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O Mundo Britânico

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HEGEMONIA NO ORIENTE

A conquista da índia e a humilhação da China

SENHORES DOS MARES

Poder da Marinha garante supremacia global

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

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IMPÉRIO

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Oficiais britânicos promovem leilão de objetos obtidos na pilhagem do palácio real de Mandalay, em Burma (1885)

Discursos semelhantes a esse são mui­ to freqüentes nas três primeiras décadas da era vitoriana - um período que se es­ tende de 1837, ano da coroação da rainha Vitória, até a crise econômica de 1870, quando a supremacia da Grã-Bretanha em escala global começou a ser contestada por potências rivais. Naquelas décadas douradas, o “império onde o sol nunca se põe” impunha à Pax Britannica por todos os continentes, com um a m arinha de guerra acima de qualquer desafio, a lide­ rança absoluta na indústria, no comércio e nas finanças - e, para completar, a firme convicção de que esse destino glorioso representava, nada mais, nada menos, que a vontade de Deus.

A Grã-Bretanha não era apenas o co­ ração de um império maior, em extensão territorial, do que qualquer outro, em

qualquer época — o Romano, o Persa, o Chinês, o Espanhol, o Otomano. A hegemonia britânica era exercida, suposta­ mente, para o bem de todos, dominantes e dominados. A idéia de que a competição econômicá constitui o grande princípio regulador das sociedades hum anas se apresentava, na retórica imperial, como um a verdade científica. N a era vitoriana, as teorias do biólogo Charles Darwin sobre a seleção natural eram apropriadas pelos propagandistas do império para justificar o domínio colonial sobre os povos “menos aptos” e, portanto, menos habilitados a um a sobrevivência digna.

Vantagem de ser ilha

A expansão imperial da Grã-Breta­ nha, a partir do século XVI, foi possível graças a dois fatores que a diferenciavam

dos seus rivais, de início mais fortes do que ela. Sua primeira vantagem compa­ rativa foi a supremacia naval. A Grã-Bre­ tanha foi favorecida pelo fato de ser ilha. O m ar constituía um a defesa natural contra eventuais invasores: Nos séculos XVI e XVII, os ingleses assistiram de camarote às sangrentas guerras terrestres entre as potências continentais européias - a Holanda, a França e a Espanha - sem se preocupar com a defesa das fronteiras, conforme explicou o historiador Giovan­ ni Arrighi.

“A canalização das energias e recursos britânicos para a expansão marítima, enquanto as energias e recursos de seus concorrentes europeus eram retidos em lutas perto de casa, gerou um processo de causa-eféitb circular e cumulativo”, es­ creveu Arrighi. “Os sucessos britânicos na

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expansão marítima aumentaram a pressão sobre as nações da Europa continental. Mas esses sucessos também forneceram à Grã-Bretanha os meios necessários para administrar o poder na Europa continen­ tal. Com o tempo, esse círculo virtuoso colocou a Grã-Bretanha num a posição em que ela pôde eliminar da expansão marítima todos os seus concorrentes e, ao mesmo tempo, tornar-se a senhora incon­ testável do equilíbrio de poder na Europa.”

A partir da Batalha de Trafalgar, em 1805, quando a esquadra do almirante Nelson destroçou os navios da França napoleônica, a Marinha Real Britânica se tornou a dona absoluta dos mares. Naque­ la época, a força naval britânica equivalia, em potencial de combate, à soma das três ou quatro marinhas de guerra que a seguiam. Esse poderio era totalmente mobilizado em favor da expansão co­ mercial, tal como, ainda no século XVI,

havia profetizado sir Walter Raleigh, in­ trodutor do tabaco dos índios americanos nas cortes européias: “Quem comanda o mar comanda o comércio; quem co­ manda o comércio comanda a riqueza do mundo e, portanto, o próprio mundo”.

A segunda fonte do poderio britâ­ nico se situava dentro de suas fronteiras - a capacidade inigualável da Coroa de financiar a máquina de guerra e os em preendim entos ultram arinos. “A G rã-B retanha sempre foi a potência mais forte porque, em tempos de crise, conseguia levantar grandes quantidades de dinheiro sem recorrer a cobranças adicionais de impostos”, escreveu o histo­ riador Lawrence James. Enquanto os reis da França se viam obrigados a espremer o bolso dos súditos para enfrentar os custos da luta global pela supremacia, a m onarquia britânica vendia títulos da dívida pública aos aristocratas e aos comerciantes. Esses ingleses não faziam isso por patriotismo, é claro, mas porque tinham muito interesse na supremacia militar que abria fabulosas possibilida­ des de lucro no exterior. O Parlamento inglês estava repleto de mercadores, de banqueiros, de proprietários de estaleiros e de industriais. Eles apoiavam as polí­ ticas agressivas da Coroa no ultramar e, como recompensa, ganhavam generosas oportunidades de negócio nas terras anexadas. O rei George III enfatizou esse ponto num discurso dirigido aos parlamentares em 1762: “Meus territó­ rios aumentam sem cessar e novas fontes estão sendo abertas para o comércio e as manufaturas”.

Im pério por acaso?

Em sua primeira fase, iniciada no século XVII, a expansão britânica voltou seu foco para o Adântico e a Ásia. Os ingleses, ainda sem poder de fogo para enfrentar o Império Espanhol, hegemô­ nico no momento, lançaram os alicerces de sua influênüa de modo discreto. Co-, 2 __

i g meçaram a se infiltrar nas beiradas dos I domínios espanhóis - as ilhas do Caribe

A expansão imperialista foi movida por setores

da sociedade inglesa ávidos por oportunidades

que aumentassem lucros e prestígio

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A divisão internacional do trabalho implantada

pelos britânicos deu origem à atual defasagem

entre países centrais e periféricos

e o litoral da América do Norte, onde fundaram suas primeiras colônias. N o mundo asiático, a presença britânica foi impulsionada pela Companhia das índias Orientais, que estabeleceu entrepostos a partir dos quais m antinha um próspero comércio com a C hina (chá) e a índia (tecidos e seda).

A conquista da hegemonia marítima e o avanço do capitalismo doméstico aceleraram o im pulso expansionista da Grã-Bretanha. N a índia, as forças britânicas p artiram d a instalação de entrepostos para a ocupação militar de enclaves no interior, num a escalada que culm inou com a dominação total do subcontinente, no século XIX. O comér- ,cio com a C hina também cresceu, assim como o cultivo de cana-de-açúcar no Caribe e o lucrativo tráfico de escravos da/ África para as Américas. O Pacífico e o

índico foram desvendados pelas grandes expedições de James Cook, entre 1768 e 1779. Os interesses embutidos nessas descobertas já não envolviam apenas os comerciantes, mas tam bém os grupos religiosos, que organizavam associações de missionários dedicados a propagar a fé cristã nos novos territórios.

É curioso observar que o expansio- nismo britânico se deu, até certo ponto, de forma desorganizada. Muitas vezes, eram os próprios colonos que tomavam a iniciativa de iniciar guerras e fincar, orgulhosos, a Union Jack, como é conhe­ cida a bandeira britânica, nas terras que ocupavam na marra. A ausência de um planejamento estatal centralizado serviu de argumento para o famoso aforismo “a Grã-Bretanha construiu seu império num momento de distração”. É um a idéia con­ fortável, que até hoje alivia o sentimento de culpa de um a parte da sociedade inglesa incomodada com os horrores do colonialismo, mas totalmente enganosa. A expansão imperial beneficiou os indi­ víduos e as classes sociais que enxergavam na política imperialista oportunidades de obter lucro no comércio, na indústria e nas finanças, de pilhar as riquezas dos

povos dominados, de conseguir empregos e postos de prestígio que na metrópole seriam inatingíveis. E a verdade é que, em momento algum, nenhum cidadão britânico, civil ou militar, foi punido por agir por conta própria na ampliação das fronteiras do império.

Ofensiva liberal

A independência das 13 colônias am ericanas, entre 1776 e 1783, foi um golpe devastador para o orgulho

britânico. Mas o império se recompôs rapidamente. O foco da sua expansão se deslocou para o Oriente e o Pacífico. A Austrália substituiu a América do Norte como destino preferencial da população branca que se tornou “excedente” na metrópole devido à introdução do ca­ pitalismo no campo e à substituição do artesanato pelas máquinas da Revolução Industrial. E a cobiça dos comerciantes, já de posse dos tesouros da índia, voltou- se para a China, com seu mercado de

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milhões de consumidores em potencial. Muito mais do que a reposição das perdas territoriais, a grande proeza da Grã-Bretanha no início do século XIX foi reinventar suas relações com o resto do mundo. Já não lhe interessava mais a manutenção do monopólio comercial de tipo mercantilista. Os ricos investidores de Londres precisavam, agora, de duas coisas - mercados e matérias-primas. A Revolução Industrial, um empreendi­ mento 100% britânico, criou as bases para um a nova ordem internacional - um sistema que os economistas John Gallagher e Ronald Robinson batizaram de “imperialismo de livre-comércio”.

As teses econômicas liberais expressas por Adam Smith no clássico A riqueza das nações já influenciavam os estrate­ gistas ingleses, mas, até a virada entre os séculos XVIII e XIX, a Grã-Bretanha era um a cidadela protecionista. Seu co­ mércio se realizava, no essencial, com as próprias colônias e com áreas de influên­ cia ao alcance dos canhões da marinha real, como as cidades litorâneas da China e a submissa monarquia portuguesa. O crescimento vertiginoso da produção industrial demandava o fim do sistema, de regulamentos e barreiras comerciais erguido pelo m ercantilism o. Com o observa o historiador Eric Hobsbawm, a Grã-Bretanha se tornou “o único país industrial a abraçar, de imediato, a causa do comércio livre e irrestrito”. A palavra de ordem do Império Britânico foi, a par­ tir da Revolução Industrial, a circulação ampla das mercadorias, sem barreiras de nenhuma espécie. E, se alguém teimasse em impor obstáculos, a m arinha real, presente em todos os oceanos, estava pronta a derrubá-los com o fogo dos seus canhões.

Os motivos por trás de tam anho fervor liberalizante são óbvios. A Grã- Bretanha era, ao mesmo tempo, o maior exportador de produtos industrializados, o maior importador de alimentos e de matérias-primas e o maior fornecedor de serviços financeiros. A hegemonia

britâ-nica foi acompanhada — e impulsionada - pelo aumento espetacular do comércio transcontinental, com melhorias em grande escala nos transportes e nas co­ municações. Como observa o historiador Paul Kennedy, a Revolução Industrial melhorou extraordinariamente a posição de um país que já tinha sido muito bem- sucedido nas disputas mercantilistas do século XVIII. De acordo com Kennedy, em 1860 a Grã-Bretanha, sozinha, era res­ ponsável por mais de dois quintos do co­ mércio mundial de bens manufaturados. A imensa defasagem entre a me­ trópole industrial e a periferia subde­ senvolvida mudou a face do planeta de forma irreversível, com conseqüências que atravessaram todo o século XX. Nos impérios anteriores, como o dos turcos e até mesmo o dos romanos, a diferença tecnológica entre colonizadores e colonizados era relativamente pequena - e o intercâm bio comercial entre as duas partes, relativa- mente fraco. N a interpretação do historiador M arc Ferro, a Revolução Industrial provocou um alargamento da desigual­ dade global num a dim ensão sem precedentes. Do ponto de vista dos países periféricos, foram duas as principais conseqüências dessa mudança: a desindustriali- zação e a especialização agrícola. Como exemplo emblemático da primeira mudança, Ferro cita o caso dos produtos têxteis da ín ­ dia. N o século XVII, os tecidos leves de algodão representavam 60% a 70% das exportações indianas. C om a introdução de m áquinas no processo de produção, a Inglaterra passou a produzir com maior rapidez e menores custos tecidos que, exportados sem tarifas para o

Metralhadoras foram usadas pelos ingleses em 1882 na repressão a manifestantes

egípcios em Alexandria

mercado indiano, destruíram as m anu­ faturas locais. “O processo de desindus- trialização se repetiu em várias outras colônias”, escreve Ferro, “junto com a especialização exagerada da agricultura.” Nesse esquema, os países periféricos dão preferência aos produtos consumidos pelas metrópoles, como único meio de obter as divisas necessárias para importar manufaturados. O modelo econômico colonial ou sem icolonial se im põe, assim, como um a camisa-de-força que asfixia qualquer tentativa de desenvolvi­ mento autônomo, eternizando o atraso.

O início do fim

O que não se eternizou foi a suprema­ cia da Grã-Bretanha. Em sua expansão avassaladora ao redor do globo, o impe­ rialismo britânico - com suas inovações técnicas e valores ideológicos - plantou as sementes da sua própria destruição. A

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fase final do século XIX, a partir de 1870, é marcada por três novidades: um a

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nova potência europeia, a A lem anha unificada; as renovadas am bições im periais da França; e, sobretudo, a ascensão, do outro ládo do Adântico, de um novo gigante militar e industrial, os Estados Unidos. A Grã-Bretanha

m antinha sua posição de hegemonia inconteste, mas sua superioridade já não era mais tão absoluta quanto nas déca­ das douradas do laissez-faire. Embora cada vez mais rico, o Império Britânico passou a enfrentar a rivalidade de países que também conseguiram usar a indus­ trialização em seu próprio benefício.' De certa forma, a difusão das inovações tecnológicas nivelou as perspectivas de progresso econômico, favorecendo os países com melhores chances de utilizar suas riquezas naturais e extensão terri­ torial para erguer florescentes parques industriais e, em seguida, im itar os passos da Grã-Bretanha na expansão além-fronteiras.

Imagem publicada em capa de revista dirigida a missionários ingleses, em 1866

Inaugurou-se, assim, no final do século, um a corrida entre potências imperialistas novas e antigas pela divisão dos espaços do planeta que ainda não estavam sob domínio das metrópoles ocidentais. Entre 1876 e 1915, conforme assinala Hobsbawm, cerca de um quar­ to da superfície continental do globo foi distribuído ou redistribuído, como colônias, entre meia dúzia de Estados. A Grã-Bretanha, sozinha, aumentou a área sob seu controle direto em cerca de 10 milhões de km 2, mais que o atual território brasileiro.

O utras potências tam bém aboca­ nharam fatias suculentas no banquete colonial. A França, já instalada na Argélia

e no Marrocos, conquistou a Indochina e espalhou suas colônias em toda a parte central e ocidental da África. A Rússia, que já havia desafiado o leão britânico na Ásia Central até sua derrota na Guerra da Criméia (1854-1856), levou sua expansão terri­ torial até a fronteira com o Afeganistão - um país sob controle informal britânico. E, para aumentar a preocupação dos estrategistas de Londres, o Império Russo coroou a in­ vestida com a construção de uma ferrovia no sul do continente asiático que podia levar o exército do czar até a fronteira da índia, sem maiores empecilhos. Enquanto isso, a Alemanha e a Itália incorporavam os territórios remanescentes da África como colônias e os EUA deslocavam, pouco a pouco, a influência predomi­ nante da G rã-B retanha na Am érica Latina, ao pôr em prática seu projeto de hegemonia hemisférica expresso, no início do século XIX, pela Doutrina Monroe.

O elemento mais inquiétante nessa era de expansão agressiva do capital

A “ M ISSÃ O C IV IL IZ A T O R IA ”

A ilu straç ão ao lado revela os p re c o n c e ito s racistas q u e .m a rc a ra m o co lon ialism o . N e la , a d elicad eza do ro s to da m u lh e r b ran ca é co m p arad a às feições toscas dos re p re s e n ta n te s “ m o n gó is” , “a m e rín d io s ” , “ rriálaios” e “e tío p e s ” (em sentido horário, a p a rtir do alto, à esquerda). A suposta s u p e rio rid a d e dos eu ro p eu s e seus descendentes fo rn e c e u um c o n v e n ie n te p re te x to p ara a d om in ação e c o n ô m ic a e p o lítica: O p o e ta inglês R udyard Kipling, um d e fe n s o r entusiasta d o im p eria lism o , é a u to r d e versos fa m o s o s s o b ré “o fa rd o d o h o m e m b ra n c o ” — tal c o m o ele qualifica a missão d e “ c iv iliza r” os dem ais povos “ O q ue ap ro xim ava franceses, ingleses e o u tro s c o lo n iz a d o re s ” , escreve o h is to ria d o r M a fc F e rr o ,“ e ra a con vicção d e q ue encarnavam a ciência e a técnica, . e d e queíesse sa b e r perm itia;às:sociedad es p o r.e le s - :

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internacional - o chamado “novo impe­ rialismo” - é que o projeto colonial já não era, essencialmente, um a iniciativa das empresas privadas, e sim um empreen­ dimento nacional, levado a cabo pelos Estados mais poderosos do mundo. O diapasão ideológico já não provinha de liberais como Adam Smith, mas de aven­ tureiros truculentos como Cecil Rhodes, que expandiu os domínios britânicos na África meridional, onde fundou um a colônia com seu nome, a Rodésia. Para “pôr fim a todas as guerras”, dizia ele, seria necessário “pôr a maior parte do mundo sob as nossas leis”.

As políticas protecionistas, que a maré liberal do período anterior parecia ter aposentado para sempre, ressuscita­ ram, mais fortes do que nunca, como instrumentos defensivos dos países de in­ dustrialização tardia, como a Alemanha e os EUA, que não confiavam na “mão invisível” do livre-comércio. Por toda parte, surgiu um novo discurso de justifi­ cação do imperialismo - uma retórica em

que o interesse econômico do lucro era igualado à preocupação estratégica com a segurança. Para tornar o cenário m un­ dial ainda mais sombrio, as potências emergentes se lançaram a um a frenética expansão naval. Ameaçada, a Grã-Bre­ tanha tratou de ampliar também a sua m arinha de guerra, mas não teve meios de preservar o monopólio marítimo. Em 1897, as frotas da França, Alemanha, Japão, Itália e EUA, somadas, possuíam 97 navios dé guerra, em comparação com os 62 da Real M arinha Britânica.

O pesadelo de um a guerra total entre as potências, outrora encarado como al­ tamente improvável, voltou a assombrar o mundo - e se tornou um a trágica rea­ lidade com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, um conflito que os líderes da esquerda revolucionária da época, como Lênin, atribuíram às rivali­ dades entre as metrópoles imperialistas. O Império Britânico, que atingiu seu apogeu com o triunfo das idéias liberais, começou a estremecer na medida em que os ventos

da guerra sacudiam os alicerces do livre- comércio. Sobreviveu à Primeira Guerra M undial, mas nunca mais recuperou a prosperidade e a autoconfiança. Seus esforços de restauração da glória imperial prosseguiram nas primeiras décadas do século XX, até o impacto devastador da Segunda Guerra Mundial e, na sua seqüência, o ato político que marcou o do­ bre de Finados do colonialismo britânico: a independência da índia, em 1948. □

IGOR FUSER é pesquisador do C entro Interdisciplinar de Pesquisa (CIP) da Faculdade Cásper Libero, mestre em relações internacionais pelo Programa de Pós-Graduação Santiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP) e doutorando em ciência política da USP

PARA CONHECER MAIS

A e r a dos im p é r io s - 1 8 7 5 -1 9 1 4 . Ene J. Hobsbawm. Paz e Terra, 1988.

H i s t ó r i a d a s c o lo n iz a ç õ e s . M arc F e rro

Companhia das Letras, 1994. j

A scensão e q u é d à das g ran d es po tên cias. 1 Paul Kennedy. Editora Campus, 1989. j

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