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Aneurisma micotico de origem extra-vascular.

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Academic year: 2017

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ANEURISMA MICOTICO DE ORIGEM EXTRA-VASCULAR

N E L S O N PIRES FERREIRA *

JOSÉ LEONARDO CAMINO TEIXEIRA * *

A identificação de aneurismas intracranianos causados por processos

in-fecciosos — aneurismas micóticos — tem sido relatada na literatura em

di-versas oportunidades

a

.

2

>

3

>

6

. Na maioria são de etiología embólica,

secun-dários à endocardite bacteriana, e localizados nos ramos terminais das

arté-rias encefálicas. Recentemente as infecções de origem extra-vascular, na

gênese de aneurismas intracranianos, vêm sendo consideradas em relatos

eventuais

4

.

5

-

7

»

8

.

A infrequência da patologia e o número restrito de relatos justificam a

presente comunicação.

O B S E R V A Ç Ã O

M . L . T . , 3 anos, sexo feminino, b r a n c a , internada no Instituto de N e u r o c i r u r g i a de P o r t o A l e g r e em 4-3-1975 ( R e g . n.° 1 3 . 9 2 2 ) . H á ura mês, aparecimento de tumo-r a ç ã o deptumo-ressível localizada n a tumo-r e g i ã o ftumo-ronto-patumo-rietal ditumo-reita, p tumo-r ó x i m a ao v é tumo-r t e x . Dez dias após houve r o t u r a d a t u m o r a ç ã o com saída de g r a n d e quantidade de líquido purulento, h a v e n d o c u r a ulterior. H á 15 dias aparecimento de prurido ocular à direita e, h á doze, e x o f t a l m i a e q u e d a d a p á l p e b r a a c o m p a n h a d a s de imobilidade o c u l a r que p e r m a n e c e r a m até a d a t a d a i n t e r n a ç ã o . D o r o c u l a r à direita, persis-tente, desde o inicio do q u a d r o clínico. E x a m e clínico-neurológico: exoftalmia não pulsátil, sem sopro, e o f t a l m o p l e g i a completa à d i r e i t a . A a n g i o g r a f i a carotidea mostrou a n e u r i s m a d a a r t é r i a carótida interna em sua porção i n t r a - c a v e r n o s a ( F i g . 1 ) . T r a t a m e n t o cirúrgico: l i g a d u r a da a r t é r i a carótida interna direita, em u m tempo, na a l t u r a do pescoço. A p ó s a c i r u r g i a houve desaparecimento da dor o c u l a r . N o momento d a a l t a hospitalar, sete dias após a intervenção cirúrgica, era possível notar regressão parcial do q u a d r o deficitário neurológico.

C O M E N T A R I O S

Os aneurismas infecciosos — micóticos — se formam à custa do

enfra-quecimento da parede arterial motivado pela ação bacteriana. Segundo

Black-wood

2

a parede arterial mostra alterações histológicas de processo

inflama-torio agudo. À medida que progride o enfraquecimento das lâminas

elásT r a b a l h o realizado no Instituto de N e u r o c i r u r g i a : * Professor Assistente do D e -p a r t a m e n t o de C i r u r g i a da U F R G S e m e m b r o do Instituto de N e u r o c i r u r g i a ; ** Instrutor de Ensino da Disciplina de N e u r o l o g i a d a F a c u l d a d e de Medicina d a U n i v e r

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tica e média há dilatação localizada da artéria que pode evoluir até a rotura

vascular. Quando de etiología embólica, localizam-se mais freqüentemente

nos ramos periféricos das artérias intra-cranianas e são de pequenas

di-mensões e múltiplos. Os émbolos sépticos habitualmente procedem das

val-vas aórticas, no curso de endocardites bacterianas.

Nos últimos anos relatos correlacionam processo infeccioso

extra-vas-cular e dilatações arteriais. Ojeman & c o l .

7

estabelecem, pela primeira vez,

relação entre a presença de aneurismas distais e múltiplos de artérias

intra-cranianas com meningite bacteriana aguda. N o caso por eles estudado é

afastada a etiología embólica. Davis & col.

4

, em sua extensa revisão,

iden-tificaram, incluindo a sua casuística, seis pacientes portadores de aneurisma

da artéria carótida interna era sua porção intra-cavernosa, na seqüência de

quadro clínico de tromboflebite de seio cavernoso. Esses autores

4

acreditam

que os aneurismas estudados foram causados por processo infeccioso do seio

cavernoso que desencadeou arterite de origem extra-vascular. A evolução

desses aneurismas pode ser: para trombose e cura espontánea ou para

dila-tação progressiva com ulterior rotura ou calcificação da parede. Devadig &

c o l .

5

e Suwanwele & col.

8

observaram cura espontánea em alguns de seus

casos. O último trabalho refere a persistência do aneurisma, com

calcifica-ção da parede, em duas oportunidades.

(3)

R E S U M O

É relatado o caso de urna paciente com três anos de idade portadora de

oftalmoplegia completa unilateral e aneurisma da artéria carótida interna,

em sua porção intra-cavernosa. A etiología infecciosa extra-vascular, na

vi-gencia de tromboflebite de seio cavernoso, foi considerada. As informações

da literatura são discutidas, sendo comentada a infrequência da patologia.

A indicação de ligadura da artéria carótida interna, no tratamento desses

aneurismas, merece ulterior comprovação.

S U M M A R Y

Mycotic aneurysm of extravascular origin: a case report

The case of a female patient presenting a complete unilateral

ophthal-moplegia secundary to a septic aneurysm of the internal carotid artery is

reported. The possible existence of an extravascular infectious etiology in

view of the presence of trombophlebitis of the cavernous sinus is discussed.

Pertinent reports from the literature are reviewed and the rarity of the

phenomenon is commented. The indication for internal carotid artery ligation

as a form of treatment deserves further observations.

R E F E R E N C I A S

1. A L L C O C K , J . M . — A n e u r y s m s . In N E W T O N , T . H . & P O T T S , D . G . — R a -diology of the Skull and B r a i n - A n g i o g r a p h y . T h e C . V . Mosby S o . , Saint Louis, 1974, vol. 2, cap. 82, pp. 2435-2489.

2. B L A C K W O O D , W . — V a s c u l a r disease of the central nervous system. In B L A C K W O O D , W . ; M c M E N E M E Y , W . H . ; M E Y E R , A . ; N O E M A N , R . M . & R U S S E L L , D . R . — Greenfield's N e u r o p a t h o l o g y . 2n

<i e d . E d w a r d A r n o l d L t d . , London, 1963, cap. 2, pp. 71-137.

3 . C A N T U , R . C . ; M A R J O R I E , L . ,& W I L K I N S O N , H . A . — T h e importance of repeated a n g i o g r a p h y in the treatment of mycotic-embolic i n t r a c r a n i a l aneurysms. J. N e u r o s u r g . 25:189, 1966.

4. D A V I S , D . O . ; D I L E N G E , D . ,& S C H L A E P F E R , W . — A r t e r i a l dilatation in p u r u l e n t meningitis: a case r e p o r t . J. N e u r o s u r g . 32:112, 1970.

5. D E V A D I G A , K . V . ; M A T H A I , K . V . E . ,& C H A N D Y , J . — Spontaneous cure of i n t r a c a v e r n o u s a n e u r y s m of the internal carotid artery in a 14-month-old child. J. N e u r o s u r g . 30:165, 1969.

6. H E I D R I C H , R . — S u b a r a c h n o i d h a e m o r r h a g e . In V I N K E N , P . J . & B R U Y N , G . W . — H a n d b o o k of Clinical N e u r o l o g y . V a s c u l a r Disease of the N e r v o u s System, P a r t I I . N o r t h - H o l l a n d P u b . C o . , A m s t e r d a m , 1972, vol. 12, cap. 5, pp. 68-204.

7. O J E M A N N , R . G . ; N E W , P . F . J . & F L E M I N G , T . C . — I n t r a c r a n i a l aneurysms associated w i t h bacterial meningitis. N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 16:1222, 1966. 8. S U W A N W E L A , C ; S U W A N W E L A , C ; C H A R U C H I N D A S , S. & H O G S A P R A B H A S ,

C . — Mycotic aneurysms of e x t r a v a s c u l a r o r i g i n . J. N e u r o s u r g . 36:552, 1972.

Instituto de Neurocirurgia de Porto Alegre — Hospital de Neurocirurgia-Santa

Referências

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