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Análise de critérios de adaptabilidade em projetos produzidos através do Programa Minha Casa Minha Vida em Pato Branco - PR

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JONATHAN MARCOS COLOMBO

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE ADAPTABILIDADE EM

PROJETOS PRODUZIDOS ATRAVÉS DO PROGRAMA MINHA CASA

MINHA VIDA EM PATO BRANCO – PR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATO BRANCO 2016

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JONATHAN MARCOS COLOMBO

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE ADAPTABILIDADE EM

PROJETOS PRODUZIDOS ATRAVÉS DO PROGRAMA MINHA CASA

MINHA VIDA EM PATO BRANCO – PR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATO BRANCO 2016

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JONATHAN MARCOS COLOMBO

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE ADAPTABILIDADE EM

PROJETOS PRODUZIDOS ATRAVÉS DO PROGRAMA MINHA CASA

MINHA VIDA EM PATO BRANCO – PR

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso Superior de Engenharia Civil do Departamento Acadêmico de Construção Civil – DACOC – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Msc. José Valter Monteiro Larcher

PATO BRANCO 2016

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE ADAPTABILIDADE EM

PROJETOS PRODUZIDOS ATRAVÉS DO PROGRAMA

MINHA CASA MINHA VIDA EM PATO BRANCO – PR

JONATHAN MARCOS COLOMBO

No dia 25 de novembro de 2016 às 08h15min, na Sala de Treinamento da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, este trabalho de conclusão de curso foi julgado e, após argüição pelos membros da Comissão Examinadora abaixo identificados, foi aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná– UTFPR, conforme Ata de Defesa Pública nº 39-TCC/2016.

Orientador: Prof. Msc. JOSÉ VALTER MONTEIRO LARCHER (DACOC/UTFPR-PB) Membro 1 da Banca: Profa Msc. CHIRLEI MARiA POZENATO (DACOC/UTFPR-PB) Membro 2 da Banca: Prof Msc. OSMAR JOÃO CONSOLI (DACOC/UTFPR-PB)

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente ao meu orientador, Prof. Monteiro que nos nove meses de desenvolvimento deste trabalho com palavras de apoio e muita calma. Estendo também meu agradecimento aos professores da área de arquitetura da COECI da UTFPR-PB, Professoras Rayana e Chirlei e Professor Osmar, pelo auxílio e contribuições para o engrandecimento deste trabalho. Meu muito obrigado também aos fantásticos professores da COECI e demais departamentos da UTFPR-PB que contribuíram para minha formação profissional e pessoal.

Aos profissionais da construção civil de Pato Branco que se disponibilizaram a me auxiliar com informações e incentivo para a realização deste trabalho, meu sincero obrigado!

Deixo aqui também meu muito obrigado a minha Mãe e meu Pai, Regina e Marcos, que tanto tem batalhado para que eu e minha irmã Gabriela possamos ter a possibilidade de viver e alcançar nossos sonhos. Muito obrigado pelo apoio incondicional e pela paciência.

Aos meus amigos que trouxe comigo desde a infância e aos que foram surgindo ao longo dessa caminhada pela graduação, muito obrigado por me auxiliar a vencer diversas das batalhas e monstros que tive que superar para chegar aqui. Vocês são meu porto seguro! Muito amor envolvido e uma gratidão eterna por me permitirem estar ao lado de vocês.

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Unir para desunir, fazer para desfazer, edificar para demolir, viver para morrer, eis aqui a sorte e condição de natureza humana. Marquês de Maricá

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RESUMO

COLOMBO, Jonathan Marcos. Análise de Critérios de Adaptabilidade em

Projetos Produzidos através do Programa Minha Casa Minha Vida em Pato Branco – PR

. 2016, 110 pág. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em

Engenharia Civil – Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Pato Branco, 2016.

Uma vez que se entende que o ciclo de vida familiar ao longo do tempo tende a modificar o caráter das necessidades de uso dos espaços habitacionais, mesmo dos produzidos através de programas sociais, percebe-se a importância da inclusão de conceitos que possibilitem a adaptabilidade dos projetos financiados por estes programas. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva-se em avaliar as habitações produzidas em Pato Branco – PR pelo Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) sobre a perspectiva de previsão de alterações atreladas ao ciclo de vida dos usuários. Para isso, estudou-se a definição de conceitos de casa, moradia e habitação onde buscou-se um estudo da importância e função destes espaços. Da compreensão dos conceitos das mudanças de necessidades ao longo do tempo de utilização das habitações, entendeu-se a importância da incorporação das estratégias de adaptabilidade (Flexibilidade, Convertibilidade, Expansividade, Desmontabilidade e Degradabilidade) nos projetos produzidos pelo Programa Minha Casa Minha Vida direcionados a famílias com até 3 salários mínimos em Pato Branco – PR. A partir das entrevistas com 9 profissionais e da análise de 6 projetos produzidos diante de 30 técnicas de inclusão da adaptabilidade, evidenciou-se a importância destes conceitos condicionados às limitações do PMCMV identificados (valores financiáveis, valor dos lotes, burocracia e atendimento das expectativas de clientes). Notou-se ainda que das 5 estratégias de adaptabilidade, a Expansividade tem o uso mais difundido nos projetos, uma vez que a maior necessidade das famílias está ligada a ampliação dos espaços, e devido a produção de projetos com layouts internos enxutos. Enquanto isso, as estratégias de Desmontabilidade e Degradabilidade possuem baixa adoção em projetos, devido a falta de preocupação com o final do ciclo de vida da edificação e aos processos construtivos e materiais mais comumente utilizados no mercado brasileiro. Por fim, evidenciou-se que apesar das técnicas de adaptabilidade serem assumidas por alguns profissionais em seus projetos, as mesmas devem ser difundidas para que sejam produzidos espaços construídos mais bem preparados para absorver as novas necessidades dos usuários ao longo de sua utilização.

Palavras chaves: Adaptabilidade, Programas Habitacionais, Avaliação de Projetos, Habitação, PMCMV.

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ABSTRACT

COLOMBO, Jonathan Marcos. Analysis of Adaptability Criteria in Projects

Produced through the Minha Casa Minha Vida Program in the City of Pato Branco in the State of Paraná. 2016, 110 pág. Trabalho de Conclusão do Curso de

Graduação em Engenharia Civil – Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Pato Branco, 2016.

It is understood that the family life cycle tends to affect the characteristics of the living space usage requirements. In addition to that and based on this assumption houses founded by social programs, it is important to include the concepts of allowing the aspects of adaptability in the construction projects funded by these programs. Then, the main objective of this study is to evaluate housings produced in the city of Pato Branco in the State of Parana (PR) by the “Minha Casa Minha Vida” Program (PMCMV) on the perspective of forecasting changes linked to the life cycle of users. For this purpose, the definition of housing concepts were evaluated to understand the importance and function of those spaces. From the study of the changing needs concepts throughout the time of the housing use, it was understood the importance of the incorporation of the adaptability strategies (Flexibility, Convertibility, Expansivity, Dismountability and Degradability) on the projects produced by the Minha Casa Minha Vida Program directed to Families up to 3 minimum wages in Pato Branco - PR. Through the interviews with nine designers and the analysis of 6 construction projects by 30 techniques of inclusion of adaptability, the importance of these concepts was identified and related to the limitations of the PMCMV (construction incomes, land value, bureaucracy and attendance of the expectations of customers). It was also noticed that among the five strategies of adaptability, the Expansivity has been the most widely used one in these projects, once the greater need of families is linked to the expansion of spaces, and due to the production of projects with lean internal layouts. Meanwhile, the Dismantling and Degradability strategies have very low adoption in projects, due to the lack of concern by house owners with the ending life cycle of theirs buildings and the construction processes and materials most commonly used in the Brazilian market. In conclusion of, it has proofed that although some professionals in their projects assume the adaptability techniques, they should be disseminated in order to produce better constructed environment to match up the new needs of the users.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A evolução do abrigo ... 19

Figura 2: Fatores externos e internos influenciadores no processo de projeto habitacional ... 27

Figura 3: Modelo do ciclo de vida de uma edificação (Adaptado) ... 31

Figura 4: Resumo das estratégias e princípios da adaptabilidade ... 34

Figura 5: Projeto base da Habitação Social ... 38

Figura 6: Projeto com ampliação da garagem e dormitório ... 39

Figura 7: Fluxograma de atividades ... 44

Figura 8: Desenho Esquemático do lote da Habitação A ... 58

Figura 9: Planta Baixa Habitação A ... 59

Figura 10: Elevação Frontal da Habitação A ... 60

Figura 11: Projeto de ampliação Habitação A. ... 61

Figura 12: Ambiente social e cozinha da habitação A integrados. ... 62

Figura 13: Circulação da Habitação A antes (à esquerda) e depois (à direita) da ampliação. ... 63

Figura 14: Banheiro social e banheiro da suíte da Habitação A após ampliação. ... 63

Figura 15: Portas de acesso as futuras ampliações ... 64

Figura 16: Desenho esquemático do lote da habitação B ... 66

Figura 17: Planta Baixa Habitação B ... 67

Figura 18: Projeto de Ampliação da Habitação B ... 68

Figura 19: Fachada da Habitação B em 2011 ... 69

Figura 20: Fachada da Habitação B em 2016 ... 69

Figura 21: Planta de situação da Habitação B ... 70

Figura 22: Circulação da Habitação B antes (á cima) e após (á baixo) da ampliação ... 71

Figura 23: Fachada da Habitação B após ampliação ... 72

Figura 24: Divisão entre ambientes - Habitação B ... 73

Figura 25: Posicionamento das áreas molhadas da Habitação B ... 74

Figura 26: Planta Baixa da Habitação C... 76

Figura 27: Desenho esquemático do lote da Habitação C ... 76

Figura 28: Planta de situação das Habitações C01, C02 E C03 ... 77

Figura 29: Corte transversal das habitações C01, C02 e C03 ... 79

Figura 30: Fachada da Habitação D ... 81

Figura 31: Desenho esquemático do lote da Habitação D ... 81

Figura 32: Planta baixa da Habitação D ... 82

Figura 33: Projeto de Ampliação da Habitação D ... 83

Figura 34: Planta de situação da Habitação D com ampliações ... 83

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Figura 36: Disposição do Layout interno da Habitação D, propiciando a inclusão de

novos espaços ... 85

Figura 37: Planta de cobertura da Habitação D ... 86

Figura 38: Planta de situação da Habitação E ... 88

Figura 39: Disposição interna da Habitação E ... 89

Figura 40: Cobertura da Habitação E ... 90

Figura 41: Fachada da Habitação E ... 91

Figura 42: Fachada da Habitação E ... 91

Figura 43: Projeto de ampliação Habitação E ... 92

Figura 44: Foto da fachada da Habitação F ... 94

Figura 45: Disposição do lote das Habitações F ... 95

Figura 46: Planta de implantação das Habitações F ... 95

Figura 47: Planta baixa das Habitações F ... 96

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LÏSTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução do déficit habitacional brasileiro ... 23

Tabela 2: Resumo das Análises de Projetos da Habitação A. ... 65

Tabela 3: Resumo das Análises de Projetos da Habitação B ... 75

Tabela 4: Resumo das Análises de Projetos da Habitação C ... 80

Tabela 5: Resumo das Análises de Projetos da Habitação D ... 87

Tabela 6: Resumo das Análises de Projetos da Habitação E ... 93

Tabela 7: Resumo das Análises de Projetos da Habitação F ... 99

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução dos componentes do déficit ... 23 Gráfico 2: Evolução do déficit habitacional brasileiro observando estratos de renda familiar ... 24 Gráfico 3: Limitações de Projetar Moradias do PMCMV em Pato Branco – PR ... 47 Gráfico 4: Ranking das Técnicas de Adaptabilidade utilizadas no PMCMV no Estudo de Caso ... 53

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Síntese das principais exigências por estágio do ciclo de vida familiar (adaptado) ... 29 Quadro 2: Princípios para aplicação de adaptabilidade em edificações (adaptado) . 35 Quadro 3: Diretrizes para a aplicação da flexibilidade em edificações ... 36 Quadro 4: Disposições técnicas e diretrizes para projeto de habitações flexíveis ... 38 Quadro 5: Intervalos de média e pesos relacionados a advérbios de intensidade .... 42 Quadro 6: Advérbios de intensidade relacionados á intervalos de média ... 49 Quadro 7: Resultado de médias calculadas relacionadas as técnicas de

adaptabilidade. ... 52 Quadro 8: Resumo geral do uso das técnicas de adaptabilidade nas Habitações .. 100

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 14 1.1. OBJETIVOS ... 16 1.1.1 Objetivo Geral ... 16 1.1.2 Objetivos Específicos... 16 1.2 JUSTIFICATIVA ... 16

2. A HABITAÇÃO E OS PROGRAMAS HABITACIONAIS BRASILEIROS ... 19

2.1 DEFINIÇÃO DE HABITAÇÃO, SUA IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES ... 19

2.2 DEFICIT HABITACIONAL E POLITICAS HABITACIONAIS ... 21

2.2.1 Politica Nacional de Habitação: Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) 25 3. ADAPTAÇÃO DE HABITAÇÕES AO LONGO DO CICLO DE VIDA... 27

3.1 A MUDANÇA DAS NECESSIDADES DOS USUÁRIOS AO LONGO DO CICLO DE VIDA ... 27

3.2 ADAPTABILIDADE EM HABITAÇÕES ... 30

3.2.1 O Conceito e a relevância da adaptabilidade em habitações ... 30

3.2.2 Os princípios da adaptabilidade ... 32

3.2.3 Estratégias para a aplicação e identificação da adaptabilidade em habitações34 4. METODOLOGIA DE PESQUISA ... 40

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ... 45

5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS: PROFISSIONAIS DA ÁREA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 45

5.1.1 Percepção dos Profissionais sobre as Limitações nas Atividades de Projeto no PMCMV ... 46

5.1.2 Percepção dos Profissionais sobre as Diretrizes de Adaptabilidade aplicados em Projetos do PMCMV ... 48

5.2 LEVANTAMENTO DE DADOS: ANÁLISE DE PROJETOS ARQUITETÔNICOS57 5.2.1 Habitação A ... 58 5.2.2 Habitação B ... 66 5.2.3 Habitação C ... 75 5.2.4 Habitação D ... 80 5.2.5 Habitação E ... 87 5.2.6 Habitação F ... 93

5.2.7 Resumo da Análise de Projetos Arquitetônicos ... 99

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 101

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 104

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PARA ESPECIALISTAS ... 107

APÊNDICE B - LISTA DE VERIFICAÇÃO DE PROJETOS ... 110

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1. INTRODUÇÃO

A habitação é uma necessidade básica de todo o ser humano mas, para muitos, o sonho da casa própria permanece inacessível, uma vez que, conforme descreve Santos (1998), a moradia é um bem que possui alto custo e que para a sua aquisição demanda a muitos proprietários esquemas de financiamento de longo prazo. Devido a este fator, aproximadamente 6 milhões de famílias, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) em levantamento realizado no ano 2014, compõem o déficit habitacional brasileiro (FIESP, 2016).

Na última década, o Governo Federal Brasileiro tem investido em políticas para diminuir os números do déficit de moradias e facilitar a aquisição da casa própria. Em pesquisa realizada pelo Departamento da Construção Civil da Fiesp (Deconcic) constatou-se um uma redução de 10,70% do déficit habitacional brasileiro entre 2010 e 2014.

No entanto, mesmo com a aquisição da moradia, é notável que muitos moradores necessitem adaptar ou expandir suas habitações para que estas se tornem adequadas a suas necessidades, principalmente nas habitações produzidas em projetos destinados a populações de baixa renda, que são grande parte dos objetivos das políticas oficiais (LARCHER, 2005).

Tradicionalmente, as habitações, inclusive as que atendem as prerrogativas de programas habitacionais atuais, são projetadas para atender necessidades, funções, circunstâncias econômicas e usos imediatos dos usuários. No entanto, as residências tendem a permanecer edificadas por décadas e a alteração destes fatores ao longo do seu ciclo de vida é inevitável (NUGENT, 2011). Assim, diversas residências têm, em pouco tempo de uso, um projeto que não condiz com as inevitáveis alterações dos conceitos e perspectivas dos seus ocupantes, levando a necessidade da adequação de uso do ambiente construído.

Segundo Paduart et Al (2009), para a adequação do uso de habitações edificadas que não possuem a metodologia da flexibilidade e adaptabilidade integrados ao projeto inicial, são necessárias grandes modificações, através de reformas e demolições, para que se ajustem às mudanças de necessidades dos proprietários ao espaço edificado. Estas intervenções são responsáveis por gerar uma grande quantidade de resíduos (PADUART ET Al, 2009), que no caso das

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cidades brasileiras, apesar da falta de dados mais precisos, é de aproximadamente meia tonelada por habitante por ano (KARPINSK et Al., 2009). Desta forma, se faz necessário a inclusão da metodologia da adaptação de uso ainda na fase de projeto de edificações, para que, se possa reduzir os gastos e o consequentemente o impacto ambiental gerado pelas modificações e reformas das habitações durante o seu uso.

Este trabalho tem como objetivo responder a pergunta: Os projetos de habitações que atendem critérios de programas habitacionais atuais consideram as alterações das necessidades dos usuários ao longo do ciclo de vida? A resposta poderá se dar pela verificação da forma como arquitetos e engenheiros civis da cidade de Pato Branco no Paraná tem considerado as diretrizes de adaptação de projetos de habitações, visando atenderas necessidades presentes e futuras dos usuários e prerrogativas dos programas habitacionais em vigência. Para que, possam ser discutidas formas de inclusão, ainda na fase de inicial da concepção de um projeto, as alterações nas necessidades dos usuários ao longo do ciclo de vida da edificação, para a redução do impacto ambiental com reformas e o aumento da satisfação dos proprietários.

O presente trabalho está dividido em 4 partes. A primeira é destinada a revisão bibliográfica, para compreensão da metodologia de adaptação de uso e suas relações com ciclo de vida familiar e redução dos impactos econômicos e ambientais das construções que atendem os critérios de programas de habitação mais recentes. A segunda parte foi dedicada a descrição da metodologia que será utilizada para o desenvolvimento do trabalho. Na parte seguinte, está apresentado a abordagem a respeito do tema com os profissionais da construção civil de Pato Branco através da análise de projetos e entrevistas e os resultados alcançados. Na ultima parte, expõem-se as considerações finais, onde serão discutidos os resultados alcançados e avalição da contribuição desse estudo para futuros projetos.

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1.1. OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar o processo de elaboração projetos e os projetos das habitações produzidas em Pato Branco – PR por programas habitacionais oficiais atuais sobre a presença de previsão de alterações no ciclo de vida dos usuários.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Compreender a inter-relação do ciclo de vida familiar com o ciclo de vida da adaptação;

 Entender a relação entre o projeto de habitações que atendem critérios de programas habitacionais e a mudança das necessidades dos usuários ao longo do ciclo de vida familiar;

 Investigar a forma de inclusão das estratégias de adaptação de uso durante o processo do projeto de edificações habitacionais.

1.2 JUSTIFICATIVA

As edificações projetadas para atender aos critérios dos programas habitacionais em vigência tem sua área útil, geralmente, limitada pelas especificações destes programas e pela renda familiar na fase de projeto e execução da edificação. Em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) para avaliar a percepção de satisfação de mais de

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sete mil (7.000) benificiários do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)1, constatou-se que os beneficiários da faixa I do programa, famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos, estão insatisfeitos com suas habitações. Por exemplo, a área da moradia, cujas as metragens estão entre 32 m2 e 36 m2, tem gerado um alto grau de adensamento, uma vez que o número médio de pessoas nestas moradias é de 3,73 pessoas (BRASIL, 2014).

Aliado a esses fatores, a falta de preocupação com o futuro da edificação ao longo do seu ciclo de vida por parte dos projetistas e futuros proprietários tem influenciado diretamente para que as residências se tornem rapidamente obsoletas às necessidades dos futuros usuários. Tramontano (1993) discute os fatores que influenciam as alterações da estrutura familiar moderna e como elas refletem nas alterações dos espaços das habitações.

”As transformações por que tem passado a estrutura familiar deve-se a uma série de fatores de ordem demográfica, social, econômica, cultural, ideológica, etc. Como bem resume E. Berquó (1992), ’a queda acentuada da fecundidade, o aumento da longevidade, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, a liberação sexual, a fragilidade cada vez maior das uniões, o individualismo acentuado, etc. A estas alterações da família nuclear – composta de pai, mãe e filhos – e aos múltiplos tipos de grupos domésticos que delas decorre, supomos que correspondem novas formas de habitar e, portanto, novas tipologias do espaço da habitação.”. (TRAMONTANO, 1993, p. 3)

Uma vez que, mudanças sociais, econômicas e no ambiente físico e nas necessidades e expectativas dos usuários tendem a se modificar ao longo do ciclo de vida de uma habitação (RUSSELL; MOFFATT, 2004) é praticamente inevitável que surjam gastos com reformas e ampliações para adequação dos espaços de convivência da residência. Assim, cria-se a necessidade de que os projetistas adotem um conceito no processo de projeto que possibilite às edificações adaptação ao uso durante o seu tempo.

Segundo Russell e Moffatt (2004, p. 1) “uma edificação adaptável pode ter a capacidade de se ajustar a mudanças substanciais com baixo custo, tornando-a

1 O Programa Minha Casa Minha Vida é uma política habitacional criada em 2009 pelo governo federal brasileiro. O programa possui inúmeras estratégias para aumentar o acesso à casa própria para as famílias de baixa renda. Entre 2009 e 2014, o programa contratou a produção de 3,6 milhões de unidades habitacionais, com investimentos de R$ 225 bilhões, sendo que 46% das famílias beneficiadas possui renda inferior a três salários mínimos (BRASIL, 2014, p).

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mais eficiente à utilização e mantendo-a por mais tempo em serviço”. Assim, adotar as estratégias do conceito de adaptabilidade na habitação poderá garantir ao futuro proprietário a possibilidade de uma maior qualidade de uso e uma consequente redução de impactos ao ambiente em que a edificação está inserida.

A aplicação dos conceitos de adaptabilidade em projetos de habitações que atendem a programas habitacionais é relevante, uma vez que, no Brasil o número de residências construídas vem crescendo devido aos investimentos em politicas habitacionais e que em inúmeras vezes possuem projetos de layout inadequados ao uso de seus proprietários. A citar como exemplo, o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, criado pelo governo federal, durante a sua primeira fase de implementação iniciada em 2009 financiou a construção de 1 milhão de moradias e de 2011 até 2014 e, durante a segunda fase do programa, contribuiu para a construção de 2,6 milhões de habitações (BRASIL, 2014). Contudo, devido à larga produção e a restrição dos financiamentos, produziu muitas habitações que não respeitaram as diferentes realidades sociais, econômicas e culturais da população brasileira (KRAUSE et al, 2013).

O projeto de pesquisa tem sua originalidade justificada por sua delimitação de estudo, dado que os conceitos de adaptabilidade de habitações de interesse social não foram ainda estudados e examinados nos projetos desenvolvidos na cidade de Pato Branco no Paraná, onde segundo dados da Caixa Econômica Federal, o PMCMV até o final de 2015, beneficiou mais de 8 mil pessoas através do financiamento de 2.206 unidades habitacionais (CAIXA, 2015). Juntamente a isso, a facilidade de acesso á informações e aos profissionais que atuam na área de projetos de edificações de interesse social nessa cidade torna o desenvolvimento do projeto de pesquisa viável.

Neste contexto, este trabalho pretende discutir e sugerir formas para a inclusão do princípio da adaptabilidade, ainda na fase de processo de projeto, através de estudos de caso da cidade de Pato Branco no Paraná, para que se propicie um aumento da satisfação dos moradores que poderão utilizar um ambiente residencial adequado às mudanças que irão ocorrer ao longo do seu ciclo de vida familiar, assim como, direcionar políticas e programas de habitação brasileiros a uma melhoria no desempenho na construção, com maior qualidade e vinculada a sustentabilidade econômica e ambiental.

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2. A HABITAÇÃO E OS PROGRAMAS HABITACIONAIS BRASILEIROS

2.1 DEFINIÇÃO DE HABITAÇÃO, SUA IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES

A habitação é usualmente relacionada ao sinônimo de abrigo (figura 1). Abiko (1995) expõe que desde os primórdios o homem possui a necessidade de abrigo para proteger-se de intempéries e intrusos. Com o passar do tempo e do desenvolvimento das cidades, as habitações passaram a assumir a função econômica para o comércio de produtos e tornaram-se um espaço que permite a interação social, o descanso, a alimentação e as atividades fisiológicas (ABIKO, 1995).

Figura 1: A evolução do abrigo Fonte: Allen, 2005

Para Basso e Martucci (2002) o conceito de habitação pode ser particionado em três elementos distintos mas que possuem estreita relação entre si. Estes conceitos são o de casa, moradia e habitação. Casa, segundo os mesmos autores, trata-se do ambiente físico que separa o espaço externo do espaço interno e é produzido através de materias de construção, componentes, subsistemas e sistemas

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construtivos. No que se diz respeito à moradia, o espaço construído adquire ligação com os elementos que designam uma função ao ambiente, e que direcionam o espaço aos hábitos de uso da casa, ou seja, o espaço incorpora o modo de vida dos usuários.

Basso e Martucci (2002) constatam que uma casa utilizada por diferentes pessoas ou famílias durante seu ciclo de vida, pode se transformar em moradias distintas, mas dentro do mesmo espaço físico. Assim, segundo os autores, os hábitos de uso dos moradores ou usuários do ambiente são a base para as alterações da moradia.

Quando ocorre a integração do espaço interno com o externo, relacionando-o crelacionando-om as interações srelacionando-ociais, prelacionando-oliticas, ecrelacionando-onômicas, históricas, iderelacionando-ológicas, etc. drelacionando-os usuários e o conceito da habitat. O espaço construído, segundo Basso e Martucci (2002), recebe o conceito de habitação. Em suma, conceitualmente a habitação trata-se da casa e da moradia integradas ao espaço urbano com todos os elementos que este espaço urbano possa oferecer (BASSO; MARTUCCI, 2002)

Funcionalmente, uma habitação deve ser muito mais que um abrigo. A habitação deve atender às expectativas de seus usuários para o suporte de suas vidas no espaço construído. Allen (1995) lista as expectativas funcionais dos usuários de uma habitação:

a) proporcionar ao ser humano as necessidades imediatas para a realização do seu metabolismo;

b) criar condições agradáveis para o conforto térmico dos usuários;

c) possuir características visuais e acústicas para a privacidade e conforto sensorial dos usuários;

d) proteger o ambiente interno das criaturas vivas indesejáveis; e) distribuir energia para a utilização em pontos convenientes; f) possuir meios de comunicação e conexão com o mundo exterior;

g) possuir superfícies úteis para promover o conforto, segurança e atividades produtivas;

h) ser arquitetonicamente adaptável para todo o tipo de usuário e necessidade e possuir resistência estrutural para superar desastres naturais;

i) possuir proteção para a estrutura, superfícies e sistemas complementares contra água e umidade;

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j) ser ajustável à possíveis recalques da fundação sem provocar danos estruturais;

k) possuir proteção contra o fogo para os usuários e para a própria estrutura; l) ser construído sem custos excessivos ou grades complexidades;

m) ser capaz de ser utilizado, mantido e modificado de forma econômica. Apesar do Estatuto das Cidades (Lei Federal no 10.257, de 10 de julho de 2001) determina a habitação é um direito básico para a população brasileira, observa-se que os principais problemas urbanos estão relacionados a carência habitacional, principalmente, com a população que possui baixa renda (ABIKO, 1995, SANTOS, 1998). O déficit habitacional enfrentado por esta parcela da população, segundo Abiko (1995), é causado devido a uma série de fatores, entre eles: a falta de renda, elevado custo do solo urbano, falta de terrenos, crise econômica e social com desemprego e diminuição de renda e custos elevados dos materiais de construção.

Desde forma, cabe ao poder executivo a elaboração de políticas públicas para criação de soluções para o déficit habitacional direcionadas principalmente às faixas de renda inferiores (ABIKO, 1995, PINHEIRO, 2008). As políticas habitacionais são criadas através da intervenção de instrumentos legais, os quais são utilizados para a determinação de determinado aspecto social, cultural, econômico ou de ordenação territorial como imediato para o direcionamento da atuação do poder público através do estabelecimento de instrumentos criados para este fim, como por exemplo, leis, decretos, normas, planos, metas, programas de trabalho, programas de financiamento, monitoramento, fiscalização, etc. (PINHEIRO, 2008)

2.2 DÉFICIT HABITACIONAL E POLÍTICAS HABITACIONAIS

Os estudos referentes ao déficit habitacional brasileiro são adotados oficialmente pelos gestores públicos e sociedade em geral para indicar a reposição do estoque de moradias que são incapazes de atender dignamente aos moradores, em razão de sua precariedade ou desgaste gerado pelo uso ao longo do tempo, assim como, são responsáveis por apontar a necessidade do incremento do número

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de moradias para atender à famílias que não estão habitando espaços adequados

(LIMA NETO, FURTADO E KRAUSE; 2013)

Para Viana e Santos (2015) o déficit habitacional proporciona subsídios imediatos e intuitivos que indicam a necessidade de construção de novas habitações para a solução de problemas sociais em certo momento. Sob outra perspectiva, os dados gerados através do estudo do déficit habitacional, identificam as inadequações das especificações projetuais e construtivas das moradias brasileiras, que refletem na qualidade de vida dos usuários. Estes dados, visam o desenvolvimento de políticas complementares para o aperfeiçoamento de domicílios já edificados (VIANA; SANTOS, 2015).

O cálculo do déficit habitacional considera a soma de quatro componentes (VIANA; SANTOS, 2015):

 Habitações precárias, o qual identifica habitações, que possuem condições insalubres e que podem proporcionar risco de contaminação e desconforto aos usuários e engloba ainda, imóveis sem fins residenciais, identificando claramente a carência de novas unidades domiciliares;

 Coabitação familiar, refere-se a famílias que dividem moradias e desejam construir um novo domicílio;

 Ônus excessivo com aluguel urbano, correspondendo a famílias que comprometem mais de 30% de sua renda com o aluguel;

 Adensamento excessivo em domicílios alugados, responsável por identificar habitações alugadas com um número médio superior a três moradores por dormitório.

Os dados gerados através das pesquisas à respeito da carência de moradias no Brasil, demonstram que entre 2007 e 2013 (Tabela 1) ocorreu um aumento no número de domicílios de aproximadamente 16%, passando de 55,91 milhões de domicílios em 2007 para 64,96 milhões em 2013. No entanto, na análise de dados verifica-se um aumento de 11,47% no déficit habitacional total em 2013 em relação ao ano de 2012 (VIANA; SANTOS, 2015).

Da análise dos componentes do déficit (Tabela 1 e Gráfico 1), inferere-se que o único componente que sofreu elevação no período foi o ônus excessivo com aluguel urbano, que passou de 1,756 milhão de domicílios em 2007 para 2,553 milhões de unidades em 2013, um aumento de aproximadamente 44% em seis

(24)

anos. Para Lima Neto, Furtado e Krause (2013), o aumento observado no mercado de locação de imóveis, pode ter sofrido a mesma alta que foi observada no mercado de compra e venda de imóveis entre 2007 e 2013.

2007 2008 2009 2011 2012 2013 Número de domicílios 55.918.038 57.703.161 58.684.603 61.470.054 62.996.532 64.956.000 Déficit habitacional 5.593.191 5 .191.565 5.703.003 5.409.210 5.244.525 5.846.040 Porcentagem (%) 10,00 9,00 9,72 8,80 8,53 9,00

Tabela 1: Evolução do déficit habitacional brasileiro

Fonte: IBGE/PNAD 2007-2012 (apud LIMA NETO; FURTADO; KRAUSE, 2012, p. 4)

Gráfico 1: Evolução dos componentes do déficit Fonte: Lima Neto; Furtado; Krause, 2012

Apesar de nos últimos anos o déficit habitacional brasileiro ter reduzido e o número de moradias ter aumentado consideravelmente, Lima Neto, Furtado e

Krause (2013) observando os estratos de renda das famílias brasileiras (Gráfico 2),

registraram um aumento de 4% do déficit habitacional entre 2007 e 2012, composto por famílias em domicílios com renda até três salários mínimos, faixa de renda esta,

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 2,50% 3,00% 3,50% 4,00% 4,50% 2007 2008 2009 2011 2012 2013 Habitações Precárias Coabitação Familiar Excedente aluguel Adensamento excessivo

(25)

que engloba a grande maioria da população brasileira que compõe o déficit habitacional.

Gráfico 2: Evolução do déficit habitacional brasileiro observando estratos de renda familiar Fonte: Autoria Própria, 2016

Desde a criação do Ministério das Cidades em 2003 e dos estudos referentes ao déficit habitacional realizadas pela Fundação João Pinheiro iniciados em 1995, as políticas habitacionais brasileiras sofreram grandes alterações. O IPEA (2014) aponta que com a criação do Ministério, os trabalhos e subsídios do governo foram direcionados à reestruturação do sistema de crédito imobiliário com enfoque às habitações de interesse social. Juntamente a estas ações, a partir de 2005, os programas destinados à habitação de interesse social passaram a integrar todas as esferas do governo através do Sistema Nacional de Interesse Social (SNHIS) e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).

As diretrizes da política habitacional e a integração dos mesmos com a política urbana, começaram a ocorrer mais efetivamente em 2008 após a criação do Plano Nacional de Habitação (PlanHab). Neste ano, diante da crise mundial, o governo federal passou a ver como fundamental o desenvolvimento da atividade imobiliária brasileira para impulsionar o crescimento e a geração de empregos no país (IPEA, 2014). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2007 2008 2009 2011 2012

Sem declaração de renda

Até 3 salários-mínimos (s.m.)

Entre 3 e 5 s.m.

Entre 5 e 10 s.m.

(26)

2.2.1 Politica Nacional de Habitação: Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)

O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) foi criado em 2009 pelo governo federal através da Lei 11.9772 em julho de 2009. O programa possuía diversos instrumentos para possibilitar o acesso à habitação, principalmente, para a população de baixa renda, visando a redução da demanda habitacional do país e o incentivo à atividade da construção civil para a geração de empregos e renda (BRASIL, 2014). Sua finalidade é definida no artigo primeiro da Lei 12.434:

Art. 1O O Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV tem por finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinquenta reais). (BRASIL, 2011, p. 1)

Inicialmente, a meta do programa era criação de subsídios para a construção de 1 milhão de novas habitações, destinadas, prioritariamente, a famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00 (aproximadamente 3 salários mínimos em 2011), as quais se enquadravam na faixa 1 do PMCMV. Do mesmo modo, através da redução da taxa de juros, o programa permitiu o acesso facilitado a financiamentos para famílias com salario mensal de até R$ 3.275,00 (Faixa 2). Além disso, criou condições favoráveis a aquisição de imóveis para famílias com rendas mensais de até 5.000,00 (faixa 3) (Caixa Econômica Federal, 2009; BRASIL, 2011; BRASIL, 2014).

O Ministério das Cidades registra, através de pesquisa realizada pelo IPEA em 2014, que 46% das famílias beneficiadas nas duas fases do programa compunham a faixa 1, isto é, possuíam renda inferior à 3 salários mínimos. As habitações direcionadas para a população componente desta faixa do programa, segundo Foragi (2012), eram casas térreas de até 35 m2 e apartamentos com 42 m2 constituído por sala, cozinha, banheiro, lavanderia e 2 quartos.

Os valores máximos disponibilizados por unidade às famílias com renda de até R$ 1.600,00 pela fase II do PMCMV variavam conforme o estado e município.

(27)

No estado Paraná, por exemplo, para a capital Curitiba e sua região metropolitana foram disponibilizados R$ 56.000,00 para a aquisição de apartamento e R$ 55.000,00 para compra de casa e para os demais municípios R$ 52.000,00 por unidade para aquisição de casa ou apartamento (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2009).

Visto que a busca por subsídios no PMCMV e o população predominante na composição do déficit habitacional brasileiro estão concentrados na faixa de renda de até R$ 1.600,00 (faixa I) e ainda, levando em consideração de que as moradias para essa faixa de renda possuem área edificada limitada e valores máximos para a aquisição relativamente baixos, optou-se pelo direcionamento das análises da pesquisa em questão a esta parcela de público atendida pelo PMCMV.

(28)

3. ADAPTAÇÃO DE HABITAÇÕES AO LONGO DO CICLO DE VIDA

3.1 A MUDANÇA DAS NECESSIDADES DOS USUÁRIOS AO LONGO DO CICLO DE VIDA

Como já apresentado por Allen (1995), a habitação é muito mais que sinônimo de abrigo e seus ocupantes possuem uma série de expectativas funcionais para a utilização dos espaços. Por isso, o processo de concepção do projeto de uma edificação é complexo. Conforme exposto por Brandão e Heineck (2003) uma série de fatores e conjunturas podem influenciar diretamente no processo de projeto de edificações (figura 2).

Figura 2: Fatores externos e internos influenciadores no processo de projeto habitacional Fonte: Cheong, 1996 (apud Brandão, Heineck, 2003)

Devido a essa complexidade e grande número de fatores passíveis de interferência em projeto, muitas vezes, produz-se moradias que generalizam soluções arquitetônicas que não contemplam esta série variada de perspectivas. Isto é, frequentemente as edificações são construídas sem se levar em conta as alterações de atividade e funções ao longo do seu ciclo de vida (BRANDÃO; HEINECK, 2003).

Produzir habitações que ao longo do seu ciclo de vida não são capazes de se moldar a esta natureza complexa das mudanças sociais, econômicas e físicas do

(29)

ambiente e das necessidade e expectativas dos usuários geram um produto com pouca eficiência, curto tempo de serviço e com grandes custos para modificações (PAIVA, 2002; BRANDÃO; HEINECK, 2003; RUSSELL; MOFFATT, 2004; KESTNER; WEBSTER, 2010;). Para encarar este paradigma ao longo do ciclo de vida de edificações, Brandão e Heineck (2003) acreditam que dois fatores devem ser considerados: primeiro o ciclo de vida familiar envolvendo a obsolescência física, funcional e social ao longo da vida útil da edificação e a necessidade de atender a diversidade familiar, de estilos de vida dos ocupantes simultaneamente.

Para a análise da interferência do ciclo familiar nas habitações, Oliveira (2004) desenvolveu um quadro (Quadro 1) que representa os diferentes estágios do ciclo de vida familiar relacionados com as exigências das funcionais moradias e aspectos financeiros e profissionais. A partir de uma rápida análise do quadro fica claro que, as necessidades de utilização do espaço e as expectativas dos usuários não são estáticas e que por esta razão tem grande interferência no espaço construtivo ao longo do tempo.

Estágio do ciclo de vida familiar Tipologia mais característica da moradia Atributos mais valorizados da moradia Aspectos financeiros e profissionais Aspectos mais comuns de mobilidade Solteiro sem filhos

Casa dos pais ou apartamento alugado Proximidade do trabalho, praticidade Início da carreira profissional Casamento

Casal sem filhos Imóvel alugado ou cedido Proximidade do trabalho, praticidade Início da carreira profissional Melhorar padrão e aumentar espaço Família com crianças Casa alugada ou própria Espaço (n0 quartos), área de lazer, proximidade de escolas Tendência de aumento de gasto com filhos Espaço ou por aluguel Família com

adolescentes Casa própria

Espaço (n0 quartos), proximidade de escolas, projeto adequado, vizinhança Carreira profissional em consolidação Vizinhança, localização ou padrão Família com adultos Casa ou apartamento próprio Projeto adequado, vizinhança, segurança, padrão, personalização Carreira profissional consolidada Vizinhança, segurança ou padrão Casal cujo os filhos saíram Casa ou apartamento próprio Projeto adequado, espaço, vizinhança, segurança, praticidade, tranquilidade, padrão, personalização Aposentadoria Praticidade, espaço, perda de identidade com o lar (continua)

(30)

(conclusão)

Quadro 1: Síntese das principais exigências por estágio do ciclo de vida familiar (adaptado) Fonte: Oliveira, 2004

A nível da diversidade familiar, Paiva (2002) salienta que apesar da família tradicional (composta por casal e filhos) continuar sendo o modelo determinante para o projeto da habitação, atualmente estão surgindo um grande número de outras composições familiares, tais como casais com filhos de outros casamentos, pessoas sós (solteiras ou divorciadas), casais sem filhos, adultos que coabitam o mesmo espaço, pessoas idosas, etc. Assim, é necessário que se revejam os conceitos que formam a base para a concepção da habitação, buscando um encontro com a variabilidade de aspirações de cada membro da família contemporânea e consideram uma maior diversificação dos arranjos familiares nos centros urbanos (PAIVA, 2002; BRANDÃO; HEINCECK, 2003).

Portanto, as edificações devem possibilitar a inclusão das alterações das necessidades do usuário ao longo do ciclo de vida. Sendo papel do projetista identificar as aspirações pessoais iniciais e futuras do morador no estágio inicial de projeto e criar meios para que através da utilização do espaço, o próprio usuário possa ser agente de transformação da habitação através da interação com o espaço e identificação de novas aspirações ambientais. Isso será possível, como defendido por diversos autores (RUSSELL; MOFFATT, 2004; BRANDÃO, (2006)) com a inclusão dos conceitos de adaptabilidade no projeto de habitações.

Estágio do ciclo de vida familiar Tipologia mais característica da moradia Atributos mais valorizados da moradia Aspectos financeiros e profissionais Aspectos mais comuns de mobilidade Divorciado s/ filhos morando junto Casa ou apartamento alugado ou próprio Proximidade do trabalho e dos filhos Diminuição do

patrimônio Padrão e espaço

Viúvo sem filhos morando junto Apartamento próprio Proximidade dos filhos, segurança Aposentadoria, recebimento de herança Localização

(31)

3.2 ADAPTABILIDADE EM HABITAÇÕES

3.2.1 O Conceito e a relevância da adaptabilidade em habitações

Douglas (2006) trata a palavra adaptação, no contexto da construção civil, como qualquer serviço à uma edificação, para além da sua manutenção, mudar sua capacidade, função e performance de uso. “Qualquer intervenção para ajustar, mudar ou aprimorar uma edificação para satisfazer novas condições e requerimentos de uso.”

Neste contexto, adaptabilidade se refere a habilidade de um edificação em acomodar mudanças de necessidades e usos futuros ao longo do seu ciclo de vida. Segundo Russell e Moffatt (2004) as mudanças tanto nas esferas sociais, econômicas e psicológicas, e nas necessidades e perspectivas dos usuários, ao longo do ciclo de vida de uma edificação são inevitáveis. Portanto, projetar considerando o conceito de adaptabilidade, para Kestner e Webster (2010), pode estender a vida de uma edificação graças a facilidade de adaptação para novos usos.

Uma edificação que é mais adaptável será utilizada mais eficientemente, e continuará em serviço por mais tempo, pois ela pode responder às mudanças com menor custo. Um extenso e mais eficiente ciclo de vida para um edificação pode ser traduzido em uma melhor performance ambiental durante o ciclo de vida (RUSSELL; MOFFATT, 2004; KESTNER; WEBSTER, 2010). Como representado na figura 3, com a inclusão dos conceitos de adaptabilidade e mecanismos que facilitem a adaptação de um espaço construído o ciclo de vida de uma edificação deixa de ser linear e torna-se fechado, permitindo que, o uso de uma edificação possa ser sustentado e renovado por décadas através de combinações de manutenção3 e adaptação (DOUGLAS, 2006).

3 Manutenção ou reparo é o ato de manter uma edificação em um estado pré-determinado, envolvendo serviços para a restauração e substituição de componentes da edificação para a boa condição de uso original. Por outro lado, adaptação se refere à uma melhoria substancial. Assim, no contexto do trabalho de pesquisa, adaptação é considerada como um ajuste na performance da edificação e manutenção está relacionada a conservação desta edificação (DOUGLAS, 2006, p. 1 – 2).

(32)

Figura 3: Modelo do ciclo de vida de uma edificação (Adaptado) Fonte: Douglas, 2006

Douglas (2006) aponta o conceito de adaptabilidade em edificações como importante mecanismo para adoção da sustentabilidade na construção civil. A adaptabilidade reduz o consumo de energia e reduz a geração de resíduos. Essa redução, minimiza a necessidade de consumo de recursos naturais e de energia para a produção e transporte de materiais de construção. Da mesma forma, Russell e Moffatt (2004) demonstram que a adaptabilidade pode estender o ciclo de vida de edificações sem impor significantes impactos ambientais associados com reformas para adequação de estruturas e infraestruturas de edificações.

Além das vantagens ambientais associadas a adoção da adaptabilidade em edificações, Douglas (2006) lista uma série de razões para optar por edificações adaptáveis:

 Recursos financeiros disponíveis: a disponibilidade e quantidade de recursos disponíveis para a modificação e remodelação de edificações muitas vezes são restritos. Logo, optar por edificações adaptáveis reduz o custo destes trabalhos;

 Tempo: O trabalho para remodelar uma edificação é consideravelmente mais rápido quando esta é adaptável;

 Deterioração: os trabalhos de adaptações podem impedir o processo de degradação de uma edificação. Até mesmo, um pequeno trabalho de adaptação pode estender o ciclo de vida econômico de uma moradia;

(33)

 Performance: a necessidade de melhoria acústica, térmica, na durabilidade e na performance estrutural de uma edificação é frequentemente suprida pela adoção de trabalhos de adaptação;

 Mudança de uso: como já discutido, as modificações nas necessidades dos usuários, podem tornar as exigências preliminares de projeto obsoletas. Assim renovar um espaço através de adaptações, pode tornar a edificação novamente utilizável para a habitação;

 Restrições legais: Quando uma edificação em desuso que não possui permissão legais para ser demolida pode ao longo do tempo ser naturalmente degradado. Alternativamente, o dono da edificação pode adaptar o espaço para uma nova utilização;

 Conservação: a adaptação de edificações permite conservar edificações que possuem importância arquitetônica ou história.

Diante dos aspectos apresentados por Douglas (2006), mesmo para moradias produzidas através do PMCMV, percebe-se que a adoção de conceitos de adaptabilidade no processo de projeto permite uma melhor acomodação das mudanças passíveis de ocorrência ao longo da utilização do imóvel. Dessa forma, se faz necessário que os projetistas, no processo de elaboração de um projeto, tenham o conhecimento dos conceitos de adaptabilidade e façam a aplicação destes visando um prolongamento da vida útil da habitação edificada.

3.2.2 Os princípios da adaptabilidade

Russell e Moffatt (2004) dividem o conceito de adaptabilidade em três estratégias que são facilmente entendidas pela maioria dos projetistas:

 Flexibilidade: permitir pequenas modificações no espaço edificado;

 Convertibilidade: possibilitar alterações de uso econômico, legal e técnico;

 Expansividade: facilitar adições de área para ampliação do espaço da edificação.

(34)

Somado a essas estratégias, Douglas (2006) adiciona dois outros critérios para a adoção da adaptabilidade em projetos:

 Desmontabilidade: ser capaz de ser demolido com segurança, eficiência e velocidade;

 Degradabilidade: utilizar materiais e componentes que podem ser facilmente processados (reciclados) ou reutilizados quando necessário à demolição de uma edificação.

Para Russell e Moffatt (2004), os critérios de Doulgas (2006) são estratégias complementares à aplicação da adaptabilidade, pois indiretamente, contribuem para o incremento do desempenho das edificações em longo prazo. Por exemplo, em longo prazo, a correta seleção de materiais possibilitará à edificação menos serviços com manutenção, reparos e substituições. Assim, a durabilidade de materiais estenderá o ciclo de vida de uma edificação, contribuindo para a adaptabilidade.

Através das estratégias descritas por Russell e Moffatt (2004) e Douglas (2006) foram desenvolvidos princípios de projeto que podem ser aplicadas a todos os elementos das edificações para que ocorra a inclusão dos conceitos de adaptabilidade na mesmas. Russell e Moffatt (2004) apresentam esses princípios, como sendo:

 Independência: Integrar sistemas a uma edificação de forma que componentes possam ser removidos ou melhorados sem afetar a performance dos sistemas conectados.

Upgradability: Escolher sistemas e componentes que antecipam e que podem acomodar potencial melhoria na performance.

 Compatibilidade ao longo do tempo: Não interconectar fortemente sistemas de curto tempo de vida com componentes que possuem um logo tempo de vida.

 Informação: Assegurar que as informações sobre os componentes e sistemas da edificação estejam disponíveis e visíveis para o uso futuro.

Os princípios são descritos acima e apresentados de forma sintetizada na Figura 4, segundo Russell e Moffatt (2004) devem ser utilizados para verificar se

houveram esforços para a inclusão dos princípios de adaptabilidade na fase de projeto e execução de uma edificação.

(35)

Figura 4: Resumo das estratégias e princípios da adaptabilidade Fonte: Larcher (adaptado), 2005

3.2.3 Estratégias para a aplicação e identificação da adaptabilidade em habitações

Russell e Moffatt (2004) propõe uma série de estratégias para a aplicação prática da adaptabilidade nos diferentes elementos das edificações apresentadas no Quadro 2.

Elementos da Edificação Descrição

Fundações

 Projetar considerando potenciais expansões verticais da edificação. Uma análise racional deve ser realizada para a definição de uma solução razoável que possibilite futuras expansões.

 Instalação de juntas de dilatação e outros mecanismos para evitar o recalque diferencial e o progressivo colapso da estrutura devido a cargas acidentais excessivas.

(36)

(conclusão)

Elementos da Edificação Descrição

Superestrutura

 Dar preferência pela utilização de concreto armado, uma vez que, este permite a troca de elementos internos e externos sem afetar a integridade estrutural da edificação.

 Dimensionar a estrutura considerando carregamentos laterais. Isso permite modificações locais na estrutura, mas mantendo a integridade estrutural.

 Utilizar grandes vãos. Um grande vão irá incorporar à superestrutura possíveis adaptações;

 Adicionar carregamento suficiente no cálculo de dimensionamento dos três primeiros pavimentos, para que estes possam comportar um amplo número de usos;

 Escolher um sistema estrutural de lajes que comporte a passagem de um grande número de sistemas complementares (elétrico, hidráulico, telefone, etc.) baseados em diferentes utilizações.

Paredes

 Construir as paredes independentes da estrutura do edifício. Elas devem ser funcionalmente sistemas simples, com interfaces projetadas para a separação de ambientes;

 Favorecer meios de acesso ao sistemas embutidos nas parede de dentro e fora do edifício;

 Projetar parede versáteis, capazes de acomodar mudanças no arranjo espacial interno;

Sistemas complementares  Dar preferência por sistemas complementares flexíveis e com capacidade de possibilitar expansões de uso.

Espaço interno

 Projetar espaço com grande possibilidade de adaptação;

 Incluir espaços multifuncionais;

 Instalar partições interiores que são desmontáveis, reutilizáveis e recicláveis;

 Oferecer áreas e pés direitos maiores que os mínimos;

 Fornecer planos de adaptação espacial.

Quadro 2: Princípios para aplicação de adaptabilidade em edificações (adaptado) Fonte: Russell e Moffatt, 2004

Uma vez que, com já discutido anteriormente, a flexibilidade está diretamente ligada ao conceito de adaptabilidade, juntamente das estratégias desenvolvidas por Russell e Moffatt (2004), podem ser consideradas as diretrizes criadas por Brandão e Heineck (2003) (Quadro 3) para a aplicação da flexibilidade em habitações, maximizado a versatilidade de ambientes das habitações em geral, com aplicabilidade também às moradias de interesse social.

(37)

Diretriz Descrição

Cômodos ou ambientes reversíveis

A inclusão de dois ou mais acessos para o ambiente pode torná-lo mais versátil. Pode-se, assim, criar situações variadas para sala, quartos e também para banheiros. Com dois acessos, um banheiro, por exemplo, pode ser social e, ao mesmo tempo, pode funcionar como banheiro de suíte.

Cômodos multiuso

É importante que exista pelo menos um espaço ou ambiente considerado como de uso múltiplo. Esse cômodo deve estar situado em posição estratégica na planta, geralmente mais centralizado, propiciando contribuir com a flexibilidade do projeto. Os quartos multiuso em pequenas habitações são o exemplo mais comum: além de dormitório, funcionam também como escritório e sala de TV e som.

Alternância entre isolar e integrar

Esta característica pode ser obtida por meio de portas e painéis de correr, de dobrar, pivotar, ou, ainda, com diferentes tipos de divisórias e biombos, substituindo, assim, as paredes tradicionais. Em geral, esses dispositivos são mais usados em habitações pequenas, como forma de ampliar a sensação de espaciosidade, quando dois ou mais ambientes contíguos são integrados.

Baixa hierarquia

Obtém-se quando cômodos como quartos e banheiros são equivalentes ou mais próximos em tamanho e forma, o que gera maiores possibilidades de alternância de função. Em geral, os projetos brasileiros costumam visar à alta hierarquia, destinando-os para a família nuclear tradicional, sendo também fruto de projetos baseados no funcionalismo.

Comunicações e acessos adicionais

Característica ligada ao conceito de planta do tipo circuito. Podem não afetar diretamente as conversões ou reversões dos ambientes, mas adicionam mais versatilidade de usos. A maior acessibilidade também se constitui em fator de baixa hierarquia das plantas.

Mobiliário planejado

Estantes, armários e outros móveis de fácil deslocamento ou movimentação são usados para dividir ambientes. Além de gerar flexibilidade, sua utilização pode reduzir a construção de paredes. As alternativas são ilimitadas e podem ser criativas, como, por exemplo, mesas corrediças ou dobráveis, camas escamoteáveis, estantes giratórias, ou seja, dispositivos que visam à alternância de usos de um mesmo ambiente ou de ambientes contíguos.

Quadro 3: Diretrizes para a aplicação da flexibilidade em edificações Fonte: Brandão e Heineck, 2003

Envolvendo as estratégias e diretrizes desenvolvidas por Russell e Moffatt (2004) e Brandão e Heineck (2003), Brandão (2006) reuniu trinta e uma

(38)

recomendações organizadas em nove diretrizes para a identificação de conceitos de adaptabilidade em projetos de habitação de interesse social. O Quadro 4 expõe a relação destas disposições técnicas e diretrizes.

Diretrizes Recomendações

Arranjo espacial quanto à forma e dimensão dos cômodos

1. Prover cômodos neutros e sem extremos de tamanho; 2. Prover cômodos ou ambientes multiuso;

3. Prever a possibilidade de nova posição de porta no banheiro;

4. Prever, se possível, espaço de refeições maior nas cozinhas;

5. Estudar a opção de usar ou não corredores dentro da unidade;

Arranjo espacial quanto ao sentido de expansão

6. Deixar claro o sentido de expansão da moradia; 7. Prever ampliação para uma garagem ou espaço de trabalho;

8. Posicionar o banheiro em local estratégico;

Esquadrias e aberturas

9. Posicionar estrategicamente a esquadria de cada cômodo; 10. Evitar variações no tamanho das janelas;

11. Prever comunicações adicionais entre os cômodos; 12. Adotar porta adicional ou sistemática de painel-janela;

Cobertura

13. Definir a altura da cumeeira, adequada às ampliações; 14. Permitir a criação de novas águas sem afetar a funcionalidade;

Estrutura

15. Separar, se possível, estrutura e vedações; 16. Preparar a estrutura para receber um ou mais pavimentos;

17. Preparar a estrutura para receber escadas (expansão vertical);

Instalações

18. Dimensionar tubulações de água prevendo aumento de vazão;

19. Prever paredes hidráulicas permanentes; 20. Localizar adequadamente fossa e sumidouro;

21. Dimensionar tubulação da fiação para inserção de novos circuitos;

22. Evitar luminárias centrais;

23. Localizar interruptores e tomadas em pontos adequados; 24. Acrescentar pia de lavar extra fora do banheiro;

Divisão de ambientes e mobiliário

25. Utilizar divisórias desmontáveis e/ou móveis; 26. Evitar excesso de móveis fixos;

27. Utilizar móveis para dividir ambientes;

(39)

(conclusão)

Fonte: Brandão, 2006 (apud BRANDÃO; ABREU, 2010)

Em diversos trabalhos e projetos voltados a população de baixa renda, percebe-se a aplicação prática dos conceitos descritos pelos autores. Por exemplo, em trabalho de pesquisa realizado pelo Núcleo de pesquisa em Arquitetura de Interesse Social da Escola de Arquitetura do Instituto Meridional (IMED) desenvolveu-se um projeto-base de Habitação de Interesse social considerado-se a evolução das necessidades da população ao longo da utilização do espaço. Os projetos desenvolvidos são apresentados na Figuras 5 e 6 (MARTINS et. Al, 2013).

Segundo a pesquisa realizada pelas autoras, os futuros moradores das edificações, apresentaram a necessidade futura de implementação de dois cômodos: garagem e dormitório extra. Desde modo, as autoras criaram um layout de projeto onde pequenas modificações no espaço construído (flexibilidade), possibilitam alterações de uso técnico (convertibilidade) através da facilidade de adições de áreas (expansibilidade) para ir de encontro às futuras necessidade e interesses dos habitantes destas residências.

Figura 5: Projeto base da Habitação Social (sem escala) Fonte: Martins Et. Al, 2013

Diretrizes Recomendações

Terreno e tipologias

28. Prever afastamento que permita ampliar para a frente;

29. Adotar terrenos mais largos, se possível;

Apoio ao usuário

30. Fornecer projetos de opções de possíveis ampliações;

31. Criar manual do usuário da habitação. Quadro 4: Disposições técnicas e diretrizes para projeto de habitações flexíveis

(40)

Figura 6: Projeto com ampliação da garagem e dormitório (sem escala) Fonte: Martins Et. Al, 2013

Na análise dos projetos (Figuras 5 e 6) nota-se a preocupação das autoras em desenvolver um arranjo espacial que facilitou a criação de novos cômodos (garagem e quarto). O sentido da expansão do espaço está claro, de forma que, o corredor e as esquadrias e aberturas foram posicionadas em lugares estratégicos para que a intervenção construtiva fossem a mínima possível durante a fase de ampliação. Ainda, é possível notar a integração entre os ambientes da área de serviço, cozinha, sala de jantar e sala de tv sem o uso de paredes. Nestes espaços, os cômodos ganham o caráter multiuso e são facilmente alterados através da modificação do posicionamento do mobiliário (MARTINS et. Al, 2013).

Assim, com base nas diretrizes, recomendações e estratégias desenvolvidas pelos autores pode-se buscar a aplicação prática dos conceitos de adaptabilidade em projetos de habitações. Além disso, através destes trabalhos, tem-se embasamento teórico para a criação de fichas de avaliação de imóveis para a classificação dos mesmos quanto a sua capacidade de receber adaptações ao longo do seu ciclo de vida.

(41)

4. METODOLOGIA DE PESQUISA

A fim de definir o delineamento desta pesquisa é possível fazer algumas classificações. Do ponto de vista da sua pergunta problema “Os projetos de habitações que atendem critérios de programas habitacionais atuais consideram as alterações das necessidades dos usuários ao longo do ciclo de vida?” e seus objetivos, a pesquisa pode ser considerada de caráter exploratório.

Prodanov e Freitas (2013) definem pesquisa exploratória como a pesquisa que na fase inicial do estudo possui a finalidade de buscar mais informações sobre determinado assunto, a fim de delimitação e definição do tema de pesquisa para orientação de enfoque sobre o assunto. A pesquisa exploratória possui planejamento flexível, o que segundo os autores, possibilita a abordagem do tema através de diversos ângulos e aspectos. De maneira geral, esta forma de pesquisa envolve levantamento bibliográfico, entrevista com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e uma análise de exemplos que estimulem a compreensão do problema levantado.

Em geral, a pesquisa exploratória assume, quanto aos procedimentos técnicos e estratégia de pesquisa a forma de estudos de caso (PRODANOV; FREITAS, 2013; YIN, 2005). O estudo de caso como estratégia de pesquisa através de uma investigação empírica, investiga um fenômeno contemporâneo, em um contexto aplicado a vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos. Os estudos de caso, também, podem ser utilizados quando a temática investigada possui inúmeras variáveis, mas enfrenta apenas uma situação para a produção de resultados, beneficiando-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para a condução da coleta e análise de dados (YIN, 2005).

Como registrado porProdanov e Freitas (2013) a pesquisa exploratória pode se desenvolver através de estudos de casos investigados por entrevistas direcionadas aos envolvidos com a temática pesquisada. Desta forma o trabalho em questão se desenvolveu através da coleta de informações com questionários direcionados a profissionais da área da construção civil que tem trabalhado com projetos do PMCMV, com intuito de verificar como os mesmos têm considerado os conceitos de adaptabilidade na produção dos projetos (ver Apêndice 1). Além disso,

Referências

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