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Artigo
original
Abordagem
extracapsular
para
tratamento
artroscópico
de
impacto
femoroacetabular:
resultados
clínicos,
radiográficos
e
complicac¸ões
夽
Bruno
Dutra
Roos
∗,
Milton
Valdomiro
Roos,
Antero
Camisa
Júnior,
Ezequiel
Moreno
Ungaretti
Lima,
Diego
Paulo
Gyboski
e
Lucas
Schirmer
Martins
HospitalOrtopédicodePassoFundo,PassoFundo,RS,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem23deabrilde2014 Aceitoem1deagostode2014
On-lineem8dejaneirode2015
Palavras-chave:
Impacto
femoroacetabular/diagnóstico Impactofemoroacetabular/etiologia Impacto
femoroacetabular/tratamento Artroscopia
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Avaliarosresultadosclínicoseradiográficoseascomplicac¸õesrelativosa paci-entessubmetidosatratamentoartroscópicodeimpactofemoroacetabularcomousoda abordagemextracapsular.
Métodos:Entrejaneirode2011emarc¸ode2012,49pacientes(50quadris)foramsubmetidosa tratamentoartroscópicodeimpactofemoroacetabularpelaEquipedeCirurgiadoQuadrildo HospitalOrtopédicodePassoFundo(RS).Preencheramtodososrequisitosnecessáriospara estetrabalho40pacientes(41quadris).Oseguimentomédiofoide29,1meses.Ospacientes foramavaliadospeloHarrisHipScoremodificadoporByrd(MHHS),Non-ArthriticHipScore (NAHS)equantoàrotac¸ãointernadoquadril.Tambémforamavaliadosradiograficamente. Aferiu-seoânguloCE,adimensãodoespac¸oarticular,oânguloalfa,oíndicecolo-cabec¸a, ograudeartroseeapresenc¸adeossificac¸ãoheterotópicadoquadril.
Resultados:Dos41quadristratados,31(75,6%)apresentaramresultadosclínicosbonsou excelentes.Observou-seumaumentomédiopós-operatóriode22,1pontosparaoMHHS, 21,5paraoNAHSe16,4◦narotac¸ãointernadoquadril(p<0,001).Quantoàavaliac¸ão radi-ográfica,observou-secorrec¸ãoparaíndicesconsideradosnormaisdoânguloalfaeíndice colo-cabec¸a,comdiminuic¸ãomédiade32,9oeaumentomédiopós-operatóriode0,10, res-pectivamente(p<0,001).
Conclusão:Otratamentoartroscópicodoimpactofemoroacetabularcomousodaabordagem extracapsularapresentouresultadosclínicoseradiográficossatisfatóriosemseguimento médiode29,1meses,compoucascomplicac¸ões.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhofeitonoHospitalOrtopédicodePassoFundo,CentrodeEstudosOrtopédicos,FaculdadedeMedicina,UniversidadedePasso Fundo,PassoFundo,RS,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:brunodroos@gmail.com(B.D.Roos). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.07.009
Extracapsular
approach
for
arthroscopic
treatment
of
femoroacetabular
impingement:
clinical
and
radiographic
results
and
complications
Keywords:
Femoroacetabular impingement/diagnosis Femoroacetabular impingement/etiology Femoroacetabular impingement/treatment Arthroscopy
a
b
s
t
r
a
c
t
Objectives: Toevaluatetheclinicalandradiographicresultsandcomplicationsrelatingto patientsundergoingarthroscopictreatmentforfemoroacetabularimpingementbymeans ofanextracapsularapproach.
Methods: BetweenJanuary2011andMarch2012,49patients(50hips)underwent arthros-copictreatmentforfemoroacetabularimpingement,performedbythehipsurgeryteamof theOrthopedicHospitalofPassoFundo,RioGrandedoSul.Fortypatients(41hips) fulfil-ledalltherequirementsforthisstudy.Themeanfollow-upwas29.1months.Thepatients wereassessedclinicallybymeansoftheHarrisHipscore,asmodifiedbyByrd(MHHS),the Non-ArthriticHipscore(NAHS)andtheinternalrotationofthehip.Theirhipswerealso eva-luatedradiographically,withmeasurementoftheCEangle,dimensionsofthejointspace, alphaangle,neck-headindex,degreeofarthrosisandpresenceofheterotopicossification ofthehip.
Results: Outofthe41hipstreated,31(75.6%)presentedgoodorexcellentclinicalresults. Therewasameanpostoperativeincreaseof22.1pointsfortheMHHS,21.5fortheNAHSand 16.4◦fortheinternalrotationofthehip(p<0.001).Regardingtheradiographicevaluation, correctiontonormalvalueswasobservedforthealphaangleandneck-headindex,witha meanpostoperativedecreaseof32.9oandmeanincreaseof0.10,respectively(p<0.001).
Conclusion:Arthroscopictreatmentoffemoroacetabularimpingementbymeansofan extra-capsularapproach presentedsatisfactoryclinicaland radiographicresultsovera mean follow-upof29.1months,withfewcomplications.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Oimpactofemoroacetabular(IFA)éhoje reconhecidocomo condic¸ãofrequentede dornoquadril napopulac¸ãojovem, compossíveisconsequênciasdegenerativas.Ambosos meca-nismosconhecidos de impacto(came ouinclusão epincer ou impacc¸ão) são relacionados a dor, restric¸ão do arco de movimento e diminuic¸ão da tolerância ao exercício nos indivíduosportadores.1–7 Atualmentediversosestudostêm sugerido que alguns dos casos antes considerados idiopá-ticosdeosteoartrosedequadril sãosecundáriosaimpacto femoroacetabular.1–3
Otratamentoconservadorpodesertentadoinicialmente e consiste na modificac¸ão das atividades físicas de alto impacto,em evitaratividades de carga associadas a movi-mentos deflexão e torcionaisexcessivos queaumentem a demanda da articulac¸ão e, porfim, no usode medicac¸ões anti-inflamatórias.4,7Quandootratamentoconservador trou-xer alívio apenas temporário, está indicado o tratamento cirúrgico.4,7 Alguns autores afirmam que, por tratar-se de patologia mecânica,retardar o tratamentocirúrgico doIFA podenãoserbenéficoaopaciente. Porém,aindanãoexiste consensonaliteraturacomrelac¸ãoaessetema.1-7
Em1988,Dorfmann etal.8 descreveramasubdivisãoda articulac¸ão do quadril em dois compartimentos limitados pelo lábio acetabular, o central e o periférico. Nesse con-ceito,oscompartimentossãoacessadosartroscopicamentede maneiradistinta.Oacessoaocompartimentocentraléfeito
comaaplicac¸ãodetrac¸ãoaomembroinferior,para permi-tir inspec¸ãodo espac¸o intra-articular.8 Maisrecentemente, descreveu-seocompartimentolateraldoquadril,quepermite visualizac¸ãodoespac¸operitrocantéricoenervociático.9
O tratamentoartroscópicodoIFAtemsido amplamente difundido por apresentar umrápido tempo de reabilitac¸ão e proporcionar um bom acesso à articulac¸ão do quadril. Aliteraturadescrevealgumasformasdeacessoartroscópico àpatologiaeoqueasdiferenciaéqualcompartimento arti-cularseráinicialmenteacessado.Aabordagem comacesso inicial ao compartimento central é a forma mais comu-mentedescrita.4–7 Asabordagensartroscópicas comacesso inicialaocompartimentoperiférico(abordagensintracapsular e extracapsular) acessam primeiramente esse comparti-mento e posteriormente aplica-se trac¸ão ao membro para visualizac¸ãodocompartimentocentral.10–13
Oobjetivodopresentetrabalhoéavaliarosresultados clí-nicoseradiográficoseascomplicac¸õesrelativosapacientes submetidosatratamentoartroscópicodeimpacto femoroace-tabularcomousodaabordagemextracapsular.
Materiais
e
métodos
Proximal
RF
Medial
Lateral
CA
Distal
Figura1–Imagemtransoperatóriadeartroscopiade
quadrilesquerdoparatratamentodoIFA,pelaabordagem
extracapsular.Exposic¸ãodacápsulaarticular(CA)e
identificac¸ãodaporc¸ãoreflexadomúsculoretofemoral
(RF).Alocalizac¸ãoanatômicadessemúsculogeralmente
marcaaproximidadedolábiodoquadril,abaixo
dacápsula.
cirurgiasforamfeitas pelomesmocirurgião(BDR).Os crité-riosdeexclusãodesteestudoforam:pacientesportadoresde IFAtipopincerisolado(quatrocasos),pacientessubmetidos a tratamento artroscópicocom acesso inicial ao comparti-mentocentral(quatrocasos),perdasdeseguimento(umcaso) eseguimentoinferiora12 meses(nenhumcaso). Todosos pacientesforamconvocadosereavaliados.Otrabalhofoi apro-vadopeloComitêdeÉticaemPesquisa.
Deacordocomoscritériosestabelecidos,40pacientes pre-encheramtodos osrequisitosnecessários.Desses,36 (87%) eramdosexomasculinoeamédiadeidadefoide36,12anos (DP=9,1,variac¸ãode21a47anos).Oquadrildireitofoi ope-radoem20casos(48,78%)eoesquerdoem21(51,21%)eum casofoitratadobilateralmente,emtemposdistintos.
Quanto aos aspectos clínicos, os pacientes foram ava-liados pré e pós-operatoriamente de acordo com o Harris HipScore modificadoporByrd14 (MHHS),Non-Arthritic Hip Score15 (NAHS)equantoaograude rotac¸ãointerna(RI)do quadrilacometido(comousodegoniômetroparaaferic¸ão).
DeacordocomoHarrisHipScoremodificadoporByrd,14os resultadosforamestratificadosemruins(MHHS<70pontos), razoáveis(MHHS70-79pontos),bons(MHHS80-89pontos)e excelentes(MHHS90-100).4
Todosospacientesforamavaliadosporradiografias (inci-dênciaanteroposteriordebaciaemortostatismo,Dunn45o,
Dunn90o epseudoperfildeLequesne),16alémde ressonân-cia nuclear magnética para diagnóstico de lesões condrais e labiais. IFAtipo pincer foi diagnosticado com a aferic¸ão do grau de cobertura da cabec¸a femoral e versão ace-tabular, em radiografias anteroposterior de bacia (AP) em ortostatismo epseudoperfil deLequesne. IFAtipo camefoi definidocomoânguloalfamaiorde50onasradiografiasDunn 45o.17
Pré-operatoriamente foram aferidos a Classificac¸ão de Tönnis18 para coxartrose, o ângulo centro-borda (CE), a dimensãodomenorespac¸oarticularemmilímetrosna inci-dência AP de bacia em ortostatismo;16,18 o ângulo alfa, conformedescrito porMeyernaincidênciaDunn 45o17(␣); e o índice colo-cabec¸a (ICC) na incidênciaDunn 90o.16 No pós-operatóriotardio,paracomparac¸ãocomasmedidas pré--operatórias,foiaferidaadimensãodomenorespac¸oarticular emmilímetros,o␣,eoICC;alémdeavaliadaapresenc¸ade ossificac¸ãoheterotópicadoquadrilconformeBrookeretal.19 Paraevitarerrosintereintraobservadores,asaferic¸õesforam acompanhadaspordoiscirurgiõesdoGrupodoQuadril.No casodehaverdiscordânciademaisde3◦nasmedidas angu-laresou1mmnoespac¸oarticularmínimoumanovaavaliac¸ão eraexecutada,agoraporumterceirocirurgião,eprocedia-se então,umconsensodaaferic¸ão.Considerou-semagnificac¸ão médiadaradiografiaAPdebaciade15%,quefoiquantificada nosequipamentosdoServic¸o.
Ométodoestatísticoempregadoparaanálisedasvariáveis pareadas (MHHS,NAHS,RI,␣eICC préepós-operatórios) foi o testede Mann-Withney,consideradoestatisticamente significativoquandop<0,05.
Técnica
cirúrgica
–
Abordagem
artroscópica
extracapsular
Aabordagemextracapsularacessainicialmenteo comparti-mentoperiféricoe,assimcomoaabordagemartroscópicacom acesso inicial ao compartimento central, pode serfeita na posic¸ãosupinaouemdecúbitolateral.Equipamentospadrões paraartroscopiadoquadril,comoóticasde30oe70o,cânulas específicas,radiofrequência, shavers,radioscopiaemesa de trac¸ãosãousados.
A abordagem extracapsular segue o acesso ao compar-timentoperiférico descritoporSampson10 eHorisberger et al.,11 popularizada naEspanha sob adenominac¸ão de téc-nica“deforaparadentro”.12Elasediferenciadaabordagem intracapsular13(queinicianocompartimentoperiférico inter-namente à cápsula articular) por iniciar externamente à cápsuladoquadril.
Proximal
L
Lateral Medial
TCF
Distal
Figura2–Imagemtransoperatóriaapósaberturacapsular
queidentificaolábiodoquadril(L)eatransic¸ão
colo-cabec¸afemoral(TCF).
inspec¸ãodocompartimentocentralerefixac¸ãolabialquando necessário,conformeFryereDomb20(fig.3).Apóso procedi-mento,asuturadacápsulapodeserfeitasenecessário.
Pós-operatoriamente,orientamosapoiocomcargaparcial comousodeduasmuletasportrêssemanaseapós,apoio com carga total. Inicia-seexercício embicicleta oupiscina
Proximal CF
CoF
Distal
Medial Lateral
Figura3–Imagemtransoperatóriadaressecc¸ãoda
deformidadetipocamequeidentificaacabec¸afemoral(CF)
eocolofemoral(CoF).
Tabela1–Medidaspréepós-operatóriascomparativas, dasaferic¸õesclínicaseradiográficas
Avaliac¸ão Amplitude
interquartílica p
MHHS Pré-operatório 65,0 9,8 <0,001 Pós-operatório 88,0 11,0
NAHS Pré-operatório 68,8 12,5 <0,001 Pós-operatório 92,5 10,0
RI Pré-operatório 5,0 10,0 <0,001 Pós-operatório 20,0 12,5
␣ Pré-operatório 76,0 11,0 <0,001 Pós-operatório 44,0 12,5
mm Pré-operatório 3,0 1,0 1,000
Pós-operatório 3,0 1,0
ICC Pré-operatório 0,10 0,0 <0,001 Pós-operatório 0,20 0,1
MHHS,HarrisHipScoreModificado;NAHS,Non-ArthriticHipScore; RI,rotac¸ãointernadoquadril;␣,ânguloalfa;mm,dimensãodo menorespac¸oarticularemmilímetros;ICC,índicecolo-cabec¸a.
com15diasdepós-operatório.Fisioterapiaparareforc¸o mus-culardosflexoreseabdutoresdoquadriléiniciadaapóstrês semanas.Areabilitac¸ãopodeseralteradadeacordocomo quadroálgicodopaciente.Usamosprofilaxiaparaossificac¸ão heterotópicacomNaproxenopor30dias.
Asprincipaisvantagensteóricasdasabordagens artroscó-picas comacessoinicialaocompartimento periféricosãoo menorriscodelesãoiatrogênicaaolábioecartilagem articu-lar,menortempodetrac¸ãoeafacilidadedeacessoarticular quandoa trac¸ãodomembronãopermite acessoinicial ao compartimento central(parede acetabularanterior proemi-nenteoupresenc¸adelábioossificado).10–13
Resultados
Comrelac¸ão àavaliac¸ãodoescoreclínicoMHHS, observou--semédiapré-operatóriade65pontos(DP=9,8,variac¸ãode38 a77pontos)epós-operatóriade88pontos(DP=11,variac¸ão de60a100pontos),comaumentopós-operatóriomédiode 22,1 pontos. De acordo com os critérios estabelecidos, 31 (75,60%)casosapresentaramresultadosclínicosbonsou exce-lentes, oito (19,51%) razoáveis e três (7,31%) ruins. Quanto ao escoreclínicoNAHS,observou-sepontuac¸ão média pré--operatória de 68,8 pontos (DP=12,5, variac¸ão de 45 a 80 pontos) e pós-operatória de 92,5 pontos (DP=10, variac¸ão de 60 a 100 pontos), com aumento médio pós-operatório de 21,5 pontos. A aferic¸ão da RI do quadril apresentou média pré-operatória de 5o (DP=10o, variac¸ão de -15o a 30o) e pós-operatória de 20o (DP=12,5o, variac¸ão de 5o a 40o),comaumentopós-operatóriomédiode16,4◦. Observou--se diferenc¸a estatisticamente significativa (p<0,001) nas aferic¸õesclínicaspré epós-operatóriasdosescoresclínicos MHHSeNAHS,alémdaRIdoquadril.
Figura4–Pacientemasculino,32anos.Rotac¸ãointernapré-operatóriade5o.(A,B)Radiografiaspré-operatóriasque
evidenciamIFAtipocame,CE:27o,␣:68o.(C,D)Radiografiaspós-operatóriasdetrêsanosedoismeses,feita
osteocondroplastiafemoralassociadaadesbridamentolabial.Pacienteevoluibem,rotac¸ãointernade18o,normalizac¸ão
do␣.
nosIFAmistos(12casos–29,26%),desbridamentodolabrum (sete casos – 17,07%), microfratura condral acetabular nas lesõescondraisgrau4deOuterbridge(quatrocasos–9,75%)e refixac¸ãolabialconformeindicac¸ãodeFry eDomb20(cinco casos– 12,19%).A médiade seguimentofoi de29,1 meses (DP=12,4,variac¸ãode12a36meses).
Comrelac¸ãoàavaliac¸ãoradiográficapré-operatória,foram classificados13 casos (31,7%)como artrose grau 0de Tön-nis,21 (51,21%) como Tönnis1, sete(17,07%) como Tönnis 2 e nenhum como Tönnis 3. A média para o CE foi de 35,78◦ (27o a46o).NenhumpacienteapresentouCEmenor doque 25o (sugestivo de displasia do desenvolvimento do quadril).Amedida domenorespac¸oarticularobteve como média pré-operatória 3,31mm (2 a 4mm) e não apresen-toudiferenc¸a estatisticamentesignificativaemcomparac¸ão com o pós-operatório tardio (p=1,000). Nenhum paciente
apresentouaferic¸ãopré-operatóriadomenorespac¸o articu-larinferioradoismilímetros.Quantoao␣,foievidenciada pós-operatoriamente reduc¸ão média de 32,9◦, com média pré-operatóriade76o(DP=11o,variac¸ãode60oa88o)e pós--operatóriade44o(DP=12,5o,variac¸ãode32o a55o).Houve aumento médio de 0,10 noICC, com médiapré-operatória de 0,10(DP=0,variac¸ão de 0,06a0,14) epós-operatóriade 0,20(DP=0,1,variac¸ãode0,16a0,32).Observou-sediferenc¸a estatisticamente significativa(p<0,001)nas aferic¸õespré e pós-operatóriasparaosvaloresde␣eICC.Nopós-operatório tardio não foi evidenciada ossificac¸ão heterotópica em 36 casos (87,80%), quatro casos (9,75%) apresentaram ossificac¸ãograu1deBrooker19 eumcaso(2,43%)degrau3 (tabela1).
Figura5–Pacientemasculino,37anos.RI0o.AeB,radiografiaspré-operatóriasqueevidenciamIFAmisto,CE:32o,␣:78o
ecruzamentodaslinhasacetabulares;CeD,radiografiaspós-operatóriasdeumanoetrêsmeses,feitaosteocondroplastia
femoraleacetabularassociadoarefixac¸ãolabial.Pacienteevoluibem,RI15o,normalizac¸ãodo␣.
heterotópicagrau3deBrooker19eumcaso(2,43%)de pareste-siatransitórianervopudendo(comregressãoaosdoismeses pós-operatório).Verificaram-sedoiscasos(4,87%)de persis-tênciadedor,emumdessespacientesjáháaindicac¸ãode artroplastiatotaldoquadril.Ambososcasossãodepacientes portadoresdeartrosegrau2deTönnis(figs.4e5).
Discussão
OtratamentocirúrgicodoIFAébaseadonoremodelamentodo fêmurproximaleacetábulo,alémdotratamentodaslesões condraiselabiais,comoobjetivodediminuiroimpactodo fêmurcontraorebordoacetabulareconsequentemelhoriada amplitudedemovimentodoquadril.1–4
Diversosautorestêmapresentadoresultadosnaliteratura do tratamento cirúrgico de IFA, seja por via aberta clás-sica de Ganz, abordagem anterior (Smith-Petersen, Hueter etc.),artroscópica ouacombinac¸ão detécnica artroscópica eminiabordagemanterior.1–7,10–13 Deumamaneirageralos resultados são positivos quanto ao alívio dos sintomas, à melhoria da mobilidade doquadril eaonível de atividade física; e sugerem a preservac¸ão da articulac¸ão em longo prazo.1–4
Porém,éacompanhadadereabilitac¸ãoprolongada21(quando comparadacomatécnicaartroscópica)ecomplicac¸õescomo pseudoartrosedaosteotomiadotrocantermaiore possibili-dadedenovaintervenc¸ãocirúrgicapararetiradadomaterial desíntese.1–4,21,22
Otratamento artroscópicodoIFAtem sido amplamente difundidoporapresentarumrápidotempodereabilitac¸ãoe proporcionarumbomacessoàarticulac¸ãodoquadril.1,4–7,10–13 Aliteraturadescrevealgumasformasdeabordagens artroscó-picasàpatologia,eoqueasdiferenciaéqualcompartimento será inicialmente acessado. A abordagem com acesso ini-cialaocompartimento central éaforma maiscomumente descrita.4–7 As abordagens artroscópicas com acesso ini-cialaocompartimento periférico (abordagensintracapsular e extracapsular) acessam primeiramente esse comparti-mento e posteriormente aplica-se trac¸ão ao membro para visualizac¸ãodocompartimentocentral.10–13Ascomplicac¸ões relacionadas ao tratamento artroscópico do quadril geral-mente referem-seao tempo de trac¸ãousado para expor a articulac¸ãoe àsincisões feitas para confecc¸ãodosportais, incluindo complicac¸ões maisfrequentes, como a lesão do nervocutâneofemorallateral,emaisraras,comoadosnervos pudendoeciático(0-12,9%).1–7,10–13
Philliponetal.6usaramatécnicaartroscópicacomacesso inicialaocompartimentocentralparatratamentodoIFAem 112pacientescomseguimentomédiode2,3anoseverificaram umaumentomédiode24pontosnoMHHS,semcomplicac¸ão. ByrdeJones,4empublicac¸ãorecente,usaramamesmatécnica em100quadris,comseguimentomínimodedoisanos,e verifi-caram79%debonseexcelentesresultados,comcomplicac¸ões observadasem3%doscasos.Naliteraturanacional,Polesello etal.7publicaramosresultadosde28quadristratados artros-copicamente,emseguimentomédiode27meses,com15%de resultadosbonse85%deexcelentes,semcomplicac¸ão.
Dienst et al.23 publicaram os resultados de 48 pacien-tessubmetidosatratamentoartroscópicodeIFAcomouso daabordagem intracapsular(abordagem comacessoinicial aocompartimentoperiférico),comseguimentomédiode18 meses.Observou-seaumentomédiode21pontosdoNAHS, compoucascomplicac¸ões(4,2%),eumcasodeconversãoà artroplastiatotaldoquadril.Horisbergeretal.,11comousoda técnicaartroscópicaextracapsular,aplicadaa105quadrisde 88pacienteseseguimentomédiode2,3anos,evidenciaram umaumentomédiopós-operatório de28 pontosno NAHS, com1,9%decomplicac¸ões,comoneuropraxiadociáticoou pudendo,e11%deneuropraxiadonervocutâneolateralda coxa.Em8,6%doscasoshouvenecessidadedeconversãopara artroplastiadoquadril.
Emnossoestudo,obtivemosresultadossemelhantesaos descritosnaliteratura.Observamosmelhoriapós-operatória na avaliac¸ão clínica dos pacientes, adequac¸ão para níveis consideradosnormaisdospadrõesradiográficos aferidos,e manutenc¸ãodoespac¸oarticular.Necessitamosdeummaior tempodeseguimentoparaafirmarseosresultadosclínicose depreservac¸ãoarticularpós-operatóriospermanecerão satis-fatórios.
Aslimitac¸õesdopresenteestudosãoopequenonúmero depacientes,apredominânciadesexomasculinoeocurto tempodeseguimentomédio(29,1meses).
Éimportantefrisarqueaafirmac¸ãodepreservac¸ãocondral daarticulac¸ãodoquadrilapóscorrec¸ãocirúrgicadoIFAainda permanececontroversanaliteratura.Umestudolongitudinal deHartofilakidisetal.,24comseguimentodeaté40anosem pacientesassintomáticoscommorfologiadeIFA,demonstrou quemesmosemtratamentoaevoluc¸ãoparaosteoartrosenão ocorre invariavelmente (82,3% semartrose emseguimento médiode18,5anos).Omelhorentendimentodahistória natu-raldapatologiaeaidentificac¸ãodosmorfotiposdeIFAquetêm maiorchancedeevoluc¸ãoparacoxartrosedevemresponder osinúmerosquestionamentosatuaiseauxiliarfuturamente noaprimoramentodamelhorindicac¸ãodoseutratamento.
Conclusão
Osresultadosclínicoseradiográficosdotratamento artroscó-picodoimpactofemoroacetabularcomousodaabordagem extracapsular foram satisfatóriosemseguimentomédio de 29,1meses,compoucascomplicac¸ões.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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