SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
de
Revisão
Impacto
femoroacetabular
夽
José
Batista
Volpon
UniversidadedeSãoPaulo,FaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto,DepartamentodeBiomecância,MedicinaeReabilitac¸ãodoAparelho Locomotor,RibeirãoPreto,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem18dedezembro de2015
Aceitoem7dejaneirode2016 On-lineem13dejulhode2016
Palavras-chave: Quadril Anatomia
Impactofemoroacetabular Artroscopia
Osteotomia
r
e
s
u
m
o
O impacto femoroacetabular (FAI) é condic¸ão de caracterizac¸ão relativamente recente; decorre derelac¸õesanatômico-funcionaisanormaisentrearegiãoproximaldofêmur e oacetábulo,associadasamovimentosderepetic¸ão,queacarretamlesõesnolabrumena cartilagem acetabular. As alterac¸ões sãorepresentadas pela retroversão acetabular ou diminuic¸ãodaalturaentreabordalateraldacabec¸aeocolofemoral.Alémdisso,oimpacto femoroacetabular pode ser secundário a fraturas docolo do fêmur comconsolidac¸ão viciosaoudecorrerdeosteotomiaspélvicasqueprovocamoretrodirecionamentodo ace-tábulo.Essasanomaliaslevamaocontatofemoroacetabularpatológicoqueoriginaforc¸as deimpactoecisalhamentoduranteosmovimentosdoquadril.Emconsequência,hálesão labraleartroseprecoce.Odiagnósticoéfeitopelasintomatologiatípica,sinaisradiográficos eressonânciamagnética.Otratamentofundamenta-senacorrec¸ãodasanomalias anatô-micas,reparodolabrumeremoc¸ãodacartilagemlesada.Entretanto,hánecessidadede conhecermelhoraevoluc¸ãonaturaldaafecc¸ão,principalmentenosindivíduos assintomá-ticos,bemcomoresultadosdotratamentoemlongoprazo.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://
creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Femoroacetabular
impingement
Keywords: Hip Anatomy
Femoroacetabularimpingement Arthroscopy
Osteotomy
a
b
s
t
r
a
c
t
Thefemoroacetabularimpingement(FAI)isasconditionrecentlycharacterizedthatresults fromtheabnormalanatomicandfunctionalrelationbetweentheproximalfemurandthe acetabularborder,associatedwithrepetitivemovements,whichleadlabrumandacetabular cartilage injuries.Suchalterationsresultfromanatomicalvariationssuchasacetabular retroversionordecreaseofthefemoroacetabularoffset.Inaddition,FAImayresultfrom acquiredconditionsasmalunitedfemoralneckfractures,orretrovertedacetabulumafter pelvicosteotomies.Theseanomaliesleadtopathologicalfemoroacetabularcontact,which inturncreateimpactandshearforcesduringhipmovements.Asaresult,thereisearly
夽
TrabalhodesenvolvidonoDepartamentodeMedicina,BiomecânicaeReabilitac¸ãodoAparelhoLocomotor,FaculdadedeMedicinade RibeirãoPreto,UniversidadedeSãoPaulo,RibeirãoPreto,SP,Brasil.
E-mails:jbvolpon@fmrp.usp.br,hc.ortopedia@gmail.com http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.01.008
xavadedornaregiãoinguinal,durante ouapósatividades físicas ou depois de longos períodos sentadas. Paradoxal-mente,oexamefísicoerapobreeasradiografiasinterpretadas como de aspecto normal ou, eventualmente, apresenta-vamalterac¸õescompatíveiscomsequelasdedoenc¸aprévia, comoLegg-Perthesouepifisiólise, masquenão explicavam a sintomatologia à luz do conhecimento da época. Como consequência, não havia diagnóstico e terapêutica especí-fica e a recomendac¸ão era tratamento sintomático, com restric¸ãodeatividadesfísicas.Entretanto, emalgunscasos, emlongoprazo,haviaevoluc¸ãoparadegenerac¸ãoarticular1,2 eodiagnósticoeradeosteoartroseprimária(ouidiopática). Hoje, sabe-se que muitas dessas pessoas apresentavam a afecc¸ãoatualmentedenominadaimpacto femoroacetabular (femoroacetabularimpingement[FAI]).Noinício,apenasdescrita combasenoexame clínico,radiografiassimpleseachados cirúrgicos,passou ater maissubsídioscom os achadosde ressonânciamagnéticaeartroscopia.3–6
Oconceitoatualéqueoimpactofemoroacetabularéuma condic¸ãoqueresultadocontatoanormalentreacabec¸ado fêmureabordaacetabular,quelevaaumconflitomecânico causadorde microtraumatismosaplicadosnolabrume car-tilagemacetabularqueprovocamlesõesnessasestruturas.7 Geralmente o impacto decorre de alterac¸ões na transic¸ão colo-cabec¸ae/ounoacetábulo.Entretanto,podeocorrerem quadrismorfologicamentenormais,masquesãosubmetidos agrandesdemandasfísicasassociadasarepetidos movimen-tosdeflexão.8,9
Entretanto,anoc¸ãodeimpactonoquadrilnãoénova.Uma dasantigasreferênciasaessacondic¸ãoéatribuídaa Smith--Petersen,10 em1936, que adescreveu como resultante do choquedocolofemoralcontraoacetábulo eidentificou as causascomo provenientesdealterac¸õesfemoraisou aceta-bulares.Sãolúcidassuasobservac¸õesqueidentificamquea causadadordospacienteseraoconflitomecânicoentreocolo femoraleamargemdoacetábulo,queresultavaemartrite traumática.Esse mesmoautorcunhouotermoimpingement paraexplicaromecanismoetiopatogênicoeapresentou pro-postadetratamentocujosfundamentossãoaplicadosainda hoje.10 Murray,11 em1965, identificoucasos deosteoartrite primáriaassociados àrelac¸ão anormalentre cabec¸aecolo femoraisaqueelechamoutiltdeformity.Depois,acondic¸ão foidescritacommaiorênfaseporHarris.12
Contudo,o interessepela afecc¸ãofoi renovadoem1991 porGanzetal.,13comocausadedoredisfunc¸ãodoquadril.
peadacontraaporc¸ãoanteriordoacetábulo(doiscasos)ou posterior (quatro casos) aos movimentos do quadril. Mais tarde,StrehleGanz14acrescentaram11casoscomimpacto anterior, tambémdecorrentes de fratura.Depois,foi obser-vadoqueacondic¸ãopoderiaocorreremcasossemhistóriade traumatismo,empessoascomusoexageradodomovimento deflexãodoquadril,noesporteounotrabalho.9
Atualmente, o conceito de impacto femoroaceta-bular está bem estabelecido e seu tratamento evoluiu significativamente.1,2,15–17 Desdeentão,onúmerodeartigos sobre o assunto tem crescido exponencialmente.15,18 Nos últimos anos o tema foi abordadovárias vezes na Revista BrasileiradeOrtopedia.4,8,19–23
Fisiopatologia
Aarticulac¸ãodoquadrilédotipobolaesoqueteeseus movi-mentosrequeremrolamentodacabec¸afemoralnoacetábulo. Oimpactosurgequandoessaharmoniademovimentosé alte-rada,oqueresultaembloqueiomecânicodosúltimosgraus de movimentosdacabec¸afemoral,oquefazcom que gol-peieabordalateraldoacetábuloecausemicrotraumatismos regionais.Asestruturasmaisafetadassãoolabrumearegião anterolateraldacartilagemarticulardoacetábuloeasforc¸as lesivastraduzem-seporcompressãoecisalhamento.
Noquadrilnormal,alémdacoberturaadequadadacabec¸a do fêmur pelo acetábulo, é importante existir a concavi-dadeou recuo(offset)cervicocefálico,isto é,adiferenc¸a de altura entre o colo dofêmur ea borda esféricada cabec¸a femoral (fig. 1A). Esse desnível é importante porque asse-gura que haja acomodac¸ão do colo em relac¸ão à periferia doacetábuloparapropiciarosúltimosgrausdemovimento (fig. 1B). A diminuic¸ão do offset provocada pela perda da esfericidadedacabec¸afemoralécausadaporextensão anô-maladaepífiseproximaldofêmurprincipalmentenaregião anterossuperior15 (coxa recta). Essa extensão pode ser um resquício filogenético24 ou surgir como resposta à prática excessivadeesportesduranteamaturac¸ãoesquelética.25Em outroscasos,aetiologiadoFAIpodeserevidente,comoem sequelasdefraturasdocolodofêmur,14doenc¸adePerthes,26 epifisiólise,27coxavara9etc.
Figura1–Ilustrac¸ãodasparticularidadesanatomofuncionaisdajunc¸ãocervicocefálicadoquadril.A-odesnívelourecuo (offset)docolodofêmuremrelac¸ãoàbordalivredacabec¸afemoral(d).B-osmovimentosnormaisdacabec¸anoacetábulo ocorremquandoajuntaéconcêntrica,istoé,hácoincidênciaentreoscentrosgeométricosdoacetábuloecabec¸afemoral. Issopermiteorolamentoharmônicodacabec¸afemoraldentrodoacetábulo.Odesnívelcervicocefálico(d)permiteampliar
osúltimosgrausdemovimento.(DesenhoadaptadodeEmary28).
adeformidadequelhedáorigeméemcabodepistola( pis-tolgrip).9,22Emcasosdepequenasprotrusões,odanoinicial éprimariamentena cartilagemacetabular ecausaabrasão oulaminac¸ão, pois a parte protrusapenetra no acetábulo, cisalha a cartilagem articular e, pelo mesmo mecanismo, lesa o labrum.28 Assim, a maioria das lesões condrais do acetábulo ou labrais no impacto tipo cam são localizados anterossuperiormente.1,2
Quandoasanomaliassãopredominantemente acetabula-resoefeito édotipo pincer16,28,29 (fig.2B).Essasalterac¸ões decorremdecasoscomcoxaprofundaouprotrusa,emque acabec¸afemoralestáexcessivamentecontidapeloacetábulo, porretroversãoacetabular,quepodeserconstitucional,30ou deosteotomiaspélvicas,comoadeSalteroutríplice.31Existe, ainda,apossibilidade,menosfrequente,deexcessode ante-versãoacetabular.
Finalmente,alterac¸õesacetabularesedofêmurpodem coe-xistir(impactomisto).5
Exame
físico
–
Diagnóstico
O impacto femoroacetabular causado por alterac¸ão da transic¸ãocefalocervicalémaiscomumentreoshomensentre 20-30anos.16Poroutrolado,oimpactocausadoporalterac¸ões acetabularesocorremaisnamulherdemeia-idade.32
Sintomatologia
Adornaregiãodoquadril,quersejaanteriorouposterior,pode sermanifestac¸ãodeváriasafecc¸õesregionais,são importan-tesparaodiagnósticocorretoohistóricodetalhadoetestes
Figura3–Testesclínicosdeimpacto.A-paraoimpactoanterioroquadriléflexionado90◦aduzidoerodadointernamente.
B-paraoimpactoposterioromembroinferioraseravaliadoécolocadoforadamesadeexame,estendido,abduzido
erodadoexternamente.Ambasmanobrasdevemdesencadearadorhabitualdapessoa.
semiológicos,alémdeimagens.OdiagnósticoprecocedoFAI podeserum desafio,pois quemuitas pessoasapresentam sintomasinsidiosos,radiografiascomaspectoaparentemente normal,oucomlevesalterac¸ões,easintomatologiapode coe-xistircomafecc¸õesdeestruturaspróximas.33
OindivíduocomFAIanteriorqueixa-seprincipalmentede dorcrônicaincomodativanaregiãodavirilha,deinício insi-dioso,longadurac¸ãoepioriaprogressiva.Agudizac¸õespodem ocorrerquandoháexcessosfísicos.Opacientetípicoéadulto jovem,16muitosdelespraticantesdeesportesqueenvolvem flexãodoquadril.8,34Adorpodeserconstante,intermitente, emrepouso,einterferircomosono,sejaaoimpedi-loou pro-vocaroacordar.
Alémdasintomatologiaclássicanavirilha,pode associar--sedornafaceanteriordacoxa,regiãotrocantérica,emesmo nafaceinternadojoelho,desencadeadaoupioradapor ativi-dadesfísicasqueenvolvemflexãodoquadrilousentar-sepor períodosprolongados.33
Oimpactoposteriormanifesta-sepordornaregião glú-tea, lombossacral ou face posterior da coxa,33 associada a movimentosouposic¸õesemextensãoeabduc¸ãodoquadril. Entretanto,quandojáháartrosesecundária,tantonoimpacto anteriorcomoposterior,adorsetornamaisgrave,maistípica dedegenerac¸ãoarticulare,geralmente,levaaoabandonode atividadesfísicas.
No exame físico pode existir atrofia da coxa e discreta claudicac¸ão.Osúltimosgrausdemovimentosdoquadrilsão limitados,otestedeTrendelenburgpodeserpositivoeos tes-tesdeimpactosãopositivosem88,8%doscasos.33
Oexamefísicoobjetivodeveserdirecionadoparao aco-metimentodasváriasestruturasdaregião.Quandoadorfor anteriordevemserconsideradas:hérniainguinal,bursitedo psoas,pubalgia,bursitetrocantérica,degenerac¸ãoourotura daporc¸ãotendíneadoglúteomédioeFAI.Háassociac¸ão posi-tivaentrehérniainguinaleFAIeasduascondic¸ões podem coexistir,principalmentenoatleta.35
Parapesquisadoimpactoanteriordeveráserfeitooteste queoreproduz:oindivíduoécolocadoemdecúbitodorsale oquadrilafetadoéflexionado90◦,aduzidoemtornode20◦,
e,nessa posic¸ão,éfeita arotac¸ãointerna. Esse teste,para
serpositivo,devereproduziradornormalmente experimen-tada pelopaciente23,28 (fig.3A).A movimentac¸ãoglobaldo quadrilgeralmenteestápreservada,excetonosúltimosgraus de rotac¸ãoeflexão.Emcasos degrandeimpactohámaior limitac¸ãodaflexãoque,àsvezes,épossívelapenassefor asso-ciadaàrotac¸ãoexterna(sinaldeDrehmann).Quandoocorre artrose ouprotrusãoacetabular, váriosmovimentospodem estarsignificativamenteafetados.
Os impactos posteriores causamdor naregião glútea e o diagnóstico diferencialincluiascondic¸ões mais frequen-tes nessa localizac¸ão, como artrite sacroilíaca, fratura por estressedosacro,lesãodosmúsculosisquiotibiais,síndrome do trocanter maior, síndromedo piriforme, bursite isquiá-tica,impactoisquiofemoraledisfunc¸ãocrônicadoassoalho pélvico.36
Otesteparaimpactoposteriordeveserfeitocomoquadril emextensão,discretaabduc¸ãoerotac¸ãoexterna.28Para facili-taressasmanobras,omembroinferiorasertestadodeveficar semapoio,foradamesadeexame(fig.3B).
Imagens
Alterac¸õesmorfológicasdaregiãoproximaldofêmur Embora as radiografias simples não mostrem todos os casosdeperdadaesfericidadedacabec¸afemoral,seforem feitasváriasincidênciasessapossibilidadeficadiminuída.
Oaspectomaismarcantedasalterac¸õesfemoraiséa defor-midadeemcabodepistola,sinônimodaperdadaesfericidade dacabec¸afemoral(coxarecta)ediminuic¸ãodorecuo cefalo-cervical.Essasanomaliasjápodemservistasnaradiografia anteroposteriordabacia(fig.4A),comocuidadodemantero quadrilemrotac¸ãointernade15◦,paraevitarfalsopositivos.28
Entretanto,operfildocoloéaposic¸ãomaisadequadapara visualizarajunc¸ãocolo-cabec¸a(fig.4B).Issopodeserobtido pelaclássicaincidênciadeLauenstein(posic¸ãoderã)oupelo perfilalongadodocolo(Dunn)em45◦ ou90◦deflexão(são
Figura4–Radiografiasdebaciacomalterac¸õesemcasosdeimpactofemoroacetabular.A-Naregiãoproximaldofêmur esquerdohádeformidadetípicaemcabodepistola,comretificac¸ãodaesfericidadedaporc¸ãoanterossuperiordacabec¸a femoral(setaescura).Nestaradiografiaháproeminênciamaiordaespinhaisquiáticaquesugereretroversãoacetabular associada(cabec¸adesetabranca).B-radiografiadomesmopacientenaposic¸ãodeLauensteinmostraquehádiminuic¸ão dorecuocabec¸a-coloemambososlados,comalterac¸õespredisponentesaoimpacto(setaspretas).
Orecuocervicocefálicopodeseravaliadopelamedidado ânguloalfadeNötzli,39originalmentedescritoparaimagens deressonânciamagnética,masquefoiadaptadopara radio-grafiasemperfilalongado.Esseângulopodevariarcomidade egênero, incidência, mas, grosso modo, éconsiderado nor-malaté50graus.37Afigura5mostraotrac¸adodesseângulo. Demaneirasemelhante,podesertrac¸adooânguloposterior, nomeadobeta.40
Acomplementac¸ãodasérieradiográficadoquadriléfeita pelofalsoperfildeLequesneeSèze,41queservepara visua-lizararegiãoanterossuperiordoquadril,localfrequentede degenerac¸ãoarticularinicial.Algunssinaismenorespodem estar presentes, como ossificac¸ão da borda do acetábulo e pequenaslesõescísticasnocolo(casosdeefeitopincer).
Alterac¸õesacetabulares
Aavaliac¸ão doacetábulo é feita com a radiografia antero-posteriordabacia.Umaradiografiapélvicabemposicionada implica,alémdassimetriasdaasadoilíacoeforames obtura-dos,distanciamentode2-3cmdaprojec¸ãodocóccixàsínfise púbica.42Sãoidentificadasasbordasanterioreposteriordo acetábulo,quedevemserdivergentesemdirec¸ãocaudal.Em casosderetroversão,essaslinhasaproximam-seemesmose cruzam(crossoversign)30,40 (fig.6).Entretanto,odiagnóstico podeserfalseadopelainclinac¸ãopélvica.43Pode-seobservar, também,proeminênciaexageradadaespinhaisquiática44 e assimetriadoforameobturado.
Ascoxaeprotrusaeprofundapodemserquantificadas na radiografiaanteroposteriordabacia,comamedidadoângulo centrolateraldeWiberg.Quandoesse ânguloestáacimade 40◦considera-sequeoquadrilestejaemriscodeimpactoem
flexão7(fig.7AeB).Oexcessodecoberturapodeservistona incidênciadeLequesneeSèze,quepermiteboavisualizac¸ão naregiãoanterossuperiordacabec¸afemoral,localonde sur-gemasprimeirasdegenerac¸õesarticulares.
Embora a tomografia computadorizada possa avaliar a transic¸ão cabec¸a-colo, ela não mostra as partes moles e
Figura5–Mesmoindivíduodafiguraanterior.Radiografia emperfildocolocommedidadoânguloalfa.É
Figura6–Radiografiadeummodelodebaciacomreparos metálicosnabordaacetabular.Noladodireitofoisimulada aosteotomiadeSalter,comumacunhade20◦.A
osteotomiacausaretroversãodoacetábulo,quepodeser
observadapelocruzamentodasbordasanterioreposterior
doacetábulo(crossoversign)(seta),proeminência daespinhaisquiática(cabec¸adeseta)eassimetria
dosforamesobturados.
cartilaginosas, além de implicar grande dose de radiac¸ão. Mesmopara alterac¸ões ósseassutis natransic¸ão femoroa-cetabularelaapresentalimitac¸õesintrínsecas.45Assim,não deveserusadacomorotinaparaodiagnósticodoFAI. Entre-tanto,éútilquandoforimportanteaquantificac¸ãodaversão acetabular.46
Aressonânciamagnéticacomsequênciasradiais tornou--sedegrandevalia,poismostracomdetalhesaporc¸ãoósseae olabrum,alémdepermitir,comprecisão,otrac¸adodoângulo alfa.39Avalia,também,aesfericidadedacabec¸afemoralea cartilagemarticular.
Oprotocoloestabeleceimagensaolongodoeixo cabec¸a--colo,obtidasacadaintervalode10◦ a30◦.Olabrumnormal
temaspectotriangular,margensdefinidasebaixosinalemT1 eT2,écontínuo,comainserc¸ãonabordaósseadoacetábulo,
Tratamentos com manipulac¸ão (quiropraxia) e fisioterapia podempiorarasintomatologia.28Entretanto,ficadifícil esta-belecerotratamentoquandoaartrosejáestáavanc¸ada.Nessa condic¸ãodeve-seconsiderarapossibilidade deartroplastia, masissodependedoperfildopaciente,dotipode sintomato-logiaedograudeincapacidade.Mesmoassim,umtratamento cirúrgicomenosagressivo,geralmenteartroscópico,com reti-rada dos bloqueios, desbridamento ou reparo do labrum e desbridamentoarticular,podepropiciaralívio,principalmente empessoasmaisjovens.
Nãoháconsensosedevemsertratadaspessoas assinto-máticasapenascombasenaimagem48ouaquelasemquefoi constatadalesãoassintomáticaisoladadolabrum.49A morfo-logiaFAIcorrespondeaumasériedeparâmetrosdiagnósticos com base em imagens estáticas, enquanto que o impacto femoroacetabular éumcomplexo dinâmico que resultade alterac¸ões morfológicas associadas aatividades que impli-cammovimentac¸õesespecíficasdoquadril.50Issovaledizer quemuitosindivíduosapresentamimagenssugestivasdeFAI, massemqualquersintomatologiaclínica.51
Tratamentocirúrgico
Osprincípiosdotratamentocirúrgicosãocorrigiras deformi-dadesanatômicas,desbridare/oureinserirolabrumeremover acartilagemdegenerada.29Geralmenteotratamentocirúrgico dábonsresultados.6,8,49,52
Impactotipocam
Quandoadeformidadeprincipalforcoxavaracomimpacto secundário,otratamentotemporbasecorrigiroângulo cer-vicodiafisário. Geralmente isso é suficiente para afastar o colodaregiãodeimpacto,masérecomendável,pelomesmo acessocirúrgico,abordaratransic¸ãocolo-cabec¸aeobservar diretamentesepersisteoimpactocomamanobrade flexão--aduc¸ão-rotac¸ãointernadoquadril.Emcasopositivo,deve-se removeraporc¸ãosaliente.
Quandooimpactoforprovocadoprimariamentepela sali-ência natransic¸ão colo-cabec¸a(coxa recta),a partesaliente deveráserressecadaefeitaaescultura dorecuo cefalocer-vical(condro-osteoplastia).Nessamesmacirurgiasãofeitos reparose/oudesbridamentosdolabrumedacartilagem arti-cular. Esses procedimentos podem seralcanc¸ados por três abordagensprincipais:acessoabertocomluxac¸ãodoquadril, associac¸ãodeartroscopiaeminiartrotomiaepelaartroscopia. Ostrêsmétodossãoefetivosemmelhoraradorefunc¸ãoesão procedimentosseguros.52
Luxac¸ãocirúrgicadoquadril
EssatécnicafoidescritaporGanzetal.13,53 econsideradao padrãoouroparaotratamentodosimpactostipocam. Entre-tanto, apresentamaiores complicac¸ões relacionadas com a osteotomiadofêmur52edemandatreinamentoeexperiência. Permiteaabordagemdetodos oscomponentespatológicos presentes, com feitura de condro-osteoplastia adequada e desbridamentodacartilagem,que,entretanto,nãodeveser exagerado,poisolimitepararessecc¸ãodaespessuradocoloé 30%.Maisdoqueissopodeocorrerfratura.54Olabrumdeveser desbridadoereinserido,éimportantesuapreservac¸ão,pois exerceefeitoselantenoquadril.Quandoolabrumfor irrecu-perávelouinexistente,podesertentadaareconstituic¸ãocom substitutoscomofáscialata,flexoresdojoelhoouligamento redondo,55masessastécnicassãoconsideradas experimen-tais.
Artroscopiaeartrotomiaporminiacessoanterior
Em2005, Clohisye McLure29 descreveram adupla aborda-gem para os casos de impacto tipo cam. Primeiramente, é feitooinventárioartroscópicodoquadril,seguidode desbri-damentodolabrumedacartilagemarticular,senecessário. Terminadaaartroscopia, através de pequenaincisão ante-rior,oespac¸odeSmith-Petersenéaprofundado,10acápsulaé abertaefeitaaosteoplastia.Essatécnicadáresultados compa-ráveisaoutras,masapresentaincidênciasignificativadelesão donervocutâneolateraldacoxa.52Alémdisso,àmedidaque hátreinamentonatécnicaartroscópica,osautorestendema abandonaroacessoaberto.
Tratamentoartroscópico
Essemétodoédeusocrescente,comíndicesdesucessoque variamde67%a90%.7Acorretaabordagemdasalterac¸õesé feitaunicamentepelaviaartroscópica,segueospassos padro-nizadosparatalprocedimento.6Compráticaefamiliaridadeé possíveldesbridarolabrumeacartilagemarticular,bemcomo removeroexcessodeosso,deformaarecuperaroformato esféricodacabec¸afemoral(coxarotunda).Ascomplicac¸õessão
aquelascomunsàartroscopiadoquadrileincluemlesãodo nervocutâneolateraldacoxaeparesiadociático.
Impactotipopincer
Quandooimpactoforcausadopredominantementepelamá orientac¸ãodoacetábulo,issodevesercorrigidopor osteoto-miaperiacetabular, que éprocedimento bastanteefetivo,56 masdedifícilexecuc¸ão,edeveserreservadoparaprofissionais experientes.Aspublicac¸õessobreosresultadoscomousoda técnicasãoescassas,porquenoimpactoporretroversão ace-tabularasintomatologiaémaistardia,demodoquequando háosteoartrosesecundáriaotratamentoépelaartroplastia.
Considerac¸ões
finais
Oimpactofemoracetabularéentidadeclínicabemdefinida, emqueháalterac¸õesmorfológicas,constitucionaisou adqui-ridasque,associadasamovimentosderepetic¸ãodoquadril, podem levar à lesão do labrum e da cartilagem acetabu-lar, comartrosesubsequente.Asintomatologiaexpressa-se pordorelimitac¸ãodemovimentos,quepioram progressiva-mente,eotratamentoefetivoépelacorrec¸ãocirúrgica das anomaliasanatômicas.Entretanto,maisestudossão neces-sários para definir bema populac¸ão de risco, aqueles que devemsertratadosequalamelhorabordagem,emtemosde tratamento.52Assim,seguimentosmaiorestornam-se neces-sáriosnãosomenteparaavaliarresultados,mastambémpara conhecermelhoraevoluc¸ãonaturaldaafecc¸ão.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1.GanzR,ParviziJ,BeckM,LeunigM,NötzliH,SiebenrockKA.
Femoroacetabularimpingement:acauseforosteoarthritisof
thehip.ClinOrthopRelatRes.2003;(417):112–20.
2.BeckM,KalhorM,LeunigM,GanzR.Hipmorphology
influencesthepatternofdamagetotheacetabularcartilage:
femoroacetabularimpingementasacauseofearly
osteoarthritisofthehip.JBoneJointSurgBr.
2005;87(7):1012–8.
3.BittersohlB,HosalkarHS,HesperT,TideriusCJ,ZilkensC,
KrauspeR.Advancedimaginginfemoroacetabular
impingement:currentstateandfutureprospects.FrontSurg.
2015;2:34.
4.ContrerasMEK,BrincasSM,PaesJúniorAJ,OliveiraFilhoGR,
RosaFJB.Aressonânciamagnéticaeaartrorressonância
magnéticanalesãolabralecondraldoquadril:comparac¸ão
comachadosnaartroscopia.RevBrasOrtop.
2008;43(6):217–24.
5.HongSJ,ShonWY,LeeCY,MyungJS,KangCH,KimBH.
Imagingfindingsoffemoroacetabularimpingement
syndrome:focusingonmixed-typeimpingement.Clin
Imaging.2010;34(2):116–20.
6.BardakosNV,VasconcelosJC,VillarRN.Earlyoutcomeofhip
arthroscopyforfemoroacetabularimpingement:theroleof
femoralosteoplastyinsymptomaticimprovement.JBone
13.GanzR,BamertP,HausnerP,IslerB,VrecF.
ZervikoazetabuläresImpingementnach
Schenkelhaslsfraktur.Unfallchirurg.1991;94(4):172–5.
14.StrehlA,GanzR.VentralesfemoroacetabuläresImpingement
nachgeheilterSchenkelhalsfraktur.Unfallchirurg.
2005;108(4):263–73.
15.LeunigM,BeauléPE,GanzR.Theconceptof
femoroacetabularimpingement:currentstatusandfuture
perspectives.ClinOrthopRelatRes.2009;467(3):616–22.
16.TannastM,GorickiD,BeckM,MurphySB,SiebenrockKA.Hip
damageoccursatthezoneoffemoroacetabular
impingement.ClinOrthopRelatRes.2008;466(2):273–80.
17.GanzR,LeunigM,Leunig-GanzK,HarrisWH.Theetiology
ofosteoarthritisofthehip.ClinOrthopRelatRes.
2008;466(2):264–72.
18.BernsteinJ.Themythsoffemoroacetabularimpingement.
ClinOrthopRelatRes.2014;472(12):3623–8.
19.RoosBD,RoosMV,CamisaJúniorA,LimaEMU,GyboskiDP,
MartinsLS.Abordagemextracapsularparatratamento
artroscópicodeimpactofemoroacetabular:resultados
clínicos,radiográficosecomplicac¸ões.RevBrasOrtop.
2015;50(4):430–7.
20.PoleselloGC,NakaoTS,QueirozMC,DaniachiD,RicioliW,
GuimarãesRP,etal.Propostadepadronizac¸ãodoestudo
radiográficodoquadriledapelve.RevBrasOrtop.
2011;46(6):634–42.
21.KrügerFP,BrittoPSG,MachadoNetoL,SchwartsmannCR.
Avaliac¸ãodaapresentac¸ãodesinaisesintomasdeimpacto
femoroacetabularapósepifisiólisedofêmurproximal.Rev
BrasOrtop.2011;46(2):176–82.
22.LabroniciPJ,AlvesSD,SilvaAF,GiubertiGR,HoffmannR,
AzevedoNetoJN,etal.Estudoanatômicodoterc¸oproximal
dofêmur:impactofemoroacetabulareoefeitocam.RevBras
Ortop.2009;44(2):120–4.
23.CrestaniMV,TelökenMA,GusmãoPDF.Impacto
femoroacetabular:umadascondic¸õesprecursorasda
osteoartrosedoquadril.RevBrasOrtop.2006;41(8):285–93.
24.SerratMA,RenoPL,McCollumMA,MeindiRS,LovejoyCO.
Variationinmammalianproximalfemoraldevelopment:
comparativeanalysisoftwodistinctossificationpatterns.
JAnat.2007;210(3):249–58.
25.SiebenrockKA,FernerF,NoblePC,SantoreRF,WerlenS,
MamischTC.Thecam-typedeformityoftheproximalfemur
arisesinchildhoodinresponsetovigoroussportingactivity.
ClinOrthopRelatRes.2011;469(11):3229–40.
26.MaranhoDAC,Nogueira-BarbosaMH,ZamarioliA,VolponJB.
MRIabnormalitiesoftheacetabularlabrumandarticular
cartilagearecommoninhealedLegg-Calvé-Perthesdisease
withresidualdeformitiesofthehip.JBoneJointSurgAm.
2013;95(3):256–65.
32.TannastM,SiebenrockKA,AndersonSE.Femoroacetabular
impingement:radiographicdiagnosis–Whattheradiologist
shouldknow.AmJRoentgenol.2007;188(6):1540–52.
33.ClohisyJC,CarlisleJC,TrousdaleR,KimYJ,BeaulePE,Morgan
P,etal.Radiographicevaluationofthehiphaslimited
reliability.ClinOrthopRelatRes.2009;467(3):666–75.
34.KapronAL,AndersonAE,AokiSK,PhillipsLG,PetronDJ,Toth
R,etal.Radiographicprevalenceoffemoroacetabular
impingementincollegiatefootballplayers.JBoneJointSurg
Am.2011;93(19):e111(1-10).
35.MunegatoD.Sportsherniaandfemoroacetabular
impingementinathletes:asystematicreview.WorldJClin
Cases.2015;3(9):823–30.
36.FalóticoGG,TorquatoDF,RoimTC,TakataET,PochiniAC,
EjnismanB.Dorglúteaematletas–Comoinvestigaretratar?
RevBrasOrtop.2015;(4):462–8.
37.MeyerM,DominikC,BeckM,EllisT,GanzR,LeunigM.
Comparisonofsixradiographicprojectionstoassessfemoral
head/neckaspherificity.ClinOrthopRelatRes.
2006;(445):181–5.
38.EijerH,LeunigMMM.Cross-tablelateralradiographsfor
screeningofanteriorfemoralhead-neckoffsetinpatients
withfemoro-acetabularimpingement.HipInt.2001;11:37–41.
39.NötzliHP,WyssTF,StoeckinCH,TreiberK,HolderJ.The
contourofthefemoralhead-neckjunctionasapredictorfor
theriskofanteriorimpingement.JBoneJointSurgBr.
2002;84(4):556–60.
40.JamaliAA,MladenovK,MeyerDC,MartinezA,BeckM,Ganz
R,etal.Anteroposteriorpelvicradiographstoassess
acetabularretroversion:highvalidityofthecross-over-sign.
JOrthopRes.2007;25(6):758–65.
41.LequesneM,SèzeS.Lefauxprofildubassin.Nouvelle
incidenceradiographiquepourl’étudedelahanche.Son
utilitédanslesdysplasiesetlesdifférentescoxopathies.Rev
RhumMalOsteoartic.1961;28:643–52.
42.AmanatullahDF,AntkowiakT,PillayK,PatelJ,RefaatM,
ToupadakisCA.Femoroacetabularimpingement:current
conceptsindiagnosisandtreatment.Orthopedics.
2015;38(3):185–243.
43.SiebenrockKA,KalbermattenDF,GanzR.Effectofpelvictilt
onacetabularretroversion:astudyofpelvesfromcadavers.
ClinOrthopRelatRes.2003;407:241–8.
44.KalbererF,SierraRJ,MadanSS,GanzR,LeunigM.Ischial
spineprojectionintothepelvis.ClinOrthopRelatRes.
2008;466(3):677–83.
45.AbelMF,SutherlandDH,WengerDRMS.EvaluationofCT
scansand3-Dreformattedimagesforquantitative
assessmentofthehip.JPediatrOrthop.1994;14(1):48–53.
46.PetersCL,EricksonJ.Theetiologyandtreatmentofhippain
47.ItoK,MinkaIIMA,LeunigM,WerlenS,GanzR.
Femoroacetabularimpingementandthecam-effect.A
MRI-basedquantitativeanatomicalstudyofthefemoral
head-neckoffset.JBoneJointSurgBr.2001;83(2):171–6.
48.ReichenbachS,JüniP,WerlenS,NüescheE,PfirrmanCW,
TrelleS,etal.Prevalenceofcam-typedeformityonhip
magneticresonanceimaginginyoungmales:a
cross-sectionalstudy.ArthritisCareRes.2010;62(9):1319–27.
49.BeckM,LeunigM,ParviziJ,BoutierV,WyssDGR.Anterior
femoroacetabularimpingement:partII.Midtermresultsof
surgicaltreatment.ClinOrthopRelatRes.2004;(418):67–73.
50.BeaulePE,ZaragozaE,MotamediK,CopelanN,DoreyFJ.
Three-dimensionalcomputedtomographyofthehipinthe
assessmentoffemoroacetabularimpingement.JOrthopRes.
2005;23(6):1286–92.
51.FrankJM,HarrisJD,EricksonBJ,SlikkerW3rd,Bush-Joseph
CA,SalataMJ,etal.Prevalenceoffemoroacetabular
impingementimagingfindingsinasymptomaticvolunteers:
asystematicreview.Arthroscopy.2015;31(6):1199–204.
52.MatsudaDK,CarlisleJCAS,WierkCH,PhilipponMJM.
Comparativesystematicreviewoftheopendislocation,
mini-open,andarthroscopicsurgeriesforfemoroacetabular
impingement.Arthroscopy.2011;27(2):252–69.
53.GanzR,GillTJ,GautierE,GanzK,KrügelN,BerlemannU.
Surgicaldislocationoftheadulthipatechniquewithfull
accesstothefemoralheadandacetabulumwithouttherisk
ofavascularnecrosis.JBoneJointSurgB.2001;83(8):1119–24.
54.MardonesRM,GonzalesC,ChenQ,ZobitzM,KaufmanKR,
TrousdaleRT.Surgicaltreatmentoffemoroacetabular
impingement:evaluationoftheeffectofthesizeresection.
JBoneJointSurgAm.2005;87(2):273–9.
55.SierraRJ,TrousdaleRT.Labralreconstructionusingthe
ligamentumterescapitis:reportofanewtechnique.Clin
OrthopRelatRes.2009;467(3):753–9.
56.SiebenrockKA.Periacetabularosteotomyisaneffectiveway
toreorienttheacetabuluminyoungadultswithsymptomatic
anteriorfemoro-acetabularimpingementduetoacetabular