das ONGs ... 214

Figura 40: Variação da Influência do Empreendedor com o Tempo ... 215

(15)

Figura 42: Motivações da ONG versus Motivações do Empreendedor... 217

Figura 43: Critério para a Escolha dos Primeiros Destinos na Internacionalização ... 224

Figura 44: Framework de Decisão dos Destinos da Internacionalização ... 225

Figura 45: Internacionalização e Rede de Relacionamentos das ONGs ... 228

Figura 46: Forma de Utilização de Parceiros na Internacionalização... 229

Figura 47: Internacionalização Sem Uso de uma Rede de Relacionamentos ... 230

Figura 48: Internacionalização Usando a Rede ... 231

Figura 49: Framework de Decisão de Internacionalização de uma ONG ... 243

(16)

RELAÇÃO DE QUADROS

Quadro 1: Pesquisa Qualitativa e Pesquisa Quantitativa – Características ... 28

Quadro 2: Casos Escolhidos para Estudo em Campo ... 44

Quadro 3: Fontes de Informações para os Casos ... 46

Quadro 4: Teorias de Internacionalização – Nações, Empresas e ONGs ... 90

Quadro 5: Relação de Artigos que Abordam Mais Diretamente o Tema INGOs ... 117

Quadro 6: Tipificação das ONGs ... 130

Quadro 7: Fontes de Coleta de Dados – Caso Habitat ... 162

Quadro 8: Depoimento de Entrevistado, Transcrito e Codificado ... 166

Quadro 9: História da Organização – Caso Habitat ... 166

Quadro 10: Fontes de Coleta de Dados – Caso MSF... 167

Quadro 11: Depoimento de Entrevistado, Transcrito e Codificado... 168

Quadro 12: História da Organização – Caso MSF ... 173

Quadro 13: Fontes de Coleta de Dados – Caso CDI ... 173

Quadro 14: História da Organização – Caso CDI ... 178

Quadro 15: Fontes de Coleta de Dados – Caso Artemisia ... 178

Quadro 16: História da Organização – Caso Artemisia ... 182

Quadro 17: Depoimento de Entrevistado, Transcrito e Codificado... 191

Quadro 18: Motivações da Internacionalização de ONGs ... 193

Quadro 19: Obstáculos na Internacionalização de ONGs ... 200

Quadro 20: Depoimento de Entrevistado, Transcrito e Codificado... 206

(17)

RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela 1: Entrevistas da Fase Exploratória ... 35

Tabela 2: Codificação das Informações Coletadas nos Casos... 49

Tabela 3: Análise Comparativa entre Empresas e ONGs ... 78

Tabela 4: Teorias de Internacionalização de Empresas ... 86

Tabela 5: Fatores Motivadores da Internacionalização de Empresas ... 92

Tabela 6: Obstáculos na Internacionalização de Empresas ... 94

Tabela 7: Depoimentos na Survey, sobre o Conceito de “ONG internacionalizada” ... 119

Tabela 8: Análise Lexical das Respostas sobre a Definição de “ONG internacionalizada” .. 120

Tabela 9: Siglas Relacionadas a Diferentes Tipos de ONGs ... 129

Tabela 10: ONGs Brasileiras Internacionalizadas Mais Citadas na Survey ... 145

Tabela 11: Panorama dos Casos Estudados ... 161

Tabela 12: Informações Básicas das ONGs Estudadas ... 161

Tabela 13: Estatísticas Gerais da Survey (Amostra) ... 183

Tabela 14: Percepção de Importância dos Fatores Motivadores de Internacionalização ... 195

Tabela 15: Análise Lexical das Respostas sobre Benefícios da Internacionalização ... 197

Tabela 16: Análise Discriminante – Motivações Versus o Perfil dos Respondentes ... 198

Tabela 17: Percepção de Importância dos Obstáculos na Internacionalização ... 202

Tabela 18: Análise Discriminante – Barreiras Versus o Perfil dos Respondentes ... 203

Tabela 19: Motivadores versus Barreiras na Internacionalização ... 204

Tabela 20: Processo de Definição das Estratégias de Internacionalização (Envolvidos) ... 210

Tabela 21: Critérios para a Escolha de Países Destinos ... 220

Tabela 22: Importância Relativa dos Critérios para a Escolha de Países Destinos ... 221

Tabela 23: Análise Discriminante – Escolha de Países Versus o Perfil dos Respondentes ... 223

Tabela 24: Importância Relativa dos Motivadores para o Uso de Redes e Parcerias ... 232

(18)

RELAÇÃO DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não governamentais BINGO – Business-Oriented International NGO ou Big International NGO

CEATS – Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor CETS – Centro de Estudos do Terceiro Setor

CSO – Civil Society Organization DONGO – Donor Organized NGO

ECOSOC – United Nations Economic and Social Council

EMN – Empresas Multinacionais ENGO – Environmental NGO

FASFIL – Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos FMI – Fundo Monetário Internacional

G-7 – Grupo dos Sete (países) G-8 – Grupo dos Oito (países) G-20 – Grupo dos Vinte (países)

GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas GONGO – Government-Operated NGO

GSO – Grassroots Support Organization

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IB – International Business

IGO – Intergovernmental Organizations IMF – International Monetary Fund

INGO – International Non-Governmental Organization

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IS – Independent Sector

ISFL – Instituições Sem Fins Lucrativos

(19)

MANGO – Market Advocacy NGO

MNE/MNC – Multinational Enterprise/Company

MNGO – Multinational Non-Governmental Organization

NGO – Non-Governmental Organization

NPO – Nonprofit Organization

OI – Organização Internacional (também chamada de IGO) OMC – Organização Mundial do Comércio

ONG – Organização Não governamental

ONGI – Organização Não governamental Internacional ONU – Organização das Nações Unidas

OSC – Organização da Sociedade Civil

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público OSFL – Organização Sem Fins Lucrativos

QUANGO – Quasi-Autonomous NGO

RINGO – Religious International NGO

SC – Sociedade Civil

TNGO – Transnational Non-Governmental Organization

TS – Terceiro Setor

UIA – Union of International Associations

UN – United Nations (ONU) WEF – World Economic Forum

WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support WSF – World Social Forum

WTO – World Trade Organization

(20)

1.

Contexto e Problema de Pesquisa

“O homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível.” Platão

(21)

1.1. Introdução e Contexto

Greenpeace – “In 1971, motivated by their vision of a green and peaceful world, a small team of activists set sail from Vancouver, Canada, in an old fishing boat. These activists, the founders of Greenpeace, believed a few individuals could make a difference.” (site da organização) Com sede na Holanda e presente em dezenas de países (escritórios em mais de 40 nações), o Greenpeace possui mais de 2,8 milhões de apoiadores (supporters) no mundo todo.

Por que a organização se internacionalizou?

ANDI – “Contribuir para uma cultura de promoção dos direitos da infância e da juventude [...] através de ações no âmbito da comunicação.” (site da organização) Criada formalmente em 1993, mas atuando desde 1990, a Agência de Notícias dos Direitos da Infância atua hoje em 12 países.

Quais barreiras a organização enfrentou em seu processo de internacionalização?

Red Cross – “Mandated by the international community to be the guardian and promoter of international humanitarian law.” (site da organização) The International Committee of the Red Cross (ICRC), a chamada “Cruz Vermelha”, foi criada em 1863 e tem hoje escritórios em mais de 80 países, atua em mais dezenas de outros e tem mais de 12 mil funcionários.

Quais as estratégias utilizadas pela organização para se desenvolver internacionalmente?

Caritas – “It started with one man in turn of the 19th century Germany. Today Caritas Internationalis is one of the largest networks dedicated to reducing poverty and injustice throughout the world.” (site da organização) A organização Caritas está presente em 164 países, ajuda pessoas de outras dezenas de nações e tem mais de um milhão de funcionários, remunerados e voluntários.

Como foram e são escolhidos os destinos na internacionalização da organização?

Transparency International – “TI’s mission is to create change towards a world free of corruption.” (site da organização) Fundada em 1993, a organização é formada por uma rede de mais de 90 “chapters” nacionais e se relaciona e influência diversos outros elementos da sociedade civil, do governo, do mercado e da mídia internacional.

(22)

Definem padrões de tecnologia e telecomunicações que impactam positivamente toda a população mundial (como o faz a International Telecommunication Union), definem aspectos científicos globalmente aceitos como a definição recente de Plutão ser ou não um planeta (como o fez a International Astronomical Union), definem quais animais estão ou não em extinção (como o fazem várias Environmental NGOs), definem diretrizes para o comércio exterior de virtualmente todas as multinacionais (como a Câmara Internacional de Comércio, de Paris, o faz), influenciam fortemente os estados e organizações intergovernamentais em suas decisões e ações (como o fazem diversas ONGs de advocacy), evitam a morte de milhares, senão milhões, de pessoas em todo o mundo anualmente (como o fazem a Red Cross ou o Médecins Sans Frontières), promovem espetáculos esportivos e de união entre os povos como as Olimpíadas (como o faz o International Olympic Committee - IOC), dentre uma infinidade de outros importantes e fundamentais serviços hoje imprescindíveis para a humanidade... Tais entidades são as organizações não governamentais sem fins lucrativos internacionais, ou as chamadas INGOs (international non-governmental organizations).

O fenômeno da internacionalização de empresas já é estudado pela academia desde meados do século XX (VERNON, 1966; AHARONI, 1966; STOPFORD e WELLS, 1972; HYMER, 1976; JOHANSON e VAHLNE, 1977). Esta área de estudo evoluiu da economia, que se preocupava com o fluxo de comércio entre as nações, para a administração, que passou a preocupar-se mais com o investimento externo direto (IED) e com uma visão gerencialista - com foco nos objetivos empresariais e não no welfare state, visão econômica que foca nos bem estar da sociedade (MARIOTTO, 2007). Desde então, os temas de reflexão da área (que passou a ser chamada international business) têm se diversificado, assim como metodologias utilizadas e “lentes” ou perspectivas de análise.

(23)

setor, gestão financeira de organizações sem fins lucrativos, accountability, estratégias de atuação, formas de captação, gestão de funcionários e voluntários etc (POWELL, 1987).

Entretanto, mesmo sendo ambas as áreas já bem exploradas e estudadas, pouco se vê ou se lê sobre o “cruzamento” entre elas, sob a perspectiva de management. Ou seja, quase não existem trabalhos científicos ou acadêmicos que explorem o tema “internacionalização de organizações do terceiro setor (ou não governamentais)”. Alguns autores internacionais e nacionais que vêm explorando o tema deixam isso claro.

The globalization of NGOs is now fast paced and too prominent to be ignored. Yet the growing multinational third sector appears to be a seriously understudied topic. (LINDENBERG e BRYANT, 2001)

Despite the ever-increasing number of international non-governmental organization (INGOs) [...] the phenomenon of the internationalization of NGOs is seldom taken into account by theorists of globalization. (SIMÉANT, 2005)

[...] Despite the recent upsurge of interest on international non-governmental organization (INGOs), the global third sector is poorly understood, and few comprehensive studies of the sector are available. (BOLI, 2006)

[...] Nenhum estudo aborda a gestão dessas organizações (ONGs) fora das fronteiras nacionais; [...] muito menos reflete sobre a aplicabilidade das teorias tradicionais de internacionalização para essas organizações. [...] duas áreas de gestão (terceiro setor e internacionalização) que até o presente momento não se entrecruzaram no campo das discussões teóricas [...]. (BORINI, 2007)

[…] NGOs have been relatively absent from mainstream scholarly international management and broader business studies literatures and thus they remain significantly less well understood than their for-profit counterparts. (LAMBELL et al., 2008)

(24)

e BRYANT, 2001; SMITH, 2005); 3) e outros estudam o impacto das ONGs nas empresas multinacionais (LAMBELL et al., 2008; DOH, 2003). Entretanto, em nenhum destes estudos o objeto de estudo é a ONG internacionalizada em si. São poucos os estudos que realmente se propuseram a estudar o fenômeno de internacionalização de ONGs com a “lente” de

management, ou seja, sob a perspectiva do gestor da própria organização. Alguns dos poucos autores que tiveram tal perspectiva são McPeak (2001), Power et al. (2002), Koenig (2004a), Simeánt (2005), Boli (2006), Borini (2007) e Kistruck (2008). Estes e outros estudos serão detalhados no capítulo 4.

O presente trabalho visa explorar tal “lacuna” teórica: a internacionalização de organizações do terceiro setor.

Figura 1: Foco da Pesquisa – Cruzamento de Dois Campos de Estudo

Internacionalização de

Empresas

Organizações do

Terceiro Setor

Internacionalização de

Organizações do

Terceiro Setor

Fonte: Autor

(25)

1.2. Formulação da Situação Problema

O fenômeno da globalização das últimas décadas tem sido estudado intensamente pela literatura. O desenvolvimento da tecnologia, dos transportes e da comunicação foram certamente impulsionadores para a aceleração da integração das nações. Mas a globalização vem deixando evidente, e em muitos aspectos acentuando, as desigualdades existentes no planeta, trouxe novas formas de pobreza, instituições globais ainda deficientes e governos nacionais incapazes de responder a necessidades globais (LINDENBERG e BRYANT, 2001; SMITH, 2005). Siméant (2005) sugere que tais aspectos são responsáveis indiretos pelo desenvolvimento das ONGs internacionalizadas. Mas a própria autora afirma que deve haver outros motivadores mais diretos que expliquem a internacionalização de entidades do terceiro setor. Boli (2006) afirma até que o surgimento de um grande número de ONGs internacionais é anterior à globalização recente dos mercados. Neste contexto, o movimento de internacionalização das ONGs é o tema que exploramos nesta pesquisa. O enfoque deste trabalho está nas razões e nas estratégias de internacionalização.

O foco nas razões recai no fato de milhares de organizações do terceiro setor já serem internacionalizadas e tal fenômeno ter sido tão pouco estudado (enquanto há uma vasta literatura sobre empresas multinacionais). Neste sentido, este trabalho pode não só servir para descrever as razões que levaram tais entidades ao estrangeiro, como prover mais informações e subsídio para as (provavelmente outras milhares) entidades que desejam fazê-lo.

(26)

definir a própria sobrevivência da mesma. Anheier e Themudo (2005) comentam que o grande crescimento do número de INGOs superou em muito a expansão do volume de recursos disponíveis (privados e públicos), forçando-as a cada vez mais serem mais eficientes na busca de tais recursos. Da mesma forma, os autores argumentam que as novas tendências globais forçam as INGOs repensarem suas decisões e ações. Pois bem, talvez a grande ferramenta na reflexão sobre novos “caminhos” e na busca por maior eficiência seja a “estratégia”.

O terceiro setor envolve uma diversidade muito grande de organizações. Sendo assim, o foco da pesquisa está nas organizações não governamentais que possuem alguma missão ou causa ligada à sua atuação (causa esta, de interesse para a sociedade em geral e não focada em algum grupo específico). Entendo que tal perfil de entidade tenha mais importância para a sociedade e tenda a ter um maior impacto para o desenvolvimento global. Partidos, clubes e sindicatos, por exemplo, muitas vezes considerados também como parte do terceiro setor (HUDSON, 2004), por tenderem a ser de interesse de um grupo restrito e muitas vezes não possuir uma missão ou causa de atuação, estão fora do escopo deste trabalho. Apesar de ser um termo genérico e sem definição formal, passarei a utilizar o termo “ONG” para me referir às entidades foco de estudo deste trabalho.

Neste contexto, entendo ser de grande valia estudos mais aprofundados sobre os interesses ou motivos que levam as ONGs a se internacionalizarem e acerca do processo de definição de estratégias de internacionalização. Deste panorama deriva a principal questão desta pesquisa...

Por que as ONGs se internacionalizam e como são definidas as estratégias de internacionalização das mesmas?

(27)

termo “estratégias de internacionalização” deve ser interpretado como os meios ou ações definidas ou decisões tomadas para se atingir os objetivos da organização no estrangeiro.

A questão principal de pesquisa pode ser decomposta em algumas perguntas ou indagações mais específicas que também são abordadas no trabalho:

• Quais as motivações que ONGs têm para se internacionalizar?

• Quais as barreiras enfrentadas no processo de internacionalização de ONGs?

• A estratégia de internacionalização de ONGs é um processo emergente/oportunístico

ou planejado/deliberado?

• Como são escolhidos os destinos (países) da internacionalização de ONGs? • Como as ONGs utilizam suas redes e alianças no processo de internacionalização?

Possuir uma questão central de pesquisa e de 4 a 8 perguntas de pesquisas relacionadas parece estar coerente com o que é sugerido pela literatura acadêmica (GIL, 2009; MILES e HUBERMAN, 1984). Além disso, a questão principal e as perguntas ou indagações de pesquisa estão alinhadas com agendas de pesquisas que têm sido sugeridas e reforçadas pela literatura de international business nos últimos anos.

(…) more NGO-inclusive frameworks are needed to account better for the emergence of third sector or civil society actors in the global world. (DOH, 2003)

[...] it is important to revive comparative IB research [...] (SHENKAR, 2004)

(…) NGOs are organizations worthy of analysis in their own right (…) (TEEGEN et al., 2004)

(…) The direct application of MNE-centred IB frameworks to the NGO sector has

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Estas e outras citações mostram que alguns autores defendem a aplicação de frameworks

desenvolvidos para empresas multinacionais à realidade das INGOs. Outros defendem adaptações e comparações entre as duas realidades (empresas multinacionais e INGOs). Ou defendem o estudo das INGOs em si, sem se prender aos modelos já desenvolvidos para a realidade das empresas. O que parece comum é o incentivo ao estudo mais aprofundado do fenômeno de internacionalização de organizações do terceiro setor. Neste trabalho buscaremos tentar mesclar estas três visões, estudando sim as INGOs como objetos de análise únicos e particulares, mas não deixando de aproveitar modelos e teorias já existentes de internacionalização de empresas, adaptando-os quando cabível.

1.3. Objetivos da Pesquisa

Os objetivos da pesquisa estão relacionados à questão principal e às perguntas de pesquisa. Optou-se aqui em ter-se um objetivo mais geral, que englobe de certa forma todas as aspirações deste trabalho, e alguns objetivos específicos que norteiem algumas análises mais detalhadas e que auxiliem em se atingir o objetivo geral do trabalho.

Objetivo Geral:

Levantar, analisar e estudar as razões das ONGs se internacionalizarem e a forma com que as estratégias de internacionalização das mesmas são definidas.

Objetivo Específico 1: Levantar os fatores que motivam a internacionalização de ONGs.

(29)

Objetivo Específico 2: Levantar as barreiras do processo de internacionalização de ONGs. Existem diversos obstáculos que as organizações enfrentam no processo de internacionalizar-se. Quais são as barreiras específicas enfrentadas pelas ONGs?

Objetivo Específico 3: Estudar as estratégias de internacionalização de ONGs, verificando se

é um processo de decisão emergente (oportunístico) ou planejado (deliberado).

À luz de alguns modelos de estratégias de internacionalização de empresas, serão analisadas as estratégias de internacionalização de ONGs.

Objetivo Específico 4: Estudar a forma e o processo de definição de países destino da

internacionalização de ONGs.

Sendo diversas as opções de destinos na internacionalização de uma ONG, estudaremos o processo de escolha de países e os critérios utilizados pelas mesmas.

Objetivo Específico 5: Descrever de que forma as alianças e parcerias de ONGs são

utilizadas no processo de internacionalização.

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Figura 2: Desenho dos Objetivos de Pesquisa

Internacionalização de ONGs

Motivos para Internacionalizar

Barreiras para Internacionalizar

Estratégia de Internacionalização

Processo Emergente versus Processo Planejado

Forma de Utilização da Rede de Relacionamentos Forma de Definição de Países

Fonte: Autor

1.4. Justificativa, Importância e Outras Considerações sobre o Estudo

O leitor pode então perguntar: mas qual é o interesse, a relevância e a originalidade em se estudar “as razões e as estratégias de internacionalização de ONGs”?

Tal indagação é fundamental na medida em que uma pesquisa científica deva procurar ser original, relevante e importante, interessante, com rigor (científico), além de obviamente viável (SELLTIZ et al., 1974; MILES e HUBERMAN, 1984; EISENHARDT, 1989; DENZIN e LINCOLN, 1994; STAKE, 1995; SOARES, 2002; YIN, 2003; GODOI et al., 2006).

A originalidade vem do fato de haver pouquíssimos estudos do tipo com a perspectiva de

(31)

estratégia também tem caráter original, especialmente no Brasil, onde ainda não houve estudos científicos similares. A utilização da triangulação de métodos de pesquisa, a ser detalhada no capítulo 2, também pode ser citada como original em estudos no tema.

O caráter interessante obviamente depende muito do ponto de vista do leitor. Mas entendo que de muito interessante há primeiro o fato de estudarmos um objeto (ONGs internacionais) que cada vez é mais presente e impactante na sociedade mundial, como já citado em vários exemplos. Segundo, o fato de estudarmos tal objeto com a perspectiva do gestor (da ONG), e não da sociedade, do bem estar comum etc. Os casos estudados também são interessantes por si só. E, finalmente, pela intenção de esta pesquisa também dar um panorama histórico e atual sobre ONGs internacionalizadas.

(32)

importante “ferramenta” na busca de maior eficiência e até sobrevivência, e por serem as primeiras e mais importantes reflexões que uma ONG deva fazer quando decide se internacionalizar já que tal movimento provavelmente será muito impactante na trajetória e desempenho da organização.

Quanto ao rigor, a aplicação de método científico é a principal ferramenta neste sentido. Sendo assim, dedico o próximo capítulo todo para o detalhamento do método que, em minha visão, é adequado não só aos objetivos da pesquisa mas aos princípios de uma pesquisa científica.

Quanto à viabilidade financeira, de tempo e recursos, acredita-se que dados os objetivos da pesquisa, os métodos escolhidos e a disponibilidade de tempo do pesquisador, conseguiu-se realizar o trabalho com base nos objetivos propostos.

1.5. Delimitações do Estudo

Os temas “internacionalização de organizações” e “gestão do terceiro setor” são muito abrangentes para um estudo científico aprofundado e relevante. Desta forma, a seguir é apresentada uma delimitação mais clara da pesquisa.

• Quanto ao setor: não são abordadas questões sobre o primeiro setor (governo),

segundo setor (empresas com fins lucrativos) e quarto setor (setor informal da economia). O foco do trabalho é o terceiro setor.

• Quanto ao objeto de estudo: a unidade de análise desta pesquisa é organização

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• Quanto ao tipo de entidade do terceiro setor: dentre os diversos tipos de entidades, as

que são foco de estudo neste trabalho são as organizações não governamentais ligadas a alguma missão ou causa de atuação, causa esta com relevância para a sociedade no sentido mais amplo e não para um grupo específico (chamaremos tal entidade de ONG).

• Quanto ao tema internacionalização: sendo o tema internacionalização

demasiadamente complexo e multifacetado, delimita-se aqui o trabalho como tendo o enfoque em estratégias de internacionalização.

• Quanto à perspectiva de análise: como já descrito anteriormente, a perspectiva ou

“lente” de análise é a de gestão (management). Mesmo que às vezes citadas, não são enfocadas outras perspectivas como a de relações de estado (relações internacionais), relações de poder e autoridade (ciência política), de movimentos sociais e relações de indivíduos (sociologia), abordagens culturais (antropologia) etc.

Quaisquer outras formas organizacionais, temas de estudo do campo de internacionalização ou perspectivas de estudo diferentes das descritas acima estão fora do escopo desta pesquisa.

(34)

2.

Métodos da Pesquisa

“É necessário que duvidemos, tanto quanto for possível, de todas as coisas [...]

Cogito ergo sum (Penso, logo existo).” René Descartes

(35)

2.1. Introdução e Perspectivas da Pesquisa

O presente capítulo dedica-se a descrever as perspectivas, os métodos e procedimentos adotados nesta pesquisa. Em um trabalho científico é importante que se deixe claro qual é a perspectiva metodológica em que o pesquisador se baseará (DENZIN e LINCOLN, 2000; GIL, 2009; GODOI et al. 2006). Para tal, as visões ontológica, epistemológica, teórica, metodológica e procedimental são descritas a seguir. A figura sugere uma classificação hierárquica na medida em que o pesquisador deve tomar as decisões paradigmáticas ou metodológicas da base da pirâmide para o topo da mesma. Ou seja, somente definida a perspectiva ontológica é que se define a visão epistemológica, seguida pelas teorias, estratégias e procedimentos de pesquisa.

Figura 3: Perspectivas da Pesquisa

Visão funcionalista/objetivista

Realidade existe.

Sujeito e objeto são separados.

Visão positivista/pós-positivista

Realidade/Conhecimento pode ser “captado” e “entendido” através de métodos adequados.

Gestão de ONGs/3º Setor Internacionalização de Empresas Estratégia / Networks

Entrevistas exploratórias Estudos de caso múltiplos Levantamento (survey)

Entrevistas, observações, análise de documentos, análise de imagens e vídeos, depoimentos, survey etc.

Ontologia / Paradigma de Pesquisa Epistemologia

Teorias Estratégia de

Pesquisa Procedimentos

de Pesquisa

Fonte: Autor, com base em diversas referências de metodologia de pesquisa

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Perspectiva Ontológica

A premissa ontológica da pesquisa é a de que há uma realidade organizacional objetiva e ambientes “reais” nos quais as organizações atuam. Além disso, admite-se que tais organizações e ambientes são independentes da interpretação de cada ator. Ou seja, admite-se aqui uma perspectiva funcionalista/objetivista (BURRELL e MORGAN, 1979; HASSARD, 1991).

Perspectiva Epistemológica

Estando a epistemologia relacionada com a perspectiva do que podemos saber e aprender sobre o mundo e do como podemos aprender (MARSH e STOKER, 2002), a visão aqui adotada é a positivista, a qual sugere que é possível absorver-se conhecimento e informações através da aplicação de um método científico adequado e que o objeto estudado e os atores são independentes (MARSH e STOKER, 2002). Ressalta-se aqui que o fato de a pesquisa ter uma perspectiva positivista não acarreta necessariamente só o uso de métodos quantitativos (DENZIN e LINCOLN, 2000; YIN, 2003). Este trabalho, ao contrário, adotará métodos qualitativos e quantitativos, explicitados mais adiante. Tal fato também revela uma tendência pós-positivista do pesquisador deste trabalho, reconhecendo não só a validade e riqueza de métodos qualitativos (em complemento aos quantitativos), mas reconhecendo que talvez somente parte da realidade possa ser absorvida e compreendida (DENZIN e LINCOLN, 2000) pelo pesquisador.

Perspectiva Teórica

(37)

Perspectiva Metodológica

Foram utilizadas basicamente três estratégias (ou métodos) de pesquisa neste trabalho: entrevistas exploratórias (esta por si só não é uma estratégia de pesquisa, mas sua inclusão será explicitada mais a frente, na seção 2.4), estudos de caso múltiplos e levantamento de percepções (survey). Todas serão mais bem detalhadas na seção 2.4, de métodos de pesquisa empírica.

Perspectiva Procedimental

Os procedimentos de coleta de dados dependem da estratégia de pesquisa adotada. Neste trabalho foram utilizadas entrevistas, análise documental e observação, além dos procedimentos necessários para a realização de uma survey. Cada um destes procedimentos será mais bem detalhado adiante, também na seção 2.4.

2.2. Utilização da Triangulação

(38)

método qualitativo e seguem utilizando a abordagem quantitativa como única forma de pesquisa.

Cada uma das abordagens possui suas características próprias e que são complementares. A pesquisa qualitativa busca identificar a presença ou não de certo atributo ou objeto relacionado ao fenômeno sendo observado, enquanto a quantitativa mensura este atributo, medindo seu grau de presença ou atuação. O quadro a seguir resume as principais características de cada uma das pesquisas.

Quadro 1: Pesquisa Qualitativa e Pesquisa Quantitativa – Características

Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa

interpretativa descritiva

motivos conclusões

meios fins

nuances generalizações

origem holística origem empirística

normalmente não utiliza estatística utiliza estatística

mais subjetiva mais objetiva

predomínio da indução predomínio da dedução

Fonte: Creswell, 1994

(39)

Com relação à teoria, o método quantitativo tem o objetivo de comprová-la ou testá-la e, portanto, a coloca desde o início do estudo. No método qualitativo, diferentemente, a teoria pode também ser desenvolvida ao longo do estudo e deve ser o resultado deste último (CRESWELL, 1994), característica que faz com que o pesquisador tenha maiores chances de realizar uma nova descoberta. Soares (2002) cita aplicações para as quais a pesquisa qualitativa seria mais apropriada:

• Interpretar dados, fatos e teorias;

• Descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema; • Obter dados psicológicos de um indivíduo ou grupo;

• Analisar e buscar a explicação da interação entre variáveis;

• Situações onde se faz necessário a substituição de dados estatísticos por observações

qualitativas;

• Apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formulação de opiniões

de determinado grupo.

Nesta pesquisa foram utilizados métodos qualitativos e quantitativos. Buscou-se com a utilização dos métodos qualitativos, o entendimento maior do fenômeno de internacionalização de ONGs, a compreensão do contexto influenciando nas decisões, a identificação de novas perguntas de pesquisa, a exploração de “nuances” e particularidades de algumas ONGs e a geração de hipóteses a serem testadas em pesquisas futuras. Com a utilização do método quantitativo buscou-se tornar as análises mais objetivas e os resultados mais conclusivos e com maior poder de generalização.

(40)

abordagem de pesquisa. Primeiramente eles propuseram cinco razões pelas quais se deve combinar mais de um método em uma pesquisa: confiabilidade (buscar uma maior convergência de resultados); complementaridade (suscitar diferentes aspectos do fenômeno); desenvolvimento (ajudar na aplicação de outro método); iniciação (indicar contradições e novas perspectivas); expansão (fornecer um aumento de escopo para o estudo).

A triangulação foi utilizada primeiramente através da aplicação de diferentes métodos de pesquisa: entrevistas exploratórias, estudos multi-casos e a survey (levantamento). Mas é importante se dizer aqui que a mistura de estratégias (ou métodos) de pesquisa não é a única forma de triangulação. A triangulação pode ser feita com a utilização de dados primários e secundários, por exemplo. A coleta de dados pode ser feita por mais de um pesquisador, o que também caracteriza outra forma de triangulação. Os procedimentos de coleta de dados (entrevistas, observações, documentos etc) também podem ser conjuntamente utilizados buscando maior confiabilidade na coleta de dados (DENZIN, 2000). As formas de triangulação utilizadas nesta pesquisa são ilustradas a seguir.

Figura 4: Formas de Triangulação Utilizadas na Pesquisa

Dados secundários

Dados primários

Triangulação de tipos de dados/informações

Entrevistas Documentos

Triangulação de procedimentos

Entrevista 1, Entrevista 2

etc

Documento1, Documento 2

etc

Triangulação de fontes de informações

Estudos

de casos Survey

Triangulação de tipos de métodos

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2.3. Fases da Pesquisa

Mesmo não sendo totalmente independentes, a organização de uma pesquisa em fases ajuda a estruturar e controlar as atividades que devem ser realizadas. Desta forma, o trabalho foi dividido em quatro fases, cada uma delas com objetivos e atividades bem definidas. A fase inicial teve o objetivo de determinação da questão e perguntas de pesquisa, bem como a “validação” ou discussão dos objetivos de pesquisa com outros pesquisadores. A fase exploratória foi baseada na revisão da literatura sobre o tema da pesquisa e na realização de algumas entrevistas exploratórias com o objetivo de obtenção de maior entendimento sobre os fenômenos da pesquisa. Ela serviu também para um refinamento das perguntas de pesquisa e dos objetivos do trabalho. Na terceira fase, principal etapa de estudo empírico, foram realizados estudos de caso múltiplos e o levantamento (survey). Finalmente, na última fase foram analisadas e consolidadas todas as informações de campo (dados primários) e da literatura (dados secundários), tendo-se elaborado as conclusões de pesquisa.

Figura 5: Fases da Pesquisa

Fase Final

Consolidação das informações Análise e considerações finais Redação e revisão

Fase de Estudos de Campo

Estudos de caso múltiplos Levantamento (survey)

Fase Exploratória

Revisão da literatura Entrevistas exploratórias

Fase Inicial

Problematização da pesquisa Preparação e validação do projeto

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2.4. Descrição dos Métodos de Pesquisa

A esquematização do método de pesquisa ajuda a explicitar os procedimentos de um trabalho científico. Sendo assim, a seguir é apresentado o “Desenho do Método de Pesquisa”. Nele é sugerido que o estudo e o cruzamento de dados secundários e primários levaram às respostas da questão principal da pesquisa.

Figura 6: Desenho do Método da Pesquisa

Artigos e trabalhos nacionais e internacionais

relacionados ao tema.

Desenho do Método de Pesquisa

Base Teórica

Dados Secundários

Pesquisa de Campo

Dados Primários

Estudo de campo com INGOs.

Entrevistas Estudos de casos

Survey

Por que as ONGs se internacionalizam e como são definidas as

estratégias de internacionalização das mesmas?

Fonte: Autor

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obtidas em campo. Os dados secundários foram basicamente explorados nas fases 1 e 2 da pesquisa e foram obtidos basicamente através das seguintes fontes:

• Disciplinas e pesquisas realizadas na FGV (Brasil); • Disciplina e pesquisas realizadas na FEA/USP (Brasil);

• Disciplinas realizadas em universidade no exterior (Babson College/Estados Unidos); • Pesquisas em bibliotecas no Brasil e no exterior (Harvard e MIT/Estados Unidos); • Literatura acadêmica (artigos, ensaios, livros etc - grande parte internacional). Para o

acesso à mesma foram consultadas diversos databases: EBSCO, Proquest, Science Direct, Social Science Research Network, JSTOR, Periódicos CAPES, entre outros;

• Relatórios de institutos, centros e outros órgãos ligados ao tema da pesquisa (ABONG,

GIFE, CEATS, UIA etc);

• Seminários e palestras relacionadas ao tema;

• Internet (artigos de mídia e outros veículos, portais etc); • Outras fontes que surgiram no decorrer da pesquisa.

Já a pesquisa empírica ou coleta de dados primários estava concentrada nas fases 2 e 3. Como já mencionado, os métodos ou estratégias de pesquisa empírica utilizados neste trabalho foram: entrevistas exploratórias, estudos multicasos e levantamento (survey).

MÉTODO 1: ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS

(44)

podem revelar análises pessoais mais aprofundadas; pode-se realizar sondagens dos entrevistados; evitam a barreira de normas sociais quando se expõe o respondente a um grupo ou situação desconfortável (como em grupos de foco, por exemplo); permite a compreensão detalhada de um fenômeno complexo; taxa de resposta 100%, contrastando com a usual baixa taxa de envio/recebimento de questionários; oportunidade de deixar claras as questões perguntadas ao respondente, em oposição à survey; flexibilidade nos dados obtidos, já que se pode colher informações extras às escritas no roteiro de entrevista; técnica qualitativa muito eficiente para se levantar novos aspectos e fatores, além de identificar opiniões de especialistas (MALHOTRA, 2001; SELLTIZ et al., 1974).

Neste trabalho em específico busquei com as entrevistas entender mais sobre o fenômeno de internacionalização de ONGs, ouvir depoimentos sobre a proposta de pesquisa apresentada e buscar refinamentos e ajustes, delimitar mais o escopo da pesquisa e refinar as questões que seriam estudadas. Além disso, procurei obter indicações de bibliografias ainda não consultadas, obter contatos de profissionais e acadêmicos que poderiam agregar algo relevante ao estudo e sondei com os entrevistados algumas opções de ONGs para os estudos de caso múltiplo.

Como este método fez parte da fase exploratória da pesquisa, não busquei caracterizar formalmente e detalhadamente o público entrevistado. Entretanto, buscaram-se os seguintes perfis de entrevistados: acadêmicos e pesquisadores ligados de alguma forma aos temas “internacionalização” ou “gestão do terceiro setor”; gestores de ONGs internacionalizadas; voluntários e outros funcionários de ONGs internacionalizadas ou; profissionais ligados a organizações que lidam com o terceiro setor (GIFE, ABONG, CEATS etc).

(45)

quando aceitavam participar da pesquisa, as entrevistas foram feitas via telefone ou por visitas nos escritórios e locais de operação.

Buscou-se realizar entrevistas abertas, dando liberdade ao entrevistado de colocar suas opiniões, visões e contrapontos. Sendo assim, não foi elaborado, para esta fase, um roteiro estruturado de entrevista, tendo-se utilizado uma forma bastante aberta de condução das entrevistas.

O período de realização de entrevistas exploratórias desta pesquisa se estendeu desde o final de 2008 até os primeiros meses de 2010. A tabela a seguir apresenta os entrevistados da fase exploratória, suas organizações de origem e data do contato com o entrevistado. Os nomes dos entrevistados foram omitidos aqui para preservar a imagem dos mesmos.

Tabela 1: Entrevistas da Fase Exploratória

No Data Entrevistado Organização

1 set/08 Professora da FEA e Pesquisadora do CEATS FEA-USP

2 06/out/08 Coordenadora de Imprensa e Comunicação MSF

3 08/out/08 Coordenadora de Captação - Costa Rica Habitat Humanity Int.

4 mai/09 Ex-diretora Executiva - Brasil MSF

5 jun/09 Membro do CEDEA e ex-CETS FGV-SP

6 03/ago/09 Presidente - Secretário Geral GIFE

7 20/ago/09 Professor e profissional do terceiro setor ex-CDI / FGV-SP 8 04/ago/09 Presidente da Going International, organização que assessora ONGs Going International

9 17/set/09 Diretor de RH e Financeiro CDI

10 22/set/09 Coodenador de Projetos CDI

11 09/mai/10 Ex-Instituto C&A e ex-Save the Children ex-Rede ANDI

12 10/mai/10 Desenvolvimento Institucional e Internacional ABONG

13 18/mai/10 Ex-Abong INESC

Fonte: Autor

Em linha com os objetivos pretendidos com a aplicação deste método, seguem alguns insights

(46)

• O tema geral da pesquisa foi bem aceito e visto como importante lacuna, tendo gerado

boas expectativas dos entrevistados com relação aos resultados;

• Algumas indagações de pesquisa do primeiro pré-projeto elaborado estavam

inadequadas na visão dos entrevistados, por envolver temas não diretamente relacionados ao propósito desta pesquisa. As indagações da pesquisa foram então revistas;

• Os métodos de pesquisa propostos (estudos de caso e survey) pareceram adequados

para os objetivos da pesquisa segundo o público entrevistado. Alguns entrevistados sugeriram que o método historiográfico, anteriormente planejado neste trabalho, seria de difícil aplicação. Tal fato contribuiu para optarmos em não realizar a análise historiográfica, análise esta que não contribuiria significativamente para se atingir os objetivos desta pesquisa;

• Alguns entrevistados sugeriram trazer maior riqueza ao trabalho com o estudo de mais

de um caso. O formato de estudo de caso anteriormente imaginado (caso único) foi remodelado para o formato multicaso;

• A escolha dos casos finais a serem estudados sofreu influência dos entrevistados, que

deram bons insights com relação à escolha de algumas ONGs;

• Foram recomendadas algumas importantes referências de bibliografia para uso na tese,

além de alguns nomes de profissionais (que foram posteriormente abordados) ligados ao terceiro setor e/ou aos casos estudados.

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MÉTODO 2: ESTUDOS DE CASO MÚLTIPLOS (MULTICASO)

Considerando que dentre os objetivos desta pesquisa estão aprofundar cientificamente o tema (ainda pouco explorado no campo de management) e se levantar novas hipóteses, proposições e questões para pesquisas futuras (SELLTIZ, 1974), além de gerar teoria (EISENHARDT, 1989), o presente estudo deveria contar com um método qualitativo. O estudo de caso é um método qualitativo utilizado para se conhecer mais sobre um fenômeno, analisar-se as várias complexidades envolvidas e “aprender-se” mais com os casos escolhidos (STAKE, 1995). É uma estratégia de pesquisa na qual o pesquisador “mergulha” no fenômeno de forma a entendê-lo de maneira mais aprofundada (GIL, 2009). Yin (1994) afirma que o estudo de caso é o melhor método a ser utilizado quando a questão de pesquisa é do tipo “como” e quando não se necessita controle do ambiente por parte do pesquisador. Todas estas características estão presentes neste trabalho e, portanto, sugerem que a aplicação do método de estudos de casos se aplica bem.

(48)

reconhecido como um importante método de pesquisa científica (DENZIN e LINCOLN, 2005; EISENHART e GRAEBNER, 2007). A seguir são apresentadas algumas definições deste método bastante citadas pela literatura.

O estudo de caso qualitativo é uma descrição holística e intensiva de um fenômeno bem delimitado (programa, instituição, pessoa etc). (MERRIAM, 1988)

Um estudo de caso é uma investigação empírica que estuda um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos [...] (YIN, 2003)

[...] é o estudo profundo de uma simples unidade em que o objetivo do pesquisador é elencar características de uma classe mais ampla de fenômenos similares. (GERRING, 2007)

Além disso, Yin (1994) faz algumas colocações com relação às vantagens e cuidados na utilização de estudos de caso em pesquisas científicas.

O estudo de caso é provavelmente o melhor método para se estudar fenômenos organizacionais. [...] As ditas fraquezas do método de estudo de casos vêm da aplicação do mesmo sem nenhum método ou protocolo. (YIN, 1994)

Deste modo, o autor defende que a utilização de um método estruturado faz do estudo de casos uma estratégia de pesquisa muito confiável e reveladora. A estruturação do método utilizado na presente pesquisa será explicitada mais adiante.

(49)

Um estudo de caso pode ser do tipo intrínseco ou instrumental, dependendo se a ênfase maior é no próprio caso (intrínseco) ou nas questões a serem exploradas (instrumental) através do caso (STAKE, 1995). Na presente pesquisa a ênfase é na análise e nas questões a serem exploradas (e não no caso específico em si), de modo que é um estudo de caso (na realidade multicaso) do tipo instrumental.

Quanto aos objetivos, um estudo de caso pode ser descritivo, interpretativo ou avaliativo, segundo Merriam (1988). Enquanto o primeiro é basicamente um relato bastante detalhado de um fenômeno e de seu contexto, o último propõe avaliar algum tipo de programa ou iniciativa. Já o estudo de caso interpretativo, segundo a autora, além de possuir uma rica descrição do(s) objeto(s), tem a intenção também de buscar padrões nas informações, identificar categorias e gerar ou contrapor teorias. Eisenhardt (1989), além de defensora deste tipo de estudo de caso, é um dos principais nomes que buscou caracterizar e dar diretrizes para a aplicação deste tipo de caso. Não se teve a pretensão de testar ou refutar teorias neste trabalho. Ao contrário, o foco foi na descrição e interpretação buscando gerar novas teorias. Gil (2009) denomina este tipo de estudo como explicativo mas aponta as mesmas características. O estudo de caso interpretativo (ou explicativo), gerador de teorias, é justamente o tipo de estudo de caso adotado neste trabalho.

A estratégia de pesquisa “estudo de caso” pode ser aplicada a um ou mais casos (estudo multicaso ou estudos de caso múltiplos), dependendo de alguns fatores como capacidade do caso simples em atender todos os objetivos da pesquisa, tempo e recursos disponíveis ao pesquisador, necessidade de análises comparativas etc. Neste trabalho optou-se pela realização de multicaso pelos seguintes motivos:

• Há uma grande variedade de tipos de organizações internacionais (BOLI, 2006), o que

(50)

• Tempo e disponibilidade do pesquisador em poder ter estudado mais casos no período

proposto;

• Possibilidade de comparação entre os casos a serem estudados, o que seria impossível

num estudo de um só caso (EISENHARDT, 1989; GIL, 2009);

• Maior possibilidade de generalização “analítica”, já que mais particularidades e

influências de contextos são estudadas e comparadas em um estudo multi-caso (GLASER e STRAUSS, 1967);

• Possibilidade de se estudar de maneira profunda casos com características e contextos

diferentes;

• As evidências encontradas num estudo de casos múltiplos são consideradas mais

convincentes do que num estudo de caso único (EISENHARDT, 1989; GIL, 2009).

É fundamental que o objeto ou unidade de análise esteja bem claro num estudo de caso. Na presente pesquisa o objeto de análise são as organizações não governamentais internacionalizadas e suas estratégias de internacionalização. Pode-se ainda citar as subunidades de análise, que também são estudadas numa pesquisa e auxiliam na compreensão da unidade principal de análise (YIN, 1994): as filiais brasileiras de tais organizações internacionais; a rede de parcerias nacionais e internacionais das organizações; a matriz mundial da organização; o corpo diretivo, ou parte dele, das organizações internacionais.

O seguinte perfil mínimo era desejado para os casos ou organizações estudadas:

• Que a organização tivesse características claras de uma ONG, organização não

governamental, sem fins lucrativos;

• Que a organização tivesse presença internacional (sejam escritórios de captação,

unidades de operação ou unidades administrativas);

• Que existisse relativamente bastante material secundário disponível para estudo (sites

(51)

• Que a organização permitisse o acesso na forma de entrevistas, coleta de depoimentos

e análise de documentos.

Quatro organizações não governamentais internacionais foram estudadas aplicando-se o método do estudo de caso. A escolha do número de casos (quatro) se baseou nos seguintes fatos:

• A literatura associada ao método multicaso recomenda entre dois e oito casos de

estudo, para que haja possibilidade de comparações, mas também que não haja uma coleta de dados impraticável de ser analisada (EISENHARDT, 1989);

• O tempo e recursos disponíveis pelo pesquisados eram adequados para o estudo de

quatro casos;

• O número permitia que fossem escolhidos alguns segmentos relevantes (em número

total de ONGs no mundo) de atuação de ONGs (relevância apontada por Boli (2006));

• Quatro casos também permitiam que fossem feitas comparações relativas entre grupos

de ONGs com perfis diferentes (ex: origem brasileira versus origem internacional, internacionalização madura versus internacionalização recente etc).

Por ser o estudo de caso uma estratégia de pesquisa muito sensível ao planejamento, é importante descrever, passo a passo, a operacionalização do método, além do protocolo de estudo, já comentado como parte fundamental do estudo de caso. Tal processo será descrito a seguir através dos seguintes itens recomendados por Yin (1994), Eisenhardt (1989), Stake (1995), Gil (2009) e Godoi et al. (2006):

• Habilidade do investigador;

• Questões para o estudo em campo (issues); • Casos escolhidos para análise;

Imagem

Figura 1: Foco da Pesquisa – Cruzamento de Dois Campos de Estudo
Figura 2: Desenho dos Objetivos de Pesquisa  Internacionalização de ONGs Motivos para Internacionalizar Barreiras para Internacionalizar Estratégia de Internacionalização Processo Emergente versus Processo Planejado Forma de Utilização da Rede de Relaciona
Figura 3: Perspectivas da Pesquisa
Figura 4: Formas de Triangulação Utilizadas na Pesquisa
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Referências

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