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Longevidade das micro e pequenas empresas prestadoras de serviços: um estudo das dimensões organizacionais e suas implicações

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Academic year: 2017

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

JOSÉ SAMUEL DE MIRANDA MELO JÚNIOR

LONGEVIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS: UM ESTUDO DAS DIMENSÕES ORGANIZACIONAIS E SUAS

IMPLICAÇÕES

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JOSÉ SAMUEL DE MIRANDA MELO JÚNIOR

LONGEVIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS: UM ESTUDO DAS DIMENSÕES ORGANIZACIONAIS E SUAS

IMPLICAÇÕES

Tese submetida à banca examinadora como requisito para obtenção do grau de Doutor em Administração.

Área de concentração: Estudos Organizacionais. Orientadora: Prof.ª Doutora Deborah Moraes Zouain

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Melo Júnior, José Samuel de Miranda

Longevidade das micro e pequenas empresas prestadoras de serviços : um estudo das dimensões organizacionais e suas implicações / José Samuel de Miranda Melo Júnior. – 2012.

281 f.

Tese (doutorado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.

Orientadora: Deborah Moraes Zouain. Inclui bibliografia.

1. Pequenas e médias empresas. 2. Desenvolvimento organizacional. I. Zouain, Deborah Moraes. II. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

. A Deus, por me conceder o dom da vida.

Aos meus pais, pelo carinho e dedicação ao longo da minha vida.

A minha esposa e filhos, pelo apoio e compreensão da ausência no decorrer dessa caminhada.

Aos meus irmãos, Lucy, Lúcio, Paulo e Tatiana, pela amizade e preocupação constante.

A Profª Doutora Deborah Moraes Zouain, pelos esclarecimentos e ensinamentos valiosos durante a execução deste trabalho.

Ao Prof. Doutor Francisco Barone pelo início dessa jornada e incentivador.

A Luís Carlos e Ana Beatriz pelo apoio, acolhida e amizade.

Aos amigos Edson Diniz, Marilene, Dina, Vera e Maria Ivone pela enorme colaboração, compromisso e paciência.

Aos amigos Júlio César Maciel e Carlos Ronchi, pelo incontestável companheirismo, amizade e apoio.

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) pela oportunidade e valorização.

Aos professores que contribuíram com fornecimento de informações, ajuda e compreensão.

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"A ciência é, e continua a ser, uma aventura. A verdade da ciência não está unicamente na capitalização das verdades adquiridas, na verificação das teorias conhecidas. Está no caráter aberto da aventura que permite, melhor dizendo, que hoje exige a contestação das suas próprias estruturas de pensamento. Talvez estejamos num momento crítico em que o próprio conceito de ciência está a modificar-se."

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo fornecer subsídios para a discussão sobre a longevidade das micro e pequenas empresas (MPEs) prestadoras de serviços através da relação de parceria com a grande empresa. O enfoque delineia-se no espaço das dimensões organizacionais: estrutura e processos, comportamento, estratégias, tecnologia / inovação e ambiente. Tal escolha deu-se em função de duas razões: a primeira enquanto uma forma de recolocar na agenda de discussões brasileiras a questão da importância da vida longa às MPEs como agente dinamizador da economia; e a segunda, desmistificar a funcionalidade e indicadores de gestão a partir de sua longevidade. O estudo faz uma imersão diante dos desdobramentos das dimensões, com fatores que agregam um arcabouço de variáveis, discutidas à luz do referencial teórico do sistema sócio-técnico, estudos de ciclo de vida, na “lógica” da complexidade e nas evidências epistemológicas das dimensões organizacionais, creditando fatores tangíveis e intangíveis à margem de práticas da gestão das MPEs longevas. A estratégia metodológica sustentou-se em uma pesquisa quali-quantitativa, com investigação descritiva, explicativa e aplicada, com instrumentos de análise de dados primários e secundários e pesquisa de campo com aplicação de entrevistas e questionários. Foram pesquisadas 82 MPEs prestadoras de serviços com longevidade a partir de cinco anos e parceira da grande empresa. Após a análise dos dados evidenciou-se que as dimensões organizacionais alteram de forma sinérgica na vida dessas empresas. Os resultados comprovam ainda, que a parceria com a grande empresa explica significativamente na longevidade das MPEs. Ao final o estudo apresenta-se um quadro de indicadores de gestão das MPEs longevas, por dimensão organizacional.

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ABSTRACT

This textis intended to present a basis for the discussion on the longevity of micro andsmall companies, denoted here by the Brazilian acronym MPEs, service providers based on the partnership withbig companies. The focus is put on the organizational dimensions space: structureand processes, behavior, strategy, technology/innovation and environment. Thereason for such choice is twofold: first, as a way of reviving the Brazilian discussionsabout the importance of the longevity of the MPEs as an agent of the economydynamics; second, to demystify its management functionality and indicatorsbased on its longevity. This study is immersed on the dimension manifolds, asfactors that aggregate a collection of variables, discussed under the light oftheory reference of the social-technological system, life-cycle analysis,complexity “logic” and epistemological evidences of organizational dimensions,accounting for marginal tangible and intangible factors of thelong-living MPEs’ management. The methodological strategy was based in qualitativeand quantitative survey , with descriptive investigation, explicit and applied,using instruments for primary and secondary data analysis and field research with application of interviews and questionnaires.Eighty two service providers MPEs with longer than five years longevity and partnersof big companies were investigated. After the data analysis it is clear thatthe

organizational dimension interfere in a synergistic way in the companies’life. The results also

support that the partnership with the big companyexplains in a large amount the longevity of the MPEs. At the end of the study, itis presented a frame with the management indicators of long-living MPEs byorganizational dimension.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Delimitação do Estudo ... 28

Figura 2 Modelo de Análise ... 36

Quadro 1 – Especificidades que distinguem as empresas prestadoras de serviços de bens ... 50

Quadro 2 Evidências das operações de serviços ... 53

Quadro 3 Estímulos para economia de serviços - Políticas Governamentais ... 60

Quadro 4 – Estímulos para economia de serviços – Mudanças Sociais ... 61

Quadro 5 – Estímulos para economia de serviços – Tendências de Negócios .... 63

Quadro 6 – Estímulos para economia de serviços – Avanço em Tecnologia de Informação ... 64

Quadro 7 – – Estímulos para economia de serviços – Internacionalização ... 68

Figura 3 Evolução dos tipos de sistemas e funcionamento nas organizações 78 Quadro 8 Matriz de características do empreendedor e autores ... 82

Quadro 9 Fatores de gestão e funcionalidade da longevidade na literatura ... 105

Quadro 10 – Estudos e Pesquisas sobre Longevidade com Tipologias da Empresa ... 106

Quadro 11 Comparação da base de Análise das Dimensões das Pesquisas ... 122

Quadro 12 Organização tradicional versus equipes autogerenciáveis ... 135

Quadro 13 Perspectivas sobre estratégia ... 141

Quadro 14 Definição do processo de aquisição, socialização e codificação... 145

Quadro 15 Principais características dos processos de aprendizagem ... 146

Quadro 16 Dimensões organizacionais e variáveis contingenciais ... 152

Quadro 17 – Especificidades Estruturais das MPEs ... 181

Quadro 18 – Especificidades Comportamentais das MPEs ... 189

Quadro 19 – Especificidade Estratégica das MPEs ... 198

Quadro 20 – Especificidades Tecnológicas/inovação das MPEs ... 208

Quadro 21 – Especificidade Ambiental das MPEs ... 215

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução do número de estabelecimentos por porte – Brasil 2000 – 2010 (em milhões) ...

31

Gráfico 2 – Evolução do número de empregos por porte – Brasil 2000 - 2010 (em milhões) ...

33 Gráfico 3 – Distribuição das micro e pequenas empresas por setor de atividade

econômica Brasil 2000-2010 (em %) ... 58

Gráfico 4 – Metodologia ... 154

Gráfico 5 Identificação do informante ... 168

Gráfico 6 Escolaridade empreendedor/gestor ... 169

Gráfico 7 Curso superior do empreendedor/gestor ... 170

Gráfico 8 – Ramo de atividade das MPEs ... 171

Gráfico 9 – Longevidade das MPEs ... 172

Gráfico 10 – Correlação de tempo real de parceria versus tempo real de existência - longevidade (com autliers) ... 173

Gráfico 11 – Correlação de tempo real de parceria versus tempo real de existência – longevidade (sem autliers) ... 174

Gráfico 12 – Longevidade média por classe de receita bruta anual ... 175

Gráfico 13 – Número de empregados ... 176

Gráfico 14 – Correlação de tempo real de existência - longevidade versus número real de empregados ... 177

Gráfico 15 – Correlação de tempo real de parceria versus número real de empregados ... 178

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Receita Líquida - Ranking (250 empresas que mais crescem) ... 33 Tabela 2 Critérios de classificação do tamanho das empresas ... 41 Tabela 3 Taxas de sobrevivência e mortalidade consolidadas para o Brasil .. 102 Tabela 4 – Estudos sobre Ciclo de Vida ... 115 Tabela 5 – Resumo das proporções de maior frequência relativo ao perfil do

empreendedor/gestor, com teste Qui-quadrado (χ²), segundo as

variáveis ... 170 Tabela 6 – Resumo das proporções de maior frequência relativo ao perfil da

empresa, com teste Qui-quadrado (χ²), segundo as variáveis ... 179 Tabela 7 – Dimensão de Estrutura e Processos – frequência absoluta e percentual

por pontuação atribuída e relação média/maior valor da escala, segundo

as variáveis ... 182 Tabela 8 – Dimensão de Estrutura e Processos – Resumo das proporções da

pontuação de maior frequência, valor de Qui-quadrado (χ²) e valor

médio, segundo as variáveis ... 186 Tabela 9 – Dimensão Comportamental – frequência absoluta e percentual por

pontuação atribuída e relação média/maior valor da escala, segundo as

variáveis ...... 190 Tabela 10 – Dimensão Comportamental – Resumo das proporções da pontuação

de maior frequência, valor de Qui-quadrado (χ²) e valor médio, segundo

as variáveis...... 195 Tabela 11 – Dimensão de Estratégia – frequência absoluta e percentual por

pontuação atribuída e relação média/maior valor da escala, segundo as

variáveis ...... 199 Tabela 12 – Dimensão de Estratégia – Resumo das proporções da pontuação de

maior frequência, valor de Qui-quadrado (χ²) e valor médio, segundo as

variáveis ... 205 Tabela 13 – Dimensão de Tecnologia/Inovação – frequência absoluta e percentual

por pontuação atribuída e relação média/maior valor da escala, segundo

as variáveis ...... 209 Tabela 14 – Dimensão de Tecnologia/Inovação – Resumo das proporções da

pontuação de maior frequência, valor de Qui-quadrado (χ²) e valor

médio, segundo as variáveis ... 213 Tabela 15 – Dimensão Ambiental –frequência absoluta e percentual por pontuação

atribuída e relação média/maior valor da escala, segundo as variáveis ... 216 Tabela 16 – Dimensão Ambiental –Resumo das proporções da pontuação de maior

frequência, valor de Qui-quadrado (χ²) e valor médio, segundo as

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LISTA DE SIGLAS

ALUMAR – Consórcio de Alumínio do Maranhão

APL – Arranjo Produtivo Local

BM&F – Bolsa de Mercadorias & Futuros

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo

BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China

CEBRASSE – Conselho Deliberativo da Central Brasileira do Setor de Serviços

CEMAR – Companhia Energética do Maranhão

CEPEAD – Centro de Pós Graduação e Pesquisas em Administração

CVO – Ciclo de Vida da Organização

EPP – Empresas de Pequeno Porte

EUA – Estados Unidos da América

FNQ – Fundação Nacional da Qualidade

GE – Grande Empresa

GEM – Global Entrepreneurship Monitor

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MDIC – Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior

ME – Micro Empresa

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MGE – Média e Grande Empresa

MIT – Massachusetts Institute of Technology

MPE – Micro e Pequena Empresa

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NUME – Núcleo de Marketing

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ONG – Organização Não Governamental

ORT – Organização Racional do Trabalho

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

PME – Pequena e Média Empresa

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TEA – Taxa de Empreendedores Iniciais

TI – Tecnologia de Informação

TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação

UACS – Unidade de Atendimento Coletivo Comércio e Serviços

UEMA – Universidade Estadual do Maranhão

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ... 14

1.1 Introdução... 14

1.2 O problema da pesquisa... 18

1.2.1 Objetivo final... 18

1.2.2 Objetivos intermediários... 18

1.3 Demarcação científica... 19

1.4 Delimitação do estudo... 27

1.5 Relevância do estudo ... 29

CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO ... 35

2.1 Definição e classificação das MPEs ... 36

2.2 Modalidades taxonômicas para classificação das empresas ... 42

2.3 Serviços: particularidades e contemporaneidade ... 44

2.3.1 Características das prestadoras de serviços ... 49

2.3.2 Cenários e estímulos para economia de serviços ... 55

2.4 Destruição criativa ... 70

2.4.1 Empreendedorismo: semeando vida longa ... 80

2.4.2 A micro e pequena empresa e a responsabilidade social ... 87

2.5 Dimensão ontológica da complexidade ... 91

2.5.1 Compreensão da complexidade organizacional ... 95

2.6 Perspectivas de longevidade ... 101

2.6.1 Ciclo de vida das organizações: constructos das pesquisas ... 108

2.6.2 Homeostasia e delineamentos do CVO ... 118

2.7 Dimensões organizacionais: constructo teórico ... 120

2.7.1 Dimensão estruturas e processos... 129

2.7.2 Dimensão comportamental... 131

2.7.3 Dimensão estratégia... 136

2.7.4 Dimensão tecnologia/inovação... 141

2.7.5 Dimensão ambiental... 149

CAPÍTULO 3 - QUESTÕES EPISTEMO-METODOLÓGICAS ... 154

3.1 Categoria de análise... 154

3.2 Tipo de pesquisa ... 156

3.3 Universo e amostra ... 157

(15)

3.5 Limitação do método ... 165

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 167 4.1 Características do empreendedor / gestor ... 168

4.2 Características das MPEs prestadoras de serviços ... 170

4.3 Análise da dimensão estrutura e processos ... 179

4.4 Análise da dimensão comportamental... 186

4.5 Análise da dimensão estratégia... 196

4.6 Análise da dimensão tecnologia/inovação... 206

4.7 Análise da dimensão ambiental... 213

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 224

REFERÊNCIAS... 230

(16)

CAPÍTULO 1

1.1 Introdução

A complexidade que envolve a discussão e, principalmente, as proposições relacionadas ao desenvolvimento e longevidade das Micro e Pequenas Empresas (MPEs), com suas idiossincrasias e fenômenos, revelam que não há um modelo único de tratamento e análise, nem mesmo um único modelo de atuação pública nesse segmento de empresas, pois, para cada local, cada região e cada país há estruturas e comportamentos diferentes, que evidenciam dicotomias. Os problemas manifestados podem ser similares, mas as formas de expressarem-se são diferentes, o que demanda diferentes análises e soluções. Para essa constatação, verifica-se que as MPEs se manifestam em todos os setores seja primário, secundário e terciário, por intermédio de diferentes funcionalidades administrativas, com delineamentos, que podem ser formais e informais, independentes ou associadas a uma grande empresa ou a uma rede de pequenas empresas.

As MPEs de serviços no Brasil despertam grandes interesses de diversos segmentos da sociedade tais como: instituições financeiras, órgãos de apoio e fomento, governos federal, estadual e municipal, fornecedores, dentre outros, em função de o setor de serviços representar mais de cinquenta por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, conforme Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011). Diante desse contexto e da complexidade que envolve essas organizações, compreende-se uma gama de variáveis e dimensões que precisam ser desmistificadas em prol da melhoria de resultados para o segmento em discussão.

Gradualmente, as análises e estudos feitos sobre as MPEs foram capazes de revelar que, de fato, estão em curso vários processos de reposicionamento desse segmento no sistema de diversas economias. Estes processos envolvem desconcentração produtiva de grandes empresas, novas e diversificadas formas de articulação entre as MPEs e as grandes empresas como, por exemplo, o crescimento da terceirização1 e a dinâmica de consolidação

1

(17)

de redes2 e federações de MPEs, tanto em setores industriais difusores de progresso técnico, quanto em indústrias tradicionais, assim como no setor de serviços. Evidencia-se que, nas últimas décadas do séc. XX esse segmento de empresa, obteve importantes transformações no contexto econômico e administrativo. É possível afirmar que as MPEs conquistaram uma agregação de valor enquanto função econômica adicional ou oposta, em certos enfoques, àquela que, tradicionalmente, lhe era conferida: gerar renda e emprego à margem do núcleo dinâmico da economia e em condições de produtividade e de trabalho (salário, qualificação de mão de obra, dentre outros) nitidamente inferiores às encontradas nas grandes empresas. De empresas de segunda categoria, MPEs foram alçadas à plena cidadania empresarial, posto que:

[...] as pequenas empresas têm o seu dinamismo como pólo gerador de empregos e comprovadamente condicionadas a uma nova funcionalidade econômica, relacionada à superação do modelo fordista de produção e ao advento do pós-fordismo ou especialização flexível. A revalorização das pequenas e médias empresas se desenvolveu no bojo da crise da produção em massa de bens padronizados, típica do fordismo, e das possibilidades abertas - pela introdução de tecnologias micro-eletrônica e de informação na produção industrial; pelas oscilações qualitativas e quantitativas da demanda; e pela crescente agregação de serviços à produção de bens (MOTTA, 1998, p. 18).

La Rovere (1999) destaca que tais eventos exigiram das empresas novas formas de organização, delineadas pela necessidade de maior flexibilidade das estruturas capazes de traduzir dinamismo e desempenho consistente.

De maneira geral, as novas condições criadas pela crise da produção fordista e

pela emergência da “especialização flexível3” reduziam a desvantagem das MPEs

vis-à-vis às

grandes empresas, em termos de competitividade-custo, conferindo-lhes, ademais, vantagens competitivas (em relação às maiores) no que se refere ao atendimento dos requisitos de qualidade, de diferenciação dos produtos e de servicing4.

2 A palavra rede remete à noção de interdisciplinaridade, pois tem várias definições em diversos campos de

aplicação desde a computação passando pela teoria das organizações até a teoria da comunicação. A utilização geral do termo consolidação de redes refere-se a uma estrutura de ligações entre atores de um sistema social qualquer. Rede de empresas pode ser compreendida como um complexo de relações cooperativas que dinamizam a ação de seus agentes em torno de objetivos comuns ou complementares.

3Modelo de organização industrial, com exemplos exitosos na Terceira Itália, Alemanha, França, que tiveram

como base a expansão de pequenas e médias empresas, cuja adaptabilidade a flutuações de demanda e dinamismo inovador tornando-as organizações importantes neste novo modelo industrial que tem se delineado nas últimas décadas. É uma estratégia de inovação permanente: acomodação para a mudança ininterrupta, em vez de um esforço para controlá-la. Essa estratégia é baseada no equipamento flexível, multiuso; trabalhadores especializados e criação, através de políticas, de uma comunidade industrial que restringe as formas de competição àquelas inovações favoráveis. O termo abrange a situação de pequenas empresas que se articulam cooperativamente e também aquela em que uma grande firma subcontrata empresas pequenas. Engloba também o caso de grupos semi-autônomos, estrutura adotada internamente em certas empresas (AMARAL FILHO, 2011; CELESTE,1993).

(18)

Longenecker et al. (2007) afirmam que as pequenas empresas podem produzir bens e serviços com mais eficiência em algumas áreas, atuar como concorrentes econômicas vigorosas e desempenhar algumas funções nos negócios – como distribuição e fornecimento com mais experiência que as grandes empresas.

Outro viés de discussão está associado aos estudos da administração que, em todo seu processo evolutivo da teoria administrativa – do movimento da administração científica ao movimento com enfoque sistêmico e contingencial, foram desenvolvidos através de análises e abordagens nas grandes corporações (impessoais, formais, e profissionais predominantemente) como forma de entender suas demandas e problemáticas. Cancellier; Almeida e Estrada (2005) descrevem que as teorias organizacionais têm se dedicado aos estudos que contemplam as grandes empresas, com pouca ou nenhuma atenção às pequenas.

Há autores que afirmam que os estudos organizacionais, quando aplicados às questões das pequenas empresas merecem atenção particular, em função das diferenças existentes entre as empresas de grande e pequeno porte. Para estas empresas objetivarem a

homeostase5 e evitarem a estagnação, pressupõe o aprofundamento da análise científica como

mecanismo de evidenciar suas dramaturgias e especificidades, obtendo uma orientação estratégica (KANTER, 2010; SANDERS, 2011; CASTOR, 2009; STURDY, 2004; LEONE, 1999).

A discussão diante dessas constatações revela que as empresas, independentes do seu porte, deverão estabelecer mecanismos de reconhecimento, interdependência e dinamismo com os diversos fatores envolvidos no processo, como forma de obter maior sinergia e longevidade. Assim, não cabe, nesta análise, avaliar a competência das grandes empresas nesse cenário, mas revelar a funcionalidade das pequenas com suas características e dimensões, estabelecendo-se modelos de gestão viável para as MPEs no contexto das empresas prestadoras de serviços. Também, destaca-se, nessa discussão, a trajetória de parceria entre a grande e a pequena empresa, supondo-a conditio sine qua non para maior longevidade das micro e pequenas empresas.

Apesar dos fatores evidenciados, esse segmento de empresas se revela ainda bastante incipiente de um tecido organizacional6 consistente, com dinamismo apropriado e adaptável a turbulências ambiental e capaz de evidenciar melhores resultados diante do fenômeno da mortalidade das pequenas empresas no Brasil. O foco de atenção dos

5 Equilíbrio dinâmico do sistema. 6

(19)

pesquisadores sobre a temática das MPEs tem sido caracterizado sobre três temas que apresentam forte inter-relação: 1) o processo de criação de novas empresas, especialmente as de base tecnológica; 2) os Arranjos Produtivos Locais (APLs); e 3) a mortalidade empresarial. A elevada taxa de mortalidade é característica das pequenas empresas. Contudo, o diagnóstico das causas de mortalidade não é suficiente para compreender os fatores que levam à longevidade empresarial.

Dessa forma, destaca-se a importância de se discutir a vida das organizações, suas características e fatores impulsionadores para uma maior longevidade. Embora as pesquisas estejam voltadas para a compreensão da mortalidade, entende-se que a imersão científica diante da longevidade das organizações torna-se imperativo nesse cenário de limitações das MPEs.

A importância das pequenas empresas para o país é unanimidade na discussão da literatura. Nesse contexto, justifica-se o desenvolvimento deste trabalho como relevante para que o assunto seja amplamente debatido nas diversas esferas públicas, alcançando a atenção devida na agenda de discussão do desenvolvimento sustentável da região. Para isso, reputam-se, também, de grande relevância que sejam compreendidas as especificidades associadas à longevidade das MPEs. Ratifica esse entendimento, a crítica de Hoffman (2004) de que há um distanciamento das pesquisas acadêmicas e o ambiente7 de negócios. O autor acredita que o equilíbrio entre teoria e prática trará benefícios para o desenvolvimento de novas pesquisas na área organizacional. Mello e Melo Jr.; Mattar (2011) constatam essa afirmativa na pesquisa sobre o perfil do profissional administrador, o distanciamento da teoria com a prática nos cursos de graduação em administração, afirmação apontada com veemência pelos administradores, professores e empresários de segmentos diversos de empresas diante desse profissional.

Logo, esta tese apresenta a devida importância das MPEs, em especial as prestadoras de serviços, no contexto social, econômico e tecnológico. Ela contém inquietações que são trabalhadas com visão crítica, compreendendo a teoria organizacional como objeto e a teoria social como sujeito para a construção de um conhecimento embasado na realidade social. Por sua vez, a funcionalidade corporativa da micro e pequena empresa são exploradas a partir da análise das dimensões organizacionais das MPEs, aqui traduzidas pelas variáveis: estrutura e processos, tecnologia/inovação, comportamento, estratégias e ambiente, com enfoque para as organizações de serviços no contexto brasileiro.

7 Representa tudo aquilo que cerca uma organização. Quando citado apenas a palavra ambiente significa

(20)

Adotou-se o modelo de análise semelhante ao utilizado pelo programa conduzido pelo Massachusetts Institute of Technology - MIT: "The Management in the 1990's Research Program" como uma referência para as suas diversas pesquisas. Com este modelo, delineado

nas dimensões organizacionais, procura-se desmistificar e explicar as organizações de pequeno porte, quais fatores são determinantes na longevidade, e se as decisões tomadas pelos gestores geram as consequências sobre os resultados da empresa. Outro enfoque da pesquisa está relacionado com a parceria da pequena e da grande empresa, seus pressupostos e idiossincrasias que permeiam essa relação, entretanto, há o entendimento da importância do distanciamento de uma teoria única da grande empresa.

1.2 O problema da pesquisa

Considerando-se que uma área temática tão abrangente como essa, configurada pelo conhecimento da organização, pode dar origem a diversas questões e a diferentes problemas de pesquisa, este estudo estabelece uma linha de investigação em determinado recorte do tema e com abordagem específica, em que levanta as seguintes indagações: Existem alterações significativas na longevidade das MPEs, a partir de suas dimensões

organizacionais? Qual a relação e influência da parceria entre a pequena empresa e a

grande empresa na longevidade daquela?

De forma a responder às questões apontadas se faz necessário o desenvolvimento dos objetivos que passaram a direcionar e a articular os caminhos deste estudo.

1.2.1 Objetivo final

Entender como as dimensões influenciam a longevidade das micro e pequenas empresas prestadoras de serviços através da relação de parceria com a grande empresa.

1.2.2 Objetivos intermediários

Analisar a gestão das MPEs de serviços em suas dimensões organizacionais; Investigar as especificidades das MPEs de serviços, a partir de sua funcionalidade; Elucidar os fatores que contribuem para longevidade das MPEs prestadoras de serviços;

(21)

Evidenciar as características de cada dimensão organizacional envolvida no processo de gestão das MPEs;

Verificar a relação das MPEs prestadoras de serviços com a grande empresa e as possíveis consequências para sua longevidade;

Propor um quadro de referências teórico-prático com direcionamentos para auxiliar a longevidade desse segmento.

1.3 Demarcação científica

A trajetória da pequena empresa e sua longevidade de forma sustentável dependerá do aprofundamento da literatura diante de seus fenômenos e de suas dramaturgias. Desmistificar a funcionalidade desse segmento de empresa é imperativo e pressupõe compreender suas facetas e especificidades organizacionais. Nesse contexto, considera-se preponderante para a ampliação da abordagem de análise corporativa dessas empresas, analisar os fatores internos deste segmento de empresa, diante de suas dimensões organizacionais, características administrativas e limitações. Delineando-se dimensões organizacionais como: estrutura e processos, comportamento, estratégia, tecnologia / inovação e ambiente. Considerando o referencial conceitual, o estudo descreve como suposições / hipóteses as seguintes proposições e argumentos:

Proposição 1: A primeira suposição está associada à existência de dimensões organizacionais que interferem de forma substancial nos resultados desse segmento de empresas, ou seja, que, se não bem elaboradas e desenvolvidas, tornam-se fatores restritores da longevidade das MPEs.

As dimensões próprias das MPEs, estrutura, tecnologia/inovação, estratégia, comportamento e ambiente estabelecem suas especificidades geradas no sistema das pequenas empresas e são determinantes para longevidade desse segmento de empresa. Assim sendo, as dimensões organizacionais são geradoras de uma maior longevidade para as pequenas empresas? Há correlação da longevidade das MPEs e a condução das variáveis dimensionais no processo da ação administrativa?

(22)

Hall (2004) evidencia que o entendimento dessas especificidades é pré-requisito para que se possa contribuir com a longevidade e o sucesso dessa categoria de empresas, seja em termos de melhoria de sua gestão e/ou na mudança de postura dos empreendedores. Entretanto, Figueiredo (2004) afirma que há uma tendência de se negligenciar a dimensão organizacional (gerencial) da capacidade tecnológica, ou seja, é bem maior a ênfase dada para

o “capital humano”8

, em detrimento do “capital organizacional”9. No entanto, a dimensão estrutural é uma dimensão organizacional e apresenta especificidades típicas das pequenas empresas.

A suposição de que o segmento de empresas de pequeno porte tem uma melhor flexibilidade às mudanças ambientais que as grandes empresas, considerando sua anatomia simples e enxuta10, lhes credenciam como empresas viáveis e prospectoras em cenário de turbulência. Nesse entendimento, segundo Crosta (2000), por serem menores, as MPEs

permitem a seus proprietários uma visão mais privilegiada de seu “dia a dia”, em função do contato mais próximo com cada funcionário e, como consequência, alcança-se uma maior flexibilidade.

Longenecker et al., (2007) creditam esse contato direto é apontado como uma das principais vantagens da pequena empresa. Tomando por base essa visão, De Sordi (2008) observa que, na busca por soluções eficazes, as empresas passaram a rever suas estruturas organizacionais e passaram a arquitetá-las com enfoque para o cliente e, não mais, por agrupamentos de atividades. Supõe-se, então, que o processo de formação da estruturação da empresa moderna vai além da visão contingencial, o que implicaria a interdependência e integração dessas dimensões, facilitando, assim, o processo de aprendizagem organizacional, traduzida pela maior flexibilidade e longevidade da empresa.

Conforme os estudiosos clássicos, a dimensão tecnologia favorece a correlação de forças na ação administrativa, influenciando a estrutura e estratégia do sistema organizacional, podendo a tecnologia ser analisada e categorizada (OLIVEIRA, 2009; SOIFER, 2002; PERROW, 1976; THOMPSON, 1976; WOODWARD, 1965). Ademais, ela está na base do sistema produtivo e de prestação de serviço e, em diferentes momentos da

8 Refere-se tanto à capacidade, habilidade e experiência quanto ao conhecimento formal, que as pessoas detêm e

que agregam valor a uma organização.

9 Potencializa a integração, de modo que cada ativo intangível humano e da informação, assim como os ativos

tangíveis físicos e financeiros, não só se alinhem com a estratégia, mas também se integrem e atuem juntos para alcançarem os objetivos estratégicos da organização (KAPLAN; NORTON, 2004).

10

(23)

civilização humana, verifica-se sua presença como fator de sustentação, estando associada à organização social (FLECK, 2005; WOOD JUNIOR, 2002).

Por sua vez, a competição global e a aceleração da taxa de inovação tecnológica11 implicam novas ameaças e oportunidades (WHITTINGTON, 2006). Figueiredo e Vendoveloo (2006) descrevem a inovação nas organizações como uma ocorrência por meio da absorção do novo saber e do velho conhecimento, reciclado via processos rápidos de aprendizagem, que quanto mais rápidos, melhores, desde que haja retenção. Nelson e Winter (2005) destacam que a inovação constitui o fator determinante do processo dinâmico da economia e, ao mesmo tempo, fundamental para definir os paradigmas de competitividade econômica, especialmente no atual crescimento da competitividade em nível regional e global. Isso significa que a tecnologia passou a ser considerada uma variável endógena ao processo de desenvolvimento e/ou sistema econômico e, sem dúvida, vem assumindo um papel crescente, sendo cada vez mais importante, na estrutura econômica determinante (DOSI, 2006; KIM, 2005; LEONARD-BARTON, 1998).

Nesse contexto, para garantir sua capacidade de competir e sobreviver no mercado com exigências em nível internacional, as empresas, constantemente, procuram inovar, tanto em termos de tecnologia quanto por meio de novos modelos de gestão (HAMEL e PRAHALAD, 1995). Supondo a dimensão tecnologia / inovação, há uma insuficiência de recursos tecnológicos. Mas por outro lado, existe uma maior possibilidade de as MPEs produzirem inovações incrementais, desde que haja um tecido organizacional compatível para a assimilação, absorção e domínio da tecnologia (DOSI, 2006; KIM, 2005).

O fator estratégia descreve-se a partir da análise do processo de planejamento, fatores de absorção de informação e condições de inovação associados à prestação de serviços. A estratégia é um padrão percebido em um conjunto de ações, frutos de decisões empresariais e gerenciais (MINTZBERG; QUIINN, 2001). Porter (1999) enuncia que a estratégia representa uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades.

Na possibilidade da especificidade para o tratamento das dimensões nesse segmento de empresas, aqui descrita, a estratégia representa que há uma adequação própria na condução da organização, estando as metas e os objetivos básicos do empreendimento atreladas ao empreendedor.

11

(24)

A racionalidade no processo de decisões estratégicas inerentes à pequena empresa pressupõe um delineamento descrito pelo empreendedor e de forma centralizada. A dependência da estrutura organizacional à estratégia da empresa é moldada em grande parte, pelas condições do ambiente (GIANESI; CORRÊA, 2009; CHANDLER, 1962). Greiner (1998) apresenta a adequação da estrutura à estratégia como uma junção normativa, mas a descreve na prática como um ajuste necessário às pressões de mercado.

A dimensão comportamental é uma variável a ser trabalhada considerando as organizações como entidades sociais complexas (MINTZBERG, 2007; MORIN, 2001). O gerenciamento profissional representa o fulcro do pensamento clássico, mas, recentemente surgiu um novo modelo para a gerência – o líder heroico, cujas visões transcendem os cálculos secos da rotina profissional (WHITTINGTON, 2006; MINTZBERG, 2003).

Da perspectiva sistêmica, o viés individualista da literatura de liderança subjuga os esforços coletivos que, afinal, fazem de uma organização o que ela é, ou seja, o individualismo heróico também obscurece as condições sociais para liderança (TENÓRIO, 2008; WHITTINGTON, 2006). Cygler (2001) expressa que, nesse novo cenário, as organizações devem combinar harmoniosamente, modelos de estrutura e comportamento, que trabalhem sem sobressaltos, características do caos e da ordem.

A suposição é que haja pouca capacidade de entendimento da complexidade organizacional e confiança apenas na capacidade empreendedora individual do proprietário, estabelecendo-se uma gestão com poder de adaptabilidade, em determinadas contingências, embora centralizadora. O processo de gestão nas MPEs perpassa por uma maior compreensão das relações sociais e de trabalho do empreendedor e colaboradores, e, inclusive, das demandas dos stakeholders12.

As organizações se legitimam à margem do universo que as envolve. A discussão do ambiente no cenário das MPEs prestadoras de serviços pressupõe evidenciar os limites e fronteiras que as separam. O ambiente ambíguo, complexo, mutável e com diversidades estabelecem um fator restritor da percepção e interpretação por parte das organizações de pequeno porte.

Nesse contexto, as suas linhas amplas de formação e seu senso de direção e criação ficam sob responsabilidade do executivo principal ou empreendedor, separando, desta forma, a concepção da implantação e o pensamento em ação de forma compartilhada. Além

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disso, a concepção da organização como sistema aberto13 reformula a visão reducionista da preocupação com as variáveis somente controláveis da organização e permeia a necessidade da sinergia organização versus ambiente.

As organizações devem manter um alinhamento constante com o ambiente (LONGENECKER et al., 2007; WHITTINGTON, 2006; LIMA, 2003; PORTER, 1986). Barney e Hesterly (2011) evidenciam a suposição que se alicerça em três pontos: dependência excessiva de mecanismo de incentivo fiscal, influência imperativa dos fatores sociais e pouca identificação de marca do negócio.

Proposição 2: O processo de gestão das micro e pequenas empresas tem especificidades diferentes e próprias que se distanciam das grandes empresas, não podendo ser tratadas de forma reducionista, quando associadas aos fenômenos das grandes corporações. Logo, as MPEs têm uma gestão com especificidades distintas da grande empresa?

Argumento: 1 - Os estudos da administração, em todo seu processo evolutivo da teoria administrativa – do movimento da administração científica ao movimento da contingência – foram desenvolvidos por meio de análises e abordagens nas grandes corporações (impessoais, formais, e profissionais predominantemente) para entender suas demandas. A aplicação desses modelos à gestão das micro, pequenas e médias empresas é inadequada, em função das especificidades de cada uma delas (PINHEIRO, 1996, p.234). São, também, inadequadas quando associadas à realidade econômica de uma determinada região, com fenômenos diferentes e cenários distintos.

Nesta perspectiva, referindo-se ao monitoramento ambiental, Cancellier; Almeida e Estrada (2005) comentam que as teorias organizacionais têm se dedicado aos estudos que contemplam as grandes empresas, com pouca ou nenhuma atenção às pequenas. Kanter (2010); Nonaka (2007) observam que os estudos organizacionais, quando aplicados às questões das pequenas empresas, merecem atenção particular, em função das diferenças existentes entre as empresas de grande e pequeno porte. A esse respeito, Faria; Imasato (2007) apontam que a literatura privilegia os interesses e necessidades dos estrategistas da grande empresa, o que reforça a lacuna de conhecimento para os estrategistas da pequena e média empresa no país. O estudo parte do conhecimento hipotético-dedutivo, considerando as teorias a serem analisadas e verificadas, podendo confirmar ou falsear os fenômenos.

13 Linguagem da abordagem de sistemas que conceitua como um sistema que troca energia com outros sistemas

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Argumento: 2 - Há evidências de que o segmento de empresas de pequeno porte tem melhor flexibilidade às mudanças ambientais que as grandes empresas, considerando a dimensão estrutural; Argumento: 3 - O índice de mortalidade das pequenas empresas revela a necessidade de melhor compreensão dos fenômenos desse segmento de organizações, indicando ajustes na condução e adaptabilidade diante da realidade das pequenas empresas.

Bortoli Neto (1980) explica que as MPEs não são miniaturas de uma grande empresa e que, portanto, uma uniformidade de tratamento para os problemas das MPEs e para as grandes empresas seria inadequada. Hessen (2003) formula que o racionalismo é um juízo de necessidade lógica e de validade universal do mundo da experiência e que está em permanente transformação, consequentemente, é incapaz de transmitir qualquer saber genuíno.

As críticas de Longenecker et al. (2007) sobre a afirmação de que os problemas ou dimensões das pequenas empresas são necessariamente similares à das grandes empresas é de um racionalismo sem precedentes. Por sua vez, Dalsasso (2010) e Arruda et al., (2007) consideram que a ausência de uma melhor compreensão diante dos fenômenos da pequena empresa limita a possibilidade de sinergia em longevidade por parte destas.

A suposição é que o processo de gestão das pequenas empresas tem especificidades diferentes e próprias que se diferem das grandes empresas, não podendo ser tratadas de forma reducionista, quando associadas aos fenômenos das grandes corporações.

Proposição 3: Não há modelo único de análise, nem mesmo único modelo de intervenção para as micro e pequenas empresas;

Argumento: 1 - Para cada local, cada setor, cada região e cada país há estruturas e comportamentos diferentes para esses segmentos. Argumento: 2 - Os problemas manifestados podem até ser parecidos e iguais, mas as formas de manifestações são diferentes, o que demanda diferentes análises e soluções. Para evidenciar essa constatação, Arbache (2001) afirma que as MPEs se manifestam em todos os setores e com efetiva contribuição para a competitividade da grande empresa, sendo uma parceira no seu processo de produção. Atuando formalmente e informalmente, independentes ou associadas a uma grande empresa ou a uma rede de pequenas empresas, elas representam um núcleo dinâmico da sociedade e da economia (SANDERS, 2011; CASTOR, 2009; LONGENECKER et al., 2007; LEONE, 1999; ROBBINS, 1998; KRUGLIANSKAS, 1996).

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Mintzberg (2007) argumenta que a teoria não pode ser considerada como uma verdade concreta, como um dogma, mas sim como uma possível explicação de um fenômeno.

Ademais, Motta (2001) infere que possivelmente os fenômenos administrativos e organizacionais têm variedades e interdisciplinaridade, impossíveis de serem enquadrados em um modelo. Hamel e Prahalad (1995) indicam que a compreensão das dimensões e identidade organizacional pressupõem abordar o conjunto de valores e sentidos existentes de forma tangível e intangível por um grupo. Nesse sentido, Carvalho e Ronchi (2005) consideram que sendo a cultura organizacional um conjunto de valores percebidos e tidos como válidos pelo grupo, então esta cultura terá impacto no desempenho da organização. Logo, o estudo da longevidade das MPEs não pode estar condicionado a generalizações e de forma cartesiana. Logo, é necessário desmistificar o conteúdo cultural dessas empresas e suas interfaces.

Faria e Imasato (2007) argumentam que o conhecimento produzido nos Estados Unidos é problemático no Brasil, porque não reconhece questões de poder e de política ressaltados por Weber (1999) nem os diferentes tipos de estrategistas que fazem parte de economias emergentes.

[...] o conhecimento em estratégia produzida nos Estados Unidos reproduz dois pressupostos importantes: a) estrategistas do mundo público devem ser substituídos por estrategistas da grande empresa; b) outros tipos de capitalismo devem ser substituídos pelo modelo de capitalismo dos Estados Unidos. E estes pressupostos são efetivamente problemáticos quando tais conhecimentos são legitimados como verdade absoluta num contexto distinto, como o brasileiro (FARIA; IMASATO, 2007).

Supõe-se, portanto, que é viável aprofundar as discussões diante desse segmento, sem determinismo da literatura da grande empresa e estabelecendo uma construção do conhecimento que contribua para a longevidade das MPEs.

Proposição 4: As MPEs, quando associadas à grande empresa, obtêm uma melhor perspectiva de longevidade.

Argumento: 1 – Quando associadas à grande empresa as MPEs têm a possibilidade de construir um tecido organizacional com codificações administrativas sinérgicas, considerando a relação que permeia a prestação de serviços para a grande empresa. Essa relação condiciona-se à absorção de tecnologias e ferramentas de gestão para a viabilidade dos serviços.

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Argumento 3 – O processo de inovação da Grande Empresa (GE) estabelece uma consonância de aproximação com os mecanismos de gestão das MPEs de serviço e, considerando a relação formal dessa prestação do serviço, a sua continuação estará associada à capacidade de absorção, manutenção e construção de um tecido tecnológico próprio da pequena empresa.

Quanto à construção de parcerias entre as empresas para obtenção de capacidade tecnológica que lhe dará um tecido organizacional mais consistente e capaz de enfrentar a adversidade econômica e tecnológica, Figueiredo (2005) descreve:

[...] as empresas que operam em economias emergentes ou de industrialização recente não detêm capacidades tecnológicas básicas exigindo dessas organizações a necessidade de estabelecerem um processo de aproximação chamado de “fronteira tecnológica internacional” como forma de obterem a aprendizagem para construir e acumular sua capacidade tecnológica (FIGUEIREDO, 2005, p. 14).

Kim (2005) salienta que as empresas que desenvolvem uma rede ampla e ativa com organizações com tecido organizacional com base tecnológica, fortalecem suas habilidades em identificar a capacidade de outras empresas e em aprender com elas na construção de sua própria capacidade tecnológica14.

[...] as organizações e setores da economia, incluindo o Estado, que não procuram investir em tecnologia para poder inovar, acompanhada de um aparato institucional mais eficiente, estão condenados a desaparecer nesses mercados - isto é, a perder espaço para aquelas empresas que visualizam a inovação como meio de diferenciação (LEONARD-BARTON, 1998, p. 102).

As suposições descritas são geradas a partir dessas proposições e argumentos estabelecidos neste trabalho, no qual se verificam fatores potencializadores e limitadores da longevidade das MPEs de serviços. Os resultados do desempenho desse segmento de empresas, com base em longevidade e mortalidade evidenciam disfunções, havendo de forma determinística fatores restritores de atuação e funcionalidade das MPEs, sendo essas dimensões influenciadoras nos seus resultados. A partir dessas suposições, determinam-se os núcleos principais, designados de dimensões organizacionais, classificadas em: estrutura e processos, comportamento, tecnologia e inovação, estratégias e ambiente.

14

(29)

Reitera-se, por fim, que a literatura da administração, geralmente, evidencia uma funcionalidade das organizações de forma genérica, como se os fenômenos da grande empresa fossem os mesmos das pequenas, assim como, a solução para os referidos problemas. Na realidade, os estudos organizacionais, quando aplicados às questões das pequenas empresas merecem atenção particular, em função das diferenças existentes entre as empresas.

1.4Delimitação do estudo

O estudo pretende analisar as dimensões organizacionais e suas implicações na longevidade das micro e pequenas empresas prestadoras de serviço e a relação dessas empresas com a grande empresa.

A análise explorará a área de serviços buscando desvendar suas principais particularidades e especificidades, limitando-se a discuti-las no bojo da abordagem para as MPEs.

(30)

Figura 1 – Delimitação do estudo

A abrangência do estudo dessas abordagens referentes às MPEs de serviços dar-se-á sobre a realidade brasileira e mais especificamente no Maranhão em seus aspectos gerais. Em que pesem a relevância e a utilidade de diversas disciplinas para a compreensão do fenômeno, esse estudo priorizará a abordagem da administração e seus desdobramentos do saber: planejamento estratégico, gestão estratégica e análise ambiental, estruturas e processos organizacionais, recursos tecnológicos (aqui compreendido a tecnologia na sua forma concreta e abstrata), inovação, processo comportamental, gestão da produção e serviços, e gestão de marketing de serviços. Ressalta-se que essas disciplinas estarão sendo trabalhadas de forma interdependente e sistêmica para o alcance do objeto da pesquisa.

As outras áreas do saber estão contempladas como: Psicologia, Sociologia, Antropologia e Filosofia, traduzindo-se a interfaces em suas relações. Considerações históricas e econômicas, por exemplo, são feitas ao longo do estudo, mas não constituirão referências prioritárias. Ademais, deve ser ressaltado que os campos de investigação são suficientemente diversos para possibilitar a desejada análise multipolares do fenômeno, mas haverá maior ênfase nas variáveis do tema central que se refere à questão das dimensões organizacionais, vulnerabilidade, competitividade e longevidade das MPEs prestadoras de serviços.

(31)

A delimitação do estudo quanto a sua abrangência e recorte teórico circundou os limites da pesquisa. Na busca de referendar essas empresas, trabalhou-se a relevância da pesquisa tanto para o mundo empresarial e acadêmico quanto para a sociedade.

1.5 Relevância do estudo

A busca pela compreensão dos fenômenos organizacionais tem evidenciado os estudos da administração, com referenciais de forma multidisciplinar, nos últimos anos,

tornando a discussão “acalorada” no momento em que se revela a interdependência da organização versus administração.

Os estudos a respeito das MPEs não têm sido valorizados no Brasil. Borba e Piccoli (2005) pesquisaram 16 periódicos com conceitos A, B e C pelo Sistema Qualis/Capes, nos anos 2000 a 2004 e concluíram que, dos 1958 artigos publicados, apenas 3% (68 artigos) tratavam de pequenas e médias empresas.

Leone (1999), citada por Cancellier; Almeida e Estrada (2005) afirmam que as pequenas empresas têm problemas e desafios particulares e que já merecem uma teoria específica que possa conduzi-las para a melhoria de suas ações administrativas e compreensão de suas relações de interdependência com as diversas dimensões organizacionais e ambientais. Na discussão longevidade, praticamente não há estudos direcionados a esse fenômeno na pequena empresa, restringindo-se, na maioria das vezes, a associá-los à realidade da Média e Grande Empresa (MGE). Essa descrição é endossada na afirmação de que:

[...] Apesar de haver certo consenso, mesmo que velado, em relação à importância das micro e pequenas empresas no tocante ao crescimento econômico, à geração de empregos e à distribuição de renda, não há propriamente teorias ou ensaios teóricos robustos que justifiquem e expliquem a existência e a sobrevivência dos pequenos empreendimentos (AMARAL FILHO, 2011, p.17).

Longenecker et al. (2007) evidenciam que no Brasil, as informações sobre as MPEs ainda são pouco levantadas e analisadas por órgãos oficiais, se comparadas a importância desse segmento na economia e no cotidiano da vida das pessoas. Isso ocasiona a pouca produção de conhecimento sobre o cenário e realidade dos pequenos negócios, limitando a construção de políticas públicas com direcionamento adequado para a promoção das empresas desse porte.

(32)

dados do Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE, 2010), as empresas formais, no Brasil, alcançaram 6,88 milhões de unidades, dos quais as MPEs respondem por 99% do mercado brasileiro empresarial e ainda são responsáveis pelo emprego de 67% da população economicamente ativa do país no ambiente urbano, contribuindo com 20% do volume de riquezas gerado pela nação e 28% do faturamento bruto da atividade empresarial. Tais dados, quando associados às atividades empreendedoras, demonstram uma grande perspectiva para o País.

A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010), que é realizada anualmente pela Babson College dos Estados Unidos e pela London Business School da Inglaterra, destaca que nos países que constituem a União Europeia, os empreendimentos de micro e pequeno porte somam 19 milhões e representam 98% de todos os empreendimentos, enquanto na China, Japão e Austrália, os pequenos negócios representam, respectivamente, 99%, 99,7% e 96% dos empreendimentos totais. Nas nações em desenvolvimento, a sua participação é ainda mais expressiva e o seu papel mais relevante, pois contribuem para o crescimento econômico, a criação de empregos, geração de renda e o desenvolvimento local e regional.

No caso do Brasil, a pesquisa aponta para o alcance em 2010 da maior taxa de empreendedorismo entre países membros do grupo que integra as maiores economias do mundo (G20) e do grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC). Os dados da pesquisa revelam que o país registrou o melhor resultado dos últimos 11 anos em que participa da pesquisa, com a maior Taxa de Empreendedores Iniciais (TEA): 17,5% da população adulta (18 a 64 anos). Esse percentual revela que 21,1 milhões de brasileiros exerceram atividade empreendedora naquele ano e refere-se aos empreendimentos com até três anos e meio de atividade.

(33)

Gráfico 1 – Evolução do número de estabelecimentos por porte – Brasil 2000 - 2010 (em milhões) Fonte: MTE. Rais

Esses dados evidenciam a vocação empreendedora do brasileiro e sinalizam na

importância de aprofundamento do conhecimento das “dramaturgias” desse porte de

empresas, considerando que apesar da positiva correlação existente entre a importância das micro e pequenas empresas para o País e as altas taxas de empreendedorismo, o Brasil ainda hoje apresenta um índice alto de mortalidade para empreendimentos com até quatro anos de existência, quando comparado a países desenvolvidos da América do Norte e da Europa.

Castor (2009) argumenta a importância da sobrevivência desses empreendimentos como condição indispensável para o desenvolvimento econômico do País. Tais fatores são ratificados por Wood Junior (2007) ao mencionar que são as pequenas empresas e microempresas quem distribuem renda, contribuindo para dirimir a dívida social como os menos favorecidos, abrindo-lhes novas oportunidades. Entretanto, Saviani (1995) aponta que os estudos de forma geral no Brasil e no mundo mostram que os dois primeiros anos de atividade de uma nova empresa são os mais difíceis, o que torna esse período o mais importante em termos de monitoramento da sobrevivência.

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Por outro lado, o faturamento das MPEs também cresceu consideravelmente nos últimos anos. No primeiro semestre de 2010, a receita real registrou aumento de 10,7% comparado ao mesmo período de 2009. Este indicador aponta que as pequenas empresas superam o ritmo de crescimento da economia brasileira (SEBRAE, 2011).

Tal situação faz com que a maioria das MPEs apresente características administrativas peculiares e que influenciam diretamente na longevidade e no sucesso em longo prazo. Para essas empresas objetivarem uma maior sustentabilidade e evitarem a estagnação, é importante que busquem uma orientação estratégica para ganhar escala e longevidade. Quando a organização evolui para um crescimento diante de suas demandas, suas atividades se tornam mais complexas e sofisticadas, necessitando que o empreendedor reconheça suas características corporativas, com potencialidades e limitações (BARNEY e HESTERLY, 2011; MINTZBERG, 2007; PORTER, 1999).

No entanto, deve-se considerar que saber o direcionamento do negócio em consonância com as oportunidades e o caminho viável para o alcance dos objetivos organizacionais torna-se de extrema relevância, mas também necessária se faz a obtenção de informações consistentes para auxiliar na gestão das empresas (MONTANA e CHARNOV, 2010; CERTO, 2010; GEUS, 1998). Associando-se às MPEs terem características bastante distintas e os estudos realizados em grandes empresas, como já descrito, não atendem as suas necessidades e não podem ser generalizados para compreendê-las.

As MPEs contribuem excepcionalmente, ao fornecerem novos empregos, introduzirem inovações, estimularem a competição, auxiliarem as grandes empresas e produzirem bens e serviços com eficiência (LONGENECKER et al., 2007). Segundo o Anuário Estatístico da micro e pequena empresa (SEBRAE, 2011) entre 2000 e 2010, as micro e pequenas empresas criaram 6,1 milhões de empregos com carteira assinada, elevando o total de empregos nessas empresas de 8,6 milhões de postos de trabalho, em 2000, para 14,7 milhões, em 2010 (Gráfico 2).

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Gráfico 2 – Evolução do número de empregos por porte – Brasil 2000 - 2010 (em milhões) Fonte: MTE. Rais

Pesquisa da Deloite (2011) com empresas que compõem o ranking das 250 Pequenas e Médias Empresas (PMEs) que mais crescem no Brasil totalizaram receitas líquidas que, juntas, somam R$ 12,26 bilhões (de acordo com as demonstrações financeiras referentes a 2010), com crescimento médio de 36% entre 2008 e 2010. Destaca-se da referida pesquisa a constatação da diversificação das atividades econômicas com preponderância para as pequenas empresas.

Tabela 1 - Receita líquida - Ranking (250 empresas que mais crescem)

R$ Bilhões Crescimento (%)

2008 2009 2010 2008-2010 Taxa Anual

7,56 9,39 12,26 97 36

Fonte: Deloite (2011)

Os números indicam um reposicionamento das MPEs com crescimento e expansão dos negócios. Por exemplo, as 296 empresas da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) que apresentaram suas respectivas informações financeiras até o final de 2010 obtiveram, nos mesmos períodos, um crescimento anual de 20% e consolidado de 80%.

As MPEs representam um dos principais agentes de fomento da economia, não somente brasileira como mundial. Logo, desprezar o potencial desses empreendimentos significa desvalorizar importante agente de alavancagem do desenvolvimento e, na ponta do processo, subestimar a inclusão social. Dada essa relevância, a sua análise se faz necessária para compreensão dos fenômenos que envolvem esse segmento de empresas.

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produções científicas nessa área. O objetivo que permeia essa tese vai ao encontro da vida, com fatores que traduzem sobrevivência e longevidade.

(37)

CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

Para uma melhor compreensão do problema de pesquisa e sustentação da análise realizada, é utilizado referencial teórico da discussão sobre a longevidade das MPEs, contemplado a partir de fatores qualitativos e quantitativos dessas empresas.

O estudo transcreve a dicotomia da aplicação teórica na funcionalidade das MPEs, focalizando as tendências (e não modismos) evolutivas no desenvolvimento das organizações e sinaliza para a necessária destruição criativa do que está posto na busca da desconstrução dessa lógica determinística nas organizações.

A revisão da literatura é discutida com o acervo de teorias que ofereça explicações acerca dos fenômenos desse segmento de empresas e sua longevidade, evidenciando o pensamento crítico que deve permear a investigação e o contexto em que as organizações, e em especial as MPEs, se deparam, inclusive a partir da taxonomia e classificação das MPEs e prestadoras de serviço.

O embasamento teórico do trabalho apresenta o ressurgimento desse segmento de empresas com perspectiva de inserção e participação crescente na economia nacional e maranhense. A parceria com a grande empresa representa um viés de discussão e evidencia-se o importe dessa união, sem dependência da MPE em relação à Grande Empresa (GE), mas com forte influência para a longevidade dessas empresas.

A discussão perpassa inicialmente pela definição e classificação das MPEs no mundo e no Brasil, a taxonomia de classificação das empresas e as prestadoras de serviços com sua particularidade, características e estímulos à economia de serviços. São apresentadas as questões teóricas e epistemológicas que fundamentam esta tese no tocante ao processo de mudança de modelagens organizacionais, configurando a “destruição criativa” no sistema organizacional, com o empreendedorismo aduzido como elemento de destaque para a longevidade das empresas, assim como, a responsabilidade social sendo contextualizada a partir da reflexão da aproximação do relacionamento do negócio e a sociedade, analisando-se em pesquisas empíricas a forma e a condução das MPEs nessa perspectiva.

(38)

O tratamento teórico se legitima, nesta tese, diante das dimensões organizacionais com base em estrutura e processos, comportamento, estratégia, tecnologia / inovação e ambiente e consequentes indicadores de gestão e suas interfaces. O estudo se alicerça no sistema sócio-técnico, na “lógica” da complexidade e nas evidências epistemológicas das dimensões organizacionais, creditando fatores tangíveis e intangíveis à margem de práticas de gestão das MPEs longevas.

Figura 2 – Modelo de análise

O modelo de análise apresenta o constructo teórico associado à longevidade das MPEs e os desdobramentos das dimensões organizacionais e sua interface endógena e exógena. Entretanto, a condição dos indicadores das dimensões é propositiva associando-se com o que é tangível e intangível por serem delineamentos distintos praticados. O objeto de pesquisa, as MPEs prestadoras de serviços longevas, é explorado com rigor científico.

2.1 Definição e classificação das MPEs

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um modelo econômico com uma estrutura planificada, talvez possa até ser enquadrada como uma pequena empresa em outro país, cujas condições descritas anteriormente sejam completamente diferentes, isto é, caso sua estrutura econômica seja plenamente estruturada e desenvolvida. Longenecker et al. (2007) afirmam que os padrões relativos ao tamanho são, em geral, arbitrários, adotados para servir a um fim específico. Essa afirmativa está em consonância com as várias classificações existentes de MPEs, conforme Tabela 2.

As micro e pequenas empresas, embora sejam vistas como espécies de empresas, esse segmento é reconhecido como parte integrante da estrutura empresarial brasileira prevista na Constituição Federal, no Código Civil e na legislação pertinente à atividade econômica desenvolvida pelas empresas em geral.

A Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006 da Presidência da República instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, mas foi alterada pela Lei Complementar nº139 de 10 de novembro de 2011 que no Capítulo II

– Da definição de microempresa e de empresa de pequeno porte expressa:

Art. 3o Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:

I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);

II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais)

§ 1o Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

O legislador brasileiro define as MPEs como as empresas de menor potencial econômico. Essa descrição é refutada por Amaral Filho (2011) ao observar que as pequenas empresas são sustentáculos de uma economia, capazes de dinamizar a economia dos municípios e bairros das grandes metrópoles, agregando valor a produtos e serviços.

Imagem

Figura 1  – Delimitação do estudo
Gráfico 1  – Evolução do número de estabelecimentos por porte – Brasil 2000 - 2010 (em milhões)  Fonte: MTE
Gráfico 2  – Evolução do número de empregos por porte – Brasil 2000 - 2010 (em milhões)  Fonte: MTE
Figura 2  – Modelo de análise
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