• Nenhum resultado encontrado

Objetividade jornalística e perspectiva feminista: por uma articulação

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Objetividade jornalística e perspectiva feminista: por uma articulação"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Objetividade jornalística

e perspectiva feminista:

por uma articulação

Journalistic objectivity and feminist perspective:

towards an articulation

Bibiana Garcez

Universidade de Coimbra, Portugal bibianagarcezs@gmail.com

https://orcid.org/0000-0002-8282-8252

Maria João Silveirinha

Universidade de Coimbra, Portugal mjsilveirinha@gmail.com

https://orcid.org/0000-0002-0702-3366

Resumo

Este artigo busca iniciar um diálogo sobre a articulação de uma perspectiva episte-mológica feminista com os ideais de obje-tividade jornalística. Para isto, procede a uma revisão bibliográfica do conceito e do histórico da objetividade jornalística e das críticas que recebeu. Isto serve como base para problematizar a prática e discutir a reprodução de desigualdades de gênero no jornalismo. Apesar de a objetividade ser hoje relacionada com a busca pela verdade, nem sempre foi entendida como central ao jornalismo e recebe críticas desde sua adoção. Entende-se que o jor-nalismo dito objetivo acaba por reproduzir o senso comum, ligado fortemente aos gru-pos hegemônicos e, assim, patriarcais. No jornalismo, é possível verificar que há uma prática desigual em relação ao gênero, seja na representação das mulheres ou no âmbito de produção do conteúdo. Ainda que a epistemologia feminista standpoint (Harding, 1991, 1993, 1995, 2006; Hart-sock, 1981, 1983) aborde o conhecimento científico, é possível aproximar a proposta de um conhecimento situado ao jornalis-mo, uma vez que é necessário refletir sobre novas possibilidades éticas, considerando uma perspectiva de gênero.

Palavras-chave: Objetividade; ética

jornalística; feminismo; epistemologia standpoint; gênero e jornalismo.

Abstract

This article seeks to initiate a discussion about the articulation of a feminist epis-temological perspective with the ideals of journalistic objectivity. It starts with a literature review of the concept and history of journalistic objectivity and the criticis-ms it received. This is the basis for pro-blematizing the practice and discussing the reproduction of gender inequalities in journalism. Although objectivity today is related to the search for truth, it has not always been understood as central to journalism and has been questioned since its adoption. It is understood that objective journalism ends up reproducing common sense, strongly linked to hegemonic and, thus, patriarchal groups. In journalism, it is possible to verify that there is an uneven practice in relation to gender, either in the representation of women or in the scope of content production. We then consider the feminist epistemology standpoint (Har-ding, 1991, 1993, 1995, 2006; Hartsock, 1981, 1983) and we seek to start from

the proposition of situated knowledge to journalism as an alternative to objectivity, reflecting on new ethical possibilities from a gender perspective.

Keywords: objectivity; journalism ethics;

feminism; standpoint epistemology; gender and journalism.

(2)

Introdução

A objetividade é um dos princi-pais pilares do jornalismo tradicional praticado em boa parte do mundo. Em termos simples, trata-se da busca por um conteúdo que reporte os fatos e não traga as opiniões do profissional, que se distancie de ideologias políticas e que permita que o leitor decida, por si mesmo, no que acreditar. Essa prática, no entanto, não está intrinsecamente ligada ao jornalismo desde sempre – a mudança ocorre especialmente entre o final do século XIX e o início do sécu-lo XX, com a industrialização do jor-nalismo (Schudson, 2001).

Mesmo a partir dos anos 1920, quando é estabelecida de fato como uma peça central para a atuação jorna-lística nos Estados Unidos, o concei-to já era questionado por intelectuais (Schudson, 2001). A supervalorização da objetividade, a partir de uma lógica empirista e positivista, passa por uma rejeição total da subjetividade, mas é justamente a partir da ligação entre sujeito e objeto que se dá o conheci-mento. Como, então, é possível essa separação? Em um momento de pós--verdade e crise do jornalismo quanto ao financiamento e à confiabilidade

das audiências, a reflexão sobre algo que define a profissão faz-se neces-sária. A defesa da objetividade como isenção ainda é produtiva?

Aqui, entende-se a função social da profissão baseada em Reginato (2018), de fiscalizar o poder e fortale-cer a democracia, esclarefortale-cer o cidadão e apresentar a pluralidade da socieda-de e informar, entre outros pontos. Ao eximir-se de criticar a realidade ou os pontos apresentados, o jornalista dito “objetivo” acaba por manter inaltera-do o status quo (Stoker, 1995) – o que passa por representar como natural o discurso patriarcal vigente. As mulhe-res, assim como outras minorias polí-ticas, ainda são sub-representadas nas redações (WMC, 2019) e nos textos jornalísticos (WACC, 2015).

Por outro lado, entende-se que a organização de uma sociedade de-mocrática compreende a participa-ção de todos os cidadãos e cidadãs. Questiona-se, assim, as limitações do ideal jornalístico de fortalecimento da democracia, quando esta prática “isenta” continua a ser desigual e in-capaz de refletir sobre a necessidade de reportar a partir de suas próprias desigualdades.

São muitas as perguntas sobre o impacto da adoção da objetividade como preceito central do jornalismo e sobre seu futuro como “ética e epis-temologia” (Muñoz-Torres, 2012) da profissão. Não é possível e nem se pre-tende responder a todas elas no escopo deste artigo, tratando-se, antes, de ini-ciar uma discussão sobre a articulação de uma perspectiva feminista com os ideais longamente defendidos de obje-tividade e imparcialidade. A metodo-logia utilizada neste artigo é, pois, a de revisão bibliográfica e documental. No que se segue, rever-se-á a diversidade de definições deste conceito, seu his-tórico na profissão, como é aplicado ao texto jornalístico, quais as principais críticas de que tem sido alvo e, por fim, far-se-á uma breve reflexão sobre os impactos da adoção da objetividade para o reportar do mundo em que às mulheres não é dado o lugar que, efe-tivamente, elas têm.

Conceitos e história da objetividade no jornalismo

A definição da objetividade no jor-nalismo compreende diferentes abor-dagens. Ainda assim, autores como

(3)

Schudson (2001), Sponholz (2003, citado em Demenek, 2009, p. 11) e Demenek (2009) relacionam o concei-to diretamente à atividade jornalística, quer seja como um ideal moral ou va-lor ético, uma série de normas a serem seguidas, como a forma de mediar in-formações ou mesmo como um impulso epistemológico. De forma geral, enten-de-se que esta prática compreenderia compartilhar com o público apenas os fatos, apresentados frequentemente apresentado como “a verdade”, e não opiniões ou valores.

Wien (2006) entende que a verda-de e a objetividaverda-de estão diretamen-te ligadas. No entanto, Muñoz-Torres (2012) defende que a procura pela objetividade acabou por substituir a procura pela verdade, o que pode ser relacionado com a compreensão de que existem diversas versões de verdade, e não uma verdade absoluta, quadro exacerbado pelo movimento da Pós-Verdade (D’Anconna, 2017). Há, aqui, uma forte relação com o em-pirismo e o positivismo. Wien (2006) liga o positivismo com a distinção entre fatos e opiniões, assim como afirma Muñoz-Torres (2012, p. 571, tradução nossa):

Essa supervalorização do método empírico como o único método científico possível implicou a acei-tação das premissas epistemológi-cas centrais do positivismo e sua posterior disseminação para outros campos. Entre esses postulados, o mais importante é a dicotomia en-tre os chamados “ julgamentos de fato” e os “ juízos de valor”. No entanto, o juízo de valor está diretamente associado com a criação do conhecimento, na relação que se coloca entre sujeito e objeto. Como destaca Muñoz-Torres (2012, p. 573, tradução nossa), “fatos brutos são completamente sem sentido, se não conectados – através da subjetividade individual – com conceitos que pos-sibilitem a interpretação”. Apesar da ideia de que o jornalismo poderia ser um “espelho da realidade”, “a sub-jetividade presente no processo de apreensão dos fatos indica que o jor-nalismo não é o discurso da realidade (como diz ser), mas um discurso sobre a realidade” (Moretzsohn, 2001, p. 3, grifo nosso).

Passa-se agora, então, para as ori-gens históricas da objetividade como

preceito fundamental para o jornalis-mo, que data do século XIX, além de ser um fenômeno inicialmente locali-zado nos Estados Unidos da América. Até então, o jornalismo era vinculado à partidos políticos e tinha um forte viés opinativo. Conforme Amaral, (1996, p. 26), “comprava-se [...] jornal para saborear a versão parcial dos aconte-cimentos e para se ler as críticas aos adversários”.

Apesar de diversos teóricos rela-cionarem o surgimento da objetividade no jornalismo com o uso do telégrafo e com interesses comerciais, Schudson (2001) entende que essa explicação é simples e superficial demais, baseada apenas em uma visão técnica, econo-micista, e de certa forma determinista. Ainda que tal explicasse a mudança de normas sociais, como o estilo, não via necessariamente o estabelecimen-to da objetividade como uma nova conduta moral.

Segundo o autor, na segunda meta-de do século XVIII, com o conflito en-tre Estados Unidos e Inglaterra, “prati-camente todos se sentiam compelidos a tomar um lado. O jornal começou sua longa carreira como porta-voz de par-tidos políticos e facções” (Schudson,

(4)

2001, p. 154, tradução nossa). Até o final dos anos 1700, a neutralidade poderia ser um “conselho prudente”, mas não uma norma moral. Já pela década de 1830, o jornalismo passava por um “mercantilismo agressivo”, o que foi significativo para o desenvol-vimento da objetividade e justiça. No entanto, aponta Schudson (2001, p. 155, tradução nossa), esse movimento

fomentou apenas um conceito restrito de justiça estenográfica. Os jornais se tornaram cada vez mais orgulhosos com a velocidade e a precisão de sua coleta de no-tícias, mas os editores acharam isso perfeitamente coerente com o partidarismo político e sua esco-lha de cobrir apenas os discursos ou comícios do partido que eles preferiam.

No final dos anos 1890, apesar de já ser citada como um princípio, a objetividade “estava longe de ser uma prática ou um ideal estabeleci-do” (Schudson, 2001, p. 156, tradu-ção nossa). Passa-se, então, por uma importante mudança neste período, quando os jornalistas começam a

rea-lizar e citar entrevistas nas reporta-gens publicadas, prática que, apesar de hoje ser comum, não era realizada à época. Aliado a isso, começam a de-senvolver-se também media events, o que “pressagia a nova dedicação dos repórteres a um senso de habilidade e a nova localização em uma cultura ocupacional com suas próprias re-gras, suas próprias recompensas e seu próprio espírito” (Schudson, 2001, p. 156, tradução nossa). O foco muda de promover partidos políticos, para es-crever notícias.

É apenas na década de 1920 que a “norma da objetividade” torna-se um “ideal ocupacional totalmente formu-lado, parte de um projeto ou missão profissional [...] finalmente um código moral” (Schudson, 2001, p. 163, tra-dução nossa). Na década seguinte, os editores também passam a defender a objetividade, mas como uma forma de controlar a associação dos trabalhado-res aos sindicatos – “como um repórter poderia ser ‘objetivo’ se ingressasse na Associação de Jornais?” (Schudson, 2001, p. 163, tradução nossa).

É importante, aqui, relembrar também que o desenvolvimento da objetividade como um preceito

fun-damental ou central ao jornalismo se localiza inicialmente nos Estados Uni-dos. Conforme refere Muñoz-Torres, “a objetividade é uma das caracte-rísticas identificadoras do jornalismo nos Estados Unidos e talvez a maior contribuição do jornalismo americano para o resto do mundo” (2012, p. 567). Seriam pelo menos mais duas gera-ções até que o mesmo acontecesse na Europa (Schudson, 2001).

A objetividade na prática jornalística

Entendendo como diferentes teó-ricos definem a objetividade, além do fato de que o conceito não nasce com o jornalismo e vice-versa, pode-se passar para as aplicações desta nos produtos jornalísticos. Afinal, como citado anteriormente, a objetividade pode ser entendida também como um padrão visível nos textos (Schudson, 2001).

Novamente, destaca-se a ideia de que o jornalismo objetivo busca uma representação “não interpretada” − ou seja, ausente de subjetividade − da realidade. Nesse sentido, Ward (2004) considera que trata-se de um

(5)

proces-so passivo de abproces-sorver conteúdo e divulgá-lo da mesma forma: “A epis-temologia da objetividade tradicional baseia-se na persistente metáfora do jornalista […] que aspira a ser um instrumento de gravação perfeito (p. 262, tradução nossa). É na mesma di-reção que Schudson define o trabalho do “jornalista objetivo”: “relatar algo chamado ‘notícias’ sem comentar, in-clinar ou moldar sua formulação de qualquer maneira” (2001, p. 150, tra-dução nossa).

Ryan (2001) defende a objetivi-dade jornalística, respondendo a crí-ticas pontuais, e valoriza o trabalho do “jornalista objetivo”. No entanto, não há, na reflexão do autor, consideração sobre o papel da cultura profissional ou de realidades socioeconômicas que afetam os trabalhadores. A “condena-ção” do jornalista “não-objetivo” apa-renta ser individual, uma vez que a ob-jetividade parece ser entendida pelo autor como uma escolha pessoal, mas na realidade diversos outros fatores incidem sobre a qualidade do traba-lho. No entanto, na prática defendida por Ryan, estes “reúnem fatos e opi-niões que conflituam-se, verificam a informação cuidadosamente, buscam

determinar porque os lados entram em conflito e qual reflete a realidade mais precisamente, avaliam e identifi-cam as fontes” (Ryan, 2001, p. 5, tra-dução nossa). Conforme o autor, este profissional responde primeiramente às audiências, depois aos códigos éti-cos da profissão e, por último, aos seus superiores.

McNair afirma que há quase que uma “fórmula pronta” para a aplica-ção do conceito de objetividade no jornalismo: “os avanços tecnológi-cos e industriais, possibilitados pela ciência pós-iluminista, forneceram um conceito mais ou menos pronto de objetividade que os jornalistas pode-riam adaptar ao seu próprio projeto profissional” (McNair, 2017, p. 1324, tradução nossa).

Nesse mesmo sentido, Tuchman (1972) já havia identificado, a partir de uma análise das noções de objeti-vidade dos jornalistas, quatro proce-dimentos adotados por profissionais a fim de manifestar a objetividade no texto jornalístico. É importante, aqui, destacar que a mesma Gaye Tuchman escreve também sobre o aniquilamen-to simbólico das mulheres através das representações midiáticas: “ignorando

amplamente as mulheres ou retratan-do-as em papéis estereotipados de vítima e/ou consumidor, os meios de comunicação de massa aniquilam sim-bolicamente as mulheres” (Tuchman, 2000, p. 150, tradução nossa).

A autora vê a objetividade como um “ritual” e uma “estratégia”, que são aceitos como naturais e têm como objetivo evitar problemas legais, prin-cipalmente. Um deles é a apresenta-ção de mais de um lado de um mesmo fato, o que é chamado pela autora de “possibilidades conflituosas”. Des-sa forma, pode-se utilizar diferentes fontes para analisar ou confrontar um dado fornecido para o jornalista. Isto pode ser utilizado, por exemplo, caso o jornalista não consiga verificar a in-formação recebida. Consistiria, então, em deixar que a audiência “decida” em quem acreditar. No entanto, essa prática pode acabar acumulando um grande número de diferentes pontos de vista, o que possivelmente resul-taria em uma maior dificuldade de entendimento ou de julgamento do leitor:

Um emaranhado de afirmações conflitantes sobre a verdade,

(6)

como aquelas hipoteticamente introduzidas, pode ser mais provei-tosamente visto como um convite para os consumidores de notícias exercerem uma percepção seletiva [...] pois cada versão da realidade reivindica igual validade poten-cial. (Tuchman, 1972, p. 667, tradução nossa)

Um outro fator importante na apli-cação da objetividade, conforme pro-posto por Tuchman, é a apresentação de provas auxiliares, obtidas pelo jor-nalista. Em seguida, ela aponta que o uso de aspas é frequente para eximir a responsabilidade do jornalista por aquilo que foi dito, transferindo para a própria fonte: “Adicionando mais nomes e citações, o repórter pode remover suas opiniões da história fa-zendo com que os outros digam o que ele pensa” (Tuchman, 1972, p. 668, tradução nossa). No mesmo sentido, Traquina (2012, p. 142) aponta que “[o] uso de citações faz desaparecer a presença do repórter”.

Por fim, apresentar a notícia em uma certa ordem também é entendido como uma prática manifestação de ob-jetividade. Seria a construção do lead,

na lógica da pirâmide invertida: “o jornalista deve relacionar suas noções de conteúdo ‘importante’ ou ‘interes-sante’. Até certo ponto, as dificulda-des do jornalista são atenuadas pela fórmula familiar de que as notícias dizem respeito a ‘quem, o que, quan-do, onde, por que e como’” (Tuchman, 1972, p. 670, tradução nossa). Para a autora, essa seleção de o que é mais importante, interessante ou que deve, por outro critério de noticiabilidade, ter mais destaque, implica em uma visão subjetiva, do julgamento de va-lor que o próprio jornalista há de fazer para hierarquizar os fatos.

Gaye Tuchman (1972) conclui que, apesar de essas práticas serem de fato adotadas por jornalistas e aceitas por veículos como manifestação de ob-jetividade, elas não necessariamente são objetivos: “existe uma discrepân-cia distinta entre os fins buscados e os alcançados” (Tuchman, 1972, p. 676).

As problemáticas da objetividade

Compreendidas as formas de apli-cação do preceito de objetividade aos produtos jornalísticos, percebe-se,

como aponta Tuchman (1972), que as práticas não conseguem entregar o que era almejado: a remoção da subjetividade do jornalista. Volta-se, nesse momento, para as insistentes críticas que são feitas à objetivida-de, desde os anos em que se inicia a adoção como norma moral da profis-são (Schudson, 2001). Exploram-se, a seguir, alguns dos argumentos crí-ticos a este conceito como central ao jornalismo.

Primeiramente, a separação entre objetividade e subjetividade, no de-senvolvimento do conhecimento, não é entendida como possível. A duali-dade que impera entre realiduali-dade e in-terpretação, fato e opinião, volta para as noções de positivismo abordadas no primeiro tópico deste artigo. Para Wien (2006, p. 13, tradução nossa), o “problema não é tanto que o jornalis-mo aplique o conceito de objetividade positivista. Pelo contrário, é que gran-de parte do jornalismo aparentemente não está ciente da origem do conceito e dos problemas ligados ao seu uso tradicional”.

Dentro dessa dualidade, é interes-sante abordar a defesa da objetivida-de proposta por Ryan (2001), quando

(7)

afirma que as críticas, de maneira ge-ral, são infundadas em razão de não proporem uma definição fechada do que é a objetividade. É nesse senti-do que fala Gauthier (1993, citasenti-do em Muñoz-Torres, 2012, p. 568): “A ideia que é rejeitada não é uma noção clara e facilmente identificável, mas uma intuição vaga: o objeto sob ata-que nunca é precisamente definido”. Vê-se aqui, de forma irônica inclusi-ve, que o próprio conceito de obje-tividade é passível de compreensão como subjetivo.

Muñoz-Torres ressalta a aplicação de nuances ao avaliar a objetividade, como se fosse possível ser mais ou menos objetivo. Para o autor, a razão pela qual esta não é uma articulação possível é “clara: não estamos falando de algo que pode ser possível de vá-rias formas ou graus (como ser sábio), mas de uma impossibilidade absoluta” (Muñoz-Torres, 2012, p. 575, tradução nossa).

Na hierarquização da informação no texto jornalístico, como um dos procedimentos utilizados para atingir a objetividade, os critérios de valori-zação e seleção são considerados, tam-bém, manifestações de subjetividade:

Uma vez que o mundo nos oferece infinitos fatos, que não podem ser abrangidos, uma seleção deles é sempre necessária. Esta seleção é necessariamente realizada por alguém, de um ponto de vista espe-cífico, em relação a alguns valores e em vista de alguns objetivos. Sem valores e objetivos, todos os fatos seriam iguais e, no final, irrele-vante. (Muñoz-Torres, 2012, p. 579, tradução nossa)

Uma forte crítica toca nas cons-truções sociais as quais os membros da sociedade informacional estão su-jeitos. De acordo com Merrill (1984, citado em Ryan, 2001, p. 6, tradução nossa), “repórteres e editores são con-dicionados por diversos fatores (por exemplo, gênero, circunstância, edu-cação) que, quando unidos à necessi-dade de selecionar histórias e detalhes para histórias, tornam impossível que eles sejam objetivos”. McNair (2017, p. 1320-1) argumenta, no mesmo sen-tido, que os vieses estruturais e in-conscientes que se encontram enraiza-dos na prática da objetividade derivam de algumas ideias e pressupostos das rotinas jornalísticas, como os relativos

às fontes de informação que devem ter prioridade.

A apresentação de discursos con-flitantes é fonte de crítica também. Para Muñoz-Torres (2012, p. 576, tradução nossa), essa prática pode ser útil, quando não há “provas suficien-tes disponíveis ou sendo apenas uma questão de mera preferência […] tam-bém é verdade que o princípio de sem-pre asem-presentar opiniões opostas como igualmente válidas equivale a declarar implicitamente que todas as opiniões possuem o mesmo valor”.

De acordo com Friedman (1998, citado em Ryan, 2001), a ideologia da objetividade torna invisível o real poder da mídia de manter e fortale-cer o senso comum. A objetividade faz “parte do aparato ideológico do capitalismo. Nessa crítica, esse tra-balho ideológico é crucial para ad-ministrar o consenso e reforçar a he-gemonia nas democracias liberais” (McNair, 2017, p. 1321, tradução nossa).

Haverá, então, para além dos pro-blemáticos ideais de objetividade, al-guma articulação que possa sustentar um jornalismo ético, social e episte-mologicamente responsável?

(8)

Objetividade jornalística e a epistemologia feminista

stanpoint

Tendo em vista as críticas que são feitas à objetividade apresentadas no tópico anterior, procuramos agora res-ponder à questão aí levantada a partir de uma reflexão sobre o impacto para as mulheres da adoção do preceito re-ferido como norma moral no jornalis-mo e da consideração da epistejornalis-molo- epistemolo-gia feminista standpoint, que faz parte do conjunto das epistemologias que investigam a influência, as hierarquias e os interesses de gênero na produção de conhecimento. Em causa estão não apenas as rotinas, os valores, as práti-cas e as premissas da produção do co-nhecimento, mas o modo como esses elementos podem ser (re)feitos para desfazer a opressão.

Como vimos, são vários os teóri-cos que defendem que a objetividade é impossível. Autores como Merrill (1984) e McNair (2017), já citados, entendem que há um condicionamento dos membros da sociedade de acordo com sua localização e situação social, além de uma ideia de “consenso” ou senso comum, que é comandada pe-los poderosos. Hall (1984, citado em

Traquina, 2013), por exemplo, desta-ca a instituição dos “valores-notícia”, critérios de seleção dos fatos a serem noticiados, como reflexo de uma estru-tura profunda sobre o funcionamento da sociedade. Esses critérios são, para o autor, um mapa cultural do mundo social.

Neste sentido, é imprescindível discutir uma perspectiva de gênero dentro do jornalismo. A ideologia do “senso comum”, que inevitavelmen-te será replicada nos discursos ditos objetivos, é determinada pela elite – masculina, branca e heterossexual. Essa hierarquização é citada por Beauvoir (2016, p. 25):

Talvez seja impossível tratar qualquer problema humano sem preconceito: a própria maneira de abordar as questões, as perspec-tivas adotadas pressupõem uma hierarquia de interesses: toda qualidade envolve valores. Não há descrição, dita objetiva, que não se erga sobre um fundo ético. Há impacto disso sobre o conheci-mento gerado sobre as mulheres – é o que indica Poulain de la Barre,

cita-do por Beauvoir (2016, p. 18): “Tucita-do o que os homens escreveram sobre as mulheres deve ser suspeito, porque eles são, a um tempo, juiz e parte”.

Aqui, não se faz uma crítica no sentido de que os jornalistas estão propositadamente sendo sexistas nas suas práticas profissionais. O que está em causa é o poder do senso comum e o não confrontamento dele – inclusive pela adoção da objetividade tradicio-nal. Nessa discussão, pode enquadrar--se a teoria do standpoint, proposta por Harding (1991, 1993, 1995, 2006) e Hartsock (1981 e 1983), entre outras investigadoras (Hekman, 1997). Ain-da que não aborde o jornalismo, e sim a objetividade e o conhecimento no âmbito da ciência, o ponto de vista de-fendido por estas teóricas é bastante relevante no escopo da profissão, como refere Linda Steiner. A autora (2018) mostra como a teoria standpoint pode ser posta em prática no jornalismo. Ela realça que a epistemologia femi-nista standpoint (EFS)

coloca em primeiro plano a expe-riência em vez de pretender elimi-ná-la. Abraça afirmativamente a particularidade, em contraste

(9)

com os relatos universalizadores dos empiristas, fundamentados na ilusão de um sujeito universal. A EFS explora os diferentes recursos de distintos de grupos de diferentes localidades para produzir projetos de conhecimento mais críticos e reflexivos. Entende que todos os métodos, incluindo os que afirmam ser apolíticos são políticos; é cons-ciente da desigual distribuição e funcionamento de poder. (Steiner, 2018, p. 1855)

A teoria do standpoint “define o conhecimento como particular e não universal; abandona o observador neutro da epistemologia modernista; define os sujeitos construídos por for-ças relacionais como transcendentes” (Hekman, 1997, p. 356, tradução nos-sa). Defende, ainda, a ideia de um co-nhecimento que é localizado social e geograficamente, ou seja, parte de um ponto de vista específico, que será di-ferente conforme as experiências da-quela pessoa ou daquele grupo social. Embora tenha sido usada principal-mente para criticar a ciência e a me-dicina ocidentais, os seus argumentos centrais podem ser aplicados mais

em geral à “busca de conhecimento” que tenha por base a ideia de que as formas pelas quais os corpos de co-nhecimento são socialmente situados e concretizados tanto limitam como possibilitam o que se pode conhecer.

É importante realçar que, para Harding (1993), nem o standpoint está, em si mesmo, isento de escrutí-nio, nem as mulheres têm acesso au-tomaticamente a algum tipo unitário de ponto de vista das mulheres – não sendo esse ponto de vista sequer um ideal. Harding, com efeito, repudia-va qualquer celebração acrítica de estilos cognitivos supostamente femi-ninos. Antes, a ideia é que iniciar o processo de pensamento e de conhe-cimento a partir da vida de pessoas e grupos marginalizados induz a fazer perguntas mais críticas e revela mais dos pressupostos não examinados que influenciam os contextos de busca de conhecimento; portanto, é mais prová-vel que produza conhecimento mais útil em geral. Incluir as perspetivas da vida quotidiana das mulheres é “preferível” ao conhecimento cien-tífico gerado de modo supostamente objetivo mas localizados em grupos dominantes.

É nesse sentido que Hartsock (1983 citada em Heckman, 1997, p. 343, tradução nossa) destaca a im-portância de um ponto de vista femi-nista na produção de conhecimento: “o grupo dominante [...] na socieda-de rotulará suas perspectivas como ‘reais’ e rejeitará outras definições. [...] embora a percepção da realida-de do grupo dominante seja ‘parcial e perversa’, a do oprimido não é”. As-sim, entende-se que o ponto de vista da mulher poderia ser emancipatório, por fazer parte de um grupo social oprimido. Esse standpoint feminis-ta precisa ser alcançado através de trabalho, reflexão e compreensão da teoria feminista – nem todas as mu-lheres, apenas por serem mumu-lheres, teriam essa visão libertadora, de fato, e sabemos como, por vezes, é difícil para as próprias mulheres liberta-rem-se do status quo.

A mudança proposta é a definição do ponto de vista feminista como co-nhecimento situado e engajado, “como um lugar a partir do qual as feministas podem articular um discurso contra--hegemônico e defender uma socieda-de menos repressiva” (Hekman, 1997, p. 363, tradução nossa).

(10)

No jornalismo, o conhecimento que é gerado é tendencialmente consi-derado neutro, imparcial ou objetivo. Uma consideração de que e como pro-duz, no entanto, permite, desde logo, ver como tal ideia é débil. Em termos de produção, por exemplo, os dados continuam a mostrar diferenciais importantes.

Dados do Women’s Media Center (WMC, 2019), por exemplo, referentes ao gênero no jornalismo estaduniden-se, apontam que as mulheres ainda são minoria na produção de conteúdo jornalístico, especialmente nas televi-sões e nas agências de notícias. Elas são apenas 37% dos apresentadores e correspondentes de programas de televisão transmitidos em horário no-bre, responsáveis por apenas 31% das matérias publicadas por agências de notícias, 40% das matérias publica-das em meios online e 41%, em meios impressos.

Na Europa, de acordo com levan-tamento realizado em onze países pelo European Journalism Observatory1, as mulheres assinavam apenas 23%

1 Disponível em https://pt.ejo.ch/investigacao/ onde-estao-as-mulheres-jornalistas-nos-media-europeus.

dos artigos, em média. Os países com maiores índices de disparidade, ainda de acordo com o mesmo estudo, são a Alemanha, onde somente 16% das no-tícias analisadas eram produzidas por mulheres, e a Itália, onde 21% eram produzidas por mulheres. A nível mais amplo, os resultados do Global Media

Monitoring Project de 2015 em 114

países apontam que apenas 37% das notícias são reportadas por mulheres, em média.

Em Portugal, Subtil aponta que a feminização do jornalismo se pode descrever como um processo dinâ-mico, mas ainda incompleto (Subtil, 2009). Mais em geral, no entanto, uma compreensão das questões de gê-nero no jornalismo passa por ir além da mera “contagem dos corpos” (De Bruin, 2000, p. 224). Com efeito, e ainda que as mulheres jornalistas es-tejam entrando na profissão em núme-ro cada vez mais próximo da paridade numérica, as decisões jornalísticas e as lógicas midiáticas continuam a pro-duzir um jornalismo maioritariamente masculino, em que as rotinas implan-tadas, os valores que se atribuem aos acontecimentos e as prioridades re-lativas às fontes continuam a não ser

questionadas em nome de uma su-posta e transparente objetividade. No entanto, os/as jornalistas, tal como os/ as cientistas, têm corpo, mesmo que reivindiquem não o ter.

Para além da presença das mulhe-res na produção jornalística, também é pertinente a observação de como as mulheres são notícia, quando isto acontece. A seleção de fontes, para Ryan (2001), é uma das estratégias sistemáticas utilizadas para obter um resultado imparcial ou objetivo nos produtos jornalísticos, uma vez que seguiria normas da profissão. No en-tanto, conforme a mesma pesquisa citada anteriormente (WACC, 2015), somente 19% dos especialistas apre-sentados em reportagens são do gêne-ro feminino. Em todos os tópicos de notícias, as mulheres são sub-repre-sentadas, sendo a categoria com me-nor representação a de “Política e Go-verno”, com apenas 16% de mulheres.

Além disso, são poucas as cober-turas feitas que desafiam estereótipos de gênero (4%), que destacam de-sigualdades de gênero (9%) ou que mencionam políticas para igualdade ou instrumentos legais de direitos hu-manos e das mulheres (9%) (WACC,

(11)

2015). Ou seja, a partir destes dados, é possível verificar que se trata de uma prática desigual.

O jornalismo dito objetivo não está observando o mundo do ponto de vista das próprias desigualdades. Também aqui os ensinamentos da epistemolo-gia standpoint nos podem ajudar: se a vida das mulheres se constituir como ponto de partida para criticar as rei-vindicações científicas dominantes, por exemplo, tal pode sugerir novos ângulos, novas perguntas e diminuir as distorções tanto da ciência, como do jornalismo (Steiner, 2018).

As exigências de objetividade e desapego continuam, por outro lado, a ter consequências particulares para as mulheres jornalistas, cujas identida-des de gênero parecem estar em identida- desa-cordo com uma noção de objetividade (Van Zoonen, 1998, p. 45). Tal noção mina as suas experiências pessoais, para que elas se possam tornar pro-fissionais respeitadas, uma estratégia que fica refletida na tentativa de ado-tar traços mais masculinos no campo para ter mais sucesso. A ostracização sentida por muitas mulheres que se atrevem a desviar-se do gênero social e até dos códigos linguísticos (Mahtani

2005, 301) pode ser o reverso da mes-ma moeda.

É necessário que este novo modo de questionar e reportar o mundo a partir da diferença, da particularida-de, da reflexividade de quem questio-na e reporta o nosso quotidiano seja adotado como uma norma moral, e apela-se para que seja sensível às de-sigualdades sociais vigentes e ainda reforçadas pelo próprio jornalismo.

Considerações finais

É comum opor-se a subjetividade à objetividade. No jornalismo, como refere Wien (2006, p. 5), “o problema é que o jornalista deve escolher o con-texto no qual colocar os fatos. E essa escolha é sua própria escolha subje-tiva”. Com efeito, uma das lições da epistemologia feminista standpoint é que a produção de conhecimento in-clui o contexto de descoberta e sub-jetividade. Pontuamos, desse modo, a importância de um ponto de vista fe-minista ou com perspectiva de gênero no jornalismo. Tal não deve restringir--se a um âmbito ativista ou militante, para que a construção de um poderoso discurso contra-hegemônico e a defesa

de uma sociedade menos repressiva, como defende Hekman (1997), citada anteriormente, seja ampla e acessível. O jornalismo, como a ciência, deve atender ao valor da diversidade cogni-tiva, experiencial e institucional.

O atual modelo de objetividade, criticado praticamente desde sua ado-ção no jornalismo, é uma idealizaado-ção sem correspondência prática. Para as mulheres e demais grupos oprimidos, a forma como ele é exercido também não é benéfica. Assim, novas possi-bilidades éticas precisam ser discuti-das, dentro de um ideal de qualidade do jornalismo. Stoker (1995), Ward (2004) e Harding (1991, 1993, 1995, 2006) propuseram novos caminhos para além da ideia de objetividade tradicional, mas a mudança é lenta.

As reflexões e críticas ao preceito de objetividade como central ao jor-nalismo, como visto anteriormente, datam desde o período de adoção des-sa prática (Schudson, 2001). O jorna-lismo passa, hoje, por um complicado momento de redescoberta e ressignifi-cação, com a crescente conectividade e as redes sociais, a desinformação e a pós verdade, uma crise de confiança por parte da audiência e,

(12)

diretamen-te relacionado à última, uma crise financeira.

É necessário repensar as práticas para que o novo jornalismo, por forma a combater, por exemplo, a desinfor-mação, seja mais responsável e ético, não somente dentro das suas práticas já estabelecidas. Ele precisa realizar sua função social, conforme identifica-da por Reginato (2018), de fortalecer a democracia e apresentar a pluralidade da sociedade. Uma democracia não é e não será forte se diferentes grupos, nomeadamente masculinos, heterosse-xuais e brancos, continuarem a produ-zir e / ou definir o conhecimento tido como senso comum.

Os padrões e as desigualdades sociais, mantidos pelo sistema capi-talista e, não por acaso, patriarcal, influenciam fortemente, como viu-se no desenvolvimento deste trabalho, a prática jornalística, uma vez que a ob-jetividade absoluta é, de fato, impossí-vel. Com as conquistas dos movimen-tos feministas, as mulheres ganharam e ganham espaço na sociedade, saindo da esfera privada a qual ficaram res-tritas por tanto tempo, mas ainda são submetidas a fortes impactos da cultu-ra patriarcal.

É necessário remover a ideia de objetividade para que o jornalismo observe e relate o mundo a partir do lugar das mulheres, a fim de reduzir as desigualdades entre os gêneros? Será possível inserir uma perspectiva feminista dentro da ética jornalísti-ca? Para responder a estas questões cremos ter encontrado inspiração na epistemologia feminista standpoint que oferece algumas pistas que nos ajudam a traçar as bases para respon-der a estas perguntas. Como refere Linda Steiner (2018, p. 1858), esta é uma base que

oferece uma abordagem realis-ta, prática, uma descrição não hipócrita de como entender o co-nhecimento como socialmente si-tuado. Incorporando contextos de descoberta e justificação, as suas noções de reflexividade e métodos constituem um recurso prático para jornalistas que trabalham, pro-porcionando uma credibilidade, jornalismo ético, social e episte-mologicamente responsável. Haverá ainda outras inspirações feministas para o desenvolvimento da

ética no jornalismo (Camponez, 2014) como as quais necessitamos de nos engajar e considerar. É certamente um tópico que merece maior aprofunda-mento, dentro de uma pesquisa mais ampla e multidisciplinar.

REFERÊNCIAS

Amaral, Luiz. (1996). A Objetividade Jor-nalística. Porto Alegre: Sagra. Beauvoir, S. (2016). O Segundo Sexo:

Fa-tos e miFa-tos (3. ed.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Camponez, C. (2014). Entre Verdade e Respeito – Por Uma Ética do Cui-dado no Jornalismo. Comunicação e Sociedade, 25, 110-123.

D’Ancona, M. (2017) Post-Truth: The new war on truth and how to fight back. London: EburyPress.

Demenek, Ben Hur. (2009). Objetividade Jornalística: O debate contemporâ-neo do conceito. Dissertação (Mes-trado em Fundamentos do Jorna-lismo) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Ace-dido a 1 de outubro de 2019, em: https://www.metodista.br/revistas/

(13)

revistas-ims/index.php/CSO/article/ view/4669/4621

De Bruin, Marjan (2000). Gender, Organi-zational and Professional Identities in Journalism. Journalism, 1(2), 217–238.

Harding, S. (1991). Whose Science? Whose Knowledge? Thinking from Women’s Lives. Ithaca: Cornell University Press.

Harding, S. (1993). Rethinking standpoint epistemology: What is ‘strong ob-jectivity’”. In L. Alcoff & E. Potter (eds), Feminist Epistemologies, (pp. 49–82). New York: Routledge. Harding, S. (1995). “Strong objectivity”:

A response to the new objectivity question. Synthese, 104(3), 331-349. Acedido a 1 de outubro de 2019, em http://www.jstor.org/stable/201 17437

Harding, S. (2006). Science and Social Ine-quality: Feminist and postcolonial issues. Chicago: University of Illi-nois Press.

Hekman, S. (1997). Truth and Method: Fe-minist Standpoint Theory Revisited. Signs, 22(2), 341-365.

Mahtani, M. (2005). Gendered News prac-tices: Examining experiences of wo-men journalists in different national

contexts. In S. Allan (ed.). Journa-lism: Critical issues, (pp. 299–310). Maidenhead: Open University Press.

McNair, B. (2017). After objectivity? Journalism Studies, 18(10), 1318-1333, https://doi.org/10.1080/1461 670X.2017.1347893

Moretzsohn, S. (2001). Profissionalismo e objetividade: o jornalismo na con-tramão da política. Universidade Federal Fluminense. Acedido a 1 de outubro de 2019, em http://www. bocc.ubi.pt/pag/moretzsohn-sylvia--profissionalismo-jornalismo.pdf Muñoz-Torres, J. M.. (2012). Truth and

objectivity in journalism. Journa-lism Studies, 13(4), 566-582, DOI: 10.1080/1461670X.2012.662401. Reginato, G. D. (2018). As finalidades do

jornalismo: percepções de veícu-los, jornalistas e leitores. Famecos, 25(3), 1-18, DOI: 10.15448/1980-3729.2018.3.29349.

Ryan, M. (2001). Journalistic ethics, ob-jectivity, existential journalism,s-tandpoint epistemology, and public journalism. Journal of Mass Media Ethics, 16(1), 3-22, DOI: 10.1207/ S15327728JMME1601_2

Schudson, M. (1978). Discovering the

News: A social history of American newspaper. New York: Basic Books. Schudson, M. (2001). The objectivity norm

in American journalism. Journalism, 2(2), 149–170. DOI: 10.1177/1464 88490100200201.

Steiner, L. (2018) Solving journalism’s post-truth crisis with feminist stan-dpoint epistemology. Journalism Studies, 19(13), 1854-1865. Stoker, K. (1995). Existential objectivity:

Freeing journalists to be ethical. Journal of Mass Media Ethics: Ex-ploring Questions of Media Morality, 10(1), 5-22, https://doi.org/10.12 07/s15327728jmme1001_1 Subtil, Filipa (2009). Anotações sobre o

processo de feminização da profis-são de jornalista na década de 1990. In J. L. Garcia (ed.), Estudos sobre os Jornalistas Portugueses: meta-morfoses e encruzilhadas no limiar do século XXI, (pp. 93–108. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. Traquina, N. (2012). Teorias do

Jornalis-mo: Por que as notícias são como são? Florianópolis: Insular.

Traquina, N. (2013). Teorias do Jornalis-mo: A tribo jornalística – Uma comu-nidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular.

(14)

Tuchman, G. (1972). Objectivity as stra-tegic ritual: An examination of ne-wsmen’s notions of objectivity. The American Journal of Sociology, 77(4), 660-679.

Tuchman G. (2000). The Symbolic Annihi-lation of Women by the Mass Media. In L. Crothers & C. Lockhart (eds.), Culture and Politics. Palgrave Ma-cmillan: New York.

Van Zoonen, Liesbet (1998). One of the girls? The changing gender of jour-nalism. In C. Carter, G. Branston & S. Allan, News Gender and Power, (pp. 33–46). London: Routledge. Ward, S. J. A. (2004). The Invention of

Journalism Ethics: The path to ob-jectivity and beyond. Québec: Mc-Gill-Queen’s University Press. Wien, C. (2005). Defining objectivity

wi-thin journalism. Nordicom Review, 26(2), 3-15. https://doi.org/10.1515/ nor-2017-0255

World Association for Christian Commu-nication (2015). Who Makes the News? Global media monitoring project 2015. Acedido a 1 de ou-tubro de 2019, em http://cdn.agi-litycms.com/who-makes-the-news/ Imported/reports_2015/global/ gmmp_global_report_en.pdf

Women’s Media Center. (2019). The status of women in the U.S. media 2019. Acedido a 1 de outubro de 2019, em https://tools.womensmediacenter. com/page/-/WMCStatusofWome-ninUSMedia2019.pdf

Referências

Documentos relacionados

Os resultados obtidos nos experimentos de filtração com dosagem ótima e super-dosagem de sulfato de alumínio e pH de coagulação próximo de 5 promoveram as melhores remoções

• Agora, a base de dados de implantes do GALILEOS Implant também inclui linhas de implantes dos seguintes fabricantes: BioHorizons, Klockner, Neoss, O.M.T e Osstem.. • O

A Parte III, “Implementando estratégias de marketing”, enfoca a execução da estratégia de marketing, especifi camente na gestão e na execução de progra- mas de marketing por

No entanto, quando se eliminou o efeito da soja (TABELA 3), foi possível distinguir os efeitos da urease presentes no grão de soja sobre a conversão da uréia em amônia no bagaço

Avaliou-se o comportamento do trigo em sistema de plantio direto em sucessão com soja ou milho e trigo, sobre a eficiência de aproveitamento de quatro fontes

Esse fator numerado como 3 e aqui apresentado como Percepção Individual sobre Saúde, demonstrou uma relação entre as perguntas: (29. Você se considera uma pessoa saudável?) e

Este artigo objetiva analisar uma questão ambiental enfocando maximização de eficiência ambiental decorrente da produção na indústria automobilística brasileira Dentre as