SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
original
Abordagem
anterior
aberta
versus
artroscópica
no
tratamento
do
impacto
femoroacetabular:
estudo
caso-controle
com
seguimento
mínimo
de
dois
anos
夽
Bruno
Dutra
Roos
a,∗,
Milton
Valdomiro
Roos
a,
Antero
Camisa
Júnior
a,
Ezequiel
Moreno
Ungaretti
Lima
ae
Maurício
Domingos
Betto
baHospitalOrtopédicodePassoFundo,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,PassoFundo,RS,Brasil
bHospitalOrtopédicodePassoFundo,GrupodeCirurgiadoQuadril,PassoFundo,RS,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem1dedezembrode2016 Aceitoem26dejaneirode2017
On-lineem8dejulhode2017
Palavras-chave:
Articulac¸ãodoquadril Impactofemuroacetabular Lesõesdoquadril Osteoartrite
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Comparar os resultados clínicos e radiográficos, bem como as complicac¸ões
observadasempacientessubmetidosaotratamentocirúrgico,devidoaimpacto femoro-acetabular, sobabordagemartroscópicaouanterioraberta,comseguimentomínimode doisanos.
Métodos:Estudocaso-controleretrospectivo,compacientesoperadosentrenovembrode
2007emarc¸ode2012equeforamsubmetidosatratamentocirúrgicodeimpacto femo-roacetabular.Pacientessubmetidosàabordagemabertaforamcomparadoscompacientes submetidosàabordagemartroscópica.Ospacientesforamavaliadosclinicamentepelos escoresclínicosHarrisHipmodificado,NonArthriticHipequantoàrotac¸ãointernado qua-dril.Ospacientesforamavaliadosradiograficamente,aferiram-seoângulocentro-borda, adimensãodoespac¸oarticular,oânguloalfa,oíndicecolo-cabec¸a,ograudeartroseea presenc¸adeossificac¸ãoheterotópicadoquadril.
Resultados: Foramincluídosnoestudo56pacientes,16submetidosàabordagemabertae
40 àartroscópica.Os40pacientestratadosporviaartroscópicaforamseguidospor,em média,29,1meses,75,6%apresentaramresultadosclínicosbons ouexcelentes.Quanto à avaliac¸ão radiográfica, observou-se correc¸ão para índices considerados normais. Os 16 pacientesoperadosporviaabertaobtiveramseguimentomédiode52meses,70,58% apresentaram resultados clínicos bons ou excelentes. Quanto à avaliac¸ão radiográ-fica, observou-secorrec¸ãopara índicesconsiderados normais.Os resultados clínicos e radiográficospós-operatóriosforamconsideradossemelhantesemambososgrupos.
夽
TrabalhodesenvolvidonoHospitalOrtopédicodePassoFundo,CentrodeEstudosOrtopédicos,PassoFundo,RS,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:brunodroos@gmail.com(B.DutraRoos).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2017.06.004
Conclusão: Osresultadosclínicoseradiográficosdotratamentoartroscópicodoimpacto femoroacetabularforamcomparáveisaosresultadosdotratamentoaberto.Observamos ummaiornúmerodecomplicac¸õesnogrupoaberto.
©2017SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Open
versus
arthroscopic
approach
in
the
treatment
of
femoroacetabular
impingement:
a
case-control
study
with
two-years
follow
up
Keywords:
Hipjoint
Femoroacetabularimpingement Hipinjuries
Osteoarthritis
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Tocompareclinicalandimagingresultsandcomplicationsbetweenpatients
tre-atedforfemoroacetabularimpingement(FAI)whounderwenteitheranterioropensurgery oranarthroscopicapproach,withaminimumfollow-upoftwoyears.
Methods: Thisretrospectivecase-controlstudyincludedpatientssubmittedtoFAIsurgical
treatmentbetweenNovember2007andMarch2012.Patientstreatedwithopensurgery werecomparedwiththosetreatedwitharthroscopy.Patientswereclinicallyassessedby themodifiedHarrisHipScore,Non-ArthriticHipScore,andinternalhiprotation.Patients wereradiographicallyassessedbythecenter-edgeangle,jointspacewidth,alphaangle, neck-headindex,degreeofarthrosis,andpresenceofheterotopicossificationofthehip.
Results: Inthestudyperiod,56patients(58hips)withFAIwereincluded;16underwent
opensurgeryand40underwentarthroscopy.The40patientstreatedbythearthroscopic routehadameanfollow-upof29.1months,and75.6%presentedgoodorexcellentclinical results.Theradiographicevaluationparametersprogressedtonormallevels.The16patients whounderwentopensurgeryhadameanfollow-upof52months,and70.58%presented goodorexcellentclinicalresults.Theradiographicevaluationparametersprogressedto normallevels.Postoperativeclinicalandradiographicresultswereconsideredsimilarin bothgroups.
Conclusions: ArthroscopyandopensurgerytreatmentsforFAIprovidedcomparableclinical
andradiographicresults.However,ahigherrateofcomplicationswasobservedintheopen surgerygroup.
©2017SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Oimpactofemoroacetabular(IFA)éhojereconhecidocomo condic¸ãocomumdedornoquadrildapopulac¸ãojovem,com possíveis consequências degenerativas.1,2 Ambos os meca-nismosconhecidos de impacto(came ouinclusão epincer ou impacc¸ão) são relacionados a dor, restric¸ão do arco de movimento e diminuic¸ão da tolerância ao exercício dos indivíduos portadores.3 Atualmente diversos estudos tem sugerido que alguns dos casos antes considerados idiopá-ticosdeosteoartrosede quadrilsãosecundáriosaimpacto femoroacetabular.4–8
Otratamentoconservadorpodesertentadoinicialmente e consiste na modificac¸ão das atividades físicas de alto impacto,evitaratividades decarga associadasa movimen-tos de flexão e torcionais excessivos que aumentem a demanda da articulac¸ão e, porfim, no uso de medicac¸ões anti-inflamatórias.Quando o tratamentoconservador trou-xer alívio apenas temporário, está indicado o tratamento cirúrgico.9,10 Alguns autores afirmam que, porsetratar de patologia mecânica,retardar o tratamento cirúrgico doIFA
podenãoserbenéficoaopaciente.Porém,aindanãoexiste consensonaliteraturacomrelac¸ãoaessetema.1,2,10,11
As opc¸ões de tratamento cirúrgico para IFA incluem a correc¸ãocirúrgicaabertacomluxac¸ãocontroladadoquadril porviaposterior(abordagemdeGanz),abordagens anterio-resdoquadril(Smith-Petersen,Hueter,Sommerville,anterior extensíveletc.),cirurgiavideoartroscópicaecombinac¸ãoda técnicaartroscópicaemini-incisãoanterior.1–9
O objetivo do presente trabalho é comparar os resul-tados clínicos e radiográficos e as complicac¸ões relativos a pacientes submetidos a tratamento cirúrgico de impacto femoroacetabular, sob abordagem artroscópica ou anterior aberta (iliofemoral) com seguimento mínimo de dois anos, feitopeloGrupodeCirurgiadoQuadrildoHospitaldanossa instituic¸ão.
Material
e
métodos
CirurgiadoQuadril,operadosconsecutivamenteentre novem-brode2007emarc¸ode2012.Nesseperíodo,submeteram-se aessetratamento62pacientes (64quadris),todasas cirur-giasartroscópicasforamfeitaspelomesmocirurgiãoatravés daabordagemextracapsular12(BDR)e,damesmaforma,as cirurgiasabertasatravésdeabordagemiliofemoral(MVR).Os critériosdeexclusãodesteestudoforam:pacientesportadores deIFAtipopincerisolado(quatrocasos),perdasdeseguimento (umcaso)eseguimentoinferioradoisanos(umcaso).Todos ospacientesforamconvocadosereavaliados.Otrabalhofoi aprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa.
De acordo com os critérios estabelecidos, 56 pacientes (58quadris)preencheramtodososrequisitosnecessáriospara estetrabalho.Ospacientesforamdivididosemdoisgrupos,o GrupoIcomoscasostratadosartroscopicamenteeoGrupoII
porabordagemaberta.
40 pacientes Foram incluídos no Grupo I (artroscópico) 40pacientes,36(87%)eramdosexomasculinoeamédiade idadefoide36,12anos(DP=8,7,variac¸ãode21a47anos).O quadrildireitofoioperadoem20casos(48,78%),oesquerdo em 21 (51,21%), um caso foi operado bilateralmente em temposdistintos.
NoGrupoII(abordagemaberta)foramincluídos16 pacien-tes,11(68,75%)eramdosexomasculinoeamédiadeidade foide35,76anos(DP=9,5,variac¸ãode19a47anos).O qua-drildireitofoioperadoemoitocasos(47,05%),oesquerdoem nove(52,94%),umcasofoioperadobilateralmenteemtempos distintos.
Quantoaosaspectosclínicos,ospacientesforamavaliados préepósoperatoriamentedeacordocomoHarrisHipScore
modificadoporByrdapudGuimarães13(MHHS),Non-Arthritic
HipScore14(NAHS)equantoaograuderotac¸ãointerna(RI)do
quadrilacometido(comgoniômetroparaaferic¸ão).
De acordo com o Harris Hip Score modificado por Byrd,13 os resultados foram estratificados em resultados ruins (MHHS<70 pontos), razoáveis (MHHS 70-79), bons (MHHS80-89)eexcelentes(MHHS90-100).10
Todosospacientesforamavaliadosporradiografias (inci-dênciaanteroposteriordebaciaemortostatismo,Dunn45o, Dunn90o epseudoperfildeLequesne),15alémde ressonân-cia nuclear magnética para diagnóstico de lesões condrais e labiais. IFA tipo pincer foi diagnosticado com a aferic¸ão do o grau de cobertura da cabec¸a femoral e versão ace-tabular, em radiografias anteroposterior de bacia (AP) em ortostatismoepseudoperfilde Lequesne.IFAtipocamefoi definido como ângulo alfa maior de 50o nas radiografias Dunn45o.16
Pré-operatoriamente foram aferidos a classificac¸ão de Tönnis17 para coxartrose, o ângulo centro-borda (CE), a
dimensãodomenorespac¸oarticularemmilímetrosna inci-dênciaAPdebaciaemortostatismo,oânguloalfaconforme descritoporMeyernaincidênciaDunn45o16 (␣)eoíndice
colo-cabec¸a(ICC)naincidênciaDunn90o.15Nopós-operatório tardio,paracomparac¸ãocomasmedidaspré-operatórias,foi aferidaadimensãodomenorespac¸oarticularemmilímetros, o␣eoICC,alémdeavaliadaapresenc¸adeossificac¸ão
hete-rotópicadoquadrilconformeBrookeretal.18Paraevitarerros intereintraobservadores,asaferic¸õesforamfeitaspordois cirurgiõesdoGrupodoQuadril.Nocasodehaverdiscordância demaisdetrêsgrausnasmedidasangularesouummilímetro
noespac¸oarticularmínimo,umanovaavaliac¸ãoera execu-tada, agorapor umterceirocirurgião,procedeu-seentão, a umconsensodaaferic¸ão.Considerou-semagnificac¸ãomédia daradiografiaAPdebaciade15%,quefoi quantificadanos equipamentosdoServic¸o.
Ométodoestatísticoempregadoparaanálisedasvariáveis pareadasintergrupos(MHHS,NAHS,rotac¸ãointerna,ângulo alfaeíndicecolocabec¸apréepós-operatórios)foiotestede Wilcoxon(SPSSversão18.0,SPSS,Chicago,Ill,EUA).Para aná-lisedasmesmasvariáveisintragruposfoiaplicadootestede Mann-Withney,ambosconsideradosestatisticamente signi-ficantes quandop<0,05. Paraavaliarhomogeneidade entre osgrupos,foiaplicadootestedequi-quadradonasmedidas pré-operatórias.
Resultados
Deacordocomaanáliseestatísticapré-operatória,ambosos gruposforamconsideradoshomogêneos.
No grupo I (artroscópico), obteve-se seguimento médio de 29,1meses(24 a42). Comrelac¸ão àavaliac¸ãodoescore clínicoMHHS,observou-semédiapré-operatóriade65 pon-tos(DP=9,8,38a77)epós-operatóriade88pontos(DP=11, 60 a100), comaumentopós-operatóriomédiode22,1 pon-tos. De acordo com os critérios estabelecidos, 31 (75,60%) casosapresentaramresultados clínicosbons ouexcelentes, oito(19,51%)razoáveisetrês(7,31%)ruins.Quantoaoescore clínicoNAHS,observou-sepontuac¸ãomédiapré-operatóriade 68,8pontos(DP=12,5,45a80)epós-operatóriade92,5 pon-tos(DP=10,60a100),comaumentomédiopós-operatóriode 21,5 pontos.A aferic¸ãoda RI doquadril apresentoumédia pré-operatória de 5o (DP=10o, -15o a 30o)e pós-operatória de 20o (DP=12,5o, 5o a 40o), com aumento pós-operatório médiode16,4◦.Observou-sediferenc¸aestatisticamente signi-ficativa(p<0,001)nasaferic¸õesclínicaspréepós-operatórias dosescoresclínicosMHHSeNAHS,alémdarotac¸ãointerna doquadril.
Foram classificados como portadores de IFA tipo came 29quadris(70,73%)e12deIFAtipomisto(28,27%).Em20casos (48,78%),duranteotratamentocirúrgicoartroscópicofoifeita aosteocondroplastiafemoralisoladaenos21casos(51,21%) restantes associou-seaesseoutrosprocedimentos comple-mentares, tais comoosteocondroplastia acetabularnosIFA mistos (12 casos – 29,26%), desbridamento do lábio aceta-bular(setecasos–17,07%),microfraturacondralacetabular naslesõescondraisgrauquatrodeOuterbridge(quatrocasos –9,75%)erefixac¸ãolabialconformeFryeDomb apudRibas
etal.19(cincocasos–12,19%).
pré-Figura1–Pacientemasculino,28anos,grupocirurgiaartroscópica.AeB,imagemradiográficapré-operatóriaevidenciaIFA misto,ânguloCE:39o,ângulo␣:64o.CeD,imagemradiográficapós-operatóriadetrêsanosedoismeses,após
osteocondroplastiafemoraleacetabular,alémderefixac¸ãolabial.ÂnguloCE:28o,ângulo␣:34o.
-operatóriade76o(DP=14o,60oa100o)epós-operatóriade44o (DP=12,5o,32oa55o).Observou-setambémaumentomédio de0,10noíndicecolo-cabec¸a,commédiapré-operatóriade 0,10(DP=0,0,06a0,14)epós-operatóriade0,20(DP=0,1,0,16 a0,32).Observou-sediferenc¸aestatisticamentesignificativa (p<0,001)nasaferic¸õespréepós-operatóriasparaosvalores deânguloalfaeíndicecolo-cabec¸a.Nopós-operatóriotardio não foi evidenciada ossificac¸ão heterotópica em 36 casos (87,80%),quatrocasos(9,75%)apresentaramossificac¸ãograu 1deBrooker18eumcaso(2,43%)grau3(fig.1).
Comocomplicac¸õesverificamosumcaso(2,43%)de trom-bosevenosaprofunda, umcaso(2,43%)deossificac¸ão hete-rotópicagrau3deBrooker18eumcaso(2,43%)deparestesia transitórianervopudendo.Verificaram-sedoiscasos(4,87%) depersistênciadador(amboscomartroseTönnis2),emum dessespacientes jáhá a indicac¸ão deartroplastia total do quadril.
No Grupo II (aberto), obteve-se média de seguimento de 52 meses (43 a 74). Com relac¸ão à avaliac¸ãodo escore clínicoMHHS,observou-semédiapré-operatóriade63 pon-tos(DP=9,48 a 70)epós-operatória de88 pontos (DP=22, 58a94),comaumentomédiopós-operatóriode21,7pontos.
Deacordocom oscritériosestabelecidos, 12(70,58%) casos apresentaram resultados clínicos bons ou excelentes, dois (11,76%) razoáveis e três (17,64%) ruins. Quanto ao escore clínico NAHS,observou-sepontuac¸ão médiapré-operatória de65 pontos(DP=11,3,48,75a77,5)epós-operatóriade90 pontos(DP=20,60a95),comaumentomédiopós-operatório de20,4pontos.Aaferic¸ãodaRIdoquadrilapresentoumédia pré-operatóriade5o(DP=10o,-5o a20o)epós-operatóriade 25o(DP=10o,15o a40o),comaumentomédiopós-operatório de21,2◦.Observou-sediferenc¸aestatisticamentesignificativa (p<0,001) nas aferic¸ões clínicas pré e pós-operatórias dos escoresclínicosMHHSeNAHS,alémdaRIdoquadril.
Doze quadris eram portadores deIFAtipo cameisolado (70,58%) e cinco de IFA tipo misto (29,42%). Em 12 casos (70,58%), durante o tratamento cirúrgico aberto foi feita a osteocondroplastiafemoralisoladaenoscincocasos(29,42%) restantesassociou-seaesseaosteocondroplastiaacetabular comrefixac¸ãolabral(casosdeIFAmisto).
Figura2–Pacientemasculino,37anos,grupocirurgiaaberta.(a,b)Imagemradiográficapré-operatóriaevidenciaIFAmisto, ânguloCE:32o,ângulo␣:62o(c,d)Imagemradiográficapós-operatóriadequatroanosequatromeses,após
osteocondroplastiafemoraleacetabular,alémderefixac¸ãolabial.ÂnguloCE:28o,ângulo␣:32o.
(23o a44o).Nenhumpacienteapresentouângulo CEmenor de20o. Amedida domenorespac¸o articular obteve média pré-operatóriade 3mm (2 a4) enão apresentoudiferenc¸a estatisticamente significativa quando comparada com o pós-operatóriotardio(p=0,58).Quantoaoânguloalfa,foi evi-denciadapós-operatoriamenteumareduc¸ãomédiade32,5◦, commédiapré-operatóriade72o(DP=12,5o,60oa90o)e pós--operatóriade40o (DP=9o, 32o a52o).Observou-setambém aumentomédio de 0,12 no índice colo-cabec¸a, com média pré-operatóriade0,11(DP=0,0,08a0,15)epós-operatóriade 0,22 (DP=0,1, 0,2 a 0,3). Observou-se diferenc¸a
estatisticamente significativa (p<0,001) nas aferic¸ões pré e pós-operatórias para os valores de ângulo alfa e índice colo-cabec¸a.Nopós-operatóriotardio,em12casos (70,58%) nãofoievidenciadaapresenc¸adeossificac¸ãoheterotópicae cinco casos (29,41%) apresentaram ossificac¸ãoheterotópica grau1deBrooker18(fig.2).
Tabela1–Resultadosrelativosàavaliac¸ãodeartrosedoquadril,nospacientessubmetidosatratamentocirúrgicode impactofemoroacetabular
Grupos Avaliac¸ão Tempo Mediana AI p
Cirurgiaaberta Tönnisgrau0 PRE 9(52,9%)
POS nãoavaliado
Tönnisgrau1 PRE 6(35,29%)
POS nãoavaliado
Tönnisgrau2 PRE 2(11,76%)
POS nãoavaliado
Tönnisgrau3 PRE 0
POS nãoavaliado
Menorespac¸oarticular(mm) PRE 3(DP1,variac¸ão2a4) 1 0,58 POS 2,85(DP1,3,variac¸ão1,5a4) 1,3
Cirurgiaartroscópica Tönnisgrau0 PRE 13(31,7%) POS nãoavaliado
Tönnisgrau1 PRE 21(51,21%)
POS nãoavaliado
Tönnisgrau2 PRE 7(17,07%)
POS nãoavaliado
Tönnisgrau3 PRE 0
POS nãoavaliado
Menorespac¸oarticular(mm) PRE 3,31(DP1,variac¸ão2a4) 1 1.000 POS 3,31(DP1,variac¸ão2a4) 1
AI,amplitudeinterquartilítica.
Tabela2–Resultadosrelativosàaferic¸ãodasmedidasradiográficasdospacientessubmetidosatratamentocirúrgicode impactofemoroacetabular
Grupo Avaliac¸ão Tempo Valor AI p
Cirurgiaaberta Ânguloalfa(grau,mediana) PRE 72◦(DP12,5◦,variac¸ão52◦a87◦) 12,5 <
0,001 POS 40◦(DP9◦,variac¸ão32◦a48◦) 9
ICC(mediana) PRE 0,11(DP0,variac¸ão0,08a0,15) 0 < 0,001 POS 0,22(DP0,1,variac¸ão0,2a0,3) 0,1
CE(média,grau) PRE 32,82◦(23◦a44◦)
POS nãoavaliado
Cirurgiaartroscópica Ânguloalfa(grau,mediana) PRE 76◦(DP11◦,variac¸ão60◦a88◦) 14 <
0,001 POS 44◦(DP12,5◦,variac¸ão32◦a55◦) 12,5
ICC(mediana) PRE 0,10(DP0,variac¸ão0,06a0,14) 0 < 0,001 POS 0,20(DP0,1,variac¸ão0,16a0,32) 0,1
CE(média,grau) PRE 35,78◦(27◦a46◦)
POS nãoavaliado
AI,amplitudeinterquartilítica.
Não foram evidenciadas complicac¸ões maiores, como necroseavasculardacabec¸adofêmur,fraturadocolofemoral ouinfecc¸ão.
Deacordocomaanáliseestatística,ambososgrupos apre-sentaramresultadospós-operatóriossemelhantes quantoà avaliac¸ãoclínicaeradiográfica(tabelas1–3).
Discussão
OtratamentocirúrgicodoIFAébaseadonoremodelamento dofêmurproximaleacetabulábulo,alémdotratamentodas lesõescondraiselabiais,comoobjetivodediminuiroimpacto dofêmurcontraorebordoacetabulareconsequentemelhoria daamplitudedemovimentodoquadril.1–8
Diversos autores têm apresentado resultados na litera-turadotratamento cirúrgico de IFA,seja porvia abertade Ganz, abordagens anteriores (Smith-Petersen, Hueter etc.),
artroscópicaouacombinac¸ãodetécnicaartroscópicae minia-bordagemanterior.AabordagemdeGanzéconsiderada,atéo momento,opadrão-ouroparatratamentodapatologia.2,6De umamaneirageralosresultadossãopositivosquantoaoalívio dossintomas,àmelhoriadamobilidadedoquadrileaonível deatividadefísica;esugeremapreservac¸ãodaarticulac¸ãoem longoprazo.1–9
Ostrabalhosquecomparamastécnicasabertase artroscó-picasão,emsuamaioria,metanálisescomparativas.Matsuda
Tabela3–Resultadosrelativosàavaliac¸ãoclínicafuncionaldospacientessubmetidosatratamentocirúrgicodeimpacto femoroacetabular
Grupo Avaliac¸ão Tempo Mediana,DPevariac¸ão AI p
Cirurgiaaberta MHHS PRE 63(DP9,48a70) 9 <
0,001
POS 88(DP22,58a94) 22
NAHS PRE 65(DP11,3,48,75a77,5) 11,3 <
0,001
POS 90(DP20,60a95) 20
Rotac¸ãointerna PRE 5(DP10◦,-5◦a20◦) 10 <
0,001 POS 25(DP10◦,15◦a40◦) 10
Cirurgiaartroscópica MHHS PRE 65(DP9,8,38a77) 9,8 <
0,001
POS 88(DP11,60a100) 11
NAHS PRE 68,8(DP12,5,45a80) 12,5 <
0,001 POS 92,5(DP10,60a100) 10
Rotac¸ãointerna PRE 5(DP10◦,-15◦a30◦) 10 <
0,001 POS 20(DP12,5◦,5◦a40◦) 12,5
AI,amplitudeinterquartilítica.
(pseudoartroseedorlocal).Botseretal.20encontraram resul-tadossemelhantesemmetanálisede26artigos,concluíram queháindíciosdequeatécnicaartroscópicaapresentaum menornúmerodecomplicac¸ões emaisrápidareabilitac¸ão. Recentemente, Domb et al.21 parearam prospectivamente 10 pacientes submetidos a tratamento do IFA por luxac¸ão cirúrgica deGanz com seguimentomédio de 24,8 meses e 20pacientesportécnicaartroscópicacomseguimentomédio de25,5meses.Concluiu-senoestudoqueospacientes sub-metidosaotratamentoartroscópicoapresentarammelhoria significativamentemaiordosescoresclínicosavaliados.
A abordagem anterior iliofemoral descrita por Smith--Petersen22éusadacomoviadeacessonotratamentodoIFA epossibilitaacessodiretoàarticulac¸ãodoquadril.Porém,não proporcionabomacessoaoacetábuloeéincapazdecorrigir alterac¸õesde orientac¸ãodofêmur.1 Alesão donervo cutâ-neofemorallateraléacomplicac¸ãodemaiorprevalência,que namaioriadoscasostemresoluc¸ãoespontânea.Ribasetal.19 relatarammelhoriasignificativaemumasériede35quadris tratadoscirurgicamenteparaIFAporabordagemanteriorapós umanodeseguimentopós-operatório.Houveacréscimode 23◦derotac¸ãointernadoquadriloperadoemelhoria signifi-cativanosparâmetrosclínicosavaliados.Comocomplicac¸ões, observou-se disfunc¸ão do nervo cutâneo lateral femoral em seis casos (17,1%), transitória em cinco. Laude et al.23 avaliaram 100 quadris operados com abordagem anterior associadaàassistênciaartroscópica,emseguimentomédiode 4,9anos,comaumentomédiode29,1pontosdoNAHSecom 11%dospacientessubmetidosàartroplastianoseguimento final.
Aartroscopia temsido amplamentedifundida no trata-mentodoIFAporapresentarumrápidotempodereabilitac¸ão eproporcionarumbomacessoàarticulac¸ãodoquadril.As complicac¸ões normalmente são relacionadas ao tempo de trac¸ão usada para expor a articulac¸ão e às incisões feitas paraconfecc¸ãodosportais,inclusivelesõesmaisfrequentes, como donervopudendo ecutâneo femorallateral, emais raras,comodonervociático(0-12,9%).1,10–12,20Philliponetal.11 usaram a técnica artroscópica para tratamento do IFA em 112pacientescomseguimentomédiode2,3anoseverificaram umaumentomédiode24pontosnoMHHS,semcomplicac¸ão.
BryrdeJones,10empublicac¸ãorecente,avaliaram207quadris comseguimentomédiode16meseseverificaramaumento médiode20pontosnoMHHS,comcomplicac¸õesobservadas em1,5%doscasoseevoluc¸ãoparaartroplastiatotaldequadril em0,5%.Horisbergeretal.,24comtécnicasemelhante, apli-cada a105quadris de88pacienteseseguimentomédiode 2,3anos,evidenciaramumaumentomédiopós-operatóriode 28pontosnoNAHS,com1,9%decomplicac¸õescomo neuro-praxiadociáticooupudendoe11%deneuropraxiadonervo cutâneolateraldacoxa.Em8,6%doscasoshouvenecessidade deconversãoparaartroplastiadoquadril.
Emnossoestudoobtivemosresultadossemelhantesaosda literatura,paraambososgrupos.Observamosmelhoria pós--operatória naavaliac¸ão clínicadospacientese adequac¸ão paraníveisconsideradosnormaisdospadrõesradiográficos aferidos.O maiornúmerode indicac¸õesdeconversão para artroplastia doquadril nogrupo aberto podeser explicado pelo maior tempo de seguimento desses pacientes (média de52meses).Nogrupoartroscópicoobservamosummenor número de complicac¸ões pós-operatórias. Necessitamos de ummaiortempodeseguimentodessegrupoparaafirmarseos resultadosclínicosedepreservac¸ãoarticularpós-operatórios permanecerãosatisfatórios.
Aslimitac¸õesdopresenteestudosãoopequenonúmero depacientesnogrupoaberto,alémdapredominânciadesexo masculinoedocurtotempodeseguimento(29,1meses)no grupoartroscópico.
Conclusão
Osresultados clínicoseradiográficos dotratamento artros-cópicodoimpactofemoroacetabularforamcomparáveiscom osresultadosdaabordagemanterioraberta.Observamosum maiornúmerodecomplicac¸õesnogrupoaberto.
Conflitos
de
interesse
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