JOEL
ANTONIO
BERNI-IARDT
EFEITO
DA CASTRAÇÃO
POS-NATAL
SOBRE
A
MORTALIDADE NA
SEPSE
EM
RATOS
iii.-A
R
.iii
.__zi-.ii-
AR
.ii-_
_í_-
.iii
AO
íí-
_.z.í_D
_._í_-ííí-
A
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R
_Í___O
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D
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.lí
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D
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.iii
A
R
íí-
O
_._._- _.íí_ íz._-_íí_
_íí_
03514200 VFLORIANÓPOLIS,
sc
2002
CONSULTA LOCAL
JOEL
ANTONIO
BERNHARDT
›
EFEITO
DA
CASTRAÇÃO
PÓS-NATAL
SOBRE
A
MORTALIDADE
NA
sE1>sE
EM
RATOS
Dissertação
apresentada
àUniversidade
Federal
de Santa
Catarina,para obtenção
do
Títulode Mestre
em
CiênciasMédicas.
COORDENADOR:
Prof.
Armando
José
d'Acampora,
MD,
PhD
ORIENTADOR:
Prof.
Armando
José
d”Acampora,
MD,
PhD
CO-ORIENTADOR:
Prof.
Ricardo
Tramonte,
MD, PhD
FLORIANÓPOLIS,
sc
Bernhardt, Joel Antonio.
Efeito da castração pós-natal sobre a mortalidade na sepse
em
ratos. Florianópolis, 2002.50p.
Orientador: Prof. Armando José d”Acampora, M.D., Ph.D.
Co-orientador: Prof. Ricardo Tramonte, M.D., Ph.D.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina - Curso de
Mestrado em Ciências Médicas.
Universidade
Federal
de
Santa Catarina
Caí!!
`¡1' I A 'I '
Centro
de
Clencxas
da Saude
‹Í
Mestrado
em
Ciências
Médicas
I
.J \ =
.â"êâ'.
Aíír
oIO
BERNHARDT
às
ESSA
DISSERTAÇÃO
FOIJULOADA
ADEOUADA
PARA
A
OBTENÇÃO
DO
TÍTULO
DE
MESTRE
EM
CIENCIAS
MEDICAS
COM
ÁREA
DE
CONCENTRAÇÃO
EM
CLÍNICA
CIRÚRGICA
E
APROVADA
EM
SUA
FORMA
FINAL
PELO
PROGRAMA
DE
I ^DUAÇÃO
CIENCIAS
MEDICAS.
/fp)
ou
Prof. f Armando José d°A ampora
Oordenador oCurso
Banca Examinadora:
/
1 Prof. Armando José d'Acá9{pora
Orientador
` _
Prof. .Manoel Rober1oMaci lTrindade '
Y _
«I bro
fd
Pfrof. Dr. Mur Io Ronald Caella
- embro
w
Profa. Dra. Tânia Fröde / ~,
Membro * z
//
IÍͧ͛~
A 'Í /A Membro Ê '_ ,XM Florianópolis, 14 de ju_nh‹› é 2002.Hospital Universitário - Andar Térreo - Campus Universitário CEP 88040-970 Florianópolis - SC - Brasil Telefone: (048) 3319150 Fax: (048) 2349744 E-mail: posmed@hu.u]3¬c.br
DEDICA
TÓRIA
Aos meus
pais, pela visãode
que
a
formação
escolar seriao
melhor
caminho,
mesmo
há
tantotempo
enaquele longínquo
interior,por
terem sabido sacrificar seus interessesem
prol
disso epor
terem acreditadoque eu
chegaria atéaqui
AGRADECIMENTOS
Ao
meu
orientador professorARMANDO
JOSÉ
d`ACAl\/IPORA,
MD,
PhD,
e ao professorRICARDO
TRAMONTE,
biomédico,PhD,
co-orientador,meu
muito obrigado pelo incentivo, pelos ensinamentos, pela paciência, pelobom
humor
e apoio durante todo otempo do
Mestrado.À
CLÁUDIA,
minha
esposa pela parceria neste mestrado, pelo apoio e sacrificiocom
minhas ausências constantes.Às
minhas filhasPAULA
eTHAÍS.
Não
existe dissertaçãosem
sacrifíciosde
alguém.
Vocês souberam compreender
isso.Ao
acadêmicoJOÃO DANIEL
MAY
SERAFIM
pela ajudano
experimento.Ao
Dr.JOÃO
CARLOS
XIKOTA,
MD, MSc
eTÂNIA
SÍLVIA
FRÕDE,
Bioquímica,
PhD,
pelas discussões sobre a dissertação e auxíliona
revisão.Ao
LUIZ
HENRIQUE
PRAZERES,
pela significativa ajuda prestadano
laboratórioda
TOCE
em
meses
de trabalho de pesquisa.Aos
colaboradoresdo
curso de Mestrado,TÂNIA REGINA TAVARES,
IVO
SOARES
eSIMONE
NUNES
pelo auxílio constanteem
todas as etapasdo
cursoÀ
professoraSÍLVIA
MoDEsTo
NASSAR,
engenhéirz,PhD,
eANA
LUIZA
HALAL,
pela análise estatística.Ao
CHARLES
VEIGA,
técnicoda
Disciplina de Técnica Operatória por ter cuidadobem
dos animais.Aos
colegas alimosdo Mestrado
pelobom
convívio, troca de infomiações e experiências neste período.«
Aos
professores
do
cursodo Mestrado
pela grande colaboração naminha formação
teórica.
Aos
funcionáriosdo
Biotério Centralda
UFSC,
eem
especial a sua diretora,JOANÉSIA
MARIA
JUNKES
ROTSTEIN,
pela colaboraçãono
fornecimento dos animaispara a pesquisa.
RESUMO
... ..ÍNDICE
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo noSUMMARY
... .. 1.INTRODUÇÃO
... .. 2.OBJETIVO
... .. oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo ou ooooooooooooooooooooooooooo ao 3.MÉTODO
... ._ 4.RESULTADOS
... .. 5.DISCUSSÃO.
... ._ 6.CONCLUSÃO
... ..REFERÊNCIAS
... .. ... .- ... zz ... .. ... z.NORMAS
ADOTADAS
... ..APÊNDICE
... .. oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo ouANEXO
... ..V
RESUMO
Introdução: Estudos clínicos e experimentais
demonstram que
a respostaimune
à sepse é dimórfica,com
fêmeas exibindouma
melhor resposta euma
maior sobrevida.Os
esteróides sexuais estão envolvidos nesta diferença, e sua influência é determinadaem
períodos críticosda
diferenciação sexual dos mamíferos. Para avaliara
influênciada
castraçãoem
períodos precocesdo
desenvolvimento de ratos,na
sobrevida a sepseaguda
experimentalquando
adultos, desenvolveu-se este estudo.
Método:
Utilizou-se quatro grupos de 10 ratos Wistar divididos entremachos
(GM),
fêmeas (GF),machos
castradosno
quarto diade
vidaGMC)
emachos
castradosno
quarto dia de vidacom
reposiçãode
testosterona(GMCR).
A
sepse foiinduzida por ligadura e perfuração cecal
na
vida adulta.A
Resultados:
A
análisedo
óbito até24
horasda
induçãoda
sepsemostrou
maior mortalidade entre osGM
eGMCR
em
relação aos gruposGMC
eGF
(p=0.0l80).A
análisede
correspondência múltipla
(ACM)
indicauma
associação entre si dosGM
eGMCR
parao
óbito
em
24
horas, assimcomo
uma
relação entre si dosGF
eGMC
para a ausência de óbito eo óbito até
24
horas.A
análise estatísticada
curva de sobrevida de Kaplan-Meier pelo log-rank
demonstra diferença significativa entre os quatro grupos (p=0,0055), e entreGM
eGF
(p=0,0()05).Conclusão:
Os
dadossugerem
uma
maior sobrevida à sepseem
24
horas dos gruposGF
eGMC,
e a presençaou
ausência de testosteronaem
períodos precocesda
vida pós-natal seriaresponsável por este achado.
SUMMARY
Introduction: Experimental
and
clinical studies demonstrate thatimmune
response to sepsisis dimorphic, with females exhibiting a better response
and
longer survival. Sexual steroidsare involved in this difi`erence
and
their influencewould
be
determined in critical periodsof
sexual diiferentiation. This studywas
carried out in order to assess the influenceof
castrationin early periods
of
development, in survival to experimental acute sepsis.Method:
Four
groupsof
10 (ten) Wistar rats eachwere
used consistingof
males (M), females(F), males castrated
on
the fourthday of
life(CM)
and
males castratedon
the fourthday of
life with testosterone reposition
(CMR).
Sepsiswas
inducedby
ligatureand
cecal perforationin adult life.
Results:
The
analysisof
death until24
hoursof
sepsis inductionshowed
greater mortalitybetween
theM
and
theCMR
in relation to theCM
and
F
(p=0.0l80) groups. Multiplecorrespondence analysis
(MCA)
indicates a mutual associationbetween of
M
and
CMR
for death within24
hours as well as a mutual relationshipbetween F
andCM
for absenceof
death and death until24
hoursof
sepsis induction. Statistical analysisof
the sm'vival curve Kaplan-Meier by
log-rank demonstrates a significant differencebetween
the .four groups (p=0,0055)and
between
M
andF
(p=0,0005).Conclusion:
Data
suggest a better survival to sepsis in24
hoursof
theF
andCM
groups, the presence or absenceof
testosterone in early periodsof
post-natal life being responsible forthis result. .
1.
INTRODUÇÃO
A
sepse e a síndromeda
resposta inflamatória sistêmica são causascomuns
demorte
em
unidadesde
terapia intensiva 1* 2, e a morbiletalidade peladoença
nãotem
diminuído nosúltimos anos.
O
tratamento dos pacientesnão
sofreumodificações
significativas, eem
muitoscasos é apenas de suporte de vida 3°4.
Enquanto
novas abordagens de tratamentorequerem
validaçãode
estudos clínicosbem
controlados, faz-se necessário a obtenção de dados preliminaresem
animais antesda
utilização de drogas
ou
equipamentosem
humanos.
Alguns
resultados de pesquisas experimentaisna
sepse,têm
sido encorajadores, principalmentecom
a utilização de agentesimunomoduladores
eque
em
muitopoderão
contribuir para futuras aplicaçõesem
ensaios clínicos 5.Atuahnente está
bem
caracterizado o conceitoque
as respostas imunes tanto celularcomo
humoral
sãobem
mais acentuadas nas fêmeasdo que
nos machos.As
fêmeasapresentam
uma
respostaimune
maior após imunização e infecção, maior título deimunoglobulinas e apresentam maior incidência de doenças auto-imunes 6' 7.
Vários estudos clínicos e experimentais
mostraram
uma
diferença sexualna
respostaimtmitária e
na
susceptibilidade ao choque,trauma
, sepse 84°.Parte
da
explicação para este fato,pode
ser as diferenças anatômicas e fimcionaisdo
sistema nervoso central(SNC),
determinadasem
períodos precocesdo
desenvolvimentorelacionadas aos esteróides sexuais. Estudos nesta área iniciaram
com
Stumpf
em
1970
11com
a introdução dosmétodos
de localização de célulasno
cérebroque captam
econcentram
esteróides sexuais.
O
autor determinou áreasno
cérebroque
concentravam maior quantidade de estrogênios. Concluiuque
estas áreas seriamo
substrato anatômico para justificar as ações de organização e ativação decomportamentos
sexuais diferentes,bem
como
influênciashonnonais
em
relação à maternidade, agressividade, alimentação emodulação de
muitas9
receptores é o primeiro passo para demonstrar
que
o cérebro éum
dos alvosde
ação dos esteróides sexuais.Em
1977
duranteo
Seminário deProgramas
de Pesquisaem
Neurociências, definiu-sedimorfismo
como
“a existência de duas formas distintasem
uma
mesma
espécie” eo termo
comportamento
sexuahnentedimórfico
como
“duas diferentes formas decomportamento
exibidas pelosmachos
e fêmeas” 12.No
inícioda
década de 80,Grossman
13
demonstrou que
o sistemaimune
sofriainfluência
dos
esteróides sexuais.Na
mesma
época,Besedovsky
14demonstrou
pela primeira vez havercomunicação
entre o sistemaimune
ativado e o SistemaNervoso
Central(SNC),
sugerindo
que
oSNC
estava envolvidona
resposta imune.As
descobertas acima de conexões funcionais bilaterais entre os sistemasimune
eneuroendócrino,
da
influência dos esteróides sexuaisno
sistemaimune
ede que há
respostasimunes diferentes entre os sexos
(dimorfismo
sexual),tomam-se
um
campo
de pesquisaimportante a partir daí. Parece melhorar a
compreensão do
equih'brio homeostáticodos
organismos vivos a
um
desafio séptico.Estímulos fisicos, emocionais e ambientais, incluindo infecções,
podem
causardano
ao organismo.Uma
complexa
rede, operandoem
diversos níveisdo
sistema nervoso central, coordena alterações metabólicas, comportamentais e endócrinas apropriadas para arestauração
da
homeostase.As
evidênciasque
o sistemaimune
e neuroendócrinopodem
influenciarum
ao outro são 15:1. Células
do
sistema imune, endócrino e neuralpodem
expressar receptores paracitocinas, hormônios, neurotransmissores e neuropeptídeos.
2. Substâncias imunes e neuroendócrinas coexistem
em
tecidos linfóide, endócrino eneural.
3.
Mediadores
endócrinos e neuraispodem
afetar o sistemaimune
bem
como
mediadoresimunes
podem
afetar estruturas endócrinas e neurais.A
interação ocorre através deuma
via aferentehumoral
(citocinas) e via sistema nervoso periférico (nervovago
e sistema simpático), e vias eferentes demodulação do
sistemaimune
peloSNC
atravésdo
eixo hipotálamo-hipófise-adrenal(HPA),
neural (simpático), vagal eferente, lipopolissacarídeo central,hormônio
adrenocorticotrófico, opióides.Portanto,
o
SNC
participana modulação da
imunidade periférica.As
vias neurais~
transportam informações
do
SNC
para o sistema imune. Estacomunicaçao
existente entre estes dois sistemas corporais ocorre ao longo de toda a vida dos vertebrados, sendoque
em
períodos críticos
do
desenvolvimentodo
SNC,
existe a participação ativa de várioshormônios
no
processo de maturação deste sistema.Um
doshormônios que
apresentamna
enorme
influência sobre o desenvolvimento
do
SNC,
ésem
sombra
de dúvida a testosteronaque
masculiniza oSNC
em
determinados períodosdo
seu desenvolvimento.No
ratoem
desenvolvimento ocorreum
único grande pico de testosteronana
última parteda
gestação e continua até o quinto dia de vida pós-natal, este último período sendoresponsável pela masculínização e defeminização
do
cérebroem
desenvolvimento. Istofica
bem
demonstradocom
manipulações hormonaisem
períodos precocesdo
desenvolvimentopós-natal 1649.
O
fenótipo destes animaispode
sermodificado
independente do sexo genético20
O
processoda
diferenciação sexual parte deum
sexo genético que determinará o sexo gonadal. Este por sua vez, atravésda
ação dos esteróides sexuais atuariano
embrião,no
neonato,
na
puberdade emesmo
na
vida adulta determinandoo
fenótipo.Todo
este contextosofre influência das experiências em. contato
com
o exterior.A
diferenciação sexualdo
cérebro émn
exemplo
demn
eventohormonal
direto,em
que
a presençaou
a ausênciada
testosterona durante a vida fetal e neonatal leva aodesenvolvimento para duas direções:
macho ou
fêmea
21.A conversão de testosteronaem
estradiol ocorreno
cérebro, é particularmente ativano
hipotálamo, sendo o evento chaveque
conduz
a defeminização. Ocorre aprogramação
de grupos de célulasno
SNC
pararesponderem
de forma masculinaou
feminina na vida adulta.Estas diferenças não se restringem apenas ao
comportamento
e fisiologia 22.A
maneira
como
ocorrem, estão baseadasna
hipótesedo
efeito organizacionaldos hormônios
que ocorrem
em
períodos críticosdo
desenvolvimento, períodosem
que os tecidos são maissensíveis a ação dos hormônios.
Envolvem
alteraçõesna
estrutura neural e nos circuitosll
Além
do
efeito organizacional dos esteróides sexuais, encontramostambém
seu efeitoativacional.
São
efeitos transitórios e reversíveis,em
geral por atividade neuroquímica.Estas diferenças levarão a diferentes respostas, incluindo a resposta
imune
que
já estádemonstrada
como
sendotambém
dimórfica
etambém
relacionada a períodos críticosdo
desenvolvimento (organizacional).A
observação final éque
as diferenças sexuais são produtoda
ação dos esteróides sexuais durante fases iniciaisdo
desenvolvimento, durantepuberdade
e durante a vida adulta.Portanto, a exposição à secreção dos testículos
em
períodos precocesda
vidatem
efeitos permanentesno
SNC,
tais efeitos são organizacionais e definitivos, não sendo transitóriosou
reversíveiscomo
os efeitos ativacionaisque
a testosteronaproduz
em
ratos adultos.Até
omomento,
não encontrou-seum
modelo
experimentalque
possibilite o estudodos efeitos produzidos pela retirada
da
testosterona antesdo
quinto dia de vida pós-natal de ratosmachos
e sua influênciana
sobrevida destes animaisquando
atingem a idade adulta2.
OBJETIVO
Avaliar os efeitos
da
castração pós-natalna
sobrevida de ratos submetidos a sepseaguda
experimental.3.
MÉToDo
3.1.
AMOSTRA
Em
todo o experimento,foram
utilizados40
ratos albinos (n=40) da espécie rattusnorvegícus,
da
linhagem Wistar, deambos
os sexos,com
idade variando de 4 dias a4
meses,oritmdos
do
Biotério Centralda
Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC),
acomodados
durante o experimentona
sala de observação de animaisdo
Laboratóriode
Técnica Operatória e Cirurgia Experimental
do Departamento
de Clínica Cirúrgicada
UFSC.
Foram
instalados, até o ato cirúrgicoem
gaiolas de plástico de16x40x60
centímetros,com
água
e ração própria para a espécie,ad
libitum.Permaneceram acomodados
à luz naturale
em
condições ambientais adequadas.SUBGRUPOS DE
ANIMAIS
_Os
40
animaisdo
Grupo
Experimentoforam
distribuídosda
seguinteforma
(Quadro
1):SUBGRUPO
GM
<n=1o)Machos
adultos, nos quais foi induzida a peritonite e observada a evolução clínica;SUBGRUPO
GF
(n=1o)`
Fêmeas
adultas, nas quais foi induzida a peritonite e observada a evolução clínica;SUBGRUPO
GMC
(n=10)Machos
recém-nascidos castrados , os quaisforam
submetidos a orquiectomia bilateralaos
4
diasde
vida e aguardou-se60
dias para sua utilizaçãona
induçãoda
peritonite e observaçãoda
evolução clínica;SUBGRUPO
GMCR
(n=10)Machos
recém-nascidos castradoscom
reposição de testosterona, os quaisforam
submetidos a orquiectomia bilateral aos
4
dias de vida, repondo-se a testosteronado
5.° ao 1l.° dias de vida e aguardou-se60
dias para sua utilizaçãona
induçãoda
peritonite e observaçãoda
evolução clínica. `QUADRO
1-
Grupos
de animais distribuídosconforme
sexo, castração e castraçãocom
reposição de testosterona.
SUBGRUPOS
n
Machos
adultosGM
10Fêmeas
adultasGF
10Machos
castradosGMC
10Machos
castradoscom
reposiçãoGMCR
10TOTAL
40
3.2.
PROCEDIMENTOS
ANESTESIA
NOS
RECÉM
NASCIDOS
O
procedimento foi realizadoem
ratoscom
até 4 dias de vida pós-natal (Figura 1) .Os
animais
foram
submetidos à anestesia geral por inalação de éter etílico. Considerou-se planoanestésico o
momento
que
o animal perdia o reflexo de retirada demembro
inferior ao15
1 Figura 1 - Fotografia de
um
rato macho de 4 dias de vida pós-natalANESTESIA
NOS
ANIMAIS
ADULTOS
Os
animais foram submetidos a anestesia geralcom
indução por inalação de éteretílico
com
efeito sedativo, nestemomento
eram
pesados e após, mantidos por injeçãointramuscular na face intema
da
pata traseira direitacom uma
solução de Pentobarbitalsódico
3%
(Hypnol3%
Fontoveter, Itapira, SP) mais cloridrato de 2-(2,6-xilidino)-5,6dihidro-4H-1,3-tiazina
2%
(Rompun,
Bayer,São
Paulo, SP.), nas doses de 20 e 10mg
porKg
peso respectivamente.Confirmação
do
plano anestésicoquando
a animal perdia o reflexo deretirada
do
membro
inferior ao estímulo doloroso.CASTRAÇÃO
Mantidos
imobilizadosem
decúbito dorsalcom
fixação por fita adesiva dupla faceem
lupa cirúrgica (Metrimpex,Hungary®)
com
aumento
de 1 a 1,6 vezes. Antissepsiacom
iodopovidona1%.
Realizado incisão deaproximadamente
0,3cm
na transiçãoda
cicatrizumbilical e
o
ânusem
cada lado. Aberturada
musculatura edo
peritônio, identificaçãodo
testículoque
era tracionado para fora (Figura 2) e ligadocom
fio
de poliglactina 6.0 eseccionado. Sutura
da
pelecom
poliglactina 6.0 (Figura 3).Mantidos
aquecidos soblâmpada
até a recuperação
da
anestesia,quando eram
devolvidos à caixacom
a mãe.Mantidos
aí até completar 21 dias de vidaquando
eram
separadosda mãe,
em
grupo de até 5 animaispor
caixa.
\
L Figura 2
-
Fotografia deum
rato macho sendo submetido a castração.No
detalhe testículo exposto antes da17
Figura 3
-
Fotografia da sutura de pele após castração deum
rato macho.REPOSIÇÃO
DE TESTOSTERONA
Os
animaisdo
subgrupo castradocom
reposição, após o procedimentoacima foram
submetidos à reposição de testosterona.
Os
animaiseram
pesados diariamenteem
uma
balança de precisão (Zanott, Balanças de Precisão Ltda, Pirituba, SP) (Figura 4).A
doseaplicada foi
de
0,1mg
por quilograma de peso (Kg),em
veículo oleoso, preparadopor
manipulação 23.
A
aplicação foi realimdano
tecido celular subcutâneodo
dorsocom
seringade insulina (Figura 5).
Foram
feitas durante7
dias consecutivosno
mesmo
horárioa
partirde
Figura 4
-
Fotografia deum
rato macho sendo pesado, antes da reposição de19
SEPSE
EXPERIMENTAL
Depois
de completado60
dias os subgrupos castrado e castradocom
reposiçãoforam
submetidos a indução
da
sepse experimental.Os
subgruposmachos
e fêmeasforam
submetidos à sepseda
mesma
forma
com
idadeaproximada
de4 meses
de vida. Utilizamos o procedimento de ligadura e perfuração cecal (LPC),conforme
descrito porWichterman
em
1980) 24.
Os
animaiseram fixados
àmesa
operatória pelas quatro patas, realizada tricotomiacom
tesourana
parte inferiordo
abdome
com
extensão de3x4
cm
(Figura 6). Antissepsiacom
iodopovidona. Incisão longitudinal
no
abdome
inferiorcom
3cm
de extensão,com
tesoura(Figura 7). Abertura
da
musculatura edo
peritônio seguidada
identificaçãodo
cecona
cavidade abdominal. Este era tracionado para fora
da
cavidade e era procedida a ligadurado
colo logo acimada
entradado
fleo terminal,com
fio
de seda 3.0 (Figuras 8 e 9).Após
erarealizado duas perfurações transfixantes logo abaixo
da
entradado
íleo terminal e outraacima
da
entradado
terceiro vasona
parte inferior ceco,com
instrumento pérfuro-cortantecom
5,5milímetros
(mm)
de espessura (Figuras l0,1l,12).As
alçaseram
devolvidas à cavidade e oabdome
era fechado por planos. Peritônio, musculaturacom
polipropileno 3.0em
suturacontínua e
a
peletambém
com
sutura contínuacom
polipropileno 3.0 (Figura 13).Os
animaiseram
colocadosem
caixas individuais identificadascom
número
e os dadoseram
anotadosna
ficha
própria(Anexo
l).Figura 6
-
Fotografia deum
animal adulto anestesiado e fixo mesaperfilração cecal (LPC).
*__ __.=z¢›»
...JH Figura 7 - Fotografia mostrando a incisão para realização da LPC.
21
_t
lFigura 8
-
Fotografia mostrando detalhe da anatomia do íleo terminal, ceco e colo ascendente.'Y ..": I, w V , _. ` _._‹ _l" 7 T Q _z›,- .¬ ` 1'_ .\,¬ - t f . .. t . :ef » z* 1 êrà. a V -~
4.:
Figura 10
-
Fotografia mostrando a primeira perfinação transfixante do ceco`
`*V"'Q *väããfif
z_.,‹¿_.1-53P
Figura 12 - Fotografia mostrando aspecto final de ligadura e das duas perfilrações do ceco
N É ‹` ¿_ va _ " z zzjjaífi ` ___ t' bi Í ›
M
AVALIAÇÃO
Pós-OPERATÓRIA
Os
animaisforam
avaliados de 1em
1 hora,na
procura de sinaisque
evidenciassem asepse,
como:
eriçamento dos pêlos, diminuiçãoda
mobilidade, hemorragia conjuntival, anorexia, perdada
necessidade de água, até omomento
do
óbito.O
tempo
foimedido
em
horas e minutos.Após
72
horas, as observações de ocorrênciado
óbitoeram
feitas acada
6horas.
Considerou-se não óbito os animais
que permaneceram
vivos,mesmo
apósacompanhamento
por mais de 10 dias. Considerou-se o finaldo
experimentoo
momento
do
último óbito registrado.
AVALIAÇÃO
ESTATÍSTICA
As
observaçõesforam
estruturadasnuma
basede
dados utilizando-seo programa
EXCEL®
(Office 2000) e para análise estatística, foiempregado
oprograma
STATISTICA
6®
(StatSoft). Para a confecçãoda
curva de sobrevida de Kaplan-Meier foi utilizado oprograma EPI
INFO
6®.
As
análisesforam
feitasem
2tempos
distintos: óbitos até24
horas e óbitos até o finaldo
experimento.Foram
utilizados os seguintes procedimentos estatísticos:Análise de variância por postos de Kruskal-Wallis 25
com
a finalidade decomparar
osquatro grupos
com
relação às variáveis estudadas: óbito, óbitoem
24
horas enão
óbito. Foiadmitida significância estatística para valores de “p”
<
ou
=
0,05.Análise de correspondência múltipla
(ACM),
com
a finalidade de avaliar a associaçãoentre os grupos, considerando as variáveis óbito até
24
horas, óbito após24
horas enão
óbito.Trata-se de Luna técnica descritiva e exploratória,
que
possibilita analisar variáveis categóricas, dispostasem
tabelas de contingência, deonde
podem
surgir padrões de associação de25
Considerou-se
como
pressupostoda
validadeda
associaçãoum
percentual de inércia maiorque
70%
26.Utilizou-se a curva de sobrevida de Kaplan-Meier. Esta curva
tem
como
objetivo estimar a probabilidade de sobrevivência deum
grupoem
um
intervalo detempo
definido(probabilidade condicionada). Utiliza urna
fimção
de sobrevida não paramétrica.A
variável estudada foi otempo que
transcorreu atéque
a ocorrênciado
óbito.Considerou-se o estado inicial
no
estudo, todos os animais vivosno
momento
da
intervenção (indução
da
sepse).A
falha foi considerada o óbito até24
horas. Considerou-secensura permanecer vivo após
24
horas.Utilizou-se o teste log-rank, para avaliação
da
significância das diferenças de4.
RESULTADOS
TABELA
1: Efeitoda
castração pós-natal sobre a mortalidade na sepseem
ratos. Ocorrênciade óbito nos animais submetidos a sepse
aguda
abdominal.subgrupos
óbitos
Nâo
óbito Total%
óbitosGF
07
03 1070%
GMC
08
02
1080%
GMCR
09
01 1090%
GM
1000
10100%
Total
34
06
40
85%
GF: subgrupo fêmeas;
GMC:
subgrupo machos castrados;GMCR:
subgrupo machos castrados com reposiçãode testosterona;
GM:
subgrupo machos.TABELA
2: Efeitoda
castração pós-natal sobre a mortalidade na sepseem
ratos.Representação percentual
do
óbito dos animais submetidos a sepseaguda
abdominal
que foram
a óbito até24
horas.Subgrupos
Óbito
em
até%
Qui-Quadrado
24
horasGF
3 11,54%
0,072GMC
519,23%
0,013GMCR
830,77%
0,013GM
10 38,46%
0,072 Total26
100%
0,171598
GF: subgrupo ñmeas;
GMC:
subgrupo machos castrados;GMCR:
subgrupo machos castrados com reposiçãode testosterona;
GM:
subgrupo machos.*
27
TABELA
3: Efeitoda
castração pós-natal sobre a mortalidade na sepseem
ratos. Ocorrênciado
óbito e não óbitoem
ratos submetidos a sepseaguda
abdominalate'
24
horas e após24
horassubgrupos
óbito
óbitos após
Totalde
óbitosNão
óbim
Até 24
horas24
horasGF
3%
30%
GMC
5%
50%
GMCR
8%
80%
GM
10%
100%
440%
330%
110%
00%
770%
880%
990%
10100%
330%
220%
110%
00%
Total26
%
65%
820%
34
85%
615%
GF: subgrupo fêmeas;
GMC:
subgrupo machos castrados;GMCR:
subgrupo machos castrados com reposição. O mt Q 0_04 . + _ m 0,02 › + - rc'a) 024
-
0,00 _ 0 _ 1%de né ` f - 41,02 « 4' _D
mensão2
(03
41,04 _ "Í" - 41,06 . Nf _ .opa - r - 1 - r - - - r - | - i - r - | -1,0 -0,8 -0,5 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,5 0,8 1,0 Dimenââm 019,69% de mém)Figura 14 - Análise de correspondência múltipla para as variáveis óbito, óbito até 24 horas e não
óbito, de ratos submetidos a sepse abdominal.
LEGENDA:
f - subgrupo fêmea
mc
- subgrupo macho castradom
-
subgrupo machomcr
- subgrupo macho castradocom
reposiçãoO
- óbito após 24 horas024
- óbito até 24 horas1 .O 0.7 0.5 0.2 0.0 Figura › 1 1
O
“L
5~
\_~
°_
_5~
|_~
0
Lo
I 11':15
Í6
24
Tempo
óbito
em
horas
15
-
Curva de sobrevida de Kaplan-Meier para óbitoem
24 horas.*p
=
0,0055 entre quatro grupos. *p=
0,0005 entreGM
eGF
29GF
GMC
GMCR
GM
5.
DISCUSSÃO
A
sepse continua sendoum
grande desafio para clínicos e cirurgiões.Nos
Estados Unidos, a cada ano, estima-se 400.000 casos de sepse,onde
metade
delesevoluem
parachoque
séptico,com
aproximadamente
100.000 mortes 27.É
consensoque
apesar dosenormes
esforçosde
pesquisadores nacompreensão da
fisiopatologiada
sepse,do
descobrimento deum
grande .número denovos
antimicrobianos,da
existência de tratamentos multivariados
que atuam na
resposta inflamatória,além do
grande progressona
terapia de suporte de vida,pouco
se conseguiuna
prevenção e na diminuiçãoda
mortalidadeda
sepse nas últimas décadas 28.À
luz destes fatos,há
a necessidade de continuar, deforma
intensa, a procura denovas
altemativas de estudo da fisiopatologia e de opções terapêuticas para esta entidade.Assim
sendo, os trabalhos experimentais, utilizando diversas espécies animais continuam
como
amelhor opção
de estudo, criandonovos modelos
de pesquisa para posterior aplicaçãoem
ensaios pré-clínicos 29.Uma
imensa variedade demodelos
já foi minuciosamente descrita,porém
osmodelos
de peritonite
têm
sido consideradoscomo
os maisadequados
pelos investigadores, parao
estudoda
fisiopatologia desta doença, cuja complexidade ainda não se conseguiu alcançar.Para estudo
da
sepse edo choque
séptico, a escolhada
espécie animal é ditadapor
fatores
como
disponibilidade, custo, aprovação pelas comissões de ética e estudoem
animais, assimcomo
a quantidade e qualidade dos parâmetros que se pretende avaliar.Por
ser de baixo custode
aquisição e manutenção, ospequenos
roedorescomo
camundongos,
ratos e cobaias são os maisadequados
para muitos estudos, particularmentequando
uma
grande quantidade de animais é necessária para a pesquisa 3' 3°.Um
dosmodelos
de peritonite largamente utilizadona
pesquisa experimental paraestudo
da
sepse, foi idealizado porWichterman
(1980) ¶24,onde o
ceco é obstruídomecanicamente
com
um
fio
inabsorvível distal à válvula íleo-cecal, sendo perfuradocom
31
Este
modelo
é conhecidocomo
ligadura e perfuração cecal (LPC),onde
a grande vantagem, é a simplicidade de execução e a facilidade de reprodução.Além
disso, éum
modelo
realizadocom
contaminação peritoneal cuja flora é mista, similar aos problemas infecciosos abdominais noshumanos,
como
apendicite e diverticulite.Este
modelo
ocasionauma
peritonite e conseqüente sepse polimicrobiana e é capaz demostrar hemoculturas positivas após a
LPC,
com
mortalidade reprodutível de mais de50%
após48
horas,dependendo do número
edo tamanho
das perfurações 31” 32.Optou-se pelo
modelo
deLPC com uma
pequena
variaçãono método de
perfuração, pois Wichterman, utilizava ratosHoltzman
, previa as perfuraçõescom
agulha 18 e 22-gauge,e
no modelo
estudadoforam
utilizados ratos Wistarcom
perfuração por transfixaçãodo
cecoem
2 locais distintos,com
um
instrumento pérfuro-contuso de 5,5mm
de diâmetro.No
estudopiloto, obteve-se 65
%
de óbitoem
até24
horas.Em
decorrênciada
revisãoda
literatura sobreo
assunto, observou-seo
aspectomultifacetado das variáveis
na
sepse, encontrando-se estudos clínicos e epidemiológicosque
demonstravam
uma
diferença de resposta à doença, principahnente quanto ao índicede
mortalidade,
quando
se analisava a ocorrênciada
infecçãodo
sexo masculinoem
relação aofeminino.
¬
Em
nossomeio d'Acampora
(1996) 3,em
estudos experimentaisda
sepseem
ratos, jáhavia percebido
um
maiornúmero
de óbito entre osmachos
e mais rápidoquando comparado
com
as fêmeas,que
aparentemente resistiam melhor à peritonite e a sepse conseqüente.Ofl:`ner (1999) 33, estudando pacientes vítima de trauma,
demonstrou que
oshomens
apresentam
um
maior risco de infecção após o evento traumático, estudando545
pacientesadultos.
Nesta
mesma
linha, Oberholzer (2000) 34 ao avaliar1276
pacientes politraumatizados,encontrou diferença significativa na incidência de sepse pós-trauma,
bem
como
a ocorrênciada
síndromeda
disfunção orgânica múltipla.Ao
analisar o sexo dos pacientes, percebeuuma
predominância de pacientesdo
sexo masculino.Schroder (1998) 1°
em
estudo prospectivocom
52
pacientesem
UTI
encontrouuma
mortalidade de70%
entrehomens
contra26% em
mulheres,em
gruposhomogêneos
quanto à idade,origem
e severidadeda
sepse.Um
outro estudo, de Yesilova (2000) 35, avaliando pacientescom
hipogonadismo
hipogonadotrófico idiopático, e
comparando
parâmetros de imunidade antes e após areposição
com
gonadotrofina, concluiuque
a ausência de testosterona resultanum
aumento da
imunidade celular e humoral.
Estes fatos revelados pela literatura utilizada, levaram ao estudo
em
curso poisnão
foiencontrado trabalho
que
mostre o desenho de pesquisa experimental utilizado neste trabalho,onde
se estudou grupos de ratosmachos
adultos, fêmeas adultas,machos
castradosno
4.° dia de vida emachos
castradosno
4.° dia de vidacom
reposiçãohormonal do
5° ao 11° diade
vida.
Neste estudo esperou-se
que
os ratos recém-nascidos e castrados alcançassem a idadeadulta e então foi
provocada
a peritonite porLPC,
no
mesmo
diaem
todos os grupos e pelomesmo
pesquisador, observando-se os animais clinicamente até a ocorrência de óbito.A
expectativa era a ocorrência de óbitoem
ordem
decrescente nos subgruposmachos
(GM),
machos
castradoscom
reposição(GMCR),
machos
castrados(GMC)
e fêmeas (GF), pois Yesilova (2000) 35afirma
que
a ausência de testosterona resultaem
aumento da
imunidade celular e humoral.Após
o experimento realizou-se a avaliação dos óbitos oconidos.A
mortalidade global verificadano
experimento foi de85%
dos animais. Considerou-se esta taxa satisfatória, visto que pretendeu-se estudar a sepse aguda.
As
taxasde
óbitos por subgruposforam
progressivas entre osGF,
GMC,
GMCR
eGM,
com
70, 80,90
e100%
respectivamente.
A
análise estatística nãomostrou
diferença significativa neste período,apesar desta tendência dos dados.
Quando
comparados
isoladamente os subgruposGF
eGM
obtivemos
p=
0.0637. Issopode
sugerirque
se a amostrado
experimento fosse maior, talvez houvesseuma
relação de significância dos resultados obtidos (Tabelas 1 e 3).Quando
avaliados apenas os óbitosque
ocorreram até24
horas, revelou-seo
número
de
26
animais, o equivalente a65%
do
total de animaisdo
experimentoou
a76%
de todos osanimais
que chegaram
ao óbito (Tabela 2).Na
avaliação comparativa entre os subgrupos,houve
urna progressão nas taxasde
óbito entre eles, sendo
o
GF
11,54%,GMC
19,23%,GMCR
30,77%
eGM
de38,46%.
A
33
diferenças entre os grupos, associada à aproximação entre o
GF
eGMC,
onde não
havia açãoda
testosterona,sugerem
a ação destehormônio na
inibiçãoda
resposta imune destes animais(Tabela 2).
Da
mesma
forma
osGM
eGMCR,
animaisque
tiveram ação de testosterona orapermanente
no
GM
ora temporáriono
GMCR,
podem
indicarque
a açãoda
testosterona inibe a respostaimune
à sepseaguda
experimental. Esta ação seriaem
períodos iniciaisda
vidauma
vezque
os animaiscom
manipulaçãohormonal
nestes períodos críticos tiveram respostasdiferentes
na
vida adulta.Analisando-se o estado
hormonal
destes animaistemos
a seguinte situação:GF:
fêmeas adultassem
manipulação hormonal.A
diferenciação sexual foi mantidanaturalmente
com
ação de estrogênios desde fases iniciaisdo
desenvolvimento.GMC:
ratosmachos
que na vida intrauterina sofreram ação da testosterona, estendendo-se até o quarto dia de vida pós-natalquando
a ação deste hormônio, deorigem
testicular foi interrompida
no
período crítico de desenvolvimentodo
sistema nervoso central(SNC)
até omomento
da
induçãoda
sepse abdominal aguda.GMCR:
ratosmachos
que na
vida intrauterinasofieram
açãoda
testosterona, estendendo-se atéo
quarto dia de vida pós-natal, submetidos a supressão destehormônio por
24
horas, sendo reposto deforma exógena
até o 11° dia de vida, aindaem
seu período crítico de diferenciação sexual.A
partir destemomento
não
sofreu mais açãoda
testosteronatesticular
ou
exógena.GM:
ratosmachos sem
manipulaçãohormonal
com
diferenciação sexual natural,com
ação de testosterona testicularem
fases precoces de diferenciaçãobem
como
com
níveis séricos fisiológicos destehormônio no
momento
da
sepseaguda
experimental.Com
estes valores percentuais observados, neste experimento,podemos
inferirque
reahnentehá
uma
maior resistência das fêmeas à sepsecomo
foi observado.No
entanto osmachos
castradosresponderam
deforma
semelhante às fêmeas, oque pode
sugerirque
a testosterona deva terum
papel decisivona
respostaimune
destes ..an.imais.As
observaçõesdecorrentes
do
experimentopodem
ser explicadas pela respostaimune
diferenciada entreO
dimorfismo
sexualtambém
existena
resposta imune.Ambas
respostashumoral
e celular são mais ativas nas fêmeasque
nos machos.Em
humanos,
fêmeas são mais afetadaspor doenças autoimunes 36.
De
um
modo
geral as fêmeas apresentam Luna melhor respostaimune
'celular e humoralque
os machos, e as fêmeastem
maior concentraçãode
imunoglobulinas 37, e
tem
maior e mais sustentada produção de anticorpos após imunização einfecção
que machos
38' 39. Níveis de imunoglobulinas variam entre os sexos,com
alguns anticorposcomo
IgG
eIgM
maiorem
fêmeasque
em
machos
em
reposta a estímuloantigênico. Níveis de linfócitos
CD4
também
são maioresem
mulheres 4°.As
fêmeastambém
têm
maior rejeição de aloenxertos,demonstrando
uma
melhor respostaimune mediada
por células 41.No
efeitodo
sexo sobreo
sistemaimune
(SI), a regulação das célulasT
eB
são asmais importantes.
A
alteração nos níveis de citocinas é proporcional aos níveisde
esteróidessexuais e são produtos de células imtmes, particularmente população»
de
célulasT
42.Os
hormônios
sexuaisdesempenham
papel central nestedimorfismo
sexualno
sistema imune.Os
mecanismos
envolvidos sãocomplexos
e ainda não completamente conhecidos.Poderia ser por ação direta
em
células imunocompetentescomo
porexemplo
a presençade
receptores de androgênios
em
célulasdo
timo 43 .Outromecanismo
poderia ser indireto,mediado
pela interaçãocom
outros fatores imimomodulatórioscomo
hormônios do
timo,honnônio do
crescimento e prolactina.Um
terceiromecanismo
proposto seria atravésda
influência dos esteróides sexuais nos níveis de glicocorticóides.
Dado
que os esteróidessexuais afetam o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
(HPA)
diretamente,mas
também
influenciam células imunocompetentes e
produção
de citocinas, o efeito totaldos
esteróides sexuais na resposta dos glicocorticóides ao stresspode
derivar de todas estas ações 44.Os
estudosdemonstram
haver Luna inter-relação entre o SistemaNervoso
Central, SistemaImune
e Eixo Hipotálamo-Hipófise- Adrenal.Na
décadade 70
14 e posteriormente de 80,Besedovsky “demonstrou que hormônios
clássicos e as citocinas recém-descobertasestavam
envolvidas funcionalmentena comunicação
entre oSNC
e SI, referindoque
as interações entreo
SI e neuroendócrinodesempenham
um
papel importante namodulação do
eixoHPA
em
organismos expostos aum
estímulo imune.Este eixo é suscetível a
modificações
permanentesquando
manipuladoem
fases precocesdo
desenvolvimento. Shanks (1995) 46demonstrou que
a exposição a endotoxinas35
sobre o
ACTH,
aumentando
a respostado
eixoHPA
ao stress.As
respostas sexo específicasnos animais adultos
podem
ser manipuladas pela administração de hormôniosno
períodoneonatal,
conforme
descrito por I'-liemke (1992) 47. Assim,Del
Rey
(1996) 48demonstrou que
a administração de IL-1 até
o
quinto dia de vidaem
camundongos
causava alteraçõespermanentes
no
eixoHPA,
com
redução dos valores basais de corticosterona eaumento na
relação ACTH/corticosterona. Konstandoulakis (1995) 6 concluiu
que
a manipulaçãocom
esteróides sexuaisno
pré e pós-natalpode
provocar efeitos duradouros na resposta imune, etambém
alterar diferenças existentesna
respostaimime
entremachos
e fêmeas.A
castraçãona
vida adultatambém
foi estudada edemonstrou
diferençasna
resposta imune. Rife (1990) 49demonstrou
quecamundongos
castradosna
vida adulta apresentamuma
melhor resposta a estímulo antigênico, efeito reduzido pela administraçãode
testosterona. Wilson (1995) 5° observou que a castração» decamundongos machos
adultostem
um
aumento
importante na
produção
de linfócitos B.A
castração de ratos adultos fazcom
que
hajaaumento
dos níveis plasmáticos deACTH
e corticosteronaem
reposta o stress, efeito este revertido pela reposição de testosterona 51.Wichmann
(1997) 52 estudando a respostaimune
de ratos normais' e castrados
no
trauma de partes moles echoque
hemorrágico, concluiuque
os esteróides sexuais masculinos
tem
efeito imunossupressor. Sugeretambém
que
osbloqueadores de androgênios teriam potencial para uso clínico. Outros efeitos
da
castraçãona
vida adulta sãoo aumento do
compartimentode
célulasB
periféricas,aumento da
capacidadede
produção
de imunoglobulinas autorreativas 53aumento da
capacidade de fagocitose pelos macrófagos 54.Da
Silva (1999) 55,em
humanos
demonstrou que
níveis de estradiolaumentavam
etestosterona inibia a resposta
endógena
de glicocorticóide após estímulo inflamatório,com
padrão similar ao de experimentos
em
animais.No
presente experimento foi realizadouma
modulação
experimentaldo
eixoHPA
da
resposta
imune
ao castrar-se osno
4.° dia de vida extra-uterina os ratos machos. Desta forma,foi impedido
que
este eixo fosse completadocomo
nos ratosmachos
normais.Nos
ratosmachos
normais , a presençada
testosterona, durante esta primeirasemana
de vida pós-natal,modifica
a organização dos circuitos cerebraisque
vãomodular
a respostaimune
destesAtualmente está estabelecido
que o
sistemaimune
e o eixoHPA
sãomutuamente
regulatórios e
que
sua interaçãopode
serum
fator determinantequando
se analisa os efeitosdo
stress sobre a resposta imune. Portanto,um
processo inflamatório experimentalmenteprovocado
deve influenciaro
eixoHPA
ecomo
conseqüênciamodificar
a respostaimune
.Atenção
especial está sendodada
ao papel de períodos precocesda
vida eo
eixoHPA
determinando predisposição e susceptibilidade a doençasem
longo_ prazo 56.Como
os esteróides sexuais, aparentemente, são os responsáveis pela regulação desta resposta, ésugestivo
que
a interrupção destamodulação
em
períodos críticosdo
desenvolvimentopermita
uma
resposta, nosmachos
castrados, semelhante às fêmeas.Já está estabelecido pela literatura 57
que
assimcomo
outras formasde
desenvolvimento
da
plasticidade, a diferenciação sexualda
rede neural parao
comportamento
reprodutivo é caracterizado por períodos críticos durante os quais, interações específicas entre as célulasem
desenvolvimento e seu ambientedeterminam
futuras capacidades de comportamento.Períodos críticos
do
desenvolvimento, são parteda
seqüência natural de crescimento,a cada estágio
do
desenvolvimentouma
escolha é feita dentro deum
número
limitado dealterações.
Uma
vez feita esta escolha neste período, é praticamente impossível reverter o resultado.O
sexocromossômico do
indivíduo é estabelecidona
concepçãoquando
oesperma do
macho
contribuicom
um
cromossomo
X
ou
Y.O
sexo genético determina se agônada
embriônica bipotencial diferenciarácomo
ovárioou
testículo.Os
passos subseqüentesna
diferenciação resultam
da
ação de hormônios.Se o
cromossomo
Y
está presente, os testículosdesenvolvem
e sua secreçãohormonal
resultano
desenvolvimento deum
fenótipo masculino.O
mesmo
não é verdadeiro parao
desenvolvimentodo
ovário e diferenciação das fêmeas.A
remoção do
tecido gonadal de fetos de coelhos, desenvolve todos os animaiscom
fenótipo feminino, independente se geneticamente sãoXX
ou
XY.
Portanto, o fenótipo femininopode
desenvolverna
ausência de qualquer tecido gonadal.A
testosterona secretada pelos testículosmasculiniza os órgãos sexuais, glândula
mamária
rudimentar eo
SNC.
No
adulto, os esteróides sexuais primariamente ativam a resposta sexual . Então, a37
Em
nosso experimento, este tipo de efeito causado peloshormônios
sexuais (efeitoativacional) não
pode
ser analisado, jáque
,empregamos
a castração de ratosmachos
recém-nascidos, nos quais os circuitos cerebrais
do
eixoHPA
que
participamdo
processo modulatóriodo
sistema imune, aindanão foram
completamente estabelecidos neste períododo
desenvolvimento (4° dia de vida pós-natal) 12.Portanto, neste experimento estamos analisando
o
efeito organizacionalque
atestosterona
pode
causar duranteum
dos períodos críticos de desenvolvimentodo
SNC
de
ratos, e suas conseqüências para a resposta deste organismo a
mn
desafio séptico.Nesta pesquisa ,
também
aplicamos a Análise de Correspondência Múltipla(ACM)
com
a finalidade de pesquisar a ocorrênciade
associação entre as variáveis dos subgrupos deestudo, óbito após
24
horas, óbito até24
horas e não óbito.Os
resultados obtidos, demonstradosna
Figura 14,sugerem
uma
associação entre os subgruposGM
eGMCR
com
o óbitoem
24
horas.Por
outro ladoo
GF
indicauma
forteassociação
com
a ocorrência de óbito após24
horas ecom
a ausência de óbito.O
GMC
teveuma
forte associaçãocom
o óbito após24
horas. Tais resultados estão perfeitamente condizentescom
os dados observadosna
literatura,que
indicamuma
melhor resposta aodesafio séptico das fêmeas
em
relação aomachos
normais.Os
subgruposGM
eGMCR
apresentamuma
relação de proximidade entre si,da
mesma
forma que
os subgruposGF
eGMC.
Os
subgruposque
apresentamuma
maiordiferença de
comportamento
entre si, são os subgruposGF
eGM.
Considerando-se
que
osGM
eGMCR
são os subgruposem
que a presençada
testosterona se fazia, quer deforma
permanente(GM),
quer defomra
temporáriaem
períodocrítico
do
desenvolvimento(GMCR),
estes dados indicarn urna relação entre os subgrupos deanimais
com
a presença de testosterona eo
óbito, especialmente até24
horas.Ocorreu
também
a associação entre si dos subgruposGF
eGMC,
ou
seja, subgrupossem
a presença detestosterona
ou
sua presença antesdo
finaldo
período crítico de ação da testosteronana
diferenciação sexual
do
SNC
edo
sistema imune. Estes resultados estão condizentescom
osdados
existentesna
literatura, sobre a influênciaque
a testosterona possui sobre aestruturação dos diversos circuitos cerebrais envolvidos
na modulação
da resposta imune, diante deum
desafio séptico.Não
foram
encontradas referênciasna
literatura pesquisada,que
utilizassem aACM
para avaliar as variáveis acima descritas, impossibilitando, assim, a
comparação
dosdados
obtidos
com
outros estudos de igual desenho.-
É
importante observarque no
subgrupoGMCR
obteve-se a açãoda
testosteronaprópria
do
animal, apenas durante a vida pré-natal e 4 dias de vida pós-natal.Foram
castradose repostos apenas até 0 11° dia de vida
com
propionato de testosterona.A
partir daí, não haviamais ação de testosterona testicular.
Apesar
disso este grupo de animais, apresentouum
comportamento
muito maispróximo do
subgrupoGM
do que
dos demais grupos. Isso reforça a importânciada
testosteronaem
períodos críticos,programando
a resposta imune,independente dos níveis séricos de testosterona
no
momento
da
sepseaguda
induzida.A
sobrevida dos animaistambém
foi analisada pela curva de Kaplan-Meier (Figura15). Esta curva determina a chance estatística de detemrinado elemento
do
grupo estar vivoapós
um
tempo
determinado. Assim,no
experimento, a chance deuma
fêmea
estar vivaapós
24
horas foi de80%
enquanto nos demais subgruposGMC
50%,
GMCR
20%
e0%
parao
GM.
Esta outraforma
de verificaçãoda
sobrevida, reforça os dados já verificadosanteriormente pelos testes de Kruskal-Wallis e pela
ACM.
A
curva de sobrevida de Kaplan-Meier analisadaem
24
horas,mostrou
diferençaestatística significativa,
quando
verificada pelo log-rank, nos quatro subgrupos (p=0,0055).A
análise comparativa apenas para os subgrupos
GF
eGM
representa aindamna
maior diferençacom
p
=
0,0005.O
que
explicaria esta maior diferença entre os grupossem
manipulaçãohormonal
(GF
e
GM),
seria asoma
das ações dos esteróides sexuais.A
primeira, ligada ao períodode
diferenciação sexual,momento
que
já estariahavendo
aprogramação
parauma
resposta diferente entremacho
e fêmea.A
segunda, ligada aos diferentes níveis circulantes destes esteróidesno
momento
da
sepse. Neste caso os estrogêniosem
maior nível nas fêmeasmelhorando
a respostaimune
a sepse, enquantoque
a testosteronano
macho
exercendo efeito contrário.Não
encontramosna
literatura pesquisada, trabalhosque
utiljzassem a metodologiada
curva de sobrevida paracomparar
estes eventos.A
utilização deste desenho de pesquisamostrou
ser útil para futuros estudosdo
dirnorfismo sexual na resposta imune,
em
particularna
avaliaçãoda
sepseaguda
com
óbito`1
39
corticóides, citocinas,
contagem
de linfócitos deverão serempregadas
para explicar as razõesdeste
dimorfismo.
Da
mesma
forma, experimentoscom
a utilização de imunomoduladores,em
particular esteróides sexuais, seus análogosou
bloqueadores destes esteróidespoderão
trazer informações úteis
no
estudodo
tratamentoda
sepse. Traztambém
à luz a discussão sedeveria haver
uma
atuação mais precoceem
termos deimunomodulação
com
esteróides sexuaisem
fase iniciaisda
sepse. Estudos imunohistoquímicos,em
particulardo
SNC,
poderão determinar áreas envolvidasno
dimorfismo
sexualda
reposta imune.Com
base nos resultadospodemos
sugerirque
a presençaou
ausênciade hormônios
sexuais nos ratosmachos
durante a diferenciação sexualdo
SNC
edo
SIinduzem
a respostaó.
CONCLUSÃO
Aparentemente