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Avaliação clínica da saúde bucal de crianças com neoplasias malignas atendidas no Hospital Infantil Varela Santiago em Natal-RN

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(1)

MANUEL ANTONIO GORDÓN NÚÑEZ

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS

COM NEOPLASIAS MALIGNAS ATENDIDAS NO HOSPITAL

INFANTIL VARELA SANTIAGO EM NATAL - RN

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

PROGRAMA DE ESTUDANTE CONVÊNIO – PG/CAPES

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – REPÚBLICA DO PANAMÁ

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS

COM NEOPLASIAS MALIGNAS ATENDIDAS NO HOSPITAL

INFANTIL VARELA SANTIAGO EM NATAL - RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Patologia Oral

Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto

(3)

Catalogação da publicação.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede.

Divisão de Serviços Técnicos

Gordón Núñez, Manuel Antonio

Avaliação clínica da saúde bucal de crianças com neoplasias malignas atendidas no Hospital Infantil Varela Santiago em Natal - RN / Manuel Antonio Gordón Núñez.__Natal (RN), 2001.

142 p. : il.

Orientador: Leão Pereira Pinto

(4)
(5)
(6)

In memória:

Pelo amor, a confiança e compreensão que sempre me

ofereceram em vida e pelo amor e proteção, que qual Anjos da

Guarda, continuam a me oferecer a cada dia, dedico mais uma

vitória da minha vida ao meu pai

Fernando Antonio Gordón

Torres

e a meu avô

Enrique Núñez Jaramillo

.

(7)

AGRADECIMENTOS

(8)

Deus:

(9)
(10)

Aos meus irmãos

Fernando Enrique, Julio César, Jorge

Alberto

e

Gloria Gardenia

pelas tantas coisas a que tiveram que

renunciar para dar-me a oportunidade de seguir em frente. Pelo

amor e a união fraternal que caracteriza a nossa existência lhes

agradeço e amo como o maior presente que nossos pais tem me

dado.

Aos meus avos

Enrique Núñez Jaramillo, Maria

Dominga García de Núñez, Marcelino Gordón

e

Rosalia

Torres de Gordón

que como verdadeiros valuartes de amor,

honestidade e perseverança, têm servido como vivo exemplo na

minha vida.

Aos meus sobrinhos

Adonis, Donaldo, Astrid, Oscar,

Kimberly, Maria Fernanda, Fernando Antonio

e

Fernando

Enrique,

que apesar da tenra idade e sem precisar de palavras,

têm me mostrado com ações a importância do amor.

Aos meus tios, primos e amigos, meus fiéis torcedores, muito

obrigado.

(11)
(12)
(13)

À Profa

. Dra. Roseana de Almeida Freitas

, exemplo de

equilíbrio profissional e humano. Por mostrar- me com suas ações,

que para ser bom não só é importante o conhecimento acadêmico,

mas também é preciso saber escutar para ser escutado e falar

sempre analisando e respeitando as opiniões dos outros.

Ao Prof. Dr

. Antônio de Lisboa Lopes Costa

, pelos

conhecimentos oferecidos e pela paixão que imprime na sua tarefa

de educador, defendendo suas idéias de forma férrea e o mais

importante, pelo jeito simples e agradável com que supera as

barreiras da relação professor- aluno, fazendo dessa convivência

uma verdadeira amizade. Muito obrigado “Costinha”.

(14)

À Profa. Dra.

Cláudia Roberta Leite de Figueiredo,

que

com o seu jeito simples de ser e exuberante inteligência me mostrou

que o importante não é o que somos e sim a bagagem intelectual e

ética que levamos no interior.

À Profa. Dra.

Lélia Maria Guedes Queiroz,

pelos

conhecimentos oferecidos, pela compreensão e atenção gentilmente

dispensada.

À Profa. Dra.

Patrícia Teixeira Oliveira

, por ter trilhado

junto a mim boa parte do caminho da minha formação

profissional, pela compreensão e a incondicional disposição de me

dar apoio sempre que foi preciso. Muito do que consegui como

pesquisador foi graças a você e lhe agradeço de coração.

(15)

“Os amigos verdadeiros junto à família são o alicerce de todo

e qualquer empreendimento que fazemos em nossas vidas”. É muito

bom saber que eu tive e tenho a fortuna de contar com pessoas

maravilhosas como:

Ketsia Bezerra Medeiros (“Ketsinha”)

com o seu jeito

meigo, sincero e simples de ser reforçou em mim o conceito de que

para saber conviver em harmonia com os nossos semelhantes é

preciso respeitar as diferenças. Sou muito grato pela tua amizade.

Márcia Cristina da Costa Miguel (“Marcinha”)

mulher

forte e batalhadora, sumamente inteligente e sobre tudo amiga

solidária. Agradeço pela tua amizade e espero que seja eterna.

(16)

dele compartilhar com as maravilhosas pessoas que constituem sua

família.

Márcio Campos Oliveira (“O garoto”, “Marcinho”)

apesar de termos temperamentos completamente opostos, é uma

das pessoas com as quais mais me identifiquei desde o início da

nossa árdua caminhada. A sua franqueza, a disposição e a

facilidade de dizer as coisas certas quando precisei escutar uma voz

de apóio serviram para aprender superar as nossas diferenças e

aprender a respeitá-lo. Agradeço a Deus por poder chamá-lo de

amigo e por poder contar através dele com o carinho da sua bela

família.

Rivadávio Fernándes de Amorim (“Riva”)

um amigo

incondicional, sempre disposto a fazer o possível para servir aos

que têm a alegria de compartilhar sua amizade. Na convivência

com este singular amigo reforcei a minha concepção de que para

ser bom no que fazemos é necessário sempre fazer o maior esforço

possível, imprimindo nisso muita criatividade e responsabilidade.

Obrigado meu amigo.

(17)

um amigo que temos em comum e com a convivência constatei

como essas referências eram certeiras pois este além de ser um

excelente cirurgião é uma grande pessoa, “tá ligado”.

Aos amigos

Leda Maria, Demetrio Ho

e família por

acreditar em mim e apostar no meu futuro profissional, muito

obrigado pela força.

Ao amigo e irmão

Márvin Edgar Ríos

, sua esposa

Cira

e

os meus sobrinhos

Márvin Edgar Jr

e

Eloísa

, pelo carinho, a

compreensão e o apoio desinteressado que sempre me brindaram.

Ao Dr.

Raúl de los Ríos

, Decano da Faculdade de

Odontologia da Universidade Nacional de Panamá por depositar

sua confiança em mim recomendando- me ante o colegiado do

curso que hoje concluo, o meu muito obrigado.

(18)

Aos amigos

João Luis de Miranda, Ruthinéia Diógenes

Alves, Patrícia Meira Bento, Maria da Conceição

Andrade, Maria do Socorro Aragão, Gleicy Fátima

Medeiros Sousa e Ricardo Albuquerque

, que com sua

compreensão, amizade e companheirismo, contribuíram para

tornar mais leve esta árdua caminhada.

Às doutoras

Maria Zélia Fernandes, Edlene M. R.

Nascimento

e

Tamae Ukei

, que com muito amor e dedicação

enfrentam a difícil tarefa de lutar por oferecer às crianças sob os

seus cuidados, uma esperança de vida. Meu eterno agradecimento

pelo apoio.

A

Luterina de Oliveira Cavalcanti, Francinete de

Medeiros, Odilene Maria de Oliveira, Maria Margarete da

Silva

e

Edinlava Miranda

, funcionárias do HIVS, pelo carinho e

disposição constante de servir, lhes agradeço de coração.

(19)

A

Maria das Graças

,

Idelzuíte, Canindé

e

Hevio

,

funcionário do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral,

muito obrigado.

Ao colega, amigo e irmão

Manoel Quaresma Filho

(Camarão)

, assim como à sua família, lhes agradeço pelo carinho

e amizade, saibam que no meu coração sempre existirá um lugar

muito especial reservado para guardar as maravilhosas

lembranças dos tempos passados e do futuro eterno que com

certeza, como irmãos, mesmo que distantes fisicamente

continuaremos a compartilhar.

Aos amigos e panitas,

Néstor Alberto Sánchez

e

Yara

,

pela constante disposição de brindar-me carinho, apoio e amizade,

lhes agradeço de todo coração.

À

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES)

pela ajuda financeira prestada, sem a

qual seria impossível realizar este trabalho.

(20)

Agradecimento especial:

“Os olhos são o espelho da alma, a partir do momento em que

deixamos refletir através deles o nosso desejo de servir ao próximo,

podemos ter certeza de estar agindo como verdadeiros

instrumentos de Deus”.

(Manuel Antonio Gordón Núñez)

(21)

RESUMO

(22)

RESUMO

(23)

SUMÁRIO

(24)

SUMÁRIO

Página Resumo

Lista de quadros, tabelas e figuras

Lista de siglas e abreviaturas

1. Introdução ... 31

2. Revisão de literatura ... 34

2.1. Neoplasias malignas na infância ... 35

2.2. Terapia antineoplásica ... 44

2.2.1. Quimioterapia ... 44

2.2.2. Radioterapia ... 47

2.3. Complicações orais em pacientes com neoplasias malignas ... 48

2.3.1. Xerostomia ... 50

2.3.2. Mucosite oral ... 51

2.3.3. Sangramento oral ... 59

2.3.4. Infecções ... 61

a. Infecções bacterianas ... 63

b. Infecções fúngicas ... 66

c. Infecções virais ... 69

2.3.5. Cárie ... 72

3. Proposição ... 76

4. Metodologia ... 78

4.1. Caracterização do estudo ... 79

4.1.1. População ... 79

4.1.2. Amostra ... 79

4.2. Coleta de dados ... 80

4.2.1. Exame clínico ... 80

4.3. Análise estatística ... 83

4.4. Aspectos éticos ...

. 83

5. Resultados ... 84

(25)

7. Conclusões ... .

115

8. Summary ... 117

9. Referências bibliográficas ... 119

(26)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

(27)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BGN: Bacilos Gram negativos

6-MP: 6-mercaptopurina

ACT-D: Actinomicina-D

ADR: Adrablastina

ARA-C: Citocina arabinose

BLEO: Bleomicina

ceo-d: Índice de dentes decíduos cariados (c), extraídos (e) e obturados (o)

CMV: Citomegalovirus

COHI: Centro de Oncologia e hematologia Infantil

CP: Ciclofosfamida

CPO-D: Índice de dentes permanentes cariados (C), perdidos (P) e obturados (O)

DDP: Cisplatina

DEXA: Dexametazona

DH: Doença de Hodgkin

DITC: Decarbazina

DNA: Ácido Desoxiribonucléico

DNR: Daunorrubicina

DOXO: Doxorrubucina

EGF: Fator de Crescimento Epidérmico

FAB: French American British Cooperative Leukemia Group

GM-CSF: Fator Estimulante de Colônias de Granulócitos e Macrófagos

HHV: Vírus Herpes Humano

HIVS: Hospital Infantil Varela Santiago

HSV: Vírus do Herpes Simples

HSV-1: Vírus Herpes Simples-1

HSV-2: Vírus Herpes Simples-2

IFO: Ifosfamida

IL-1: Interleucina-1

INCA: Instituto Nacional do Câncer

(28)

ISG: Índice de sangramento gengival

L-ASP: L-asparragianse

LLA: Leucemia linfoblástica aguda

LLC: Leucemia linfocítica crônica

LMC: Leucemia mieloblástica crônica

LNH: Linfomas não Hodgkin

MTX: Metotrexato

NIH: Instituto Nacional da Saúde (E. U. A.)

P: Prednisona

PNET: Tumor neuroectodémico da infância

RMS: Rabdomissarcomas

RNA: Ácido Ribonucléico

TG: Tioguanina

TGF- 3: Fator Transformante de Crescimento- 3

TNF- : Fator de Necrose

Tumoral-VCR: Vincristina

VLB: Vinblastina

VM-26: Tenoposide

VP-16: Etoposide

(29)

LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS

(30)

LISTA DE QUADROS TABELAS E FIGURAS

Página

Quadro nº 01. Distribuição dos pacientes do Grupo I de acordo ao gênero, idade e tipo de neoplasia maligna. Natal / RN - 2001

87

Quadro nº 02. Distribuição dos episódios de sangramento oral espontâneo nos pacientes do Grupo I. Natal / RN - 2001

93

Quadro nº 03. Distribuição dos episódios de candidíase nos pacientes do Grupo I. Natal / RN - 2001

94

Quadro nº 04. Distribuição de “outros achados” nos pacientes do Grupo I. Natal / RN - 2001 95

Tabela nº 01. Distribuição da amostra de acordo com o gênero e faixa etária. Natal / RN - 2001

85

Tabela nº 02. Média da freqüência de escovação, IPV, ISG e CPO da amostra avaliada. Natal / RN - 2001

90

Tabela nº 03. Freqüência dos pacientes com mucosite no Grupo I. Natal / RN – 2001 91

Tabela nº 04. Freqüência dos pacientes com sangramento oral espontâneo no Grupo I. Natal / RN - 2001

93

Tabela nº 05. Freqüência dos pacientes com candidíase no Grupo I. Natal / RN – 2001 94

Figura nº 01. Paciente com LMA apresentando mucosite em lábio superior. Aspecto inicial

da lesão caracterizado por eritema e edema 97

Figura nº 02. Paciente com LMA apresentando lesão de mucosite no lábio superior,

caracterizada pela presença de ulceração. (Mesmo paciente da Fig 1) 97

Figura nº 03. Paciente com LLA apresentando lesões de mucosite em lábio superior,

caracterizadas pela presença de ulceração 97

Figura nº 04. Paciente com LLA apresentando mucosite em lábio inferior, caracterizadas

(31)

Figura nº 05. Paciente com LMA apresentando mucosite em mucosa jugal (E),

caracterizada por eritema e ulceração 98

Figura nº 06. Paciente com LMA apresentando petéquia em mucosa do lábio inferior 98

Figura nº 07. Paciente com LLA apresentando queilite angular, candidíase

pseudomembranosa em palato e lesão edematosa em ponta da língua 98

Figura A. Distribuição de acordo com o gênero dos pacientes com neoplasias malignas

(Grupo I) . Natal / RN - 2001 86

Figura B. Distribuição de acordo com a faixa etária dos pacientes com neoplasias

malignas (Grupo I) . Natal / RN - 2001 86

Figura C. Distribuição dos pacientes de acordo com o tipo de neoplasia maligna. Natal /

RN - 2001 87

Figura D. Distribuição dos pacientes com neoplasias malignas com complicações orais.

Natal / RN – 2001 90

Figura E. Distribuição dos episódios de mucosite de acordo com o tipo de

(32)
(33)

1

1..IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

As neoplasias malignas constituem a terceira causa de morte em seres humanos em todo o mundo, estando os pacientes pediátricos incluídos nestas estatísticas. Vários fatores são indicados como responsáveis pelo incremento na incidência de neoplasias, entre os quais menciona-se a industrialização, uso crônico do álcool e do fumo, assim como o aumento da expectativa de vida (INCA, 2001 a).

Uma particularidade das neoplasias na infância e na adolescência é a de que geralmente as doenças são de natureza embrionária, afetando com maior freqüência as células que possuem acentuada atividade proliferativa. Tal como acontece com as leucemias, na população pediátrica observa-se, também, uma considerável ocorrência de tumores linfáticos, tumores do sistema nervoso, tumor de Wilms e sarcomas (INCA, 2001 a; McKENNA, 2000).

O próprio curso patológico destas neoplasias pode gerar além das particularidades da doença, manifestações em diferentes partes do organismo, sendo a cavidade oral um dos locais que, freqüentemente, pode sofrer o desenvolvimento de tais manifestações (McGAW, BELCH, 1985; WILLIAMS, LEE, 1991).

A terapia antineoplásica instituída em cada caso é apontada em diversos trabalhos científicos como causa de muitas complicações estomatológicas em pacientes com doenças oncológicas, seja pelo efeito tóxico dos agentes quimioterápicos sobre as células neoplásicas e normais ou pela ação deletéria das radiações ionizantes sobre tais células ( ALPASLAN et al.; 1999; CHIN, 1998).

(34)

Estas alterações podem contribuir para o agravamento do quadro patológico, provocando dor e desconforto, levando a dificuldades de nutrição e subseqüente depleção da resposta imunológica, que já se encontra comprometida, aumentando significativamente o grau de morbidade e mortalidade dos pacientes (CHILDERS et al., 1993; MÜELLER et al., 1995).

O objetivo do tratamento antineoplásico é combater a doença sistemicamente, no entanto, a condição de saúde oral, na maioria das vezes, é descuidada, o que torna a cavidade oral uma fonte de infecções, que podem colocar em risco a vida dos pacientes (MARQUES, WALKER, 1991).

Atualmente sabe-se que, com a adoção de medidas preventivas adequadas pode-se prevenir e/ou reduzir o risco de complicações orais, melhorando significativamente, a qualidade de vida dos pacientes (EPSTEIN, SCHUBERT, 1999).

(35)

REVISÃO DA LITERATURA

(36)

2

2..RREEVVIISSÃÃOODDAALLIITTEERRAATTUURRAA

2.1. Neoplasias malignas na infância

A incidência das neoplasias malignas tem aumentado significativamente na população mundial, sendo considerada a terceira causa de morte. Os casos que acometem a infância, correspondem a uma grande proporção destas estatísticas (CANCER NET, 2001; INCA, 2001a).

O câncer infantil geralmente corresponde a doenças predominantemente embrionárias, caracterizadas por distúrbios na proliferação celular, atingindo com maior freqüência as células do sistema hematopoiético (INCA, 2001a).

Segundo Curtis (1971); GROSFELD (1999) as leucemias constituem a maioria dos cânceres em crianças, porém também observa-se nestas uma grande freqüência de neoplasias do sistema nervoso central, linfomas, neuroblastoma, tumor de Wilms, osteossarcoma e outros tumores sólidos (INCA, 2001a).

As leucemias são neoplasias malignas muito comuns na infância e resultam da proliferação de células hematopoiéticas anormais, com diferenciação, regulação e mecanismos de apoptose alterados, promovendo uma falha na medula óssea e depressão da quantidade de células sangüíneas normais, deixando o paciente susceptível a infecções e hemorragias (RIBAS, COSTA, 1995; McKENNA, 2000).

(37)

Segundo Williams, Lee (1991) o diagnóstico das leucemias é feito pelo exame de amostras sangüíneas e pela biópsia da medula óssea sendo classificadas de acordo com a morfologia celular, maturidade das células malignas e pelo período de aparecimento dos sintomas. Neste sentido, de acordo com o tipo da célula de origem, as leucemias podem ser classificadas em linfoblásticas e mieloblásticas, enquanto que, de

acordo com o comportamento clínico dividem-se em agudas e crônicas (NEVILLEet al., 1995; COTTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

A leucemia mieloblástica aguda (LMA) ou não-linfocítica, consiste na proliferação de células mielóides imaturas, provocando a falha na medula óssea e citopenia (McKENNA, 2000).

De acordo com a classificação do French American British Cooperative Leukemia Group (FAB), levando-se em consideração aspectos citomorfológicos as LMA podem ser subdivididas em:

(1) LMA minimamente diferenciada (M0), que corresponde de 2-3% dos casos. (2) LMA sem diferenciação (M1), que representa aproximadamente 20 % dos

casos.

(3) LMA com maturação (M2), correspondendo de 30-40 % das LMA.

(4) Leucemia promielocítica aguda (M3), que corresponde de 5 –10 % dos casos, ocorrendo com maior freqüência em pacientes com idade média de 35-40 anos.

(5) Leucemia mieloblástica aguda (M4), que corresponde de 15-20 % das LMA.

(6) Leucemia monocítica aguda (M5), representando 10% dos casos e acomete com maior freqüência pacientes acima de 40 anos, nos quais geralmente provoca organomegalia, linfadenopatia, hipertrofia gengival e infiltração da pele.

(38)

(8) Leucemia megacariocítica aguda (M7), que é o tipo menos freqüente, representando 1% das LMA (McKENNA, 2000; COTTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

Os autores antes referenciados mencionam ainda que

as LMA ocorrem com maior freqüência em adultos,

representando apenas 15 a 20 % das leucemias na infância,

onde geralmente 60 % dos casos podem sobreviver

quando diagnosticadas e tratadas em tempo adequado.

Clinicamente os sinais e sintomas mais freqüentes são

febre, fadiga, palidez, sangramento, hipertrofia gengival,

petéquias e infecções.

Segundo McKenna (2000) durante o tratamento da

LMA deve-se procurar manter a contagem de plaquetas no

mínimo em torno dos 10.000 ou 20.000 cel/ml com o

objetivo de diminuir o risco de sangramentos espontâneos.

Isto geralmente é realizado mediante a transfusão de

plaquetas.

A leucemia linfoblástica aguda (LLA) caracteriza-se pela proliferação de clones anormais de células linfóides, as quais podem exibir características de linfócitos B ou T (McKENNA, 2000).

(39)

crianças. O L2 apresenta células grandes, de núcleo irregular com cromatina condensada, nucléolos proeminentes e citoplasma moderadamente abundante. Já no subtipo L3 as células são grandes de núcleo irregular com cromatina homogênea, nucléolos proeminentes, citoplasma moderadamente abundante, intensamente basofílico e vacúolos proeminentes. Os pacientes que apresentam este subtipo geralmente tem um prognóstico mais reservado.

Adicionalmente, os autores antes referidos mencionam que os pacientes com LLA podem apresentar sinais e sintomas tais como febre, fadiga, palidez, citopenia, manchas hemorrágicas periféricas, sangramentos, dores ósseas, adenomegalias, hepatoesplenomegalia, além de uma alta incidência de doenças do sistema nervoso central.

A leucemia linfocítica crônica (LLC) corresponde ao

tipo mais comum das leucemias, representando, em sua

grande maioria, uma doença de adultos, caracterizada pelo

lento acúmulo de clones de linfócitos B ou em alguns

poucos casos, pela rápida e agressiva proliferação de

clones de linfócitos T. Sua etiologia é desconhecida,

porém, uma anomalia no cromossomo 12 foi identificada

nas células leucêmicas. Pacientes acometidos por esta

doença geralmente apresentam diminuição sérica de

imunoglobulinas e comprometimento de linfonodos,

fígado, baço, anemia e/ou trombocitopenia (McKENNA,

2000; COTTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

(40)

da medula, observando-se nessa entidade a presença de

células mielóides em todas as fases de diferenciação no

sangue periférico, as quais exibem translocação entre os

braços longos dos cromossomos 22 e 9 (cromossomo

Philadelphia). Ocorre predominantemente em adultos,

sendo que pode apresentar-se em qualquer idade

(McKENNA, 2000; COTTRAN, KUMAR , COLLINS, 2000).

Segundo Altman (1995) esta neoplasia representa mais de

5 % das leucemias na infância, sendo mais de 80 % dos

casos diagnosticados depois dos 4 anos de idade e 60 %

após os 6 anos de idade.

Os pacientes com LMC geralmente apresentam

fadiga, anorexia, perda de peso e esplenomegalia,

desenvolvendo a doença, geralmente, um curso indolente

durante 3 a 5 anos, seguido de um período de acelerada

crise blástica semelhante à leucemia aguda. O tratamento

durante a fase de pré-blastos é paliativo sendo utilizada a

hidroxiuréia ou bisulfan para controlar a granulocitose;

podendo-se conseguir 50 a 70 % de cura com o uso de

bisulfan e ciclofosfamida, ou ciclofosfamida associada à

radioterapia de corpo inteiro seguida de transplante

alogênico de medula óssea. O Interferon tem produzido

remissão citogenética e atualmente constitui a primeira

linha terapêutica para LMC (ALTMAN, 1997; McKENNA,

(41)

De acordo com Orbak, Orbak (1997) é relatado que as leucemias são caracterizadas por uma alta incidência de complicações orais na época do diagnóstico e durante o tratamento, podendo essas complicações ser divididas em 3 grupos: as lesões primárias ou seja aquelas decorrentes da infiltração das células leucêmicas nas estruturas orais como a gengiva e os ossos; as lesões secundárias, as quais resultam do caráter mielossupressivo da doença, incluindo neste grupo a anemia que leva à palidez da mucosa oral, a tendência a sangramento e a susceptibilidade a infecções. As lesões terciárias seriam as induzidas pela terapia antineoplásica.

Os linfomas constituem um grupo de doenças que

afetam o sistema linfóide. São classificados em Doença de

Hodgkin (DH) e linfomas não Hodgkin (LNH) (ORBAK,

ORBAK, 1997). Juntos representam aproximadamente 10 %

das neoplasias malignas da infância em países

desenvolvidos, correspondendo ao terceiro grupo de

neoplasias pediátricas mais freqüentes depois das

leucemias e tumores cerebrais (SHAD, MAGRATH, 1997).

A doença de Hodgkin (DH) é um distúrbio

linfoproliferativo maligno de natureza desconhecida,

podendo surgir em um linfonodo ou em cadeia de

linfonodos, propagando-se para os linfonodos vizinhos,

com ocorrência muito rara na cavidade oral. Sua origem é

(42)

Segundo Pötter (1999) a incidência da DH na

população pediátrica encontra-se em torno de 14 casos por

cada 100.000 crianças maiores de 15 anos de idade, sendo

raramente detectada em crianças menores de 5 anos e

apresentando uma leve predileção pelo gênero masculino.

De acordo com Hudson, Donaldson (1997), a célula de

Reed-Sternberg (R-S), cuja origem acredita-se ser a partir

de linfócitos T ou B ativados ou de alguma forma de célula

apresentadora de antígenos, é considerada como o

representante celular maligno da doença de Hodgkin.

Os autores anteriormente referidos ainda mencionam

que, levando em consideração os aspectos

histopatológicos, a DH é dividida em quatro subtipos: (1)

DH com predominância linfocítica, que apresenta-se como

sendo o tipo mais raro (10 a 15 % dos casos); (2) DH

com esclerose nodular que corresponde à forma mais

comum (40 % dos casos em adultos jovens e 70 % dos

casos em adolescentes); (3) A DH de celularidade mista,

que representa a segunda forma mais comum (30 % dos

casos em geral) e a mais freqüente em crianças até 10

(43)

Apesar da DH ser uma neoplasia maligna, avanços

satisfatórios tem sido alcançados no seu tratamento com a

utilização dos regimes quimioterápicos MOPP

(mecloretamina, vincristina, procarbazina e prednisolona) e

ABVD (doxorrubicina, bleomicina, vinblastina e

decarbazina) associados à radioterapia localizada. Essa

forma de tratamento além de ter melhorado a sobrevida

dos pacientes, pode reduzir a ocorrência de efeitos

colaterais (JÜRGENS,1997; PÖTTER, 1999; BRICE, 2000).

Os linfomas não Hodgkin da infância e da

adolescência representam um grupo heterogêneo de

doenças que refletem estágios de maturação das linhagens

de células linfóides B e T (INCA, 2001 a).

A incidência de linfomas em crianças é muito menor

que nos adultos e geralmente ocorrem, com maior

freqüência, no gênero feminino, numa proporção de 2:1 ou

3:1. Em relação aos aspectos histológicos os linfomas da

infância apresentam uma variedade menor que nos adultos

e freqüentemente correspondem a doenças difusas ou

extra nodais (SHAD, MAGRATH, 1997).

(44)

% dos casos e são constituídos principalmente por

linfócitos T, enquanto que os linfomas não linfoblásticos

representam 70 % dos casos e se dividem por sua vez nos

tipos não clivados (Burkitt e não-Burkitt) e os de grandes

células.

O linfoma de Burkitt é um subtipo de LNH de

pequenas células B não clivadas, cuja denominação deriva

do nome do pesquisador Denis Burkitt, o qual foi o

primeiro a descrever a doença. São conhecidas duas

variedades desta enfermidade, a endêmica, muito comum

na África Equatorial e a forma esporádica ou americana.

Sua etiologia ainda não está esclarecida, porém tem sido

associada ao EBV e, ultimamente, à imunossupressão

promovida pela infecção do HIV (NEVILLE

et al

. 1995;

SHAPIRA, PEYLAN-RAMU, 1998).

Em relação às características clínicas e

epidemiológicas, geralmente o tipo africano acomete

crianças na idade média de 6,09 anos, enquanto que a

forma americana ocorre freqüentemente numa faixa etária

maior em torno dos 19,2 anos. Ambas formas acometem

freqüentemente o gênero masculino (SHAPIRA,

PEYLAN-RAMU, 1998). Na forma africana a região de cabeça e

pescoço é a mais acometida pela lesão, comprometendo

(45)

gnáticos, principalmente na maxila. A forma americana

ocorre com maior freqüência no abdome, porém em alguns

casos a região de cabeça e pescoço pode ser afetada

(NEVILLE

et al

., 1995).

Clinicamente as lesões dos maxilares produzem em

geral, tumefação facial, proptose e mobilidade dentária. Ao

exame radiográfico pode-se observar áreas

radiotransparentes de destruição óssea com margens mal

definidas. O envolvimento abdominal pode comprometer o

intestino provocando dor abdominal, febre, perda de peso

e vômito (FINLAY, BUNIN, SINNIAH, 1995).

O neuroblastoma é um tumor neuroblástico, com

origem nas células da crista neural da medula adrenal e

gânglios simpáticos, representando um dos tumores

extracranianos sólidos mais comuns na infância.

Constituem aproximadamente 8 a 10 % dos cânceres da

infância, sendo mais de 90 % dos casos detectados em

crianças entre os 5 e 10 anos de idade. Sua etiologia é

desconhecida, porém sugere-se que possa estar associada

com fatores ambientais como a exposição pré-natal a

hidantoína, ao fenobarbital ou ao álcool. Sugere-se ainda

que a patogênese desta doença esteja relacionada a uma

regulação aberrante da diferenciação celular (SINNIAH,

(46)

De acordo com Sinniah, Evans (1995) as crianças com

neuroblastoma podem apresentar uma variedade de sinais

e sintomas, os quais dependem do comportamento clínico

e da localização do tumor. Algumas crianças podem

apresentar-se aparentemente sadias e assintomáticas,

exibindo, no entanto, uma massa para-espinal,

intratorácica ou retroperitoneal que em sua grande maioria

é descoberta acidentalmente. Outras crianças podem

apresentar palidez, ansiedade, febre, edema por equimose

periorbitária, nódulos na calota craniana e dor óssea,

tendo geralmente, nestes casos, um prognóstico

reservado. Segundo Grosfeld (2000) ocasionalmente o

neuroblastoma pode comportar-se de forma bizarra e

seguir um dos seguintes cursos clínicos: regressão

espontânea, diferenciação para ganglioneuroma benigno

ou seguir um curso progressivo maligno.

Segundo Berthold

et al

. (1985); Castlebery (1997)

dependendo do estadiamento da doença e da idade do

paciente as modalidades de tratamento geralmente

empregadas para os neuroblastomas são a cirurgia,

quimioterapia e/ou radioterapia.

(47)

renal mais comum da infância. Sua incidência é de

aproximadamente 8 casos por cada milhão de crianças

menores de 15 anos de idade, sendo a maioria detectada

entre as idades de 1 a 4 anos (D`ANGIO, 1995; GREEN,

1997; GROSFELD, 1999).

A etiologia desta neoplasia é desconhecida, porém,

um cariótipo anormal caracterizado por uma deleção no

braço curto do cromossomo 11 tem sido associada com a

sua ocorrência (D`ANGIO, 1995). De acordo com Cottran,

Kumar, Collins (2000) pacientes com síndrome de WAGR,

síndrome de Denys-Drash ou síndrome de

Beckwith-Wiedemann apresentam um alto risco de desenvolver

tumor de Wilms.

Segundo D’Angio (1995); Grosfeld (1999) é relatado

que o tumor de Wilms geralmente ocorre como uma massa

arredondada no flanco abdominal, podendo estar

associada a hematúria, dor, hipertensão, febre, perda de

peso e policitemia. Histologicamente esta neoplasia exibe

uma combinação de três tipos celulares, quais sejam:

blastemicos, estromais e epiteliais. Segundo Jürgens

(1997) dependendo da histologia e do estadiamento

tumoral na época do diagnóstico, o tratamento pode ser

(48)

Os rabdomiossarcomas (RMS) são os sarcomas de

partes moles mais comuns na infância e na adolescência

representando cerca de 5 % de todas as neoplasias

malignas nesta população. Originam-se a partir de células

mesenquimais imaturas da linhagem do músculo

esquelético, podendo surgir em tecidos nos quais o

músculo estriado não é normalmente encontrado (WOMER,

SINNIAH, 1995; WEXLER, HELMAN, 1997).

A etiologia dos RMS é desconhecida, porém certos

fatores têm sido associados ao seu desenvolvimento, entre

eles a ocorrência de síndromes familiares como a

neurofibromatose, a síndrome Li-Fraumeni e a de

Beckwith-Wiedemann. O uso materno de maconha e

cocaína, a exposição a radiações e a história materna de

natimortos também têm sido associados à ocorrência

desta neoplasia (WEXLER, HELMAN, 1997; GROSFELD,

1999).

Os RMS podem surgir em qualquer parte do corpo,

porém ocorrem com maior freqüência nas extremidades e

no tronco, seguida da cabeça, pescoço, trato

genitourinário, períneo, ducto biliar e pulmões

(49)

retroperitônio, ducto biliar, períneo, lesões de cabeça e

pescoço e do pulmão geralmente apresentam um

prognóstico pobre.

Wexler, Helman (1997) relataram que

aproximadamente um terço dos casos de RMS são

diagnosticados em crianças menores de 6 anos de idade,

com um pequeno pico de incidência na primeira metade da

adolescência e uma leve predileção pelo gênero feminino.

Estes autores mencionaram ainda que os tumores em

cabeça e pescoço são mais comuns em crianças menores

de 8 anos de idade e, se surgem na órbita, geralmente são

da variante embrionária, enquanto que os tumores das

extremidades ocorrem mais em adolescentes e,

geralmente, são do subtipo alveolar.

O tratamento destas neoplasias varia de acordo com

a localização do tumor primário. Sempre que possível, o

tumor deve ser excisado completamente com margens de

segurança, no entanto, a remoção de muitas lesões pode

levar a perda de funções e deformações severas, sendo

recomendado nestes casos uma biópsia incisional seguida

de quimioterapia e/ou radioterapia (GROSFELD, 1999).

(50)

De acordo com a natureza e o curso clínico das neoplasias, existem diversos protocolos de tratamento, podendo ser cirúrgico, quimioterápico, radioterápico ou terapia associada, os quais objetivam eliminar as células neoplásicas ou minimizar a sua proliferação. Os agentes quimioterápicos e radioterápicos são os que geram maior interesse odontológico, devido à sua capacidade de induzir complicações estomatológicas (SONIS, SONIS, 1979).

A terapia utilizada no tratamento do câncer não atua seletivamente sobre as células neoplásicas, exercendo seus efeitos deletérios também sobre as células normais, principalmente nas populações que exibem uma acentuada atividade proliferativa, tornando-se, portanto, agentes potencialmente indutores de alterações nos tecidos orais (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995; ALPASLAN et al., 1999).

2.2.1. Quimioterapia

A quimioterapia consiste na utilização de drogas contra agentes biológicos, sendo denominada quimioterapia antineoplásica ou antiblástica quando é aplicada ao tratamento do câncer (INCA, 2001 b).

Segundo Calabresi, Parks (1987) a quimioterapia fundamenta-se na atuação de drogas sobre o material genético celular, alterando os processos enzimáticos responsáveis pelas funções replicativas celulares e, conseqüentemente, destruindo-as. De acordo com estes autores, para entender o mecanismo de ação dos quimioterápicos é essencial compreender a cinética do ciclo celular, uma vez que existem drogas que exercem seus efeitos apenas em fases específicas deste ciclo.

(51)

finalmente, a fase M ou de mitose, onde ocorre a divisão celular dando origem a duas células geneticamente idênticas à célula original. As células formadas nesta fase podem passar por todas as etapas do ciclo, ou abandoná-lo, tornando-se células de baixo grau metabólico, podendo posteriormente entrar no ciclo quando estimuladas (RABENHORST, BURINI, SCAMITT, 1994; SILVA, DEFFUNE, MACHADO, 1996).

Segundo Ostchega (1980), dependendo das etapas do ciclo celular em que atuam, as drogas antineoplásicas podem ser classificadas em quimioterápicos ciclo-dependentes e ciclo-inciclo-dependentes. Os ciclo-ciclo-dependentes como a ciclofosfamida, atuam apenas nas células que se encontram ciclando, já as drogas ciclo-independentes exercem seus efeitos independentemente das fases do ciclo replicativo, como é o caso das mostardas nitrogenadas. Existem ainda drogas fase-específicas que atuam em determinadas fases do ciclo celular, como o metotrexato (MTX) que atua na fase S e a vincristina que atua na fase M.

Por outro lado, segundo Close, D`Angio (1995) considerando-se o mecanismo de ação as drogas antineoplásicas de uso pediátrico podem ser classificadas em quatro classes: (1) agentes alquilantes, os quais afetam a síntese de DNA mediante a adição de grupos alquilantes (cisplatina); (2) Antimetabólicos, que interferem com a síntese de DNA ou outras moléculas precursoras (ex. metotrexato); (3) Alcalóides, que bloqueiam a atividade mitótica (vincristina e vinblastina); (4) Antibióticos e antraciclinas, que se inserem entre o par da base do DNA bloqueando a síntese de DNA e RNA como a actinomicina.

(52)

Segundo Azevedo et al. (1993) entre as drogas mais utilizadas no tratamento de neoplasias destaca-se a dexametasona (decadron) a qual inibe a proliferação do tecido linfóide e pode causar efeitos colaterais tais como elevação da hemoglobina, aumento do número de neutrófilos, linfocitopenia, aumento do número de plaquetas e retenção de sódio e potássio, entre outros. A vincristina (oncovin) que por sua vez, promove bloqueio mitótico no ciclo celular, no estágio de metáfase, podendo provocar alopecia, depressão medular, parestesia, dor mandibular e nevralgia.

Os autores acima referidos mencionam ainda que o metotrexato (MTX) é uma das drogas mais tóxicas utilizadas no tratamento de neoplasias malignas. Este interfere no processo de biossíntese celular mediante a inibição enzimática do ácido fólico. Seus efeitos colaterais podem ser anorexia, náusea, vômitos, dor e ulcerações orais ou em todo o trato digestivo. A arabinosil citocina (aracytin ou ARA-C) que promove o bloqueio da síntese de DNA, pode provocar diminuição plaquetária, leucopenia, vômitos e ulcerações em mucosas. O 5- fluorouracil (5-FU) interfere com a síntese e a função do RNA, bloqueando assim o metabolismo do DNA. Seus efeitos tóxicos são náuseas, vômitos, diarréia, alopecia, pigmentação da pele e mucosite.

Segundo Driezen et al. (1986); Childers et al. (1993) os tecidos orais, cuja população celular exibe um acentuado padrão de renovação, freqüentemente sofrem os efeitos tóxicos diretos e indiretos dos quimioterápicos, ocorrendo assim o aparecimento de complicações como mucosite, ulcerações, infecções e hemorragias.

Segundo Ribas, Costa (1995) as complicações estomatológicas em pacientes com leucemia aumentam de freqüência e severidade ao ser instituída a quimioterapia, devido a mielossupressão e imunossupressão induzida pelas drogas. Rocke et al. (1993) mencionam que a quimioterapia prejudica direta ou indiretamente a replicação das células basais do epitélio oral, alterando o processo de renovação que este experimenta a cada nove ou dezesseis dias.

(53)

nitrogenadas, o metotrexato, 5-fluorouracil, vincristina, doxorrubicina, etoposide e a bleomicina (DRIEZEN et al., 1986).

De acordo com Sonis, Sonis (1979) nos pacientes jovens em tratamento quimioterápico para leucemia a freqüência de complicações estomatológicas é três vezes maior do que nos adultos. Por outro lado é relatado que os efeitos orais da quimioterapia em crianças, principalmente a mucosite, geralmente tendem a ser temporários, desaparecendo logo depois concluído o tratamento (CHIN 1998).

2.2.2. Radioterapia

A radioterapia consiste na aplicação de radiações ionizantes com a finalidade de exterminar as células neoplásicas e reduzir ou promover o desaparecimento da neoplasia. Sua ação fundamenta-se na morte celular mitótica e intermitótica, ou seja na rápida quebra das moléculas dos componentes citoplasmáticos e na lenta e progressiva quebra do material genético celular. Pode ser classificada de acordo com a finalidade em curativa, a qual objetiva destruir as células neoplásicas; remissiva, aquela aplicada com a finalidade de reduzir parte da neoplasia, sendo geralmente complementar do tratamento quimioterápico ou cirúrgico (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

Geralmente as lesões radio-induzidas em boca representam o resultado do efeito direto da radiação sobre as estruturas orais e para-orais, promovendo alterações na vascularização, nas glândulas salivares, músculos, dentes e ossos. Nestes últimos as alterações ocorrem devido à injúria aos osteócitos, osteoblastos e osteoclastos, além da hipóxia decorrente do comprometimento da vascularização, podendo levar a osteorradionecrose (CANCER NET, 2001).

(54)

dependem da dosagem de radiação, tempo de tratamento, extensão da área irradiada e/ou do uso concomitante de quimioterapia. Geralmente essas alterações tendem a ser de caráter permanente e anatomicamente “sítio específica”, ou seja se restringem à área irradiada (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995; CANCER NET, 2001).

2.3. Complicações orais em pacientes com neoplasias

malignas

Pacientes com neoplasias malignas podem apresentar complicações orais como produto do próprio curso clínico da doença ou como efeitos colaterais do tratamento antineoplásico (McGAW, BELCH, 1985; WILLIAMS, LEE, 1991).

A alta capacidade dos agentes terapêuticos antineoplásicos em causar complicações orais, baseia-se no fato destes não atuarem de maneira seletiva sobre as células neoplásicas, exercendo também seus efeitos deletérios sobre as células normais, principalmente sobre as de alto padrão replicativo (WAHLIN, 1991; DAHLOF et al., 1994).

As complicações estomatológicas constituem uma importante causa de morbidade nas crianças com neoplasias malignas, podendo interferir nos protocolos de tratamento, deteriorar sua qualidade de vida e inclusive, colocá-las em risco de vida (NIH, 1989; CHILDERS et al., 1993). Tais complicações podem ser agudas, ou seja aquelas que se desenvolvem durante a terapia e exibem um caráter severo, ou crônicas, que se desenvolvem meses ou anos depois de aplicada a terapia antineoplásica (PETERSON, D`AMBROSIO, 1992; CARL, 1995).

(55)

não relacionadas com a terapia antineoplásica, aumentam o risco e a severidade de complicações na boca dos pacientes em tratamento (NIH, 1989).

Sonis, Kunz (1988) avaliaram a ocorrência de complicações orais em 495 pacientes entre as idades de 01 a 61 anos ou mais acometidos de diversos tipos de neoplasias malignas. Estes pesquisadores observaram que 52 pacientes desenvolveram em conjunto 106 complicações orais, sendo as mais freqüentes mucosite/ulceração (30 casos), infecções fúngicas, virais e bacterianas (29 casos) e sangramento oral (17 casos), ocorrendo em média duas complicações por paciente. Ao relacionarem a ocorrência de complicações orais com o tipo de neoplasia, foi observado que 26 (28,6 %) de 91 pacientes com leucemias agudas desenvolveram tais complicações, enquanto que apenas 2 de 79 pacientes com câncer de pulmão tiveram alterações orais. Por outro lado, os autores também observaram uma maior freqüência de complicações orais em pacientes jovens, já que 29,4 % dos pacientes menores de 20 anos desenvolveram complicações orais, enquanto que apenas 6,6 % dos pacientes maiores de 60 anos as apresentaram.

Para Childers et al. (1993); Epstein, Schubert (1999) as complicações orais mais freqüentemente associadas ao tratamento do câncer são a mucosite, ulcerações, infecções, disfunções glandulares, alteração do paladar e dor, podendo estas levar a complicações secundárias como a disgeusia e desnutrição.

2.3.1. Xerostomia

A xerostomia é definida como a secura da boca,

produzida pela secreção insuficiente de saliva, sendo

considerada uma das alterações mais freqüentes nos

pacientes sob terapia antineoplásica, principalmente

naqueles submetidos à radioterapia por câncer nas regiões

(56)

De acordo com Caielli, Martha, Dib, (1995) é relatado

que as radiações ionizantes podem induzir danos

irreversíveis aos tecidos das glândulas salivares, levando

ao comprometimento da produção de saliva devido à

fibrose, degeneração gordurosa, degeneração acinar e

necrose das células glandulares. Tais danos podem

promover alterações qualitativas e quantitativas no fluxo

salivar, estando a severidade destas alterações

dependente da dosagem de radiação, do tempo de

tratamento e da extensão da região irradiada.

É mencionado que clinicamente a xerostomia pode

ser evidenciada com duas ou três doses de 200 a 225 cGy,

ocorrendo geralmente ao final da segunda semana após o

início do tratamento. Além da diminuição do fluxo salivar,

ocorrem alterações qualitativas tais como, aumento da

viscosidade salivar e alterações tanto do pH quanto dos

níveis de imunoglobulinas e eletrólitos (RITCHIE

et al

.,

1985; CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

Segundo Garg, Malo (1997) a severidade da

xerostomia pode variar de uma mucosa com aspecto

relativamente normal com uma leve queixa pelo paciente

(57)

quais pode ocorrer ausência total do fluxo salivar e severa

sensação de queimação na mucosa oral.

Secundário à redução do fluxo salivar, ocorrem outras

alterações na cavidade oral, entre elas, aumento da

proliferação bacteriana, principalmente de microrganismos

potencialmente cariogênicos e fungos. Além disso, o

paciente pode apresentar dificuldade de mastigar e digerir

os alimentos, comprometendo sua nutrição e podendo

inclusive gerar problemas de fonação (NEVILLE

et al

.,

1998; SYMONDS, 1998).

Segundo Meran, Reeve (1998) a hipogeusia ou

redução do paladar é uma complicação que pode ser

relatada na segunda semana logo depois de iniciada a

radioterapia. Sua severidade e duração vão depender da

dosagem de radiação atingindo áreas de receptores

gustativos e geralmente compromete todo o espectro de

sabores (doce, salgado, amargo e ácido). Os autores

mencionam ainda que dosagens de 240 cGy a 400 cGy

podem induzir esta complicação e que, quando excedem

os 600 cGy, a perda do paladar pode tornar-se permanente,

muito embora, alguns pacientes possam recuperar

parcialmente as sensações gustativas por volta dos 20 a 60

(58)

Diversas medidas podem ser adotadas para o

tratamento da xerostomia, iniciando pela orientação dos

cuidados higiênicos do paciente, utilização de substitutos

salivares, estimulação do fluxo salivar e uso de sialogogos

como a pilocarpina (NIH, 1989; PETERSON, D`AMBROSIO,

1992; NEVILLE

et al

., 1995; CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

2.3.2. Mucosite oral

A mucosite oral é definida como uma inflamação da mucosa, caracterizada pela presença de eritema e/ou ulceração (EPSTEIN et al., 2000). Esta é considerada a complicação oral mais freqüente nos pacientes sob quimioterapia e/ou radioterapia (CHILDERSet al.,1993; SCULLY, EPSTEIN, 1996; PLEVOVÁ, 1999).

Segundo Millns, Martín, Williams (1999) muitas drogas antineoplásicas causam ulceração e destruição dos tecidos intra-orais, que por sua vez somado à alta proliferação celular e/ou a presença de trauma local, contribuem para tornar a boca um alvo da ação tóxica dos quimioterápicos, manifestando-se como mucosite. Os efeitos diretos ou indiretos do tratamento antineoplásico sobre as células basais do epitélio oral prejudicam sua replicação, tornando a mucosa atrófica, fácil de ser danificada e de difícil reparo (SONIS, 1998; PETERSON, 1999; SONIS et al., 2000).

(59)

é muito severa por volta dos 10 dias de iniciada a terapia com esta droga (SYMONDS, 1998).

Segundo Fonseca (1998) é mencionado que o primeiro sinal de desenvolvimento da mucosite oral é a sensação de queimação relatada pelo paciente e que, 2 a 7 dias após essa queixa inicial, ocorreriam as fases subseqüentes desta complicação oral. Nos estágios iniciais da mucosite a mucosa apresenta-se pálida. Segundo Symonds (1998), esse aspecto pálido da mucosa pode ser devido ao fato de que no início da terapia antineoplásica um número considerável de células da camada basal do epitélio não estão ainda em divisão, podendo ocorrer diminuição da atividade mitótica, levando à retenção das células superficiais do epitélio e, conseqüentemente, maior grau de ceratinização destas.

Em conseqüência desse aspecto inicial pode ocorrer eritema intenso, o qual geralmente é seguido pela formação de edema e de uma pseudomembrana esbranquiçada. Finalmente o quadro pode tornar-se mais severo, progredindo para formação de úlcera (NEVILLE et al., 1995; SCULLY, EPSTEIN, 1996; SYMONDS, 1998). Os sítios mais acometidos pela mucosite droga-induzida são a mucosa jugal, palato mole e assoalho bucal, enquanto que, nos pacientes sob radioterapia, as lesões mais severas ocorrem na área que foi diretamente irradiada (PETERSON, 1999).

(60)

Segundo Peterson (1999), além da ação direta dos agentes antineoplásicos sobre as células da mucosa oral, outros fatores tais como a desregulação do sistema imunológico, o papel da microbiota colonizadora e os mecanismos de reparo das lesões estão sendo estudados, para tentar entender melhor o processo de desenvolvimento da mucosite. Neste sentido, segundo o autor, existem evidências de que alterações induzidas pela quimioterapia em determinadas citocinas como a Interleucina 1 (IL-1) e o Fator de Necrose Tumoral (TNF- ) no epitélio, podem acelerar a progressão das lesões uma vez que atuariam causando dano tecidual localizado, aumento da vascularização sub-epitelial e subseqüente aumento da distribuição do quimioterápico pela mucosa. O autor menciona ainda que o Fator Transformante de Crescimento 3 (TGF- 3), pode exercer um efeito protetor contra as injúrias à mucosa, inibindo a proliferação celular durante a fase G1 do ciclo celular, através da inibição do complexo proteína quinase cdk2/ciclina D.

Segundo Sonis (1998), a mucosite é um processo fisiologicamente complexo que se desenvolveria em 4 fases interdependentes quais sejam em conseqüência de uma série de ações mediadas por citocinas, pelos efeitos diretos dos agentes antineoplásicos no epitélio, a microbiota oral e o status da medula óssea do paciente.

(61)

A fase 3 ou ulcerativa / bacteriana é, segundo o autor supracitado, a mais complexa e sintomática, ocorre por volta da primeira semana em que é administrada a droga e quando o paciente apresenta evidente neutropenia, podendo ocorrer erosões, as quais geralmente apresentam-se recobertas por uma pseudomembrana fibrinosa. Nesta fase podem, também, ocorrer infecções secundárias das lesões por uma microbiota mista, entre elas as bactérias Gram negativas, as quais, por intermédio de suas endotoxinas, estimulam uma maior liberação de citocinas pelas células mononucleares no tecido conjuntivo. Isto, somado à produção de óxido nítrico, podem tornar o quadro de mucosite mais severo. Finalmente, ocorre a fase 4 ou de reparo, que consiste na renovação da proliferação e diferenciação celular, regularização da contagem das células brancas do sangue periférico e restabelecimento da microbiota oral normal.

Para Epstein, Schubert (1999) a mucosite além de ser uma das complicações mais freqüentes em pacientes com transplante de medula óssea e em tratamento de câncer hematológico, é considerada a causa mais freqüente de dor oral nesses pacientes. Além de causar dor, a qual pode atingir níveis significativos, compromete a nutrição e a qualidade de vida (PETERSON, 1999; SONIS et al., 2000), promovendo infecções e, por vezes, levando a modificação ou interrupção dos protocolos de tratamento antineoplásico (MÜELLER et al., 1995).

(62)

A mucosite radio-induzida tende a ocorrer na terceira semana de iniciada a terapia, geralmente durando 6 a 8 semanas, podendo a sobreposição de trauma e/ou infecção agravar o quadro, prejudicando o reparo tecidual (SYMONDS, 1998). Neste sentido é mencionado que quando as bordas laterais da língua exibem mucosite, geralmente as lesões demoram em reparar devido à sobreposição do trauma da

mastigação e fricção contra os dentes (FONSECA, 1998). Segundo Parulekar et al. (1998) a severidade da mucosite radio-induzida depende de vários fatores entre

eles a dose de radiação, o fracionamento desta, o volume tecidual irradiado e o tipo de radiação.

Geralmente dosagens de radiação em torno dos 2000 Gy administrados em doses diárias de 200 cGy podem causar mucosite, uma vez que as células da mucosa oral exibem baixa resistência à radiação ionizante. Com as doses subseqüentes, os efeitos cumulativos da radiação tornam o quadro mais grave (RITCHIE et al., 1985; SONIS, 1991; SONIS, 1992). Isto pode prejudicar o plano de tratamento, limitando a dosagem de radioterapia e comprometer a higiene oral do paciente e conseqüentemente, observa-se um aumento exagerado da microbiota oral. Isto, somado a xerostomia e disfagia que geralmente ocorrem durante a radioterapia, tornam gravíssimo o quadro de mucosite, dando lugar a ulcerações severas e predisposição para infecções (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

(63)

que a mucosite oral é uma complicação “paciente específica”, já que uma minoria dos pacientes que receberam drogas estomatotóxicas desenvolveu mucosite severa, enquanto que a maioria não mostrou sinais perceptíveis desta complicação.

Estudos pregressos relataram a ocorrência de mucosite em associação com estados de neutropenia. Nesse sentido, McCarthy et al. (1998) realizaram um estudo

retrospectivo em 63 pacientes com câncer do trato digestivo e que receberam 5-fluorouracil (5-FU) como parte do tratamento. Os autores observaram que 46 % dos

pacientes exibiram episódios de mucosite comprometendo várias regiões da boca. Ao relacionar a presença de mucosite com a contagem de neutrófilos, estes observaram que existia uma associação estatisticamente significativa entre esta complicação oral e estados de neutropenia menores ou iguais a 4.000 céls/mm3. Segundo os referidos autores estes resultados podiam refletir um dano da resposta inflamatória induzida pelos efeitos da 5-FU na mucosa oral e concluíram sugerindo que baixas contagens de neutrófilos podem ser consideradas como fator preditivo do risco de desenvolver mucosite nos pacientes em terapia antineoplásica.

A mucosite oral causa desconforto e pode interferir nos protocolos de tratamento antineoplásico (PLEVOVÁ, 1999). Portanto é importante estabelecer medidas direcionadas à prevenção e/ou redução da incidência dessa complicação. Assim sendo, todo paciente que for submetido a tratamento antineoplásico deve ser objeto de uma criteriosa avaliação odontológica, procurando identificar e eliminar lesões pré-existentes e possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de alterações estomatológicas durante o tratamento. Uma das primeiras medidas adotadas, deve ser informar e incentivar o paciente, os pais e/ou responsáveis sobre a importância de manter um adequado padrão de higiene oral, antes, durante e após a terapia (GREENBERG et al., 1982; SONIS, KUNZ, 1988; NIH, 1989; SYMONDS, 1998; PARULEKAR et al., 1998).

(64)

outro lado, alguns pacientes, principalmente as crianças, reclamam do uso de cremes dentais alegando alteração da sensação gustativa. Nestes casos recomenda-se a diminuição ou eliminação do creme dental, partindo do fato de que o importante é a ação mecânica da escovação. Sempre que possível devem ser recomendados cremes dentais fluoretados pouco abrasivos, devido ao alto risco de caries observado nestes pacientes (FONSECA, 1998).

Segundo Sepet et al. (1998) é de extrema importância reforçar as medidas de higiene oral nos pacientes sob tratamento antineoplásico, destacando-se que mesmo com a presença de complicações esta seja executada freqüentemente e com extremo cuidado, já que o simples fato de evitar o acúmulo de placa é uma medida que auxilia na prevenção da ocorrência de complicações.

Embora não tenha sido comprovada sua efetividade em estudos controlados cientificamente, outra medida muito empregada em protocolos de tratamento odontológico para pacientes com neoplasias que desenvolvem complicações orais, é o uso de enxaguatórios com solução salina ou bicarbonato de sódio, no intuito de manter a mucosa oral limpa e úmida (EPSTEIN, SCHUBERT, 1999).

Segundo Plevová (1999) sabendo-se que a mucosite nos pacientes sob intensa terapia antineoplásica, pode ser o resultado de infecção secundária de áreas danificadas da mucosa oral, o uso da clorexidina, um potente agente antimicrobiano e anti-séptico, tem mostrado eficácia no controle da mucosite oral.

(65)

3ª a 4ª semana, a freqüência de mucosite foi significativamente maior no grupo controle. Quatro pacientes desse grupo desenvolveram mucosite caracterizada por eritema severo, úlceras, dor severa e dificuldade de alimentar-se, enquanto que apenas 2 pacientes do grupo de estudo apresentaram tal grau de mucosite. Segundo os autores, os resultados mostraram que a clorexidina pode diminuir a severidade e a duração dos episódios de mucosite, reduzindo conseqüentemente o risco de outras complicações nos pacientes sob terapia antineoplásica.

Costa (1998) avaliou clinica e citologicamente a mucosa oral de 14 crianças com LLA entre as idades de 02 a 10 anos submetidas a quimioterapia. Estas foram divididas em dois grupos de 7 pacientes cada, sendo que um dos grupos fez uso de bochechos de clorexidina a 0,12 %. Nos resultados observou-se que uma criança do grupo de estudo e 5 do grupo controle apresentaram mucosite, caracterizada pela ocorrência inicial de eritema seguido de edema e formação de úlcera. As lesões se desenvolveram em um período de 2 a 4 dias após a administração do MTX e localizaram-se geralmente na mucosa labial e jugal. Na avaliação citológica não foram observadas modificações na relação núcleo-citoplasma, bem como no contorno da membrana nuclear e do citoplasma. Baseada nos resultados a autora sugeriu que bochechos de clorexidina a 0,12 % podem evitar o desenvolvimento ou minimizar a severidade da mucosite oral.

Segundo Wahlin (1989) a clorexidina deve ser utilizada com cautela, principalmente em crianças, em virtude da sua capacidade de induzir manchas na língua e nos dentes, alterar a sensação gustativa e promover inflamação temporária da glândula parótida. Devido ao seu alto conteúdo alcoólico, a clorexidina pode queimar os tecidos orais, aumentar a secura destes e prejudicar o reparo da mucosa danificada. De acordo com estes pesquisadores, para evitar os inconvenientes do uso desta solução em crianças, recomenda-se diluí-la em água para neutralizar um pouco o seu sabor desagradável e, desta forma, poder contar com a colaboração do paciente.

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diferenciação de precursores de neutrófilos e monócitos / macrófagos, além de aumentar as funções efetoras de neutrófilos maduros, podem estimular a proliferação celular nas membranas mucosas da orofaringe, reduzindo, assim, a ocorrência e/ou severidade da mucosite oral.

Bez et al. (1999) realizaram estudo para avaliar a eficácia de enxaguatórios de fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF) no tratamento da mucosite oral, em 39 pacientes entre as idades de 17 e 61 anos, os quais receberam quimioterapia e radioterapia para neoplasias hematológicas e tinham desenvolvido mucosite oral severa, caracterizada pela presença de lesão recoberta por uma pseudomembrana ou pela presença de ulceração. O grupo de estudo foi constituído por 10 pacientes que realizaram enxaguatórios 3 vezes ao dia com GM-CSF, enquanto que, o grupo controle foi formado por 29 pacientes. Estes pesquisadores observaram que a duração dos episódios de mucosite severa, foi menor no grupo de estudo, ocorrendo, em média em um período de 7 a 23 dias, enquanto que, no grupo controle, a duração desses episódios foi de 5 a 42 dias. Baseados nesses resultados, os autores sugerem que enxaguatórios de GM-CSF podem ser eficazes no controle da mucosite oral em pacientes sob terapia antineoplásica.

2.3.3. Sangramento oral

As leucemias, linfomas e/ou estados de imunossupressão, assim como o uso de certas drogas, pode causar trombocitopenia severa, a qual geralmente predispõe a sangramentos orais. Além disso, os pacientes imunossuprimidos podem sofrer coagulação intravascular disseminada, condição que também coloca o paciente sob risco de sofrer sangramentos na mucosa oral (NIH, 1989; FONSECA, 1998; CANCER NET, 2001).

Referências

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