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QUANTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE EROSÃO E DEPOSIÇÃO NOS CANAIS DE DRENAGEM DE UMA FAZENDA DE CULTIVO DE CAMARÃO

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Academic year: 2021

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QUANTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE EROSÃO E DEPOSIÇÃO NOS CANAIS DE DRENAGEM DE UMA FAZENDA DE CULTIVO DE CAMARÃO

Leão Xavier da Costa Neto 1,2 , Helenice Vital 2,3 , Danillo Luiz de Magalhães Ferraz 1 ; Andréa Lígia Nolasco de Góis 1

1Gerência de Recursos Naturais - CEFET/RN (leaoneto@eol.com.br) 2 Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofisica - UFRN

3 Departamento de Geologia - UFRN - Pesquisadora CNPq

Abstract. This study is a product of the project presented to the Research Department of the Federal

Center of Technological Education of Rio Grande do Norte, been a part of the environmental monitoring plan proposed by the Environment Impact Study (EIA –RIMA) for the shrimp farm Camarus Aquacultura do Nordeste Ltda, located on Galinhos city, north coast of Rio Grande do Norte, that established the monitoring of their two discharge channels (CD 1 and 2) for a period of 2 years, until May 2006. This work refers to 7 months of monitoring – from May to December of 2004. The CD 1 and 2 have 2,500 and 1,000 m of length, respectively; 10 m of medium width and 2.5 m of medium depth. The work´s methodology had monthly surveys of canals forms through 6 transversals profiles by using a Total Station, quantity determination of erosion/sedimentation areas, sediments textural characterization, carbonate and organic matter analysis. Erosion found in CD 1 e 2 were characterized as no-significant. Therefore, the profiles didn’t show significant morphologic variations in a small temporal scale, such as by month, by three months or by a semester. The principal causes of the erosions are the ebb tidal currents, the rain and the base slope infiltrations.

Palavras-chave: carcinicultura, canais de drenagem, erosão-sedimentação. 1. Introdução

O presente trabalho foi elaborado a partir de pesquisa de campo realizada entre os meses de junho e dezembro de 2004, como produto do projeto de pesquisa apresentado a Diretoria de Pesquisa do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte-CEFET/RN, para o seu Programa Institucional de Iniciação Científica, inserido também no plano de monitoramento ambiental proposto pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) da empresa de carcinicultura Camarus Aquacultura do Nordeste Ltda. e na tese de doutorado do primeiro autor deste trabalho.

Este projeto prevê o monitoramento dos canais de drenagem por um período de 2 anos, se estendendo até julho de 2006.

O Rio Grande do Norte vem desde muito tempo sendo palco para o desenvolvimento de atividades econômicas, principalmente na zona costeira, como as indústrias petrolífera e salineira, além da carcinicultura que nos últimos anos tem tido um grande crescimento, tornando o Estado o maior produtor de camarão em cativeiro do Brasil. Essas indústrias são responsáveis pela ocorrência de inúmeros impactos ambientais adversos decorrentes das suas atividades.

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A carcinicultura é tida como uma atividade de grande potencial impactante ao meio ambiente, principalmente na sua fase de instalação, quando ocorre, na maioria das vezes, o desmatamento de grandes áreas de mangue para construção dos viveiros e na fase de operação, devido ao descarte de efluentes não tratados e ao incremente de processos de erosão/deposição nos canais de drenagem (CDs). Portanto, este trabalho tem o objetivo geral de quantificar os processos de erosão e deposição que ocorrem nos CDs da fazenda de cultivo de camarão da Camarus Aquacultura do Nordeste Ltda.

2. Localização e Caracterização da Área

A fazenda de cultivo de camarão da Camarus Aquacultura do Nordeste Ltda, está localizada no município de Galinhos, litoral norte do estado do Rio Grande do Norte, no complexo estuarino lagunar de Galinhos-Guamaré, mais especificamente na região denominada ilha do Pisa Sal, entre as coordenadas UTM 800150 e 804300 m E e 9430500 e 9435500 m N (Figura 1).

A fazenda está em funcionamento desde o ano 2000, sendo constituída por 12 viveiros, 1 central de bombeamento, 1 canal de abastecimento e 2 canais de drenagens (CD 1 e CD 2) que fazem a canalização da água dos viveiros durante despesca para o rio Pisa Sal, os quais são objetos do presente estudo. Os CDs apresentam extensões de 2.500 e 1.000m, respectivamente; largura de 10 m e uma profundidade média de 2,5m (Camarus Aquacultura do Nordeste Ltda. 2003).

Durante as fases de instalação e operação do projeto não ocorreu supressão da cobertura vegetal de mangue na planície de intermaré, entretanto, a planície de supramaré foi fortemente modificada pela

construção dos viveiros. Os limites dos viveiros e dos CDs acompanham a configuração da franja de mangue, o que lhes confere uma geometria irregular com curvas em fortes ângulos, incrementando os processos de erosão e sedimentação no interior dos mesmos.

A precipitação pluviométrica observada no período de maio a dezembro de 2004 em uma estação meteorológica instalada na sede administrativa da fazenda de cultivo de camarão mostrou uma precipitação acumulada de 147,2 mm, onde os meses de junho e julho apresentaram os maiores volumes pluviométricos.

A área de intervenção do empreendimento é constituída por sedimentos estuarinos holocênicos de composição arenosa (terraços estuarinos) e composição lamosa a areno lamosa (inter e supramaré), nos quais ocorrem importantes coberturas de mangues e apicuns (Costa Neto et al. 2004).

As correntes de marés de vazante no interior dos CDs apresentam velocidades maiores que as de enchente. O CD 1 apresenta velocidade média durante a vazante e a enchente de 0,40 e 0,26 cm/s, respectivamente. Enquanto no CD 2 as velocidades médias durante a vazante e a enchente são 0,26 e 0,17 cm/s, respectivamente (Costa Neto et al. 2003).

3. Métodos e Técnicas

A metodologia utilizada no presente estudo consistiu, em um primeiro momento, de um de reconhecimento de campo, seguido posteriormente, do monitoramento topográfico; analise granulométrica, análise dos teores de carbonato e matéria orgânica,

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além da quantificação dos volumes de material erodido e depositado.

Durante o reconhecimento da área foram escolhidos 6 pontos ao longo dos CDs que apresentavam evidencia de erosão, sendo quatro pontos no CD 1 e dois pontos no CD 2. Estes pontos foram monumentados com marcos de concreto na porção superior dos taludes. Posteriormente, foram obtidas as coordenadas UTM de todos os marcos, utilizando o sistema de DGPS pelo método estático, onde foi usado equipamento da marca Ashtech (modelo ProMarck 2) a partir do RN de primeira ordem do IGBE nº SB 241108 com cota de 28,8 m e coordenadas UTM 802804,917 m E e 9422032,083 m N, datum de referência WGS 84. Este método permite uma precisão horizontal de 0,005 m + 1 ppm e precisão vertical de 0,01 m + 2 ppm.

O monitoramento topográfico é realizado através de perfis perpendiculares aos CDs (P1 a P6), numa periodicidade mensal e sempre durante a baixa-mar das marés de sizígia, Este procedimento foi adaptado da metodologia utilizada em perfis de praia que usa nível, régua e trena para estudar a dinâmica ambiental da região costeira do município de Galinhos, litoral norte do estado do Rio Grande do Norte (Lima 2004). Entretanto, este estudo utiliza um Medidor Eletrônico de Distânica (MED), tipo Estação Total modelo Elta 50 (Trimble Zeiss) que opera emitindo feixes de microondas (1 < λ < 10 cm), permitindo uma precisão linear de 5 mm + 3 ppm e uma precisão angular de 5’’. Os perfis estão amarrados em pontos notáveis no terreno a partir do ângulo horizontal entre eles, de forma a permitir a mesma orientação da linha de visada ao longo de todo o estudo. Mensalmente são coletadas as diferenças de

níveis e as distâncias horizontais entre os pontos, que permitirão a confecção dos respectivos perfis topográficos, além da determinação temporal da posição da linha d’água no momento do levantamento para posterior redução da maré. Os dados do monitoramento topográfico foram tabulados no software Excel e o cálculo dos volumes de material erodido e/ou depositado foi efetuado no software Surfer 80.

Foi coletado um volume aproximado de 500 g de sedimentos do fundo dos canais e acondicionados em sacos plásticos. As amostras de sedimentos de fundo passaram por separação granulométrica nas frações: 2,0; 1,4; 1,0; 0,71; 0,5; 0,35; 0,25; 0,177; 0,125; 0,90 e 0,0625 mm. Posteriormente foram processadas no software SAG-Sistema de Análise Granulométrica desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense-UFF, segundo a classificação textural de Dias (1996), adaptada por Freire et al. (1997) e modificada por Vital et al. (no prelo). Também foi analisado o teor de carbonato e matéria orgânica nos sedimentos.

4. Resultados e Discussões

A variação morfológica nos 6 perfis monitorados, de uma forma geral, não apresentam modificações significativas ao longo dos 7 meses de monitoramento. Entretanto, observa-se dominância dos processos erosivos sobre os deposicionais.

No CD1 os processos de erosão são predominantes, perfazendo um volume total erodido de 5,31 m3/m, enquanto apenas 0,07 m3/m de material foi depositado, mostrando uma erosão acumulada de 4,61 m3/m (Tabela 1). O perfil P4 foi o que apresentou o maior volume de erosão (3,64 m3/m). Entretanto,

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os perfis P5 e P3, também indicam a dominância da erosão sobre a deposição. No CD 2 predomina a erosão no P1, com volume total de 1,77 m3/m para o referido período (Tabela 1). O P2 se apresenta em equilíbrio morfológico, apresentando um insignificante volume erodido (0,19 m3/m).

Na foz do CD 1 predomina Areia siliciclastica com grânulos e cascalhos/AS1a (P 3) enquanto no CD 2 ocorre Areia siliciclastica/AS1b (P 2) (Tabela 2). Em direção a montante do CD 1 e do CD 2 predomina lama terrígena (Tabela 2). Os sedimentos mostram selecionamento que varia de pobremente a extremamente mal selecionado, exceto no P1 cujos sedimentos apresentam-se muito bem selecionados (Tabela 2). O teor de carbonato nas amostras de fundo variam entre 7,12 e 46,64 % (Tabela 2), onde os maiores teores referem-se a fração cascalho de composição biodetrítica, pricipalmente constituída por conchas e fragmentos de conchas de bivalves. A matéria orgânica presente nos sedimentos varia de 2,32 a 14,20 % (Tabela 2). As maiores concentrações ocorrem em direção a montante dos CDs (P 1, P 4, P 5 e P 6).

5. Conclusões

Com base nas análises feitas através da observação dos perfis topográficos e os volumes de material erosido e/ou depositadorealizados durante os 7 meses de monitoramento (junho a dezembro de 2004), conclui-se que os processos de erosão e sedimentação atuantes no interior dos CDs não são significativos numa escala temporal de pequena amplitude, seja mensal, trimestral ou semestral. Portanto, as

correntes de marés não são as principais causas destas erosões.

Observações de campo mostram a ocorrência na base dos taludes de um grande número de infiltrações dos viveiros em direção aos CDs, incrementando os processos de erosão na base dos mesmos e provocando significantes solapamentos destas estruturas.

Por outro lado, o regime de chuvas na região (baixas precipitações concentradas em pequenos períodos de tempo) também provoca importantes focos de erosão nos taludes dos viveiros e nas margens dos CDs, carreando um grande volume de sedimentos para o interior dos CDs.

A ocorrência de areia siliciclastica com grânulos e cascalhos nas proximidades das desembocaduras dos CDs deve-se as fortes correntes de fundo que transportam os sedimentos finos em direção ao rio Pisa Sal. Em direção a montante dos CDs predomina lamas terrígenas depositadas em ambiente de baixa energia.

As elevadas concentrações de carbonato de cálcio estão associadas ao crescimento biogênico de bivalves e gastrópodes. Os teores mais altos de matéria orgânica ocorrem em direção a montante dos CDs, as quais estão relacionadas ao processo de despesca que transporta para os CDs grande quantidade da matéria orgânica proveniente dos viveiros, e que são depositadas em ambiente de menor energia.

6. Referências

CAMARUS AQUACULTURA DO NORDESTE LTDA. 2003. Estudo de

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Impacto Ambiental (EIA-RIMA) – Diagnóstico Ambiental, vol. 2, p. 40-313. COSTA NETO, LX, ROCHA, AMR, PENA, OML, LIMA, JCF, LOPES, LAA, MEDEIROS, MBB and CABRAL, AP. 2004. Geologia da área de intervenção de uma fazenda de criação de camarão no município de Galinhos-RN. Anais do XLII Congresso Brasileiro de Geologia, Araxá-MG, CD ROOM, S17: 667.

COSTA NETO, LX, ROCHA, AMR, PENA, OM., LIMA, JCF, LOPES, LAA, MEDEIROS, MBB and CABRAL, AP. 2003. Correntes de marés no estuário do rio Pisa Sal, Galinhos-RN: Uma primeira aproximação. Anais do XX Simpósio de Geologia do Nordeste, Fortaleza-CE, p. 517-518.

DIAS, GTM. 1996. Classificação de sedimentos marinhos, proposta de representação em cartas sedimentológicas.

Anais do XXXIX Congresso Brasileiro de Geologia, Salvador-BA, v.3, p.423-426. FREIRE, GSS, CAVALCANTI, VMM, MAIA, LP and LIMA, SF. 1997 Classificação dos sedimentos da plataforma continental do estado do Ceará. Anais do Simpósio de Geologia do Nordeste, Fortaleza-CE, p. 209-211.

LIMA, ZMC. 2004. Caracterização da dinâmica ambiental da região costeira do município de Galinhos, litoral setentrional do Rio Grande do Norte. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN. Tese de Doutorado, 144 p. VITAL, H, SILVEIRA, IM and D AMARO, VE. no prelo. Carta sedimentlógica da plataforma continental brasileira - área Guamaré a Macau (NE Brasil), utilizando integração de dados geológicos e sensoriamento remoto. Revista Brasileira de Geofísica, SBGF, edição especial.

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Tabela 1. Quantificação do volume de sedimento erodido e/ou depositado nos CDs no período de junho a dezembro de 2004.

Perfis Erosão Deposição

(m3/m) Erosão Total (m3/m) P 01 P 02 CD 2 1,58 0,0 0,19 0,0 Acumulado 1,77 0,0 1,77 P 03 P 04 P 05 P 06 CD 1 0,64 0,0 3,64 0,0 1,03 0,0 0,0 0,70 Acumulado 5.31 0,70 4,61

Tabela 2. Classificação textural dos sedimentos, teor de carbonato de cálcio e matéria orgânica dos sedimentos de fundo dos CDs.

Perfis Classificação

(Vital et al., no prelo, modificada de Dias 1996)

Selecionamento CaCO3

(%) MO(%)

P 1

P 2 CD 2

LL1 Lama terrígena Muito bem

selecionado

7,12 14,20 AS1b Areia siliciclastica Pobremente

selecionado 9,45 4,18 P 3 P 4 P 5 P 6 CD 1

AS1a Areia siliciclastica com grânulos e cascalhos

Pobremente selecionado.

22,80 2,32 LL1 Lama terrígena Extremamente

mal selecionado

46,64 10,65

LL1 Lama terrígena Muito

pobremente 25,23 11,06

LL1 Lama terrígena Pobremente selecionado

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