ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO:
PERCEPÇÕES DO ALUNO-TERAPÊUTA
EM FONOAUDIOLOGIA NO ÂMBITO HOSPITALAR
Curricular supervised traineeship: perceptions of student-therapist
in Speech, Language and Hearing Sciences in a hospital
Moisés Andrade dos Santos de Queiroz (1), Camila Lima Verde Teixeira (2), Cleiciane Martins Braga (3), Kelly Alves de Almeida (4), Rakel Ximenes Pessoa (5), Rita de Cássia Araújo Almeida (6),
Thamyris Marron de Mesquita (7), Maria Cláudia Mendes Caminha Muniz (8)
RESUMO
Objetivo: construir uma descrição da percepção dos estagiários do curso de fonoaudiologia em leito hospitalar. Método: pesquisa realizada durante a disciplina de Estágio Supervisionado II em Fonoaudiologia do último semestre do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza no período de fevereiro a junho de 2010. Optou-se por uma abordagem qualitativa registrando-se, por parte dos estagiários-pesquisadores, suas impressões pessoais, por meio da construção de diários e notas de campo, no atendimento a pacientes neurogênicos à beira do leito.
Resultados: as categorias encontradas dividiram-se em: ansiedade e frustração; insegurança e
inca-pacidade; angústia, tristeza e medo; empoderamento proissional; empatia e lembranças e; sentimen -tos negativos. Os sentimen-tos ressaltaram o medo de intervir com o paciente. Porém, a rotina faz o estagiário mais seguro quanto aos seus procedimentos e, com o tempo, é possível controlar os sen-timentos em relação às medidas a serem tomadas junto ao paciente. Conclusão: concluiu-se que as percepções referidas pelos estagiários estão diretamente relacionadas ao impacto emocional inicial. A falta da vivência interfere na atuação, fazendo o aluno buscar o apoio do docente. É pela
experiên-cia que o estagiário adquire conhecimento técnico-prático, proporcionando uma relexão crítica que o leva à autoconiança. A importância de levar o aluno ao pensamento crítico-relexivo torna-o um pro
-issional consciente de seu papel na sociedade, possibilitando a um atendimento mais humanizado e
diferenciado implicando em uma melhora na qualidade de atendimento do paciente debilitado.
DESCRITORES: Diários; Estudantes de Ciências da Saúde; Fonoaudiologia
(1) Fonoaudiólogo; Mestrando em Ciências Médicas pela
Uni-versidade Federal do Ceará, UFC, Fortaleza, Ceará, Brasil.
(2) Fonoaudióloga graduada pela Universidade de Fortaleza,
UNIFOR, Fortaleza, Ceará, Brasil.
(3) Fonoaudióloga graduada pela Universidade de Fortaleza,
UNIFOR, Fortaleza, Ceará, Brasil.
(4) Fonoaudióloga; Mestranda em Saúde Coletiva pela
Uni-versidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil.
(5) Fonoaudióloga graduada pela Universidade de Fortaleza,
UNIFOR, Fortaleza, Ceará, Brasil.
(6) Fonoaudióloga graduada pela Universidade de Fortaleza,
UNIFOR, Fortaleza, Ceará, Brasil.
(7) Fonoaudióloga graduada pela Universidade de Fortaleza,
UNIFOR, Fortaleza, Ceará, Brasil.
(8) Fonoaudióloga; Professora Assistente do curso de
Fono-audiologia da Universidade de Fortaleza, UNIFOR; Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza, UNI-FOR, Fortaleza, Ceará, Brasil.
Conlito de interesses: inexistente
INTRODUÇÃO
É recente a atuação do fonoaudiólogo nos
hospitais. Sua inserção, especiicamente nas
dentro do estágio curricular supervisionado hospi-talar. Pouco se discute a respeito do que o indivíduo pensa, sabe, conhece e espera desta experiência. Estudos referem que o estágio curricular supervi-sionado pode ser uma experiência rica no ponto de vista clínico, porém é fragmentada e pontual, onde
os acadêmicos não buscam identiicar suas limita -ções e sentimentos, devido à ausência de vínculos sólidos e pequena duração oferecida, o que leva ao indivíduo a pensar em seu próprio benefício do que no impacto da atuação na melhora do paciente7.
Diante do exposto, pretende-se com este estudo construir uma descrição da percepção dos estagiá-rios do curso de fonoaudiologia, tendo como base sua inserção e vivência junto à prática em leito
hospitalar, baseando-se em suas relexões no que
concerne às experiências na constituição do eu, da formação e (trans)formação nas práticas em saúde, sociais e interculturais e, entre os espaços e apren-dizagens, bem como os territórios da formação humana.
MÉTODO
O presente trabalho foi realizado durante a disci-plina de Estágio Supervisionado II em Fonoaudio-logia do último semestre do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, na cidade de Fortaleza, Ceará, no período de fevereiro a junho de 2010.
Optou-se por uma abordagem qualitativa de pesquisa, baseada em Minayo9, registrando-se
inicialmente, por parte dos estagiários-pesquisa-dores, suas impressões pessoais, dentre valores, opiniões, representações, crenças e outras catego-rias que implicam fenômenos complexos e
subje-tivos nas ações em saúde, mais especiicamente,
no atendimento junto à pacientes neurogênicos a beira do leito. Tais impressões foram coletadas a partir de suas práticas durante o estágio curri-cular supervisionado em uma instituição hospitalar pública municipal de referência terciária e abran-gência Estadual e Municipal.
Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados o diário e notas de campo realizados durante o período de estágio curricular supervisionado de sete alunos do curso de fonoaudiologia, etapa esta seguida pela análise cultural dos dados colhidos. A partir da análise dos diários e notas de campo, os dados foram categorizados, analisados e confron-tados com a literatura encontrada.
Paralelamente foi realizada uma revisão de lite-ratura ancorada em pesquisa utilizando os termos: recursos humanos em saúde, pesquisa qualitativa,
educação proissional em saúde, ensino-aprendi -zagem e estágio curricular nos bancos de dados do demais unidades de atendimento aos pacientes
com distúrbios de linguagem, traumas faciais,
quei-maduras e disfagias mecânicas1.
Com o crescimento do mercado de trabalho na área hospitalar, os currículos oferecidos pelos cursos de graduação em fonoaudiologia vêm esta-belecendo disciplinas teóricas, acerca da fonoaudio-logia hospitalar nas visões biológica e humanista; e práticas, onde o acadêmico tem a oportunidade de desenvolver todo o atendimento fonoaudiológico ao paciente hospitalizado, prestando cuidado individu-alizado de acordo com as necessidades básicas de saúde biopsicossocial.
Para que isto ocorra, torna-se indispensável à parceria da universidade com os serviços de saúde e a comunidade, possibilitando a inserção do acadêmico no cotidiano de trabalho para um desempenho produtivo e consistente. A partir deste princípio, surge o estágio curricular supervisionado em fonoaudiologia hospitalar, que oportuniza uma vivência relevante ao acadêmico devido à auto-nomia e à interação que este experiencia, em sua intervenção no processo saúde-doença, com os diferentes atores sociais2.
A complexidade do estágio curricular supervi-sionado ocorre quando, o aluno, que adquiriu um
conteúdo teórico especíico, utiliza este conheci -mento para a resolução dos problemas da popu-lação atendida. Nesta etapa, o acadêmico desen-volve competências técnicas e humanísticas para
o exercício da proissão, por meio das orientações
e feedback, de um docente ou supervisor, acerca
do seu desenvolvimento proissional e educacional,
objetivando o realizar de um atendimento adequado; o ampliar do seu conhecimento teórico-prático; e o
formar de um proissional crítico e relexivo, capaz
de atuar dentro do cenário experenciado, apto às demandas sociais3.
O ambiente de estágio no âmbito hospitalar trás
preocupações adicionais às avaliações curriculares, pois o acadêmico deve contribuir no atendimento à pacientes acamados que merecem cuidados, compreensão e respeito4. Em adição, o hospital é
considerado um ambiente estressante tanto para o paciente, quanto para a própria equipe que nele atua5.
Estudos que avaliaram acadêmicos da área da saúde sugerem a existência de uma relação
entre a escolha e o desempenho proissional com
as características pessoais do indivíduo6,7. Entre
as características essenciais ao âmbito hospitalar,
sugere-se: o autocontrole emocional, as relações interpessoais, a habilidade de trabalhar em equipe e a consciência humanística6,8.
“(...) não me sinto preparada emocional-mente para enfrentar certas situações vividas no hospital, no leito hospitalar.” (ALUNO 3) (comentário 5)
1.3 Impotência do proissional
Foi considerado que o relacionamento do esta-giário de fonoaudiologia com a equipe médica é restrito, pois não há na instituição, ainda, a vivência que possibilite este contato com os médicos e os
demais proissionais da saúde.
“Na hora que chegamos no posto de enfer-magem pedimos um canudo a enfermeira disse que não tinha, e nem tinha como con-seguir” (ALUNO 2) (comentário 6)
2. Insegurança e incapacidade 2.1 A presença do desconhecido
O estagiário enfrenta uma série de diiculdades
no início do estágio curricular supervisionado, como o fato de tocar uma pessoa desconhecida.
“... A sensação que tive foi de muito medo, não conseguia entrar no leito, foi preciso a professora entrar comigo, me “empurrar” até o paciente. E não consegui também ter uma conversa com eles...” (ALUNO 2) (comen-tário 7)
“... Senti-me insegura em relação ao meu desempenho junto aos pacientes, nunca tinha entrado em hospital, então pra mim aquilo foi um choque...” (ALUNO 2) (comen-tário 8)
2.2 A experiência faz falta...
Os estagiários enfatizaram o medo de errar, o que pode estar relacionado à falta de vivência.
“... Não tinha experiência nenhuma, não sabia como funcionava a vida hospitalar, mais sabia que ia ver muitos casos de doen-ças, mas também não sabia como ia agir, pois não tinha visto nada na teoria...” (ALUNO 2) (comentário 9)
“... Não que eu não goste de linguagem, eu adoro afasias, mas apesar de adorar eu sei que não sou bom nessa área porque me falta muito estudo.” (ALUNO 4) (comentário 10)
2.3 O desempenho pessoal junto ao paciente e perante os colegas
Ao se deparar com a responsabilidade da
atuação proissional, o estagiário buscou o amparo,
a atuação “protegida”, ou seja, supervisionada.
“... eu não consigo ser desenvolto em um local que não esteja apenas eu e o paciente, e eles precisam de algo que eu não
con-Scielo, Google e Google acadêmico, acrescentando uma revisão não sistemática de sites na internet.
RESULTADOS
Após leitura dos relatos dos diários de campo, os mesmos foram organizados em categorias e subcategorias, de acordo com as impressões de cada aluno.
As categorias encontradas dividiram-se em: ansiedade e frustração; insegurança e incapaci-dade; angústia, tristeza e medo; empoderamento
proissional; empatia e lembranças e; sentimentos
negativos.
Alguns alunos, em sua experiência inicial de estágio curricular supervisionado, expressaram sentimentos de ansiedade em relação aos proce-dimentos técnicos e no relacionamento com o paciente e o docente.
CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS
1. Ansiedade e frustração
1.1 Pressa para agir – o atendimento
A ansiedade do aluno leva a pressa para chegar ao leito, conhecer e realizar procedimentos técnicos junto o paciente.
“Muita ansiedade, vontade de chegar logo no hospital para poder conhecer como era a rea-lidade de lá.” (ALUNO 7) (comentário 1)
“Acho que estava tão ansioso que não que-ria saber da históque-ria do paciente, só me inte-ressava ver qual o acidente que ele sofreu e como ele estava no dia atual, e então, ir direto ao leito para saber mais por lá mesmo. Eu sei que isto não é o correto, e como eu disse, fui ansioso.” (ALUNO 4) (comentário 2)
1.2 Sensação de incapacidade frente à necessidade do paciente
A ansiedade e a insegurança também foram referidas na realização dos procedimentos, prin-cipalmente durante o primeiro contato com os pacientes e pelo medo da não aceitação por estes.
“Mas eu lembro que iquei meio frustrado
por ver que eles estavam tão acometi-dos que não podiam fazer “nada”. Mas
desse “nada” que eu iz, eu ainda gostei.” (ALUNO 4) (comentário 3)
“Me senti um pouco desmotivada, pois a acompanhante parecia não ter interesse no que era passado, parecia que tudo aquilo que eu estava falando não ia surtir efeito, ten-tei acordar o paciente, mas não foi possível.”
“A sudorese tomou conta do meu corpo. Me senti em uma sauna, mão gelada e face demonstrando medo e pena. Tentei intera-gir com o paciente mais não obtive sucesso o que me deixou mais incomodada por ele não conseguir se comunicar.” (ALUNO 3) (comentário 19)
“Nesse momento minha cabeça se enchia de pergunta, dúvidas e muito medo passava pela minha cabeça.” (ALUNO 5) (comen- tário 20)
“...sentir-me um pouco angustiada, pois naquele momento não podia ajudar em muita coisa, mas conseguir conter a emoção fui
coniante durante as orientações passada
para a mãe.” (ALUNO 1) (comentário 21) “Ela estava acordada, com um olhar ixo para
o teto, e foi nesse momento que todos os meus sentimentos vieram à tona. Medo,
inse-gurança, alição, pena, angústia.” (ALUNO 5) (comentário 22)
4. Empoderamento proissional
4.1 Identiicação proissional
Com esse estudo, veriicou-se que apenas três estagiários referiram identiicar-se com ambiente
hospitalar.
“(...) sempre tive vontade de atuar na área hospitalar.” (ALUNO 1) (comentário 23)
“Eu sempre esperei por essa disciplina, por-que é a área por-que almejo trabalhar.” (ALUNO 4) (comentário 24)
“(...) A sensação que tive foi de muita alegria
pela conirmação de que estava certa quanto a minha escolha proissional.” (ALUNO 6) (comentário 25)
4.2 Reconhecimento da importância da
proissão
Foi identiicado pelos estagiários a necessidade
da atuação fonoaudiológica junto aos pacientes hospitalizados e a procura do serviço
fonoaudioló-gico pelos demais proissionais.
“(...) Percebi a importância do nosso traba-lho fonoaudiológico diante dessas pessoas”;
(ALUNO 3) (comentário 26)
“(...) senti muito a importância da minha
pro-issão e o quanto os outros proissionais de
saúde são leigos em relação ao trabalho fonoaudiológico” (ALUNO 5) (comentário 27)
“(...) passei a manhã imaginando como seria o atendimento aos pacientes que tanto preci-savam da nossa ajuda”. (ALUNO 6) (comen-tário 28)
seguia oferecer, que era isto.” (ALUNO 4) (comentário 11)
“... o sentimento de incapacidade também surgiu, a vontade de reverter o quadro dos pacientes e evitar o seu sofrimento, ao mesmo tempo, senti a vontade e a
necessi-dade de icar conversando com eles e seus
acompanhantes pra, de certa forma, os con-fortar, dar uma palavra amiga, de apoio, mas me senti envergonhada diante dos meus colegas...” (ALUNO 3) (comentário 12)
3. Angústia, tristeza e medo 3.1 Situação do paciente
A maioria dos estagiários manifestou os senti-mentos de tristeza, angústia e medo, que podem ser causados pelo fato do aluno estar lidando com algo novo e desconhecido, isto é, o primeiro contato com o paciente.
“Me deu pena, tristeza, mas tentei não pas-sar pro paciente o que eu estava sentindo.”
(ALUNO 2) (comentário 13)
“O primeiro dia de atendimento me deixou triste por eu não gostar de ver pessoas em hospital passando por algum tipo de sofri-mento.” (ALUNO 3) (comentário 14)
“Na hora que cheguei ao hospital, senti aquele clima de tristeza das pessoas.” (ALUNO 5) (comentário 15)
3.2 A vida é um jogo: pode acontecer comigo!
O contato com a realidade desconhecida do ambiente hospitalar levou aos estagiários a colo-carem-se no lugar do paciente e sua família.
“... isso me deu uma angústia, pensei que pode acontecer com qualquer um de nós!”
(ALUNO 5) (comentário 16)
“... nervosa com o que eu poderia encontrar de início pensava na patologia que eu pode-ria me deparar, quepode-ria algo que me sentisse a vontade em atender, que não envolvesse tanto contato “pele a pele”.” (ALUNO 1) (comentário 17)
3.3 O sofrimento e a solidão
Os sentimentos aluem quando o estagiário
inicia a escrita do diário de campo e entra em contato com suas percepções. Esses sentimentos
são importantes para que se tenha uma relexão
crítica da sua atuação atual, da realidade e futura
proissão.
“A vontade que me dar é fazer algo por toda essa gente que precisa de cuidados, infor-mações e medidas de prevenção que são capazes de fazer com que eles não cheguem a esse ponto de intervenção que são subme-tidos.” (ALUNO 3) (comentário 35)
6. Sentimentos negativos
6.1 A situação do sistema de saúde pública
Não apenas motivações relacionadas ao salário,
mas também, ao próprio ambiente em que o prois
-sional irá atuar, foram observados no relato:
“Ao chegar ao hospital tive o aspecto de sujo, macas pelo corredor, elevadores antigos e muita gente esperando o atendimento. Fiquei assustada com o que presenciei, mas o pior estava por vir.” (ALUNO 5) (comentário 36) “Ao chegar ao sexto andar do hospital, vi aquele corredor sombrio com aquelas pes-soas deitadas nas macas dentro dos leitos, tão debilitadas, às vezes sozinhos, alguns por muito tempo no hospital. Fiquei chocada quando vi!” (ALUNO 7) (comentário 37) “Senti algo diferente, a movimentação de um andar para o outro, a maioria dos pacien-tes estavam em estado de alerta, porém com fraturas expostas, com bom nível de consciência, eles aparentavam sentir sufo-cados com tudo aquilo o calor sufocante”
(ALUNO 1) (comentário 38)
6.2 A humanização pela janela
Observou-se que a falta de motivação ambiental e mesmo psicológica, pode levar à criação de
proissionais “não humanizados”. O atendimento do proissional pode ser afetado também pela relação
que este possui com os familiares e/ou cuidadores.
“... não queria saber da história do paciente, só me interessava ver qual o acidente que ele sofreu e como ele estava no dia atual”.
(ALUNO 4) (comentário 39)
“Perguntamos se o paciente tinha engas-gos, e ela disse que sim e com freqüên-cia. Orientamos que não era seguro para o paciente ser alimentado naquela posição, porém ela não deu muita credibilidade para nós.” (ALUNO 7) (comentário 40)
DISCUSSÃO
Os sentimentos percebidos de ansiedade e frus-tração pelos estagiários podem ser explicados pela entrada brusca dos mesmos numa situação desco-nhecida e pode ser um fator desencadeante de tensão e ansiedade, que interferem negativamente no aprendizado. Assim, torna-se imprescindível a
4.3 A Interdisciplinaridade funciona
Sobre o tópico interdisciplinaridade, os estagiá-rios perceberam o quanto esta é necessária:
“(...) foi proveitoso, pois teve interdiscipli-naridade com maior resolutividade para o paciente.” (ALUNO 1) (comentário 29)
“(...) a interação dos proissionais também
é um fato importante, que não se consegue trabalhar se não for em conjunto, porque mui-tas vezes, para se realizar um procedimento, é necessário antes o procedimento do outro
proissional.” (ALUNO 3) (comentário 30)
5. Empatia e lembranças 5.1 Reconhecer-se no outro
Além disto, os estagiários relataram que o paciente que necessita de ajuda, muitas vezes não
consegue diferenciar o proissional da saúde em
sua especialidade, acreditando que todos estão aptos a tratar qualquer problema que ocorra.
“O paciente hospitalar não faz diferenciação
da sua proissão com os demais encontrados pra eles somos proissionais da saúde, que
qualquer um ali pode resolver seu problema.”
(ALUNO 5) (comentário 31)
“Saber que a vida da gente pode mudar em questão de segundos, que somos imortais e que ninguém deve se vangloriar dizendo ou pensando que isso só acontece com o pró-ximo.” (ALUNO 4) (comentário 32)
5.2 Estar perto e estar longe da situação
A forma de atendimento ao enfermo foi obser-vada como crucial e, algumas vezes, com retorno
gratiicante. Os relatos demonstraram que o tera -peuta deve agir com razão e emoção e compre-endendo que está tratando seres humanos e não simples objetos.
“As vezes eu me sinto muito frio em relação à pessoa, principalmente quando eu me com-paro com as outras alunas. Eu me sinto dife-rente delas e isso faz eu me sentir um pouco mal.” (ALUNO 1) (comentário 33)
5.3 Pequenos atos fazem a diferença
Nos pequenos atos proporcionados pelos prois
-sionais o paciente e a família muitas vezes se sentem empoderados e se tornam o diferencial no tratamento:
“Percebi a importância do nosso trabalho fonoaudiológico diante dessas pessoas, que muitas vezes um simples Boa tarde, um gesto, um olhar, pode trazer benefícios para eles, pode fazer a diferença no seu dia.”
humanas são ricas de signiicações e contradições,
e que se tornam fonte de conhecimento da reali-dade vivida12.
Diante dos sentimentos percebidos de angústia, tristeza e medo, entendeu-se que a sensação de tristeza manifestada pelos alunos em seus relatos demonstra que o lado sentimental não pode se
desvincular do proissional. Colocar-se no lugar do
paciente é praticar a humanização, tão valorizada no Sistema Único de Saúde (SUS)14.
No Brasil, os proissionais de saúde como isio -terapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos, médicos e terapeutas ocupacionais encontram-se em estado de insalubridade ocupacional que, consequente-mente, atinge o emocional repercutindo na assis-tência oferecida ao paciente ou a si mesmo15.
O fato destes proissionais de saúde estar em
contato constante com um local de prática que transmite sensações pessimistas, como amargura,
angústia e frustrações, faz com que o proissional
se coloque no lugar do paciente16-17.
O medo, a ansiedade e a angústia podem ser minimizados pela assistência do docente que acompanha o estagiário no momento do
atendi-mento, demonstrando a importância da assistência
emocional ao aluno de estágio curricular supervisio-nado em contato com o paciente18.
Em relação ao empoderamento proissional, o proissional que atua em instituições hospitalares
está exposto a diversos fatores que afetam dire-tamente o seu bem estar. Dentre vários, podem--se citar as longas jornadas de trabalho, o número
insuiciente de pessoal, a falta de reconhecimento proissional, a alta exposição do proissional a riscos
químicos e físicos, assim como o contato constante com o sofrimento, a dor e muitas vezes a morte15.
O desempenho destes proissionais envolve
uma série de atividades que necessitam forçada-mente de um controle mental e emocional muito
maior que em outras proissões19. Eles devem
manejar os pacientes em estado grave e comparti-lhar, com o enfermo e seus familiares, a angústia, a dor, a depressão e o medo de padecerem20,21.
Para tanto é necessário que haja notória
identi-icação com a área de atuação de sua proissão6,7.
Tenta-se fortalecer a proissão e divulgar a importância da atuação do proissional nos diversos
segmentos da sociedade16. O reconhecimento
responde àqueles que querem provar o
desmere-cimento do proissional fonoaudiólogo na atuação
hospitalar.
O trabalho em equipe na área da saúde distingue--se pela homogeneidade dos objetivos propostos. Assim, a equipe interdisciplinar, descrita como um
grupo de proissionais de diversas formações atua
de forma interdependente, interrelacionando-se presença de um docente consciente em campo de
estágio que colabore e tenha atitudes de compre-ensão para com o estagiários10.
Os sentimentos de ansiedade descritos pelos alunos no primeiro contato com o paciente compro-metem a sua atuação, bloqueando a ação de cuidar efetivamente do mesmo11.
A constante tensão vivida pelos estagiários, em relação ao que tem que ser feito para ajudar os pacientes e aquilo que conseguem realizar, leva-os a sentimentos de frustração e ansiedade11.
Diante das diiculdades para realizar os enca -minhamentos necessários e das cobranças em diminuir o sofrimento e controlar os riscos de
casos graves, o proissional da saúde que atua no
ambiente hospitalar é submetido a um estresse crônico. Por conta disso, incumbe-lhes tomar deci-sões delicadas que mobilizam forte carga afetiva, uma vez que convivem com a angústia dos fami-liares, necessitando lhes dar suporte em uma expe-riência emocional crítica, além de fazer adaptações radicais no processo de trabalho, quase sempre sob condições bastante precárias5.
Os aspectos relacionados à insegurança e a incapacidade podem ser percebidos pelos estagi-ários, quando estes sentem medo do desconhe-cido, diante da relação vivida entre o estagiário e o paciente, e nas descobertas do processo de cuidar
no início da prática proissional. São aspectos
considerados como algo novo, causando, portanto, ansiedade10.
A inabilidade em atuar com seus sentimentos
e o dos pacientes e; a diiculdade para associar a
teoria à prática, que são evidenciadas quando lhe é cobrado um desempenho junto ao paciente12.
O estágio curricular supervisionado introduz o estagiário na prática, propiciando ao gradu-ando experimentar sentimentos ambivalentes. Por um lado ele iniciará o estágio e irá sentir-se, pela
primeira vez, inserido na proissão; por outro, ele
experimentará a angústia relatada por colegas que
já izeram a disciplina10.
As diiculdades e as angústias que o estagi -ário vivencia no relacionamento com o paciente, o docente e o ambiente podem produzir efeitos posi-tivos e negaposi-tivos referentes às primeiras experiên-cias práticas do estagiário junto aos pacientes10.
A partir destes fatos, o estagiário manifesta a necessidade de apoio das pessoas que lhes são próximas nesta vivência, como seu o colega de
grupo ou o docente, a im de que possa superar suas diiculdades12-13.
vise a melhoria da relação qualidade e quantidade
dos proissionais do setor, objetivando uma produ -tividade mais adequada28. Esta produtividade é
inluenciada por mecanismos mais lexíveis e de
motivação29.
A crise na saúde tem causado a diminuição da
qualidade do atendimento e o aumento das ilas
de espera, indo contra a insaciável demanda dos consumidores por atendimento de alta qualidade29.
A própria sobrevivência do hospital depende da aprovação pelo paciente. Muitas estratégias para melhoria de serviços de saúde estão base-adas na satisfação do paciente. Ouvir e observar o comportamento dos pacientes dentro dos hospitais é fundamental para a compreensão e melhoria da organização do serviço e do ambiente hospitalar30.
Estudos acerca da humanização do proissional
que atua no leito hospitalar observam um
distancia-mento do proissional, quando experiente, que já
está “acostumado” em ter contato com a dor e o sofrimento do paciente, levando-o a agir com indife-rença em relação a estes aspectos31.
A relação de ajuda é um instrumento de grande valor para que se estabeleça uma comunicação
direta, esclarecedora e eicaz32.
CONCLUSÃO
Concluiu-se com este trabalho que as percep-ções referidas pelos estagiários-pesquisadores estão diretamente relacionadas ao impacto emocional.
Foram referenciados sentimentos de ansiedade e frustração; insegurança e incapacidade; angústia,
tristeza e medo; empoderamento proissional;
empatia e lembranças e; sentimentos negativos, principalmente ao contato inicial com o paciente no
âmbito hospitalar.
A falta da vivência interfere na atuação do estagiário, fazendo-o buscar o apoio do docente. É pela experiência, imbuída da prática, que o estagiário adquire conhecimento técnico-prático,
proporcionando uma relexão crítica que o leva à autoconiança.
A importância de levar o aluno ao pensamento crítico-relexivo torna-o um proissional consciente
de seu papel na sociedade, possibilitando a um atendimento mais humanizado e diferenciado impli-cando em uma melhora na qualidade de atendi-mento do paciente debilitado.
num mesmo ambiente de trabalho, por intermédio de comunicações formais e informais, sendo imprescindível no atendimento hospitalar22.
A empatia e as lembranças podem ser obser-vadas diante de situações estressantes, onde a equipe de saúde precisa considerar as necessi-dades da família. O estabelecimento do plano de cuidados à família deve ser construído por meio do
diálogo e da busca dos signiicados que as experi -ências de doença geram em cada pessoa23.
A afetividade proporcionada aos familiares e ao paciente é fundamental para a recuperação deste, sendo a comunicação, sob suas diferentes formas, o principal meio para favorecer a interação entre a equipe de saúde, o paciente e os seus familiares24.
O proissional da saúde, muitas vezes, pode
se colocar no lugar do paciente para compre-ender as suas angústias, medos, inseguranças e demais sentimentos. Isto contribui para uma maior
segurança e desempenho proissional durante a
intervenção, assim como para melhorar o vínculo familiar25-26.
O proissional da saúde deve estar preparado para enfrentar os desaios do cotidiano, precisando
agir com razão e emoção e compreendendo que está tratando seres humanos e não simples objetos.
Para compreender o ser humano como sujeito,
o proissional da saúde deve realizar um exercício
de autoconhecimento, por meio de um esforço de empatia e/ou de projeção. Porém, observa-se, em
muitos destes proissionais, uma individualização
que os torna alheios ao outro devido à limitação da compreensão do sujeito25.
As ações de cuidado são colocadas em prática no momento em que se transmite ou que se recebe o cuidado. Este é percebido e entendido por meio de comunicação verbal ou não- verbal, incluindo gestos, olhares, dentre outros. Qualquer ação humana só é reconhecida quando há valorização do indivíduo em qualquer contexto que se encontre27.
O atendimento humanizado é crucial e, muitas
vezes, o retorno é gratiicante. Ao receber uma
resposta positiva dos pacientes e de seus
fami-liares, percebe-se a valorização do proissional
enquanto ser humano capaz de melhorar a vida do próximo26.
Os sentimentos negativos percebidos muitas vezes estão relacionados às condições de trabalho, físicas, emocionais e psicológicas, as quais os
proissionais estão submetidos.
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ABSTRACT
Purpose: to build a description of perception of students-therapists of Speech, Language and Hearing Sciences in hospital bedside. Method: the research was carried out during the discipline of supervised traineeship II in Speech, Language and Hearing Sciences the semester of the Undergraduate in Speech, Language and Hearing Sciences of Fortaleza University in the period from February to June 2010. It was a qualitative approach registering the personal views of the
students-therapists-researchers by the construction of daily and ield notes, in the care of neurologic patient’s bedside.
Results: the categories found were divided into: anxiety and frustration, insecurity and failure, anxiety, sadness and fear; professional empowerment, empathy and memories; and negative feelings. The feelings underscored the fear to intervene with the patient. However, the routine makes the trainee more secure about their procedures and, over time, it is possible to control the feelings in relation to the measures to be taken regarding the patient. Conclusion: it was concluded that the perceptions reported by trainees are directly related to the initial emotional impact. The lack of experience interferes with the performance, making the student seek the support of teachers. It is through experience that the
trainee acquires techno-practical knowledge, providing a critical relection that leads to conidence. The importance of leading the student to critical and relective thinking makes him aware of his professional
role in society, enabling a more humane and differential treatment resulting in an improved quality of weakened patient care.
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http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462012005000082
RECEBIDO EM: 08/04/2011 ACEITO EM: 05/08/2011
Endereço para correspondência
Moisés Andrade dos Santos de Queiroz Rua 1044, 16, Conjunto Ceará
Fortaleza – CE CEP: 60532-820