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Retrospectiva histórica do uso de tecnologias como apoio às pessoas com deficiência / Historical retrospective of the use of technology to support people with disabilities

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 42685-42690, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Retrospectiva histórica do uso de tecnologias como apoio às pessoas com

deficiência

Historical retrospective of the use of technology to support people with

disabilities

DOI:10.34117/bjdv6n7-039

Recebimento dos originais: 03/06/2020 Aceitação para publicação: 02/07/2020

Isolda Veronese Moniz Vianna Lisboa

Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal Da Bahia Universidade do Estado da Bahia - Rua Silveira Martins, 2555, Cabula

CEP: 41.150-000 - Salvador – BA -(71) 3117-2200 imvianna@uneb.br

João Manuel Pereira Barroso

Doutor em Engenharia Eletrotécnica pela UTAD INESC TEC e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Quinta de Prados 5000-801 Vila Real – Portugal - (+351) 259 350 000

jbarroso@utad.pt

Tânia de Jesus Vilela da Rocha Doutora em Informática pela UTAD

INESC TEC e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Quinta de Prados 5000-801 Vila Real – Portugal - (+351) 259 350 000

trocha@utad.pt RESUMO

O percurso das pessoas com deficiência na história tem sido marcado por, basicamente, três situações - abandono, exclusão e preconceito, totalmente desprovidos de direitos e, comumente explorados como objetos de entretenimento. No entanto, o desenvolvimento das tecnologias vem escrevendo uma história diferente para essas pessoas. Chamadas também de tecnologias assistivas, vêem contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, independência e integração à sociedade das pessoas com deficiência. Este artigo apresenta uma breve retrospectiva histórica destas tecnologias. Para tanto conduzimos uma pesquisa bibliográfica para investigação do conhecimento existente. Esperamos com este artigo contribuir , não só para com esta área do conhecimento mas, também ressaltar a importância das tecnologias assistivas.

Palavras-chave: pessoas com deficiência, história, tecnologias assistivas. ABSTRACT

The path of people with disabilities in history has been marked by, basically, three situations - abandonment, exclusion and prejudice - totally without rights and, commonly exploited as objects of entertainment. However, the development of technologies has been rewritten a different history for them. Also called assistive technologies have been contributing to improving the quality of life, independence and integration into society of people with disabilities. This article presents a brief historical overview of these technologies. To this end, we conducted a bibliographic search to

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investigate existing knowledge. We hope with this article to contribute, not only to this area of knowledge, but also to emphasize the importance of assistive technologies.

Keywords: people with disabilities, history, assistive technologies. 1 METODOLOGIA (OU MATERIAIS E MÉTODOS)

Conduzimos uma pesquisa bibliográfica para investigação do conhecimento existente e utilizamos o método descritivo para enumeração e ordenação dos dados encontrados.

2 DESENVOLVIMENTO

As várias definições disponíveis sobre tecnologia têm um ponto em comum que merece destaque no escopo desta pesquisa, a saber, “o uso de técnicas e do conhecimento adquirido para aperfeiçoar e/ou facilitar o trabalho com a arte, a resolução de um problema ou a execução de uma tarefa específica”[1] [2][3][4].

Na retrospectiva histórica da deficiência, é possível enumerar tecnologias importantes na resolução de problemas específicos.

As próteses ortopédicas mais antigas foram descobertas nas múmias e possuíam a forma de dedão do pé direito e eram de aproximadamente 600 a.C., usadas por pessoas amputadas. Uma perna de bronze e ferro de 300 a.C. foi encontrada na região da Cápua, na Itália. Na Idade Média “os maiores avanços foram a colocação de ganchos às próteses de mãos e o uso de pernas de pau”. No século XVII o cirurgião holandês Pieter Verduyn criou a primeira prótese transtibial articular sem trava, utilizada na parte abaixo do joelho. Os séculos XIX e XX produziram grandes avanços na produção de próteses, notadamente com os trabalhos de James Potts – chapa de madeira curvada –; Dubois D. Parmelee - prótese transfemural com encaixe de suspensão por sucção; Marcel Desoutter - prótese de alumínio e Van Phillips - próteses de fibra de carbono. O século XXI começa com a proliferação de exoesqueletos, que têm como finalidades sustentar o peso do usuário, “aumento de força, fisioterapia, reabilitação e possibilidade de caminhar”. Atualmente já são produzidos, através de impressoras 3D, próteses de mãos e braços[5][6][7].

Segundo Chauí e Guinsburg, há registros históricos da literatura bíblica e da obra de Diderot (1979) do uso de instrumentos de auxílio usados por pessoas com deficiência visual como cajados, bastões e bengalas. Citam, por exemplo, o cajado de Issac, que evoluiu para uma bengala e “teve suas funções ampliadas de instrumento de orientação e proteção para exploração, busca e reconhecimento de objetos e do ambiente”[8].

Loebl e Nunn falam de como as bengalas, bastões, varas e cajados estão entre os objetos mais retratados no Egito antigo, com uma grande variedade de formas e utilizações, indo desde a sua

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colocação como um ritual no caixão dos falecidos, até seu uso por pessoas com deficiência motora como muletas[9].

A primeira imagem de uma cadeira de rodas em uma escavação em pedra, foi encontrada em um sarcófago na China no século VI[10].

Stephen Farfler em 1655, na Alemanha, construiu uma cadeira de rodas para se locomover, feita em madeira, com duas rodas atrás e uma na frente, acionada por duas manivelas giratórias. A Cadeira de Bath, foi inventada por John Dawson em 1783. “Nos séculos XIX e XX, após a Guerra Civil Americana e a 1a. Guerra Mundial. as cadeiras eram construídas de madeira, assentos de palha, apoios ajustáveis para braços e pés” [2].

Entre os séculos XIV e XVI, ocorreram avanços nos estudos de Anatomia e Fisiologia da audição, visão e do corpo humano, notadamente nos trabalhos de Versalius, Da Vinci, William Harvey, dentre outros, e, em meados do século XVI, Girolamo Cardano foi pioneiro em desenvolver abordagens instrucionais para pessoas com deficiência visual e auditiva [8].

No século XVI o médico Ambroise Paré “aperfeiçoou os métodos cirúrgicos para ligar as artérias, substituindo as cauterizações com ferro em brasa e com azeite fervente”, sendo de grande contribuição para a criação de próteses[10].

Segundo Gugel “em 1620 na Espanha, Juan Pablo Bonet, escreveu sobre as causas das deficiências auditivas e dos problemas da comunicação, condenando os métodos brutais e de gritos para ensinar alunos surdos. No livro Reduction de las letras y arte para ensenar a hablar los mudos, Pablo Bonet demonstra pela primeira vez o alfabeto na língua de sinais”[10].

Ainda no século XVI, Gugel destaca o desenvolvimento de um código para ensinar pessoas com deficiência auditiva a ler e escrever através de sinais e escrita, pelo médico e matemático Gerolamo Cardomo que influenciou o monge beneditino Pedro Ponce de Leon a desenvolver um método de educação para pessoa com deficiência auditiva, por meio de língua de sinais[2].

Tabak coloca que a língua de sinais usada nos dias de hoje nos Estados Unidos, tem sua origem no século XVII no trabalho desenvolvido por Charles-Michael L’Epée. Este, abriu sua primeira escola para pessoas com deficiência auditiva em 1771, assim como publicou vários trabalhos sobre a educação destas pessoas. Sua metodologia baseava-se na língua de sinais, usadas pelos seus alunos e apelava para sua intelectualidade, através da visão e afirma ter criado um sistema de sinais que tornava possível ao usuário representar a língua francesa manualmente. Pierre Desloges, contemporâneo de L’Epée, e autor do livro Observações da Pessoa Surda sobre o curso da Educação Elementar, defendia a língua de sinais dos surdos de Paris como tendo a mesma importância das línguas faladas, com estrutura e gramática, tendo expressividade e capacidade de expressar pensamentos como qualquer

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outra língua, podendo ser usada inclusive no escuro. Seu livro é considerado como sendo a primeira descrição daquilo que viria a ser chamada de Cultura do Surdo[11].

Fonte: http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php em 23d3 abril de 2020.

A revolução do pensamento iniciada pelo Iluminismo, estimulou o desenvolvimento de tratamentos para pessoas com deficiência e levou ao aparecimento de uma classe de médicos, educadores e cuidadores. Esta profissionalização reforçou o desenvolvimento e proliferação de instituições e escolas e deu início à tendência em direção a institucionalização nos séculos XIX e XX[12].

Bradock destaca os avanços terapêuticos ocorridos durante o século XIX, notadamente para àqueles com deficiência na fala. Escolas para a educação de crianças com deficiência física, começam a aparecer em 1832 – Bavária, John Nepinak -. O código Braille é publicado em 1829 e é oficialmente adotado em 1932, através de um acordo entre os comitês americanos e britânicos, impulsionando o mercado gráfico para pessoas com deficiência visual. O Congresso americano passa a destinar uma quantia anual exclusiva para a publicação de materiais educacionais, para pessoas com deficiência visual[12].

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Gugel destaca as contribuições do médico psiquiatra Philippe Pinel e seu Tratado sobre Insanidade, que promovia o tratamento moral e influenciou mundialmente as áreas de psicologia e psiquiatria[10].

Também no início do século XIX cresciam as organizações de caridade como, por exemplo, a Cruz Vermelha e o Instituto para o Homem Aleijado e Deficiente, empenhadas na reabilitação vocacional (1917). Estas organizações conduziam pesquisas sobre a deficiência física e propunham recomendações sobre as necessidades destas pessoas através de um sistema de serviços, incluindo educação, treinamento vocacional, tratamento médico, cuidados na convalescência, serviços sociais, provimento de equipamentos de assistência, entre outros[12].

Grandes avanços tecnológicos na confecção de próteses surgiram no pós-guerra, possibilitando a um grande número de pessoas voltar ao trabalho.

Kudlick e Thurston destacam os avanços tecnológicos na confecção de ferramentas assistivas, desde próteses até aplicativos, softwares e hardwares, notadamente no decorrer dos séculos XX e XXI [13][7].

REFERÊNCIAS

[1] “Tecmundo.” [Online]. Available: https://www.tecmundo.com.br/tecnologia/42523-o-que-e-tecnologia-.htm. [Accessed: 06-Jan-2020].

[2] “Oxford Dictionary.” [Online]. Available:

https://www.oxfordlearnersdictionaries.com/us/definition/english/technology?q=technology. [Accessed: 06-Jan-2020].

[3] “Cambrige dictionary.” [Online]. Available:

https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/technology. [Accessed: 06-Jan-2020]. [4] “Significados.” .

[5] “Braskem.” [Online]. Available: https://www.braskem.com.br/paratletismo-infografico. [Accessed: 14-Jan-2020].

[6] “História Blog.” [Online]. Available: https://historiablog.org/2014/03/27/a-evolucao-das-proteses/. [Accessed: 14-Jan-2020].

[7] A. J. Thurston, “PARÉ AND PROSTHETICS: THE EARLY HISTORY OF ARTIFICIAL LIMBS,” ANZ J. Surg., vol. 77, no. 12, pp. 1114–1119, 2007.

[8] J. G. Marilena de Souza Chauí, Os Pensadores. São Paulo, 1979.

[9] W. Y. J. F. Loebl, “Staffs as walking aids in ancient Egypt and Palestine,” J. R. Soc. Med.

Vol. 90, 1997.

[10] Maria Aparecida Gugel, “A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade.” [Online]. Available: http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php. [Accessed: 01-Jul-2019].

[11] J. Tabak, Significant Gestures: a history of American Sign Language, 2nd ed. London: Praeger, 2006.

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[12] D. L. Braddock, Disability at the Dawn of the 21st Century. Washington,DC: American Association of Mental Retardation, 2002.

[13] C. J. Kudlick, “Disability History: Why We Need Another ‘Other,’” Am. Hist. Rev., vol. 108, no. 3, pp. 763–793, 2003.

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