üí fil i,
# Hn
É,rora
GESTÃO
DE
OLEOS ALIMENTARES
USADOS
NO
ALENTEJO
MESTRADo
EM
cesrÃo
e
poIírIcAS
AMBIENTAIS
Orientador: Professor Doutor
Francisco Ferreira
lnês
Fernandes Gonçalves
de
Brito
"Esta dissertação não inclui as críticas
esugestões
feitas
pelojúri."
I
'1,
Universidade
de
f),'
tl
;-1
.t
l"
i
É
vora
GESTAO
DE
OLEOS ALIMENTARES
USADOS
NO
ALENTEJO
Prova
de
dissertação
de
Mestrado em Gestão e
Politicas
Am
bientais
Sob
orientação do
Senhor
Professor
Doutor Francisco
Ferreira
)lo,l
oV
lnês
Fernandes Gonçalves
de
Brito
"Esta dissertação não inclui as críticas e
sugestÕesfeitas
pelojúri."
Este trabalho é dedicado à memória do meu pai, Manuel António Gonçalves de Brito.
"O motor Diese/ pode ser alimentado com óleos vegetais e poderá ajudar
consideravelmente o desenvolvimento da agricultura nos países onde ele f uncionar. lsto
parece um sonho do futuro, mas eu posso predizer com inteira convicção gue esse modo
de emprego do motor Diesel pode, num dado tempo, adquirir uma grande importância"
agradecimentos
À
Associaçãode
MunicípiosAlentejanos para
a
Gestão
doAmbiente (AMALGA)
por
ter
proporcionado todasas
condiçõesnecessárias à realização deste trabalho.
Ao Professor Francisco Ferreira pela orientação cientifica deste
tra ba lho.
Ao Engenheiro Rui Berkemeier e ao Professor Rui Santos.
Um
agradecimentoespecial
ao
EngenheiroPedro Sobral,
aoEngenheiro José Costa Gomes
e
a
todosos
colegase
amigospelas sugestões, esclarecimentos e apoio prestado durante todo
palavras-chave
resumo
Sistema
de
gestão,
óleos
alimentares usados, sistema
derecolha, transesterificação, biodiesel, gases de efeito de estufa.
O
presentetrabalho avalia
a
potencialidadedo
uso
de
óleosalimentares
usados para
produçãode
biodiesel, tendo
comocaso
de
estudo
a
análise
da
situação
da
Associaçáo
deMunicípios Alentejanos para
a
Gestão do Ambiente (AMALGA),constituída pelos concelhos
de
Almodôvar,Barrancos,
Beja,Castro Verde, Moura, Serpa, Ourique onde nenhum modelo de
gestão para estes resíduos está ainda implementado.
Neste trabalho, Íoram identificados
os
principais produtores deóÍeos
alimentares
usados,
quantiíicadaa sua
produção
egualidade, identificando-se como melhor sistema
de
gestão avalorização
dos óleos
alimentares usadoscomo biodiesel.
Atecnologia
mais
vantajosa
do
ponto
de vista de
escala,económica, e ambiental enquadra-se numa unidade de produção
de biodiesel do tipo batch com capacidade para 500
a
1250 litrosdiários, com sistema de
pré-tratamento
ácido e
detransesterificação
básica. O
biodiesel produzido
poderádestinar-se
a
ser utilizado em
veículos municipaisde
recolhados resíduos.
A
produção de biodiesel justifica-se por resolvera
necessidadede
um
destinofinal
paraeste tipo
de
resíduose
por ser
umcombustível que emite menores quantidades de poluentes para a
atmosfera, em particular no que se refere
a
gasesde
efeito dekey
words
abstract
"Waste Vegetable
Oils
Management in Alentejo,'
Management
system, waste vegetable
oíls,
recovery
system,transesterification, biodiesel, greenhouse gases.
The present work evaluates the potential of the use of vegetable
oil
usedfor
productionof
biodiesel with a case-study applicationto
the
Ássociação de Municipios Alentejanospara
a
Gestão doAmbiente
(AMALGA),which
inctudes
the
municipalities
ofAlmodôvar, Barrancos,
Beja,
Castro
Verde, Moura,
Serpa,Ourique where no management model
for this
typeof
waste wasimplemented yet.
ln
this
work,
the
main
producersof
used
vegetableoil
wereidentified. Their production was quantified and the quality of the
oil
evaluated.
The use
of
vegetable
oils as
biodiesel
was identified as the
better
managementsystem.
The
bettertechnoÍogical system wíth more advantages by the point
of
viewof
scale,
economic,and
environmentalfactors
is
fit
a
unit
ofbiodiesel production
of the
batch typewith
capacityfor
500 the1250 daily litters, with
a
systemof
acid pre-treatment and basictransesterification. Biodiesel produced
will
be ableto
be used inmunicipal vehicles
oi
waste
collection.
The
production
otbiodiesel is
justified
asa
needas final
destinationfor this
typeof
waste and
for
being one
fuel
that emits less
amounts ofpollutants
for
the
atmosphere,in
particular
with
respect
toINDICE
I
TNTRODUçÃO2
ÓLEos
E GoRDURAS2.í
Composição
2.2 Obtenção de Óleos e Gorduras
2.2.1
Obtençâo deóleos e
gordur2.3 Óleos Alimentares
Usadosas de
origem vegetal2.4 Processos de valorização de
óleos
Alimentares
Usados2.4.1
Produção de Sabão2.4.2 Digestão
Anaeróbiaso de
óleos
vegetais para obtenção de combustíveis
1 Uso
directo do óleo
vegetal2
Craqueamento doóleo vegetal (Pirólise)
3
Microemulsões4 Transesterificação
2.6 Produção de biodiesel
2
I
Tecnologias de
Produçãode
Biodiesel6.
í.1
Matérias-Primas utilizadas na
produçâo de Biodiesel6.1.2
Subprodutosda
produçãode
biodiesel2 Tipos de
processosde
produçâode
Biodies6.2.1 Processo
Batch el6.2.2
Processo em Contínuo6.2.3 Sistemas
deácidos gordos livres
elevados6.2.4 Sistemas
semcatalisador
-
Processo Biox6.2.5
Sistemas
semcatalisador
-
Processosupercrítico
2.6.2.6
Pm icroo nd
AMALGA
3.3.1
Características gerais
dos concelhos3.3.2
Demografia3.4
Acessibilidades
3.5 Turismo
3.6
Caracterização dos produtores de
OAU3.6.1 Sector
doméstico3.6.2 Sector
HORECA3.7 Caracterização
qualitativa
e
quantitativa
de Óteos
Alimentares
UsadosProduzidos no Universo da
AIITALGA1 6 6
2.5
U 2.5 2.5 2.5 2.5 6 2 2 6 2 2 2 2 2 2 11 11 13 16 16 17 19 19 19 20 20 22 26 26 31 32 32 34 35 38 39 55 56 57rocesso de
transesterificação
comutilização de irradiação
deAS 40
2.7
A utilização
de
biodiesel
como combustivel
02.7.1 Propriedades e
especificaÇôesdo
biodiesel 22.8 Sistemas de Recolha dos Óleos
Alimentares
Usados2.8.1 Experiência
lnternacional_____
432.8.2 Experiência
Portuguesa 513
o cAso
DEEsTuDo
DAAssoctAçÃo
DEMuNtcÍpros
ALENTEJANoS
PARAA
GESTÃO DO AMBIENTE55
3.í
Caracterização do Sistema
-
AMALGA 553.2 O Problema
dos
Óleos
Alimentares Usados
553.3 Breve Garacterizaçâo Socio-económica dos Concelhos
Constituintes
da4 4
43
60 62 63 64 64 I3.7.1 Caracterizaçâo qualitativa
65653.7.2 Caracterização quantitativa de
ÓleosAlimentares
UsadosProduzidos
noUniverso
da AMALGA 683.7.2.1 Sector
Doméstico3.7.2.2 Sector
HORECA 69683.8 Destino dado actualmente aos
OAUna área da
AMALGA 773.8.1 Estimativa das quantidades de óleos alimentares
usadosrecolhidas
nosector
HORECA 774
PROPOSTA DE UM SISTEIi'IA INTEGRADO DE GESTÃO DEÓICOS
ALTMENTARES USADOS (StcoAu)
78
4.í.
Objectivos
do
SlG61u 794.2. Caracterização de
SlGoru4.2.1
Medidasde Sensibilização, lnformação e
EducaçãoAmbiental
______4.2.2
Sistema de recolha4.3 Valorizaçâo dos
OAUrecolhidos
na área da
AMALGA-
Produção
deBiodiesel
834.3.1 Caracterização
dafrota
da AMALGAe
seu consumo degasóleo_-___
834.3.2
Unidadede
produçãode
biodiesel 844.3.2.1 CaracterÍsticas técnicas propostas
paraa
unidadede produção
deB iodiesel
4.3.2.2
Estudode
mercadotecnológico
79 80 80 84 87 4.3.2.3 Enviad Barcelona
5
CONCLUSÔES6
REFERÊNCIAS7
ANEXOSAnálise Financeira da
Produçãode
Biodiesel combase
na Propostaa pela
Empresa Espanhola"Assessorament lndustrial Agrari, S.L."
de 8993
97
Anexo !
-
Especificações do Biodiesel
Anexo
ll
-
Principais
Elementos de
politica
europeia
enacional
relacionados
com
os
biocombustíveis
í06
107
í08
112
íí5
117
Anexo
lll
-
Propriedades
físicas
e químicas
do biodiesel___
Anexo lV
-
Unidades compactas de Biodiesel
íHorce oe
Fleunas
FIOuRe 1:FI-uxocRAMA DAS cADEIAS PRoDUTIVAS DE ÓLEoS E GoRDURAS...,.,,..4
Frcune 2: ExEupr_os DE ÁctDos GoRDos (SuAREz E SRr.rros,
200S)
...6FIGURA
3:
Exeupuos DE utrit Ácroorosreríorco (rosrRro
DE DtActLcLtcERtNA)(A),
e SEUS DERTVADOS LeCrrrUR(B), CeralrNn
(C) e SEnrNe (D). (SuanEz e SeNTos,2005)
... e FtcuRR4: EsrÁotos
Do pRocESSo ou[Mrco TNDUSTRTAL DEexrnecçÂo
ooóreo
oe soJA. (WrllrRnns,1997)
...12FtcunR 5:
Ttpos
DE RANctDEz EM óLEosou
coRDURAS usADos EM FRtruRes... 13FrcuRR
6: Pnocesso
DE vALoRrzAÇÃo DEST,Neoo À enoouçÂo oe sRaÃo ...17FtouRR 8: CnnoueAMENTo
rERMo-cArellrtco
DETRtcLtcenÍoeos
...20FtcuRR
9:
EsouerrltA DE UMA ReacçÃo DEESTERtFtcAÇÃo
...29FtcunR 10: EsouEMA DA nencçÃo DE TRANSESTERTFTGAÇÃo (SCHUCHARD
Er et.
1gg7) FrcuRA 11:Pnocesso
DE neacçÂo EMDEscoNrÍruuo
...33FtcuRe 12:
Srsreue Prua
Ftow...
...3S FrcunR 13:Pnocesso
DE ESTERTFTcAçÂo ornecrA EM cATÁLrsEÁcroR
...36Ftcunn
14: PnepannçÂo oE sneÃo A pARTTR oe ruRrÉntR-pRtMA coM ELEVADo TEoR DE ÁcrDos coRDosLtvREs
...97FtcunR 15: SrsreuA DE REAcroR EM cATÁLtsE BÁstcA,
LEtro-Ftxo
...37Frcunn
16:Pnocesso
Brox
...3gFlcune
17:Pnocesso
DE EsrERtFtcAçÃosueencnÍrrco...
...39Ftcune
19: PoRMENoR Do coNTENToR uilLrzADo NA REcolHn(Rocnnse,2005)...45
FtounR
20:
ExEMpLo DE uM coNTENToR pARA A REcoLHA oeóleos
ALTMENTARES usADosoorvrÉstrcos...
... 46Ftcvae
22 FIGURA 24 Frcunn 25 Frcunn 26 Frounn 27 Frcunn 28 Frcunn 29 CenrRz oR CeupetHA DE RecolHR on CAunnn MururcrpRr_ oe NrsR... S1 ReennrrçÃo oRPopuuçÂo
EM GRUpos FUNctoNAts 2001(lNE,
2001)... SgPoeuuçÃo
EMpREGADA poR sEcroR DEAclvtDeoe
ecoruóMtcA... Sg TRxn oe ANALFABETISMo...
...60PLRr.ro RooovrÁnro
oo DtsrRtro
DE BelR...
...61PnOouTonES DE
ÓIeos
ALIMENTARES USADoS PoR SEcToR DE PRoDUçÂo.65 CoHsuuoeu
PoRrucAL DEÓleos
VEGETAIs eu2001
...67Ftcunn
30: GnÁrrco DE cAtxAS DE NúMERo DEnererçôes
orAnrRs
...73FtcunR 31: GnÁptco DE cAtxAS DE QUANTTDADE SEMANAL oe
óleo
ALTMENTARADQUTRTDO
...74Ftcunn
32:GnÁrtco
DE cArxAS DE QUANTTDADE MENsAL oEóleo
ALTMENTAR ADeutRtDo FtouRn33:
Desrrruo Dos OAU...
...75FrouRn 34:
ResulrADos
oRouesrÃo
P4...
...76Ftcunn
35:Crncurro
DEREcoLHA
...91FICURe
36:
PnoTÓTIPo DE CoNTeNToR PARA ÓLEoS ALIMENTAREs USADoSDESENVOLVIDO NA ESCOIN TÉCNICA Supenlon DE ENGENHARIA INDUSTRIAL DE
BRncelorun (ATSEI B) ...
FrcuRA 37:
OleÁo
(APGEA, 2OO4 ...Ftounn 39:
Crncurro
DE vALoRtzAçÃo Dos OAU ...Ftcunn
41:
UruroaoE coMpAcrn oe 200 L pARA pRoDUztR BtoDtEsEL...íttorce
DE
TABELAS
TRseLe
't:
PntructpArs ÁctDos coRDos coNHEcrDos NA NATURezn (SunnEz E SANTos,2005)
...7TeeeLe
2: CoupostçÁo
eu ÁcrDos coRDos DE ALGUNS óLEos E GoRDURAS DE oRtcEMvEGETAL
...í0
TnseLe
3:
PnITcIpAIS TIPoS DE RESÍDUoS GoRDURosos E SUADISPoNIBILIDADE/QUALIDADE PARA
uso
coMo coMBUSTÍvel(Juntscn
EMeveR-PrrrRoFF,
1995)
... 15TeseLR
4:
Pnrrucrpnrsonçôes
DE vALoRrznçÃooos
OAU
...21TRSeLR
5:
VRrurncENS E DESvANTAGENS DAurtrznçÃo
Do BÍoDtESer- ((GeneEN ErÁa, 2004) (BToDTESELBoARD, 2004) (LruR, 2004)(Cosre Er
AL, 1999) (Acer.rce oer-'ENvTRoNMENT ET DE
le
MRlrnrsE DE L'ENERGtE, 1998); (CnnNcexo
VRr.rGEReEN, 1997); (ScnuuecHER AND Vnru GenpeH, 1gg6);
(Scnuror
AND VANGenperu, 1996); (ZHaruo aNo Ven GERpEN, 1996); (Cnnruo
Er
AL., 1996); (Snnnp,í998);
(GRABosKr nruo McCoRMtcK, í998);(CeMpsEr
et,2002);(
trurenruRcroruelEHeRcv AcENcy
(2004))).
...41TRSELE
6:
VRIONES TÍPICOS DE METIL_ Éslenes
oe OAU PARA ALGUNS PARAMETRoS DAEN14214
(MrrrelBAcH
Ernr,
1993)
...43 TReeLe7: Recolnn
oe OAU un CoruuurDADE Auróruon,tn oe LRRrotn
(DtREcctóNGeruenRl oe CRlroRo
AugrerurAL)...
...47TRSeLR
8:
REsutvto DE ALGUMAS soLUçôES TDENTTFTcADAS A uÍveu tNTERNActorunl...4g TeseLR9:
LevnrurAMENTo A NIvEL coMuNrrÁRro on GesrÃo oE Ór-EosAttuexrRnes
UsADos
(lNR,
2004)
...50TReeLR
í0:
Resuuo
DAS pRrNcrpArs expeRrÊrucrAs poRTUGUESAS Ro ruÍvel DA REcoLHAE vALoRrzAçÃo oe OAU
...
...54TeaelR
11:CenncreRÍsrrcRs
GERAtS Dos coNcEr_xos (1NE,2001)...56 TegeLR 12: Evor-uÇÃo DEMocRÁrrcR(lNE,
2001)
...57TeseLR 13: REoE REeroruRr oe EsrRnons
(|EP,2001)
...6íTRgeLR 14: DrsrÂrucrns
QurlouÉrRrcRs
...62TRseLa 15: EsreeELEcrMENTos e CRpncTDADE Oe AtO.rRrrrrENTO EM 31 .7.2002 e
Pnovettos
DE AposENTo Nos ESTABELEcTMENTos HorELEtRos(lNE,
2002)...62TReeLn 16: DonutDAS E HóspeoEs t'ros EsrneELEcrirENTos
Horelernos (lNE,
2002)63TReeLR 17: INDIcADoRES oe
HorelRnre
(1NE,2002)
...63 TReeLR 18: NÚueno DE RESTAURANTES E SIMILARES PoRcoNcELHo
...,...64TneeLR 19: OurnRS ENTTDADES coM
cANTINA
...64Tleete
20:
QunrurtDADE EsrtuRoR oeÓleos
Attueuunes
VecerRls
coNSUMtDos NoUurvenso on AMALGA
...
...69 TReeLR21:
QunurrDADES ANUATs ESTTMADAS, pARAo
sEcroR DoMÉsrtco, DE óLEosALIMENTARESUSADoSPRoDUzIDoSNoUNIVERSoAMALGA...
...69TReELe
22:
QuAUTIDADES ANUAIS ESTIMADAS, PARAo
sEcToR HORECA, DE ÓLEoS ALIMENTARES USADoS PRoDUzIDoS No UNIVERSo4MALGA.,...
...70 TReeLR23:
QunTTIDADES ANUAIS EsTIuRoRs, PARAos
RESTAURANTES, DE ÓLEoSALIMENTARES USADoS PRoDUzIDoS No UNIVERSo DA
AMALGA.
,.,,.,,.,.,,.,71TneeLe
24:
TRoEI-A RESUMo DAtNVESTtGAçÃo
...72TRseLe
25:
MtsrunA DE BToDTESEL/cASóLEo AcoNSELHADA poR cADA MARcA...83 TneeLR26:
CeruÁntos DE eRoouçÃo DE BtoDtESEL pARA nAMALGA
...93 TReeLR27:
Resuuto DAS pRoposrAs eARA UMA UNTDADE DE pRoDUÇÃo DE BtoDtESeL .87TReeLl
28: Puruo
oelruvesrtMENTos
...90 TReerR29: Cusros
DE ExpLoneçÂo uÉorosANUAts
... 91í
TNTRODUÇÃO
A
reciclagemde
resíduostêm
vindoa
ganhar um espaço cadavez maior,
não apenasporque
os
resíduos constituem 'matérias-primas"de
baíxocusto, mas,
príncípalmente,porque
os
efeitos
da
degradaçãoambiental
decorrentede
actividades industriais
eurbanas estáo
a
atingir niveis
cadavez
mais alarmantes. Assim,de um
modogeral,
oaproveitamento integrado
de
resíduos gerados nestetipo
de actividades, podeevitar
oencaminhamento destes para aterros sanitáríos, permitindo
o
estabelecimentode
novasalternativas
empresariaise
minimizandoo
impacto
ambientalda
acumulação destesresíduos. Relativamente aos materiais que apresentam riscos de poluição ambiental e, por
isso,
merecem atenção especial, figuramos
óleos vegetais usados (OAU) em processosde fritura por imersão de alimentos (Costa Neto eÍ a/, í999).
Os
OAU recaemno tipo de
resíduosque
é
geralmente provenientedas
mais diversasorigens (actividades domésticas, industriais,
etc.),
constituindo um fluxo transversal que deve obedecer a uma gestão global independentemente dessa mesma origem.A
gestãodos
OAUtem sido
colocada com alguma relevânciaem termos
nacionais einternacionais,
uma vez que existem
potenciais problemas ambientais associados àspráticas inadequadas a jusante da sua produção.
Em Portugal são produzidas, anualmente, cerca de 90 mil toneladas de resíduos de OAU
tendo
a
sua
maioria como destino principalos
sistemasde
esgotos, soluçãoque
nãoapârece como adequada ao nível ambiental (Quercus, 2006).
A
importância de definir uma estrategia de valorização para estetipo de
resíduos (Cadatipo de resíduo tem
a
nível europeu o sêu código descrito na Lista Europeia de Resíduos(LER) que assegura
a
harmonizaçáodo
normativo vigente em matériade
identificação eclassificação de resíduos, ao mesmo tempo visa
facilitar
um perfeito conhecimento pelosagentes
económicosdo
regimejurídico
a
que
estão
sujeitos.
Os
óleos
e
gordurasalimentares são classificados com
o
código20 01 25
('Óleose
Gorduras Alimentares')deve-se ao facto de estarem associados vários impactes ambientais negativos quando não
são realizadas práticas adequadas na gestão dos oAU produzidos (1p4,2004).
Na realidade, a descarga de águas residuais contendo OAU nas linhas de água, tem como
consequência a diminuição da concentração de oxigénio presente nas águas superficiais,
devendo-se
tal
situação principalmente aofacto
destetipo
de águas residuais conteremsubstâncias consumidoras
de
oxigénio(matéria
orgànica biodegradável),que ao
sererndescarregadas nos cursos de água, além de contribuirem para um aumento considerável
da carga
orgânica, conduzema
curto
prazoa
uma degradaçãoda
qualidadedo
meioreceptor. Além disso,
a
presençade
óleose
gorduras nos efluentesde
águas residuaisprovoca um ambiente desagradável com graves problemas ambientais de higiene
e
mauscheiros, provocando igualmente impactes negativos ao nível da fauna
e flora
envolventes(rPA,2004).
Uma
das práticas
incorrectasde
deposiçãodeste
tipo
de
residuosestá
associada àdescarga dos mesmos para as redes públicas de esgoto e colectores municipais, as quais
podem provocar
grandes
problemasde
entupimentoe
obstruçãonas
canatizaç6es esistemas
de
drenagem
dos
edificios,
nas
redes
públicas
de
esgoto
e
colectoresmunicipais,
bem como
a
corrosão
das
tubagens
e
materiais
de
drenagem
dosestabelecimentos e ainda problemas nas linhas de descarga. Tal situação, além de afectar
o
seu
correcto funcionamento,cria
também problemas paraa
saúdee
segurança dosedifícios (lPA, 2004).
A
referida descarga resulta no seu encaminhamento para as Estações de Tratamento deÁguas Residuais (ETAR's) (quando existe esta solução, caso ainda não evidente para a
totalidade do território
nacional), contribuindo significativamentepara
o
aumento dosníveis de
CBO (Carência Bioquímicade
Oxigénio),de
Garência Químicade
Oxigénio(COO)
e de
Sólidos Suspensos Totais (SST) nas águas resíduaisa tratar,
difícultando odesempenho/funcionamento eficiente das ETAR's, pelo facto do aumento da concentração
destes parâmetros conduzirem a um considerável consumo de energia no desempenho das
mesmas, além de implicarem manutenções
e
limpezas mais frequentes nos equipamentosde separação de óleos e gorduras associadas a gastos consideráveis de tempo neste tipo
de operações (lPA, 2004).
Uma
outra
prâtica comumera
a
ulilizaçãode
OAU no fabricode
rações mas que estáproibida a nível comunitário. Estas rações são prejudiciais para a saúde pública, uma vez
que
introduzemna
cadeia alimentar
humanadiversos
compostostóxicos
e
mesmocancerígenos, atravês de animais engordados por este tipo de produtos.
No
dia 6 de
Outubrode
2005,foi
assinado um acordo entre os vários intervenientes nociclo dos OAU, nomeadamente
o
lnstituto dos Resíduos (lNR), Associação Portuguesa deÓleos
e
Gorduras
Vegetais, Margarinas
e
Derivados
(APOGOM),Associação
deRestauração
e
Similaresde
Portugal (ARESP), Associação Nacionalde
Comerciantes elndustriais
de
Produtos Alimentares (ANCIPA), Associação Portuguesade
Empresas deDistribuição (APED), Associaçáo Nacional dos Recolhedores de Óleos Alimentares Usados
de
Portugal
(REC lÓLEO),
Associação
Nacional
de
Produtores de
Biodieset
eTransformadores de Óleos Alimentares Usados de Portugal (BDP). Este acordo estabelece
um Sistema Voluntário de Gestâo de Óleos Alimentares Usados, definindo os contributos e
obrigações
de
cada
um
dos
subscritorese
pretende atender
às
actuais
exigênciaslegislativas
e
padrões de protecçâo ambiental, impulsionando e consolidando um sistemade
gestãopara
os
óleos
alimentares usados,que, de
forma integrada, garantaa
co-responsabilizaçâo
de
todosos
que têm intervenção na gestão destefluxo
de
residuos,visa essencialmente
os
sectores Hotéis, Restaurantese
Cafés (HORECA)e
da indústriaalimentar
enquantograndes
produtoresdeste
tipo de
resíduos,o
que
possibilita
aadopção
de
soluçõesde
recolha selectiva mais eficazese
o
posterior encaminhamentopara
valorização,
envolvendo-se,para
o
efeito,
os
respectivos
representantes dosFoi face
à
consciênciada
existênciadesles factores que se
entendeuser
urgente adeÍinição
e
implementaçãode
uma estratégia
de
gestão para
os
óleos
AlimentaresUsados,
que
solucionee
minimizeos
problemas actualmente existentesna
zona deabrangência
da
Associação
de
MunicípiosAlentejanos para
a
Gestão
do
Ambiente (AMALGA) neste sector.De entre as opçÕes de valorização conhecidas para
os
OAU,a
possibilidade de produzirum combustível com propriedades muito semelhantes ao diesel proveniente do petróleo é
a
mais interessante, dadaa
actual
conjuntura energéticae
ambientalque se vive
emPortugal
e
no
Mundo (Anggraini, 1999). Este combustívelé
produzido atravésde
umareacção química designada
de
transesterificação
e
apresenta grandes
vantagensrelativamente
ao
gasóleo, nomeadamentea
nível
ambiental,tais
comoo
facto de
serbiodegradável
e
nãotóxico,
para alémdo facto
de
reduziras
emissõesde
gases quecausam o efeito de estufa.
Observa-se ainda que apenas uma pequena percentagem dos OAU, segundo
o
lPA, cercade
4o/o,é
recolhidoe
reencaminhadopara
valorização, sendoque
a
maioria ainda
éeliminada através do sistema de esgoto e lixo (Mittelbach, 1988).
A
bibliografia demonstrao
potencialde
OAUem
diferentes países.Na
Alemanha, porexempÍo,
são
colectadose
recicíadosí,0
x
1Oslta
de
umtotal de
OAU colectáveisestimado
entre
3,8-5,0
x
105
t/a
(Anggraini, 1999).
Na
Áustria,
são
consumidosanualmente cerca
de
120.000t
de óleose
gorduras, sendo cercade
5oo/o ulilizados nafritura de
alimentos. Estima-se que umtotal de 3,7
x
104t
possaser
economicamentecolectada,
o
que
equivaleria energeticamentea
1,5%do
consumoaustriaco de
diesel((Mittelbach et
al.,
1992); Mittelbach, 2000)).Em princípio, todas
as
substâncias que contém triglicerídeos na sua composição podemser
usadas na produçãode
ésteres. Alguns factores, porém, poderãolimitar a
utilizaçãodos OAU como matéria-prima, destacando-se (Pudel e Lengenfeld, 19g3):
.
As suas características físicas e químicas;.
A
competição com outros usos (rações, Íubrificantes, produção de derivados gordos,etc.);
o
O seu custo e disponibilidade.Além disso, existem impurezas que náo podem ser eliminadas através de decantação ou
filtração, como os ácidos livres, polímeros e fosfolípideos, que podem dificultar ou mesmo
inviabilizar
o
seu aproveitamento como combustível.A
origem do resíduoirá
determinarsua
disponibilidade, qualidadee
custo para
a
utilização
como combustível(Jurisch
eMeyer
-
Pittroff, 1995).Um estudo
na cidade de Valência,
Espanha,ambiental,
a
obtençãode
biocombustível aconclui
ser
atractiva,do
ponto de
vistapartir
de
OAU. Um sistema
de
colectaselectiva, estabelecido pela câmara
da
cidade, deu suporteao
projecto de produção dobiocombustível
para
abastecimentode 480
autocarros urbanos,com
uma demanda deaproximadamente 42.000
litros/dia.
O grande objectivodo
projectofoi
a
eliminação, emlarga escala, dos OAU das canalizações do sistema de esgoto sanitário da cidade, cerca
de 10.000 t/ano (Lôhrlein e Jimênez, 2000).
A
Figura
í
mostra,em
blocos,os
diversoselos das
cadeias produtivasde
biodiesel,considerando os grupos, ou fontes de matérias-primas com especial destaque para o fluxo
de óleos alimentares usados.
(1) Animais Vivos (2) Mão-de-obra Matérias-orimas (4) Águas residuais domésticas Gráos e sem e ntes óleo b ruto (3) óleos e gorduras (Fluxo principal deste trabalho) t óleos resid uais Óleos de fritura Matéria gorda óleos e gordu ras residuais de esgotos Couros e Pe les Torta ou farel Farinha de carne ou de ossos Gorduras de animais Álcool Outras Matérias-p rímas Catalisador
Biodiesel
GlicerinaFigura 1: Fluxograma das cadeias produtivas de óleos e gorduras
(Penteado, 2005) Matadou ros Curtumes Processo de extracção com água quente F ritu ras comerciais e ind u stria is Acumulação e colecta Estações de tratamento de ág uas residuais Processos em fase de pesquisa e desenvolvimento Lavoura e plantio de oleag inosas Extracção mecânica e/ou por solvente Refinação de óleo bruto óleos e gorduras para o bíodíesel Processo de produção de biod iesel ReÍinação de óleo residual
Acerca
do
panoramageral sobre
o
Biodieselno
mundoé
importante ressaltarque
aprimeira patente
mundialfoi
desenvolvidano
Brasil,
em
1980,pelo
Professor DoutorExpedito Parente, da Universidade Federal do Ceará.
No Brasil, entre as
décadasde 70
e
80
durante umaforte crise de
abastecimento depetróleo,
foi
criadoo
Pró-óleo como
intuito de substituir o diesel como fonte combustívelpor derivados de triglicerídeos (óleos vegetais
e
gorduras animais). No entanto, devido ànormalização
do
mercado internacionalde
petróleo, este programafoi
abandonado semser
implantado.No início
da
décadade
1990,o
Pró-óleo ressurgena
Europae
nosEstados
unidos,
que
avançarama
passos largos, desde
essa época
até
2005,principalmente a Alemanha, França e Áustria. Alem do bloco europeu, outros paises, tais
como Canadá, Malásia e Argentina, continuaram o desenvolvimento de tecnologias viáveis
para
a
produçãode
combustiveisa partir
de óleos vegetais. Emboraa
Alemanha seja opaís
consideradomais
desenvolvidono
mundo,neste
segmento,bem
comoo
maiorproduto,
no
Brasil,
devido
ao
grande potencial agrícola
de
culturas
oleaginosas,principalmente
soja,
as
experiênciasa
nível
tecnológico sucedem-se,sendo um
dospaíses que mais disponibiliza informação nesta área.
Neste contexto
foi
investigadaa
possibilidade de implementar uma unidade de produçãode
biodiesel
no
parque ambientalda
AMALGAa
partir dos óleos
alimentares usadosproduzidos na sua zona de abrangência.
2
ÓLEOS
E GORDURAS2.1 Composição
Os ácidos gordos são ácidos orgânicos lineares, que diferem no número de carbonos que
constitui
a
sua cadeiae
também na presençade
insaturações (duplas ligações entre osátomos
de
carbono).
Os
ácidos gordos
sem duplas ligações
são
conhecidos comosaturados
e
aquelesque as
possuemsão
chamadosde
insaturadosou
polinsaturados(uma ou mais duplas ligações, respectivamente). Estas ligaçôes duplas ainda podem gerar
isómeros
cis ou
trans.
No
contexto
do
trabalho
desenvolvido,os
ácidos
gordosexemplificados na Figura
2 e os
listados na Tabela 1 são os mais relevantes (Ullmanns,1 e92). OHHHHHHHH II HIHIHIHIHIHIHIHIH Ho-c-à-?-é-?-ô-?-ó-?-ó-?-ô-?-é-?-ó-?-à_H IHIHIHIHIHIHIHIHI HHHHHHHHH OU OU o
Ácido Cáprico (10:0) Ácido Esteárico (18:0)
O LI..hI H HhI. H H H H
O H H H H H H H
H!l
H L HI
HI
H1 I
HI
HI
HI
HI
il Hl'H'r'Hl'Hl'
l'xl'nl'n'r'n
Ho-c-ê-Í-+-?-à-?-ê-c=c-à.?-à-?-é-?-é-?-H Ho-c-á-?-J-g-3-g-l-ô""-!-l_!-J_?_J-i_á_H
I H.I.HI HI
.I.H.I.HI HIH
"-
II-IIXTXI
THÍÉIHIÉÍ''
H H H H
H H H H
H-'H"H"H
H"É"É"É"Ê
OU OU
H
o
il
Ácido Oleico (18:1) Ácido Eládico (18:1)
OU OU
Ácido Linoleico
(18:2)
Ácido Linolênico (18:3)Figura
2: Exemplos de ácidos gordos (Suarez e Santos, 2OOS)O LI LI H HH HH H H
O H H H HH HH
HH
!.!
HlHLHlhll
IHI
ll-.llH I
,lHl'H'r'H'r'xl"t'H1'l'ni'
j'n
Ho-c-ê,Í-à-?-é-?-é-c=
c:[-c
=c-[-t-[-g-n
Ho-c-ê.f t.?-&?-é-c
=c-j-c
=c- J." ="-ó_,
.I.H.I-H.I-HI
I
IHIH
IHIHIHI
I
T
I"
HHHHHHHHHHHHHH
o
Tabela 1:Principais ácidos gordos conhecidos na natureza (Suarez e Santos,2005)
Os
ácidos gordossão
encontradosna
naturezana forma
não associada, sendo assimconhecidos
como ácidos gordos
livres,
ou
associados formandooutras classes
deAcido
Gordo Nome Sistemático Símbolo Fórm ulamínima Butírico Butanóico C4 ou C4:0 CrHeOz
Capróico Hexanóico C6 ou C6:0 CeH r zOe
Caprílico Octanóico C8 ou C8:0 CeH r eOz
Cáprico Decanóico C10 ou C10:0 C r oHzoOz
Otusílico cis-4-decenóico C10:1(n4) CroHreOz
Caproleico cis-9-decenóico C 10:2(n9) CroHraOz
Láurico Dodecanóico C12 ou C12:O CtzHzcOz
La uroleico cis-5-lau roleico C12:1(n5) Ctz{zzOz Lindérico cis-4-dod ece n óico C12:1(n4) CtzHzzOz
Mirístico Tetradecanóico C14 ou C14:0 C'rqHzaOz
Miristoleico cis-9-tetrad ece n ó ico C 1 4:1 (n9) C r qHzeOz
Tsuzu ico cis-4-tetrad ecenó ico C 14:1 (n4) C r rHzeOz
Palmítico Hexadecanóico C16 ou C16:0 C r eHszOz
Palmitoleico cis-9-h exad ecen ó i co C 16:1 (n9) C r eHaoOz
Esteá rico Octadecanóico C18 ou C18:0 C r aHgeOz
Petroselin ico cis-6-octadecenóico C 18:1 (n6) C r sHeaOz
Oleico cis-9- octad ecen ó i co C 18:1 (n9) C r eHsaOz
Eládico Írans-9-octad ece n ó ico C 18:1 (tn9) C r aHgaOe
Vaccê n ico cis- 1 I -octadecenóico C18:1(n11) C r eHsnOz
Linoleico cis-9, cis- 1
2-Octadecadienóico C 1 8:2(n9,12) C r aHszOz Linolênico cis-9,cis-12,cis-15-Octadecatrienóico C18:3(n9,12,15) C r aHgoOz Risinoleico
12-hidroxi-cis-9-Octadecenóico C18:1(n9):OH(n12) C r aHarOs
Araquídico Eicosanóico C20 ou C20:0 CzoHroOe
Gadoleico cís-9-eicosenóico C20:1 (n9) CzoHoeOz
Gadóico cís- 1 1 -eicosenóico C20:1(n11) CzoHaaOz
Araquidônico cis-6, cis-9, cis- 1 2, cis- 1
5-eicosatetraenóico C20:4(n6,9,12,15) CzoHgzOz
Behênico Docosa nóico C22 ou C22:0 CzzH.cqOz
Cetoleico cis-1 1 -docosenóico C22:1(n1'l) Czz{azOz
Erúcico cis-13-Docosenóico C22:1(n'13) CzzHqzOz Lig nocérico Tetracosanóico C24 ou C24:0 CztHqeOz
Nervônico cis- 1 5-tetracosenóico C24:1(n15) CzqHcaOz
compostos químicos. Entre
os
derivadosmais
importantes encontram-seos ésteres
efosfatíd ios.
Uma das principais formas de encontrarmos ésteres
de
ácidos gordosna
naturezaé
naforma de glicerídeos, os quais são ésteres formados pela condensação de ácidos gordos e
do tri-álcool conhecido por glicerina ou glicerol. Estes compostos são chamados de mono,
di
ou
trigliceridios,
dependendose
uma, duas ou
três
moléculasde
ácido gordo
seassociam
à
glicerina,
respectivamente (Ullmanns, 1992).É
importante salientar que ostriglicerídeos podem ser formados por ácidos gordos iguais
ou
diferentes.A
Reacção 1ilustra o processo de formação de um triglicerídeo. o I o H
, +
3H2O-H
_H o ltc\
o +-+
HO- H HReacção 1: Formação de um triglicerídeo a partir da glicerina e dos ácidos gordos
Capróico (C6:0), Caprilico (C8:0) e Cáprico (C10:0). (Suarez e Santos,2005)
Já os fosfatídios são derivados do ácido fosfatídico (ver letra A da Figura 3), o qual é um
composto obtido pela condensação
de
um poli-álcool, designado por glicerina, com doisácidos gordos,
que
podemser
iguais
ou
diferentes,
e
com
o
ácido fosfórico.
Acondensação do ácido fosfatídico pode ocorrer com diferentes espécies químicas, dando
origem
a
diversos fosfatídios, comoas
lecitinas (derivados da colina, exemplificados naletra B da Figura 3), as cefalinas (derivados da etanolamina, exemplificados na letra C da
Figura
3)
e
as
serinas (derivadosda
L-serina, exemplificadosna letra
Dda
Figura 3).Estas moléculas possuem uma região
de
grande afinidadepela
água-
hidrofílica-
eoutra
-
hidrofóbica-,
representada pela cadeia hidrocarbonada. Devidoà
presença dasregiões hidrofílica e hidrofóbica, os fosfatídios agem como surfactantes naturais, ou seja,
como compatibilizantes
entre
ambientes orgânicos (apolares)e
aquosos (polares). Naindústria de alimentos esses compostos são largamente usados como emulsificantes.
o il o I
o-H o il o HO- HgC-H H H H (A) (B)H H o I o I o il H
-H
tl
,-O-H-itJ
I H _H HgC-I CHs (D)Figura 3: Exemplos de um ácido fosfatídico (fosfato de diacilglicerina) (A), e seus
derivados Lecitina (B), Cefalina (C) e Serina (D). (Suarez e Santos,2005)
Os óleos
e
gorduras pertencemà
classe
químicados
lipídeos.Esta
é a
classe
maisabundante
na
natureza, sendo constituída
por
uma mistura
de
diversos
compostosquímicos, sendo
os
mais importantes os triglicerideos, ácidos gordos livres e fosfatídios.A relação entre estas três classes de compostos, bem como os tipos de ácidos gordos dos
quais são formados, depende essencialmente da fonte do óleo ou da gordura
e
da regiãoonde
foi
produzido. Na Tabela2
são mostradas composiçõestípicas
em ácidos gordospara diversos óleos
e
gorduras de origem vegetal.É
importante ressaltar queo
grau deinsaturação,
ou
númerode
ligaçõesduplas entre
os
carbonosque
formamos
ácidosgordos, bem como
o
tamanhoda
cadeia, estão
directamente relacionadoscom
aspropriedades físicas e químicas desses compostos. Um bom exemplo
é o
ponto de fusáo,que diminui drasticamente com
o
aumentodo
númerode
duplas ligações, fazendo comque,
os
triglicerídeos
saturados(sem duplas ligações) sejam sólidos
a
temperaturaambiente,
como aqueles
que
compõe
o
sebo
animal,
e
que
os
insaturados
oupolinsaturados (com uma
ou mais duplas ligações,
respectivamente)sejam líquidos
àtemperatura ambiente, como aqueles que compõe o óleo de soja. Note-se, que a diferença
entre as gorduras e os óleos é apenas a sua aparência sólida ou liquida, respectivamente,
na temperatura de 20 oC.
(c)
Tabê|.2:
Compo3lção em ácidos gordos de alguns óleos 6 gordurás dê origem vêg€tst( Szpiz aí á1, 1984)(') (Abrou eÍ ar, 2OO3)(b' (Mini6tário de lndústria e do Comercio, Sêcrelarta dê Têcnologia lndustriet, í985) (c) (Overoêm
et á1, íg9O) (d)
Fonte do óleo
ou gordura c8 c10 c12 c14
cí6
C16:'l(n7) c18 C18:1(n9)Ácido gordo (%)C1 8:2(n9,12) C18:3(n9,í2,í5) C18:1(n9):OH(n12) c20 c22 Outros AÍgodãoâ Amendoima Andirobab Babaçub Buriti" Colza' Cu marub Dendêb Girassolâ lndaiá" Li n haçad M aca ú ba" Mamona" Pi n hão-bravo" Pinhão-mansoc Piqu íb Sojab Tig u ic Tucum" 1 3't 2 14 52
I
3 49 35 1 3 27 1 7 49 16 48 16 10 2 14 5 5 17 1 1 79 ,| 1 3 2 74 13 7 1 23 7 37 29 4 35 7 44 14 5 4 18 73I
10 44 12 6 3 13 2 5 3 18 15 54 5 25 6 5 52 11 1 2 1 3 5 88 ,| 14 6 23 57 16 5 44 35 40 2 47 4 7 14 4 24 52 6 7 6 1 48 6 11 5 6 12I
43 16 6 3I
32.2
Obtenção
de Óleos
e
Gorduras
Os
óleose
gorduras podemser
obtidosa
partir de
fontes animaise
vegetais. Osprocessos industriais utilizados para obtenção de óleos
e
gorduras de origem animal(aves, suínos,
bovinos,ovinos, entre outros),
beneficiam essencialmente tecidosgordurosos, sendo também empregados peles
e
ossos. Já os de origem vegetal sãoobtidos
a
partir
de
frutos,
sementes, castanhase
folhas
de
diversas
espéciesvegetais (palmeiras, leguminosas, cereais, gramíneas).
A
seguir, serão detalhadosos
processos industriais envolvidosna
obtençãode óleos
e
gordurasde
origem vegeta l.2.1.1
Obtenção
de
óleos
e gorduras de origem vegetal
A industrializaçáo das sementes oleaginosas compreende a produção de óleo bruto e
de torta, ou farelo residual, e o refino dos óleos brutos produzidos.
A
produção de óleo bruto segue as seguintes etapas: armazenamento das sementesoleaginosas, preparação da matéria-prima e extracção do óleo bruto. A extracção do
óleo bruto pode ocorrer por Extracção Mecânica ou Extracção
a
Solvente ((Parente,2003); (Gerpen et a1,2004); (Suarez e Santos, 2005)).
A
extracção mecânicaé
efectuada basicamente atravésde
prensas contínuas. Aprensa consiste de um cesto formado de barras de aço rectangular distanciados por
meio
de
lâminas, cuja espessura varia de acordo coma
sementea ser
processada.Esse espaçamento das barras
é
regulado para permitira
saída do óleo e agir comofiltro
para as partículas da chamada "torta". Dentro desse cesto gira uma rosca paracomprimir o material.
Para
a
extracção
com
solvente
é
utilizada,
geralmente,
uma
mistura
dehidrocarbonetos denominada
de
"hexana" (fracção
do
petróleo)
com
ponto
deebulição ao redor de 70oC. A penetração do solvente no interior dos grãos triturados
é
facilitada pela
exposiçãode
uma superfície maior.O óleo no
material trituradopode estar na superfície, que é retirado por simples dissolução, e o óleo presente no
interior
de
células intactas são
removidospor
difusão. Assim,
a
velocidade deextracção do óleo decresce com o decurso do processo. A extracção não é completa,
pois o farelo geralmente apresenta um teor de 0,5 a 0,6% de óleo. A solução de óleo
no solvente
é
chamada de"miscela'e
o equilíbrio no sistema óleo-miscela-solventeé
o
factor que
determinaa
velocidadede
extracção ((Snapee
Nakajima, 1996),(Williams, 1997)). A difusão do solvente será mais rápida quanto menores forem os
flocos de semente laminada, quanto maior
for
a temperatura (próximo à temperaturade
ebulição
do
solvente)e
menorfor
a
humidade apropriada ((Parente,2003);(Gerpen et
al,
2004); (Suarez e Santos, 2005)).A extracção do óleo bruto também pode ser realizada por um processo misto. Neste
caso, o processo envolve uma pré-prensagem com posterior extracção com solvente.
(Williams, 1997)
Na Figura
4
são apresentadas as várias etapas de um processo industrial misto deextracção do óleo de soja.
óncoa*
r{Ê
Mê$ürt
urclnkr
OçrodoriuçIo
do ülco
§OTA
B,ur*o{bdco Exuaeeo doo {cldffi
do*ohw
En[x$p d.üdI+I§ lê{iüiíüFigura 4: Estágios do processo químico industrial de extracção do óleo de soja
(Williams, 1997)
Como descrito anteriormente,
o
óleo
bruto obtidoé
uma misturade
triglicerídeos,ácidos gordos livres e fosfatídeos, sendo o teor de cada classe dependente da fonte
de óleo. Quando o óleo vegetal é destinado para fins comestíveis ou para finalidades
técnicas, muitas vezes
é
necessário refinaro
óleo para obter um produtofinal
queatenda
as
especificações técnicas.Por
exemplo,o
óleo de soja bruto
possui umelevado teor de ácidos gordos livres
e
de fosfatídeos (principalmentea
lecitina) quedevem ser retirados, além de outras impurezas, como o tocoferol, que conferem cor e
odor desagradável. Assim,
são
necessáriasas
etapas de degomagem (retirada dalecitina),
neutralização
(retirada
dos
ácidos
graxos
livres),
clarificação
edesodorização (Hoffman, 1989). A denominação de Ó/eos ou Azeites Virgens é dada
para aqueles óleos que são obtidos apenas por prensagem e que nâo necessitam de
nenhuma
etapa
de
refino, pois
já
apresentam especificações adequadaspara
oconsumo, sendo exemplos
os
azeites deoliva e
dendê. Jáa
denominação Azeite éusada exclusivamente para óleos obtidos a partir de frutos (Suarez e Santos,2005).
dr
§obüo
2.3 Óteos
Alimentares
Usados
Os
OAU
representamuma categoria
de
subprodutos/resíduos provenientes dediversas actividades, mas, na sua maior parte, derivados da actividade de
fritura
dealimentos. Estes
óleos usados
podemser
resultantes
de
diversas
actividades,destacando-se nomeadamente as seguintes (lPA, 2004)
Actividades domésticas
(óleos
de
cozinha usados
na
confecção
dosalimentos, como por exemplo a fritura de batatas ou salgados);
Actividades industriais
-
destacando-se as de Preparaçãoe
Conservação deBatata (fabrico de batatas fritas "em pacote");
Estabelecimentos
do
sector Hotéis
Restaurantes
e
cafés/
cantinas(HORECA), que abrange os hotéis, restaurantes e cafés, serviços de catering,
cantinas e refeitórios.
Estes
óleos resultam
essencialmenteda
utilização
de
óleos
de
origem
vegetal(azeite, óleo de girassol, óleo de soja, entre outros). (lPA,2004)
Os
óleos
e
gorduras utilizados
repetidamenteem fritura
por
imersão
sofremdegradação por reacções tanto hidrolíticas como oxidativas (Arellano, 1993) (Figura
5).
Neste caso, a oxidação, queé
acelerada pela alta temperatura do processo, é aprincipal
responsável
pela
modificação
das
características físico-químicas
eorganolépticas
do óleo. O óleo
torna-se escuro, viscoso, aumentaa
sua acidez edesenvolve um odor desagradável, normalmente designado de ranço.
a a a Ácid HzO gordo 1 Rancidez Hidrolítica ácido gordo í
HC-O-CO
-
ácido gordo 2I HzC-O-CO-C Hz)e-CHg o, Rancidez Oxidativa Hidroperóxidos e outros produtos de degradaçáo Náo
voláteis
,/
\
,/
\
voláteisí\
Monómeros cíclicos
e
Hidroiarbonetos,náo cíclicos,
dímeros,
aldeídos, cetonas, trÍmeros ecompostos
furanos, ácidosde alta
massa
carboxilicos, etc.Figura 5: Tipos de rancidez em óleos ou gorduras usados em frituras
(Plank e Lorbeer, 1994)
Os OAU,
classificados comoresíduo não
perigoso,são
da
responsabilidade doprodutor, sendo este responsável pelo seu destino
final.
Em Portugal, apêsar de serproibido lançar este resíduo para
o
esgoto, não existe
um sistema
de
recolhaobrigatório e não existe fiscalizaçáo sobre o seu destino final.
Assim,
e
apesar da responsabilidade ser do produtor, este desconhece que seja dasua responsabilidade o destino
final
a dar aos OAU,e
estes acabam porir
parar aoesgoto ((OUERCUS, 2004),( Pro teste, 2OO2)).
Por outro lado, não existem meios para efectuar a fiscalizaçâo dos despejos, sendo
estes apenas detectados pela contaminação dos
filtros
de gorduras das Estações deTratamento
de
Aguas Residuais (ETAR). Assim, estima-seque em
Portugal sejamproduzidos anualmente cerca de 125 mil toneladas de resíduo de óleos alimentares,
sendo gue apenas 3 mil toneladas são recolhidas anualmente (Pro teste, 2OO2).
Como
foi
referido,as
águas residuais continuama
sero
principal destino dado aosOAU,
o
que
apresentadiversos
problemasa
nivel
ambiental.Os
OAU
quandolançados para os esgotos, para a rede hidrica e para os solos provocam poluição das
águas
e
dos solos. O seu lançamento paÍaa
rede de esgotos provocaa
obstruçãodos
filtros
de gorduras das ETAR's,tal
como acima referido, sendo um obstáculo aoseu funcionamento óptimo. (OUERCUS, 2004')
Outro destino para os OAU é a integração em raçôes animais, o que pode conduzir à
entrada
na
cadeia
alimentarde
diversos
compostostóxicos
e
cancerígenos, emfunção
da
quantidade introduzida.
A
nível
nacional
e
comunitário
já
existemproibiçôes
da
inclusão destes óleos
em
rações animais, uma
vez
que
a
suaincorporação acarreta graves riscos pata a saúde pública.
Como referido anteriormente,
a
utilização de óleos vegetais emfrituras
produz umaquantidade significativa de OAU's. Estes óleos possuem produtos
de
degradação ematérias externas, que alteram as suas características originais, nomeadamente:
o
Partículas em suspensão (pão ralado, ovo, peles, restos de batatas, etc.)..
Alteraçãoda
composição química devido ao aquecimento acimados
180oC,formando-se
os
compostos polinsaturados.(Se
o
aguecimentodo óleo
forefectuado
a
elevadas temperaturase
por um
longo períodode
tempo, osprodutos fritos com esse óleo podem ser prejudiciais à saúde.).
o
Quandoo
aquecimentoé
demasiado intenso (nomeadamente acima dos 250oC),
o
óleo
começaa
queimar apresentandofumos, fuligem
e
cinzas
emsuspensão
que lhe
conferem umacor
escura. Estaspartículas
podem ser também prejudiciais pata a saúde humana (QUERCUS,2OO4).Todas
substânciasque contém triglicerideos
na
sua
composição,em
princípio,podem
ser
usadas paraa
produçáode
ésteres. Algunsfactores,
porém, poderãolimitar
a
utilização
dos
OAU como
matéria-prima, destacando-se
(Pudel
ea
As suas características físicas e quimicas;
A
competiçãocom outros usos
(rações,lubrificantes,
produçãode
derivadosgordos, etc.);
O seu custo e disponibilidade.
Além disso, há impurezas que não podem ser eliminadas através de decantação ou
filtraçáo,
comoos
ácidoslivres,
polímerose
fosfolípideos, que podem dificultar oumesmo inviabilizar o seu aproveitamento como combustível.
A
origem do resíduo irádeterminar
a
sua
disponibilidade, qualidade
e
custo para
a
utilização
comocombustível, conforme classificação sugerida na Tabela
3
para residuos gordurososna Alemanha (Jurisch e Meyer-Pittroff, 1995).
Tabela 3: Principais tipos de resíduos gordurosos e sua disponibilidade/qualidade
para uso como combustivel (Jurisch e Meyer-Pittroff, 199S)
(++) muito favo ve + avor ve
)
satisfatório (-) desfavo ve mu todesfavorável
Este
cenário, principalmente
ao
nível
dos
custos,
começa
a
ganhar
oulrasdimensões,
à
medida
que
o
mercado
de
biodiesel
vai
crescendo.
Os
óleosalimentares usados
tem custos
de
recolha,
e
em alguns locais,
motivados pelomercado espanhol,
o
oAU
é
vendidoa
um preço que pode rondar
até
aos
40cêntimos o litro (Assesorament lndustrial Agrari, S.L., 200S).
Oleo e gordura
resid ual Custo Qualidade Volume Preparo
de fritura comercial o + ++ + de fritura residencial
o
++ ++ de fritura industrial + ++ + de matadouros e f rigoríf icoso
++ do tratamento de esgoto + + 152.4 Processos de
valorização
de Óleos
Atimentares
Usados
2.4.1
Produção
de
Sabão
Uma
das actuais
utilizaçõesdos óleos
alimentares usadosé a
sua
incorporaçáo como matéria-prima auxiliar na indústria de sabões.A
principal
vantagemdeste tipo
de
valorizaçãoreside no facto de
se
pouparemmatérias-primas virgens, com implicações óbvias a nível económico e ambiental.
A
principal desvantagem reside na necessidade deexistir
um adequado sistema derecolha
e
da
forte
dependênciade
práticas
adequadasa
montante
da
suavalorização,
isto
porque o óleo recolhido deve apresentar-se"o
mais puro possível",ou
seja,
caso
a
fracção recolhida
apresenteum nível
de
humidade,acidez
eimpurezas,
ou
outras característicasque
não garantema sua
qualidade para esletipo de valorização, o processo será mais dispendioso e demorado.
Uma vez efectuado o controlo dos parâmetros de qualidade do óleo alimentar usado,
ele
poderáser
utilizado paraa
produçãode
sabáo. Apresenta-seem
seguida, naFigura 6, um esquema sintético deste processo de valorizaçáo.
A
produção de sabãoé
efectuada em duas fases.A
primeira consiste na conversãodos lípidos em ácidos gordos livres através da ebulição com uma soluçâo aquosa de
hidróxido
de
sódioe
a
segunda, consiste na adiçãode
cloretode
sódioà
misturaanterior
de
modoa
que
o
sabão (sais
de
ácidos
carboxilicos)seja
precipitado(Ullmanns, 1992). As reacções de saponificação utilizadas na produção de sabão são
apresentadas a seguir:
HzC-O-CO-Rr
R1-
COONa HzC-
OHHC-O-CO-Rz+
NaOH +
R2-COONa
+ HC-OHHzC-O-CO-Rs R3
-
COONa HzC-
OHReacção 2: Reacção de saponificação dos triglicéridos (Ullmanns, 1992)
o il o il c
HC-ORr+NaOH
-+
R-
-oNa
+
Hgc-coo-Rr+RroH
Recepgão de Óleo para
reciclar
Tecnolooia Manual Descarga e Filtragem Filtro de Telas Neutralização Neutralizador Descontínuo Centrif ugação Centrifuga SecagemSecador por Vácuo
Armazenamento
Tanques de 30TM
Fabrico de sabão (saponificação)
Caldeiras de Fabrico de 25TM
Produção de sabão em máquina (Extrosão)
Máquinas de 2 000 Kgs/ Hora
Armazenagem
Tanques 25 000 Lts
Figura 6: Processo de valorizaçáo destinado à produção de sabão
(rP4,2004)
2.4.2
Digestão
Anaeróbia
Uma
outra
utilização possívelpara
os
óleos
alimentares usados consistena
suaaplicação
às
unidadesde
Digestão Anaeróbia, que irão ser instaladas em Portugal,no quadro
da
introdução de sistemasde
valorização orgânica dos resíduos sólidosurbanos.
A
digestão
anaeróbiaé
um
processo
que
recupera energeticamentea
fracçãoorgânica, consistindo numa reacção
bioquímicarealizada
em
basicamente trêsestágios, por diversos tipos de bactérias, na total ausência de oxigénio. O grupo de
bactérias fundamental nesse processo
é
o
grupode
bactérias metanogénicas, que actuam na última etapa, formando o metano (CHn).Estágio
í
Nesse primeiro estágio,
a
matéria orgânica é convertida em moléculas menores pelaacção de bactérias hidrolíticas
e
fermentativas. As primeiras transformam proteínasem
peptídeose
aminoácidos, polissacarídeosem
monossacarídeos, gorduras emácidos graxos, pela acção de enzimas extracelulares, como a protease, a amilase e a
lipase.
Seguidamente,
as
bactérias fermentativas transformam esses produtosem
ácidossolúveis
(ácido
propiónicoe
butírico, por
exemplo), álcooisê
outros
compostos. Nessa etapa também são formados dióxido de carbono lCOz), hidrogénio (Hz) e ácidoacético (CHeCOOH).
Estágio 2
Nesta etapa, as bactérias acetogénicas transformam os produtos obtidos na primeira
etapa
em ácido acético
(CHgCOOH), hidrogénio (Hz)e
dióxidode
carbono (COz).Essas bactérias são facultativas, ou seja,
elas
podem actuar tanto em meio aeróbiocomo anaeróbio.
O
oxigénio necessário para efectuar essas
transformações éretirado dos compostos que constituem o material orgânico.
Estágio 3
A
última
etapa
na
produçãodo
biogás
é a
formaçãode
metano.As
bactériasmetanogénicas,
as
que formamo
metano, transformamo
hidrogénio (Hz),o
dióxidode carbono (COz) e o ácido acético (CHsCOOH) em metano (CH+) e COz.
Estas bactérias
são
obrigatoriamenteanaeróbias
e
extremamentesensíveis
amudanças no meio, como temperatura e pH.
As
bactérias envolvidasna
formaçãodo
biogás
actuamde
modo simbiótico. Asbactérias
que
produzemácidos
geramos
produtosque serão
consumidos pelasbactérias metanogénicas.
Sem
esse
consumo,
a
acumulação excessiva
desubstâncias tóxicas afectaria as bactérias produtoras de ácidos.
Estágio
IEstágio
ll
Estágio ll!
Massa bacteriana H2CO2 ácido acético Ácido
p rop ió n ico,
ácido butílico, vários álcoois e outros com postos. Massa bacteriana Massa bacteriana
\,
Bactéria Fermentativa Bactéria Acetogénica Bactéria metanogénica
ca rbo h id ratos, gorduras e prote Ín as Res Íd u os orgânicos, Metano COz H2CO2 ácido acético
2.5 Uso de
óleos vegetais
para obtenção de combustíveis
A
ideiado
uso de óleos vegetais como matéria-prima alternativa para obtenção decombustíveis
tem sido
levantada desdeo
início do
desenvolvimentode
motores acombustão. Neste sentido, cabe salientar que Rudolf Diesel, quando desenvolveu os
motores diesel
em
1896, propôs como
combustíveiso
petróleo
bruto
e
óleosvegetais, como o de amendoim. A partir de então, diversos estudos foram realizados
com o intuito de utilizar óleos vegetais como combustíveis.
Existem vários métodos
de
produçãode
biodiesel, alguns mais comuns, comoé
ocaso da transesterificação e outros provenientes de estudos recentes como é o caso
das
reacções com metanol supercrítico. Segue-se uma descrição desses métodos(Khan,2002).
2.5.1
Uso
directo
do óleo
vegetal
O uso directo do óleo vegetal como combustível apresenta, como principal vantagem,
a
simplicidadedo
processo, umavez que não
é
necessária qualqueretapa
dealteração
química. No entanto,
a
alta
viscosidadee
temperaturade
evaporaçãodificultam
o
emprego
em
motores convencionais, sendo necessário
motoresadaptados, como o motor Elsbett. Outro problema apresentado por esta alternativa é
a
formação de depósitos de coque e grafite nos motores, o que acaba por danificaros
mesmos minimizandoa
sua vida
útil.
Alternativamente,tem-se proposto
autilização de misturas de óleos vegetais e óleo diesel convencional, sendo relatado o
emprego de ate 20o/o em peso do óleo vegetal sem comprometer o funcionamento do
motor.
lnfelizmente
o
uso
do
óleo
vegetal
nâo
modificado como
combustívelnão
érecomendado para operações de longas durações, pois compromete o funcionamento
do motor.
2.5.2
Craqueamento do óleo vegetal
(Pirólise)
O
processode
craqueamento consistena
quebradas
moléculasdo óleo
vegetal,levando à formação de uma mistura de compostos químicos com propriedades muito
semelhantes às do diesel de petróleo, podendo ser usada directamente em motores
convencionais.
Esta reacção
é
realizadaa
altas
temperaturas,acima
de
35OoC(Sonntag,
1979),
na
presençaou
ausênciade
catalisador (Weiszet al.,
1979),conforme ilustrado
na
Figura8. A
simplicidadedo
uso apenasde alta
temperaturapara realizar
o
craqueamentotem
como desvantagema
formaçãode
compostosoxigenados,
os
quais tornamo
produto levementeácido. Já
quandoa
reacção érealizada