-
CENTRO
SÓCIO
-
ECONÔMICO
PROGRAMA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ECONOMIA
« ~~ I r r
CAPACITAÇAO
TECNOLOGICA
NA
INDUSTRIA
DE
MAQUINAS
AGRICOLAS
NO
RIO
GRANDE DO
SUL
zIANE___ROSICLEI
PINHEIRO
FLORIANOPOLIS
CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA NA
INDÚSTRIA
DE
MÁQUINAS
AGRICOLAS
No
RIO
GRANDE DO
SUL
Dissertação apresentada,
como
requisito parcial para a obtenção
do
grau de mestre
em
Economia, na
área de concentração
em
Economia
Industrial, ao Centro dePós-
Graduação
_em?
_Economiada
Universidade Federal
de
Santa Catarina.H ' C
Orientador: Professor Dr.
Renato
Ramos
Campos.
FLORIANÓPOLIS
DEZEMBRO/1999
CAPACITACAO
TECNOLOGICA NA
INDÚSTRIA
DE
MÁQUINAS
AGRICOLAS
NO
RIO
GRANDE DO
SUL
Dissertação apresentada,
como
requisito parcial para a obtenção
do
grau de mestre
em
Economia, na
área de concentração
em
Economia
Industrial, ao Centro de Pós-
Graduação
em
Economia
da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador: Professor Dr.
Renato
Ramos
Campos.
FLORIANOPOLIS
JANE
ROSICLEI
PINHEIRO
Dissertação apresentada e aprovada
no
Centro dePós-Graduação
em
Economia
da
Universidade Federal de Santa Catarina, para a obtenção
do
grau de mestreem
Economia,
na área de concentraçãoem
Economia
Industrial.Coordenador
do
Curso
“L
Iníã'
5»
Professor Dr. Laérci 'S a osa PereiraOrientador
`
i-DallÀ
Professor Dr.Renato
' .Í V .V pos-
CPGE/UF
SC
Banca Examinadora:
Professora Dr”
Maria
Cristina Araújo Passos-
UNISINOS
Professor _ Luiz Carlos de Carvalho Júnior-
CPGE/UF
SC
Florianópolis, 28 de
Dezembro
de 1999.AGRADECIMENTOS
A
meu
orientador, professor Dr.Renato Campos,
pelacompreensão
etempo
dedicado à leitura e comentários sobre este trabalho.
As
empresasdo
RioGrande do
Sul, representadas pelas pessoas dos SenhoresEdson
Pearson e Nélcio Giovanella, por todas as informações que
me
disponibilizaram.Aos
órgãos ligados à indústria,como
ABIMAQ,
IPT/SP,FIERGS
e outros, pelo acesso aos dados contidos neste trabalho.À
Coordenação
doMestrado
em
Economia
da Universidade Federalde
SantaCatarina, pela possibilidade de realização
do
Curso.Ao
Departamento
deEconomia
e Contabilidade da Universidade Regionaldo
Noroeste do Estado
do
RioGrande do
Sul, pelo apoio e incentivo.A
todas a uelas essoasue
acreditaram esem
re estiveram aomeu
lado _ 3 especialmente aminha
família.Lista
de
siglas eAbreviaturas
. _ _ _ viiResumo.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ ixAbstract _ _ __ _ _ _ _ _ x
INTRODUÇÃO_______..________._._1
1-CARACTERIZAÇÃO
DA
INDÚSTRIA
DE
MÁQUINAS
AGRÍCOLAS.
71.1.
Os
Produtosesua Operação.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 7 1.2. .Caracterizaçãodo
ProcessoProdutivo
_ _ _ _ _ _ _ 111.3.
Formação
eDesenvolvimento da
Indústriano
Brasil _ . _ _ _ _ _ 13 1.4.Evolução da
Indústria nasDécadas de 80
e 90:Impactos da ReestruturaçãoProdutiva e Processo de Concentração . _ _ _ _ _ _ _ . . _ _ _ 17
l_4_ 1.0 Processo de Reestruturação Industrial
da
Economia
Mundial
nosAnos
80
.171.4.2. Principais Características das
Mudanças
Recentes na IndústriaMundial
deMáquinasAgrícolas______._______.__._19
l_4_3_Tendência à Concentração da Indústria nos
Anos
90
e Configuração AtualnoBrasil______.__._.__._______22
1.5.
Evolução
dasVendas
eExportação
da
Indústria Brasileira _ _ _ _27
2-TECNOLOGIA
E
coNcoRRÊNcIA NA
INDUSTRIA
DE
MÁQUINAS
AGRICOLAS____.___...___._.____34
2.1.
Inovação
ePadrão
de
Concorrência
. . .34
2.2.A
Dinâmica
Tecnológica e oPadrão
de Concorrência na
Indústriade
Má-
quinasAgrícolas.__._.____..._..___.4l
2_2_l_Característicasdo
Avanço
Tecnológico na Indústria deMáquinas
Agrícolas 412_2_2.
O
Padrão de Concorrência na Indústria deMáquinas
Agrícolas _ _ _ _44
3.1.
Origens
eDesenvolvimento
dasEmpresas da
Indústriade
Máquinas A-
grícolasnoRS_________...__.__..__48
3.2.ProdutoseInovaçõesem Produto.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 533.3. Características
do
ProcessoProdutivo
e aIntrodução de
Novas
Tecnolo-giasdeProcesso__.____._____.._.___56
3.4.
A
Infra-estrutura e Nível Tecnológico dasEmpresas
_ _ 584-OS
PROCESSOS
DE
APRENDIZAGEM
E PRINCIPAIS
CARACTERÍS-
TICAS
DA CAPACITAÇAO TECNOLOGICA
_ _ _ _ _ _ _ _ _62
4.1.Conceituação de
Processosde
Aprendizagem
eCapacidade
tecnológica. 624.2. Esforço Interno
de
P&D
e Fontesde
Informação
Tecnológica _ _ _ _64
4.3. Características das
Formas
de
Transferênciade
Tecnologia. _ _68
4_3_l_AcordosdeCooperaçãoTecnológica_
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 714.3.2_As Relações
com
os Fornecedores e Características da Subcontrataçãocomo
Elemento
de Capacitação Tecnológica. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 764.3.3.
As
Relaçõescom
os Clientes para a Capacitação tecnológica _ _ _ _ 80 4.4.As
Estratégias Tecnológicas dasEmpresas
_ _ _ _ _ 83coNcLUsoEs
_ _ _ s9ANEXOS
_ . _ 93REFERÊNc1AsBIBL1oGRÁF1cAs_
_ _ _94
ALADI
-
Associação LatinoAmericana
de IntegraçãoABIMAQ
-
Associação Brasileira da Indústria deMáquinas
eEquipamentos
ANFA,-,VEA
-
Associação Nacional dos Fabricantes de VeículosAutomotores
W /' .-
BNDES
-
Banco
Nacional deDesenvolvimento
CEE
-\Comunidade Econômica
EuropéiaCNC
- Computer Numeric
Control 'ECIB
-
Estudo da Competitividade da Indústria BrasileiraEUA
-
EstadosUnidos
daAmérica
FIERGS
-
Federação das Indústriasdo
Estadodo Rio Grande do
SulIMA
-Indústria deMáquinas
AgrícolasE
IPT
-
Instituto de Pesquisas TecnológicasMERCOSUL
-
Mercado
Comum
do
SulMCT
-'Ministério da Ciência e TecnologiaMICT
~
Ministério da Indústria,do Comercio
edo Turismo
OCDE
-
Organization forEconomic
Co-operationand*Development
P&D
-
Pesquisa eDesenvolvimento
PIB -
Produto Interno Bruto'PMEs
-
Pequenas
eMédias Empresas
SESI -
Sen/iço Social da IndústriaSENAI
-
Serviço Nacional deAprendizagem
IndustrialUNCTAD
-
United Nations Conferece of Trade andDevelopment
USA
-
United States ofAmerica
Este trabalho visa analisar a capacitação tecnológica na indústria de
máquinas
agrícolas
-
segmento
produtor de colheitadeiras- no
Estado do RioGrande
do Sul.O
objetivo principal é verificar os processos de aprendizagem tecnológicana
indústria de
máquinas
agrícolas, deforma
a conhecer as possibilidades de sustentaçãoou
ampliação das capacitações tecnológicas das empresas.Pela representatividade da indústria
gaúcha
no
contexto brasileiro e mundial, esta foi escolhidacomo
objeto de estudo. Assim, foi realizadauma
pesquisa junto a duas empresas instaladasno
RioGrande do
Sul. Primeiramente,foram
realizadasentrevistas, através da aplicação de
um
questionário. Para a análise,tomou-se
como
referência a visao neoschumpeteriana de competitividade, a qual enfatiza a importância das inovações
no
processo de concorrência.As
conclusõesdemonstram
que a capacitação tecnológica apresentada pelas empresas é determinada, principalmente, poralguma forma
de associação quemantêm
com
empresas maiores, estrangeiras, fornecedoras de tecnologia. Entretanto, essa capacidade é complementada, internamente, pela empresa, seja através de pesquisa realizadaem
seus laboratóriosou
através da aprendizagemque
aconteceno
momento
da
produção
e usodo
produto.Essa capacidade tecnológica adquirida pelas empresas
vem
garantindo aadequação
dasmesmas
ao padrão de concorrência vigente na indústria mundial demáquinas
agrícolas, o qualtem
na possibilidade de diferenciação e na qualidadeda
assistência técnica os elementos fundamentais.
This
work
analyses the technologicalempowerment
in the AgriculturalMachine
Industry - Harvesting
Machines
Production Sector-
in the stateof Rio Grande
do
Sul.The
main
objectiveof
the study is analyzíng the technological learning processesin the agricultural
machines
industry, as toknowing
the possibilitiesof
maintenance or enlargementof
the industries technologicalempowerment.
Due
to the important role thegaucha
industry plays in the brazilian as well as inthe
world
context, itwas
chosen as objectof
this research. So, itwas
made
a
survey intwo
companies
setup
in RioGrande do
Sul. First,some
interviewswere
carried out;through
a
questionnaire. Supporting the present analysis, the neoschumpeterianof
competitiveness visionwas
taken as reference,which
emphasizes the importanceof
the concorrence process inovations.The conclusions
show
that the technologicalempowerment
presentedby
theindustries is mainly determined through
some
kindof
association they have with largerforeign corporations suppliers
of
know-how.However,
the industrycomplements
internally this capability either through research carried out in itsown
laboratoryfacilities or through the learning process taking place in the production line
and
in product utilization.This technological capability acquired
by
the industries hasguaranteed
theiraccommodation
to the industry presently eflective competition standard,whose
fundamental
elements are the diflerentiationfeasibilityand
technical assistance quality.Durante a década de sessenta, a
demanda
intema por máquinas agrícolas era crescenteno
Brasil. Até então foram significativas as importações dessas máquinas,chegando
a representar4%
do
total das importações brasileiras. Gradualmente, a in-dústria nacional
começou
a substituir as importações através daprodução
doméstica,chegando
ao pleno atendimento dessademanda
no
início da década de setenta.Hoje
estão instalados,
no
Brasil, seis fabricantes de tratores agrícolas e três fabricantesde
colheitadeiras, sendo
que no
RioGrande do
Sul estão duas dessas fábricas de colheita-deiras, além de alguns fabricantes de tratores que,
em
alguns casos, são osmesmos
das colheitadeiras. Essas empresas instaladasno
referido Estado são líderes demercado
etêm
demonstradouma
participação significativa, ao longodo
tempo, nosrumos
da
indústria brasileira
(Súmula
Econômica, 1996). .O
RioGrande do
Sul é responsável pela produção deaproximadamente
65%
das colheitadeiras e
50%
dos tratores agrícolas vendidosno
Brasil.A
indústriagaúcha
de
máquinas
agrícolas apresentauma
estrutura intensivaem
capital na qual procuradesenvolver produtos
com
tecnologia moderna, resultando na expansãoda
sua partici-pação
no
mercado
nacional e no exterior.A
participação brasileirano
contexto interna- cional de produção de máquinas agrícolas, contudo,tem
sido bastante irregular desde 1980, chegando,em
alguns anos, a patamares superiores a8%
da produção
mundial(Súmula
Econômica, 1996). "Paralelo ao surgimento da indústria nacional de máquinas agrícolas, surgia
um
novo
paradigma industrial e tecnológico, decorrente dos avanços na microeletrônica,vol-tado para a produção
em
massa
de bens padronizados, feitosem
grandes plantas in- dustriais integradas verticalmente, utilizando máquinas específicas e mão-de-obra espe-cializada na execução de tarefas fragmentadas. Dentro desse
novo
paradigma, onovo
modelo
de produção surgiu baseadono
uso das tecnologias de informação, tendocomo
características principais a integração e a flexibilidade, possibilitando às empresas produzirem lotesmenores
e diferenciados de produtos,sem
perdas de eficiência.As
mudanças, dentro dessenovo
paradigma industrial e tecnológico, envolveramnão
so-mente
o sistema de produçãomas
também
os produtos,que
começaram
a apresentarnovos
padrões tecnológicos, e seus projetos,que
passaram a ser infonnatizados.Por
outro lado, ogovemo
brasileirovem
adotando rigorosas políticas de esta- bilização econômica, na linhado
neoliberalismo, visando controlar a inflaçãomas
pro-vocando
desequilíbriosno
balanço de pagamentos.Desde
o início dos anos 90, a ado-ção de politicas e estratégias voltadas às relações
com
o exteriortem contemplado
a desregulamentação e abertura daeconomia
através da liberalização do comérciode
bens e serviços, pela redução
ou
eliminação das tarifas de importação,expondo
cada vez mais aeconomia
nacional a concorrência externa.Concretamente, essas ações
têm
funcionado, deum
lado,como
pressão para forçar a indústria nacional a modernizar-se,aumentando
sua produtividade e competi- tividade, pois estafica
vulnerável à concorrênciaextema
direta.De
outro lado,têm
permitido a entrada crescente de capital
extemo no
país, através de investimentos eaquisições de empresas nacionais
ou
mesmo
instalação de filiais de empresas estrangei-ras.
Atrelado a isso está o processo de globalização pelo qual
vêm
passando as eco- nomias mundiais,que
tem
como
característica principal a progressiva reduçãodo
grau de territorialidade das atividades econômicas deum
país,no
qual indústriaspassam
a desenvolver suas atividadescom
apoio crescente de recursos específicos de qualquer naçãoou
território.As
características deste processopodem
ser verificadas através de situaçõescomo:
(a) crescimento numérico das empresas transnacionais nacomunidade
mundial de negócios; (b) avanço tecnológico e
queda
dos custosem
áreas-chavecomo
transportes, comunicações, processamento e transmissão de dados; (c) consolidação
blocos econômicos,
como
é o casodo
Mercosul, naAmérica do
Sul; e (d) crescenteempenho
dos governos dos paísesem
melhorar os padrões de competitividade via mai-or abertura das suas economias a produtos e a fatores reais e financeiros,
em
vez deproteger seus mercados.
Nas
empresas localizadas nos países desenvolvidos, são diversas as conseqüên- cias da globalização, entre elas é possível destacar: (a) quebra de barreiras à entrada de concorrentescom
mudanças
nas estruturas de concorrência; (b)mudança
nas estrutu- ras de custo das empresas,com
a expansão de gastosem
P&D
(pesquisa e desenvolvi- mento), melhora dos serviços pré e pós-venda e garantias associadas aos produtos; (c) intensificação de alianças estratégicas e fiisões entre empresas,com
ênfase naquelasque
resultamem
riscos compartilhados ecomplementação
de capacitações; (d) cres-cente integração
do
processo de produção,com
maior complementariedade entre es- truturas produtivas instaladasem
países distintos; e (e)mudança
no
eixo de competição das empresas, que deixa de ser o preço, tendocomo
foco a tecnologia de processos e encurtamentodo
ciclo de vida dos produtos.Estas
mudanças
afetaram deforma
diferenciada as condições de competitivida- de das empresas nos diversos paísesem
desenvolvimento e o acirramento da concor-rência, entre outros aspectos, ampliou as exigências de capacitação tecnológica. `
Especificamente, na indústria de máquinas agrícolas, o padrão de concorrência sustenta-se, principalmente, na diferenciação de produtos e
em
estratégias de vendasque
enfatizam a assistência técnica. Sabe-setambém
que nesta indústria a participação de capitais externosmarcou
sua evoluçãono
Brasil. Tais características implicam cer-tas especificidades relativas ao impacto da reestruturação industrial recente.
A
Indústria deMáquinas
Agrícolas(IMA)
caracteriza-se poruma
estruturade
mercado
heterogênea na qual coexistem empresas de diferentestamanhos
e caracterís-ticas técnicas e organizacionais. Existem três segmentos de
mercado
nos quais estas estruturas demercado
e as condições de produção diferem bastante: tratores de rodas;colheitadeiras e;_ implementos de tração mecânica; sendo estes segmentos definidos de
acordo
com
a naturezado
produto.Nessa
estrutura industrial, as barreiras à entrada, asexigências tecnológicas de produto e processo e os canais de distribuição são específi- cos a cada segmento,
havendo
competição intensa intra-segmento.Pela representatividade da indústria
gaúcha no
contexto brasileiro e, por conse-qüência,
no
contexto mundial, amesma
foi selecionada para ser o objeto de estudono
presente trabalho. Dentro dessa indústria, o destaque ao
segmento
produtor de colhei- tadeiras se deve ao fato de pertencerem a essesegmento
as maiores empresasque
compõem
a indústria de máquinas agrícolas tantono
Estadodo
RioGrande do
Sulcomo
no Brasil.Frente às
mudanças
mencionadas,emergem
algumas questões, quais sejam: a)Como
as empresas desenvolvem sua capacitação tecnológica,dado o
padrão de concorrência desse setor.b) Quais as possibilidades competitivas das empresas, frente ao nível tecnológi- co que apresentam.
Assim, tem-se
como
objetivo analisar os processos de aprendizagem tecnológi- ca na indústria de máquinas agrícolas, deforma
a conhecer as possibilidadesde
sus-tentação
ou
ampliação das capacitações tecnológicas das empresas. Neste sentido, es- pecificamente, objetiva-se: a) identificar as fontes de informação para o desenvolvi-mento
tecnológico,bem como
as estruturas internasque
sustentam tais processos; b)conhecer o nivel tecnológico das empresas e suas possibilidades competitivas.
Para a análise destas questões, tomar-se-á
como
referência a visão neo- schumpeteriana de competitividade, que enfatiza a importância das inovaçõesno
pro- cesso de concorrência, as quais significam introduçãoou
modificação de produtoou
processo
no
setor produtivo. Nessa visão, as inovações são colocadascomo
novas oportunidades de abertura de espaçoseconômicos que
possibilitam a criação de vanta- gens competitivas.A
concorrência é vista assimcomo
o processo de confrontação das empresas na buscado
lucro atravésdo
esforço inovativo.Nesse
sentido, destaca-se o conceito de capacitação tecnológicacomo
sendo a capacidade deuma
empresa
de ge- rar inovações, implicandoem
investimentos eicpressivos na fomração de recursos hu- manos, consolidação de redes de informação tecnológica, desenvolvimento e difusãode
métodos
de gestão emanutenção
e desenvolvimento deuma
adequada
infra-estrutura tecnológica, o que
tem
relação diretacom
questões de aprendizagem.Todos
os conceitos anteriores estão ligados às noções de paradigma e trajetóriados problemas tecnológicos de
uma
determinada indústriaou
segmento, oque
dá idéia da direçãoque
segue o progresso tecnológico.Quando
setem
um
padrão normal de solução para esses problemas tecnológicos, duranteum
determinado periodo de tempo, se está diante deuma
trajetória tecnológica.-Para tanto, tem-se
como
hipóteses iniciais que: (a)As
empresasda
indústria de máquinas agrícolas apresentamum
nível tecnológico compatívelcom
o padrãomundi-
al. (b)
Os
processos de aprendizagem informal,que acontecem no
momento
da produ-ção e uso dos produtos, assim
como
os processos de aprendizagem formal, estrutura- dos nas atividades deP&D,
estão sendo determinantes da capacitação tecnológica das empresas, pois proporcionam condições de absorção de tecnologia e criam capacidades para adaptações de produtos e melhoramentos de processos. (c)A
forma de capacita-ção tecnológica seguida pelas empresas
vem
garantindo sua adequação ao padrão de concorrência da indústriadado
o papel da tecnologia nos processos de diferenciação.Com
base no referencial teórico analítico,tomou-se
como
objeto de análise as empresas brasileiras produtoras de colheitadeiras instaladasno
RioGrande do
Sul,visto que existem apenas três empresas,
no
Brasil, neste segmento e que duas delas estãono
RioGrande do
Sul. Primeiramente, foi feitauma
ampla
revisão bibliográfica juntamentecom
o levantamento de dados sobre a indústria, após procedeu-se a elabo- ração deum
questionário, enfocando os principais pontos a serem levantados, conside- rando à realidade empírica e as referências teóricas. Este questionário foi aplicado junto às empresas, sendoretomado
alguns itensdo
mesmo
quando
surgiram necessida- des de maiores esclarecimentos.A
partirdo
levantamento das informações e trata-mento
destas, foram feitas as análises tornando-se possível elaborar as conclusões co-locadas
no
presente trabalho.Este trabalho está organizado
em
quatro capítulos.No
primeiro capítulo, é feita a caracterizaçãogeral da indústria de máquinas agrícolas,com
a descrição dos seus produtos e processos produtivos, sua formação e desenvolvimento no Brasil,bem
como
sua evolução nas décadas de80
e 90 frente aos impactos da reestruturação pro- dutiva e processo de concentração industrial, abordando as tendências da indústriano
contexto mundial e brasileiro. Ainda, neste capítulo, são caracterizados os
mercados
No
capítulo seguinte, discute-se a relação entre inovação e padrão de concor-rência,
onde
são tratados os conceitos de paradigmas e trajetórias tecnológicas, assimcomo
as características geraisdo
avanço tecnológicoem
produtos e processos na in-dústria de máquinas agrícolas que demonstram, respectivamente, tendências à produ- ção de máquinas mais leves,
menos
poluidoras, mais econômicas, mais informatizadas e cada vez mais complexas,em
um
processo de produção flexivelcom uma
nova
confi- guração fabril, utilizando máquinas e equipamentoscom
tecnologia de base microele-trônica e novas técnicas de gerenciamento da produção.
Dados
esses avanços tecnoló-gicos, é definido
também
o padrão de concorrência vigente namesma
indústria, o qualtem
a diferenciação de produtos e a qualidade da assistência técnicacomo
elementos determinantes. fNo
terceiro capítulo, são tratadas as informações específicas das empresas es- tudadasno
RioGrande do
Sul, quanto as suas origens e desenvolvimento, estrutura e principais mercados, avanços tecnológicos de produto e de processo - tendocomo
foco apenas o produto colheitadeira e seu respectivo processo de produção ~ e infra-
estrutura tecnológica das empresas, identificando assim o nível tecnológico destas.
No
quarto e último capítulo, são discutidos os processos de aprendizagem for- mais e informais, as características da capacitação tecnológica das empresas estudadas,incluindo-se as principais fontes de informação para essa capacitação e a importância dos processos de aprendizagem
como
forma de capacitação tecnológica.Além
disso,1.
CARACTERIZAÇÃO
DA
INDÚSTRIA
D1:MÁQUINAS
AGRÍcoLAs
O
objetivo deste capítulo é examinar os principais fatores condicionantesdo
surgimento da indústria de máquinas agrícolas
no
Brasil a partir da década de sessenta,bem como
os fatores que determinaram orumo
de sua evoluçãoem
termos de estrutura produtiva e mercados. ,O
capítulo está organizadoem
cinco itens.O
primeiro e o segundo itens estão voltados à descrição dos produtos e processos produtivos dessa indústria,acima
citada.O
terceiro item destaca o papeldo
desenvolvimento da agricultura e as políticas de crédito ruralcomo
elemento estimuladordo
surgimento da indústria demáquinas
agrícolas
no
Brasil.No
quarto item, procura-se mostrar o processo global ,de reestruturação industrial pelo qual passou a indústriaem
geral, na década de oitenta, eseus reflexos sobre o sistema de produção e organização da indústria de
máquinas
agrícolas.
Por
último, o enfoque é a comercialização da indústria brasileira demáquinas
agrícolas (mercados interno e
extemo)
e seusrumos
diante das perspectivas demercado
e estratégias adotadas. “1.1 -
Os
Produtos
e suaOperação
Segundo Katz
(1986), a maquinaria agrícolapode
agrupar-seem
três níveis;no
primeiro, encontram-se os arados, grades, cultivadores, equipamentos de irrigação e
nível, encontram-se diversos equipamentos
com
tração própria; e no terceiro, os tratores e a maquinaria autopropelidaque
se usa nos estágios mais avançadosda
mecanização agrícola. _
Ainda,
conforme
STI/MIC apud Amato
Neto
(1985),segundo
o grau de complexidade, as máquinas produzidas pelaIMA
podem
ser classificadascomo:
a) Ferramentas
manuaise
implementos de tração animal: neste conjunto incluem-se asferramentas manuais, máquinas e implementos de tração animal,
pequenos
equipamentos destinados a melhorar a performance destas ferramentas e máquinas, a reduzir o esforço
manual
e a eliminar restriçõescomo
a morosidadedo
trabalho; são equipamentos utilizados ao longo de toda a produção agrícolacomo
arados, grades' e cultivadores de tração animal, equipamentos carregados pelohomem,
como
pulverizadores manuais, etc.
b)
Máquinas
e equipamentos de acionamento mecânico, depequena
complexidade: sãomáquinas e equipamentos que
contêm
um
pequeno número
de subconjuntos,que não
possuem
fonte de potência propria,mas
arecebem
deuma
fonte mecânica externaatravés de acionamento e/ou acoplamento simples (barra de tração, engate de três
pontos, polia de motor, etc).
_
c)
Máquinas
e equipamentos de acionamento mecânico, de grande complexidade: sãomáquinas e equipamentos que
contêm
um
pequeno
número
de subconjuntos,que
incluem
um
motor
de baixa potênciaou que
são acionados poruma
fonte de potênciaexterna, executando-se a transmissão por
meio
de engrenagens de alta potência(segadeiras, enxada rotativa, etc).
d) Tratores, máquinas automotrizes e motores estacionários: são máquinas
do
tipoautomotriz,
como
tratores e colheitadeiras, nos quaisionúmero
de subconjuntos éelevado e a tecnologia
empregada
é bastante complexa; nesta categoriatambém
se incluem os motores estacionários.Considerando que a atividade agrícola envolve
uma
série de operações produtivas e que, para a realização de cadauma
delas, exige-se a utilização deuma
ou
um
grupo de máquinas projetadas para cadafim
especifico, agrupam-se asmáquinas
e implementos, de acordocom
suas fiinçoes,como
executoras das seguintes tarefas:a) Preparo inicial
do
solo: são trabalhoscomo
odesmatamento
e limpezado
terreno,executados por máquinas,
como
as lâminas de desmate, a roçadeira e os enleiradores de raízes.b) Preparo periódico
do
solo: abrange as operações cíclicas de preparodo
solocom
vistas à implantação de culturas,
como
a aração, agradagem
e a subsolagem.Máquinas
tipicas desta operação são os arados e grades.
c) Semeadura, plantio, transporte, adubação e correção
do
solo: são atividadessimultâneas e executadas por máquinas muito afins
como,
por exemplo, as semeadoras- adubadoras a lançoou
em
linhas (plantadeiras).d) Tratos culturais: visa manter as condições adequadas de desenvolvimento das culturas, controlando plantas invasoras, pragas e moléstias; são típicos desta operação o cultivador e o pulverizador.
e) Colheita de forrageiras: são operações de colheita de plantas
ou
partes de plantas destinadas aoconsumo
animal imediato; são executadas por máquinas tipo a segadeira de barra, o ancinho enleirador, etc.Í) Colheita de grãos: é essencialmente a operação de colheita de grãos executada pelas
colheitadeiras automotrizes.
g)Transporte: para transportar os materiais dentro da propriedade agrícola,
normalmente
são utilizadas as carretas agrícolas e graneleiras.`
h)
Movimentação,
pre'-processamento earmazenamento
da produção: são atividadesexecutadas visando colocar a produção agricola
em
condições de ser preservada duranteum
determinado período de tempo; para isso é utilizadauma
grande variedade de equipamentos, entre eles estão os trituradores de grãos e os secadores.i) Conservação
do
solo e da água: esta operação visa manter e aprimorar as condiçõesdo
solo e daágua
com
vistas a sua utilização na produção agrícola; é executada por máquinascomo
arados terraceadores, retroescavadeiras e outros.j) Acionamento: visa
fomecer
a potência necessária ao acionamento dasmáquinas
eimplementos que executam as operações descritas anteriormente e
que
nãopossuem
uma
fonte própria de potência; equipamentos típicos para esta operação são os tratores e motores estacionários. 'No
caso específico das colheitadeiras, segundo Fonseca (1990), de acordocom
o rendimento que proporcionam, aindapodem
ser classificadascomo
pequenas,com
capacidade de colheita de até 60 sacas/hora; médias, entre60
a 100 sacas/hora; egrandes, acima de 100 sacas/hora de rendimento.
Seu desempenho
está estreitamente relacionado ao tipo de cultura, condições climáticas, rendimentono campo,
aspectos topográficos, característicasdo
solo, etc; de talforma que
odesempenho
dasmáquinas
varia sensivelmente
quando
tais condiçõesmudam.
A
colhedoracombinada
autopropelida de grãosl, de acordo
com
Gadanha
Júnior et al (1991), éuma
máquina
que
realiza o corte, trilha e limpeza de grãos e cereaisno
sistema mecanizado; para sua adequação á colheita de diferentes culturas, é necessário ai troca de algunscomponentes
e,em
alguns casos, até sistemas; é mais utilizada para áreas extensas,que
justifiquem sua alta capacidade operacional e elevado custo inicial. Tal
máquina
é constituída por Órgãos auxiliares e órgãos fiindamentais; os órgãos auxiliaresconstam
basicamente deum
motor
decombustao
interna, sistema de transmissão para deslocamento, tanque de combustível euma
cabinecom
posto de operador,onde
se encontram oscomandos
da máquina; os Órgãos fundamentaiscompõem
a unidade decolheita,
que
é divididaem
sistema de corte e alimentação, trilha, separação e limpeza.Com
relação à potênciado
motor, largura da plataforma segadoraou número
de linhas da plataforma despigadora, capacidadedo
tanque graneleiro e área de trilha, separaçãoe limpeza, existem diversos
tamanhos
de colhedoras autopropelidas combinadas de grãos; a capacidade operacional variaconforme
o tamanho, condiçõesda
cultura e tipo de grão a ser colhido.Os
tratores de rodas são a fonte de potência que traciona os implementos agrícolas; nestesegmento
podem também
ser incluídos os motocultivadoresou
cultivadores motorizados, pequenas máquinas de baixa potência que
podem
ser utilizadascomo
fonte de tração,mas
que, ao contráriodo
trator, vários implementospodem
nela ser acoplados; tais máquinas geralmente são usadasem
pequenas propriedades.As
colheitadeiras são utilizadas na última etapa da produção agrícola, a colheita;podem
ser classificadas de acordocom
sua autosuficiência motriz, uso (funcionalidade) e capacidade de colheita; quanto à autosuficiêcia,podem
ser'
agrupadas
como
automotrizes compostas porum
corpo mecânico, que se assemelha aum
tratormontado
ao inverso ao qual são anexados os sistemas de trilhas, saca-palhas,sistemas de peneira e ventilador, tanque de grãos e plataforma de corte; no Brasil, são
fabricadas colheitadeiras para grãos e cereais, colhedoras de cana, de café e alguns
tubérculos; porém, as colheitadeiras de grãos e cereais são as mais destacadas
em
termos-
de
volume
de produção e uso na agricultura brasileira.Os
implementos de tração mecânica participam de diversas etapas da agricultura, desde a preparaçãodo
solo até a colheita, sendo acoplados aos tratores e motocultivadores.
Os
segmentos
produtores de tratores e colheitadeiras são
compostos
basicamente por empresas de grande porte, enquantono
segmento de implementos agrícolas predomina apequena
empresa
com
grandenúmero
de produtores.Para o desenvolvimento de qualquer produto nessa indústria, é necessário passar pelas diversas fases da atividade conhecida
como
engenharia de produto, a saber: pesquisa, design, dimensionamento, desenho, testes e assistência técnica.A
pesquisa é a atividade realizada para a concepção e/ou aperfeiçoamento dos produtos.
O
design é a atividade de desenho industrial necessária para a criação e concepção deum
novo
produto.O
dimensionamento são cálculos dimensionais realizados antesda
concepção
do
produto.O
desenho refere-se ao detalhamento de informações sobre o produto para o setor de fabricação.Os
ensaios são feitos através de testes de protótipos e/oudesempenho
das máquinas.A
assistência técnica são serviços prestadospelas empresas produtoras
ou
por seus revendedores ou, ainda, por pessoal treinado visando assistir o consumidorquando
da utilização dos produtos.1.2 - Caracterização
do
ProcessoProdutivo
O
processo de fabricação das máquinas e implementos agrícolas envolveum
conjunto de operações distribuídasem
diversas fases,ou
seja, fundição, forjamento, usinagem, corte e dobra, tratamento térmico, soldagem,montagem,
pintura, inspeção etestes.
A
fundição e o forjamento são atividades demoldagem
mecânica de peças.A
O
tratamento térmico consiste nasmodificações
e melhoramentos das propriedades das peças ecomponentes
de metaiscomo:
alívio de tensões,aumento
da resistência à tração e à dureza, etc]A
soldagem,também
conhecidacomo
processo de união,consiste
em
todas as operações que objetivam a junção de peças ecomponentes como:
soldagem, aperto de porcas e parafusos, rebitagem, etc.
A
montagem
inclui todas as operações destinadas a juntar peças,componentes
e produtos semi-acabadosem
um
único corpo.Vargas (1994) destaca que
no
extremo inicialdo
processo produtivo, encontram-se as operações de processo primário,que
conduzem
aoscomponentes
acabados
ou
semi-acabados.Logo
a seguirvêm
as operações essenciaisde
trabalhocom
metais, encerrando o circuito produtivocom
as operações demontagem
doscomponentes
e subconjuntos - que são produzidos internamenteou
adquiridos defornecedores externos
ou
subcontratados - ecom
a realização de testesdo
produtofinal.
Algumas
dessas operaçõesnem
sempre são realizadas diretamente pelasempresas produtoras, pois estas adquirem de terceiros peças e componentes.
Com
o surgimento deum
novo
padrão de desenvolvimento industrial, deum
novo
modo
de organização da produção ecom
a aberturado mercado
nacional à competição externa,os diversos setores da indústria brasileira estão buscando dotar-se de capacidade de competiçao
como
uma
questao de sobrevivência.A
subcontrataçao,ou
oagrupamento
de redes de fornecedores especializados e integrados à cadeia produtiva das empresas, neste contexto, aparece
como
um
fator' de incremento -à competitividade e produtividade namedida
em
que flexibiliza o processo produtivo e reduz os custos de transação das empresas(VARGAS,
1994).A
indústria de colheitadeiras, atualmente, segundo Fonseca (1990),depende
muito decompras
de peças e sistemas oriundos de outras indústrias e setores; são empresas basicamente montadoras que se limitam às operações de estamparia, construção de chassis emontagem
de componentes. Muitas fábricas de grande porte,por
opção
estratégica, são apenas montadoras,embora
algumas atépossuam
fundiçãoprópria; outras tentam produzir o seu próprio motor, devido ao seu alto custo
no
apesar das colheitadeiras terem grande
número
de sistemas específicos, pelo fato decombinarem
algumas tarefas; não compartilham, entretanto, amesma
concepção deprojetos que,
no
caso das colheitadeiras, são mais específicos, aindaque
submetidos àmesma
lógica de evolução.O
processo de fabricação de colheitadeiras,no que
diz respeito à seqüência de atividades, é semelhante ao de tratores, proporcionando o aproveitamento das fasesem
comum.
-1.3 -
Formação
eDesenvolvimento
da
Indústriano
BrasilDe
acordocom
ANF
AVEA
(1989), até1960
a agricultura brasileira registravabaixos indices de mecanização, não havia produção interna de tratores e o
mercado
interno era abastecido através de importaçoes.
Em
1960,com
o desenvolvimentodo
processo de industrialização
do
país, instalaram-seno
Brasil as primeiras indústrias de tratores de rodas e cultivadores motorizados. Foi nesse período,conforme
Revista Análise (1995), que ocorria o ingressodo
sistema de produçãoem
massa no
Brasil, durante o governo Juscelino Kubitschek,que
através da implementaçãodo
Planode
Metasz buscava atrair investimentos diretos
do
exterior pormeio
de incentivos. Firmas européiascomo
Wolkvagem,
Vemag
eSimca
foram ativas na apresentação de planosde
produção
de automóveisno
Brasil, instalando fábricasno
país.Também
vieram parao Brasil as empresas noite-americanas
Ford
eGM.
O
surgimento das indústrias montadoras de automóveis,com
suas técnicas demontagem
e sistema de fornecimento de peças,componentes
e motores, facilitou a instalação da indústria demáquinas
agrícolas motorizada.
A
instalação da indústria de tratores e cultivadores motorizados ainda tornou-se possível devido ao nível dedemanda
que
já se verificava na década de 1950,com
a expansão da produção agrícola e abertura de novas fronteiras; durante a década de 1960, a agricultura absorveu facilmente osvolumes
de produção da indústria e ainda foram mantidas as importaçõescomo
complemento
às necessidadesdo
mercado
de tratores.Na
década de 1970houve
uma
acentuada ampliaçãodo
mercado,ocasionada pela expansão da
economia
brasileira e mundial e pela política de crédito2 Plano
implementado pelo Governo Juscelino Kubitschek, que visava estabelecer bases de uma economia
colocada
em
prática pelo governo, esse processo teve seu augeem
1976.A
partirdessa data,
como
conseqüência damudança
das politicas de financiamento einvestimentos
do govemo,
e agravada pela recessão daeconomia
como
um
todo,em
1981 observou-seuma
retraçãono mercado
quepermaneceu
ao longo dos anos 80,exceto nos anos de 84 a 86,
quando houve
um
considerávelaumento
das vendas internas(ANF
AVEA,
1989).Assim, a fase
moderna
daprodução
mecânica para a agricultura brasileira iniciou-seno
começo
da década de sessenta,com
a instalação da indústria de tratores. Durante esse periodo, a indústria de máquinas agrícolas sofreu diversas adversidades, vindo a se consolidar apenas na década de setenta.A
produção de colheitadeiras seguiuum
caminho
semelhante, foi implantadaem
1966 e teve maior desenvolvimentona
década de setenta, periodo
em
que seobservam
altas taxas de crescimento seguidas de estagnação na década de oitenta (Cniz e Silva, 1990).Conforme
Delgado
(1985), o final dos anos sessentamarca
omomento
detransição entre duas fases
do
desenvolvimento agricola: a) Inicia-seum
processo demudança
na base técnica da agricultura brasileira, tornando-amenos
dependentedo
“laboratório natural” da terra e da força-de-trabalho e mais articulada, de
um
lado,com
a indústria produtora de insumos e bens de capital para a agricultura e, de outro,com
a indústria processadora de produtos naturais. Essamudança
na base técnica significa que sua reprodução passa a dependermenos
da dotação de recursos naturais utilizados e cada vez mais dos meios de produção gerados pela indústria (fertilizantes,defensivos, máquinas
em
geral-
destacando-se tratores e colheitadeiras). b)O
final dos anos sessenta e início da década de setentatambém
foium
periodo de intensaurbanização
com
pressões crescentesem
termos dedemanda
interna agrícola; conjugado a isso ocorreuuma
diversificação das exportações agrícolas. c)A
politica decrédito mral surgiu
como
articuladora dos interesses rurais e urbanos; a introdução dessa política foi a alavanca da modernização, sendo que nesse período foi organizadoum
novo
sistema de financiamento para as atividades rurais-
o Sistema Nacional deCrédito Rural.
Segundo
Castro et al (1979), a política econômica, a partir dos anos trinta atéurbano-industrial à
medida
em
que os esforços de investimentos estavam voltados para a expansão industrial e para a infraestrutura requerida.Nesse
processo, a agricultura exerceu papéis importantes: contribuiu para a geração de divisas necessárias à importação de bens para expansão industrial e forneceu a força-de-trabalho adicionalempregada
na indústria.Devido
à importância da agricultura, o Estado Nacional dirigiuà estrutura agrária diversos incentivos para alterar sua produtividade: aprimoraram-se e agilizaram-se as políticas de crédito rural, de preços de garantia, incentivos fiscais e
subsídios envolvendo as indústrias de máquinas e implementos agrícolas, de
fertilizantes, inseticidas, sementes e outras.
Os
vínculos entre agricultura e indústriaforam
reforçados e ampliados a partir da década de sessenta,quando
ocorreramprofundas
modificações no
setor agrícola. Entretanto, o setor agrícola, caracterizado poruma
forte concentração da propriedade da terra e, conseqüentemente, da renda,não poderia se constituir
como
mercado
importante para bens industriais.A
estratégiafoi a de orientar
um
processo de modernização tecnológica voltado principalmente para a agricultura de exportação que reunia condições de expandir seuconsumo
de insumosmodernos
e máquinas, permitindo, assim, o crescimento dos setores industriaisresponsáveis por esse fornecimento.
O
processo demodemização
tecnológica, nesse contexto, significava a expansão dos setores industriais ligados à agriculturapor
relações interindustriais; de
um
lado, as indústrias fornecedoras de insumosmodernos
e máquinas (onde aparece aIMA);
de outro, a expansão dos setores processadores de alimentos e matérias-primas agrícolas.Nesse
sentido, o Estado teveum
papel fundamental, fornecendo incentivos e subsídios, criando assim ademanda
para os produtosdo complexo
agroindustrial, através da expansãodo
crédito altamentesubsidiado, a partir de 1967.
Segundo Delgado
(1985), dois períodos secontrapõem
na sustentaçãoda
política de modernização na agricultura. Entre 1969 e 1979, os recursos
volumosos
e altas taxas de subsídios ao crédito rural fortalecem alianças urbano-rurais e contribuem efetivamente para amudança
na base técnica daprodução
rural. Entretanto, a partir de 1980, as condições monetárias restritivasda economia,em
seu conjunto, desencadeiamum
movimento
de desarticulaçãodo
processo de modernização; retrai-se inicialmenteo
comercialização (1980). Depois, inibe-se e retrai-se o crédito para custeio da safra
em
1981 - recuperando-seum
pouco
em
1982.Os
reflexos dessesmovimentos
sãoobservados na
IMA,
com
periodos paralelos de crescimento e retração,respectivamente.
De
acordocom
ANFAVEA
(1989), a produção agrícolano
Brasil, até a década de sessenta, atendeu fundamentalmente ademanda
interna de alimentos e a exportação de produtos tradicionais (café, cacau, fumo, algodão e açúcar).A
expansãodo
mercado
internacional de commodities e daeconomia
mundial,em
geral,possibilitou a entrada da agricultura
no mercado
denovos
produtos de exportação:laranja e soja.
A
produtividade da agriculturano
Brasilaumentou
namedida
em
que
novas técnicas agrícolas foram incorporadas ao preparo e cultivo
do
solo,bem como
à colheita; isso é notórioquando
se verifica que as culturas de exportação,buscando
maior competitividade
no mercado
internacional,passam
a usar tecnologia moderna,adequando
o cultivo às condições brasileiras.Nos
anos 70, todas as linhas de créditoconcedidas ao setor rural tiveram
um
crescimentomédio
real substancial; foi acentuadaa tendência à mecanização da agricultura brasileira
com
a utilização de tecnologiamoderna
para o cultivo e preparodo
solo, incentivada por linhas de crédito subsidiadopelo governo federal e diminuição dos custos de produção para competir
no mercado
internacional. Contudo,
em
1979,com
o segundochoque
dos preçosdo
petróleo, iniciou-seum
ciclo de crise naeconomia
intemacional, tornando escassos os recursosexternos, dificultando assim o balanço de
pagamentos do
Brasil, o que levou ogovemo
federal a cortar os recursos destinados ao crédito rural;em
1989, a situação de crédito1.4 -
Evolução da
Indústria nasDécadas
de
Oitenta eNoventa: Impactos
da Reestruturação Produtiva
e Processode
Concentração
1.4.1 -
O
Processode
reestruturação industrialda
economia mundial
nosanos
oitentaConforme
Costa (1996), a partirdo
começo
dos anos setenta, aseconomias
capitalistas centrais passaram a enfrentar
uma
crise estruturalcom
a exaustãodo
seudinamismo
econômico, apresentandoqueda
nos ritmos de crescimentodo
PIB
devido,principalmente, à diminuição da produtividade industrial. Para o ajuste à crise, instalou- se nos anos oitenta
um
ambiente demudanças
com
as seguintes caracteristicas:globalização dos mercados, da produção e da área financeira.
A
globalização dos mercados, tendo as empresas multinacionaiscomo
agentes principaiscom
presença marcante nos setores industriais básicos.A
globalização da produção, consistindona
fragmentação
do
processo produtivo,no
qual pode-se realizar a concepçãode
um
produto
em
um
país, produzir as matérias-primasem
outro, fabricar partes ecomponentes
em
outro, e assim por diante.A
globalização financeira,marcada
peloaumento do fluxo
de capitaisem
âmbito internacional.Também,
nesse processode
globalização,
ganham
força as alianças estratégicas e fusões,com
ênfaseno
compartilhamento de riscos entre as empresas e
complementação
de capacitações.Uma
outra caracteristica dessasmudanças
está relacionada ao surgimento deum
novo
paradigma industrial e tecnológico, decorrente dos avanços ocorridos namicroeletrônica, na biotecnologia e nos
novos
materiais. Essa reestruturação industrial,a partir da disseminação de práticas produtivas associadas ao desenvolvimento técnico nessas áreas, poderia recuperar o crescimento
econômico
estimulando investimentos nos setores geradores de progresso técnico eno
rejuvenescimento produtivo dos setores queamadureceram
sob a base técnica anterior.Antes dessa reestruturação industrial, o sistema de produção vigente estava voltado ao
modelo
fordista de produção, que consistia na produçãoem
massa
de bens padronizados feitaem
grandes plantas industriais integradas verticalmente, utilizando máquinas específicas e mão-de-obra especializada na execução de tarefasfragmentadas.
O
esgotamento desse padrão de produção industrial ocorreu devido a sua capacidade, cada vez menor, de acréscimo à produtividade e conseqüente dificuldade de crescimento.O
novo modelo
de produção, dentro dessa reestruturação industrial, aparece baseadono
uso de tecnologias de informação estabelecendoum
novo
modo
de produzirem
um
novo
ambiente organizacional, tendocomo
características principais a integração e a flexibilidade._
Nesse novo
modo
de produzir,as operações produtivas e as informações sobre as
mesmas
podem
ser tratadas conjuntamente e não apenascomo
estágios isolados.As
tecnologias de base microeletrônica (máquinas de controle numérico, robôs, desenho porcomputador
e outras) constituem-seno
instrumental dessa integração, direcionando a indústria aum
sistema de produção flexívelcom
a empresa tendo capacidade de produzir lotesmenores
e diferenciados de produtos,sem
perdas de eficiência.Os
reflexos desseprocesso de reestruturação industrial
podem
ser claramente observados no final desteséculo,
com
a geração e difusão dessas novas tecnologias na indústriaem
geral(cosTA,
1996).No
caso daIMA
não é diferente, pois amesma
tem
acompanhado
esse processo de reestruturação.É
possível observar asmudanças
ocorridas naIMA
comparando-a
com
a indústria automobilística.A
produção de automóveis,segundo
Revista Análise (1995), por volta de 1890, dava-se de forma estritamente artesanal, não havia produção
em
série e conseqüentes economias de escala.Em
1908, atravésda
Ford, foi implementado o sistema de produção
em
massa, que consistia namontagem
em
movimento
contínuocom
completa intercambiabilidade das peças e facilidade deajustes das
mesmas
entre si. Nesse processo, cada trabalhador executavauma
única tarefa,movimentando-se
deum
veículo para outro na área demontagem.
Em
1913,também
através da Ford, foi introduzida a linha demontagem
móvel, na qual o carroera
movimentado
em
direção ao trabalhador estacionário. .Outra característica dessemodo
de produção foi a busca da integração vertical devido à rigidez exigida nos prazos de entrega de peças ecomponentes
e àpouca
tolerância de variação nosmesmos.
A
relação entre amontadora
e fornecedores era de curto prazo,marcada
pelafalta de acesso a informações. Esse sistema de produção garantia preços baixos
em
função da redução nos custos alcançada pelas crescentes economias de escala.Nos
Estados Unidos, o
apogeu
da produçãoem
massa
ocorreuem
1955 e naEuropa
em
1950.
Paralelo a isso,
no
Japão, iniciava-seum
sistema de produção "enxuta" de automóveis, que se difundiu pelaeconomia
mundial após o primeirochoque do
petróleo
em
1973, ajustando-se à crescente instabilidade dosmercados
mundiais.Nesse
periodo, alterou-se, então, o sistema de produção
em
geral, que passou a basear-seno
sistema japonês, o qual é
marcado
pelos seguintes fatores: a)Mudança
nas relaçõesentre
montadora
e fornecedores, que passa a ser de cooperação e parceria, inclusivepara o desenvolvimento de
novos
produtos. b) Introduçãodo
sistema just in time,com
a
produção
dos fornecedores restrita ao que édemandado.
Assim, atravésdo
kanban,as peças são transportadas por containers de
uma
etapa para outrado
processo produtivo, e namedida
que estes são esvaziados, indicam à etapa antecedenteque
énecessário retornar a sua produção. c)
Produção
em
pequenos lotes, eliminando os custos financeirosdo
imenso estoque de peças acabadas que exigia o sistema anteriorde
produção
em
massa.1.4.2 - Principais características das
mudanças
recentesna
indústriamundial
de
Máquinas
AgrícolasDe
acordocom ECIB
(1993), a nível intemacional verifica-seque
quatro grandes empresas estão presentesem
diversos países. Essas empresas são aJohn
Deere, a IH-Case, a
Ford-New
Holland e a Massey-Ferguson.As
demais empresastendem
a atuarem
nichos restritos demercado
(aplicações específicas e/ou países)ou
adesaparecer
com
os processos de aquisições e falências.O
mercado
internacional estáem
processo de transformação,com
a reduçãoda
quantidade de máquinas produzidas e o
aumento
da potência edo
valor adicionado. Isto reflete a tendência mundial de elevaçãodo tamanho médio
das propriedades agrícolascom uma
queda no
seunúmero
(BNDES,
1995).No
plano internacional, é importante destacar a presença ainda expressiva de pequenas e médias empresas na Indústria deMáquinas
Agrícolas, as quais,conforme
eficientes na adaptação de produtos,
embora
nãotenham
suficientes economias de escala e escopo. Entre as estratégias empresariais, a tendência intemacionaltem
sido o direcionamento de investimentos' para a produção de equipamentosque exigem
economias de escala, a busca de maior concentração de capital pela formação de joint ventures - essa associação de capitais visa integrar os beneficiosda
globalização produtiva
com
as necessidades de responder àsdemandas
regionais - exemplos dissosão a associação da
FIAT
eFORD
na Itália, visando aprodução
de tratores para omercado
europeu, e a associação daMassey-Ferguson
com
o grupo Iochpeno
Brasilformando
aMaxion
(ECIB, 1993).Além
disso, observa-setambém
uma
reorganizaçãodo
sistema de distribuiçãoatravés da utilização e formação de cooperativas para intensificar e melhorar a relação
com
o usuário,bem como
intensificar o uso de sistemas de padrões enonnas
técnicas racionalizando a assistência técnica e acelerando o processo de inovação de produtos adaptáveis às condições regionais (ECIB, 1993).Assim, os elementos básicos das estratégias da
IMA
intemacionalpodem
ser resumidos na busca de concentração de capital, produção de máquinasque exigem
economias de escala, globalização na produção de peças e componentes, diferenciação de produtos e eficiência na informação ao usuário.
Segundo
Araujo Júnior (1992), asmudanças
na estrutura da indústria mundialde máquinas agrícolas
apontam
para alterações na direçãodo
progresso técnico(como
sugerem
as pesquisas voltadas asdemandas
por proteção ambiental),no
perfilda
demanda, nas características
do
produto (devido à introdução de dispositivosmicroeletrônicos nos equipamentos) e
do
processo produtivo (que passa pelo esforçode
automação
a partir da utilização de robôs e centros de manufatura). Essas alteraçõesdevem, contudo, acelerar o
movimento
de concentraçãodo
setor, a nível mundial,como
resultadodo
ajuste aos elevados níveis de ociosidade a quevem
se submetendo.No
caso daIMA
Japonesa, na qual as iniciativas acima descritasassumem
grande relevância, existem400
empresas produzindo implementos agrícolas, das quais18 grandes empresas são responsáveis por