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Características fisico-químicas e sensoriais da carne de bubalinos Murrah abatidos em diferentes períodos de confinamento

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Este artigo foi recebido em 26/6/2007 e aprovado em 27/5/2008. Correspondências devem ser enviadas para cristiana@dracena.unesp.br.

ISSN impresso: 1516-3598 ISSN on-line: 1806-9290 www.sbz.org.br

Características fisico-químicas e sensoriais da carne de bubalinos Murrah

abatidos em diferentes períodos de confinamento

1

Cristiana Andrighetto2, André Mendes Jorge3, Roberto de Oliveira Roça4, Érico Rodrigues2,

Waldmaryan Bianchini2, Caroline de Lima Francisco5

1Pesquisa financiada pela Fapesp e Fundunesp. 2Pós-graduação em Zootecnia da FMVZ/Unesp-Botucatu. 3DPEA da FMVZ/Unesp-Botucatu.

4DGTA da FCA/Unesp-Botucatu.

5Curso de graduação em Zootecnia da FMVZ/Unesp-Botucatu.

RESUMO - Objetivou-se avaliar as características físicas, químicas e sensoriais da carne de búfalos abatidos em diferentes períodos de confinamento. Foram utilizados 20 bubalinos da raça Murrah, castrados, descornados, com idade média inicial de 15 meses, abatidos aos 75, 100, 125 ou 150 dias de confinamento. Após o abate, as carcaças foram identificadas e resfriadas por 24 horas. Durante a desossa, foram colhidas amostras do contrafilé entre a 10a e 11a costelas para análise das características

sensoriais e das perdas por cocção; entre a 11a e 12a costelas para avaliação da composição centesimal, do valor calórico, do

pH e do índice de fragmentação miofibrilar (IFM); e entre a 12a e 13a costelas para a avaliação do escore de marmorização

e da força de cisalhamento. A composição centesimal, o pH, a força de cisalhamento, o valor calórico, as perdas por cocção e o IFM não diferiram estatisticamente entre os períodos de confinamento. O grau de marmorização diferiu entre as idades de abate, uma vez os animais abatidos aos 75 dias de confinamento apresentaram escore de 1,25; os abatidos aos 100 e 125 dias, escore 2; e aqueles abatidos aos 150 dias de confinamento, escore 2,2. Em todos os períodos de confinamento, a carne bubalina foi classificada como macia (média 3,94 kgf) e apresentou com características que não diferiram pelo painel sensorial entre os 75 e 150 dias de confinamento. O abate de bubalinos aos 75 e 150 dias de confinamento não influencia as características sensoriais sabor, aroma e cor da carne bubalina.

Palavras-chave: avaliação sensorial, búfalos de rio, composição centesimal, maciez

Physical-chemical and sensory characteristics of meat from Murrah

buffaloes slaughtered at different feedlot periods

ABSTRACT - The objective was to evaluate the physical, chemical and sensory of buffaloes meat slaughtered in different periods of feedlot. Twenty castrated, hornless Murrah buffaloes with initial average age of 15 months old were slaughtered at 75, 100, 125 or 150 days of feedlot. After slaughter, the carcasses were identified and cooled for 24 hours. During the deboning, samples were taken from striploin between the 10th and 11st ribs for sensory characteristics analyses and cooking

losses; between 11st and 12nd ribs for centesimal composition, caloric value, pH and myofibril fragmentation index (MFI);

and between the 12nd and 13rd ribs for marbling score and shear force analysis. Centesimal composition, pH, shear force, caloric

value, cooking losses and MFI did not differ among feedlot periods. Marbling score differed among slaughter ages since animals slaughtered at 75 days of feedlot showed marbling score of 1.25, and that slaughtered at 100 and 125 days, marbling score of 2, and those slaughtered at 150 days of feedlot, score 2.2. In all feedlot periods, buffaloes meat was classified as soft (3.94 kgf), with characteristics that did not differ among sensory panel at 75 and 150 days of feedlot. Buffalo slaughter at 75 and 150 days of feedlot does not influence the sensory characteristics as flavor, aroma and color of Buffalo meat.

Key Words: centesimal composition, river water buffalo, sensory evaluation, tenderness

Introdução

No Brasil, aproximadamente 90% da carne de búfalo é comercializada como carne bovina (Corrêa & Tramoso, 2004). Existe o conceito equivocado de que a carne de bubalinos é dura e escura, pois a maioria dos animais

destinados ao abate é composta de fêmeas de descarte e de animais velhos.

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O confinamento é uma tecnologia que pode ser empre-gada na bubalinocultura para aumento dos índices de pro-dutividade, utilizando-se rações balanceadas, que melho-ram o ganho de peso e reduzem a idade de abate, com efeitos positivos sobre a qualidade das carcaças e a oferta de carne na entressafra (Jorge, 1999).

Na Região Sudeste, a principal fonte de renda na bubalinocultura é a atividade leiteira (Bernardes, 2006). Nesta atividade, o abate dos bezerros machos constitui alternativa para aumentar a renda do produtor.

A carne de búfalo ainda é pouco estudada, o que torna necessária a realização de pesquisas para conhecimento de suas características físico-quimicas e sensoriais. Este tra-balho foi realizado com o objetivo de avaliar as caracterís-ticas físicas, químicas e sensoriais da carne de búfalos Murrah oriundos de rebanho leiteiro e abatidos em diferentes períodos de confinamento.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no confinamento experi-mental do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Campus de Botucatu, São Paulo.

Foram utilizados 20 bubalinos machos, da raça Murrah com idade média inicial de 15 meses e peso inicial de 207 ± 8,19 kg, contemporâneos e provenientes de rebanho leiteiro, castrados aos 12 meses, descornados na primeira semana após o nascimento e submetidos a controle sanitário contra endo e ectoparasitas.

O período de adaptação à dieta, ao manejo e às insta-lações experimentais foi de 28 dias. Os animais foram distri-buídos aleatoriamente em grupos homogêneos de cinco animais, alocados em quatro baias (céu aberto sem sombra, com 10 m de largura por 30 m de comprimento), com bebe-douro australiano com capacidade para 1.500 L.

Após o período de adaptação, os bubalinos foram submetidos a quatro manejos, para abate aos 75, 100, 125 ou 150 dias de confinamento. A dieta foi fornecida à vontade, em duas refeições diárias (40% às 8 h e 60% às 16 h), como ração completa, em quantidade suficiente para que as sobras dos cochos, em um período de 24 horas, correspondessem de 5 a 10% da matéria seca fornecida.

Para atendimento das necessidades nutricionais e for-mulação das dietas, utilizou-se o NRC (1996) para bovinos de corte, com exigências para animais castrados em cresci-mento. A relação volumoso:concentrado utilizada foi de 30:70 e os alimentos usados nas formulações das rações foram feno de Coast cross, silagem de milho, caroço de

algodão, polpa cítrica, silagem de grãos úmidos de milho e núcleo Nutrumin® (Tabela 1).

Ao final dos períodos de permanência pré-estabelecidos no confinamento, os animais foram abatidos após jejum de sólidos (16 horas), em frigorífico comercial localizado a 40 km do confinamento experimental, obedecendo ao fluxo normal do estabelecimento. Ao abate, as carcaças foram identificadas, pesadas e resfriadas por 24 horas a temperatura da câmara de 0°C.

Após o resfriamento, durante a desossa, foram colhidas amostras de aproximadamente 2,50 cm do músculo

Longissimus dorsi para as análises laboratoriais. As

amostras da 10a à 11a costela foram destinadas à análise

sensorial e à determinação das perdas por cocção e aquelas da 11a à 12a costela foram utilizadas na avaliação da

com-posição centesimal, do valor calórico, do pH e do índice de fragmentação miofibrilar. As amostras foram congeladas (-20°C) para posterior análise em laboratório do índice de marmorização e da força de cisalhamento.

A análise da força de cisalhamento, para todos os períodos de confinamento, foi conduzida no laboratório do Departamento de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências - Unesp, Campus de Botucatu, utilizando-se o

procedimento “Warner-Bratzler Shear”, proposto por Wheeler et al. (1995).

A determinação do índice de fragmentação miofibrilar (IFM) foi realizada no Laboratório do Departamento de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências, UNESP-Botucatu, segundo método descrito por Culler et al. (1978). As análises de composição centesimal foram realizadas no Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Ciências Agronômicas – Unesp/Botucatu. Nas análises utilizaram-se amostras do músculo Longissimus

Tabela 1 - Composição percentual da dieta, com base na matéria seca (MS), e valores calculados da dieta

Ingrediente MS (%)

Silagem de milho 11,54

Feno de coast cross 16,14

Caroço de algodão 3,50

Polpa cítrica peletizada 10,10 Silagem de grãos úmidos de milho 46,56

Núcleo NUTRUMIN® 12,16

Proteína bruta (%) 15,0

Energia metabolizável (Mcal/kg) 2,72

Composição do núcleo NUTRUMIN (em % da MS): farelo de algodão - 43,56; farelo de soja 29,18; uréia 2,9; calcário 13,62; mineral* 10,70; rumensin -0,02.

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dorsi. Foram avaliados: a umidade e os teores de proteína,

extrato etéreo e cinzas, segundo métodos da AOAC (1990). A análise do valor calórico da carne foi realizada no Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Ciências Agronômicas – Unesp/Botucatu – utilizando-se amostras in natura do músculo Longissimus dorsi. O valor calórico foi determinado em bomba

calorimé-trica, PARR 1281.

O pH da carne foi determinado em aparelho da marca

Tecnal, no músculo Longissimus dorsi, entre a 11a e a 12a

costela, após as 24 horas de resfriamento da carcaça. Para a determinação do escore de marmorização, foi utilizada a metodologia descrita pelo USDA Quality Grade

(1997), com escore de 1 a 10, em que: 1 = praticamente ausente; 2 = traços; 3 = leve; 4 = pouco; 5 = modesto; 6 = moderado; 7 = levemente abundante; 8 = moderadamente abundante; 9 = abundante; e 10 = muito abundante.

Nos painéis sensoriais, foram avaliadas somente as amostras do primeiro (75 dias de confinamento) e do último abate (150 dias de confinamento), uma vez que, no painel sensorial, a utilização de mais que duas amostras de carne dificulta a análise pelo provador. A utilização dos painéis sensoriais (dois) teve como objetivo observar possíveis diferenças nas características sensoriais entre os períodos de confinamento.

Para análise sensorial, as amostras foram mantidas em salmoura 10% durante 60 minutos a 5ºC, na proporção 1:1. Em seguida, foram acondicionadas em papel-alumínio e submetidas a aquecimento em chapa elétrica pré-aquecida

por 30 minutos e regulada para 250ºC. Ao atingirem a

temperatura final de 90ºC, medida no centro geométrico, as amostras foram retiradas da chapa.

As avaliações sensoriais foram conduzidas conforme descrito por Meilgaard et al. (1990) e Roça et al. (1988), com dez provadores treinados (Roça & Bonassi, 1985). As amostras foram aquecidas em forno elétrico de dupla resis-tência por 5 minutos a 100ºC e servidas imediatamente aos provadores, em recipiente de aço inoxidável. Foram aplicados os seguintes testes sensoriais: aroma, aroma estranho, sabor, sabor estranho, maciez, suculência, mastigabilidade e cor.

Antes de realizar a salga para a preparação das amostras para análise sensorial, as amostras foram pesadas e foi obtido o peso inicial da amostra, após cocção em chapa elétrica pré-aquecida por 30 minutos, regulada para 250ºC. Ao atingirem a temperatura interna final de 90ºC, as amos-tras foram retiradas da chapa e pesadas novamente para cálculo das perdas percentuais por cocção.

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos e cinco repetições. As

médias dos tratamentos para composição centesimal, valor calórico, índice de fragmentação miofibrilar, pH, perdas por cocção e força de cisalhamento foram comparadas pelo teste Tukey.

Para índice de marmorização, aroma estranho, sabor estranho, maciez e suculência, utilizou-se análise de variância não-paramétrica, uma vez que os dados não apresentaram

distribuição normal.O teste adotado para marmorização

nesse caso foi o Kruskal-Wallis por apresentar mais de duas variáveis, enquanto, para aroma estranho, sabor estranho, maciez e suculência, utilizou-se o teste de Wilcoxon por apresentar duas variáveis. Para os demais parâmetros da análise sensorial, foi utilizada a análise de variância e a diferença entre tratamento foi avaliada pelo teste F.

Calculou-se a correlação entre índice de fragmentação miofibrilar e força de cisalhamento utilizando-se correlações de Pearson. Para todas as análises, foi utilizado o programa SAEG (UFV, 1997).

Resultados e Discussão

Na análise da composição centesimal e do valor calórico, não houve influência (P>0,05) dos períodos de confinamento sobre a umidade, os teores proteína, gordura e cinzas e o valor calórico (Tabela 2) do músculo Longissimus dorsi.

Os valores observados para umidade, cinzas e proteína corroboram os obtidos por Mattos et al. (1997), que, avaliando animais da raça Mediterrâneo terminados a pasto, obtiveram valores de 74,31% para umidade, 22,73% de proteína e 1,08% de cinzas. Somente para o extrato etéreo, os resultados foram inferiores (0,60%). Andrighetto et al. (2005) avaliaram o músculo Longissimus dorsi de bubalinos Mediterrâneo

não-castrados e abatidos com diferentes pesos e também obtiveram menores valores de extrato etéreo (2,28%). Os dados da literatura revelaram menor quantidade de extrato etéreo nos animais estudados, por não serem castrados. Segundo Purchas et al. (2002), animais castrados depositam mais gordura intramuscular, o que explica a maior quantidade de gordura observada neste estudo.

O núcleo de estudos e pesquisa em alimentação (NEPA-Unicamp, 2004) desenvolveu tabelas de composição de alimentos consumidos no Brasil. Nesse estudo, o valor obtido para contrafilé bovino cru (Longissimus dorsi) sem

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obser-varam que o valor calórico do contrafilé de bubalinos criados em pasto foi de 101,1 kcal/100g de carne.

A força de cisalhamento, o índice de fragmentação miofibrilar, o pH final e as perdas por cocção do músculo

Longissimus dorsi não diferiram (P>0,05) entre os períodos

de confinamento (Tabela 3). A maciez da carne é o fator de maior variabilidade e o atributo mais desejável pelo consu-midor. Neste estudo, os valores de força de cisalhamento encontrados nos quatro períodos de confinamento foram inferiores a 5,0 kgf (Tabela 4), o que, segundo Felício (1997), permite classificar a carne como macia.

De acordo com Allingham et al. (1998), a rápida taxa de crescimento reduz a contribuição do tecido conjuntivo e do colágeno responsável pela dureza da carne, motivo pelo qual não se observaram diferenças estatísticas (P>0,05) na maciez da carne com o avanço dos períodos de confinamento. Andrighetto et al. (2005) constataram valor semelhante para força de cisalhamento (3,55 kgf) em bubalinos Mediterrâneo não-castrados terminados em confinamento e abatidos aos 18 meses de idade.

O índice de fragmentação miofibrilar (IFM) representa a alteração estrutural de miofibrilas naturais, identifica a variação da maciez pela taxa e a extensão da proteólise (Dabés, 2000). Culler et al. (1978) estabeleceram que, para o

músculo Longissimus dorsi, índice de fragmentação

miofibrilar maior que 60 caracteriza carne bastante macia, enquanto índice abaixo de 60 indica maciez moderada e inferior a 50 indica falta de maciez.

A carne dos animais abatidos em todos os períodos de confinamento (Tabela 3) apresentou índice de fragmentação miofibrilar maior que 60, confirmando que a carne de bubalinos jovens é macia. Independentemente do período de confinamento, a correlação entre o índice de fragmentação miofibrilar e a força de cisalhamento neste estudo foi de -0,66 (P<0,05), superior à encontrada em bovinos de corte por Vestergaard et al. (2000), que observaram coeficiente de correlação -0,47, e ao obtido por Manço (2006), que relatou coeficiente de correlação igual a -0,44.

Os valores de pH encontrados nos períodos de confinamento estudadosforam de 5,50 a 5,52. Mattos et al. (1997) verificaram pH 5,48 após 24 horas do abate e Spanghero et al. (2004) encontraram pH de 5,47 no

Longissimus dorsi de bubalinos Mediterrâneo.

Segundo Roça (1997), pH final igual a 6,0 é o limite entre o corte normal e o corte escuro característico da carne DFD (dark, firm, dry), mais freqüente em animais não-castrados.

Considerando o pH menor que 5,9 como limite para expor-tação de carne para a União Européia, os valores encontra-dos para a carne bubalina não seriam limitantes.

Os resultados para perdas por cocção do músculo

Longissimus dorsi foram semelhantes aos encontrados por

Vaz et al. (2003), também no músculo Longissimus dorsi

de bubalinos Mediterrâneo terminados em confinamento. Esses autores observaram 34% de perdas por cocção na carne de animais alimentados com cana-de-açúcar e 35,3% na carne dos alimentados com silagem de milho.Spanghero

Tabela 2 - Composição centesimal e valor calórico do músculo Longissimus dorsi de bubalinos da raça Murrah castrados e abatidos em diferentes períodos de confinamento

Parâmetro Período em confinamento (dias)

7 5 1 0 0 1 2 5 1 5 0

Umidade (%) 73,76 ± 0,56 73,93 ± 0,56 74,36 ± 1,65 74,70 ± 1,08 Proteína (%) 22,06 ± 0,33 21,62 ± 0,43 21,03 ± 0,73 21,30 ± 0,76 Extrato etéreo (%) 2,76 ± 0,42 3,03 ± 0,58 3,56 ± 0,90 3,15 ± 0,42 Cinzas (%) 1,06 ± 0,03 1,05 ± 0,03 1,04 ± 0,05 1,08 ± 0,05 Valor calórico (kcal/100 g) 138,03 ± 6,00 138,26 ± 1,92 138,29 ± 13,22 136,00 ± 8,25

* Médias seguidas de letras distintas diferem (P<0,05) entre si.

Tabela 3 - Força de cisalhamento, índice de fragmentação miofibrilar, pH, perda por cocção e escore de marmorização do músculo Longissimus dorsi de bubalinos da raça Murrah castrados e abatidos em diferentes períodos de confinamento

Parâmetro Período em confinamento (dias)

7 5 1 0 0 1 2 5 1 5 0

Força de cisalhamento (kgf) 4,22 ± 0,94 4,39 ± 0,61 3,08 ± 0,95 3,90 ± 0,59 Índice de fragmentação 60,50 ± 5,83 62,80 ± 16,45 75,00 ± 13,24 67,20 ± 8,07 miofibrilar (%)

pH final 5,52 ± 0,09 5,52 ± 0,07 5,52 ± 0,04 5,50 ± 0,03

Perdas por cocção (%) 35,06 ± 3,33 39,24 ± 4,64 33,74 ± 7,46 37,88 ± 3,01 Escore de marmorização 1,25 ± 0,45b 2,00 ± 0,00a 2,00 ± 0,00a 2,20 ± 0,45a

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et al. (2004) relataram a ocorrência de 32,7% de perdaspor cocção em estudo com bubalinos da raça Mediterrâneo.

A marmorização ocorre em fase de desenvolvimento mais adiantada, pois a deposição de gordura intramuscular é mais tardia em relação à cobertura de gordura da carcaça (Berg & Walters, 1983). Neste estudo, os períodos de confinamento influenciaram (P<0,05) a marmorização da carne, que foi menor na carne dos animais abatidos aos 75 dias de confinamento (Tabela 3). Esses resultados corroboram os encontrados por Tatum et al. (1980), que observaram aumento significativo do escore de marmorização de bovinos aos 160 dias de confinamento em comparação ao obtido aos 100 e 130 dias de confinamento.

Cédres et al. (2002) estudaram o índice de marmorização, também avaliado pela metodologia do USDA (1997), em bubalinos da raça Murrah abatidos com 29 a 32 meses de idade, e observaram escore de marmorização de 1,5. Nesta pesquisa, no entanto, o resultado obtido em amostras de carne dos animais abatidos aos 100, 125, 150 dias de confi-namento foi superior ao descrito por esses autores, que estudaram animais não-castrados e criados em pastagem que apresentam menor deposição de gordura.Apesar do escore de marmorização superior ao encontrado por Cedrés et al. (2002), aos 150 dias de confinamento, os bubalinos castrados apresentaram pouca deposição de gordura intramuscular. Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) entre os períodos de confinamento para os parâmetros sensoriais avaliados no painel (Tabela 4). Tatum et al. (1980) também não observaram diferenças no sabor, na suculência e na maciez da carne de bovinos abatidos aos 100, 130 e 160 dias de confinamento.

A carne bubalina nos períodos de confinamento avaliados não apresentou sabor estranho, aroma estranho nem cor escura. Para o consumidor, a cor da carne fresca é vermelho brilhante (Cross, 1994). Pelo painel sensorial, a carne bubalina apresentou coloração próxima ao vermelho brilhante.

Segundo Oliveira (2005), há um conceito de que a carne bubalina é escura porque os animais são abatidos em idade avançada.Neste estudo, a carne bubalina não apresentou cor escura, provavelmente porque era de animais jovens com idade entre 18 meses (animais abatidos aos 75 dias de confinamento) e 21 meses (animais abatidos aos 150 dias de confinamento), pois, de acordo com Felício (2000), a carne de animais terminados em confinamento e abatidos aos 18 e 24 meses é mais clara, semelhante à encontrada em super-mercados de países de clima temperado.

Os valores obtidos para cor da carne bubalina foram semelhantes aos encontrados por Manço (2006) na carne de

bovinos Nelore abatidos aos 2 anos de idade maturada por dois dias (3,85)

Monin & Ouali (1991) relataram que o aumento na idade ou no peso de abate intensifica a cor da carne, em virtude do aumento do nível de mioglobina. No entanto, neste estudo não foi constatada diferença na cor quando o período de confinamento foi maior.

O aroma, quando avaliado na escala não estruturada de nove pontos, foi próximo ao aroma característico da carne bovina e superior ao encontrado por Manço (2006), em bovinos da raça Nelore com 2 anos de idade.

O valor obtido para maciez avaliada pelo painel sensorial confirmou a maciez avaliada pela força de cisalhamento e a avaliada pelo índice de força de cisalhamento. No painel sensorial, a carne foi julgada pelos provadores que atribuíram notas 4,19 para os 75 dias de confinamento e 4,15 para 150 dias de confinamento.Na escala fornecida aos provadores, a nota 4 é a estipulada para a carne macia.

No painel sensorial, a suculência ficou entre a escala nem seco nem suculento e levemente suculento, prejudicada pelo baixo escore de marmorização (Tabela 3), pois, quanto mais alto o escore de marmorização, maior a sensação de suculência da carne (Monin & Ouali, 1991; Cross, 1994; Roça, 1997).Os valores de suculência foram superiores aos achados por Manço (2006), que constatou nota 4,60.

A mastigabilidade é um atributo secundário da textura, avaliado pelo número de mastigadas necessárias para deixar a carne em condições de ser deglutida (Roça, 1997). No painel sensorial, esta característica foi avaliada pela escala não estruturada de 1 (elástica borrachenta e difícil de deglutir) a 9 pontos (desintegra facilmente na boca, fácil de deglutir). A carne de búfalo apresentou boa mastigabilidade avaliada pelos provadores, com classificação de 5,56 a 5,97, superior à encontrada por Manço (2006), que observou 3,98 para bovinos da raça Nelore.

Tabela 4 - Características sensoriais da carne, avaliadas pelo painel, de bubalinos da raça Murrah castrados aba-tidos aos 75 e 150 dias de confinamento

Parâmetro Período em confinamento

7 5 1 5 0

Aroma 6,33 ± 0,89 6,55 ± 0,86 Aroma estranho 1,15 ± 0,37 1,05 ± 0,24 Sabor 6,71 ± 1,20 6,81 ± 1,20 Sabor estranho 1,10 ± 0,31 1,00 ± 0,00 Maciez 4,19 ± 1,42 4,15 ± 0,88 Suculência 5,95 ± 0,62 5,56 ± 0,94 Mastigabilidade 5,56 ± 1,98 5,97 ± 1,82 Cor 3,50 ± 1,67 4,16 ± 1,82

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Conclusões

O tempo de confinamento não influencia as caracte-rísticas físico-químicas e sensoriais da carne de bubalinos jovens da raça Murrah, com exceção do escore de marmorização, que é menor aos 75 dias de confinamento. A carne bubalina foi classificada como macia em todos os períodos de confinamento, tanto nas análises de força de cisalhamento, como pelo índice de fragmentação miofibrilar e pelo painel sensorial. Bubalinos abatidos aos 75 e 150 dias de confinamento não apresentam carne com aroma e sabor estranho nem cor escura no painel sensorial, portanto, o abate de bubalinos jovens deve ser fomentado para produ-ção de carne de excelente qualidade sensorial.

Literatura Citada

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Referências

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