UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
C
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Dissertação submetida à
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
como parte dos requisitos para a obtenção do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA
CARLOS ALBERTO PEREIRA DE QUEIROZ LION FILHO
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Natal RN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
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CARLOS ALBERTO PEREIRA DE QUEIROZ LION FILHO
Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), convênio
com o Centro Federal de Educação Tecnológica da
Bahia (CEFET BA), como requisito para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Mecânica.
Orientador: Profº Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza
Natal RN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DE DESEMPENHO DE UM FOGÃO SOLAR À CONCENTRAÇÃO UTILIZANDO DOIS FOCOS PARA COZIMENTO DIRETO
CARLOS ALBERTO PEREIRA DE QUEIROZ LION FILHO
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA sendo aprovada em sua forma final.
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BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Luiz Guilherme Meira de Souza
José Ubiragi de Lima Mendes
A minha esposa Luciene e meu filho Pedro
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Professor Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza pelo apoio dado às
idéias e pelo incentivo constante.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia e a Universidade Federal do
Rio Grande do Norte pela oportunidade de realização do Mestrado.
Ao Aldo pela colaboração no desenvolvimento das idéias e pela participação em todas
as etapas de execução do protótipo.
A todos que direta ou indiretamente, perto ou distante, presentes ou ausentes,
RESUMO
Apresenta se um modelo de fogão solar à concentração composto por dois segmentos
espelhados, constituindo duas semi parábolas, obtidas através da utilização de fibra de vidro,
aplicada sobre um molde cerâmico, destinado ao cozimento de alimentos para fins
residenciais, urbanos e rurais. O espelhamento das semi parábolas foi obtido através da
utilização de múltiplos segmentos planos de espelho de 2 mm de espessura. A estrutura das
semi parábolas tem mobilidade de movimentos para a correção do movimento aparente do
sol. Serão apresentados detalhes técnicos dos processos de fabricação e montagem e uma
análise das viabilidades, térmica, econômica e de materiais de tal protótipo, que tem uma
conotação social importante e um aspecto primordial, que é o combate a danos ecológicos
proporcionados pela utilização, ainda em larga escala, da lenha para o cozimento dos
alimentos. Comprovou se que é possível o cozimento simultâneo de alimentos de duas
refeições distintas para uma família de quatro pessoas.
ABSTRACT
A model of a solar oven with a reflective surface composed of two mirror segments is
presented, constituting a two semi parabolic surfaces made of fiberglass, applied on a ceramic
mold, intended to be used in residential and commercial cooking. The reflective surface of the
semi parable is obtained with the use of multiple plain segments of 2 mm wide mirrors. The
semi parabolic structure has visible movements that are comparable to that of the sun. The
technical details of the manufacturing and assembling processes will be presented with an
analysis of the viability of thermal, economic, and materials of such prototype. This prototype
has important social implications and primordial aspects, which combats the ecological
damages caused by the wide scale use of firewood during cooking. It has been demonstrated
that the solar oven has the capacity to cook simultaneous two meals distinct for a family of
four.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Mapa da radiação global diária– (Brasil – 1998)... ...21
Figura 2.2 Focalização pontual em função da geometria da superfície refletora ...24
Figura 2.3 Focalização linear em função da geometria da superfície refletora...25
Figura 2.4 Fogão solar tipo caixa construído no LMHES – UFRN ... 31
Figura 2.5 Cozinha solar utilizando fogão concentrador Scheffler ... 32
Figura 2.6 Concentrador retangular (EUA)...32
Figura 2.7 Fogão solar à concentração construído no LES UFPB... 33
Figura 2.8 Refletor parabólico com distância focal reduzida... 33
Figura 2.9 Fogão solar à concentração com superfície refletora composta por 24 segmentos de alumínio polido Espanha... 33
Figura 2.10 Fogão solar esférico reflexivo... 34
Figura 2.11 Fogão solar de geometria alternativa... 34
Figura 2.12 Fogão solar FRESNEL... 34
Figura 2.13 Fogão solar à concentração construído a partir de uma antena parabólica...34
Figura 2.14 Fogão solar à concentração tipo borboleta – Quênia... 35
Figura 2.15 Cozinha Scheffler composta de 84 refletores de 10m2em um cetro de IOGA na Índia... 35
Figura 2.16 Fogão solar construído de estrume e barro com duas parábolas (Nepal).... 36
Figura 2.17 Vistas do fogão solar construído no LMHES – UFRN (a), (b) e (c)... 36
Figura 2.18 Fogão solar construído na Universidade Federal do Ceará... 37
Figura 3.1 Raio da superfície de captação...39
Figura 3.2 Traçado do perfil do parabolóide a partir do centro da circunferência ... 39
Figura 3.3 Traçado do perfil do parabolóide ... 40
Figura 3.4 Perfil do parabolóide... 40
Figura 3.5 Vistas do perfil do parabolóide (a), (b) e (c)... 41
Figura 3.6 Visualização funcional e posição de utilização do parabolóide ...41
Figura 3.7 Perfil padrão para a construção do molde ... 42
Figura 3.8 Estrutura de fixação do perfil padrão... 42
Figura 3.9 Molde de concreto utilizado para obtenção do parabolóide ...43
Figura 3.10 Ferramenta para corte de espelhos ... 44
Figura 3.11 Superfície de espelho... 45
Figura 3.13 Detalhes do mecanismo de acompanhamento do movimento aparente do sol
(a), (b) e (c)... 46
Figura 3.14 Vistas do fogão solar construído no LMHES – UFRN (a), (b) e (c)... 47
Figura 3.15 Curva de calibração do termopar utilizado ... 48
Figura 3.16 Esquema global do processo de conversão da energia solar em energia
térmica ... 49
Figura 3.17 Fluxo de energia do sistema de captação conversão de radiação solar em
energia térmica ... 50
Figura 4.1 Comportamento das temperaturas médias nos focos obtidas no 1° dia de
ensaio com o fogão em estudo ... 60
Figura 4.2 Comportamento da radiação solar global média no 1° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 61
Figura 4.3 Comportamento da radiação solar direta média no 1° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 61
Figura 4.4 Comportamento das temperaturas médias nos focos obtidas no 2° dia de
ensaio com o fogão em estudo... 62
Figura 4.5 Comportamento da radiação solar direta média no 2° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 62
Figura 4.6 Comportamento da radiação solar global média no 2° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 63
Figura 4.7 Comportamento das temperaturas médias nos focos obtidas no 3° dia de
ensaio com o fogão em estudo... 64
Figura 4.8 Comportamento da radiação solar global média no 3° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 64
Figura 4.9 Comportamento da radiação solar direta média no 3° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 65
Figura 4.10 Comportamento das temperaturas médias nos focos obtidas no 4° dia de
ensaio com o fogão em estudo... 66
Figura 4.11 Comportamento da radiação solar global média no 4° dia de ensaio com o
fogão em estudo... 66
Figura 4.12 Comportamento da radiação solar direta média no 4° dia de ensaio com o
Figura 4.13 Comportamento das temperaturas médias nos focos obtidas no 5° dia de
ensaio com o fogão em estudo ... 68
Figura 4.14 Comportamento da radiação solar global média no 5° dia de ensaio com o
fogão em estudo ... 68
Figura 4.15 Comportamento da radiação solar direta média no 5° dia de ensaio com o
fogão em estudo ... 69
Figura 4.16 Comportamento das temperaturas médias nos focos obtidas no 6° dia de
ensaio com o fogão em estudo... 70
Figura 4.17 Comportamento da radiação solar global média no 6° dia de ensaio com o
fogão em estudo ... 70
Figura 4.18 Comportamento da radiação solar direta média no 6° dia de ensaio com o
fogão em estudo ... 71
Figura 4.19 Comportamento das temperaturas médias nos dois focos em todos os dias de
ensaio ... 72
Figura 4.20 Comportamento da radiação global média em todos os dias de ensaio... 72
Figura 4.21 Comportamento das temperaturas máximas atingidas nos dois focos durante
todos os dias de ensaio... 73
Figura 4.22 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 08:00 às
09:00 em todos os dias de ensaio... 76
Figura 4.23 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 09:00 às
10:00 em todos os dias de ensaio...76
Figura 4.24 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 10:00 às
11:00 em todos os dias de ensaio... 77
Figura 4.25 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 11:00 às
12:00 em todos os dias de ensaio ... 77
Figura 4.26 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 12:00 às
13:00 em todos os dias de ensaio... 78
Figura 4.27 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 13:00 às
14:00 em todos os dias de ensaio... 78
Figura 4.28 Comportamento das temperaturas médias do foco1 no horário de 14:00 às
15:00 em todos os dias de ensaio...79
Figura 4.29 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 08:00 às
Figura 4.30 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 09:00 às
10:00 em todos os dias de ensaio... 80
Figura 4.31 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 10:00 às
11:00 em todos os dias de ensaio... 80
Figura 4.32 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 11:00 às
12:00 em todos os dias de ensaio... 81
Figura 4.33 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 12:00 às
13:00 em todos os dias de ensaio... 81
Figura 4.34 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 13:00 às
14:00 em todos os dias de ensaio... 82
Figura 4.35 Comportamento das temperaturas médias do foco2 no horário de 14:00 às
15:00 em todos os dias de ensaio... 82
Figura 4.36 Comportamento das temperaturas médias horárias por foco em função do
tempo durante os seis dias de ensaio... 83
Figura 4.37 Comportamento da radiação direta em função do tempo durante os seis dias
de ensaio... 83
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Fatores de concentração e numero anual de ajustes do concentrador ...26
Tabela 4.1 Evolução da temperatura da água para o teste de ebulição de no dia 1...57
Tabela 4.2 Evolução da temperatura da água para o teste de ebulição de no dia 2...58
Tabela 4.3 Evolução da temperatura da água para o teste de ebulição de no dia 3... 58
Tabela 4.4 Evolução da temperatura da água para o teste de ebulição de no dia 4... 58
Tabela 4.5 Tempo de ebulição da água em função das irradiações médias... 59
Tabela 4.6 Dados obtidos no 1º dia de ensaio com o fogão solar... 60
Tabela 4.7 Dados obtidos no 2º dia de ensaio com o fogão solar... 61
Tabela 4.8 Dados obtidos no 3º dia de ensaio com o fogão solar ... 63
Tabela 4.9 Dados obtidos no 4º dia de ensaio com o fogão solar...65
Tabela 4.10 Dados obtidos no 5º dia de ensaio com o fogão solar ... 67
Tabela 4.11 Dados obtidos no 6º dia de ensaio com o fogão solar... 69
Tabela 4.12 Dados médios gerais de todos os dias de ensaio... 71
Tabela 4.13 Dados médios horários de temperatura obtidos no foco 1 durante a realização do teste... 75
Tabela 4.14 Dados médios horários de temperatura obtidos no foco 2 durante a realização do teste... 75
NOMENCLATURA
ηo Eficiência ótica do sistema de captação da energia solar
ηt Eficiência de conversão térmica
ηu Eficiência útil de conversão
ηG Eficiência global do sistema
ρ Refletividade do concentrador (%)
αp Absortividade da panela (%)
αa Absortividade do absorvedor (%)
ε Emissividade do absorvedor
σ Constante de Stefan Boltzmann cujo valor é 5,67 x 108W/m2K4
Ic Radiação instantânea coletada pelo sistema de captação (W/m2)
Ac área da superfície de coleção de energia solar (m2)
Ar Área iluminada do absorvedor (m2)
Qu Potencia térmica útil (W)
Tabe Ta Temperatura do fluido termodinâmico no absorvedor e no ambiente (K)
Au Área útil do concentrador (m2)
krd Fração da radiação refletida que é absorvida pela panela (%)
Pabs Potencia máxima absorvida pela panela (W)
Pperdas Potencia perdida, perda no sistema (W)
U Coeficiente de perdas (W/m2. K)
Tep Temperatura externa da panela (K)
re Raio externo da panela (m)
ri Raio interno da panela (m)
Kiso Condutibilidade térmica do isolamento (W/m2. K)
hce Coeficiente de convecção entre a superfície externa da panela e o ar ambiente
(W/m2. K)
Kar Condutividade térmica do ar (W/m2. K)
L Altura da panela (m)
Numero de Rayleigh
Tfoco Temperatura no foco (K)
T Temperatura teórica no foco do concentrador (K)
Tagua Temperatura da água (K)
Afoco Área do foco (m2)
C Fator de concentração solar
Qe Calor entregue a panela (W)
Qp(dcr) Calor perdido por condução, convecção e radiação (W)
Qu Potência térmica útil (W)
SUMARIO
1 INTRODUÇÃO... .... 16
1.1 Apresentação do Trabalho... 17
1.2 Objetivos... 18
1.2.1 Objetivo Geral... ...18
1.2.2 Objetivos específicos... ...18
2 ESTADO DA ARTE... 20
2.1 A Energia Solar... 20
2.2 Potencial Solar...22
2.3 Processos de Aproveitamento... 23
2.4 Os Coletores de Média Concentração... 24
2.5 O Uso do Fogão Solar...26
2.5.1 Histórico...27
2.5.2 Vantagens do uso dos fogões solares na zona rural...28
2.5.3 Tipos de fogões solares...29
2.5.3.1 Fogão tipo caixa... ...30
2.5.3.2 Fogão concentrador...31
2.5.3.3 Cozinhas aquecidas por coletores de placa plana...37
3 MATERIAIS E MÉTODOS... 38
3.1 Processos de Fabricação e Montagem do Fogão Solar Proposto... 38
3.2 Metodologia dos Ensaios... 47
3.3 Fundamentação Teórica... 49
4 ANÁLISES DOS RESULTADOS... 55
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES... 86
5.1 Conclusões... 86
5.2 Sugestões... 87
1. INTRODUÇÃO
A energia, nas suas mais diversas formas, é indispensável à sobrevivência da espécie
humana. Mais do que sobreviver, o homem procurou sempre evoluir, descobrindo fontes e
formas alternativas de adaptação ao ambiente em que vive e de atendimento às suas
necessidades.
Não obstante, o aumento das necessidades energéticas da sociedade atual e a
importância do impacto da política adotada para a sociedade e o meio ambiente leva nos a
optar por uma fonte de energia que possa suprir as necessidades da humanidade de forma
inesgotável e servir de base para um desenvolvimento sustentável.
Posto que a exaustão, escassez ou inconveniência de um dado recurso tende a ser
compensada pelo surgimento de outro, a busca de fontes de energia alternativas, em especial
renováveis e não poluentes, como a solar e a eólica assume crucial importância.
Sendo assim, diversos países já investem na opção solar, investigando desde as
características do fluxo de radiação que chega a Terra até a tecnologia necessária para
viabilizar, em termos técnicos e econômicos, o aproveitamento dessa energia.
O Brasil também participa dessa 'corrida' para o futuro, com estudos como, por
exemplo, a avaliação da eficácia de pequenos módulos solares em regiões remotas e o
mapeamento do potencial energético solar existente no país, indispensável ao estabelecimento
de uma política nacional para o setor.
Nessa perspectiva, uma aplicação térmica das mais simples é o fogão solar, usado na
cocção de alimentos. Seu emprego encontra aplicação na zona rural das regiões áridas e semi
áridas do Brasil onde a extração de lenha para obtenção de energia térmica assume valores
significativos.
Considerando a população nordestina da zona rural estimada em 17.000.000 de
habitantes (IBGE, 2000), o emprego do fogão solar representaria uma redução significativa na
extração de lenha para a cocção de alimentos.
Vale ressaltar que se apenas 30% desta população empregasse o fogão solar, isto
significaria uma redução anual de 5.370.000 metros cúbicos de lenha das florestas tropicais
brasileiras.
Para que o fogão solar possa realmente ocupar o seu espaço na sociedade é necessário
os cuidados que a ele devem ser dispensados para que possa realmente operar
satisfatoriamente.
Portanto, faz se necessária a pesquisa e o desenvolvimento de métodos capazes de
estabelecer soluções técnicas e economicamente viáveis para o uso de recursos renováveis
pelos setores mais distantes dos grandes centros que, economicamente incapazes da aquisição
de equipamentos oferecidos pelo mercado formal, permanecem à margem do
desenvolvimento econômico e social.
1.1. Apresentação do trabalho
A presente dissertação visa demonstrar a viabilidade da utilização de fogões solares
à concentração compostos por dois focos, podendo ser caracterizado como pesquisa aplicada
em fontes de energias alternativas, em zona rural ou urbana.
Objetivando proporcionar o cozimento simultâneo em duas panelas, construiu se um
modelo de fogão solar cuja principal característica é a utilização de dois focos,
proporcionando a obtenção do cozimento mais rápido de uma refeição, o que representa um
diferencial de inovação tecnológica em relação aos fogões a concentração convencionais que
têm apenas um foco, o que permite apenas o cozimento de um alimento de cada vez.
Outras características desse fogão projetado e construído são a facilidade de
fabricação e montagem, o baixo custo e a simplicidade no mecanismo de movimentação e
acompanhamento da luz solar direta. Apesar de apresentar uma área relativamente grande seu
peso não é significativo e os segmentos parabólicos e a estrutura podem ser desmontados para
facilitar seu transporte.
No que diz respeito a experiências locais já foram desenvolvidas, construídas e
testadas várias gerações de fogões solares ao longo dos últimos vinte anos, com várias
geometrias e utilizando se diferentes tipos de materiais.
O principal foco do processo construtivo de tal protótipo consistiu na escolha da
curva do parabolóide, no traçado e nos métodos construtivos e de montagem do produto final
uma vez que o rendimento ótico é uma conseqüência direta da correta conjunção de tais
fatores.
Outro aspecto importante para a obtenção de um perfil otimizado do parabolóide
real da curva, ferramenta principal para a sua reprodução em uma peça metálica a ser utilizada
para a confecção do molde.
Outro fator que diferencia o presente projeto dos demais é a área de cada espelho
utilizado para a composição da superfície refletora e a sua geometria. Os fogões solares
concentradores apresentados pela literatura são compostos por segmentos de espelhos de
dimensões bem maiores que as utilizadas nesse trabalho. Isso permite a obtenção de uma área
focal menor, produzindo, por conseguinte, um maior fator de concentração e gerando maiores
temperaturas na região focal.
O projeto original, cujo desenho da parábola foi feito através do uso do AUTOCAD,
previa uma área de 1,2 m2, para cada segmento, foi mudado uma vez que constatou se que as
dimensões finais de tal fogão exigiriam uma estrutura de grande porte e complexidade para a
garantia do acompanhamento do movimento aparente do sol. Diante de tal constatação foi
feita uma única parábola de 1,5m2 e em seguida foi bipartida, ficando cada segmento de
parábola com área de 0,75m2.
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo geral
Demonstrar as viabilidades térmicas, econômicas e de materiais do fogão solar bifocal
projetado para a amenização do problema gerado com a utilização massiva de lenha para a
cocção de alimentos, principalmente na zona rural, bem como, sua competitividade em
relação a outros fogões solares mostrados pela literatura.
1.2.2. Objetivos específicos
• Projetar um fogão solar com dois focos à concentração a partir do estudo de fogões
com apenas um foco;
•Construir um fogão solar com dois focos à concentração;
• Descrever e analisar todas as etapas do seu processo construtivo;
• Ensaiar tal protótipo para vários tipos de alimentos, comparando o tempo de
• Demonstrar as facilidades de montagem, desmontagem e transporte do protótipo
construído;
2. ESTADO DA ARTE
Como o presente trabalho tem como objeto de estudo um fogão solar à concentração
compostos por dois focos, far se á agora uma revisão bibliográfica sobre a importância da
fonte energética solar, como também a respeito do uso de fogões solares como elemento de
promoção social e de combate ao desequilíbrio ecológico e, ainda, sobre os coletores de
média concentração, nos quais estão inseridos os fogões solares, mostrando exemplos de suas
aplicações em todo o mundo. (QUEIROZ, 2005; SOUZA, 2002; SOUZA, 2004; SOUZA,
2005; MELO, 2006).
2.1 A energia solar
O Sol é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de energia. Em
outras palavras, as fontes de energia são, em última instância, derivadas da energia do Sol.
O aproveitamento dessa energia, inesgotável na escala terrestre de tempo, tanto como
fonte de calor quanto de luz, é atualmente uma das alternativas energéticas mais promissoras
para enfrentarmos os novos desafios.
O Sol fornece anualmente 1,5 x 1018 kWh de energia para a atmosfera terrestre,
correspondendo a 10000 vezes o consumo mundial de energia no mesmo período de tempo.
Os países tropicais, devido a suas posições geográficas, possuem grande potencial
energético, sendo, portanto, bastante favoráveis ao uso de equipamentos solares. O Brasil,
como mostra a figura 2.1, possui significativo potencial solar com disponibilidade equivalente
Figura 2.1 – Mapa da radiação global diária – media anual típica (Wh/m2.dia) Atlas de Irradiação Solar no
Brasil. 1998 (adaptado).
A radiação solar constitui se numa inesgotável fonte energética, esse fato indica que
além de ser responsável pela manutenção da vida terrestre, tem também um grande potencial
de utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outras formas de energia.
Exemplo disso é a evaporação, processo que ocorre a partir da energia do Sol, e que
possibilita o represamento das águas e a conseqüente geração hidroelétrica. Assim como
também a energia eólica utiliza se da radiação solar quando induz a circulação atmosférica em
larga escala, causando os ventos.
Resíduos de plantas e animais que, originalmente, obtiveram a energia necessária ao
seu desenvolvimento da radiação solar, possibilitaram o surgimento de petróleo, carvão e gás
Portanto, apesar da radiação solar ser convertida em diversos outros tipos de energia, o
termo "Energia Solar" muitas vezes é utilizado para expressar somente as formas de
aproveitamento da radiação solar direta.
O aproveitamento dessa radiação pode ser dividido, conforme a aplicação, segundo
quatro grupos distintos: aplicações térmicas em geral, obtenção de força motriz diversa,
obtenção de eletricidade e obtenção de energia química.
Aplicações térmicas são aquelas onde a forma de energia necessária ao processo final
é o calor, como aquecimento de água, destilação, secagem de frutas e grãos, refrigeração por
absorção e adsorção, calefação e o cozimento de alimentos através de fogões solares.
Para obter energia mecânica para tarefas específicas como bombeamento d’água,
irrigação, moagem de grãos, entre outras, as duas formas de obtenção mais comuns são a
obtenção de eletricidade por painéis fotovoltaicos e posterior alimentação de um motor
elétrico ou, através da conversão térmica e alimentação de um motor de ciclo térmico.
Na obtenção de eletricidade, os métodos de conversão mais utilizados são a conversão
termoelétrica indireta que utiliza o efeito da termoconversão para obtenção de calor e
acionamento de uma máquina térmica; conversão termoelétrica direta, onde vários fenômenos
conhecidos permitem que a energia solar seja convertida diretamente em eletricidade e a
conversão fotovoltaica cujos princípios da são conhecidos há bastante tempo embora seu uso
só se intensificou após 1958 com os programas espaciais, onde as fotocélulas obtiveram
bastante êxito como fonte de energia em satélites, dominando totalmente essa aplicação.
Instalações terrestres se seguiram e atualmente os painéis fotovoltaicos são bastante
difundidos, e as eficiências das células fotovoltaicas tem crescido significativamente nos
últimos anos, já atingindo 40% na Alemanha, o que viabiliza de sobremaneira tal aplicação.
Finalmente, a energia solar pode ser aplicada a sistemas que produzam diretamente
energia química, o que representa um grande atrativo em função das vantagens inerentes aos
combustíveis como sua grande densidade energética, facilidade de distribuição e de
transporte, boa adequação à aplicação nos transportes e permitir armazenamento sem
degradação por longos períodos, compensando variações sazonais de produção.
2.2 Potencial solar
Cada metro quadrado da superfície do sol emite cerca de 62,8 MW de energia
reações de fusão termonucleares que ocorrem no núcleo do Sol causando uma diminuição em
sua massa da ordem de 4,25 milhões de toneladas em cada segundo. Embora esse dado seja
avaliado como uma perda inimaginável, seriam necessários 147 bilhões de anos (a idade de
nosso sistema solar é estimada em 8 bilhões de anos) de atividade solar, neste mesmo ritmo,
para que a sua massa sofresse uma diminuição de um por cento (1%) (QUEIROZ, 2005). Para
se ter uma idéia de tal potencial basta que se faça a seguinte análise (QUEIROZ, 2005):
Considere se que a Terra recebe do sol, ao nível do solo, no máximo 1kW/m2, de
radiação eletromagnética, embora possa atingir maiores picos em algumas localidades.
Excluídas as regiões Ártica e Antártica, ela recebe em média cerca de3,6 kWh/m2. Dia. As
massas continentais, excluídas as regiões Ártica e Antártica, possuem uma área em torno de
132,5 x 1012 m2. Portanto, a incidência solar sobre essas massas continentais é 4,77 x 108
GWh/dia. Logo, a incidência em um ano é de1,74 X 1011GWh.
Considerando se que o consumo energético anual atual corresponde a1,5 x 108GWh,
conclui se que a energia solar disponível nas massas continentais representa mais de 1.000
vezes o consumo de energia da humanidade. Isso equivale a dizer que menos de 1% da
energia solar disponível nas massas continentais seria suficiente para suprir de energia a
humanidade. Considerando se toda a área da Terra, a disponibilidade aumenta para 1,02 X
1013GWh.
2.3 Processos de aproveitamento
Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais usados atualmente são
o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia elétrica. No Brasil, o primeiro é
mais encontrado nas regiões Sul e Sudeste, devido a características climáticas, e o segundo,
nas regiões Norte e Nordeste, em comunidades isoladas da rede de energia elétrica.
A geração fotovoltaica tem um grande potencial e parece ser um dos mais atrativos
modos de obtenção de energia no futuro. Os sistemas fotovoltaicos são atualmente mais
confiáveis e econômicos que muitas outras tecnologias energéticas por serem independentes,
descentralizados e pelas alternativas de aplicabilidade, gerando uma gama de produtos para
consumo.
Os métodos para a geração de potência térmica solar são essencialmente os mesmos
combustível fóssil, usa se a radiação eletromagnética produzida pelo sol. A faixa de
temperatura requerida para aplicações domésticas e comerciais pode ser coberta com as
tecnologias disponíveis de conversão da energia solar em energia térmica.
2.4 Os coletores solares de média concentração
Os coletores de média concentração permitem obter uma zona fortemente iluminada
denominada de foco, na qual estão posicionados os absorvedores. As superfícies cilíndricas
ou cilíndrico parabólicas permitem obter foco linear e as superfícies esféricas, semi esféricas
e parabolóides produzem focos pontuais. As superfícies cônicas dão também origem a focos
lineares, assim como as superfícies parabólicas formadas por segmentos de espelhos planos
tencionados, permitem a obtenção de focos pontuais (QUEIROZ, 2005) As Figuras 2.2 e 2.3,
apresentam, respectivamente e esquematicamente, o principio de focalização pontual e linear
em função da geometria do coletor.
Figura 2.2 – Focalização pontual em função da geometria da superfície refletora. Dissertação de
Figura 2.3 – Focalização linear em função da geometria da superfície refletora. Dissertação de mestrado de
Queiroz, 2005.
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GRUPO I
a) CILÍNDRICA;
b) CILINDRO PARABÓLICA;
c) TRONCO CÔNICA;
d) TRONCO CÔNICA SUCESSIVAS;
e) ENVOLVENTE DE CÍRCULO.
GRUPO II
a) SEMI ESFÉRICA;
b) PARABÓLICA;
As geometrias do grupo I são coletores de focalização linear. O grupo II define os
coletores de focalização pontual.
O princípio de funcionamento destes coletores é o de concentrar radiação solar
mediante procedimentos ópticos, antes de sua transformação em calor. Dessa forma, a
radiação solar incidente no concentrador através de uma superfície é refletida, sendo refratada
ou absorvida por uma superfície menor, para em seguida ser transformada em energia térmica.
Os coletores concentradores podem ser classificados em função do fator de
concentração solar, definido pela relação mostrada a seguir.
absorvedor do
iluminada Área
ética eletromagn energia
da captação de
Área
C=
De acordo com esse parâmetro os concentradores dividem se em
De alta concentração (C > 10)
São os que mediante dispositivos especiais e precisos de foco e seguimento da trajetória solar,
alcançam no receptor uma alta densidade de energia.
De média e baixa concentração (2 < C≤10)
São os que não requerem dispositivos especiais de focalização e seguimento permanente da
trajetória do sol. Exigem apenas a modificação de seu posicionamento em relação ao sol
algumas vezes por ano, função de C, como mostrado na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 Fatores de concentração e numero anual de ajustes do concentrador. Dissertação de mestrado
de Queiroz, 2005.
Fator de concentração Ajustes
C = 2 a 3 4 vezes por ano
C > 3 a 6 8 vezes por ano
C = 10 80 vezes por ano.
Os coletores concentradores parabólicos por reflexão são formados por uma superfície
parabólica refletora (espelho, alumínio anodizado, etc.) que capta a radiação solar e a
concentra no foco. Os raios refletidos são enviados a um elemento receptor, que os absorve,
2.5 O uso do fogão solar
2.5.1 Histórico
Desde a mais remota antiguidade os povos utilizam a energia do sol para aquecer água
, secar frutas e cozer vegetais.
A primeira cozinha solar com tecnologia moderna se atribui ao franco suíço Horace de
Suassure, que construiu uma pequena caixa solar, entre outros inventos relacionados com esta
fonte de energia. A cozinha solar de Horace constava de duas caixas de madeira de pinho,
uma dentro da outra, isoladas com lã e tinha três coberturas de vidro.
O astrônomo britânico John Herschel utilizou uma cozinha solar de sua invenção
durante sua viagem ao sul da África, em 1830.
Também no século XIX, Adams experimentou na Índia diversos artefatos solares com
bastante êxito. Até o ano de 1860 , Mouchot, na Argélia, cozinhou com um refletor curvado,
concentrando os raios solares sobre uma pequena panela.
Em 1881 Samuel P.Langley utilizou uma cozinha solar durante a subida ao monte
Whitney nos Estados Unidos.
Charles Abbot desenhou um espelho concentrador e conseguiu alcançar com a mesma
temperatura em torno de 200°C. Esquentava azeite, retendo parte do calor por várias horas
após o por do sol, conseguindo cozinhar alguns alimentos durante a noite.
Com a chegada do século XX, a utilização massiva pelos combustíveis fósseis, como
também a possibilidade de obtenção de energia abundante e relativamente barata em quase
todas as camadas da população, o mundo industrializado esqueceu as antigas e simples
técnicas naturais e somente no último terço desse século quando começaram a surgir os
problemas resultantes da distribuição dos produtos petrolíferos e pela crescente contaminação
dos seus derivados, a energia solar voltou a ser a ser usada ainda que de forma incipiente.
Em 1960 um estudo da ONU foi publicado para avaliar as reais possibilidades de
implantação e desenvolvimento das cozinhas solares nos países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento. A conclusão dessa publicação foi que as cozinhas eram viáveis e que era
preciso apenas uma mudança nos costumes para uma adaptação a sua utilização em grande
Nessa busca de fazer do fogão solar uma opção real para uma utilização massiva para
a cocção de alimentos não se pode deixar de citar os esforços da engenheira Maria Telkes
(1900 1995) que criou inúmeros desenhos de cozinhas solares, que se caracterizavam pela
fácil construção e baixo custo, viáveis, portanto, para serem utilizadas em países pobres.
A China e posteriormente a Índia já nessa época fizeram enormes esforços para
distribuírem um número elevado de cozinhas solares para a população.
Em 1970 Sherry Cole e Bárbara Kerr desenvolveram no Arizona vários modelos de
fogões solares que receberam grande aceitação em função de seus baixos preços.
Simultaneamente,Dan Halacy, um pioneiro no campo da energia solar, fabricou e 1968 a
cozinha solar 30 60, chamada assim porque sua construção se baseava em ângulos cujas
medidas em graus eram essas.
Nos anos 80 houve a popularização do , de Sam Erwin. Era o mais eficiente
forno solar doméstico. Mais simples era o de Bud Clevette, juntamente com o
, que alcançou uma maior difusão.
Em 1992 a associação promoveu a Primeira Conferência
Mundial sobre a Cozinha Solar, um acontecimento histórico que reuniu pesquisadores e
entusiastas de 18 países. Essa Conferência repetiu se em 1995, 1997 e recentemente em 2006,
na Espanha.
No Brasil o estudo de fogões solares teve pioneirismo no Laboratório de Energia Solar
da Universidade Federal da Paraíba, na década de 80, através do Prof. Arnaldo Moura
Bezerra, que construiu vários tipos de Fogões à Concentração, utilizando materiais diversos
para a superfície refletora dos parabolóides.
No LES/UFRN essa linha de pesquisa tem merecido destaque já tendo sido objeto de
uma dissertação de mestrado, vários trabalhos científicos e em andamento duas outras
dissertações de mestrado. Já foram construídas várias versões de fogões a concentração e do
tipo caixa.
2.5.2 Vantagens do uso dos fogões solares na zona rural
No sertão nordestino assolado pelas secas, o sertanejo sofre com a fome e a sede
promete reverter ou ao menos amenizar essa situação possibilitando ao sertanejo uma melhor
condição de vida.
Aproveitando a energia que vem do sol, o fogão transforma a irradiação solar em
calor para o preparo de alimentos, reduzindo o esforço do sertanejo na busca de lenha para o
preparo de seu alimento e, ainda, contribuindo para a preservação da natureza, possibilitando
o aumento da capacidade de remoção do dióxido de carbono da atmosfera e a redução das
concentrações deste gás de estufa na atmosfera.
Segundo o engenheiro Arnaldo Moura Bezerra (2001), 30% da madeira retirada da
caatinga do nordeste brasileiro transformam se em lenha para cozimento de alimentos. Com a
utilização dos fogões solares será possível economizar até 55% dessa lenha evitando o
desmatamento.
Esse mesmo autor informa que a principal vantagem do uso do fogão solar é a
disponibilidade de energia gratuita e abundante, além da ausência de chamas, fumaça, perigo
de explosão e incêndios.
Atualmente, a maioria dos fogões solares possui concentradores que são normalmente
constituídos de captadores de forma parabólica, semi esférica, cilindro parabólica, cônica e
tronco cônica, onde a energia calorífica é concentrada na zona focal sendo suficiente para
fornecer as calorias necessárias à ebulição da água, cozinhar, assar, fritar e aquecer alimentos.
Para que possam ter bom desempenho, estes sistemas necessitam de radiação direta, céu claro
e sem nebulosidades.
Existem, contudo, estudos de cozinhas solares conhecidas como "cozinhas energizadas" onde não se faz necessariamente preciso a utilização do brilho solar. Estes estudos, no entanto, conduzem ainda a projetos dispendiosos, o que não nos anima a desenvolvê los por se encontrarem de encontro à filosofia adotada, qual seja a de projetar e desenvolver fogões robustos, simples, de baixo custo e eficientes, mais especificamente destinados à prática do "camping" e com maiores simplificações, para serem utilizados e até mesmo construídos pelas populações rurais de baixa renda. (BEZERRA,2000)
Portanto, a utilização sistemática do fogão solar beneficiará seus usuários, sobretudo,
os de baixa renda que vivem nas zonas rurais. Assim como o seu uso freqüente representará
uma valiosa contribuição à flora e fauna brasileiras, tão comprometidas pelo desmatamento na
busca de lenha, gravetos e outros materiais destinados à produção de energia térmica.
Os fogões solares são dispositivos especiais que por intermédio da luz solar serve para
o cozimento de alimentos e outras utilidades. Classificam se em três tipos básicos; cozinhas
do tipo caixa, cozinhas concentradoras e cozinhas aquecidas por meio de coletores de placa
plana (SOUZA, ., 2005)
2.5.3.1 Fogão tipo caixa
Esse tipo de fogão pode ter distintos números de refletores externos, planos ou
levemente côncavos. Caracteriza se por permitir a obtenção de temperaturas em torno de
150°C. Demora a aquecer e sua operacionalidade não é muito simples. Tem a vantagem de
poder funcionar praticamente sem a intervenção do usuário, mantendo o alimento aquecido
durante um tempo prolongado. Não produz efeitos danosos ao usuário nem por contemplação
nem por reflexão. São estáveis e não apresentam riscos pela produção de chamas, não
gerando, portanto, susceptibilidade a queimaduras.
São construídos com materiais de baixo custo, ainda que seja improvável seu uso para
todos os dias do ano. Pode se construir modelos de fácil transporte, leves e dobráveis.
É possível estar acoplado a um sistema auxiliar que utiliza gás como combustível.
Pode se retirar a comida e completar o seu cozimento por via tradicional no caso do céu estar
nublado. Algumas experiências têm demonstrado que muitos processos de cocção podem
realizar se a 75°C, durante mais de duas horas (www.solarcooking.org).
Esse tipo de fogão encontra ampla aplicação em todo o mundo, principalmente na Ásia
e África, destacando se a Índia e a China, como sendo os países que mais têm investido em
programas sociais que viabilizam a construção de fogões solares a baixo custo, para uma
utilização significativa por parte de seu povo.
Uma vantagem, está no fato de que as pessoas ao adquirirem o produto depois de um
curto período aprendem como fazer suas próprias cozinhas. Elas atingem diversos níveis de
temperatura podendo até ultrapassar os 150oC dependendo do projeto e podem ser utilizadas
não só para cozinhar como para pasteurizar água potável e esterilizar equipamentos médicos
(http://www.solare bruecke.org/info_s.htm),
No LMHES da UFRN, já foram construídos e testados três modelos de fogões do tipo
Figura 2.4 Fogão solar tipo caixa construído no LMHES – UFRN, utilizando material compósito.
2.5.3.2 Fogão concentrador
São dispositivos que captam a radiação solar e a concentram numa região focal, onde
se posiciona o absorvedor ou panela, onde se realiza a cocção dos alimentos.
Têm como desvantagens a necessidade de luz solar direta; mecanismo de
acompanhamento da trajetória do sol com reorientação a cada 30 minutos; esfriamento rápido
do alimento se há desvio de foco ou nebulosidade acentuada; instável a ventos; risco de fogo
ou queimaduras; danos aos usuários por raios refletidos e o fato de ficar exposto ao tempo.
Em contrapartida têm a possibilidade de alcançar altas temperaturas, o que permite realizar
frituras ou assados.
Nas figuras de 2.5 a 2.16 são mostrados alguns tipos de fogões concentradores que são
usados em todo o mundo, destacando se na figura 2.17 o fogão solar, construído no (LHMES)
Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar da UFRN, objeto de Dissertação de
Mestrado no PPGEM/UFRN, que serviu como base de comparação ao fogão proposto. (www.
Figura 2.5 Cozinha solar utilizando fogão concentrador Scheffler.
Figura 2.7 – Fogão solar à concentração Figura 2.8 – Refletor parabólico com
construído no LES da UFPB. distância focal reduzida (EUA).
.
.Figura 2.9 – Fogão solar à concentração com superfície refletora composta por 24 segmentos de alumínio
Figura 2.10 O Fogão solar Figura 2.11 – Fogão solar de geometria alternativa.
esférico reflexivo.
Figura 2.12 Fogão solar FRESNEL.
Figura 2.13 – Fogão solar à concentração
Figura 2.14 – Fogão solar à concentração tipo borboleta – Quênia.
Figura 2.16 Fogão solar construído de estrume e barro com duas parábolas (Nepal).
(a) (b)
(c)
2.5.3.3 Cozinhas aquecidas por coletores de placa plana
Os fornos equipados com coletores de placa plana são cozinhas aquecidas por meio de
coletores desse tipo. Existem modelos que têm dois ou três refletores planos, podem operar
com óleo ou ar como fluido de trabalho e podem ter até duas panelas cada uma. Podem contar
com sistema acumulador de calor.
Suas desvantagens estão relacionadas à necessidade de utilização de uma grande
estrutura, seu peso, dificuldade de transporte e maior custo que os outros tipos, principalmente
nos modelos que usam fluido de trabalho e placa de armazenamento de calor importado como
é o caso do modelo em estudo na UFCE, mostrado na Fig. 2.18.
Suas vantagens residem no fato da facilidade de uso e a possibilidade de poder
cozinhar na sombra. Não é necessária sua reorientação; funcionam sem a intervenção do
usuário, mantendo quente o alimento durante longo tempo; não produzem chama; são estáveis
e não oferecem riscos de fogo ou queimaduras. Podem ser feitas de grandes tamanhos, para
atender até as instituições, hotéis, hospitais entre outros (SILVA, 2002).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Um aspecto que mereceu atenção para a fabricação do parabolóide foi o desenho em
tamanho real da curva parabólica, ferramenta principal para a reprodução dessa curva em uma
peça metálica a ser utilizada para a confecção do molde. Para essa etapa, se fez necessário à
construção de um dispositivo semelhante a um compasso, que possibilitou a moldagem e
acabamento preciso, do parabolóide, em concreto. Isso representou uma importante etapa na
fabricação do parabolóide.
Outro fator que diferencia o presente projeto dos demais é a área de cada espelho
utilizado para a composição da superfície refletora e a sua geometria, cuja área é menor que as
mostradas pela literatura.
Procurou se dar simplicidade ao mecanismo de acompanhamento da radiação direta do
sol, que é feito através de simples regulagem manual.
3.1 Processos de fabricação e montagem do fogão solar proposto
Para a construção do fogão solar proposto utilizaram se os seguintes procedimentos:
• Projeto das dimensões do parabolóide
As dimensões do fogão foram definidas com a finalidade de obter se uma parábola
com área de reflexão igual a 1,5 m2: diâmetro igual a 1,5 m e distância focal igual a 0,75 m,
posteriormente dividida em duas partes iguais.
• Desenho da parábola refletora usando a ferramenta Autocad
De acordo com a seqüência apresentada através da Figura 3.1, inicia se com o desenho
Figura 3.1 – Raio da superfície de captação
Dividindo se o segmento mostrado, que é igual ao raio do parabolóide, em partes
iguais, traçam se segmentos de retas unindo os pontos ao foco e em seguida desenha se retas
perpendiculares a cada extremidade das retas que unem ao foco, obtendo se, dessa forma, o
perfil do parabolóide, como mostrado na figura 3.2.
Somente nos casos em que o projeto do parabolóide prevê uma distancia focal igual ao
raio da superfície de captação de energia solar pode ser utilizado um método auxiliar para a
determinação do perfil da curva geratriz do parabolóide e procede se da seguinte forma:
tomando se os pontos (AOB), Figura 3.3, e traçando se uma circunferência passando pelos
referidos pontos chega se ao perfil desejado com uma boa margem de precisão, Figura 3.4.
Figura 3.3 – Traçado do perfil do parabolóide
Figura 3.4 – Perfil do parabolóide
Nas figuras 3.5 (a), (b) e (c) são apresentadas vistas do parabolóide construído através
(a)
(b) (c)
Figura 3.5 – Vistas do perfil do parabolóide
Nas figuras 3.6 (a), (b) e (c) são apresentadas vistas das radiações incidentes do
parabolóide.
Figura 3.6 – Visualização funcional e posição de utilização do parabolóide.
• Fabricação do perfil padrão para a construção do molde
A Figura 3.7 mostra o perfil da parábola reproduzido em uma chapa de aço para a
construção do molde visando à otimização de seu processo de obtenção.
Figura 3.7 – Perfil padrão para a construção do molde.
• Confecção da estrutura de fixação do perfil padrão
Foi construída uma estrutura para a fixação do perfil padrão, em aço 1020, que
Figura 3.8 – Estrutura de fixação do perfil padrão.
• Confecção da estrutura de fixação para cada parte do parabolóide
A
AAeeessstttrrruuutttuuurrraaadddeeefffiiixxxaaaçççãããooopppaaarrraaaaaasssddduuuaaassspppaaarrrttteeesssdddooopppaaarrraaabbbooolllóóóiiidddeeefffoooiiicccooonnnssstttrrruuuííídddaaa
u
uutttiiillliiizzzaaannndddooossseeeaaaçççoooeeemmmfffooorrrmmmaaadddeeebbbaaarrrrrraaaccchhhaaatttaaa...
• Construção do Molde
O molde foi confeccionado em concreto e recebeu cobertura de massa corrida e tinta
impermeabilizante. A estrutura do perfil padrão fixava se ao molde através de um orifício no
centro do mesmo. A Figura 3.9 mostra o molde de concreto obtido acoplado à estrutura de
fixação.
Figura 3.9 – Molde de concreto utilizado para obtenção do parabolóide.
• Utilização de fibra de vidro e resina ortoftálica para construção do
parabolóide
Colocando se uma camada de tecido de fibra sobre o molde; posicionando se a
aplicando se resina ortoftálica sobre o tecido de fibra, obteve se uma peça em fibra com
elevado grau de perfeição. Antes de iniciar o processo de confecção da parábola o molde foi
recoberto com cera para facilitar o desmoldamento da estrutura de fibra construída. Após esta
fase cortou se a parábola em duas partes iguais.
• Corte dos espelhos
Os pedaços de espelhos foram obtidos através do corte de uma lâmina medindo 2 mm
de espessura, utilizando se uma ferramenta de corte diamantada, e seguindo o traçado
seqüenciado obtido com o auxilio da ferramenta computacional AUTOCAD. Os espelhos
foram cortados de modo a se adaptarem perfeitamente ao perfil curvo da parábola.
Para proporcionar uma melhor estética ä superfície espelhada das semi parábolas
idealizou se e construiu se uma ferramenta para obterem se cortes curvos, Tal ferramenta,
construída em material metálico encontra se mostrada na figura 3.10, operacionalizando o
processo de corte dos segmentos de espelhos planos utilizados para a obtenção do perfil curvo
da parábola.
Para a uniformidade dos vários espelhos utilizados, estabeleceu se uma superfície de
espelho, num total de 12 gomos. Esses gomos são constituídos por 41 segmentos.
A figura 3.10 mostra a ferramenta utilizada no corte dos espelhos do fogão solar.
Figura 3.10 – Ferramenta para corte de espelhos.
A figura 3.11 mostra a superfície de espelho de uma semi parábola com seus gomos e
Figura 3.11 – Superfície de espelho .
• Fixação dos espelhos
Utilizou se cola de contato para madeira e outros materiais (cola fórmica), para a
fixação dos pedaços de espelho na superfície da parábola.
• Confecção da estrutura
A estrutura do fogão solar projetado foi confeccionada a partir de uma sucata de um
, que consiste na parte central, tubos de aço e barras chatas. Tem movimentos que
permitem o acompanhamento do movimento aparente do sol e tem como principal
característica a facilidade de construção e montagem. A figura 3.12 (a) e (b) mostra os
detalhes construtivos da estrutura idealizada e construída.
Figura 3.12 – Detalhes da estrutura de barra chata do fogão.
Na Figura 3.13 (a), (b) e (c) são mostrados detalhes do mecanismo para o
acompanhamento aparente do sol
(a) (b)
(c)
Figura 3.13 – Detalhes do mecanismo de acompanhamento do movimento aparente do sol
• Pintura da estrutura
Toda a estrutura do fogão solar recebeu uma pintura para protegê la das intempéries e
desta forma minimizar os efeitos da degradação de sua exposição aos fenômenos naturais.
A Figura 3.14, a seguir, mostra várias vistas do fogão solar construído no LMHES
(a) (b)
(c)
Figura 3.14 – Vistas do fogão solar construído no LMHES – UFRN.
3.2 Metodologia dos ensaios
Realizaram se ensaios com o protótipo construído para a determinação da temperatura
máxima alcançada em cada foco, onde as panelas ficavam situadas na região focal, após
orientá lo com relação ao movimento aparente do sol. Os dados de temperatura foram
medidos para seis dias de ensaio, com baixos índices de nebulosidade, a cada dez minutos.
Tais dados foram medidos através do uso de um par termoelétrico de cromel alumel acoplado
sempre nos focos do sistema, com área a de sombra no centro da parabolóide, deu se a cada 1
hora.
O primeiro teste realizado para aferir a capacidade de cozimento do fogão em estudo
consistiu em determinar se o tempo necessário para a ebulição de 1,0 litro de água. Neste teste
mediu se a evolução de temperatura na água a cada cinco minutos, até atingir o ponto de
ebulição.
Uma característica importante do fogão diz respeito ao posicionamento operacional
das panelas absorvedoras as quais permanecem estáticas o tempo todo devido a um detalhe de
projeto cujo critério adotado é que o centro de rotação do parabolóide coincida com a
superfície iluminada do absorvedor “fundo da panela” enquanto esta é posicionada
perpendicularmente aos raios solares.
As perdas térmicas do absorvedor (panela) para o ambiente foram avaliadas através da
medição de temperatura da superfície externa da panela e da temperatura ambiente, ambas
medidas com o mesmo par termoelétrico utilizado para a medida da temperatura de foco.
Os dados de radiação solar global foram medidos e aferidos com a utilização de um
radiômetro construído no LMHES da UFRN, acoplado a um multímetro digital.
A curva de calibração do termopar utilizado para as medições de temperaturas
% &%% '%% (%% )%% *%%% %
&%% '%% (%% )%% *%%%
T
te
rm
o
p
a
r(
ºC
)
Tpadrão(°C)
Tcurva de calibração
Figura 3.15 – Curva de calibração do termopar utilizado.
3.3 Fundamentação teórica
De acordo com a Figura 3.16, o processo de conversão da energia solar em energia
térmica, para se concretizar, passa por alguns estágios, (FRAIDENRAICH, 1995), como
segue:
1. No primeiro estagio a radiação solar é captada através de uma superfície de
coleção e refletida até o estagio de absorção e conversão da radiação solar em energia
térmica.
2. No segundo estagio a radiação solar é absorvida e transferida ao fluido de
trabalho que pode ser água, óleo, sais etc. que circula através de tubulações apropriadas, ou
simplesmente um elemento absorvedor cujo rendimento térmico dependerá do formato e das
propriedades do material empregado como, por exemplo, a emissividade (ε) e a absortividade
(α) que são parâmetros de projeto que assumem papel limitante.
Esquematicamente, o ciclo de conversão global do sistema pode ser representado de
acordo com o diagrama da figura 3.16.
Captação e reflexão da
Energia solar
Absorção e conversão da Radiação solar em
Figura 3.16 – Esquema global do processo de conversão da energia solar em energia térmica.
Conforme indicado no diagrama mostrado na figura 3.16, nota se que a
primeira fase do processo depende de um fator importante, a eficiência ótica, (ηηηηo).
Dependendo do material e do grau de precisão que é construído a superfície de captação do
sistema a eficiência ótica representa uma variável com características limitadoras no
resultado global do sistema juntamente com a eficiência térmica, (ηηηηt) na segunda fase do
processo. Outro fator importante deve ser considerado em qualquer projeto de conversão de
energia radiante em outra forma de energia diz respeito à variação da intensidade de radiação
em função da localização geográfica e de outros fatores associados a clima, época do ano e
poluição atmosférica.
Contudo a eficiência útil do ciclo pode ser representada através da relação, equação
(3.1):
t o
u
η
η
η
=
×
(3.1)De acordo com a configuração deste modelo, a Figura 3.17 apresenta uma
exemplificação mais detalhada no sentido de explicar com maior clareza o que ocorre
nos sistemas que operam segundo a concentração da radiação e eficiência de conversão
da energia radiante em energia térmica. Como primeira hipótese sugere se que as
perdas térmicas no elemento de absorção são apenas de natureza radiativa, assim a
Figura 3.17 representa o ciclo completo e a partir do mesmo procede se a um balanço
energético do sistema.
IC U Ar(Tab– Ta)
Radiação solar
ηo
ηt
Qu
Ar
ACIcηηηηO
AC
Figura 3.17 – Fluxo de energia do sistema de captação,conversão de radiação solar em
energia térmica.
Onde:
Qu Potência térmica útil (W)
Ac Área da superfície de captação de energia solar do parabolóide (m2)
Ic Radiação instantânea coletada pelo sistema de captação de energia
solar (W/m2)
η η η
ηo Eficiência ótica do sistema de captação da energia solar η
η η
ηt Eficiência de conversão térmica
U Coeficiente de perdas globais (W/m2. K)
Ar Área iluminada do absorvedor (m2)
Tabe Ta Temperatura do fluido no absorvedor e no ambiente (K)
η η η
ηu Eficiência útil de conversão
εεεε Emissividade do absorvedor
σ Constante de Stefan,Boltzmann
Assim, de acordo com o esquema da (figura 3.13), a potência útil do sistema, em
(W), é dada pela diferença entre a potência absorvida e potência perdida, de acordo com a
equação:
perdas abs
útil
P
P
P
=
−
(3.2)A potência absorvida pela panela é dada pela equação:
p rd u c
abs
I
.A
ρ.k
.α
Onde:
Radiação instantânea coletada pelo sistema de captação de energia solar
W/m2
Au Área útil do concentrador (m2)
ρρρρ Refletividade do concentrador (%)
krd Fração da radiação refletida que é absorvida pela panela (%)
α α α
αp– Absortividade da panela (%)
Pabs– Potência máxima absorvida pela panela (W)
Considerando se que perda radiativa da panela para o meio é desprezível, a perda total é
convectiva e dada pela equação (3.4):
(
ep a)
lp ce
perdas
h
A
T
T
P
=
⋅
⋅
−
(3.4)Onde:
hce– coeficiente de convecção entre a superfície externa da panela e o ar ambiente. (W/m2.
o
C)
Alp– Área lateral da panela (m2)
Tep– Temperatura externa da panela (K)
Ta– Temperatura ambiente (K)
O coeficiente de convecção pode ser dado pela equação (3.5), mostrado a seguir.
n a k ar
ce
C
R
LL
K
h
=
⋅
⋅
(3.5)Onde:
Kar Condutividade térmica do ar (W/m2. K).
L Altura da panela
Numero de Rayleigh
O coeficiente Ck e o expoente n, dependem do intervalo do numero de Rayleigh,
Para encontrar os valores de eficiências térmica, ótica e útil (total),utilizam se as
equações 3.7 e 3.9:
(
T
T
)
A
h
η
I
A
P
u=
c⋅
c⋅
o−
ce⋅
p p−
a (3.6)A eficiência óptica, (ηηηηO) do sistema, é dada pela seguinte equação:
p rd
o
ρ.k
.α
η
=
(3.7)A eficiência térmica, (ηηηηt) do sistema, é dada pela relação entre a energia útil (Qu) e o
fluxo líquido de energia coletada,(AcIcηηηηo).Assim:
o c c u t
η
A
I
Q
η
⋅
⋅
=
(3.8)Com relação ao rendimento final, denominado de eficiência de conversão(ηηηηU), que
é dada pela relação entre a energia útil(Qu)e o fluxo de energia coletada, (ACIc), representa
se assim:
(
p a)
c r c ce o c c u
u
T
T
A
A
I
h
η
A
I
Q
η
=
=
−
⋅
−
(3.9)Logo, sabendo se que o fator de concentração( C ),é definido como sendo a relação
entre ( Ac) área da superfície de coleção de energia solar e (Ar) área iluminada do
absorvedor, temos:
r c
A
A
C
=
(3.10)(
p a)
c ce o
u
T
T
C
1
I
h
η
η
=
−
⋅
−
(3.11)A equação (3.11) tem um campo de validade, que exige algumas condições que
estão descritas abaixo.
Um fator de concentração com valor elevado,
Índice de radiação com valor elevado,
Baixo coeficiente de perdas,
Eficiência ótica com valor elevado.
É possível estabelecer uma relação entre a concentração, a temperatura e a energia
dissipada pela radiação no foco de um concentrador.
A temperatura de um corpo situado no foco de um concentrador depende da densidade
de fluxo na imagem de Gauss sendo, portanto governado pela lei de Stefan Boltzmann.Uma
vez que (C) representa o fator de concentração então a energia em função de (C) pode ser
dada pela equação (3.12), como segue:
4
abs
ε.σ.T
C.P
E
=
=
(3.12)Onde:
σ Constante de Stefan Boltzmann, (5,67 x 108W/m2. K4)
ε Emissividade do absorvedor
T Temperatura absoluta no foco (K)
C– Fator de concentração solar
O valor teórico da temperatura pode ser calculado por meio da equação (3.13), como
segue.
4 1 abs
ε.σ
C.P
T
4. ANÁLISES DOS RESULTADOS
Usando o equacionamento descrito no capítulo anterior calcularam se os parâmetros que
diagnosticam a eficiência de um fogão solar, conforme o procedimento a seguir.
• Cálculo da máxima potência térmica absorvida pela panela.
Por intermédio da eq. (3.3) encontra se a máxima potência que é absorvida pela panela a
partir dos seguintes dados (QUEIROZ, 2005):
• Ic= 600 W/m2– valor da irradiação média
• Au= 0,75 m2– área da semi parábola
• ρ= 0.95 – refletividade média em concentradores de espelhos
• Krd= 0.90 – fração da radiação refletida média em concentradores de espelhos
• αp= 0.90 – absorvidade média em concentradores de espelhos
Substituindo se os valores na equação (3.3), abaixo, encontra se que:
p rd u
c
abs
I
.
A
.
ρ
.
k
.
α
P
=
P
abs= 346,27 W
• Cálculo da potência útil:
A potência útil pode ser calculada pela equação (3.2), onde o valor das perdas é
calculado conforme a eq. (3.4) apresentada que após efetuarem se as substituições devidas
obtêm se o resultado:
(
ep a)
lp ce
perdas
h
A
T
T
P
=
⋅
⋅
−
onde:
hce= 26,54 W/m2.ºC calculado da equação 3.5
Alp= 0,04 m2
Tep= 60 ºC – medida de 12:00 às 12:30
Ta= 33 ºC
P
perdas= 28,67 Watts
.S
SSuuubbbssstttiiittt uuuiiinnndddooo ssseee ooosss dddaaadddooosss nnnaaa eeeqqq... (((333...222))) eeennncccooonnntttrrraaa ssseee ooo ssseeeggguuuiiinnnttteee vvvaaalllooorrr pppaaarrraaa aaa pppoootttêêênnnccciiiaaa
ú
perdas abs
útil
P
P
P
=
−
P
útil= 346,27 W – 28,67 W = 317,6 Watts
•Cálculo do fator de concentração.
O cálculo do fator de concentração é obtido por meio da eq. (3.10), que ao substituírem
se os dados em:
=
Onde = 0,75 m2
Afoco= 0,011m2
Resulta emC = 68,18
A seguir serão calculadas as eficiências envolvidas no processo de transformação da
energia eletromagnética em energia térmica, quais sejam, eficiência ótica, térmica e útil
(global ou total).
•Cálculo da eficiência ótica.
7 0,7 0,9 . 0,9 . 0,95 ρ.k.α
ηo= p= =
•Cálculo da eficiência térmica
+*, % &, -'( ( -*, = = ⋅ ⋅ = η η
•Cálculo da eficiência útil
,%( % +*, % ,, % = = ×
=η η
η
Os valores calculados traduzem uma boa eficiência óptica, uma elevada eficiência
produziram uma superfície espelhada uniforme, adaptando se ao perfil parabólico, mesmo
sendo planos e da utilização do isolamento térmico na panela absorvedora.
•Cálculo da temperatura teórica no foco do concentrador.
O cálculo da temperatura teórica no foco do concentrador é obtido através
da eq. (7), como segue:
° = = =
= − )&',- ..*
,-*% (, . + % &, -'( *) () */' ) ' * σ ε
A temperatura teórica máxima obtida para o cada parábola que compõe o fogão solar
bifocal proposto foi praticamente igual a temperatura máxima real medida no foco 1, em torno
de 550°C e um pouco superior a temperatura máxima atingida pelo foco 2, em torno de
518°C, conforme mostrarão os dados de ensaios apresentados a seguir. No que diz respeitos às
temperaturas médias obtidas com os dois focos do fogão proposto, percebe se que são
inferiores a temperatura teórica máxima prevista.
A primeira experiência realizada com o fogão proposto foi medir o tempo necessário
para a ebulição de um litro de água colocado em uma panela sem isolamento térmico. Mediu
se a evolução na temperatura da água colocada na panela a cada cinco minutos para os dois
focos utilizando se um termopar. Esse teste foi realizado em vários dias para condições
solarimétricas variáveis. Os dados desses testes encontram se mostrados nas Tabelas 4.1, 4.2.,
4.3 e 4.4. A Tabela 4.5 mostra os dados médios obtidos no ensaio.
Tabela 4.1. Evolução da temperatura da água para o teste de ebulição de no dia 1.
TEMPO (HORA)
T
água panela 1 (°C)T
água panela 2 (°C)IDIRETA
(W/m²)
10:45 37 35 614
10:50 55 54 614
10:55 71 72 614
11:00 82 83 614
11:05 93 93 614