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Lesão ocular em epidermodisplasia verruciforme

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Academic year: 2021

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SHORT REPORT

Lesão ocular em epidermodisplasia verruciforme

Ocular lesion

zn

epidermodysplasia verruciformis

José Beniz 1•1

Marise A. R. Moreira 121 Luiz Carlos A.

e.

Gonçalves 131

Doutor em Oftalmologia. Chefe dos Serviços de Córnea e Uveítes do Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos, Goiânia.

12 1 Professora Adjunta. Doutora do Departamento de Patologia da UFGo. Chefe do Serviço de Patologia do Laboratório Atalaia, Goiânia.

Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universi­ dade Federal de Goiás, Goiânia.

Endereço para correspondência: Dr. José Beniz Av. T2 n" 40 1 Setor Bueno 742 1 00 1 O Goiânia -Goiás

308

RESUMO

Os autores descrevem um caso de epidermodisplasia verruciforme com acometimento ocular. A tumoração corneana existente foi ressecada. Não houve recidivas mesmo três anos após a intervenção. Estudo histopatológico é apresentado. Ao que sabemos, trata-se do primeiro caso onde é descrita a associação entre tal displasia e carcinoma espinocelular córneo-conjuntiva! "in situ".

Palavras-chave: Tumores oculares; Epidermodisplasia verruciforme

INTRODUÇÃO

Epidermodisplasia verruciforme é uma dermatose rara que atinge princi­ palmente áreas de pele expostas à luz. As lesões cutâneas contém tipos espe­ cíficos de Papilomavírus Humano

Fig . 1 - Lesões dermatológicas das mãos

(HPV) 1 • 2, 3. A doença tem um curso normalmente benigno. Em alguns ca­ sos porém , ocorre o aparecimento de verrugas com características histopa­ tológicas de malignidade 1 •

O aparecimento de alterações ocu­ lares é raro. O objetivo deste trabalho é

A R n RR A <: nJOT A 1 ,;(\('\\ \ 111'1\-1(\/ 1 (\(\7

http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19970066

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Lesão ocular em epidermodisplasia verruciforme

Fig. 2 - Fotografia biomicroscópia da lesão ocular

Fig. 3 - Histopatológico da lesão ocular. Observa-se perda da maturação celular, com núcleos cariomegálicos (400 X).

mostrar o comprometimento do globo ocular em uma paciente com epider­ modisplasia verruciforme.

DESCRIÇÃO DO CASO

Paciente de 45 anos, feminina, par­ da, com história de tumoração no 00 há dois anos. Tinha diagnóstico histo-3 1 0

patológico prévio de epidermodis­ plasia verruciforme em lesões derma­ tológicas verrucosas das mãos e dos pés, cujo aparecimento se deu na ado­ lescência (fig. l ) . Com o objetivo de correlacionar as lesões da pele e do olho, nova biópsia cutânea foi realiza­ da à época do diagnóstico ocular, con­ firmando os achados prévios.

Ao exame ocular apresentava

acui-dade visual de 20/800 no 00 e 20/20 no OE. À biomicroscopia havia no 00 uma lesão elevada, esbranquiçada, de superfície i rregular, com neovasos, ocupando 3/.i da córnea, temporalmen­ te, onde ela se interligava à conjuntiva (fig.2). OE normal . A fundoscopia de AO não mostrava alterações.

Foi feita remoção cirúrgica da lesão através de dissecção epitelial da córnea e conjuntiva afetadas. O estroma cor­ neano profundo foi preservado. O exa­ me microscópico da lesão demonstrou carcinoma espinocelular "in situ" do epitélio corneano, com margens de res­ secção livres (fig.3).

O pós-operatório transcorreu sem complicações, com cicatrização de toda a área cruenta. Decorridos três anos a paci­ ente não apresentou quaisquer sinais de recidiva da lesão ocular. Sua acuidade visual coITigida no 00 é de 20/25.

DISCUSSÃO

Epidermodisplasia verruciforme é uma doença rara, algumas vezes de origem familiar, caracterizada pela in­ fecção da pele por diversos tipos de papilomavírus humano (HPV). Altera­ ções da imunidade celular também po­ dem ser observadas . O início do quadro clínico da epidermodisplasia verruci­ forme se dá na infância, quando sur­ gem erupções acometendo primaria­ mente áreas expostas ao sol ( dorso de mãos e pés). As lesões podem ser ca­ racterizadas como verrugas planas .

A associação a agentes virais pro­ move a malignização das lesões em tor­ no de 34% dos pacientes acompanhados

1 • Usualmente ocorrem carcinomas "in situ" com aspecto bowenóide, mas car­ cinomas espinocelulares e basocelu­ lares são raros. Alguns autores descre­ vem também lesões uretrais e gengivais associadas às lesões principais.

Em nossa paciente as verrugas eram caracterizadas, histologicamen­ te, por acentuada hiperqueratose, com hipergranulose, papilomatose discreta e escassas células com vacuolização ARQ. BRAS. OFTAL. 60(3), JUNHO/\ 997

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perinuclear. Não havia lesões cutâneas malignizadas. O epitélio corneano exi­ bia perda total da citomaturação, com núcleos acentuadamente cariomegáli­ cos e a membrana basal estava íntegra, caracterizando assim um carcinoma espinocelular "in situ". Foi realizada pesquisa dos vírus HPV ( 6, 1 8, 3 1 , 33 e 5 1 ) por imunoperoxidase e hibridi­ zação "in situ" que resultou negativa.

Algumas alterações oftalmológicas estão associadas a epidermodisplasia verruciforme. Entre elas são relatadas catarata juvenil 45 e estrabismo 6Até

onde se sabe não há, na literatura, ou­ tro caso semelhante ao aqui descrito, associando a displasia da pele ao carci­ noma espinocelular conj untivo-cor­ neano "in situ".

Lesão ocular em epidermodisplasia verruciforme

SUMMARY The authors describe one case of epidermodysplasia verruciformis with ocular involvement. The corneal lesion was excised. No recurrences were noticed three years after surgery.

Histopathologic study is presented. To our knowledge, this is the first description of the association between such dysplasia and ocular squamous cell carcinoma "in situ " REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Atualidades em Oftalmologia 1 997

Clínico Of tolmológico FMUSP

3 1 2

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