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Métodos numéricos para leis de conservação

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Academic year: 2017

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(1)

etodos Num´

ericos para Leis de Conserva¸

ao

1

ebora de Jesus Bezerra

Prof. Dr. Jos´

e Alberto Cuminato

Orientador

Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de Ciˆencias Matem´aticas e de Computa¸c˜ao da Universidade de S˜ao Paulo - ICMC/USP, como parte dos requisitos

para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ciˆencias – ´

Area de Ciˆencias de Computa¸c˜ao e Matem´atica Computacional.

USP - S˜ao Carlos

Outubro de 2003

(2)
(3)

Agradecimentos

`

A Deus pela bˆen¸c˜ao de ter vencido mais est´a etapa na minha vida.

Aos meu pais, Francisco e Marlene e `as minhas irm˜as Damaris e Loeide pelo apoio em todos os momentos da minha vida, pelo incentivo, compreens˜ao e amor.

Aos meus tios Antˆonio e Ely e ao meu primo Antˆonio Junior pelo apoio, amor e incentivo dado desde de a minha gradua¸c˜ao.

Ao meu Amor Alexandre e sua fam´ılia pelo apoio dado durante todo este ano. `

A FAPESP pelo apoio financeiro dado para o desenvolvimento deste projeto.

Ao meu orientador, professor Jos´e Alberto Cuminato pela excelente orienta¸c˜ao durante todo o per´ıodo deste projeto, pela paciˆencia e pelo incentivo.

Aos professores de Gradua¸c˜ao da Universidade Estadual de Ponta Grossa que sempre me incentivaram a continuar meus estudos.

Aos meus amigos, o meu orientador de inicia¸c˜ao cient´ıfica professor Mois´es e sua esposa Elisˆangela.

Aos meus amigos do LCAD, Hevilla, Kemelli, Luciane, Helton, Fabricio, Gilcelene, Dayene, Jo˜ao Paulo e Cassio pela amizade, companheirismo e pelos momentos agrad´aveis que pas-samos juntos.

(4)

Resumo

O objetivo deste projeto ´e o estudo de t´ecnicas num´ericas robustas para aproxima¸c˜ao da solu¸c˜ao de leis de conserva¸c˜ao hiperb´olicas escalares unidimensionais e bidimensionais e de sistemas de leis de conserva¸c˜ao hiperb´olicas. Para alcan¸car tal objetivo, estudamos esquemas conservativos com propriedades especiais, tais como, esquemas upwind, TVD, Godunov, limitante de fluxo e limitante de inclina¸c˜ao.

(5)

Abstract

The aim of this work is the study of robust numerical techniques for approximating the solution of scalar and systems of hyperbolic conservation laws. To achieve this, we studied conservative schemes with special properties, such as, schemes upwind, TVD, Godunov, flux limiters and slope limiters.

(6)

Sum´

ario

Introdu¸

ao

1

1 Leis de Conserva¸c˜ao Hiperb´olicas 3

1.1 Introdu¸c˜ao `as Leis de Conserva¸c˜ao . . . 3

1.2 Forma Integral das Leis de Conserva¸c˜ao . . . 4

1.3 Teoria das Leis de Conserva¸c˜ao Escalares . . . 5

1.3.1 Forma¸c˜ao de Choque . . . 5

1.3.2 O Problema de Riemann . . . 8

1.3.3 Solu¸c˜oes Fracas . . . 10

1.3.4 Condi¸c˜ao de Rankine-Hugoniot . . . 15

1.3.5 Condi¸c˜ao de Entropia . . . 20

1.3.6 Solu¸c˜ao Anal´ıtica para Leis de Conserva¸c˜ao Escalares Unidimensionais 27 2 Esquemas Num´ericos para Leis de Conserva¸c˜ao 33 2.1 Esquemas Conservativos . . . 37

2.1.1 Esquemas de Godunov . . . 39

2.1.2 Esquemas de Alta Precis˜ao . . . 42

2.1.3 M´etodos Limitantes de Fluxo . . . 46

2.1.4 M´etodos Limitantes de Inclina¸c˜ao . . . 55

2.2 Aplica¸c˜oes de M´etodos Num´ericos para Leis de Conserva¸c˜ao Escalares . . . . 63

3 Leis de Conserva¸c˜ao Escalares Bidimensionais 73 3.1 Esquemas de Alta Precis˜ao Bidimensionais . . . 76

(7)

4 Sistemas de Leis de Conserva¸c˜ao 81

4.1 Breve Introdu¸c˜ao `a Teoria de Sistemas de Leis de Conserva¸c˜ao . . . 81

4.2 Problemas de Riemann . . . 89

4.3 Esquemas Num´ericos para Sistemas de Leis de Conserva¸c˜ao . . . 94

4.3.1 Esquemas Conservativos . . . 96

4.3.2 Esquemas de Alta Precis˜ao para Sistemas Lineares de Leis de Con-serva¸c˜ao . . . 118

4.4 Aplica¸c˜ao de M´etodos Num´ericos para Sistemas de Leis de Conserva¸c˜ao . . . 122

5 Conclus˜ao 129

(8)

Introdu¸

ao

Equa¸c˜oes diferenciais parciais hiperb´olicas surgem em v´arias ´areas, tais como, dinˆamica dos gases, ac´ustica, elastodinˆamica, ´otica, geof´ısica e biomecˆanica, onde movimentos de ondas ou transporte advectivo s˜ao importantes. M´etodos num´ericos para leis de conserva¸c˜ao s˜ao parte importante do arsenal dispon´ıvel para a solu¸c˜ao de tais equa¸c˜oes diferenciais hiperb´olicas. Estes m´etodos tˆem provado ser extremamente ´uteis para modelar tais fenˆomenos. Histori-camente, muitas das id´eias fundamentais eram primeiramente desenvolvidas para o caso especial de gases compress´ıveis (as equa¸c˜oes de Euler), para aplica¸c˜oes em aerodinˆamica, as-trof´ısica, e ´areas onde surgem choques. O estudo de equa¸c˜oes mais simples como a equa¸c˜ao da advec¸c˜ao, a equa¸c˜ao de Burgers teve um papel importante no desenvolvimento de t´ecnicas num´ericas para as equa¸c˜oes de Euler. As equa¸c˜oes de Euler por serem n˜ao lineares permitem a forma¸c˜ao de choques que conduzem a muitos dos problemas computacionais que motivaram o desenvolvimento dos m´etodos num´ericos.

Neste trabalho apresentamos algumas propriedades matem´aticas para uma classe de Equa¸c˜oes Diferenciais Parciais (EDP’s) hiperb´olicas, as leis de conserva¸c˜ao. Os aspectos selecionados de tais equa¸c˜oes s˜ao essenciais para a an´alise das equa¸c˜oes que governam o escoamento de fluidos e para a implementa¸c˜ao de m´etodos num´ericos. As t´ecnicas de dis-cretiza¸c˜ao estudadas s˜ao fortemente baseadas nas propriedades f´ısicas e matem´aticas das EDP’s. Pretendemos estudar uma classe de m´etodos num´ericos para sistemas de equa¸c˜oes hiperb´olicas. Esses m´etodos s˜ao baseados na discretiza¸c˜ao das equa¸c˜oes por diferen¸cas finitas e s˜ao uma extens˜ao dos m´etodos de Godunov, derivados inicialmente para equa¸c˜oes escalares e depois para sistemas de equa¸c˜oes.

(9)
(10)

Cap´ıtulo 1

Leis de Conserva¸

ao Hiperb´

olicas

Neste cap´ıtulo apresentaremos propriedades matem´aticas b´asicas da solu¸c˜ao de leis de con-serva¸c˜ao hiperb´olicas, essenciais para o desenvolvimento e aplica¸c˜ao dos m´etodos num´ericos. Apresentaremos tamb´em conceitos fundamentais das leis de conserva¸c˜ao escalares que ser˜ao generalizadas para sistemas de leis de conserva¸c˜ao.

1.1

Introdu¸

ao `

as Leis de Conserva¸

ao

A classe das leis de conserva¸c˜ao ´e uma classe muito importante das equa¸c˜oes diferenciais parciais, pois como o pr´oprio nome indica, ela inclui aquelas equa¸c˜oes que modelam as leis de conserva¸c˜ao da f´ısica (massa, momentum, energia, etc). A dificuldade em trabalharmos com leis de conserva¸c˜ao ´e que geralmente elas n˜ao s˜ao lineares, e esse fato afeta fortemente o procedimento num´erico da solu¸c˜ao.

Consideremos a solu¸c˜ao num´erica da equa¸c˜ao diferencial parcial da forma

vt+F(v)x = 0 (1.1)

ou na forma vetorial

∂v

∂t + ∂

∂xF(v) =0 (1.2)

onde v ´e um vetor de K componentes da vari´avel conservativa e F ´e a fun¸c˜ao de fluxo de

RK em RK.

Defini¸c˜ao 1.1.1 O sistema (1.2) ´e hiperb´olico no ponto (ti, xi) se a matriz Jacobiana

A(v) =

∂F

∂v

(11)

tem autovalores reaisλi(v)e um conjunto de autovetores linearmente independentesK(i)(v),

i= 1, ..., m, que assumimos estar ordenados como

λ1(v)< λ2(v)< ... < λm(v),

K(1)(v),K(2)(v), ...,K(m)(v). Devemos notar que os autovalores e autovetores dependem de v.

Se n˜ao mencionamos o contr´ario, estamos assumindo que F′′(v) ´e positiva definida, isto

´e, que F ´e uma fun¸c˜ao convexa. Uma equa¸c˜ao da forma (1.2) ´e dita estar na forma conservativae ´e chamada uma lei de conserva¸c˜ao.

1.2

Forma Integral das Leis de Conserva¸

ao

As leis de conserva¸c˜ao podem ser expressas na forma diferencial ou integral. Existem duas boas raz˜oes para considerar a forma integral das leis de conserva¸c˜ao:

• a deriva¸c˜ao de equa¸c˜oes modelos ´e baseada em princ´ıpios de conserva¸c˜ao f´ısicos expres-sos mais naturalmente como rela¸c˜oes integrais em volumes de controle;

• a formula¸c˜ao integral exige menor regularidade da solu¸c˜ao, expandindo a classe de solu¸c˜oes poss´ıveis podendo incluir solu¸c˜oes descont´ınuas.

Integrando a equa¸c˜ao (1.2) em rela¸c˜ao `axet em [a, b] e [t1, t2] respectivamente, obtemos

Z b

a

Z t2

t1

∂v

∂t + (F(v))x

dtdx = 0,

Z b

a

v(x, t2)dx−

Z b

a

v(x, t1)dx = −

Z t2

t1

F(v(b, t))dt

Z t2

t1

F(v(a, t))dt

. (1.3)

Referimo-nos `a equa¸c˜ao (1.3) como a forma integral da lei de conserva¸c˜ao (1.2). A interpreta¸c˜ao f´ısica da equa¸c˜ao (1.3) ´e que a varia¸c˜ao da quantidade de material no intervalo [a, b] entre os tempos t1 e t2 ´e devida ao fluxo desse material sobre as fronteiras x = a e

x=b durante o intervalo de tempo [t1, t2].

(12)

Considere por exemplo, a equa¸c˜ao de Burgers

vt+vvx = 0. (1.4)

Sev ´e uma solu¸c˜ao, esta equa¸c˜ao pode ser escrita na forma conservativa (1.2) onde F(v) =

1 2v

2, ou seja,

vt+

1 2v

2

x

= 0. (1.5)

Algumas vezes ´e necess´ario reescrever uma lei de conserva¸c˜ao na forma n˜ao conservativa. Podemos sempre efetuar a diferencia¸c˜ao em rela¸c˜ao `axpara reescrever a equa¸c˜ao (1.2) como

vt+F′(v)vx =0 (1.6)

onde F′(v) ´e a derivada de Fr´echet de F em rela¸c˜ao `a v e ´e dada pela matriz K ×K das

derivadas parciais de F. A equa¸c˜ao (1.6) ´e conhecida como a forma n˜ao conservativa da equa¸c˜ao (1.2).

1.3

Teoria das Leis de Conserva¸

ao Escalares

Iniciamos a discuss˜ao sobre as solu¸c˜oes para leis de conserva¸c˜ao considerando a equa¸c˜ao escalar

vt+

∂xF(v) = 0 (1.7)

onde assumimos queF′′ ´e positiva.

1.3.1

Forma¸

ao de Choque

Reescrevemos a equa¸c˜ao (1.7) na forma n˜ao conservativa

vt+F′(v)vx = 0. (1.8)

Podemos definir curva caracter´ıstica de uma equa¸c˜ao na forma da equa¸c˜ao (1.7) (ou (1.8)) como sendo a curva x = x(t) no plano xt ao longo da qual a Equa¸c˜ao Diferen-cial ParDiferen-cial (EDP) se torna uma Equa¸c˜ao DiferenDiferen-cial Ordin´aria (EDO). Ou seja, a curva caracter´ıstica ´e a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial

d

dtx(t) =F

(13)

Se considerarmos uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial parcial (1.8), v =v(x, t), ent˜ao ao longo da curva caracter´ıstica (uma curvax=x(t) na qual (1.9) ´e satisfeita) temos

d

dtv(x(t), t) = vx(x(t), t) d

dtx(t) +vt(x(t), t) (1.10) = vx(x(t), t)F′(v(x(t), t)) +vt(x(t), t)

= 0

Com isso, provamos o seguinte resultado.

Proposi¸c˜ao 1.3.1 Sobre qualquer curva caracter´ıstica definida pela equa¸c˜ao (1.9), a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial parcial (1.8) (ou (1.7)) ´e constante.

Observa¸c˜ao 1.3.1 Notamos que no caso linear onde consideramos a equa¸c˜ao vt+avx = 0,

coma constante a equa¸c˜ao (1.9) se reduz a d

dtx(t) =a. (1.11) Assim as curvas caracter´ısticas para a equa¸c˜ao vt+avx = 0, s˜ao x(t) =at+x0 onde x0 ´e a

condi¸c˜ao inicial da EDO (1.11) para t = 0.

x t

x0

Ponto inicial

Curva Caracteristica x=x +at0

Figura 1.1: Caracter´ısticas associadas com a solu¸c˜ao da lei de conserva¸c˜ao escalar vt+avx = 0

quandoa >0.

Quando o problema de valor inicial hiperb´olico for linear da forma

vt+avx = 0, x∈R, t >0 (1.12)

(14)

sua solu¸c˜ao ser´a v(x, t) = v0(x−at). A interpreta¸c˜ao desta solu¸c˜ao ´e que dado uma

con-figura¸c˜ao inicialv0(x), a EDP simplesmente desloca essa configura¸c˜ao com velocidadea para

a direita se a >0 e para a esquerda se a <0. Um problema de valor inicial hiperb´olico da forma acima cont´em algumas das propriedades b´asicas do fenˆomeno de propaga¸c˜ao de onda.

Para leis de conserva¸c˜ao escalares n˜ao lineares obtemos o seguinte resultado an´alogo.

Proposi¸c˜ao 1.3.2 Se v ´e uma solu¸c˜ao para o problema de valor inicial definido pela lei de conserva¸c˜ao (1.7) para xR, t >0 (ou (1.8)) com condi¸c˜ao inicialv(x,0) =v0(x), x∈R,

ent˜ao v deve satisfazer

v(x, t) =v0(x−F′(v(x, t), t)), x∈R, t >0. (1.14)

Para provar o resultado acima ´e suficiente diferenciar a solu¸c˜ao (1.14) em rela¸c˜ao at e x e mostrar que vt+F′(v)vx = 0.

O fato de que a solu¸c˜ao ´e constante sobre qualquer caracter´ıstica nos ajudar´a a entender uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (1.7). Notamos que comov´e constante sobre qualquer caracter´ıstica estas devem ser linhas retas, x(t) = F′(v

0)t+constante, onde v0 ´e o valor constante da

condi¸c˜ao inicial v0(x0) e x0 ´e a interse¸c˜ao da caracter´ıstica com o eixo x. Para o caso

linear, as caracter´ısticas associadas com a equa¸c˜ao vt+avx = 0 s˜ao tamb´em linhas retas.

A diferen¸ca ´e que no caso linear a inclina¸c˜ao de todas as caracter´ısticas ´e constante, 1a. No caso n˜ao linear, as inclina¸c˜oes das caracter´ısticas geralmente ser˜ao diferentes, F(1v0).

Por exemplo, considere a Equa¸c˜ao de Burgers em [0,1],

vt+ (

1 2v

2)

x = 0

com a condi¸c˜ao inicialv0(x) = sin 2πx,x∈[0,1]. Nesse caso, temosF(v) = 12v2 eF′(v) =v.

Logo, a curva caracter´ıstica relacionada com o ponto x0 ´e dada por

x(t) =F′(v0)t+constante= (sin 2πx0)t+x0.

Na Figura 1.2 mostramos o gr´afico da condi¸c˜ao inicialv0(x) = sin 2πx(curva pontilhada)

e das retas caracter´ısticas, onde o eixo vertical representa ambos v0 e t, possibilitando a

apresenta¸c˜ao dos gr´aficos de v0 e das caracter´ısticas ao mesmo tempo. Note que para cada

ponto x0 ∈ [0,1] a inclina¸c˜ao da caracter´ıstica ´e v0(1x0) = sin 21πx0. Notemos ainda que as

(15)

Figura 1.2: Gr´afico da condi¸c˜ao inicialv0(x) = sin 2πxe das curvas caracter´ısticas com inclina¸c˜ao 1

v0(x)

vertical x = 0 ´e a caracter´ıstica associada com x0 = 12 e todas as curvas caracter´ısticas se

interceptam ao longo desta linha em vista da simetria na condi¸c˜ao inicial.

O significado da interse¸c˜ao das caracter´ısticas ´e que nesse ponto a solu¸c˜ao ter´a mais de um valor. Denotaremos o tempo para o qual as caracter´ısticas se interceptam por t =Tb e

chamaremos o ponto de interse¸c˜ao deponto de ruptura.

1.3.2

O Problema de Riemann

Na se¸c˜ao anterior utilizamos argumentos geom´etricos para construir a solu¸c˜ao anal´ıtica do problema de valor inicial (1.12) em termos do dado inicialv0(x).

Nesta se¸c˜ao estudaremos um PVI especial chamado Problema de Riemann que consiste da equa¸c˜ao

vt+avx = 0 (1.15)

junto com a condi¸c˜ao inicial

v(x,0) =v0(x) =

 

vL se x <0

vR se x >0,

(1.16)

ondevL e vR s˜ao valores constantes como mostrado na Figura 1.3.

Note que a condi¸c˜ao inicial tem uma descontinuidade em x= 0. O caso trivial acontece quando vL = vR. Da discuss˜ao da solu¸c˜ao de (1.12) esperamos que tenha ficado claro que

(16)

x=0 x v

vR L

v0(x)

Figura 1.3: Ilustra¸c˜ao da condi¸c˜ao inicial para o problema de Riemann.

x−at>0 x−at<0

Caracteristica x−at=0

x t

v

v

L

R

Figura 1.4: Solu¸c˜ao do problema de Riemann no plano x−tcom a >0.

quais a solu¸c˜ao assume o valor vR (ver Figura 1.3). A solu¸c˜ao do problema de Riemann

(1.15)-(1.16) ´e simplesmente

v(x, t) =v0(x−at) =

 

vL se x−at≤0,

vR se x−at >0.

(1.17)

Esta solu¸c˜ao pode ser representada no plano xt, como mostra a Figura 1.4.

Por qualquer pontox0 no eixo xpassa uma reta caracter´ıstica. Comoa´e constante essas

(17)

1.3.3

Solu¸

oes Fracas

Observe que a fun¸c˜ao (1.17) n˜ao pode ser uma solu¸c˜ao de (1.15) em todo o planoxt, por n˜ao ser diferenci´avel ao longo da retax=at. A uma fun¸c˜ao da forma de (1.17) que satisfaz a equa¸c˜ao diferencial em parte do dom´ınio chamamos desolu¸c˜ao fraca de (1.15). E a uma fun¸c˜ao que satisfaz (1.15) em todo dom´ınio chamamos desolu¸c˜ao cl´assica. A seguir damos uma breve interpreta¸c˜ao do significado de uma solu¸c˜ao fraca.

Consideremos o problema de valor inicial (1.7) comxR, t >0 e condi¸c˜ao inicial

v(x,0) = v0(x), x∈R. (1.18)

Definimos o conjunto das fun¸c˜oes testes, C1

0, como

C01 =φ C1 :{(x, t)R×[0,) :φ(x, t)6= 0} ⊂[a, b]×[0, T] para algum a, b e T . Assim, sabemos que φ ´e continuamente diferenci´avel e anula-se fora de algum retˆangulo no plano x-t. Dizemos que φ tem suporte compacto em R×[0,). Ao suporte de φ, denota-se supp(φ), e ´e o conjunto no qual φ n˜ao se anula identicamente.

Multiplicando a equa¸c˜ao diferencial parcial (1.7) por φ C1

0 e integrando em rela¸c˜ao `a

xde −∞a e em rela¸c˜ao `a t de 0 a , obtemos

Z ∞

0

Z ∞

−∞

[vt+F(v)x]φ(x, t)dxdt= 0. (1.19)

Comoφ C1

0 e tem suporte compacto, podemos escrever

Z T

0

Z b

a

[vt+F(v)x]φ(x, t)dxdt = 0,

Z b

a

Z T

0

vtφ(x, t)dtdx+

Z T

0

Z b

a

F(v)xφ(x, t)dxdt = 0.

Integrando por partes a equa¸c˜ao acima obtemos,

0 =

Z b

a

[vφ(x, t)]tt==0T

Z T

0

vφt(x, t)dt

dx + Z T 0

[F(v)φ(x, t)]xx==ba

Z b

a

F(v)φx(x, t)dx

dt,

0 =

Z b

a

v(x, T)φ(x, T)dx

Z b

a

v(x,0)φ(x,0)dx

Z b

a

Z T

0

vφtdtdx

+

Z T

0

F(v)φ(b, t)dt

Z T

0

F(v)φ(a, t)dt

Z T

0

Z b

a

(18)

Comoφ(x, T) =φ(a, t) =φ(b, t) = 0, podemos escrever (1.19)-(1.20) como

Z ∞

0

Z ∞

−∞

[vφt+F(v)φx]dxdt+

Z ∞

−∞

v0φ0dx= 0, (1.21)

ondev0 =v(x,0) ´e a condi¸c˜ao inicial e φ0 ´e uma nota¸c˜ao para φ(x,0).

Note que o suporte de φ est´a contido em [a, b]×[0, T] eφ ´e definida em R×[0,) logo, φ(x,0) n˜ao precisa ser zero.

Assim, o que apresentamos acima ´e a demonstra¸c˜ao da seguinte proposi¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 1.3.3 Sev´e uma solu¸c˜ao cl´assica para o problema de valor inicial (1.7),(1.18), ent˜ao v satisfaz (1.21) para todo φC1

0.

Invertendo os c´alculos realizados acima, partindo de (1.21), at´e obtermos a equa¸c˜ao (1.19) e ent˜ao usando o fato de queφ C1

0 ´e arbitr´aria, mostramos quev deve satisfazer a equa¸c˜ao

diferencial parcial (1.7), demonstrando assim, o seguinte resultado.

Proposi¸c˜ao 1.3.4 Sev´e continuamente diferenci´avel em rela¸c˜ao axete satisfaz a equa¸c˜ao (1.21) para todo φ C1

0, ent˜ao v ´e uma solu¸c˜ao cl´assica do problema de valor inicial

(1.7),(1.18).

Devemos estar cientes de que podem existir solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao (1.21) que n˜ao s˜ao solu¸c˜oes cl´assicas para o problema de valor inicial (1.7),(1.18) (fun¸c˜oes que satisfazem a equa¸c˜ao (1.21) podem n˜ao ser diferenci´aveis). Por essa raz˜ao fazemos a seguinte defini¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 1.3.1 Se v satisfaz a equa¸c˜ao (1.21) para todoφ C1

0, v ´e dito ser uma solu¸c˜ao

fraca para o problema de valor inicial (1.7),(1.18).

A seguir apresentamos alguns exemplos onde verificamos que uma determinada fun¸c˜ao ´e uma solu¸c˜ao fraca de um problema de valor inicial.

1. Vamos mostrar que

v(x, t) =

 

1 se x t2 0 se x > 2t

(1.22)

´e uma solu¸c˜ao fraca para equa¸c˜ao de Burgers

vt+

1 2v

2

x

(19)

com condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

 

1 se x0 0 se x >0.

(1.24)

De fato, sejam φ C1

0 e a, be T tais que supp(φ)⊂[a, b]×[0, T]. Ent˜ao

Z ∞

0

Z ∞

−∞

[ vφt+F(v)φx]dxdt+

Z ∞

−∞

v0φ0dx

=

Z ∞

0

Z ∞

−∞

[vφt+

v2

2 φx]dxdt+

Z ∞

−∞

v0φ0dx

=

Z T

0

Z b

a

[vφt+

v2

2φx]dxdt+

Z b

a

v0φ0dx

= Z T 0 Z t 2 a

[vφt+

v2

2 φx]dxdt+

Z T

0

Z b

t

2

[vφt+

v2

2φx]dxdt

+

Z 0

a

v0(x)φ(x,0)dx+

Z b

0

v0(x)φ(x,0)dx

= Z T 0 Z t 2 a

[φt+

1

2φx]dxdt+

Z 0 a φ(x,0)dx = Z t 2 a Z T 0

φtdtdx+

1 2 Z T 0 Z t 2 a

φxdxdt+

Z 0 a φ(x,0)dx = Z 0 a Z T 0

φtdtdx+

Z T

2

0

Z T

2x

φtdtdx+

1 2 Z T 0 Z t 2 a

φxdxdt+

Z 0 a φ(x,0)dx = Z 0 a

[φ(x, T)φ(x,0)]dx+

Z T

2

0

[φ(x, T)φ(x,2x)]dx

+ 1

2

Z T

0

[φ(t

2, t)−φ(a, t)]dt+

Z 0

a

φ(x,0)dx (1.25)

=

Z T

2

0

φ(x,2x)dx+1 2

Z T

0

φ(t 2, t)dt = 1

2

Z T

0

φ(y

2, y)dy+ 1 2

Z T

0

φ(t

2, t)dt= 0. (1.26) (1.27)

(Na passagem de (1.25) para (1.26), usamos o fato que φ(x, T) = φ(a, t) = 0 para eliminar o primeiro, terceiro e sexto termos, cancelamos o segundo com o s´etimo, e fizemos y = 2x no quarto termo.) Assim, a fun¸c˜ao v dada por (1.22) ´e uma solu¸c˜ao fraca para o problema de valor inicial (1.23)-(1.24).

(20)

Figura 1.5: Curvas caracter´ısticas associadas com o problema de valor inicial (1.23)-(1.24).

longo das caracter´ısticas em x > 0. Logo, existe uma descontinuidade ao longo da curva x= t

2.

Figura 1.6: Curvas caracter´ısticas associadas com a solu¸c˜ao do problema de valor inicial (1.23)-(1.24).

Observa¸c˜ao 1.3.3 A linha de descontinuidade de uma solu¸c˜ao fraca ´e chamada de

Choque se as caracter´ısticas em ambos os lados da descontinuidade influenciar na descontinuidade da curva na dire¸c˜ao de crescimento de t, como ´e o caso na Figura 1.6. Se fizermos aL=F′(vL)eaR=F′(vR) ondevL e vR s˜ao os valores dev nos lados

esquerdo e direito da descontinuidade, ent˜ao uma descontinuidade ser´a um choque se

aL> s > aR (1.28)

onde s ´e a velocidade de propaga¸c˜ao da descontinuidade, que ser´a definida em (1.38). Vemos que no caso do exemplo 1 temos aL = 1, aR = 0 e s = 12, ent˜ao a inequa¸c˜ao

(21)

2. Podemos mostrar, seguindo o mesmo procedimento do exemplo anterior que

v(x, t) =

 

0 se x t

2

1 se x > t

2

(1.29)

´e uma solu¸c˜ao fraca para a equa¸c˜ao de Burgers (1.23) com condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

 

0 se x0

1 se x >0. (1.30)

Observa¸c˜ao 1.3.4 Como no Exemplo 1, vemos que a velocidade de propaga¸c˜ao da descontinuidade na solu¸c˜ao (1.29) ´e s = 12 e que como aL = 0 e aR = 1 para este

´

ultimo caso, a inequa¸c˜ao (1.28) n˜ao ´e satisfeita, logo a descontinuidade na solu¸c˜ao (1.29) n˜ao ´e um choque.

Figura 1.7: Curvas caracter´ısticas associadas com o problema (1.23),(1.30) do Exemplo 2.

3. Novamente seguindo o procedimento do primeiro exemplo pode-se mostrar que

v(x, t) =

    

   

0 se x <0

x

t se 0≤x≤t

1 se x > t

(1.31)

´e tamb´em uma solu¸c˜ao fraca para a equa¸c˜ao de Burgers com condi¸c˜ao inicial (1.30).

Assim, podemos concluir que solu¸c˜oes fracas para problemas de valor inicial podem n˜ao ser ´unicas.

(22)

Figura 1.8: Curvas caracter´ısticas associadas com o problema de valor inicial (1.23),(1.30).

Figura 1.7. Notamos que, nesse caso, como as caracter´ısticas em cada lado da curva x= 2t est˜ao “saindo” da descontinuidade esta descontinuidade n˜ao ´e um choque; ´e uma rarefa¸c˜ao. A solu¸c˜ao do Exemplo 3 corresponde `a ocupa¸c˜ao da regi˜ao sem caracter´ısticas com umleque

de curvas caracter´ısticas como mostra a Figura 1.9.

Figura 1.9: Curvas caracter´ısticas associadas com o problema (1.23),(1.30) do Exemplo 3.

Notamos que ´e poss´ıvel “preencher”o espa¸co sem caracter´ısticas no m´ınimo de duas maneiras diferentes (Figura 1.7 e Figura 1.9) que s˜ao compat´ıveis com a formula¸c˜ao fraca do problema. Mais tarde, teremos que decidir qual dessas solu¸c˜oes ´e a desejada. Veremos que solu¸c˜oes que ocupam a regi˜ao sem caracter´ısticas com um leque ser˜ao as que possuem significado f´ısico.

1.3.4

Condi¸

ao de Rankine-Hugoniot

Proposi¸c˜ao 1.3.5 Seja C uma curva suave no plano xt (R×R+), parametrizada por

(23)

um salto de descontinuidade. SejaP = (x0, t0), t0 >0, um ponto em C, s= dxdtC(t0), e vL e

vR os valores de v a esquerda e a direita de P, respectivamente. Ent˜ao

(vL−vR)

dxC

dt =F(vL)−F(vR). (1.32)

Demonstra¸c˜ao: SejaB uma bola centrada em P que n˜ao cont´em o ponto (xC(0),0). Seja

B1 eB2 as partes deB em cada lado da curva C. Ver Figura 1.10.

Figura 1.10:

Como v ´e uma solu¸c˜ao fraca para o problema (1.7),(1.18), v deve satisfazer a equa¸c˜ao (1.21) para todo φC1

0. Para uma fun¸c˜ao φ com suporte em B, temos

0 =

Z ∞

0

Z ∞

−∞

(vφt+F(v)φx)dxdt (1.33)

=

Z Z

B1

(vφt+F(v)φx)dxdt+

Z Z

B2

(vφt+F(v)φx)dxdt, (1.34)

onde o termo t= 0 da equa¸c˜ao (1.21) n˜ao foi inclu´ıdo porque φ0 = 0 em B. O fato de v ser

uma solu¸c˜ao fraca e cl´assica emB1 e B2 implica quev ´e uma solu¸c˜ao cl´assica no interior de

ambosB1 e B2 (isto ´e, v satisfaz vt+F(v)x = 0 no interior de B1 eB2). Assim, a equa¸c˜ao

(1.34) pode ser reescrita como

0 =

Z Z

B1

[(vφ)t+ (F(v)φ)x]dxdt+

Z Z

B2

[(vφ)t+ (F(v)φ)x]dxdt. (1.35)

Aplicando o Teorema de Green, escrevemos a equa¸c˜ao (1.35) como

0 =

Z Z

∂B1

φ[vdx+F(v)dt] +

Z Z

∂B2

φ[vdx+F(v)dt]. (1.36)

Se definimos

vL(t) = lim

(x,t)→C;(x,t)∈B1

v(x, t) vR(t) = lim

(x,t)→C;(x,t)∈B2

(24)

(lembrando que x =xC em C) e usando o fato que φ = 0 em∂B (a parte externa de B1 e

B2), podemos reescrever a equa¸c˜ao (1.36) como

0 =

Z Q2

Q1

φ[vLdx+F(vL)dt]−

Z Q2

Q1

φ[vRdx+F(vR)dt], (1.37)

onde o sinal de menos na frente da segunda integral ´e devido ao fato de a integral de linha ao redor de B2 em (1.36) ser na dire¸c˜ao oposta da primeira integral. Como dx = x′C(t)dt,

podemos escrever a equa¸c˜ao (1.37) da seguinte forma

0 =

Z Q2

Q1

φ[(vL−vR)

dxC

dt + (F(vL)−F(vR))]dt. Comoφ ´e uma fun¸c˜ao arbitr´aria (em C1

0), obtemos

(vL−vR)

dxC

dt = (F(vL)−F(vR)) para cada ponto emC.

Chamamoss = dxC

dt develocidade de propaga¸c˜ao da descontinuidade. Se definimos

[.] como o salto em C (em geral, [f] =fL−fR), podemos escrever a equa¸c˜ao (1.32) como

s[v] = [F(v)]. (1.38)

A equa¸c˜ao (1.32) ou (1.38) ´e chamada deCondi¸c˜ao de Salto ouCondi¸c˜ao de Rankine-Hugoniot. Notamos que a condi¸c˜ao de salto (condi¸c˜ao R-H) ´e uma condi¸c˜ao que as solu¸c˜oes fracas para um problema de valor inicial tal como (1.7),(1.18) devem satisfazer sobre um salto de descontinuidade. Esta condi¸c˜ao n˜ao escolhe a solu¸c˜ao fraca que queremos. As solu¸c˜oes fracas que n˜ao s˜ao f´ısicas tamb´em satisfazem a condi¸c˜ao de salto.

A seguir inclu´ımos dois exemplos que ilustram como a condi¸c˜ao de salto para a equa¸c˜ao de Burgers pode ser utilizada para obter informa¸c˜oes da solu¸c˜ao.

1. Considere a equa¸c˜ao de Burgers (1.23) com a condi¸c˜ao inicial

v0(x) =v(x,0) =

 

vL se x <0

vR se x≥0.

(1.39)

onde vL e vR s˜ao constantes. Usando a condi¸c˜ao de salto podemos determinar a

velocidade de propaga¸c˜ao desta descontinuidade. De fato, sabemos que para a equa¸c˜ao de Burgers F(v) = 12v2, assim a condi¸c˜ao R-H ´e

s(vL−vR) =

1 2(v

2

(25)

sobre o salto. Conseq¨uentemente, s = (vL+vR)

2 e portanto a velocidade de propaga¸c˜ao

da descontinuidade ´e a m´edia da solu¸c˜ao a esquerda e a direita da descontinuidade.

Observa¸c˜ao 1.3.6 Da proposi¸c˜ao 1.3.5 e do exemplo acima observamos que:

• A solu¸c˜ao do Exemplo 1 da se¸c˜ao anterior tem uma descontinuidade com veloci-dade de propaga¸c˜ao dada por s = 1

2 e esta descontinuidade dever´a se propagar

sobre a curva x= 2t, a qual ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial dxC

dt =s= 1

2, xC(0) = 0. Note que s pode ser calculado pela f´ormulas = (vL+vR)

2 .

• A solu¸c˜ao do Exemplo 1 da se¸c˜ao anterior deve satisfazer a condi¸c˜ao de salto sobre a curva x= 2t:

s(vL−vR) =

1

2 =F(vL)−F(vR) = 1 21

2

− 1202 = 1 2

(que ´e o mesmo que s = (vL+vR)

2 ).

• No Exemplo 2 da se¸c˜ao anterior o procedimento para obten¸c˜ao da velocidade de propaga¸c˜ao da descontinuidade ´e idˆentico ao realizado para o Exemplo 1 (se¸c˜ao 1.3.3).

• Como a solu¸c˜ao do Exemplo 3 (se¸c˜ao 1.3.3) ´e cont´ınua (n˜ao tem salto de de-scontinuidade) n˜ao ´e relevante considerar a condi¸c˜ao de salto em rela¸c˜ao `a esta solu¸c˜ao.

A seguir inclu´ımos um exemplo onde a condi¸c˜ao de salto ´e instrumento para ajudar-nos a encontrar uma solu¸c˜ao para um problema de valor inicial.

2. O problema de valor inicial para a equa¸c˜ao de Burgers (1.23) com condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

    

   

1 se x <0 1x se 0x1 0 se x >1

(1.40)

(26)

Figura 1.11: Caracter´ısticas associadas com o problema de valor inicial definido pela equa¸c˜ao de Burgers (1.23) com a condi¸c˜ao inicial (1.40) (onde n˜ao permitimos que as caracter´ısticas se cruzem).

As caracter´ısticas sobre o segmento 0x1 s˜ao dadas por

t= 1 F′(v

0)

x+C = 1 1x0

x+C

assim, se determinarmos C = x0

1−x0 de modo que para t= 0, x=x0, teremos

t= 1 1x0

x+ x0 1x0

, 0x0 <1.

Essas retas e a reta x = 1, interceptam-se primeiramente em (x, t) = (1,1), isto ´e, o ponto de ruptura ´eTb = 1. Parat <1, a solu¸c˜ao ´e cont´ınua, determinada pelas curvas

caracter´ısticas e condi¸c˜oes iniciais e pode ser escrita como

v(x, t) =

    

   

1 se x < t < 0 1x

1t se t ≤x≤1 0 se x >1

(1.41)

Note que a solu¸c˜ao para tx1 ´e obtida fazendo-se v(x, t) =v0(x0) = 1−x0 sobre

a caracter´ıstica

t= 1 1x0

x+ x0 1x0

(1.42)

(usando o fato que v ´e constante sobre uma curva caracter´ıstica). Para t1, temos uma “condi¸c˜ao inicial”(ocorre para t= 1) dada por

v0(x) =v(x,1) =

 

(27)

Figura 1.12: Caracter´ısticas associadas com a solu¸c˜ao (1.41)-(1.43)para o problema de valor inicial definido pela equa¸c˜ao de Burgers (1.23) com a condi¸c˜ao inicial (1.40).

Usando os resultados do Exemplo 1, desta se¸c˜ao, sabemos que existir´a uma solu¸c˜ao na qual esta descontinuidade dever´a se propagar sobre a curva caracter´ıstica definida por

dxC

dt =s= 1

2, xC(1) = 1, ou xc = (t+1)2 . Assim, uma solu¸c˜ao parat ≥1 ´e

v(x, t) =

  

 

1 se x < (t+ 1) 2 0 se x (t+ 1)

2 .

(1.43)

e as curvas caracter´ısticas associadas com esta solu¸c˜ao s˜ao mostradas na Figura 1.12.

Mostramos claramente que solu¸c˜oes fracas para problemas de valor inicial podem n˜ao ser ´unicas. Como veremos na pr´oxima se¸c˜ao, estamos interessados em solu¸c˜oes fracas seme-lhantes `aquelas dos Exemplos 1 e 3 (se¸c˜ao 1.3.3). Queremos enfatizar que existem muitas solu¸c˜oes do problema de valor inicial que podem parecer interessantes, mas, n˜ao s˜ao as mais apropriadas fisicamente. Quando obtemos estas solu¸c˜oes (as quais, algumas vezes, podem parecer mais interessantes do que a solu¸c˜ao correta) como parte de um problema complexo, pode ser dif´ıcil decidir se dever´ıamos rejeit´a-las e pode ser mais dif´ıcil ainda determinar porque obtivemos a solu¸c˜ao indesejada.

1.3.5

Condi¸

ao de Entropia

(28)

interse¸c˜ao das caracter´ısticas. Al´em disso, vimos que solu¸c˜oes fracas podem n˜ao ser ´unicas. Nosso objetivo ´e calcular numericamente as solu¸c˜oes (incluindo as descontinuidades) para leis de conserva¸c˜ao, mas antes devemos encontrar algum argumento que nos ajudar´a a decidir qual solu¸c˜ao queremos (no caso de solu¸c˜oes n˜ao ´unicas).

Uma maneira de escolher a solu¸c˜ao fisicamente correta ´e decidir pela solu¸c˜ao viscosa. Esta solu¸c˜ao ´e definida como o limite quando ǫ 0 das fun¸c˜oes vǫ(x, t) onde vǫ(x, t) ´e

solu¸c˜ao da equa¸c˜ao parab´olica

t+F(vǫ)x =ǫvxxǫ ,

com condi¸c˜ao inicial vǫ(x,0) = vǫ

0(x). Existem v´arias raz˜oes para escolher a solu¸c˜ao viscosa

como a correta. Uma delas ´e que as equa¸c˜oes que estamos resolvendo modelam situa¸c˜oes f´ısicas que incluem algum tipo de dissipa¸c˜ao. Uma das caracter´ısticas mais importante da solu¸c˜ao viscosa ´e o seguinte resultado.

Proposi¸c˜ao 1.3.6 Se uma solu¸c˜ao viscosa existe, ela ´e uma solu¸c˜ao fraca.

Demonstra¸c˜ao: Consideramos a equa¸c˜ao viscosa

t+F(vǫ)x =ǫvxxǫ .

Multiplicando a equa¸c˜ao acima por uma fun¸c˜ao teste pertencente a C2

0 (onde φ e φx s˜ao

nulas fora de algum retˆangulo fechado [a, b]× [0, T]) e realizando a integra¸c˜ao como em (1.19)-(1.20) (mais duas integra¸c˜oes por partes no termo viscoso), obtemos

Z ∞

0

Z ∞

−∞

[vǫφt+F(vǫ)φx]dxdt−

Z ∞

−∞

0φ0dx=ǫ

Z ∞

0

Z ∞

−∞

vǫφxxdxdt.

Fazendo ǫ 0, ent˜ao como por hip´otese vǫ v e F(vǫ) F(v), vemos que a solu¸c˜ao

viscosa v ´e uma solu¸c˜ao fraca para a equa¸c˜ao (1.7).

Outra maneira, ´e reformular o modelo f´ısico. Para situa¸c˜oes f´ısicas est´aveis, sabemos que, em geral, devemos ter uma solu¸c˜ao ´unica. Se o modelo matem´atico n˜ao tem uma solu¸c˜ao ´

unica, alguma informa¸c˜ao f´ısica adicional deve ser inclu´ıda para determinar a solu¸c˜ao f´ısica correta.

(29)

Defini¸c˜ao 1.3.2 Condi¸c˜ao de Entropia I: A solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao (1.21),v =v(x, t), contendo uma descontinuidade propagando com velocidades ´e dita satisfazer a Condi¸c˜ao de Entropia I se

F′(vL)> s > F′(vR) (1.44)

onde vL e vR s˜ao os valores da solu¸c˜ao a esquerda e a direita da descontinuidade,

respecti-vamente.

Observa¸c˜ao 1.3.7 E f´´ acil ver que como F′(v

L) = 1, s= 12 e F′(vR) = 0, a solu¸c˜ao (1.22)

satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I. Igualmente, ´e f´acil ver que a solu¸c˜ao (1.29) n˜ao satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I. A solu¸c˜ao (1.31) satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I, visto que n˜ao existe descontinuidade nesta solu¸c˜ao.

Observa¸c˜ao 1.3.8 Para a equa¸c˜ao de Burgers, qualquer salto de vL para vR com vL > vR

que satisfaz a condi¸c˜ao de salto (condi¸c˜ao R-H) dever´a satisfazer a Condi¸c˜ao de Entropia I. Tamb´em, qualquer salto de vL para vR com vL< vR que satisfaz a condi¸c˜ao de salto n˜ao

satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I. Em geral, para qualquer fun¸c˜ao de fluxo F convexa (F′′

positiva, ouF′ crescente) qualquer salto dev

L paravR com vL> vR que satisfaz a condi¸c˜ao

de salto satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I, e qualquer salto com vL < vR que satisfaz a

condi¸c˜ao de salto n˜ao satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I.

Observa¸c˜ao 1.3.9 Recordando que a principal dificuldade das leis de conserva¸c˜ao n˜ao ´e a existˆencia de solu¸c˜oes, mas mais propriamente a unicidade delas, inclu´ımos o seguinte resultado, o qual ilustra como a Condi¸c˜ao de EntropiaI implica em unicidade.

Proposi¸c˜ao 1.3.7 Suponha que F ´e convexa e que a solu¸c˜ao v para o problema de valor inicial

vt+F(v)x = 0, x∈R, t >0 (1.45)

v(x,0) = v0(x), x∈R (1.46)

satisfaz a Condi¸c˜ao de EntropiaI sobre todos os saltos. Ent˜ao a solu¸c˜aov ´e a ´unica solu¸c˜ao para o problema de valor inicial (1.45)-(1.46) que satisfaz a Condi¸c˜ao de EntropiaI e ´e uma solu¸c˜ao viscosa para o problema de valor inicial (1.45)-(1.46).

(30)

Observa¸c˜ao 1.3.10 Existem exemplos de leis de conserva¸c˜ao que s˜ao importantes fisica-mente para os quais a fun¸c˜aoF n˜ao ´e convexa. Um exemplo ´e a equa¸c˜ao de Buckley-Leverett, onde F(v) = 4v2+(1v2v)2 na ´area de fluido em meios porosos. A Condi¸c˜ao de Entropia para

casos de n˜ao convexidade an´aloga `a Condi¸c˜ao de Entropia I ´e a seguinte.

Defini¸c˜ao 1.3.3 Condi¸c˜ao de Entropia Inc: A solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao (1.21) (onde F n˜ao ´e necessariamente convexa),v =v(x, t), contendo uma descontinuidade ´e dita satisfazer a Condi¸c˜ao de EntropiaInc se

F(vL)−F(v)

vL−v ≥

F(vR)−F(vL)

vR−vL

(1.47)

para todov entre vL e vR, onde vL e vR s˜ao os valores da solu¸c˜ao a esquerda e a direita da

descontinuidade, respectivamente.

Novamente, n˜ao ´e dif´ıcil ver que a solu¸c˜ao (1.22) satisfaz a condi¸c˜ao de entropia (1.47) e a solu¸c˜ao (1.29) n˜ao satisfaz essa condi¸c˜ao de entropia. Como no caso em que F ´e convexa, no caso n˜ao convexo, a solu¸c˜aov ´e ´unica e ´e uma solu¸c˜ao viscosa se v satisfaz a condi¸c˜ao de entropia (1.47) sobre todos os saltos (ref. [26]).

A segunda condi¸c˜ao de entropia ´e mais complexa para descrever. A t´ecnica ´e imitar a maneira pela qual as fun¸c˜oes de entropia f´ısicas entram e interagem com leis de conserva¸c˜ao e suas solu¸c˜oes para sistemas f´ısicos. Definimos as fun¸c˜oes escalaresS =S(v) e Φ = Φ(v) como sendo afun¸c˜ao de entropia e a fun¸c˜ao fluxo de entropia, respectivamente. Queremos encontrar as fun¸c˜oesS e Φ que satisfazem a lei de conserva¸c˜ao

S(v)t+ Φ(v)x = 0 (1.48)

para toda solu¸c˜ao cl´assica v da lei de conserva¸c˜ao (1.7). Assumimos que S satisfaz S′′ 0.

A raz˜ao para esta hip´otese ´e consistente com a no¸c˜ao f´ısica de uma fun¸c˜ao de entropia. Assim, obtivemos uma lei de conserva¸c˜ao adicional que deve ser satisfeita - a conserva¸c˜ao de entropia.

Na forma n˜ao conservativa, a equa¸c˜ao (1.48) pode ser escrita como

S′(v)vt+ Φ′(v)vx = 0. (1.49)

Solu¸c˜oes cl´assicas da lei de conserva¸c˜ao (1.7) satisfazem

(31)

Multiplicando a equa¸c˜ao (1.50) porS′(v), obtemos

S′(v)vt+S′(v)F′(v)vx = 0. (1.51)

Comparando as equa¸c˜oes (1.49) e (1.51), vemos queS e Φ devem satisfazer

Φ′(v) = S′(v)F′(v). (1.52)

Para leis de conserva¸c˜ao escalares, a equa¸c˜ao (1.52) possui muitas solu¸c˜oes.

Observa¸c˜ao 1.3.11 Se a equa¸c˜ao (1.7) ´e tal que F(v) =H′(v) para algumH, ent˜ao

deter-minamos S1(v) = 12|v|2, Φ1(v) =vF(v)−H(v) e calculamos

Φ′1(v) = F(v) +vF′(v)H′(v) =H′(v) +vF′(v)H′(v) = vF′(v) =S1′(v)F′(v).

Assim, se F ´e tal que F(v) = H′(v) ent˜ao S

1(v) = 12|v|2 e Φ1(v) = vF(v)−H(v) definem

fun¸c˜oes de entropia e fluxo de entropia associadas com a lei de conserva¸c˜ao (1.7).

Devemos notar que se considerarmos a equa¸c˜ao de Burgers, ent˜ao H(v) = v3

6 e a fun¸c˜ao

fluxo de entropia ´e dada por Φ1(v) = v

3

3.

Observa¸c˜ao 1.3.12 Notamos tamb´em que se para algum c R fizermos S2(v) =|v −c| e

Φ2(v) = |vvcc|[F(v)−F(c)] para v 6=c, ent˜ao

Φ′2(v) = v−c |vc|F

(v) =S

2(v)F′(v).

Assim, S2 e Φ2 tamb´em definem fun¸c˜oes de entropia e fluxo de entropia associadas com a

lei de conserva¸c˜ao (1.7).

Gostar´ıamos de usar a fun¸c˜ao de entropia e a fun¸c˜ao fluxo de entropia para assegurar que podemos escolher a solu¸c˜ao correta para nosso problema de valor inicial. O pr´oximo resultado n˜ao ´e exatamente o que queremos, mas ele mostra que a solu¸c˜ao viscosa dever´a satisfazer uma inequa¸c˜ao de entropia.

Proposi¸c˜ao 1.3.8 Suponha que relacionada `a lei de conserva¸c˜ao (1.7) tenhamos uma lei de conserva¸c˜ao de entropia com S convexa e S 0. Suponha que v ´e uma solu¸c˜ao viscosa para a lei de conserva¸c˜ao (1.7) onde a convergˆencia ´e tal que vǫ e suas derivadas em rela¸c˜ao

a x convergem limitadamente para v. Ent˜ao v satisfaz

(32)

Demonstra¸c˜ao: Para satisfazer a equa¸c˜ao (1.53) no sentido fraco, devemos considerar somente fun¸c˜oes testes positivas (pois (1.53) ´e uma inequa¸c˜ao e n˜ao devemos multiplicar uma inequa¸c˜ao por fun¸c˜oes negativas). Assim, definimos C1

0,+ = C01 ∩ {φ : φ(x, t) ≥

0 para todo(x, t)R×R+} e exigimos que paraφ C1

0,+, v deve satisfazer

Z ∞

0

Z ∞

−∞

[φtS(v) +φxΦ(v)]dxdt+

Z ∞

−∞

φ(x,0)S(v(x,0))dx0. (1.54)

Multiplicando a equa¸c˜ao

vtǫ+F(vǫ)x =ǫvxxǫ

porS′(vǫ), obtemos

S′(vǫ)vtǫ+S′(vǫ)F(vǫ)x =ǫS′(vǫ)vxxǫ ,

ou

S(vǫ)t+S′(vǫ)F′(vǫ)vxǫ =ǫS′(vǫ)vxxǫ . (1.55)

ComoS e Φ satisfazem Φ′(vǫ) =S(vǫ)F(vǫ) e Φ(vǫ)vǫ

x = Φ(vǫ)x, a equa¸c˜ao (1.55) pode ser

reescrita como

S(vǫ)

t+ Φ(vǫ)x =ǫS′(vǫ)vǫxx. (1.56)

Notemos queS′(vǫ)vǫ

xx =S(vǫ)xx−S′′(vǫ)(vǫx)2 e assim podemos reescrever a equa¸c˜ao (1.56)

como

S(vǫ)t+ Φ(vǫ)x =ǫ[S(vǫ)xx−S′′(vǫ)(vxǫ)2]. (1.57)

Multiplicando a equa¸c˜ao (1.57) por φ C1

0,+, integrando sobre R×[0,∞) e usando o fato

queφ tem suporte compacto, obtemos

Z ∞

−∞

Z ∞

0

φ [S(vǫ)t+ Φ(vǫ)x]dtdx

=

Z ∞

−∞

Z ∞

0

ǫφ[S(vǫ)

xx−S′′(vǫ)(vxǫ)2]dtdx.

que pode ser escrita como abaixo, usando o suporte deφ

Z b

a

Z T

0

φ [S(vǫ)t+ Φ(vǫ)x]dtdx

=

Z b

a

Z T

0

ǫφ[S(vǫ)xx−S′′(vǫ)(vxǫ)2]dtdx.

(33)

fato que φ tem suporte compacto, obtemos

Z b

a

φ(x,0) S(vǫ(x,0))dx

Z b

a

Z T

0

φtS(vǫ)dtdx−

Z b

a

Z T

0

φxΦ(vǫ)dtdx

= ǫ

Z b

a

Z T

0

φxxS(vǫ)dtdx−ǫ

Z b

a

Z T

0

φS′′(vxǫ)2dtdx. Ent˜ao usando o fato que

−ǫ

Z b

a

Z T

0

φS′′(vxǫ)2dtdx0 e fazendoǫ0 obtemos

Z b

a

φ(x,0)S(v(x,0))dx

Z b

a

Z T

0

φtS(v)dtdx−

Z b

a

Z T

0

φxΦ(v)dtdx≤0,

que prova (1.54).

Definimos a seguir a segunda condi¸c˜ao de entropia.

Defini¸c˜ao 1.3.4 Condi¸c˜ao de Entropia II: A solu¸c˜ao para equa¸c˜ao (1.21), v =v(x, t), ´e dita satisfazer a Condi¸c˜ao de EntropiaII se existe uma fun¸c˜ao de entropia S e uma fun¸c˜ao fluxo de entropiaΦ para as quais v satisfaz a inequa¸c˜ao (1.53) (ou (1.54)) no sentido fraco.

A proposi¸c˜ao seguinte, ilustrar´a como a fun¸c˜ao de entropia e a fun¸c˜ao fluxo de entropia podem ser usadas para escolher a solu¸c˜ao fraca correta para nosso problema de valor inicial.

Proposi¸c˜ao 1.3.9 Considere a lei de conserva¸c˜ao (1.7) onde F ´e convexa e uma solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao (1.7) que cont´em um choque fraco. Suponha que a Condi¸c˜ao de Entropia II ´e satisfeita para a solu¸c˜ao v =v(x, t) onde a fun¸c˜ao de entropia S ´e estritamente convexa. Ent˜aov´e a ´unica solu¸c˜ao para a lei de conserva¸c˜ao (1.7) que satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia II e ´e a solu¸c˜ao viscosa.

Prova ver referˆencia [23], p´agina 401.

Observa¸c˜ao 1.3.13 Considere a equa¸c˜ao de Burgers; suas fun¸c˜oes de entropia e fluxo de entropiaS1(v) = |v|

2

2 e Φ1(v) =

v3

6, a condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

 

1 se x0

0 se x >0, (1.58) e a solu¸c˜ao

v(x, t) =

 

1 se x 2t 0 se x > t

2.

(34)

Para mostrar que a solu¸c˜ao v (1.59) satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia II para o problema de valor inicial consistindo da equa¸c˜ao de Burgers com a condi¸c˜ao inicial (1.58), devemos provar que S1 e Φ1 s˜ao fun¸c˜oes de entropia e fluxo de entropia consistentes com a equa¸c˜ao

de Burgers, esse c´alculo foi feito na observa¸c˜ao 1.3.11. Realizando c´alculos similares `aqueles do Exemplo 1, produzem

Z ∞

0

Z ∞

−∞

φtS1(v)dxdt+

Z ∞

0

Z ∞

−∞

φxΦ1(v)dxdt+

Z ∞

−∞

φ(x,0)S1(v(x,0))dx=

1 6 Z T 0 φ t 2, t

dt.

Ent˜ao, como assumimos que φ ´e positiva, o lado direito da equa¸c˜ao acima ´e n˜ao negativo, que ´e o que quer´ıamos provar. Assim, a solu¸c˜ao v dada por (1.59) satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia II.

Observa¸c˜ao 1.3.14 Novamente consideramos a equa¸c˜ao de Burgers, desta vez com a condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

 

0 se x0 1 se x >0,

(1.60)

e solu¸c˜ao fraca

v(x, t) =

 

0 se x 2t 1 se x > t

2.

(1.61)

Como fizemos na observa¸c˜ao 1.3.13, consideramos a fun¸c˜ao de entropia S1(v) = |v|

2

2 , a

fun¸c˜ao fluxo de entropia Φ1(v) = v

3

6 e ap´os alguma ´algebra obtemos

Z ∞

0

Z ∞

−∞

φtS1(v)dxdt+

Z ∞

0

Z ∞

−∞

φxΦ1(v)dxdt+

Z ∞

−∞

φ(x,0)S1(v(x,0))dx=−

1 6 Z T 0 φ t 2, t

dt.

Para a solu¸c˜ao (1.61) satisfazer a Condi¸c˜ao Entropia II, a express˜ao acima deveria ser n˜ao negativa para todo φ C1

0,+, mas isso n˜ao ocorre. Logo, a solu¸c˜ao (1.61) n˜ao satisfaz a

condi¸c˜ao de entropia em rela¸c˜ao a S1 e Φ1.

1.3.6

Solu¸

ao Anal´ıtica para Leis de Conserva¸

ao Escalares

Uni-dimensionais

(35)

que na presen¸ca de descontinuidades informa¸c˜oes adicionais est˜ao dispon´ıveis sobre a des-continuidade e uma condi¸c˜ao de salto deve ser satisfeita. Para eliminar a possibilidade de solu¸c˜oes m´ultiplas devemos adicionar condi¸c˜oes de entropia `a nossa equa¸c˜ao. Para ilustrar os conceitos discutidos nas se¸c˜oes 1.3.3 e 1.3.4 resolvemos v´arios problemas com a equa¸c˜ao de Burgers e diferentes condi¸c˜oes iniciais. Os t´opicos discutidos na se¸c˜ao 1.3.3 nos permite resolver problemas de leis de conserva¸c˜ao escalares e obter informa¸c˜oes sobre solu¸c˜oes para outros problemas de lei de conserva¸c˜ao.

Nos exemplos a seguir, quando dizemos que encontramos uma solu¸c˜ao para um dado problema, significa que encontramos uma solu¸c˜ao para um problema que geralmente tem muitas solu¸c˜oes. Mas sabemos qual solu¸c˜ao queremos (ou algumas vezes qual solu¸c˜ao n˜ao queremos) e sempre encontramos essa solu¸c˜ao.

1. Considere a lei de conserva¸c˜ao

vt+

1 3v

3

= 0. (1.62)

Procuramos uma solu¸c˜ao para a lei de conserva¸c˜ao (1.62) com condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

 

2 se x0 1 se x >0.

(1.63)

Na Figura 1.13 apresentamos o gr´afico das caracter´ısticas associadas a esse problema.

Figura 1.13: Caracter´ısticas associadas com o problema (1.62) e condi¸c˜ao inicial (1.63).

Como as caracter´ısticas se interceptam, esperamos que um choque seja formado. Como F′(v

(36)

por um choque dever´a satisfazer a Condi¸c˜ao de EntropiaI. Usamos a condi¸c˜ao de salto para determinar a velocidade de propaga¸c˜ao da descontinuidade:

s= F(vL)−F(vR) vL−vR

=

7 3

1 = 7 3.

Assim, a descontinuidade dever´a se propagar ao longo da solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial

dxC

dt =s= 7 3

com xC(0) = 0 ouxC(t) = 73t. O gr´afico das caracter´ısticas incidindo na curvaxC(t) =

7

3t ´e mostrado na Figura 1.14. Assim, a solu¸c˜ao para o problema (1.62)-(1.63) ´e

v(x, t) =

 

2 se x 7 3t

1 se x > 73t.

(1.64)

Figura 1.14: Caracter´ısticas associadas com a solu¸c˜ao (1.64) do problema (1.62) e condi¸c˜ao inicial (1.63).

A solu¸c˜ao (1.64) satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I. Mas, como a fun¸c˜ao de fluxo F n˜ao ´e convexa, n˜ao podemos usar a proposi¸c˜ao 1.3.7 para provar a unicidade da solu¸c˜ao (1.64).

2. Procuremos agora a solu¸c˜ao da lei de conserva¸c˜ao (1.7) com condi¸c˜ao inicial (1.39), vL< vR eF′ crescente.

(37)

ainda que a solu¸c˜ao que tem um salto de descontinuidade n˜ao satisfaz a condi¸c˜ao de entropia j´a a solu¸c˜ao com um leque satisfaz.

Neste exemplo, mostraremos que este ´e realmente um resultado geral. Se determinamos

s= F(vL)−F(vR) vL−vR

e x=xC(t) como a solu¸c˜ao para

dxC

dt = s xC(0) = 0,

ent˜ao utilizando um procedimento similar ao que foi feito no Exemplo 1, se¸c˜ao 1.3.3, mostramos que

v(x, t) =

 

vL se x≤st

vR se x > st

´e uma solu¸c˜ao fraca para o problema de valor inicial (1.7),(1.39). ´E f´acil ver que esta solu¸c˜ao n˜ao satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia I (observa¸c˜ao 1.3.8) e usando um argumento similar ao que foi utilizado na observa¸c˜ao 1.3.14, mostramos que a solu¸c˜ao n˜ao satisfaz a Condi¸c˜ao de Entropia II.

As caracter´ısticas associadas com este problema s˜ao dadas por x(t) = F′(v

0)t+x0,

onde v0 =v0(x0) ex0 ´e um ponto arbitr´ario emR. Existe trˆes diferentes situa¸c˜oes que

podem ocorrer (no caso em que vL < vR e F′ ´e crescente): ambos F′(vL) eF′(vR) s˜ao

positivos, ambos F′(v

L) eF′(vR) s˜ao negativos eF′(vL) ´e negativo eF′(vR) ´e positivo.

O gr´afico das caracter´ısticas para o caso em que F′(v

L) ´e negativo e F′(vR) ´e positivo

´e mostrado na Figura 1.15. O espa¸co sem caracter´ıstica neste caso, ´e explicado pelo fato que a inclina¸c˜ao das caracter´ısticas a esquerda de x= 0 ´e negativa, enquanto que a inclina¸c˜ao das caracter´ısticas a direita de x= 0 ´e positiva. Os gr´aficos para os outros dois casos s˜ao similares, e o espa¸co sem caracter´ıstica, nesses casos, ´e devido ao fato que a inclina¸c˜ao das caracter´ısticas ´e dada por F(1v0), comovL< vR ent˜ao

1

F′(vL) >

1

F′(vR).

O procedimento para encontrar uma solu¸c˜ao ´e preencher o espa¸co sem caracter´ısticas com um leque de retas. Seja v uma fun¸c˜ao da forma

v(x, t) =ψ(x

(38)

Figura 1.15: Caracter´ısticas associadas com o problema (1.7) e condi¸c˜ao inicial (1.39) paravL < vR

quandoF′(vL)<0< F′(vR).

Exigindo que esta fun¸c˜ao seja uma solu¸c˜ao e substituindo em (1.7) obtemos

tx2ψ

′x

t

+1 tF

ψx

t

ψ′x t

= 0

ou (assumindo que ψ′ x t

6

= 0)

F′ψx t

= x t.

Assim, observamos que para uma solu¸c˜ao da forma (1.65) satisfazer a equa¸c˜ao (1.7), ψ dever´a ser o inverso da fun¸c˜ao F′, isto ´e,ψ x

t

=F′−1 x t

.

Notemos que quando x = F′(v

L)t (curva caracter´ıstica no lado esquerdo do leque),

obtemos

ψx t

=ψ(F′(vL)) =F′−1(F′(vL)) =vL

e quando x=F′(v

R)t (curva caracter´ıstica no lado direito do leque), obtemos

ψx t

=ψ(F′(vR)) =F′−1(F′(vR)) =vR.

Assim, definimos a solu¸c˜ao como

v(x, t) =

    

   

vL se x < F′(vL)t

F′−1 x t

se F′(v

L)t≤x≤F′(vR)t

vR se x > F′(vR)t

(1.66)

(39)

3. Vamos ilustrar esse procedimento encontrando uma solu¸c˜ao para a lei de conserva¸c˜ao (1.62) com condi¸c˜ao inicial

v0(x) =

 

1 se x0 2 se x >0.

(1.67)

Seguindo o exemplo anterior, vemos que

F′(vL) =F′(1) = 1, F′(vR) =F′(2) = 4, F′−1

x

t

=

r

x

t (1.68)

e a solu¸c˜ao an´aloga `a (1.66), pode ser escrita como

v(x, t) =

    

   

1 se x < t

px

t se t ≤x≤4t

2 se x >4t

(1.69)

A raiz quadrada positiva ´e escolhida em vez da negativa para se obter continuidade para x = t e x = 4t. Escolhendo a raiz quadrada negativa, veremos que ela n˜ao satisfaz a condi¸c˜ao de salto sobre a descontinuidade e logo n˜ao ´e uma solu¸c˜ao entr´opica. Devemos notar que F′ ´e crescente apenas para v positivo.

(40)

Cap´ıtulo 2

Esquemas Num´

ericos para Leis de

Conserva¸

ao

No decorrer das pr´oximos se¸c˜oes utilizaremos v´arios esquemas de diferen¸cas expl´ıcitos que s˜ao derivados da discretiza¸c˜ao por diferen¸cas finitas da Equa¸c˜ao Diferencial Parcial Hiperb´olica escalar linear:

vt+avx = 0 (2.1)

ondea ´e constante e ser´a tomado sempre positivo.

Figura 2.1: Malha Computacional

(41)

pode ser representado pelo par ordenado (xi, tn) = (x0+i∆x, t0+n∆t) e (x0, t0) representa

a origem do sistema de coordenadas.

A id´eia geral da discretiza¸c˜ao de uma EDP por diferen¸cas finitas ´e a substitui¸c˜ao das derivadas presentes na equa¸c˜ao diferencial por aproxima¸c˜oes evolvendo somente valores num´ericos da fun¸c˜ao. Essas aproxima¸c˜oes utilizam como ferramenta principal a expans˜ao em s´erie de Taylor. No nosso caso, queremos obter aproxima¸c˜oes para as derivadas de primeira e segunda ordem da fun¸c˜aov(x, t) nas vari´aveis espacial e temporal. Dessa forma, utilizaremos a expans˜ao em s´erie de Taylor para fun¸c˜oes de duas vari´aveis.

v(x+ ∆x, t) = v(x, t) + ∆xvx(x, t) +

(∆x)2

2 vxx(x, t) +O(∆x)

3, (2.2)

v(x, t+ ∆t) = v(x, t) + ∆tvt(x, t) +

(∆t)2

2 vtt(x, t) +O(∆t)

3. (2.3)

Se isolarmos as derivadas de primeira ordem dev(x, t) em rela¸c˜ao axet em (2.2) e (2.3) respectivamente obtemos as aproxima¸c˜oes

vx(x, t) =

v(x+ ∆x, t)v(x, t)

∆x +O(∆x), (2.4) vt(x, t) =

v(x, t+ ∆t)v(x, t)

∆t +O(∆t). (2.5) que utilizam diferen¸cas progressivas. De modo semelhante se tomarmos∆xe∆tem (2.2) e (2.3) respectivamente e isolarmos novamente as derivadas de primeira ordem obtemos as aproxima¸c˜oes

vx(x, t) =

v(x, t)v(x∆x, t)

∆x +O(∆x), (2.6) vt(x, t) =

v(x, t)v(x, t∆t)

∆t +O(∆t). (2.7) que utilizam diferen¸cas regressivas. Subtraindo de (2.2) a f´ormula obtida da expans˜ao em s´erie de Taylor de v(x∆x, t) e de (2.3) a f´ormula obtida da expans˜ao em s´erie de Taylor dev(x, t∆t) e isolando as derivadas de primeira ordem obtemos as aproxima¸c˜oes

vx(x, t) =

v(x+ ∆x, t)v(x∆x, t)

2∆x +O(∆x)

2, (2.8)

vt(x, t) =

v(x, t+ ∆t)v(x, t∆t)

2∆t +O(∆t)

2. (2.9)

(42)

para obter (2.8) e (2.9).

vxx(x, t) =

v(x+ ∆x, t)2v(x, t) +v(x∆x, t)

(∆x)2 +O(∆x)

2, (2.10)

vtt(x, t) =

v(x, t+ ∆t)2v(x, t) +v(x, t∆t)

(∆t)2 +O(∆t)

2. (2.11)

Antes de apresentarmos alguns esquemas num´ericos, vamos definir dois conceitos que est˜ao diretamente ligados com a convergˆencia dos esquemas num´ericos: consistˆencia e esta-bilidade.

Defini¸c˜ao 2.0.5 (Consistˆencia) Um m´etodo ´e consistente se quando ∆x, ∆t tendem a zero (∆x,∆t−→0) o Erro de Truncamento Local da equa¸c˜aode diferen¸cas tamb´em tende a zero (ET L −→ 0), ou seja, a medida que o passo diminui a equa¸c˜aode diferen¸cas tende a equa¸c˜aodiferencial original.

Defini¸c˜ao 2.0.6 (Estabilidade) Um m´etodo num´erico est´avel ´e aquele no qual quaisquer erros ou pertuba¸c˜oesna solu¸c˜aon˜ao s˜ao amplificados sem limite. Logo, o conceito de estabi-lidade est´a relacionado ao crescimento, ou diminui¸c˜ao dos erros introduzidos nos c´alculos.

Existem alguns m´etodos que podem ser utilizados para determinar a estabilidade de esquemas num´ericos entre eles temos o M´etodo de Von Neumann e o M´etodo da Matriz. O m´etodo que utilizamos ´e o de Von Neumann que ´e um dos m´etodos mais simples e mais utilizado para determinar estabilidade. Para mais detalhes sobre consistˆencia e estabilidade ver [2] ou [25].

Vejamos alguns esquemas num´ericos:

• Esquema FTFS: ´e um esquema est´avel para 1 R = axt 0, consistente de ordem 1. ´E obtido discretizando a derivada temporal e espacial de v por diferen¸cas progressivas. Denotaremos por un

i uma aproxima¸c˜ao dev(xi, tn).

(43)

un+1

i =uni −R(uin−uni−1). (2.13)

• Esquema Lax-Wendroff: ´e um esquema est´avel para | R |≤ 1, consistente de ordem 2. ´E obtido expandindo em s´erie de Taylor v(t+ ∆t) e substituindo vtt por

a2v

xx, al´em disso discretiza-se vx e vxx por diferen¸cas centrais de primeira e segunda

ordem respectivamente.

uni+1 = 1 2(R

2 +R)un

i−1+ (1−R2)uni +

1 2(R

2

−R)uni+1 (2.14) O esquema de Lax-Wendroff para o caso n˜ao linear (1.1) pode ser escrito como

uni+1=uni R 2(F

n

i+1−Fin−1) +

R2

2

h

ani+1 2(F

n

i+1−Fin)−ani+12(F

n

i −Fin−1)

i

(2.15)

• Esquema Lax-Friedrichs: ´e um esquema est´avel para |R|≤1 e condicionalmente consistente. ´E obtido discretizando a derivada temporal de v por diferen¸cas progres-sivas e a derivada espacial por diferen¸cas centrais e substituindo o termo vin+1 pela m´edia 1

2(v

n

i−1+vin+1).

uni+1 = 1 2(u

n

i−1+uni+1)−

R 2(u

n

i+1−uni−1) (2.16)

• Esquema Leapfrog: ´e um esquema est´avel para | R |≤ 1 e consistente de ordem 2. ´

E obtido discretizando a derivada temporal e espacial de v por diferen¸cas centrais.

uni+1 =uni−1R(uni+1uni1) (2.17) • Esquema MacComarck: ´e um esquema de dois passos est´avel para | R |≤ 1, consistente de ordem 2. Um esquema de dois passos ´e aquele em que ´e necess´ario calcular o valor da vari´avel, no nosso caso, v, em um tempo intermedi´ario entre n e n+ 1.

u∗i = uni−1R(uni+1uni) (2.18) uni+1 = 1

2

(44)

• Esquema Upwind: ´e um esquema que escolhe a dire¸c˜ao mais adequada para trans-portar a informa¸c˜ao, ou seja, quando a velocidade de propaga¸c˜ao ´e positiva, a in-forma¸c˜ao viaja da esquerda para a direita, e portanto diferen¸ca regressiva ´e utilizada. E quando a velocidade de propaga¸c˜ao ´e negativa ´e utilizado diferen¸ca progressiva.

uni+1 =

 

un

i −R(Fin+1−Fin) se F′(uni)≤0

un

i −R(Fin−Fin−1) se F′(uni)>0

(2.20)

ou

uni+1 =

 

un

i −R(Fin+1−Fin) se ani+1/2 ≤0

un

i −R(Fin−Fin−1) se ani+1/2 >0

(2.21)

onde

ani+1/2 =

 

Fn

i+1−Fin

un

i+1−uni se (u

n

i+1−uni)6= 0

F′(un

i) se (uni+1−uni) = 0.

(2.22)

A diferen¸ca entre (2.20) e (2.21) ´e a utiliza¸c˜ao de uma aproxima¸c˜ao discreta para a derivada. Existem aspectos negativos importantes dos esquemas de diferen¸cas (2.20) e (2.21) quando utilizados para resolver problemas envolvendo leis de conserva¸c˜ao n˜ao lineares, entre eles, que o esquema (2.20) n˜ao ´e conservativo e que o esquema (2.21) n˜ao fornece a solu¸c˜ao entr´opica. Mas esses esquemas com um pequeno ajuste ser˜ao uma ferramenta importante para desenvolvermos esquemas de alta precis˜ao.

2.1

Esquemas Conservativos

Solu¸c˜oes num´ericas de problemas cuja solu¸c˜ao contem descontinuidades, tais como choques, requerem exigˆencias estritas na formula¸c˜ao matem´atica das equa¸c˜oes governantes e nos es-quemas num´ericos que resolvem essas equa¸c˜oes. No in´ıcio desse cap´ıtulo vimos que uma equa¸c˜ao pode estar na forma diferencial ou integral. Podemos tamb´em escolher os tipos de vari´aveis que queremos usar nas formula¸c˜oes das equa¸c˜oes. Uma boa op¸c˜ao ´e escolher vari´aveis conservativas, pois quando as vari´aveis n˜ao conservativas s˜ao utilizadas o esquema num´erico pode n˜ao satisfazer as condi¸c˜oes de salto e n˜ao capturar corretamente o choque.

(45)

m´etodos num´ericos conservativos, se convergentes, convergem para uma solu¸c˜ao fraca da lei de conserva¸c˜ao.

Assim, ´e recomend´avel trabalhar com m´etodos conservativos que capturem os choques nas solu¸c˜oes. Consideremos novamente a lei de conserva¸c˜ao

vt+ (F(v))x= 0. (2.23)

Defini¸c˜ao 2.1.1 Um esquema conservativo para a lei de conserva¸c˜ao (2.23) ´e um m´etodo num´erico da forma

uni+1 =uni +Rhni+1/2hni1/2, (2.24) onde R= ∆t

∆x e

hni+1/2 = h(uinp, . . . , uni+q) (2.25) hni1/2 = h(unip1, . . . , uni+q1) (2.26) comp e q inteiros n˜ao negativos ou

hn

i+1/2 = h(uni, uni+1) (2.27)

hni1/2 = h(uni1, uni) (2.28) se p = 0 e q = 1; hn

i+1/2 ´e chamada fun¸c˜ao de fluxo num´erico e ´e uma aproxima¸c˜ao para a

fun¸c˜ao de fluxo F em (2.23).

A defini¸c˜ao acima implica que em um esquema conservativo a soma das solu¸c˜oes num´ericas no tempo n ´e igual `a soma das solu¸c˜oes num´ericas no tempo n+ 1, isto ´e,

∞ X

i=−∞

uni+1 =

∞ X

i=−∞

uni.

De fato todo esquema num´erico na forma (2.24) ´e conservativo, pois

∞ X

i=−∞

uni+1 =

∞ X

i=−∞

uni R

" X

i=−∞

hni+1/2hni1/2

#

∞ X

i=−∞

uni+1 =

∞ X

i=−∞

uni R . . .+hn1/2+hn1/2+hn3/2 +. . .hn1/2h1n/2hn3/2. . .

∞ X

i=−∞

uni+1 =

∞ X

i=−∞

(46)

Queremos enfatizar que embora desejamos usar esquemas de diferen¸cas conservativos, ´e de fundamental importˆancia que esses esquemas de diferen¸cas sejam consistentes com a equa¸c˜ao diferencial parcial. Observemos que

uni+1un i

∆t

´e uma aproxima¸c˜ao de vt. Assim devemos impor que

h(un

i−p, . . . , uni+q)−h(uin−p−1, . . . , uni+q−1)

∆x

seja uma aproxima¸c˜ao paraFx. Isto leva `a seguinte defini¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 2.1.2 O esquema de diferen¸cas (2.24) ´e consistente com a equa¸c˜ao (2.23) se h(v, . . . , v) =F(v).

2.1.1

Esquemas de Godunov

O m´etodo de Godunov ´e um m´etodo conservativo da forma (2.24), onde as fun¸c˜oes de fluxo num´erico hn

i+1/2 s˜ao obtidas da solu¸c˜ao de problemas de Riemann locais.

Figura 2.2: Malha Computacional do M´etodo de Godunov

Para descrevermos o m´etodo de Godunov precisamos redefinir a discretiza¸c˜ao do dom´ınio, onde dividiremos o eixo na dire¸c˜ao x em intervalos de comprimento ∆xcom centro nos pontos m´edios de cada subintervalo, por exemplo, o intervaloIi+1/2 = [xi, xi+1] ter´a centro no ponto

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