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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO PARANÁ

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As políticas educacionais que marcaram a década de 1990, em nosso país, não favoreceram a formação dos trabalhadores que freqüentavam a escola pública em sua perspectiva de formação integral, na qual a profissionalização estaria presente.

A Lei nº 9.394/96 estabeleceu uma nova configuração para a Educação Profissional regulamentada pelo Decreto nº 2.208/97.. Uma das decorrências das mudanças na legislação foi à implantação de cursos modulares na forma de organização curricular seqüencial ou concomitante (Art. 5º, Caput). Esse decreto trouxe como conseqüência o desmonte da oferta pública e conseqüente expansão da oferta privada da Educação Profissional de nível médio.

Com a revogação do Decreto Federal nº 2.208/97 e a promulgação do Decreto nº 5.154/04, o qual possibilitou a organização curricular integrada entre Educação Profissional e educação geral no âmbito do Ensino Médio, inicia-se no Paraná o processo de retomada da oferta pública e gratuita da formação para o trabalho, e assume-se a concepção de ensino e currículo em que a articulação trabalho, cultura, ciência e tecnologia constituem os fundamentos sobre os quais os conhecimentos escolares devem ser assegurados, na perspectiva da escola unitária e de uma educação tecnológica.

Com o Decreto nº 5.478/05 o Governo Federal, por meio do Ministério de Educação, sob a coordenação da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC dá origem à integração da Educação Profissional técnica ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, que revela a decisão governamental em atender à demanda de jovens e adultos pela oferta de Educação Profissional técnica de nível médio, que contemple a elevação da escolaridade com a profissionalização para um grande contingente de cidadãos cerceados do direito de concluir a educação básica e de ter acesso a uma formação profissional de qualidade, caracterizando-se portanto, para além de um programa, institucionalizando uma política pública.

A concepção dessa política é fundamentada nos eixos norteadores da Educação Profissional atualmente vigentes no âmbito da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC a saber: a expansão da oferta pública da

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educação; o desenvolvimento de estratégias de financiamento público que permitam a obtenção de recursos para atendimento de qualidade; a oferta de Educação Profissional dentro da concepção de formação integral do cidadão e o papel estratégico da Educação Profissional nas políticas de integração social, conforme o Documento Base do PROEJA (BRASIL, 2005).

O Estado do Paraná assume essa política a ser implantada na rede estadual de educação, a partir de 2008, pelo Departamento de Educação e Trabalho em conjunto com os Departamentos de Diversidade e de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação com o compromisso de oferecer uma Educação Profissional que toma o trabalho como princípio educativo, princípio este que considera o homem em sua totalidade histórica levando em conta as diferentes contradições que o processo produtivo contemporâneo traz para a formação humana.

Assim, a integração que se busca é aquela que valoriza os saberes da formação geral e profissional e também do cotidiano, promovendo a ruptura com a visão hierárquica e dogmática do conhecimento.

Este documento pretende explicitar a política da Educação Profissional integrada a Educação de Jovens e Adultos que será implantada pela Secretaria de Estado da Educação, bem como, orientar a elaboração dos planos curriculares dos cursos a serem ofertados nos estabelecimentos de ensino da rede estadual de educação.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO PARANÁ

A Educação Profissional, ao longo da história do país, passou por significativas transformações, no entanto, sempre esteve voltada para o mercado de trabalho e ao desenvolvimento de capacidades específicas vinculadas a uma determinada tarefa ou posto de trabalho.

Desde a criação de Escolas de Aprendizagem Artífices nas capitais dos Estados, em 1909, o objetivo era a formação de mão-de-obra especializada para atender ao crescente desenvolvimento industrial do país. Eram escolas destinadas principalmente aos menores provenientes de classes proletárias.

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A criação de escola, para a formação de operários, decorre da ação e pensamento europeus remanescentes do século XIX. Segundo eles a sociedade se constituía de duas classes sociais opostas: burgueses e trabalhadores que possuíam papéis diferentes e para os quais a escola deveria ser organizada de maneira particular.

A formação profissional se constituía unicamente na transferência da técnica dos artesãos, os quais realizavam praticamente todas as tarefas, sem utilizar recursos tecnológicos ou os conhecimentos formais como a matemática, línguas ou qualquer outro.

A demanda por operários mais qualificados do ponto de vista de recursos técnicos surge no final do século XIX e início do século XX, cenário em que foram criadas as escolas de artes e ofícios, nas quais, permanecia ainda o modelo de transferência de técnica do artesão para o aprendiz, com a introdução de alguns recursos tecnológicos e uma pequena parcela de conhecimento formalizado.

No ano de 1971, com a Lei Federal nº 5.692 e sob a justificativa de carência de técnicos de nível médio, instituiu-se a profissionalização compulsória em todos os cursos de segundo grau. Com essa Lei instituiu-se o ensino profissionalizante onde se priorizava a técnica, o fazer prático desvinculado do saber teórico, o que caracterizou o chamado tecnicismo. Em 1982, a Lei teve esses dispositivos de compulsoriedade revogados passando a ser opção da escola e do aluno.

A partir da segunda metade dos anos 90, com a Lei nº 9.394/96 e Decreto nº 2.208/97, ocorreram mudanças com repercussões significativas na Educação Profissional.

Empreenderam-se, a partir desta nova configuração, a implantação de cursos modulares, na forma de organização curricular seqüencial ou concomitante e estabeleceu-se, ainda, a educação superior correspondente a cursos na área tecnológica, destinados a egressos do Ensino Médio e técnico.

Com essa reforma ocorreu a separação das duas redes de ensino, uma destinada à formação acadêmica, e outra, à formação profissional, que ganhou um capítulo específico na LDB. Os frágeis mecanismos de articulação previstos reforçaram a dicotomia histórica que tem marcado o Ensino Médio: de um lado, a

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educação voltada para a formação das elites e, de outro, aquela voltada aos que ingressam precocemente no mundo do trabalho.

No contexto da reforma, na rede estadual de educação do Paraná, a política foi a da desativação dos 1080 cursos profissionalizantes existentes até 1996, e a implantação do Programa Expansão, Melhoria e Inovação do Ensino Médio - PROEM, que, como conseqüência, de longo e médio prazo, remeteu à iniciativa privada a formação profissional técnica de nível médio, inclusive com a utilização dos espaços das próprias escolas públicas. Esse Programa representou um “verdadeiro laboratório para criação e experimentação de alternativas para o Ensino Técnico” por sua concordância com as orientações dos organismos internacionais (FERRETTI, 1997).

Resultante da aplicação dos programas anteriormente citados, tanto no âmbito federal (PROEP/MEC) quanto no estadual (PROEM/SEED), em 2003 o Paraná apresentava um quadro precário de oferta da Educação Profissional, sob o ponto de vista quantitativo, representado pelos dados que apontavam um total de 13.429 alunos matriculados até 2002.

As primeiras iniciativas de execução da política para a Educação Profissional assumidas pela gestão 2003/2006, retomaram a oferta da Educação Profissional, instituindo o Departamento de Educação Profissional e encerrando as atividades da Agência para o Desenvolvimento da Educação Profissional – PARANATEC, que até 2002 gerenciava as atividades relativas à oferta da Educação Profissional no Estado, instituída como resultado da implementação do PROEM.

Em 2003, a realidade apresentada nos estabelecimentos da rede estadual era um número reduzido de cursos da área agropecuária (13) e os de formação de professores (14), seguidos pelos cursos da área industrial (04), ofertados nos chamados Centros Estaduais de Educação Profissional – CEEP - e ainda os cursos da área de serviços (20) distribuídos em estabelecimentos localizados em regiões diferenciadasdo Estado.

Os cursos da área agropecuária e de formação de professores mantiveram-se em atividade pela persistência de mantiveram-seus diretores, docentes, técnicos e funcionários, os quais não aderiram ao PROEM, o que significou não receberem apoio financeiro para melhoria dos estabelecimentos de ensino.

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A promulgação do Decreto nº 5.154/04 veio consolidar o que já estava sendo discutido no Paraná, em 2003 e implantado a partir de fevereiro de 2004, pois o entendimento que se teve foi o de que a LDB como Lei maior não impedia a integração, portanto, o direito veio reforçar a realização de propostas curriculares considerando a necessária articulação entre as diferentes dimensões do trabalho de formação profissional do cidadão/educando, para a oferta pública da Educação Profissional técnica de nível médio. A proposta contida no Documento Fundamentos Políticos e Pedagógicos da Educação Profissional do Paraná (Paraná, 2005) toma o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia, como princípios fundantes da organização curricular integrada ao Ensino Médio.

A decisão de implantar os cursos técnicos, com organização curricular integrada ao Ensino Médio, já a partir de 2004, foi resultado do acompanhamento do processo de discussão que originou a revogação do Decreto nº 2.208/97. O Decreto nº 5.154/04, quando promulgado, conferiu a necessária legalidade à política curricular implantada na Rede Estadual de Educação Profissional de nível técnico.

Nesta concepção, as diretrizes que apoiam a política de retomada da oferta da Educação Profissional, consideram em suas linhas de ação a expansão e reestruturação curricular, a instituição de quadro próprio de professores para essa modalidade, a formação continuada do seu quadro docente e técnico, a melhoria da estrutura física e material dos estabelecimentos e a sua manutenção sem a cobrança de taxas de qualquer natureza. O apoio ao desenvolvimento das atividades pedagógicas de currículo e ensino destaca-se como estratégia indispensável para a melhoria da formação dos alunos na concepção assumida, conforme expresso em Frigoto et al. (2005).

... a Secretaria de Educação do Paraná possivelmente seja aquela que enfrentou o desafio de construir o ensino médio integrado em escolas de sua rede, por meio de um processo sistemático de elaboração coletiva de princípios e diretrizes ético-políticas e pedagógicas sólidas, garantindo, simultaneamente, as condições objetivas necessárias para sua realização. Entre estas estão os concursos públicos para a ampliação do quadro docente permanente e a melhoria da infra-estrutura física e didática. Apesar do convênio assinado com o MEC, essas medidas têm sido sustentadas exclusivamente por recursos do orçamento estadual.

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Desse modo, a SEED, através do Departamento de Educação Profissional, assumiu o compromisso com uma política de Educação Profissional que tem o trabalho como princípio educativo, princípio este que considera o homem em sua totalidade histórica, e a articulação entre trabalho manual e intelectual a partir do processo produtivo com todas as contradições daí decorrentes para os processos de formação humana.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PARANÁ

A Educação de Jovens e Adultos, historicamente, é marcada pela descontinuidade e por políticas públicas insuficientes para dar conta da demanda crescente de pessoas que procuram essa modalidade de ensino. Essas políticas, muitas vezes, são resultantes de iniciativas individuais ou de grupos isolados, voltados especialmente para o âmbito da alfabetização que se somam às iniciativas do Estado.

Dados do final do século XIX e início do século XX, afirmam que num contexto de desenvolvimento urbano industrial e de forte influência européia, são aprovados projetos de Lei que enfatizam a obrigatoriedade da educação de adultos, porém, esses projetos contra o analfabetismo estavam ligados a objetivos de aumentar o contingente eleitoral e se limitavam apenas a oferta do ensino primário.

Por volta dos anos 60, a oferta estende-se ao ginasial, no entanto a insuficiente expansão do ensino continua a ampliar os índices dos não-alfabetizados no País. Momento em que se constata a emergência de uma nova perspectiva na educação brasileira, são trazidas idéias e experiências desenvolvidas por Paulo Freire, que idealiza e vivencia uma pedagogia voltada para as demandas e necessidades das camadas populares, na qual se soma a efervescência de movimentos sociais, políticos e culturais.

Tais experiências passam a questionar a ordem capitalista do País, fomentando a articulação das organizações e movimentos sociais em torno das reformas de base. Contudo, o golpe militar de 1964 suprimiu a realização de muitas dessas experiências, nessa perspectiva, instituiu-se o MOBRAL, que

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embora tenha provocado entusiasmo popular não foi suficiente para atender a demanda de adultos que necessitavam de escolarização por não considerar em sua proposta a intensa migração rural-urbana.

Em 1971, a Lei nº 5692 atribui um capítulo para o ensino supletivo, todavia este ensino não recebe tratamento que contemple as suas especificidades, dificultando a sua validade de forma efetiva. Somente a partir dos anos 90, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, a Educação de Jovens e Adultos é considerada uma modalidade específica da Educação Básica, nas etapas de ensino fundamental e médio; incorporando uma concepção de formação mais ampla, abrindo perspectiva de desenvolvimento na pluralidade de vivência humana. O educando da EJA passa a ser visto como sujeito na construção do conhecimento, mediante a compreensão dos processos de trabalho, de criação, de produção e de cultura.

Após a V Conferência Internacional de Educação de Adultos realizada em Hamburgo, na Alemanha, inicia-se um crescente movimento que culminou nos Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos - ENEJAS. O Paraná, em sintonia com esse movimento intensifica as articulações com instituições governamentais, não-governamentais, empresariais, acadêmicas, através de reuniões plenárias, fóruns e encontros que se realizam em diferentes regiões do Estado, que vêm qualificando as proposições, experiências e avaliações que somam esforços para a promoção e ampliação do direito dessa parcela da população à educação básica.

Em 2000, foram promulgadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, que explicita as especificidades dessa demanda. Nesse mesmo período, a modalidade é incluída no Plano Nacional de Educação, reconhecendo-se suas necessidades em relação à formação continuada do seu corpo docente, à produção de material didático e às técnicas pedagógicas adequadas.

Portanto, é muito recente a conquista e definição desta modalidade de ensino, enquanto política pública nacional de acesso e continuidade à escolarização do adulto, reconhecidos no âmbito da Constituição Federal.

No Paraná, em 2003, houve a necessidade de se explicitar uma política que levasse em conta o perfil do público dessa modalidade de ensino. Assim, o Departamento de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado da

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Educação organizou uma ampla discussão que culminou com a Elaboração das Diretrizes Curriculares Estaduais da EJA e do Documento Orientador para a Elaboração da Proposta Pedagógico-Curricular.

Em 2006, após a redefinição da Proposta Pedagógico-Curricular, os cursos passam a contemplar 100% da carga horária de cada disciplina. É importante ressaltar que os conteúdos propostos para a modalidade EJA são os mesmos do Ensino Regular, pois o tempo diferenciado entre as duas formas de ensino não significa tratar o conteúdo de forma precarizada ou aligeirada, mas abordá-lo integralmente, pautando-se no princípio de uma educação que valoriza a diversidade e reconhece as diferenças. Assim, o encaminhamento metodológico e a avaliação, enquanto partes integrantes da práxis pedagógica estão voltados para atender as necessidades dos educandos, considerando seu perfil e sua função social, compromisso na formação da cidadania, na apropriação do conhecimento, no desenvolvimento da reflexão crítica, na construção da autonomia, entre outros. Desta forma, o conjunto de conhecimentos e experiências adquiridos pelos educandos, em outras instâncias sociais, deve ser considerado na elaboração do currículo escolar, configurando-se numa forma metodológica diferenciada no processo de ensino e de aprendizagem.

A Educação de Jovens e Adultos, na rede estadual de educação, define-se pela oferta de educação básica pública, gratuita e de qualidade a jovens, adultos e idosos, caracterizados como sujeitos de conhecimento e aprendizagem, com sua história e condição socioeconômica, sua posição nas relações de poder, sua diversidade étnico-racial, territorial, cultural, de necessidades especiais. Ou seja, um público constituído por uma grande diversidade de origens, como por exemplo, comunidades indígenas e quilombolas, população ribeirinha e do campo, integrantes de movimentos sociais, indivíduos privados de liberdade, dentre outros.

A integração entre o ensino médio e educação profissional para o público da EJA possibilita o acesso à educação formal e profissional, na perspectiva de uma formação integral ao mesmo tempo da escolarização e profissionalização.

Deve-se considerar que a escolarização, muitas vezes, é o primeiro passo para a inclusão do educando no mundo do trabalho, bem como, o acesso às demais oportunidades.

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O número de educandos matriculados no ensino fundamental em 2007 foi de 21.245 e no ensino médio 18.351. Os números referentes aos matriculados no Ensino Fundamental podem ser considerados como um dos indicadores de demanda para turmas da Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos em 2008.

Neste sentido, a EJA é um momento de reflexão sobre o conceito de educação básica que preside a organização da educação nacional em suas etapas. As necessidades contemporâneas se alargaram exigindo mais e mais educação, por isso, mais do que o ensino fundamental, as pessoas buscam a educação básica como um todo.

Assim, a Educação Profissional integrada a Educação de Jovens e Adultos, na perspectiva de formação humana, com acesso ao universo de saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente pela humanidade, possibilitará uma nova forma de atendimento, onde o educando possa compreender o mundo compreender-se no mundo e nele atuar na busca de melhoria das próprias condições de vida.

3 POLÍTICA PÚBLICA DE INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Frente ao processo de crescente exclusão social, desemprego, desassalariamento, baixa escolaridade, qualificação insuficiente dos trabalhadores, concentração da riqueza, reestruturação produtiva, incorporação das tecnologias de informação e comunicação no processo produtivo, as mudanças e as transformações só serão significativas se forem, efetivamente, estruturais e profundas.

Assim, o Governo Federal instituiu o Programa de Educação Profissional Integrado à Educação de Jovens e Adultos – PROEJA para ser ofertado de forma pública, gratuita, atendendo às necessidades dos jovens e adultos excluídos do sistema educacional ou que a ele não tiveram acesso, e portanto, precisam de uma escola que tenha o trabalho na perspectiva da formação emancipatória dos sujeitos envolvidos.

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Nesse contexto, a formação profissional é uma necessidade permanente, tanto pelas condições objetivas de milhões de jovens e adultos que a buscam e dela necessitam, uma vez que já estão inseridos no mundo do trabalho, formal ou informal, quanto pelas exigências econômicas e pela mudança na forma de organização do processo produtivo.

A perspectiva de integração tem como horizonte a universalização da educação básica, aliada à formação para o mundo do trabalho, com atendimento específico a jovens e adultos com trajetórias escolares descontínuas, o que aponta para além de um programa, ou seja, para uma política pública de integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

Os princípios que consolidam os fundamentos dessa política nacional, foram definidos a partir de teorias de educação em geral e de estudos específicos do campo da EJA e da Educação Profissional.

O primeiro princípio remete ao compromisso com a inclusão da população nas ofertas educacionais e precisa ser compreendido não apenas pelo acesso dos ausentes do direito à escola, mas questionando também as formas como essa inclusão tem sido feita, muitas vezes promovendo e produzindo exclusões dentro do sistema, quando não assegura a permanência e o sucesso dos alunos nas unidades escolares.

O segundo princípio consiste na inserção da modalidade EJA integrada à Educação Profissional nos sistemas educacionais públicos.

A ampliação do direito à educação básica, pela universalização do Ensino Médio constitui o terceiro princípio, face à compreensão de que a formação humana não se faz em tempos curtos, exigindo períodos mais alongados, que consolidem saberes.

O quarto princípio compreende o trabalho como princípio educativo. A vinculação da escola média com a perspectiva do trabalho não se pauta pela relação com a ocupação profissional diretamente, mas pelo entendimento de que homens e mulheres produzem sua condição humana pelo trabalho — ação transformadora no mundo, de si, para si e para outrem.

O quinto princípio define a pesquisa como fundamento da formação do sujeito contemplado nessa política, por compreendê-la como modo de produzir

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conhecimentos e fazer avançar a compreensão da realidade, além de contribuir para a construção da autonomia intelectual desses sujeitos/educandos.

O sexto princípio considera as condições geracionais, de gênero, de relações étnico-raciais como fundantes da formação humana e dos modos como se produzem as identidades sociais.

A partir desses princípios, que são de uma política nacional conduzida pelo MEC, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná assume e aponta princípios que sejam significativos para a elaboração de uma proposta que leve em conta as questões do nosso Estado.

Entende-se então, que o grande desafio dessa política é a construção de uma identidade própria para novos espaços educativos em função das especificidades dos sujeitos da EJA (jovens, adultos, terceira idade, trabalhadores, população do campo, mulheres, negros, portadores de necessidades especiais, dentre outros).

4 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Os princípios dessa política no Paraná foram definidos a partir dos princípios estabelecidos tanto para a Educação Profissional quanto para a Educação de Jovens e Adultos e os que orientam essa política em nível nacional, na perspectiva da educação integrada, os quais consideram: a educação como direito do cidadão, a universalização do ensino, a escola pública gratuita e de qualidade para todos, à diversidade cultural de experiências e vivências de cada sujeito e a organização coletiva do trabalho escolar.

A materialização desses princípios está centralizada no conjunto de ações que tem como eixo fundante o currículo escolar, a pesquisa, a inovação tecnológica, a otimização do espaço e do tempo escolar e, principalmente, a valorização dos profissionais da educação no que se refere à formação continuada, a saber:

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a) o trabalho como princípio educativo, pelo entendimento de que homens e mulheres produzem sua condição humana pelo trabalho — ação transformadora no mundo, de si, para si e para outrem.

b) o desenvolvimento da pessoa humana na integralidade, não podendo ficar restrito às funções ocupacionais do trabalho, ela se dá por meio das relações das capacidades cognitivas, comportamentais e psicomotoras que se desenvolvem através das dimensões pedagógicas, sociais e produtivas, com a finalidade de produzir as condições necessárias à existência;

c) a articulação de conhecimentos que permitam a participação no trabalho e nas relações sociais, privilegiando conteúdos demandados pelo exercício da ética e da cidadania, os quais se situam nos campos da economia, da política, da história, da filosofia e outros;

d) a construção coletiva da proposta pedagógica com a participação dos professores, equipes pedagógicas, especialistas da área pedagógica e profissional, dentre outros;

e) a integração dos conhecimentos do Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos com a formação profissional a partir do trabalho e da prática social, contemplando as diversas áreas que contribuem para a formação integral do cidadão e asseguram a possibilidade de continuidade dos estudos;

f) a articulação de conteúdo e método adequados ao público jovem e adulto, respeitando os saberes já adquiridos, de modo a contemplar o conhecimento a ser apropriado e construído;

g) a formação do aluno para a efetiva participação nas decisões relativas a processos e produtos e para a atuação nos espaços políticos, articulando conhecimentos e formas de gestão e organização do trabalho;

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h) a qualificação social compreendida como educação continuada, deverá ocorrer no âmbito das concepções de trabalhador coletivo com condições de interferir no meio em que vive;

i) a articulação dos conhecimentos oriundos da prática vivenciada com os conhecimentos científicos, relacionando o trabalho, cultura, ciência e tecnologia e o tempo nos processos de construção e difusão do conhecimento.

A formação aqui pensada contribui para a integração social do educando, o que compreende o mundo do trabalho sem resumir-se a ele, assim como compreende a continuidade dos estudos. Essa oferta visa a formação de cidadãos-profissionais com entendimento da realidade social, econômica, política e cultural do mundo do trabalho, para nele inserir-se e atuar de forma ética visando à transformação da sociedade em função dos interesses sociais e coletivos.

5 PERSPECTIVAS DE INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PARANÁ

As exigências atuais do mundo do trabalho demandam um crescente domínio das ciências, incorporadas como força produtiva, passando, portanto, a exigir do trabalhador cada vez maior apropriação de conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos.

Contudo, as formas de qualificação exigidas para além do modo de produção capitalista só podem ocorrer a partir de uma sólida educação básica, complementada por processos educativos que integrem os conhecimentos ao longo de todo o processo formativo.

Com a Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos busca-se a reinserção de jovens e adultos excluídos do sistema escolar, possibilitando-lhes acesso à educação e a formação profissional na perspectiva da integralidade.

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Portanto, é fundamental que uma política pública estável voltada para a Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos seja pautada numa proposta que considere:

1) a integração entre conhecimentos da formação geral em nível médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos e da formação para o trabalho 2) o diálogo entre a educação básica, os conhecimentos tácitos dos

trabalhadores e da educação superior, como forma de assegurar por meio de uma sólida formação em nível médio, a possibilidade de continuidade dos estudos;

3) o trabalho, a cultura, o tempo, a ciência e tecnologia como eixos integradores da proposta curricular.

Os eixos trabalho, cultura, tempo, ciência e tecnologia deverão articular toda a ação pedagógico-curricular nas escolas. Tais eixos foram definidos tendo-se em vista a concepção de currículo da Educação Profissional Integrada à Educação de Jovens e Adultos, na qual o sistema educacional proporcione condições para que todos os cidadãos, independente de sua origem socioeconômica, tenham acesso e êxito numa escolarização unitária.

A ênfase no trabalho não deve ser reduzida à preocupação em preparar o trabalhador para atender as demandas do industrialismo e do mercado de trabalho, nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às transformações técnicas (ARROYO, 2001). Os vínculos entre educação, escola e trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla, tendo em vista a constituição histórica do ser humano, de sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação. O trabalho compreende, assim, uma forma de produção da vida material a partir do qual se produzem distintos sistemas de significação.

A cultura abarca toda a produção humana, incluindo o trabalho e todas as relações que ele perpassa. A cultura compreende toda forma de produção da vida material e imaterial e compõe um sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade social. Por ser produto da atividade humana, não se pode ignorar sua dimensão histórica. No terreno da formação humana, a cultura é o elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade e é, também, o intermediário entre a sociedade e a formação do indivíduo. (ADORNO, 1996).

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Partindo do princípio que cultura e conhecimento são produzidos nas e pelas relações sociais, o currículo não pode ser pensado fora dessas relações, uma vez que, tal como a cultura, é compreendido como prática de significação, e assim sendo, vincula-se à prática produtiva, às relações sociais e de poder, enfim a uma prática que produz identidades sociais.

O tempo é um dos aspectos da cultura escolar e, portanto, faz parte da ação pedagógica, uma vez que regula e disciplina educandos e educadores de formas diferenciadas entre escolas e sistemas educacionais.

A organização do tempo escolar na Educação Profissional Integrado à Educação de Jovens e Adultos compreenderá três dimensões: o tempo físico, o tempo vivido e o tempo pedagógico. O primeiro está relacionado ao calendário escolar organizado em dias letivos, horas/aula, bimestres que organizam e controlam o tempo da ação pedagógica considerando a jornada diária do trabalhador. O segundo, diz respeito, ao tempo vivido pelo professor nas suas experiências pedagógicas, nos cursos de formação, na ação docente propriamente dita, bem como o tempo vivido pelos educandos nas experiências sociais e escolares. O último compreende o tempo que a organização escolar disponibiliza para a escolarização e socialização do conhecimento, e ainda, o tempo de que o aluno dispõe para se dedicar aos afazeres internos e externos exigidos pelo processo educativo.

A relação entre ciência e tecnologia é interpretada de diferentes modos, Bacon (1561-1626) incorporou essas interpretações propondo que as aplicações tecnológicas são o objetivo fundamental da pesquisa científica, de modo que a utilidade ou aplicabilidade tecnológica seriam o critério decisivo de realização do conhecimento científico.

Do ponto de vista da educação profissional, a ciência e a tecnologia se resumem à acumulação pura e simples de conhecimentos científico-tecnológicos. A tecnologia implica na união entre escola e trabalho ou, mais especificamente, entre instrução intelectual e trabalho produtivo.

Dessa forma, os eixos articuladores deverão permear todo o trabalho educativo tanto para organização do currículo da Educação Profissional Integrada à Educação de Jovens e Adultos, quanto para o planejamento do professor.

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6 FUNDAMENTOS POLÍTICO-PEDAGÓGICOS DO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Tomar o trabalho como princípio educativo, implica em desenvolver um percurso educativo em que estejam presentes e articuladas as duas dimensões, a teórica e a prática, em todos os momentos, contemplando ao mesmo tempo uma sólida formação científica e tecnológica, ambas sustentadas em um consistente domínio das linguagens e dos conhecimentos sócio-históricos.

Essa política concebe a educação como direito de todos e processo contínuo que se desenvolve ao longo da vida. Dessa forma, é essencial considerar as especificidades da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Profissional, na forma integrada.

O currículo integrado é, portanto, uma possibilidade de inovar pedagogicamente na concepção de Ensino Médio, em resposta aos diferentes sujeitos sociais para os quais se destina, por meio de uma concepção que considera o mundo do trabalho e que leva em conta os mais diversos saberes produzidos em diferentes espaços sociais. Abandona-se a perspectiva estreita de formação para o mercado de trabalho, para assumir a formação integral dos sujeitos, como forma de compreender e se compreender no mundo.

A organização do currículo da Educação Profissional integrada a Educação de Jovens e Adultos deverá contemplar as seguintes dimensões teórico-metodológicas:

a) Tomar o trabalho como princípio educativo, articulando ciência, cultura, tecnologia e sociedade requer, uma sólida formação geral fundamentada nos conhecimentos acumulados pela humanidade e uma organização curricular que promova a apropriação dos saberes científicos e culturais tomando o trabalho como eixo articulador dos conteúdos.

b) A integração de conhecimentos da formação geral e profissional não se resolve através da junção de conteúdos, ela exige outro tratamento a ser dado ao projeto pedagógico, que tome o processo de trabalho e as relações sociais como

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eixo definidor dos conteúdos, além do saberes que compõe as áreas do conhecimento.

c) O tratamento metodológico adequado ao público de jovens e adultos privilegiará a relação teoria/prática e parte/totalidade; para além da simples memorização de passos e procedimentos, que incluem as habilidades de comunicação, a capacidade de buscar informações em fontes e através de meios diferenciados e a possibilidade de trabalhar cientificamente com estas informações para resolver situações problemáticas, criando novas soluções.

Contudo, é na vida real, na atividade prática, que começa a ciência real a prática não fala por si mesma; os fatos práticos ou fenômenos têm que ser identificados, contados, analisados, interpretados, já que a realidade não se deixa revelar através da observação imediata, é preciso ver além da imediaticidade para compreender as relações, as conexões, as estruturas internas, as formas de organização, as relações entre parte e totalidade, as finalidades que não se deixam conhecer no primeiro momento, quando se percebem apenas os fatos superficiais, aparentes, que ainda não se constituem em conhecimento.

d) Os conteúdos da área de comunicação, consideradas todas as suas formas e modalidades, passam a ser estratégicos, para: a avaliação crítica, o trabalho com segurança e confiabilidade, a participação nos processos sociais e produtivos, e a participação política. Incluem-se neste item a língua portuguesa, as línguas estrangeiras, e os meios informatizados de comunicação.

e) Da mesma forma, os conteúdos sobre as determinações sociais, políticas e econômicas que levaram à globalização da economia, à reestruturação produtiva e às novas relações entre Estado e Sociedade, precisam ser apropriados pelos cidadãos trabalhadores, para que desenvolvam sua capacidade de análise das relações sociais e produtivas e das transformações que ocorrem no mundo do trabalho.

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f) Considerando as relações entre ciência, cultura e sociedade, e compreendendo a cultura como um dos solos capazes de enraizar a escola à sua comunidade e área de abrangência, o projeto político pedagógico deverá contemplar os conteúdos culturais que expressam as formas de vida compartilhados por uma comunidade, e os significados produzidos e utilizados socialmente pelos grupos humanos que experienciam tempos e espaços semelhantes.

Estas dimensões teórico-metodológicas partem da opção epistemológica que compreende o processo de produção do conhecimento através da atividade humana.

Pretende-se, assim, produzir um projeto político-pedagógico baseado em princípios, fundamentos, parâmetros e critérios que respeitem a diversidade desses sujeitos e suas experiências.

7 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INTEGRADO

A política de integração da educação profissional ao ensino médio na modalidade EJA, conforme anteriormente afirmado, tem, prioritariamente, a perspectiva de um projeto político-pedagógico integrado.

Contudo, essa integração só será possível a partir de ações conjuntas que levem ao entendimento e clareza de suas bases teóricas e metodológicas por todos os segmentos que compõem a instituição e comunidade escolar. É essencial conhecer os alunos, ouvi-los e considerar suas histórias e seus saberes, bem como suas condições concretas de existência. “Assim, a educação [...] deve compreender que os sujeitos têm história, participam de lutas sociais, têm nome e rostos, gêneros, raças, etnias e gerações diferenciadas. O que significa que a educação precisa levar em conta as pessoas e os conhecimentos que estas possuem” (BRASIL, 2005, p. 17).

Além disso, deve-se considerar que os educandos/trabalhadores possuem tempos de afastamento dos estudos mais ou menos longos o que implica a possibilidade de terem sido submetidos a propostas educacionais de diferentes períodos da história da educação no Brasil, resultando em uma heterogeneidade não só em relação à faixa etária, mas também em relação ao conhecimento. Isso

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implica num fazer pedagógico diferenciado que atenda essas especificidades para que se possa assegurar a permanência dos educandos em sala de aula.

Feitas essas ponderações é necessário dirigir a discussão ao currículo integrado.

Porém, quando se fala em currículo integrado, pergunta-se: qual o sentido de se integrar o currículo? O que, na verdade, se deseja integrar? E como integrá-lo?

Remetemos o termo [integrar] ao seu sentido de completude, de compreensão das partes no seu todo ou da unidade no diverso, de tratar a educação como uma totalidade social, isto é, nas múltiplas mediações históricas que concretizam os processos educativos [...]. Significa que buscamos enfocar o trabalho como princípio educativo, no sentido de superar a dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual, de incorporar a dimensão intelectual ao trabalho produtivo, de formar trabalhadores capazes de atuar como dirigentes e cidadãos. (CIAVATTA, 2005, p. 84).

O que se pretende é uma integração epistemológica de conteúdos, de metodologias e de práticas educativas. Refere-se a uma integração teoria-prática do conhecimento.

Essa política pedagógica a ser implantada no Paraná prevê a carga horária mínima de 2400 horas conforme previsto no Decreto nº 5.840, art. 4º (BRASIL, 2006), tendo como público alvo os jovens e adultos com idade, preferencialmente, igual ou superior a 21 anos, que não tiveram a oportunidade de concluir o Ensino Médio, será ofertada na forma integrada e presencial, podendo haver adequações para atendimento a comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos, movimentos sociais e outros, com especificidades diferenciadas.

A organização curricular é uma construção contínua, processual e coletiva que envolve todos os sujeitos que participam dessa política. O currículo enquanto um processo de seleção e de produção de saberes, de visões de mundo, de habilidades, de valores, de símbolos e significados, enfim, de culturas, deve considerar:

a) a concepção de homem como ser histórico-social que age sobre a natureza para satisfazer suas necessidades e, nessa ação produz conhecimentos como síntese da transformação da natureza e de si próprio (RAMOS, 2005, p. 114);

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b) a perspectiva integrada ou de totalidade a fim de superar a segmentação e desarticulação dos conteúdos;

c) a experiência do aluno na construção do conhecimento; trabalhar os conteúdos estabelecendo conexões com a realidade de educando, tornando-o mais participativo;

d) o resgate da formação, participação, autonomia, criatividade e práticas pedagógicas emergentes dos docentes;

e) a construção dinâmica e com participação de todos os sujeitos envolvidos no processo;

f) A prática de pesquisa.

Independente da forma de organização e das estratégias adotadas para a construção do currículo integrado é imprescindível a clareza no entendimento da proposta por todos os envolvidos.

Essa concepção permite a abordagem de conteúdos e práticas com a utilização de metodologias dinâmicas, que promovam a valorização dos saberes adquiridos em espaços de educação formal e não-formal, além do respeito à diversidade.

Define-se, então, o currículo como um desenho pedagógico e sua correspondente organização institucional à qual articula dinamicamente experiências, trabalho, valores, ensino, prática, teoria, comunidade, concepções e saberes observando as características históricas, econômicas e socioculturais do meio em que o processo se desenvolve.

Para a elaboração coletiva do currículo da Educação Profissional Integrada à Educação de Jovens e Adultos deve-se partir dos seguintes elementos de análise:

1 – Que profissional queremos?

2 – Quais os conhecimentos necessários a sua formação? 3 – Quais os conteúdos e como organizá-los em disciplina? 4 – Qual o tempo necessário?

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Dessa forma, torna-se imperativo o diálogo entre as experiências que estão em andamento, o diagnóstico das realidades e demandas locais e a existência de um planejamento construído e executado de maneira coletiva e democrática. Isso implica a necessidade de encontros pedagógicos periódicos de todos os sujeitos envolvidos no projeto, professores, alunos, gestores, servidores e comunidade.

7 - AVALIAÇÃO

A aprendizagem não ocorre de maneira imediata e instantânea e nem, apenas, pelo domínio de conhecimentos específicos ou informações técnicas; a aprendizagem requer um processo constante de envolvimento e aproximações sucessivas, amplas e integradas, fazendo com que o educando possa, a partir das reflexões sobre suas experiências e percepções iniciais, observar, reelaborar e sistematizar seu conhecimento acerca do objeto em estudo.

A avaliação abrange todos os momentos e recursos que o professor utiliza no processo de ensino-aprendizagem, tendo como objetivo principal o acompanhamento do processo formativo dos educandos, verificando como a proposta pedagógica vai sendo desenvolvida ou se processando, na tentativa da sua melhoria, ao longo do próprio percurso. A avaliação não privilegia a mera polarização entre o ‘aprovado’ e o ‘reprovado’, mas sim a real possibilidade de mover os alunos na busca de novas aprendizagens. Muito embora exista a preocupação com a escolaridade, o processo de ensino-aprendizagem traz no seu bojo a concepção que não separa a avaliação da aprendizagem. São partes constitutivas de um mesmo processo. A avaliação nesse sentido ocorre como parte do processo de produção do conhecimento.

Evidencia-se que a avaliação tem como função priorizar a qualidade e o processo de aprendizagem, isto é, o desempenho do aluno ao longo do período letivo, quer seja bimestral, semestral, modular, entre outros, não se restringindo apenas a uma prova ou trabalho, conforme orienta a LDBEN.

Assume-se, portanto, a concepção de uma avaliação processual e contínua, que busque a construção do conhecimento coerente com a formação

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integral dos sujeitos, por meio de um processo interativo, considerando o aluno como ser criativo, autônomo, participativo e reflexivo, tornando-o capaz de transformações significativas na realidade.

A avaliação pode favorecer ao docente a identificação dos elementos indispensáveis à análise dos diferentes aspectos da aprendizagem do aluno no seu desenvolvimento intelectual, afetivo, social e do planejamento da proposta pedagógica efetivamente realizada. A concepção defendida para essa política exige que a avaliação aconteça de forma contínua e sistemática, mediante interpretações qualitativas dos conhecimentos produzidos e reorganizados pelos alunos. Consideram-se múltiplas dimensões da avaliação:

Diagnóstica: na medida em que caracteriza o desenvolvimento do aluno no processo de ensino-aprendizagem, visualizando avanços e dificuldades e realizando ajustes e tomando decisões necessárias às estratégias de ensino e ao desempenho dos sujeitos do processo;

Processual: quando reconhece que a aprendizagem acontece em diferentes tempos, por processos singulares e particulares de cada sujeito, tem ritmos próprios e lógicas diversas, em função de experiências anteriores mediadas por necessidades múltiplas e por vivências individuais que integram e compõem o repertório a partir do qual realiza novos aprendizados, e ressignifica os antigos;

Formativa: na medida em que o sujeito tem consciência da atividade que desenvolve, dos objetivos da aprendizagem, podendo participar na regulação da atividade de forma consciente, segundo estratégias metacognitivas que precisam ser compreendidas pelos professores. Pode expressar seus erros, como hipóteses de aprendizagem, limitações, expressar o que sabe, o que não sabe e o que precisa saber;

Somativa: expressa o resultado referente ao desempenho do aluno no bimestre/semestre através de menções, relatórios ou notas.

Entende-se que avaliar é reconhecer criticamente a razão da situação em que se encontra o aluno e os obstáculos que o impedem de ser mais. É necessário vencer a ‘prescrição’, a imposição de uma consciência a outra,

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desocultando dos procedimentos avaliativos o que Freire (1996) denomina de ‘consciência hospedeira’ da consciência opressora.

Para uma formação humana, é fundamental que o sujeito reconheça o limite da situação de opressão vivida, do temor de ser mais, para querer ousar ser mais, para que encontre os caminhos de seu progresso, de sua libertação. A percepção da realidade a partir de atos de avaliação acolhedores, processuais, formadores pode contribuir para que os objetivos da ação educativa produzam resultados diferentes.

O que importa é que não se reproduzam, pela avaliação, as exclusões vigentes no sistema, que reforçam fracassos já vivenciados e corroboram a crença internalizada de que não são capazes de aprender, substituindo esse modelo pela ratificação da auto-estima que qualquer processo bem-sucedido pode produzir, reafirmando a disposição da política de cumprir o dever da oferta da educação com qualidade, devida a tantos brasileiros pelo Estado.

9 - ORGANIZAÇÃO DE TURMAS

De acordo com a demanda local e estrutura apresentada, foi deferido pelo Departamento de Educação e Trabalho da SEED a implantação de 76 cursos da Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos em 72 estabelecimentos de ensino já credenciados para ofertar a Educação Profissional. O diagnóstico das demandas partiu de um intenso trabalho realizado com a participação das equipes dos 32 Núcleos Regionais de Educação, diretores, professores, alunos e comunidade.

Serão implantados 12 habilitações técnicas diferentes: Administração, Informática, Secretariado, Enfermagem, Agente Comunitário de Saúde, Segurança do Trabalho, Nutrição, Meio Ambiente, Química, Construção Civil, Eletromecânica e logística.

As vagas para os cursos serão ofertadas levando-se em conta a demanda e a estrutura existente no estabelecimento, considerando-se os seguintes critérios para inscrição e matrícula:

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b) ter idade, preferencialmente, igual ou superior a 21 anos;

c) atender aos critérios de seleção estabelecidos pela SEED referentes a renda familiar, o egresso de escolas públicas e entrevista.

10 FORMAÇÃO PROFISSIONAL CONTINUADA

A formação de professores tem como objetivo a construção de um quadro de referência e a sistematização de concepções e práticas político-pedagógicas e metodológicas que orientem para a docência em educação profissional integrada À educação de jovens e adultos, numa perspectiva unitária onde a formação geral, na modalidade de jovens e adultos, assegure os conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, levando em conta os saberes já adquiridos durante a vivência do educando.

O processo de formação continuada deverá assegurar a elaboração do planejamento das atividades do curso, a avaliação permanente do processo pedagógico e a socialização das experiências vivenciadas pelas turmas.

Dessa forma, deverá dar subsídios ao professor para o trabalho a ser desenvolvido junto aos jovens e adultos egressos de diferentes ofertas educacionais do Ensino Fundamental e, em grande parte, com longo período de afastamento dos seus estudos.

Dentre os grandes desafios para a materialização da proposta curricular da Educação Profissional Integrada à Educação de Jovens e Adultos nas instituições escolares está a formação dos docentes, conforme Moura (2006),

Esse campo específico de conhecimento exige formação específica dos professores que nele vão atuar. Isso não significa que um professor que atue na educação básica ou profissional não possa trabalhar com a modalidade EJA. Na verdade, todos os professores podem e devem atuar na Educação de Jovens e Adultos mas, para isso, precisam mergulhar no universo de questões que compõem a realidade desse público, investigando seus modos de aprender de forma geral, para que possam compreender e favorecer essas lógicas de aprendizagem no ambiente escolar. Oferecer aos professores e aos alunos a possibilidade de compreender e apreender uns com os outros, em fértil atividade cognitiva, afetiva, emocional, muitas vezes no esforço de retorno à escola, e em outros casos, no desafio de vencer estigmas e preconceitos pelos estudos interrompidos e pela idade de retorno, é a perspectiva sensível com que a formação continuada de professores precisa lidar. Dessa forma, é fundamental que preceda à implantação dessa política uma sólida formação continuada dos docentes, por serem estes também sujeitos da Educação de Jovens e Adultos, em processo de aprender por toda a vida.

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A Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica - SETEC/MEC, enquanto gestora nacional da Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos será responsável pelo estabelecimento de programas especiais para a formação de professores e para pesquisa em educação de jovens e adultos, através de:

• oferta de Programas de Especialização em educação de jovens e adultos como modalidade de atendimento no ensino médio integrado à educação profissional;

• articulação institucional com vista à cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) que incidam em áreas afins do PROEJA;

• fomento para linhas de pesquisa em educação de jovens e adultos, ensino médio e educação profissional.

Assim, o programa de formação continuada sob a responsabilidade da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná contemplará encontros pedagógicos, oficinas, oficinas descentralizadas e seminários, buscando a formação de profissionais para atuar na elaboração de metodologias apropriadas e condições necessárias ao desenvolvimento da Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos, considerando as peculiaridades, as circunstâncias particulares e as situações contextuais concretas dessa política.

11 PERFIL DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Tendo como ponto de partida o perfil do educando que ingressará nas turmas Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos, faz-se necessário estabelecer também um perfil para o professor que irá atuar junto a esse público, além de estabelecer um processo diferenciado de seleção.

Portanto, para atuar na Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos é necessário haver uma seleção específica para os professores do quadro próprio do magistério na qual seja considerado a análise do currículo e o interesse do professor em atuar nessa nova política observando-se os seguintes critérios:

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11.1. habilitação específica para atuar na disciplina;

11.2. experiência em Educação de Jovens e Adultos na rede pública; 11.3. experiência em Educação Profissional na rede pública;

11.4. compromisso e seriedade nos trabalhos desenvolvidos anteriormente demonstrados pela ficha funcional.

11.5. aperfeiçoamento constante em sua prática pedagógica.

Dessa forma, pretende-se assegurar uma efetiva atuação e permanência dos professores, bem como a compreensão da concepção teórica que norteia o trabalho a ser desenvolvido junto aos educandos.

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a efetivação dessa política educacional, torna-se necessário o engajamento de todos os envolvidos no processo, a busca do conhecimento necessário para lidar com o novo, bem como a disposição para o aprimoramento constante.

Portanto, para lograr êxito na política defendida ao longo deste trabalho, é imprescindível compreender, dentre outros aspectos, que a Educação Profissional Integrada à Educação de Jovens e Adultos tem um público alvo diferenciado que demanda por um corpo docente teórico-metodológico com identidade própria e diferente daquele que fundamenta as ofertas educacionais destinadas aos adolescentes egressos do Ensino Fundamental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO. Theodor. Teoria da semicultura. Educação e Sociedade. Ano XVII, n.56, dez, 1996. ARROYO, Miguel Gonzales. Trabalho educação e teoria pedagógica. In FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.). Educação e crise no trabalho: perspectivas de final de século. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2001,

BRASIL. Congresso Nacional. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei Federal nº 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº. 11/2001. Diretrizes curriculares para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília: MEC, maio 2000.

BRASIL. Decreto nº 5.478, de 24 de junho de 2005. Institui, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Brasília, 2005.

BRASIL. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências. Brasília, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Decreto nº 5154. Regulamenta o §2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9394. Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Documento base – programa de integração da Educação Profissional técnica de nível médio ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Brasília: SETEC, 2006.

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5692/71. Brasília, 1971.

CIAVATTA, Maria. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória. In: FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria e RAMOS; Marise. Ensino médio integrado: concepções contradições. São Paulo: Cortez, 2005.

FERRETTI, Celso João. Formação profissional e reforma do ensino técnico no Brasil: anos 90. In: Educação e Sociedade, ano XIII, nº 59, agosto 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. A política de educação profissional no Governo Lula: um percurso histórico controvertido. Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, 2005 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000300

17&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 Set 2007.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 1996. FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria, RAMOS, Marise Nogueira. (Orgs.). Ensino Médio integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Fundamentos Políticos e Pedagógicos da Educação Profissional. Curitiba SEED/DET, 2005.

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ANEXO 1

DECRETO Nº 5.840, DE 13 DE JULHO DE 2006.

Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inicso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 35 a 42 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no Decreto no 5.154, de 23 de julho de 2004, no art. 6o, inciso III, da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e no art. 54, inciso XV, da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994,

DECRETA:

Art. 1o Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto.

§ 1o O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional:

I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e II - educação profissional técnica de nível médio.

§ 2o Os cursos e programas do PROEJA deverão considerar as características dos jovens e adultos atendidos, e poderão ser articulados:

I - ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objetivando a elevação do nível de escolaridade do trabalhador, no caso da formação inicial e continuada de trabalhadores, nos termos do art. 3o, § 2o, do Decreto no 5.154, de 23 de julho de 2004; e

II - ao ensino médio, de forma integrada ou concomitante, nos termos do art. 4o, § 1o, incisos I e II, do Decreto no 5.154, de 2004.

§ 3o O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de ensino estaduais e municipais e pelas entidades privadas nacionais de serviço

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social, aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto no § 4o deste artigo.

§ 4o Os cursos e programas do PROEJA deverão ser oferecidos, em qualquer caso, a partir da construção prévia de projeto pedagógico integrado único, inclusive quando envolver articulações interinstitucionais ou intergovernamentais. § 5o Para os fins deste Decreto, a rede de instituições federais de educação profissional compreende a Universidade Federal Tecnológica do Paraná, os Centros Federais de Educação Tecnológica, as Escolas Técnicas Federais, as Escolas Agrotécnicas Federais, as Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e o Colégio Pedro II, sem prejuízo de outras instituições que venham a ser criadas.

Art. 2o As instituições federais de educação profissional deverão implantar cursos e programas regulares do PROEJA até o ano de 2007.

§ 1o As instituições referidas no caput disponibilizarão ao PROEJA, em 2006, no mínimo dez por cento do total das vagas de ingresso da instituição, tomando como referência o quantitativo de matrículas do ano anterior, ampliando essa oferta a partir do ano de 2007.

§ 2o A ampliação da oferta de que trata o § 1o deverá estar incluída no plano de desenvolvimento institucional da instituição federal de ensino.

Art. 3o Os cursos do PROEJA, destinados à formação inicial e continuada de trabalhadores, deverão contar com carga horária mínima de mil e quatrocentas horas, assegurando-se cumulativamente:

I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas para formação geral; e II - a destinação de, no mínimo, duzentas horas para a formação profissional. Art. 4o Os cursos de educação profissional técnica de nível médio do PROEJA deverão contar com carga horária mínima de duas mil e quatrocentas horas, assegurando-se cumulativamente:

I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas para a formação geral;

II - a carga horária mínima estabelecida para a respectiva habilitação profissional técnica; e

III - a observância às diretrizes curriculares nacionais e demais atos normativos do Conselho Nacional de Educação para a educação profissional técnica de nível

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médio, para o ensino fundamental, para o ensino médio e para a educação de jovens e adultos.

Art. 5o As instituições de ensino ofertantes de cursos e programas do PROEJA serão responsáveis pela estruturação dos cursos oferecidos e pela expedição de certificados e diplomas.

Parágrafo único. As áreas profissionais escolhidas para a estruturação dos cursos serão, preferencialmente, as que maior sintonia guardarem com as demandas de nível local e regional, de forma a contribuir com o fortalecimento das estratégias de desenvolvimento socioeconômico e cultural.

Art. 6o O aluno que demonstrar a qualquer tempo aproveitamento no curso de educação profissional técnica de nível médio, no âmbito do PROEJA, fará jus à obtenção do correspondente diploma, com validade nacional, tanto para fins de habilitação na respectiva área profissional, quanto para atestar a conclusão do ensino médio, possibilitando o prosseguimento de estudos em nível superior. Parágrafo único. Todos os cursos e programas do PROEJA devem prever a possibilidade de conclusão, a qualquer tempo, desde que demonstrado aproveitamento e atingidos os objetivos desse nível de ensino, mediante avaliação e reconhecimento por parte da respectiva instituição de ensino.

Art. 7o As instituições ofertantes de cursos e programas do PROEJA poderão aferir e reconhecer, mediante avaliação individual, conhecimentos e habilidades obtidos em processos formativos extra-escolares.

Art. 8o Os diplomas de cursos técnicos de nível médio desenvolvidos no âmbito do PROEJA terão validade nacional, conforme a legislação aplicável.

Art. 9o O acompanhamento e o controle social da implementação nacional do PROEJA será exercido por comitê nacional, com função consultiva.

Parágrafo único. A composição, as atribuições e o regimento do comitê de que trata o caput deste artigo serão definidos conjuntamente pelos Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego.

Art. 10. O § 2o do art. 28 do Decreto no 5.773, de 9 de maio de 2006, passa a vigorar com a seguinte redação:

“§ 2o A criação de cursos de graduação em direito e em medicina, odontologia e psicologia, inclusive em universidades e centros universitários, deverá ser submetida, respectivamente, à

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manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ou do Conselho Nacional de Saúde, previamente à autorização pelo Ministério da Educação.” (NR)

Art. 11. Fica revogado o Decreto no 5.478, de 24 de junho de 2005. Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 13 de julho de 2006; 185o da Independência e 118o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Fernando Haddad

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ANEXO 2

DECRETO Nº 5.154 DE 23 DE JULHO DE 2004.

Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1o A educação profissional, prevista no art. 39 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), observadas as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação, será desenvolvida por meio de cursos e programas de:

I - formação inicial e continuada de trabalhadores; II - educação profissional técnica de nível médio; e

III - educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação. Art. 2º A educação profissional observará as seguintes premissas:

I - organização, por áreas profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica;

II - articulação de esforços das áreas da educação, do trabalho e emprego, e da ciência e tecnologia.

Art. 3º Os cursos e programas de formação inicial e continuada de trabalhadores, referidos no inciso I do art. 1o, incluídos a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização, em todos os níveis de escolaridade, poderão ser ofertados segundo itinerários formativos, objetivando o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social.

§ 1o Para fins do disposto no caput considera-se itinerário formativo o conjunto de etapas que compõem a organização da educação profissional em uma determinada área, possibilitando o aproveitamento contínuo e articulado dos estudos.

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