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Consumo alimentar, estado nutricional e condição socioeconômica de adolescentes

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA - DCVIDA CURSO DE NUTRIÇÃO

KAREN LEIMANN KRUKLIS

CONSUMO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DE ADOLESCENTES

Ijuí, RS 2015

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KAREN LEIMANN KRUKLIS

CONSUMO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DE ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Nutrição do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, apresentado como requisito para aprovação no Componente Curricular TCC II.

Orientadora: Pâmela Fantinel Ferreira – Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana - UFSM

Ijuí, RS, Brasil 2015

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA - DCVida

CURSO DE NUTRIÇÃO

A COMISSÃO ABAIXO ASSINADA APROVA O PRESENTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO INTITULADO:

CONSUMO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DE ADOLESCENTES

ELABORADO POR

KAREN LEIMANN KRUKLIS

COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE NUTRICIONISTA COMISSÃO EXAMINADORA:

Pâmela Fantinel Ferreira Professor (a) / Orientador

Maristela Borin Busnello Nome Professor (a) da Banca

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, por me fortalecer, sustentar e ajudar em todos os momentos, e à minha família que não mediu esforços para me apoiar e encorajar ao longo desta caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por acompanhar e guiar minha vida todos os dias, animar nas horas de cansaço e permitir a concretização deste sonho.

À minha professora orientadora Pâmela, pela dedicação, correções e incentivo na elaboração deste trabalho.

À professora Maristela, que carinhosamente aceitou o convite para participar da banca examinadora deste trabalho.

Agradeço a minha mãe pela participação e presença constante, nunca hesitou em me levar e esperar enquanto eu estava em aula. Sempre torceu e me fortaleceu nos momentos difíceis.

Ao meu pai que, mesmo com seu jeito calado, sempre esteve ao meu lado. À minha irmã que me apoiou e atenciosamente me atendeu quando precisei de auxílio na realização das minhas tarefas.

Ao meu namorado que, com toda distância, participou comigo desta jornada. Aos meus avós, tios e primos por toda contribuição e carinho.

À tia Sonia, em especial, com seu riquíssimo conhecimento em inglês, que me auxiliou na tradução do resumo para a língua estrangeira.

À minha amiga Eunice, pela revisão ortográfica do trabalho.

Aos meus amigos da Igreja Batista, por servirem de suporte em meio às lutas, e por fazerem parte da minha formação.

Obrigada à direção e coordenação das escolas Rui Barbosa e João XXIII, que permitiram a realização deste estudo.

Meus agradecimentos a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada.

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EPÍGRAFE

“Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes.”

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RESUMO

Objetivo: Verificar o consumo alimentar, o estado nutricional e a condição socioeconômica de adolescentes matriculados em escola pública e privada de um município do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Metodologia: O presente estudo se caracteriza por ser do tipo descritivo exploratório de corte transversal com abordagem quantitativa. As medidas antropométricas foram obtidas através da coleta do peso corporal e da estatura. Para avaliação nutricional foi efetuado o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). O comportamento alimentar foi analisado por meio de um questionário de frequência de consumo alimentar contendo os grupos alimentares associado aos Marcadores de Consumo Alimentar do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde), e ainda, questões à respeito da condição socioeconômica familiar. Resultados: Foram incluídos no estudo 71 adolescentes, sendo que destes 38 (54%) eram do sexo feminino e 41 (58%) estudam em escola pública. Os alimentos consumidos diariamente são do grupo dos cereais, carnes e bebidas adoçadas. E entre os demais grupos alimentares ingeridos em menor frequência, estão o das frutas, hortaliças e laticínios. Na avaliação antropométrica foi identificado que 79% dos adolescentes estavam eutróficos, 18% acima da faixa da normalidade, revelando risco ou excesso de peso e apenas 3% apresentaram baixo peso. O perfil socioeconômico dos adolescentes estudados consiste, na maior parte, de famílias com renda inferior a três salários mínimos, nível de escolaridade dos pais até ensino médio, famílias residentes em zona urbana, casa própria com até três moradores. Entre os estudantes acima do peso ideal, 24% estudam em escola pública e 10% em escola particular, e 19% possuem renda familiar baixa contra 17% que possuem renda familiar alta. Conclusão: Considera-se importante a educação nutricional direcionada aos adolescentes e seus familiares, e a participação da escola como veículo de promoção da saúde e prática de alimentação saudável.

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ABSTRACT

Objective: checking the food intake, nutritional status and socioeconomic condition of adolescents enrolled in public and private schools of a small city in the state of Rio Grande do Sul. Methodology: This study is characterized as a descriptive exploratory cross-sectional with a quantitative approach. Anthropometric measurements were obtained by collecting body weight and height. For nutritional assessment was performed calculating the Body Mass Index (BMI). Eating behavior was analyzed by means of a questionnaire of food intake frequency containing the food groups associated with Food Consumption markers of SISVAN (Food and Nutrition Surveillance System of the Ministry of Health), and also contained questions regarding the family socioeconomic status. Results: The study included 71 teens, and of these 38 (54%) were female and 41 (58%) attend public school. Daily food intake are the group of cereals, meats and sweetened beverages. And among the other food groups consumed less frequently, are the fruit, vegetables and dairy products. In anthropometric assessment it was identified that 79% of adolescents were eutrophic, 18% above the normal range, revealing risk or overweight and only 3% were underweight. Among students overweight, 24% study in public school and 10% study in private school, and 19% have low family income compared to 17% who have high household income. Conclusion: The socioeconomic profile of adolescents studied consists, mostly, of families earning less than three minimum wages, parental education level until high school, families living in urban areas, home with up to three residents. It is considered important nutrition education directed to the adolescents and their families, and the school's participation as a health promotion vehicle and practice healthy eating.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características socioeconômicas dos adolescentes de Giruá – RS, 2015...30 Tabela 2 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS, 2015...33 Tabela 3 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com a renda familiar...35 Tabela 4 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com o tipo de escola ...36 Tabela 5 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com o nível de escolaridade dos pais...37 Tabela 6 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com a localização da residência...38 Tabela 7 – Características antropométricas dos adolescentes de Giruá – RS, 2015...43 Tabela 8 – Estado nutricional dos adolescentes de Giruá – RS de acordo com o tipo de escola...43 Tabela 9 – Estado nutricional dos adolescentes de Giruá – RS de acordo com a renda familiar...44

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário de frequência alimentar e perfil socioeconômico...56 APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido...59 APÊNDICE C – Termo de Assentimento...62

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LISTA DE ANEXOS

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...13 2 OBJETIVOS ...15 2.1 Objetivo Geral ...15 2.2 Objetivos Específicos ...15 3 REVISÃO DE LITERATURA ...16

3.1 Adolescência e suas características...16

3.2 Necessidades nutricionais na adolescência...18

3.3 Comportamento e hábito alimentar na adolescência...21

3.4 Guias alimentares e avaliação do comportamento alimentar...22

3.5 Perfil socioeconômico e a relação com as escolhas alimentares...23

4 METODOLOGIA ...25 4.1 Tipo de Pesquisa ...25 4.2 Participantes da Pesquisa ...25 4.3 Amostra ...25 4.4 Critérios de Inclusão ...26 4.5 Critérios de Exclusão ...26

4.6 Procedimentos para Coleta de Dados ...27

4.7 Questões Éticas ...28 4.8 Análise de dados...29 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...30 6 CONCLUSÃO...46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...48 APÊNDICES ...56 ANEXO...65

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1 INTRODUÇÃO

A adolescência é a fase em que ocorrem diversas modificações no desenvolvimento físico, mental, emocional e social, que são determinadas pelos costumes familiares, relacionamentos, valores, culturas, fatores socioeconômicos, experiências e aprendizados do individuo. Muito do que se adquire nesta idade como os conhecimentos e hábitos de vida, progridem até a idade adulta e refletem no tipo de alimentação, autoimagem, saúde, preferências, valores e desenvolvimento psicossocial. Comportamentos alimentares insatisfatórios na infância e adolescência podem repercutir em futuras doenças crônicas (LEVY et al., 2009).

Muitos estudos tem mostrado a substituição de alimentos saudáveis como frutas e hortaliças, por elevado consumo de alimentos com alto teor calórico ricos em açúcar, sódio e gorduras, lanches tipo fast-foods e bebidas açucaradas, nesta faixa etária. A grande preocupação se dá pelo aumento da obesidade e doenças associadas a ela, que podem surgir na adolescência, ou posteriormente, devido ao consumo inadequado de alimentos. A adolescência, por ser o período do estirão de crescimento e que precede a fase adulta, requer maior demanda de nutrientes que atendem às necessidades do individuo, principalmente ferro, cálcio, zinco, vitaminas A, C, D, E, e as do complexo B (VEIGA et al., 2013).

Nos últimos anos o que temos visto é uma inversão nos padrões dietéticos e, consequentemente, mudanças nos perfis antropométricos da população em geral. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prevalência de desnutrição entre adolescentes brasileiros diminuiu, no entanto, o excesso de peso excedeu em seis vezes a frequência do déficit de peso. Foi constatado que a prevalência de excesso de peso é mais elevada nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil, e o excesso de peso foi mais frequente no meio urbano. Também foi verificada que quanto mais favorável a renda familiar, mais alta a prevalência de obesidade entre adolescentes, e isso ocorreu, especialmente, no sexo masculino (BRASIL, 2010).

Levando em consideração a preocupação atual com o hábito alimentar e o estado nutricional de adolescentes, esta pesquisa teve como objetivo verificar o consumo alimentar e o estado nutricional de adolescentes matriculados em escola

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pública e privada de um município do interior do Estado do Rio Grande do Sul, bem como investigar a condição socioeconômica dos adolescentes.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar o perfil nutricional e a condição socioeconômica de adolescentes matriculados em escola pública e privada do município de Giruá-RS.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Investigar o consumo alimentar habitual de adolescentes em relação aos diferentes grupos alimentares;

 Verificar e avaliar o estado nutricional dos adolescentes por meio das variáveis de massa corporal, estatura e Índice de Massa Corpórea (IMC) de acordo com as curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde;

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Adolescência e suas características

A adolescência é fase compreendida dos 10 aos 19 anos de idade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é caracterizada por expressivas transformações somáticas, psicológicas e sociais. Esta culmina todo o processo de maturação de órgãos e sistemas do indivíduo. Este período é marcado pelo crescimento e desenvolvimento físico, e ao aumento da massa corporal, influenciado pelos fatores ambientais, genéticos, nutricionais, hormonais e culturais (LEVY et al., 2009).

As mudanças biológicas que ocorrem na puberdade são decorrentes dos estímulos neuro-hormonais do eixo hipotálamico-hipófisário-adrenal-gonadal. Estas mudanças iniciam-se durante a vida fetal e progridem até o completo crescimento e fusão total das epífises ósseas. Podemos mencionar alguns hormônios participantes nesse processo, como o hormônio do crescimento, que controla o crescimento longitudinal da criança e do adolescente, e este, age sobre a distribuição do tecido adiposo e atua no metabolismo das proteínas, carboidratos, lipídeos, minerais e água; estrogênio no sexo feminino e testosterona no sexo masculino, sendo responsáveis pelo surgimento de características sexuais secundárias, ovulação, espermatogênese e fertilização (EISENSTEIN, 2005).

A atuação dos hormônios sexuais conduz às transformações físicas e diferenciações entre meninos e meninas no estirão de crescimento. O método de estadiamento da maturação sexual proposto pelo médico inglês J. M. Tanner e difundido a partir dos anos de 1960, é uma ferramenta usada para distinguir os aspectos físicos de cada etapa da puberdade, sendo estas divididas em cinco categorias. Na nutrição é utilizado para auxiliar na determinação do diagnóstico nutricional, diferindo a idade cronológica da idade maturacional (EISENSTEIN et al., 2000).

De acordo com Tanner no estágio 1 (meninas < de 9 e meninos <11 anos de idade) iniciam as modificações nas características sexuais secundárias, e nessa fase ocorre acúmulo de tecido adiposo com objetivo de reserva energética para o estirão do crescimento que virá em seguida. Intervenções nutricionais com vistas às

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mudanças nos hábitos alimentares podem resultar em restrições no consumo energético e desenvolvimento de ansiedade. O estágio 2 é mais relevante para as meninas, pois estas iniciam o estirão de crescimento, e dois anos depois acontece a menarca. O aumento da estatura nesse período varia de 20 a 25 cm. Esses aspectos são importantes na determinação das necessidades e orientações nutricionais. No estágio 3 a adolescente pode demonstrar aspecto longilíneo e emagrecido devido ao estirão de crescimento, porém deve-se reconhecer o consumo energético das reservas corporais para este crescimento. Nesta etapa notam-se alterações na composição corporal, tanto no tecido adiposo como no tecido magro e ósseo. O final do estágio é marcado pela menarca. Nos meninos o estirão de crescimento acontece nessa fase (MENESES et al., 2008).

No estágio 4 as adolescentes apresentam aporte físico maduro, estabilização da altura, tendo uma diminuição na necessidade energética por quilograma de peso ao final desse período. O consumo de energia nesta fase é depositado como gordura em decorrência das funções hormonais ovarianas. Torna-se necessário o acompanhamento nutricional, afim de prevenir excesso de gordura corporal. Para os meninos, nesta fase há desaceleração do crescimento, podendo demonstrar aparência emagrecida, ao final do período aumenta o tecido adiposo e muscular. O apetite dos adolescentes continua intenso, pois a necessidade nutricional é maior devido ao aumento na dimensão física e a maior atividade metabólica. O estágio 5 representa para as meninas e meninos o término do processo de maturação sexual, das modificações corporais e do crescimento. As meninas reduzem a ingestão alimentar e os meninos, ao contrário, tem um maior consumo como consequência do gasto energético expressivo (MENESES et al., 2008).

O nutricionista ao avaliar um adolescente deve ter o conhecimento da fase de desenvolvimento e maturação em que este se encontra, para que, então, possa conduzir as estratégias e intervenções nutricionais de forma mais coerente. Na avaliação do estado nutricional deste grupo, é importante associar variáveis de peso, estatura, idade e sexo aos indicadores de maturação sexual (VITOLO, 2014).

É interessante ressaltar que o tipo de alimentação, o excesso ou falta de nutrientes ofertados nos primeiros anos de vida tem grande influencia no tamanho do corpo e obesidade observados na adolescência. O excesso de alimentos interfere

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no tecido adiposo, fazendo com que os adipócitos aumentem em tamanho e número (ACCIOLY et al., 2003).

3.2 Necessidades nutricionais na adolescência

Na adolescência a necessidade de energia e alguns nutrientes merecem destaque devido ao crescimento acelerado e as transformações corporais que ocorrem nessa fase. Quanto à energia, não se tem fórmulas associadas aos estágios de Tanner para se definir as necessidades nutricionais, porém o profissional nutricionista deve levar em conta o método que mais se adequa ao individuo, pelo seu crescimento, desenvolvimento e atividade física. Tendo em vista maior ingestão alimentar que combina com o pico de velocidade máxima de crescimento (BERTIN et al., 2008).

As intervenções para diminuir as inadequações na dieta dos adolescentes e reduzir o consumo demasiado de alimentos hipercalóricos ligados à obesidade e demais doenças crônicas não transmissíveis, se tornam um desafio para as políticas públicas de promoção da saúde na adolescência e, posteriormente, na vida adulta (VEIGA et al., 2013).

Conforme Giannini (2007) a quantidade de proteínas é estimada considerando a necessidade em manter o crescimento de novos tecidos. Há risco de ingestão proteica inadequada em adolescentes quando estes, por condições socioeconômicas ou distúrbios comportamentais, acabam restringindo alimentos fontes de proteína. Ao prescrever a quantidade ideal de proteínas, deve-se observar o sexo, peso, altura, atividade física, composição corporal e o estágio puberal. Só assim o profissional definirá se os valores proteicos estão suficientes ou não, excessivos ou a qualidade proteica deve ser modificada (VITOLO, 2014).

O ferro é um mineral importante na fase da adolescência, por causa da aceleração do crescimento, ocorrência da menarca em meninas, aumento da massa muscular, do volume sanguíneo e das enzimas respiratórias. Nos meninos a demanda de ferro para o crescimento também é grande, devido ao estirão do crescimento, o rápido aumento do peso corporal e da massa muscular, elevação do volume sanguíneo e, consequentemente a necessidade de ferro para as hemoglobinas. A deficiência de ferro na adolescência é um problema sério, de alta

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prevalência e que acarreta atrasos no desenvolvimento nessa população. Meninas apresentam mais riscos pela eliminação de ferro na menstruação e por menor ingestão alimentar (LEAL et al., 2010).

Segundo Bueno e Czepielewski (2008) o cálcio é outro mineral importante nesta faixa etária, pois ocorre o aumento da retenção deste para a formação e mineralização óssea. Estes processos são influenciados por fatores endógenos (genéticos e endócrinos) e exógenos (dietéticos e atividade física), sendo que os primeiros são os que mais colaboram. Nesse período da vida as necessidades de cálcio são maiores em decorrência do acelerado desenvolvimento muscular, esquelético e endócrino. Observa-se que a deposição de cálcio diária no pico de crescimento é dobrada. Atividade física associada ao consumo de cálcio tem sido relatada como duas práticas que podem garantir o desenvolvimento ósseo eficiente. Muitos adolescentes tem preferência por refrigerantes, porém é constatado que os à base de cola possuem ácido fosfórico, que atrapalha a calcificação óssea, e os constituídos de cafeína contribuem na excreção do cálcio pela urina (VITOLO, 2014).

A aceleração do crescimento requer ingestão de vitamina A, pois esta está inserida no crescimento, diferenciação e proliferação celular, manutenção do sistema imunológico e atua no processo de maturação sexual. A hipovitaminose A é um grave problema em escala mundial de saúde publica. A deficiência de ferro e de vitamina A geralmente ocorrem concomitantemente, pois a falta da vitamina A reduz a disponibilidade do ferro para a formação de hemoglobina (VITOLO, 2014).

A vitamina C age como agente redutor em reações de hidroxilação no organismo, este nutriente está envolvido na síntese de colágeno, na capacidade de cicatrização, na formação dos dentes e na integridade dos capilares (GIANNINI, 2007). Esta vitamina é essencial para a função normal dos fibroblastos e osteoclastos, e participa na síntese de hormônios supra-renais, bem como nas funções dos leucócitos. A ingestão dietética inadequada é encontrada em adolescentes que não consomem alimentos-fonte, que fumam e/ou administram contraceptivos orais. A manifestação da deficiência é caracterizada pelo surgimento do escorbuto, sangramento de gengivas, hemorragias e dores articulares (VITOLO, 2014).

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Estudo publicado em 2013 no Brasil, realizado em São Paulo, através da analise de registros alimentares de dois dias não consecutivos, relatou a prevalência de consumo inadequado de micronutrientes como cálcio, ferro, fósforo, sódio e vitaminas A, E e C por adolescentes (VEIGA et al., 2013).

A recomendação de ácido fólico foi estabelecida com vistas na prevenção de doenças cardiovasculares. Este nutriente serve de coenzima na conversão de homocisteína em metionina, fazendo com que reduza os níveis séricos de homocisteína. Esta demonstra ações aterogênica e trombogênica, além de contribuir para o desenvolvimento de anormalidades plaquetárias, oxidação da fração LDL-colesterol e disfunção endotelial. Estudos de biologia molecular apontam que a deficiência de folato pode afetar o DNA associado a patologias como doença de Parkinson, Alzheimer, má formação fetal, anemia megaloblástica e câncer. Alimentos como vegetais verde-escuros, feijão, frutas, fígado de boi e alimentos fortificados ou enriquecidos são fonte de folato, porém nem sempre requeridos por adolescentes. É importante ressaltar que a presença de obesidade, gordura abdominal, doenças cardiovasculares na família e deficiência de ácido fólico, oferecem riscos à saúde do adolescente (VITOLO, 2014).

As fibras são usadas na prevenção e tratamento da obesidade, diminuição do colesterol plasmático, regulação da glicemia após as refeições e reduz o risco de doenças crônicas não transmissíveis. Entretanto, observam-se alterações nos padrões alimentares nos últimos anos, há uma redução de carboidratos complexos, verduras e legumes, e aumento do consumo de gordura saturada, o que indica a ingestão insuficiente de fibra pelos adolescentes. O excesso de peso e a adoção de dietas para emagrecer também são fatores que revelam o baixo consumo de fibras (GIUNTINI et al., 2003).

Segundo Dias e Gonçalves (2009), os ácidos graxos trans são formados a partir da hidrogenação dos ácidos graxos insaturados. São responsáveis pelo aumento da concentração sanguínea de LDL- colesterol e a redução do colesterol de baixa densidade HDL, e, ainda, compete com os ácidos graxos essenciais, prejudicando a síntese de ácidos graxos poliinsaturados. Dados limitam o consumo desta gordura ao máximo 1% das calorias totais diárias, pois o risco de doenças cardiovasculares aumenta muito. Está presente nas carnes e produtos lácteos, e principalmente em industrializados na forma de gordura hidrogenada como:

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margarinas, biscoitos, sorvetes, batatas fritas, salgadinhos, bolos, entre outros alimentos, sendo estes os mais consumidos pelos adolescentes por apresentarem sabor agradável.

3.3 Comportamento e hábito alimentar na adolescência

Entende-se por comportamento ou prática alimentar as relações do individuo com o alimento, que vão desde a decisão de ingeri-lo, à disponibilidade deste e ao hábito alimentar. A cultura, o modo de preparo, os utensílios utilizados, os horários e frequência das refeições, bem como as preferências e aversões também participam deste conceito (PONTES et al., 2009).

O comportamento alimentar na adolescência consiste na relação de diversos fatores que influenciam essa faixa etária. Os de origem externa são compostos pelas características da família, costumes dos pais e amigos, normas e valores sociais, culturais, pela mídia, pela indústria alimentícia, pelo entendimento e compreensão de nutrição e saúde, e pelos próprios hábitos de alimentação. Os fatores internos, dizem respeito às necessidades e peculiaridades psicológicas, imagem corporal, valores pessoais, autoestima, preferências alimentares, saúde e desenvolvimento psicológico. Todos estes fatores em conjunto com os níveis socioeconômicos, oferta de alimentos, a produção e distribuição levam ao estilo de vida e hábito alimentar do individuo (PONTES et al., 2009).

Muitos adolescentes possuem o entendimento de quais alimentos seriam os mais saudáveis e adequados, porém demonstram relutância em consumi-los. Inconscientemente, associam o ato de alimentar-se ao prazer de se estar com amigos em shopping, bares, parques, ou a sensação de degustar alimentos do tipo fast food. Estudos apontam que adolescentes que realizam suas refeições em família ingerem alimentos mais saudáveis do que aqueles que não possuem este hábito, e os últimos estão propensos a adquirirem excesso de peso (LEVY et al., 2009).

Pesquisas apontam uma baixa ingestão de micronutrientes como vitamina A e C e minerais como ferro e cálcio em adolescentes que frequentemente consomem alimentos do tipo fast food (com alto teor de gordura saturada, açúcar, colesterol e sal). Esse tipo de alimentação, pobre em micronutrientes não atinge as demandas

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da faixa etária, principalmente em decorrência da aceleração do crescimento e aumento da atividade física. Entretanto, após o estirão pubertário o consumo excessivo de alimentos hipercalóricos pode exceder as necessidades de energia, elevar a quantidade de sódio e gordura na dieta, além de prejudicar a adequação de fibras e micronutrientes. Este estilo alimentar favorece o surgimento de obesidade, dislipidemia e outras doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta (LEVY et al., 2010).

Outro aspecto do comportamento alimentar de adolescentes relatados em estudos é a diminuição do consumo de leite e derivados e o aumento da ingestão de refrigerantes, sucos de pacote e demais bebidas açucaradas. O consumo frequente destas bebidas está relacionado ao excesso de peso e obesidade, e limitar a quantidade ingerida é uma intervenção nutricional relevante. Por apresentar baixa saciedade, os líquidos açucarados, ricos em carboidratos, levam ao aumento de peso porque muitos indivíduos compensam essa falta com alimentos calóricos que, geralmente, são consumidos concomitantemente (TORAL et al., 2007). Refrigerantes a base de cola possuem alta quantidade de fósforo, e este em excesso pode prejudicar a densidade mineral óssea podendo levar, futuramente, a fraturas e osteoporose (VITOLO, 2014).

3.4 Guias alimentares e avaliação do comportamento alimentar

Os guias alimentares são instrumentos de orientação sobre os alimentos, grupos alimentares e os padrões de alimentação que podem promover e proteger a saúde. São direcionados para a população saudável, de todas as idades e origens (ASBRAN, 2015). A Pirâmide dos Alimentos e os Marcadores de Consumo Alimentar são modelos de Guias Alimentares utilizados no Brasil.

Sonia Tucunduva Philippi, em 2013, publicou sua revisão mais atual da Pirâmide dos Alimentos adaptada para a população brasileira. Esta foi dividida em oito grupos de alimentos, sendo que cada um deles contém as porções e suas respectivas densidades calóricas, para servir de suporte nas orientações nutricionais e no planejamento de dietas. A mesma contém, ainda, orientação quanto à prática de atividades físicas (UOL, 2013). A relação entre os grupos alimentares e os

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nutrientes que cada um propicia, é uma maneira de obtermos melhor compreensão quanto aos benefícios que uma alimentação balanceada oferece (PHILIPPI, 2008).

Recentemente o Ministério da Saúde publicou uma atualização dos Marcadores de Consumo Alimentar no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan Web), que possibilita a avaliação do consumo alimentar dos brasileiros no ambiente da Atenção Básica. Os objetivos destes formulários são de visualizar os hábitos alimentares saudáveis e não saudáveis, e a partir disto, permitir a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) por profissionais da saúde de diferentes áreas (BRASIL 2015).

Alimentação saudável está diretamente ligada ao estado nutricional e à saúde em todas as etapas da vida. Monitorar o consumo alimentar contribui para o conhecimento da situação alimentar e nutricional da população, e com isso, a Atenção Básica pode planejar e estabelecer metas para adoção de práticas alimentares mais saudáveis (BRASIL, 2015).

3.5 Perfil socioeconômico e a relação com as escolhas alimentares

Não é apenas o consumo alimentar inadequado que acarreta ao adolescente um estado nutricional insatisfatório, as condições socioeconômicas da família interferem na capacidade de acesso e de aquisição, conservação e preparo de alimentos, refletindo diretamente nas escolhas alimentares dos adolescentes (VIEIRA et al., 2002).

Segundo Vieira et al. (2002), a condição financeira está ligada diretamente ao padrão alimentar adotado pelos adolescentes, pois maior recurso financeiro permite acesso a certos tipos de alimentos. Também há associação do nível de escolaridade mais elevado com maior grau de instrução para adquirir alimentos variados e mais saudáveis, como frutas e hortaliças.

Estudo realizado em Butantã, São Paulo, notou-se que o consumo de hortaliças, frutas, laticínios, cereais, pães e raízes aumentaram conforme subia o grau de escolaridade dos pais. Porém não para o grupo das leguminosas, que teve o consumo prevalente em classes sociais baixas (GODOY et al., 2006).

Estudo realizado com adolescentes sobre o consumo de frutas e vegetais e sua relação com os fatores socioeconômicos, teve como resultado os maiores

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percentuais de baixo consumo de frutas, legumes e verduras no grupo de maior renda per capita, e os grupos inferiores apresentaram consumo adequado destes alimentos. Isso indica a forma como a sociedade atual realiza suas escolhas nas refeições, em que a população com maior renda per capita tem acesso a alimentos ricos em açúcares e gorduras, como os industrializados, havendo uma substituição no consumo dos alimentos naturais por alimentos “prontos” para o consumo. Também foi observado que rendas familiares mais altas não, necessariamente, resultam em dietas equilibradas (MENDES et al., 2010).

Alguns estudos relacionam a classe social com o estado nutricional, demonstrando uma prevalência de sobrepeso mais elevada em indivíduos com maior renda familiar, e consequentemente maior acesso aos alimentos de alta densidade energética e menor atividade física (DUNKER et al., 2009).

Como exemplos, temos o estudo de Silva et al. (2005) realizado na cidade de Recife, PE; o de Dalla Costa et al. (2007) com adolescentes de Toledo, PR; e outro realizado na cidade de Pelotas, RS, (DUTRA et al., 2006) que verificaram a prevalência de sobrepeso maior entre os estudantes da classe social mais favorecida. Porém mais pesquisas nesta área são necessárias.

Estudo realizado em Fortaleza evidenciou maior frequência de obesidade e sobrepeso nos adolescentes do sexo masculino de condições econômicas mais favoráveis do que no sexo feminino em semelhante classe social. Uma justificativa seria que o sexo feminino preocupa-se mais com a imagem corporal e tem mais conhecimento sobre os riscos decorrentes do excesso de peso, ao contrário dos rapazes que são mais susceptíveis ao estilo de vida sedentário, ligado ao padrão alimentar inadequado (CAMPOS et al., 2006).

As informações dos fatores de risco e da distribuição do excesso de peso nas diversas classes sociais permitem definir prioridades e planos de ação na saúde pública, além de estratégias para prevenir e controlar o avanço dessa epidemia. Vale também o alerta para as práticas alimentares e de atividade física de modo a atingir todas as camadas sociais. Dessa forma pode-se vigiar a prevalência da obesidade e sua evolução, especialmente, na adolescência e as classes sociais mais vulneráveis, enfatizando o risco desses jovens transformarem-se em adultos obesos (CAMPOS et al., 2006).

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4 METODOLOGIA

4.1Tipo de Pesquisa

O presente estudo se caracteriza por ser do tipo descritivo exploratório de corte transversal com abordagem quantitativa.

Estudos transversais, também conhecidos como estudos seccionais ou de prevalência, são aqueles realizados em um mesmo período histórico, sem considerar os antecedentes e o futuro, com o objetivo de avaliar a situação presente em relação à ocorrência de uma ou mais comorbidades. As variáveis quantitativas da pesquisa remetem a propriedades que possuem a mesma natureza em toda sua extensão e dimensão, que podem ser demonstradas através de números (FILHO et al., 2002).

A pesquisa descritiva procura descobrir, com a maior precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características, de maneira que os dados estudados são observados, registrados e analisados sem serem manipulados (OLIVEIRA, 2004).

4.2 Participantes da Pesquisa

A população alvo do estudo foi composta por adolescentes, de ambos os sexos, matriculados e frequentadores do Ensino Médio de duas escolas da cidade de Giruá - RS, sendo que neste município funcionavam apenas estas duas escolas com Ensino Médio. São elas: Instituto Estadual de Educação João XXIII, situado na Rua Arthur Ferraz de Almeida Campos, nº 999, Bairro Leimann, e o Colégio Evangélico Rui Barbosa, situado na Rua Leopoldo Vontobel, nº 600, Bairro Centro.

4.3 Amostra

A amostra de conveniência foi composta por 71 adolescentes matriculados e frequentadores, que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão do estudo.

No período de seleção da amostra, havia 550 alunos matriculados nas duas escolas da cidade, conforme informação da direção das escolas avaliadas. Para a

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pesquisa foram solicitadas somente as matrículas dos turnos da manhã e tarde, excluindo o turno da noite devido às dificuldades da pesquisadora em realizar as avaliações neste turno. Portanto restaram 220 matriculados. Desta forma foram distribuídos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e de Assentimento entre os alunos presentes no dia e no turno da entrega do documento. Dos 220 alunos aptos para participar da pesquisa, uma parcela não foi disponibilizada para a pesquisa pela direção da escola, pois outra atividade estava sendo realizada no momento das coletas; outra não estava presente no dia da coleta de dados; e grande parte dos estudantes não trouxe o TCLE assinado pelos pais. Foi permitida a participação dos adolescentes entre 18 e 19 anos apenas com o Termo de Assentimento assinado.

A amostra total ficou compreendida de 71 alunos que preencheram os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa.

4.4 Critérios de inclusão

 Adolescentes regularmente matriculados no período diurno e frequentadores nas escolas: Instituto Estadual de Educação João XXIII e Colégio Evangélico Rui Barbosa da cidade de Giruá - RS.

 Adolescentes de ambos os sexos;

 Pais ou responsáveis legais que permitiram e autorizaram a participação do adolescente no estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

 Estudantes que demonstraram interesse na participação da pesquisa por meio da assinatura do Termo de Assentimento, entre eles, os com idade acima de 18 anos.

4.5 Critérios de exclusão

 Não assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais.

 Adolescentes que não assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido.

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 Frequentar a escola no período noturno. 4.6 Procedimento para coleta de dados

As medidas antropométricas foram obtidas através da coleta do peso corporal, utilizando balança portátil digital modelo Kala®, que utiliza a medida por pressão, com precisão de 0,1Kg e capacidade até 150 Kg. Para averiguar a estatura, foi utilizada fita métrica, modelo Sanny® plástica, inelástica, maleável, com precisão de 1mm, anexada à parede lisa (com fita adesiva), sem rodapé e carpetes, onde o esquadro (de madeira) se ajustou. O individuo teve o peso igualmente distribuído entre os pés, os braços estendidos ao longo do corpo, calcanhares juntos, pés descalços, mantendo a cabeça ereta, com os olhos fixos em plano horizontal de Frankfort ou voltados para frente. Deveria vestir o mínimo de roupa possível e sem adereços na cabeça (DUARTE et al., 2002).

As avaliações antropométricas foram realizadas de forma individual em uma sala de aula vazia previamente solicitada, a portas fechadas. Os equipamentos de avaliação, como balança e fita métrica foram dispostos nesta sala aos cuidados da avaliadora. Os adolescentes incluídos no estudo portando o TCLE assinado pelo responsável e o Termo de Assentimento assinado pelos mesmos, foram chamados individualmente para a aferição das medidas e para responder ao questionário socioeconômico e dietético, somente na presença da avaliadora, evitando qualquer forma de constrangimento. Foi disponibilizado o tempo necessário para o adolescente responder ao questionário.

Para avaliação nutricional foi efetuado o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC= peso em quilos dividido pela altura em metros elevado ao quadrado), e, posteriormente, analisados os resultados conforme os gráficos de referência para adolescentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) (BRASIL, 2008).

O IMC usado na avaliação de adolescentes é um método indicativo de sobrepeso e obesidade, e foi recomendado como o melhor indicador nutricional de populações, incluindo adolescentes. O IMC elevado correlaciona a adiposidade em adolescentes e adultos com o risco de doenças crônicas não transmissíveis. Em adolescentes, a OMS classifica o estado nutricional utilizando o IMC para a idade e conforme o sexo, pois durante a adolescência acontecem mudanças importantes na

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composição corporal. A avaliação foi realizada através do escore-z do IMC. Os escores para essa classificação têm como referencial de normalidade >-2 a <+1. Abaixo do escore <-2 indica-se baixo peso, >-2 a <+1 eutrofia, >1e >+2 provável risco para excesso de peso, >+2 e <+3 excesso de peso e >+3 considera-se excesso de peso grave.

O consumo alimentar foi analisado por meio de um questionário de frequência de consumo alimentar, elaborado pela autora, conforme os grupos alimentares e o consumo destes na última semana. Para complementar a construção do questionário foi utilizado o protocolo “Marcadores de Consumo Alimentar” SISVAN (BRASIL, 2015) para averiguar, especificamente, a ingestão de alimentos não saudáveis. As categorias de frequência foram: 1 a 2 vezes por semana, 3 a 4 vezes na semana, 5 a 6 vezes na semana, todos os dias e nunca. O mesmo questionário, ainda, continha questões com respeito à condição socioeconômica familiar (Apêndice A).

Escolheu-se o questionário de frequência alimentar, um método qualitativo, com uma única aplicação, pois permite avaliar o consumo habitual de alimentos e os macro e micronutrientes destes, possibilitando a associação com doenças crônicas e estados carenciais (DUARTE et al., 2002).

4.7 Questões Éticas

De acordo com a Resolução 466/2012, os participantes desta pesquisa não sofreram qualquer tipo de risco em decorrência do envolvimento e foram informados quanto à relevância da participação deles neste estudo para outras pesquisas futuramente realizadas com o mesmo intuito e tema (BRASIL, 2012).

Os indivíduos participantes da pesquisa foram acompanhados e devidamente assessorados pela professora orientadora e a respectiva orientanda deste estudo, em todo e qualquer procedimento.

Antes do procedimento de coleta de dados, o TCLE bem como o Termo de Assentimento foram lidos perante os participantes da pesquisa.

Os adolescentes foram comunicados quanto à plena liberdade de envolvimento na pesquisa, de recusar-se a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma. Cada participante recebeu

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uma via do TCLE (Apêndice B) para ser assinado pelo responsável em seu domicílio, com uma semana de antecedência e devolvido no momento da realização da coleta de dados; e uma via do Termo de Assentimento (Apêndice C) para ser assinado pelos estudantes na escola a qual frequenta, no dia da coleta. Todos os documentos preenchidos pelos pais e alunos serão mantidos em sigilo e privacidade durante todas as fases da pesquisa.

A professora orientadora da pesquisa, ficará responsável pela guarda dos dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, por um período de cinco anos, e após esse tempo será incinerado.

A divulgação dos resultados, bem como o retorno aos participantes e instituições que autorizaram os procedimentos, será efetuada assim que a pesquisa for finalizada e apresentada.

A antropometria é um método de avaliação do estado nutricional do individuo recomendado para o diagnóstico e classificação de sobrepeso e obesidade na população, é um método com validação cientifica, não invasivo, indolor, prático, simples, de fácil manejo e boa aceitação por parte dos pacientes. É apontada como melhor parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais (VANNUCCHI et al., 1996).

4.7 Análise dos dados

Os resultados obtidos foram digitados em banco de dados do programa Excel e foi realizada análise descritiva das variáveis. Os dados serão apresentados em valores de porcentagem, média e desvio-padrão.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram incluídos no estudo 71 adolescentes, sendo que destes 38 (54%) eram do sexo feminino e 41 (58%) estudavam em escola pública. De acordo com o questionário socioeconômico, 48 (67,6%) dos adolescentes possuem renda familiar menor que três salários mínimos. Em relação à escolaridade dos pais, 36% das mães e 12% dos pais concluíram o ensino médio. As demais características socioeconômicas dos adolescentes investigados se encontram na tabela abaixo (Tabela 1).

Tabela 1 – Características socioeconômicas dos adolescentes de Giruá – RS, 2015.

Variáveis N (%) Sexo Masculino Feminino Total 33 38 71 46 54 100 Tipo de Escola Pública Particular Total 41 30 71 58 42 100 Renda Familiar Nenhuma

Até 1 salário mínimo De 1 a 3 salários mínimos > 3 salários mínimos Total 2 12 34 23 71 3 17 48 32 100 Escolaridade Materna Nenhuma De 1º ao 4º ano De 5º a 9º ano Ensino médio Ensino superior Pós-graduação Total 0 9 20 24 8 5 66 0 14 30 36 12 8 100 Escolaridade Paterna Nenhuma De 1º ao 4º ano 2 12 18 36

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De 5º a 9º ano Ensino médio Ensino superior Pós-graduação Total 24 16 8 5 67 24 12 7 3 100 Localização da moradia Zona Urbana Zona Rural Total 62 9 71 87 13 100 Condição de moradia Própria Alugada Cedida Total 58 8 5 71 82 11 7 100 Nº de pessoas na casa 1 pessoa 1 a 3 pessoas 4 a 7 pessoas Total 1 45 25 71 2 63 35 100 Fonte: Dados da pesquisa

A má nutrição é um problema que acomete indivíduos de classes sociais altas e baixas. Anos atrás doenças como obesidade, hipertensão arterial, câncer e diabetes mellitus eram prevalentes em indivíduos favorecidos socialmente, e magreza, desnutrição, menor resistência às infecções e nanismo eram frequentes em pessoas de classes sociais inferiores. Porém, atualmente, não se observa mais distinção entre enfermidades e camadas sociais. Tanto uma como a outra tem sido modificadas por crescente excesso de peso e deficiência de micronutrientes (RAMALHO et al., 2000).

Ramalho et al. (2000) também refere que as características socioeconômicas interferem nas escolhas alimentares quando o grau de conhecimento é diminuído e a população é de baixa renda. Levando-se em conta que adequada alimentação e nutrição depende da produção e distribuição dos alimentos, quando a economia do país e a educação da população estão em falta, não se tem resultados satisfatórios no padrão alimentar.

A urbanização e o desenvolvimento econômico contribuem para o estilo de vida da sociedade, que atualmente tende para o sedentarismo e ao padrão alimentar

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inadequado, favorecendo o aumento de peso corporal (OLIVEIRA et al., 2003). Conforme Oliveira et al. (2012), o crescimento tecnológico da produção e distribuição de alimentos é proporcional ao aumento da renda do país, promovendo a oferta de alimentos industrializados, consequentemente, interferindo no perfil nutricional da população. Alimentação industrializada, rica em gordura e altamente calórica, tem sido a substituição para produtos naturais, que muitas vezes, requer tempo e disponibilidade para preparo.

Tendo em vista as influências, oportunidades e condições ambientais que possibilitam o desenvolvimento da obesidade, podemos denominar esse conjunto de fatores associados ao aumento de peso de ambiente obesogênico (SOUZA et al., 2008).

O resultado da avaliação da frequência alimentar dos adolescentes de acordo com os grupos alimentares evidenciou que 44% dos sujeitos consome o grupo dos Cereais todos os dias da semana e 18% consome de 5-6 dias, demonstrando a importância deste grupo na alimentação diária dos adolescentes (Tabela 2). Estes alimentos são a principal fonte de carboidratos da dieta, que proporcionam energia para o adequado funcionamento do organismo. As fontes básicas de carboidrato são grãos (arroz, trigo, milho), tubérculos (batata) e raízes (mandioca). São consumidos, sobretudo, nas refeições principais e são mais indicados que os alimentos processados (BRASIL, 2015). O grupo das Carnes obteve os maiores resultados no consumo habitual, sendo que 76% responderam consumir estes alimentos todos os dias da semana (Tabela 2).

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Tabela 2 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS, 2015. N = 71

Grupo Alimentar 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca

Cereais 12 12 13 31 3 (%) 17 17 18 44 4 Industrializados* 41 16 1 6 7 (%) 58 23 1 8 10 Hortaliças 13 12 6 28 12 (%) 18 17 8 39 17 Frutas 21 15 10 17 8 (%) 30 21 14 24 11 Leite 17 14 11 16 13 (%) 24 20 15 23 18 Carnes 3 5 9 54 0 (%) 4 7 13 76 0 Embutidos 25 19 6 15 6 (%) 35 27 8 21 8 Leguminosas 11 19 12 22 7 (%) 15 27 17 31 10 Gorduras 21 17 13 16 4 (%) 30 24 18 23 6 Doces e guloseimas 24 17 11 14 5 (%) 34 24 15 20 7 Bebidas adoçadas 6 15 15 31 4 (%) 8 21 21 44 6

Fonte: Dados da pesquisa

*Industrializados: Macarrão instantâneo, salgadinho de pacote e biscoito salgado.

A adolescência é um período da vida importante em que as necessidades energéticas devem ser atingidas para o adequado crescimento e desenvolvimento. Para que este processo seja bem sucedido é necessário que a alimentação seja equilibrada e satisfatória em nutrientes (LEAL et al., 2010). Em relação aos alimentos industrializados, pobres em nutrientes e ricos em açúcares e gorduras, 58% dos adolescentes referiu ingerir somente de 1-2 vezes na semana estes produtos.

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Para melhor elucidar o consumo alimentar dos adolescentes estes foram divididos de acordo com a renda familiar, o tipo de escola, a escolaridade dos pais e o local que moram. Na Tabela 3 estão apresentados os dados da frequência alimentar de acordo com a renda familiar. Para tanto os adolescentes foram divididos em: renda familiar menor que três salários e maior que três salários mínimos.

No grupo com maior renda familiar as Carnes foram o grupo alimentar com maior percentual de consumo diário (87%) (Tabela 3). Estes alimentos, assim como os ovos, são fontes fundamentais de proteína e ferro. Atuam beneficiando o crescimento e o desenvolvimento, por isso tão importante na fase da adolescência (BRASIL 2015).

O percentual de adolescentes que ingere alimentos industrializados todos os dias foi semelhante quando divididos em grupos com maior e menor renda familiar (9 vs 8%) (Tabela 3). Alimentos industrializados contem alto teor de gorduras do tipo vegetal hidrogenada (gordura trans), que quando consumidos de forma rotineira, tornam-se mais prejudiciais à saúde que as gorduras saturadas. O sódio adicionado nestes alimentos serve, também, para deixá-los mais palatáveis e atrativos. Porém o consumo frequente oferece riscos à saúde, contribuindo para o surgimento da obesidade e doenças cardiovasculares (BRASIL, 2015).

O consumo do feijão foi diário em 31% dos adolescentes e 10% nunca ingerem alimentos do grupo das leguminosas (Tabela 2). Observa-se que o alimento está mais presente entre os estudantes com renda inferior (38 vs 17%) (Tabela 3), matriculados em escola pública (39 vs 20%) (Tabela 4) e que residem em zona rural (56 vs 27%) (Tabela 6). A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) evidenciou o consumo diário da leguminosa entre 69,9% dos estudantes (BRASIL, 2013). O feijão, assim como a soja, ervilha, grão-de-bico, lentilha, são leguminosas ricas em proteínas, fibras, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e zinco. A combinação de arroz com feijão, prato típico brasileiro, é saudável e completa em proteínas, tais como: lisina, treonina, metionina e triptofano, muito importantes quando não há o consumo habitual de proteína animal (BRASIL, 2015). Como o consumo de frutas e vegetais não é frequente para obtenção da vitamina C, a biodisponibilidade do ferro contido no feijão pode estar comprometida (SANTOS, 2005).

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Tabela 3 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com a renda familiar.

Abaixo de 3 salários mínimos (n=48) Acima de 3 salários mínimos (n=23) Grupo Alimentar 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca Cereais 12 8 8 17 3 0 4 5 14 0 (%) 25 17 17 35 6 0 17 22 61 0 Industrializados* 30 8 1 4 5 11 8 0 2 2 (%) 63 17 2 8 10 48 35 0 9 9 Hortaliças 12 7 4 18 7 0 6 2 10 5 (%) 25 15 8 38 15 0 26 9 43 22 Frutas 16 11 5 12 4 6 4 4 5 4 (%) 33 23 10 25 8 26 17 17 22 17 Leite 11 9 6 10 12 5 6 5 6 1 (%) 23 19 13 21 25 22 26 22 26 4 Carnes 3 5 6 34 0 0 0 3 20 0 (%) 6 10 13 71 0 0 0 13 87 0 Embutidos 16 12 3 11 6 9 7 3 4 0 (%) 33 25 6 23 13 39 30 13 17 0 Leguminosa 7 11 7 18 5 4 8 5 4 2 (%) 15 23 15 38 10 17 35 22 17 9 Gorduras 14 12 8 11 3 7 5 5 5 1 (%) 29 25 17 23 6 30 22 22 22 4 Doces e guloseimas 17 11 8 10 2 7 6 3 4 3 (%) 35 23 17 21 4 30 26 13 17 13 Bebidas adoçadas 5 7 11 22 3 1 8 4 9 1 (%) 10 15 23 46 6 4 35 17 39 4

Fonte: Dados da pesquisa

*Industrializados: Macarrão instantâneo, salgadinho de pacote e biscoito salgado.

O grupo do leite e derivados apresentou uma baixa frequência de ingestão, quando consideramos o total de adolescentes 18% nunca consomem e 24% deles consomem de um a dois dias na semana (Tabela 2), semelhante ao resultado do PENSE (BRASIL 2013), onde 18% dos estudantes responderam nunca consumir laticínios. Dentre os que não consomem, 22% estudam em escola pública e 13% em escola particular, e 22% são filhos de pais com nível de escolaridade inferior e 10%

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filhos de pais com ensino superior (Tabela 5). Outros estudos apontam o reduzido consumo destes alimentos por adolescentes, mas por ser fonte, principalmente, de proteína e cálcio são muito importantes para a manutenção de ossos e dentes (DALLA COSTA et al., 2007). Na Tabela 4 estão os dados da frequência alimentar de acordo com o tipo de escola.

Tabela 4 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com o tipo de escola.

Escola Pública (n=41) Escola Particular (n=30) Grupo Alimentar 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca Cereais 9 8 5 17 2 3 4 8 14 1 (%) 22 20 12 41 5 10 13 27 47 3 Industrializados* 24 9 1 3 4 17 7 0 3 3 (%) 59 22 2 7 10 57 23 0 10 10 Hortaliças 10 7 4 15 5 3 5 4 11 7 (%) 24 17 10 37 12 10 17 13 37 23 Frutas 10 11 7 10 3 11 4 2 8 5 (%) 24 27 17 24 7 37 13 7 27 17 Leite 12 6 6 8 9 5 8 7 6 4 (%) 29 15 15 20 22 17 27 23 20 13 Carnes 2 3 4 32 0 1 2 5 22 0 (%) 5 7 10 78 0 3 7 17 73 0 Embutidos 19 5 3 10 4 6 14 3 5 2 (%) 46 12 7 24 10 20 47 10 17 7 Leguminosa 7 8 5 16 5 4 11 7 6 2 (%) 17 20 12 39 12 13 37 23 20 7 Gorduras 14 9 7 9 2 7 8 6 7 2 (%) 34 22 17 22 5 23 27 20 23 7 Doces e guloseimas 16 10 1 9 5 8 7 8 5 2 (%) 39 24 2 22 12 27 23 27 17 7 Bebidas adoçadas 4 10 9 15 3 2 7 6 14 1 (%) 10 24 22 37 7 7 23 20 47 3

Fonte: Dados da pesquisa

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Na Tabela 5 estão apresentados os dados da frequência alimentar de acordo com o nível de escolaridade dos pais. Para tanto os adolescentes foram divididos entre filhos de pais sem estudo até conclusão do ensino médio (baixa escolaridade) e pais que concluíram o ensino superior.

Tabela 5 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá – RS de acordo com o nível de escolaridade dos pais.

Até Ensino Médio (n=51) Ensino Superior (n=20) Grupo Alimentar 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca Cereais 12 11 8 18 2 0 1 5 13 1 (%) 24 22 16 35 4 0 5 25 65 5 Industrializados* 33 7 1 5 5 8 7 0 3 2 (%) 65 14 2 10 10 40 35 0 15 10 Hortaliças 11 8 3 22 7 2 4 3 6 5 (%) 22 16 6 43 14 10 20 15 30 25 Frutas 16 10 9 12 4 5 5 1 5 4 (%) 31 20 18 24 8 25 25 5 25 20 Leite 14 11 7 8 11 3 3 4 8 2 (%) 27 22 14 16 22 15 15 20 40 10 Carnes 3 3 6 39 0 0 2 3 15 0 (%) 6 6 12 76 0 0 10 15 75 0 Embutidos 19 12 4 11 5 6 7 2 4 1 (%) 37 24 8 22 10 30 35 10 20 5 Leguminosa 10 10 5 20 6 1 7 7 4 1 (%) 20 20 10 39 12 5 35 35 20 5 Gorduras 18 9 11 9 4 3 6 2 7 2 (%) 35 18 22 18 8 15 30 10 35 10 Doces e guloseimas 18 12 7 11 3 6 5 3 4 2 (%) 35 24 14 22 6 30 25 15 20 10 Bebidas adoçadas 5 8 14 22 2 1 7 2 8 2 (%) 10 16 27 43 4 5 35 10 40 10

Fonte: Dados da pesquisa

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Na Tabela 6 estão apresentados os dados da frequência alimentar de acordo com a localização residencial. Foram distinguidos os adolescentes que residem em zona urbana dos que moram em zona rural.

Tabela 6 – Consumo habitual de alimentos pelos adolescentes de Giruá-RS de acordo com a localização da residência.

Zona Urbana (n=62) Zona Rural (n=9) Grupo Alimentar 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias Todos os dias Nunca Cereais 9 10 12 29 2 3 2 1 2 1 (%) 15 16 19 47 3 33 22 11 22 11 Industrializados* 34 15 1 6 6 7 1 0 0 1 (%) 55 24 2 10 10 78 11 0 0 11 Hortaliças 10 11 6 24 11 3 1 0 4 1 (%) 16 18 10 39 18 33 11 0 44 11 Frutas 18 14 8 14 8 3 1 2 3 0 (%) 29 23 13 23 13 33 11 22 33 0 Leite 15 12 11 14 10 2 2 0 2 3 (%) 24 19 18 23 16 22 22 0 22 33 Carnes 2 4 9 47 0 1 1 0 7 0 (%) 3 6 15 76 0 11 11 0 78 0 Embutidos 23 18 4 13 4 2 1 2 2 2 (%) 37 29 6 21 6 22 11 22 22 22 Leguminosa 8 19 11 17 7 3 0 1 5 0 (%) 13 31 18 27 11 33 0 11 56 0 Gorduras 18 15 11 15 3 3 2 2 1 1 (%) 29 24 18 24 5 33 22 22 11 11 Doces e guloseimas 19 15 11 12 5 5 2 0 2 0 (%) 31 24 18 19 8 56 22 0 22 0 Bebidas adoçadas 5 15 12 26 4 1 0 3 5 0 (%) 8 24 19 42 6 11 0 33 56 0

Fonte: Dados da pesquisa

*Industrializados: Macarrão instantâneo, salgadinho de pacote e biscoito salgado.

Conforme a Tabela 2, boa parte dos adolescentes respondeu consumir diariamente refrigerante e/ou sucos industrializados (44%) e 42% relatou ingerir

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entre três a seis vezes na semana. Quanto aos grupos de estudantes que consomem frequentemente essas bebidas estão os alunos de escola particular (47 vs 37%) (Tabela 4), de renda familiar baixa (46 vs 39%) (Tabela 3) e que convivem em zona rural (56 vs 42%) (Tabela 6). Resultado da PENSE (BRASIL, 2013) revelou que 33,2% dos adolescentes consumiam diariamente refrigerante. Estas bebidas contém alta concentração de calorias, açúcar e baixo teor de nutrientes essenciais para a manutenção da saúde. A alta ingestão desses alimentos pode provocar doenças como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares (BRASIL, 2015).

Percebemos com a pesquisa, que parte dos adolescentes giruaenses não tem o hábito de consumir hortaliças e vegetais, 17% responderam que nunca ingerem este grupo e 18% consomem raramente na semana (Tabela 2). Na PENSE (BRASIL, 2013), foi apontado que 30% dos estudantes não consomem hortaliças cruas e 37,4% não consomem hortaliças cozidas. Observamos em nosso estudo que as hortaliças estão mais presentes na alimentação dos estudantes com renda familiar alta do que inferior (52 vs 46% consomem entre cinco a sete dias e 22 vs 40% nunca consomem ou o consumo é de uma a duas vezes na semana) (Tabela 3), e pelos que residem em zona urbana mais que os da zona rural (49 vs 44% consomem de cinco a sete dias e 34 vs 44% nunca ingerem ou o consumo é de uma a duas vezes na semana) (Tabela 6). As verduras e legumes são alimentos que devem estar presentes diariamente nas refeições, pois além de conter baixa concentração de calorias, são fontes de vitaminas, minerais e fibras (BRASIL, 2015).

Observamos um percentual de 11% de adolescentes que nunca ingerem frutas, e 30% deles que as consomem de uma a duas vezes na semana (Tabela 2). A PENSE (BRASIL, 2013) referiu que 21,3% dos estudantes não consumiram frutas na semana. Nota-se em nosso estudo o consumo mais frequente entre estudantes que residem na zona rural (56% vs 35% consomem de cinco a sete dias) (Tabela 6) e pouca diferença entre os alunos de renda alta para com os de renda baixa (39% vs 35% ingerem de cinco a sete dias) (Tabela 3). As frutas são ricas em vitaminas, minerais e fibras, por isso devem ser consumidas diariamente como parte de refeições principais, em saladas, sobremesas, ou nos intervalos como lanches. O interessante é variar e optar por frutas de época (BRASIL, 2015).

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Resultados encontrados em nosso estudo são semelhantes aos de outros realizados nas demais regiões do país, como o de Silva et al. (2009) entre adolescentes de Fortaleza – CE que registrou baixo consumo habitual de alimentos reguladores como frutas e hortaliças (34,3%) e (47,6%), respectivamente, e consumo frequente de alimentos construtores como: feijão, carnes, leite e derivados, por 75%, 60,6% e 51,1% dos adolescentes, respectivamente.

Outro estudo realizado com adolescentes no Paraná registrou baixa frequência na ingestão de vegetais e frutas, e entre os que consumiam habitualmente eram de renda elevada. A pesquisa apontou o consumo reduzido de laticínios, e a relação entre a renda e o consumo habitual de leite, que é maior entre os adolescentes favorecidos financeiramente. Para as leguminosas o estudo mostrou baixo consumo habitual, e ingestão frequente entre os estudantes de renda inferior. Quanto aos refrigerantes, revelaram o consumo habitual em todas as faixas de rendas, sendo maior entre os adolescentes de baixa renda (DALLA COSTA et al., 2007).

Estudo realizado em Teixeira de Freitas, Bahia, demonstrou resultados semelhantes quanto ao baixo consumo habitual de frutas, verduras, hortaliças, produtos lácteos, evidenciando que o padrão alimentar dos adolescentes precisa ser adaptado para evitar deficiências nutricionais e possíveis morbidades. E estes alimentos estão sendo substituídos por refrigerantes, que segundo Santos et al. (2005), é preferido por mais de 50% dos adolescentes.

Em Piracicaba, São Paulo, foi verificado o baixo consumo de frutas e hortaliças, e elevada ingestão de doces e gorduras. Os alimentos ricos em gordura e açúcar, cada vez mais incluídos na alimentação da população, estão ligados ao desenvolvimento da obesidade e outras doenças crônicas (TORAL et al., 2007). Em Pelotas, foi observado que mais de 80% dos adolescentes consumiam dietas pobres em fibras, e mais de um terço dos mesmos consumiam dieta rica em gordura (NEUTZLING et al., 2007).

Leal et al. (2010) constatou que o consumo de carnes e feijão foi satisfatório no estudo realizado em Ilhabela, São Paulo, entretanto, não para o consumo de frutas, verduras e legumes, que além de pouca presença no consumo habitual, havia monotonia alimentar.

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O consumo de alimentos embutidos ocorreu em 35% dos adolescentes entre um a dois dias e 27% entre três a quatro dias na semana (Tabela 2). Percebe-se na Tabela 6, que 44% dos estudantes que residem em zona rural consomem estes alimentos de cinco a sete dias na semana contra 26% dos estudantes que moram em zona urbana, e 24% dos alunos de escola pública e 17% de escola particular consomem diariamente, conforme a Tabela 4. Na PENSE (BRASIL, 2013) foi registrado que 25,7% dos estudantes não consumiram embutidos e 22,7% consumiram um dia na semana. Os embutidos são derivados da carne (hambúrgueres, salsichas, salames e linguiças), contém grandes quantidades de gordura saturada e sódio, e por serem práticos, de baixo custo e longa duração, estão presentes em muitas refeições, no entanto devem ser evitados devido à alta associação com agravos à saúde (BRASIL, 2015).

Os embutidos que passam por processo de cura são conservados por maior tempo de prateleira, adicionados de sal, nitratos e/ou nitritos, açúcar e condimentos, com objetivo de melhorar o sabor e o aroma, e permitir a coloração avermelhada. Na defumação a coloração, aroma e sabor são atribuídos pela presença de aproximadamente trezentos componentes químicos constituintes da fumaça. A fumaça tem um efeito conservante e atua no controle do desenvolvimento de micro-organismos. O efeito antioxidante dos fenóis inibe a oxidação das gorduras e evita o sabor de ranço. A defumação é associada ao uso de sais como o cloreto de sódio e o nitrito de sódio. O produto fermentado utiliza o crescimento controlado de micro-organismos escolhidos, resultando na modificação da textura, do sabor e do aroma. Nos embutidos desidratados remove-se boa parte da água para retardar a deterioração através da salga ou secagem natural (BENEVIDES, 2015?).

Conforme a Tabela 2, 54% dos adolescentes referem consumir alimentos gordurosos de uma a quatro vezes na semana. Não houve diferença nos percentuais entre os perfis socioeconômicos (23 vs 22%) (Tabela 3).

Constatamos que 44% dos estudantes de escola particular consomem doces e guloseimas de cinco a sete dias na semana contra 24% dos alunos de escola pública (Tabela 4). Na PENSE (BRASIL, 2013) foi apontado o consumo diário de guloseimas por 41,3% dos estudantes. Alimento como bolachas recheadas, doces e guloseimas contém quantidades elevadas de açúcar simples e gorduras. O açúcar é usado para dar sabor e preservar alimentos e bebidas industrializadas, entretanto

Referências

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