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A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA PRÁTICA DOCENTE: O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO ESCOLAR

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

DO PSICOPEDAGOGO ESCOLAR

Francinaide Maria de Souto1 - IFPB

Marcley da Luz Marques²- IFPB Maria Aparecida Alves Sobreira Carvalho³- IFPB Eixo – Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

O presente artigo, elaborado a partir de uma revisão de literatura, emergiu da inquietação existente na prática como docente e da certeza de que cada um constrói seus próprios conhecimentos por meio de estímulos, que favorecem o desenvolvimento de habilidades e competências, no ambiente escolar. Nesse contexto, a intervenção psicopedagógica assume na atualidade um amplo leque de tarefas, como: prevenção educativa, orientação dos alunos que apresentam desajustes em seu desenvolvimento ou aprendizagem escolar, assessoramento em aspectos curriculares, orientação profissional entre outros. Esta pesquisa tem justamente o objetivo de fazer uma abordagem sobre a atuação e a importância do psicopedagogo dentro da instituição escolar, uma vez que, a psicopedagogia vem atuando com êxito nas mais variadas instituições, analisando e assinalando os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma aprendizagem significativa e contextualizada. Neste sentido, o trabalho levanta uma discussão sobre a importância da atuação psicopedagógica nas instituições escolares. Para isso, inicialmente realizou-se um resgate da história e o conceito de Psicopedagogia, caracterizando seu objeto de estudo, que é o processo de aprendizagem do sujeito. Além disso, abordou-se a prática da Psicopedagogia Institucional, ressaltando e apresentando aspectos específicos sobre a importância da ação psicopedagógica no contexto escolar, tendo a escola como uma instituição e destacando sua organização e funcionamento numa abordagem sistêmica. Portanto, enfatizou-se a importância e a necessidade da instituição escolar estar aberta ao profissional da psicopedagogia, pois este realiza um trabalho com vista à prevenção das causas das dificuldades de aprendizagem em todos os aspectos, trabalhando o indivíduo no

1 Especialista em Psicopedagogia. Professora da Prefeitura Municipal de Santa Luzia-PB e Pedagoga do

Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa/PB. E-mail: franci_nobrega@hotmail.com.

² Especialista em Libras. Professora de Libras do Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa/PB. E-mail: marcleymarques@gmail.com.

³ Psicóloga, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. Professora do Instituto Federal da Paraíba- Campus Sousa (IFPB-Sousa). E-mail: apsobreira1@hotmail.com.

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local onde ele aprende, analisando e promovendo soluções para as causas da não-aprendizagem.

Palavras-chave: Aprendizagem. Escola. Psicopedagogia. Introdução

A complexidade que envolve a aprendizagem humana requer uma postura de investigação e de integração de vários saberes que dizem respeito às dimensões biopsicossociais e culturais. Aí se encontra a essência da Psicopedagogia enquanto uma área integradora de conhecimentos. Por outro lado, ela se constitui e consolida na medida em que investiga as condições gerais e particulares que levam à aprendizagem e seus distúrbios. Como uma ciência dinâmica, tem como um de seus objetivos centrais a aplicação prática de tais saberes na forma de procedimentos diagnósticos e de intervenção que possam criar condições mais propícias para o aprendizado e o desenvolvimento humanos.

O sistema educacional brasileiro tem passado por diversas transformações no que diz respeito à organização dos tempos e espaços escolares; mudanças estas tem buscado rever o papel da escola enquanto entidade formadora não apenas de trabalhadores para o mercado, mas, sobretudo de cidadãos capazes de sobreviver e atuar no mundo em que vivem. Neste sentido, muito se mudou em relação aos conteúdos, ao modo de ver o aluno, de ver o próprio trabalho docente e o papel da escola.

Apesar do avanço, o insucesso escolar constitui ainda, em pleno século XXI, um grande desafio à educação brasileira. O mau desempenho escolar aparece hoje entre os problemas de nosso sistema educacional mais estudado e discutido. Porem, o que ocorre muitas vezes é a busca pelos culpados de tal insucesso, e a partir daí, percebe-se um jogo onde ora se culpa a criança, ora a família, ora uma determinada classe social, ora todo um sistema econômico, político, social e educacional.

Neste sentido, se encaixa o papel da Psicopedagogia, como um campo de conhecimento relativamente novo que surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, visando integrar várias ciências como: Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Neuropsicologia, Psicolinguística, entre outras, para uma compreensão mais integradora do fenômeno de aprendizagem humana.

Psicopedagogia segundo o código de ética da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) é o campo de atuação em saúde e educação que lida com o conhecimento,

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sua implantação, sua aquisição, distorções, diferenças e desenvolvimento, considerando a influencia do meio da família, da escola e da sociedade; sendo, o objeto de estudo da Psicopedagogia, o ser sócio-histórico-cultural, bio-psico-social, que se encontra em processo de aprendizagem formal ou não formal.

Neste contexto, a Psicopedagogia e o psicopedagogo podem contribuir efetivamente no desenvolvimento da aprendizagem infantil, uma vez que seu objeto de estudo é a aprendizagem humana.

Assim, este trabalho objetiva analisar teoricamente como o psicopedagogo pode intervir positivamente e de forma eficaz na prática docente, colaborando com a qualidade do desempenho do educador e o desenvolvimento cognitivo do educando.

A complexidade que envolve a aprendizagem humana requer uma postura de investigação e de integração de vários saberes que dizem respeito às dimensões biopsicossociais e culturais. Aí se encontra a essência da Psicopedagogia enquanto uma área integradora de conhecimentos. Por outro lado, ela se constitui e consolida na medida em que investiga as condições gerais e particulares que levam à aprendizagem e seus distúrbios. Como uma ciência dinâmica, tem como um de seus objetivos centrais a aplicação prática de tais saberes na forma de procedimentos diagnósticos e de intervenção que possam criar condições mais propícias para o aprendizado e o desenvolvimento humanos.

O sistema educacional brasileiro tem passado por diversas transformações no que diz respeito à organização dos tempos e espaços escolares; mudanças estas tem buscado rever o papel da escola enquanto entidade formadora não apenas de trabalhadores para o mercado, mas, sobretudo de cidadãos capazes de sobreviver e atuar no mundo em que vivem. Neste sentido, muito se mudou em relação aos conteúdos, ao modo de ver o aluno, de ver o próprio trabalho docente e o papel da escola.

Apesar do avanço, o insucesso escolar constitui ainda, em pleno século XXI, um grande desafio à educação brasileira. O mau desempenho escolar aparece hoje entre os problemas de nosso sistema educacional mais estudado e discutido. Porem, o que ocorre muitas vezes é a busca pelos culpados de tal insucesso, e a partir daí, percebe-se um jogo onde ora se culpa a criança, ora a família, ora uma determinada classe social, ora todo um sistema econômico, político, social e educacional.

Neste sentido, se encaixa o papel da Psicopedagogia, como um campo de conhecimento relativamente novo que surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, visando integrar

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várias ciências como: Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Neuropsicologia, Psicolinguística, entre outras, para uma compreensão mais integradora do fenômeno de aprendizagem humana.

Psicopedagogia segundo o código de ética da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) é o campo de atuação em saúde e educação que lida com o conhecimento, sua implantação, sua aquisição, distorções, diferenças e desenvolvimento, considerando a influencia do meio da família, da escola e da sociedade; sendo, o objeto de estudo da Psicopedagogia, o ser sócio-histórico-cultural, bio-psico-social, que se encontra em processo de aprendizagem formal ou não formal.

Neste contexto, a Psicopedagogia e o psicopedagogo podem contribuir efetivamente no desenvolvimento da aprendizagem infantil, uma vez que seu objeto de estudo é a aprendizagem humana.

Assim, este trabalho objetiva analisar teoricamente como o psicopedagogo pode intervir positivamente e de forma eficaz na prática docente, colaborando com a qualidade do desempenho do educador e o desenvolvimento cognitivo do educando.

Referencial teórico

Para melhor situar a Psicopedagogia nos dias atuais é indubitável realizar uma breve retrospectiva dos caminhos por pensamento educacional brasileiro vigente em cada momento histórico.

Conhecer os fundamentos da Psicopedagogia implica refletir sobre as suas origens teóricas, revisando velhos impasses conceituais que subjazem na ação e na atuação da Pedagogia no aprender do fenômeno educativo.

Nesse sentido, a primeira vista, o termo Psicopedagogia, sugere tratar-se de uma aplicação da Psicologia à Pedagogia, no entanto, tal definição não reflete o significado que esse termo assume em razão do seu nascimento. Como afirma Macedo (1992, p.08):

o termo já foi inventado e assinala de forma simples e direta uma das mais profundas e importantes razões da produção de um conhecimento cientifico: o de ser meio, o de ser instrumento, para um outro, tanto em uma perspectiva teórica ou aplicada.

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Assim dito, enquanto produção de conhecimento cientifico, a Psicopedagogia que nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem, não se basta como aplicação da Psicologia à Pedagogia.

Os diversos autores que tratam a Psicopedagogia destacam o seu perfil interdisciplinar. Reconhecer tal caráter significa admitir a sua especificidade enquanto área de estudos, uma vez que, buscando conhecimentos em outras áreas, cria seu próprio objeto, o que é condição primordial a interdisciplinaridade.

Ao admitir essa interseção, só resta abandonar a ideia de tratar a Psicopedagogia apenas como aplicação da Psicologia à Pedagogia, pois ainda que se tratasse de recorrer apenas a estas duas disciplinas na solução da problemática que lhe deu origem – os problemas de aplicação de uma à outra, mas sim na constituição de uma nova área, que recorrendo aos conhecimentos dessas duas, pensa o seu objeto de estudo a partir de um corpo teórico próprio. A destarte a categoria profissional dos psicopedagogos começa a expandir-se e a organizar-se vislumbrando a princípio as causas do fracasso escolar, através da sondagem dos aspectos do desenvolvimento físico e psicológico do aprendiz.

Nessa época, os psicopedagogos apoiavam-se em uma concepção organicista e linear, com conotação nitidamente patologizante, que percebia os indivíduos com dificuldades na escola como portadores de disfunções psiconeurológicas, mentais e/ou psicológicas.

Essas ideias, inicialmente difundidas através dos consultórios particulares, acabaram chegando às escolas que sem estabelecer qualquer critério, classificavam as crianças com dificuldades para ler e escrever como “disléxicas” e, as mais agitadas como “hiperativas”. Esses problemas eram atribuídos, por vezes, a disfunções cerebrais. Essas crianças eram encaminhadas aos profissionais da área médica, que reforçavam o diagnóstico dos professores e recorriam frequentemente, a uma linha de medicamentos de tratamento.

Sendo Assim:

num primeiro momento a Psicopedagogia teve um perfil eminentemente clínico, individual, patológico e de um psicologismo radical, respaldado nas necessidades de atendimento de crianças com distúrbios de aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional (KIGUEL, 1991 p.22).

Todavia, no momento atual à luz de pesquisas psicopedagógicas que vem se desenvolvendo, a partir da contribuição de outras áreas o campo da Psicopedagogia tem passado por uma reformulação, onde de uma perspectiva meramente clínica e individual busca-se uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de

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natureza mais preventiva, em que se aventa outras possibilidades de utilização e definição da Psicopedagogia, que não a de apenas mencionar as tentativas de explicação para o fracasso escolar.

Sendo assim, verifica-se que o trajeto histórico da Psicopedagogia surge a principio como uma proposta que parte do pressuposto que o problema do fracasso escolar está apenas no individuo, no caso o aluno que apresenta distúrbios de aprendizagem, vistos apenas no campo patológico, estudados pela área medica.

Tais dificuldades eram concebidas como um objeto a ser tratado, desconsiderando-se qualquer preocupação com o processo de ensino aprendizagem, pois procurava- se identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendente, constituindo-se assim, um caráter orgânico da Psicopedagogia.

De acordo com Bossa (2000), a criança de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos e foi determinante a forma de tratamento dada a questão do fracasso escolar até bem pouco tempo.

Portanto, pode-se que esta característica patologizante dos problemas de aprendizagem não é “invenção de brasileiro”, mas foi rapidamente por este incorporada, principalmente porque propicia uma explicação mais ingênua para situação do sistema de ensino, facultando ao aprendente a culpa pelo seu próprio fracasso. Segundo Dorneles, (1986, p.44):

semelhante explicação para os fenômenos de evasão e repetência desempenhava uma importante função ideológica, pois “dissimulava a verdadeira natureza do problema e, ao mesmo tempo, legitimava as situações de desigualdade de oportunidades educacionais e seletividade escolar.

Assim, por muito tempo se difundiu esta ideia de que tais problemas se tratavam de disfunção cerebral mínima (DCM), não detectável em exame clínico. Este rótulo de alunos com DCM foi apenas um dentre vários problemas sociopedagógicos traduzidos ideologicamente em termos de psicologia individual.

Considerando assim as implicações práticas, pensada simplesmente como uma aplicação da Psicologia à pedagogia. Mas, convém percorrer um caminho em que é preciso pensar sobre o seu objeto de estudo, as teorias, que na interdisciplinaridade, embasam essa prática, e o seu campo de atuação.

Segundo Bossa (2000, p.21) “a Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana. Para confirmar este pensamento, é preciso recorrer a alguns psicopedagogos brasileiros para

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se definir de forma clara e concisa do objeto de estudo da psicopedagogia”. Para Kiguel, (1991, p.24) “o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento”.

De acordo com Neves (1991, p. 12) “a Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, considerando as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto”.

Segundo Scoz (1994, p. 2) “a Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, englobando, integrando e sintetizando vários campos do conhecimento”.

Para Golbert (1985, p. 13):

o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da Psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.

Essas considerações em relação ao objeto de estudo da Psicopedagogia sugerem que há certo consenso quanto ao fato de que ela deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana, porém é uma ilusão pensar que tal consenso conduza todos a um único caminho.

O tema da aprendizagem caracteriza uma complexidade tão abrangente que tem a dimensão da própria natureza humana. Assim, de acordo com os autores mencionados a Psicopedagogia se ocupa em estudar as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, trata-las e preveni-las.

Esse objeto de estudo é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, destacando a concepção de aprendizagem como resultado de uma visão de homem, e é em razão desta que se concretiza a prática psicopedagógica.

Como já discutido anteriormente, a psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, colocada num terreno pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia, e evolui devido a existência de recursos, ainda que embrionários para atender a essa demanda.

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Porém houve períodos em que o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função de seus déficits e o trabalho procurava vencer tais defasagens.

Atualmente a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio.

Conforme descrito a atuação psicopedagógica pode ser clínico e preventivo. Mas também teórico na medida da necessidade de se refletir sobre a práxis.

Neste trabalho o enfoque é o preventivo, onde o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de amenizar a ocorrência dos problemas de aprendizagem, incidindo sua atenção nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamentos aos pais.

A avaliação das possíveis necessidades educativas dos alunos revela-se como um dos componentes mais críticos da intervenção psicopedagógica não apenas porque os profissionais da área psicopedagógica, dedicam tal tarefa boa parte do seu tempo, mas porque nela se fundamentam as decisões voltadas à prevenção, e se for o caso, à solução das possíveis dificuldades dos alunos e em ultima análise a promoção das melhores condições para o seu desenvolvimento.

É preciso ter presente que a concepção atual do processo de ensinagem acarreta mudanças importantes no modelo de avaliação das necessidades educativas dos alunos e, consequentemente, nas práticas e instrumentos utilizados.

Assim, a Psicopedagogia institucional se caracteriza pela própria intencionalidade do trabalho. Atua-se como psicopedagogos, na construção do conhecimento do sujeito, que neste momento é a instituição escolar com sua filosofia, valores e ideologia.

É importante clarificar que a intervenção, a partir de um enfoque educacional, define como seu objeto os processos de ensino e aprendizagem que a escola estabelece e adota.

Assim, o trabalho psicopedagógico, pode e deve ser pensado a partir da instituição escolar, a qual cumpre uma importante função social: a de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta, dentro de um projeto social mais amplo. Pois, é ela a escola, afinal, é a responsável por grande parte da aprendizagem humana.

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Através da aprendizagem o sujeito é inserido, de forma mais organizada, no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade. Cumpre-lhe o papel de mediadora nesse processo de inserção do organismo no mundo.

Metodologia

O presente trabalho constitui-se de um levantamento bibliográfico teórico por meio de livros e documentos pertinentes, uma vez que buscamos compreender a participação da Psicopedagogia como ferramenta de procedimentos e de intervenção para uma aprendizagem significativa, possibilitando uma relação interativa na construção do conhecimento. Na perspectiva metodológica utilizou uma abordagem qualitativa para análise e discussão da temática, levando em consideração os aspectos apontados pela literatura pesquisada. (MINAYO,1994).

Após as leituras críticas e reflexivas sobre o papel da Psicopedagogia, mais especificamente no ambiente escolar, traçamos uma abordagem qualitativa, num estudo exploratório para apresentar fundamentos consistentes, descritivo no sentido de expor as colocações dos autores pesquisados, assim como informações precisas sobre o papel da Psicopedagogia no processo ensino-aprendizagem, de forma discursiva buscamos explicitar e identificar quais as necessidades para atender a conjuntura atual da educação para atender as necessidades específicas dos alunos.

Discussão e resultados

Deste modo, pensar a escola à luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo conforme já mencionado, a participação da família e da sociedade. É dar-se ao professor e ao aluno um nível de autonomia na busca do conhecimento e, ao mesmo tempo, favorecer- lhes uma postura crítica em relação à estrutura da escola e da sociedade que ela representa;

Neste trabalho preventivo junto à escola, deve-se considerar a priori quem são os protagonistas dessa história: professor e aluno. Porém estes não estão sozinhos: participam também, a família e outros membros da comunidade que interferem no processo de ensinagem.

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Para que a intervenção psicopedagógica se concretize de forma efetiva e satisfatória no âmbito do contexto escolar é preciso examinar os aspectos institucionais mais relevantes para a resposta educativa. Em primeiro lugar, se avaliar como são atendidas as diferenças individuais na escola e como são identificadas as necessidades educativas.

Em segundo lugar, quais as decisões adotadas em relação à metodologia e à avaliação dos alunos. Em terceiro lugar, quais os critérios utilizados para a distribuição dos espaços e dos tempos de ensino e finalmente, as relações entre os professores e de forma particular a prática docente dos professores em cada turma.

Como proposto no tema deste trabalho, se almeja destacar a intervenção psicopedagógica centrada na prática docente, onde se tem como protagonista o professor. Segundo Solé (2001, p.26):

o conjunto articulado e coerente de tarefas e ações levadas a cabo pelos psicopedagogos, em colaboração com os diferentes sistemas e agentes da escola, ações que tendem a promover um ensino diversificado e de qualidade, dando atendimento aos diferentes usuários. Tais ações podem situar-se em diferentes planos relacionados entre si: o organizacional, o curricular, nos seus diversos níveis de concretização, o de coesão institucional e o de vinculação de instituição com seu ambiente.

Neste contexto, muitas das tarefas em que se envolvem os psicopedagogos tendem a promover processos adequados de orientação aos alunos, docentes e pais seja contato com sua intervenção direta ou indireta. A concretização prática destas tarefas pressupõe a implementação de processos de assessoramento, ou seja, processos de construção conjunta envolvendo o psicopedagogo e outros profissionais, nos quais cada um participa a partir de sua formação peculiar e contribui com seus conhecimentos específicos, experiências e pontos de vista para o alcance de objetivos compartilhados.

No que se refere à avaliação da atividade docente, colocam-se três tipos de questões: quais podem ser os indicadores, como obter as informações mais relevantes e em que deve consistir a colaboração entre o professor e o psicopedagogo.

É pensando nisso que a proposta de intervenção para uma ação conjunta entre professor e psicopedagogo deve ocorrer de acordo com (COLL, CMARSHESI, & PALCIOS 2004, p.285):

considerando-se as informações obtidas sobre a atividade docente e seu favorecimento à aprendizagem do educando, analisando os seguintes indicadores: Se a unidade didática foi adequadamente planejada; Como o professor explica os conteúdos; Que metodologia o professor adota; Se são realizadas atividades de

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comprovação da compreensão pelo aluno dos conteúdos explicados e se em consequência disso, adotam-se medidas de ajuste; Se utiliza ou não estratégias de aprendizagem; A relação afetiva do professor com os alunos.

Uma forma de obter essa informação poderia consistir em analisar detidamente esses indicadores – e outros que a experiência dos profissionais aconselhe – para transformá-los em itens mais detalhados de observação na sala de aula.

Fica claro, assim, que a metodologia a empregar nesse caso seria a metodologia observacional, que proporciona uma informação qualitativa sobre a natureza das experiências dos alunos na sala de aula e pode contribuir para uma compreensão melhor das dificuldades dos alunos e, consequentemente, do tipo de ajuste de que poderiam necessitar.

A cooperação do professor com o psicopedagogo se estabelece em uma dupla direção. Por um lado, na elaboração dos itens de observação. Da experiência dos dois tipos de profissionais e da reflexão dentro das equipes podem emergir os indicadores e as atitudes que permitirão concretizar os itens que devem guiar a observação. A ambição de serem exaustivos e o preciosismo não costumam serem bons conselheiros nessa tarefa; todo registro de observação deve ser claro e de fácil utilização, tendo em vista que poderá ser aprimorado pela experiência.

Por outro lado, essa cooperação se concretiza na observação propriamente dita. É preciso uma boa dose de confiança, gerada por outras colaborações, antes de enfrentar o novo desafio. Além disso, não se deve partir de papéis predeterminados no que se refere ao observador e ao observado; todos – professores e psicopedagogos – deveriam ter alguma experiência de observar e de ser observados, para se garantir posteriormente intervenções efetivas e constituintes.

Considerações finais

O escopo do presente artigo almejou contribuir para uma melhor compreensão da Psicopedagogia numa abordagem respaldada na intervenção do psicopedagogo na prática docente. Deixando claro que a prática, normalmente, implica o manejo de teorias, seja como subsídio para clarificar caminhos que se vão abrindo ou alargando na medida em que se anda, seja como registros reflexivos da prática que enriquece e agrega valor ao conhecimento do psicopedagogo.

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Através do caminho escolhido intentou-se refletir de maneira a abranger desde a definição do termo psicopedagogia, perpassando por sua trajetória, apresentando elementos que demarcaram este transcurso, o qual reflete hoje na definição do termo e no objeto de estudo da Psicopedagogia.

Refletindo sobre a análise histórica, a intervenção psicopedagógica no contexto brasileiro começou a se constituir com certa consistência apenas por volta da década de 80. Haja vista, que a partir deste momento que se verifica a implantação de serviços psicopedagógicos mesmo que com caráter individual e patológico, ocupando-se apenas de caracterizar e “curar” os indivíduos que apresentavam deficiências de aprendizagem que culminava no fracasso escolar.

É importante enfatizar que a intervenção psicopedagógica ressalta a necessidade do psicopedagogo ter um conhecimento amplo para fundamentar suas estratégias de trabalho de forma que estas possam lhe promover conhecimento sobre os fatores e as variáveis nas quais ele precisa intervir.

Ao longo da fundamentação teórica, ficou notório que o psicopedagogo precisa atuar de forma estratégica e reflexiva analisando, avaliando, observando e interpretando fenômenos que precisa enfrentar para que se possa otimizar o processo de ensinagem.

Destacou-se também que tanto o psicopedagogo quanto o professor não desempenham suas tarefas de forma solitária e nem é somente eles quem estabelecem, com exclusividade, os parâmetros que delimitam o trabalho cotidiano. Pois o espaço institucional escolar aparece fortemente condicionado pelo projeto educacional geral adotado por toda a comunidade escolar.

Verificou-se ao decorrer da produção textual que a intervenção psicopedagógica deve contribuir para a construção e utilização de instrumentos que resgatem os aspectos positivos presentes em quaisquer elementos do processo educativo e que o aprendente seja reconhecido em suas capacidades e não em seus fracassos.

Logo, conclui-se que a intervenção psicopedagógica, com o objetivo de não apenas apontar as dificuldades ou traçar estratégias, mas que busca uma parceira entre o psicopedagogo e o professor para alcançar resultados significativos da aprendizagem, só surtirá efeito se os objetivos traçados vislumbrarem o aperfeiçoamento do trabalho docente com vistas a uma aprendizagem significativa onde à instituição escolar compreenda seu papel e assim proporcione mudanças educacionais para construção do conhecimento.

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REFERÊNCIAS

ABPp. Associação Brasileira de Psicopedagogia. Código de Ética do Psicopedagogo. Reformulado pelo Conselho da ABPp, gestão 2011/2013 e aprovado em Assembleia Geral em 5/11/2011. Disponível em: <www.abpp.com.br.> Acesso em: 27 de abr. 2014.

BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.

COLL., CMARSHESI, À & PALCIOS, J. (orgs.) Desenvolvimento psicológico e educação. Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2.ed.Porto Alegre: Artes Médicas Sul, v. 1,2 e 3, 2004.

DORNELES, Beatriz Vargas. Uma breve discussão sobre o normal e o patológico no processo de aprendizagem. In Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ano 9, nº 20, dezembro de 1990.

GOLBERT, Clarissa S. Considerações sobre as atividades profissionais em psicopedagogia na região de Porto Alegre. In Boletim da Associação brasileira de psicopedagogia, ano 4, nº 8, agosto de 1985.

KIGUEL, Sônia Moojen. Reabilitação em neurologia e psiquiatria infantil - Aspectos psicopedagógicos. Porto Alegre, Abenepe, vol. 2. 1991.

MACEDO, Lino de. Contextualização, formação e atuação profissional. Porto alegre: Arte Médicas, 1992.

MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria método e criatividade. 17ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

NEVES, Maria A. C. M. Psicopedagogia: um só termo e muitas significações. In Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ano 10, nº 21, dezembro de 1991.

SCOZ, B. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

SOLÉ, Isabel. Orientação educacional e intervenção psicopedagógica. Porto Alegre: ARTMED, 2001.

Referências

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