• Nenhum resultado encontrado

UM POUCO DE HISTÓRIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "UM POUCO DE HISTÓRIA"

Copied!
45
0
0

Texto

(1)

Uma visão geral

(2)

UM POUCO DE HISTÓRIA Um tipo particular de sofrimento, nomeado posteriormente de Depressão, que tem registros desde a antiguidade.

A história do Rei Saul, no Antigo Testamento, descreve uma síndrome depressiva, assim como a história do suicídio de Ajax, na Ilíada de Homero.

O Rei Saul passa a maior parte de seus dias lutando contra inimigos do seu povo, particularmente, os filisteus. Em certo momento, ele “deu as costas para Deus”; e como punição, os

“demônios passaram a afligi-lo”.

O Rei Saul passa seus dias muito triste e atormentado, sem ver qualquer saída, até que um dia seus servos lhe dizem: “Eis que um espírito mau te atormenta. Se tu, nosso amo, deres ordens, teus servos aqui procurarão um homem que saiba tocar harpa, para que, quando o mal espírito estiver sobre ti, ele a toque a fim de te acalmar”.

(3)

UM POUCO DE HISTÓRIA

Hipócrates (grego, 460-370 a.C.) formulou a primeira classificação nosológica dos transtornos mentais registrada na história: descreveu e nomeou a melancolia, a mania e a paranoia.

O médico Maimônides {Rambam} (árabe, 1135-1204 d.C.), considerava a melancolia como uma entidade patológica distinta.

O termo continuou sendo usado por outros autores da medicina, incluindo Galeno (greco-romano, 129-199 a.C.), Alexandre de Tralles (romano, 525-605 d.C.) e Avicenna (persa, 980-1037).

(4)

UM POUCO DE HISTÓRIA

Robert Burton (1577-1640) autor da obra, ‘A anatomia da melancolia’ (1621), um dos primeiros livros de psiquiatria escritos em inglês, enfatizou que o quadro clínico da melancolia deveria ser diferenciado da loucura (mania), e apontou para o fato de que um paciente poderia exibir um ou outro quadro em momentos diferentes. Propôs a divisão: melancolia positiva e estado melancólico.

Sigmund Freud (1856-1939) publicou o artigo “Luto e Melancolia” (1917). Ele postulou que, na melancolia, acontece um empobrecimento e esvaziamento do próprio Eu. Também aponta para uma predominância do tipo narcisista de escolha objetal.

Emil Wilhelm Kraepelin (1856-1926) apresentou, em 1899, o mais forte conceito taxonômico vigente no panorama da psiquiatria mundial. Postulou categorias de doenças mentais de acordo com o grupo de sintomas e progressão da doença. Dividiu as doenças mentais em duas entidades, transtornos afetivos (alterações do humor) e psicoses esquizofrênicas (processos cognitivos). A depressão era entendida, nesse contexto, como parte do curso da psicose maníaco-depressiva.

(5)

UM POUCO DE HISTÓRIA

O termo depressão é relativamente novo na história, tendo sido usado pela primeira vez em 1680, para designar um estado de desânimo ou perda de interesse. Em 1750, o termo foi incorporado ao dicionário.

Entre 1969 e 1970, dois farmacologistas russos (Lapin e Oxenkrug) postularam a hipótese serotonérgica da depressão, em oposição à hipótese noradrenérgica vigente até então (50-60). A hipótese serotonérgica sustentava que a presença de um déficit de serotonina na fenda sináptica em certas regiões do cérebro era uma das causas bioquímicas das síndromes depressivas.

A partir da década de 1960, além das psicoterapias psicodinâmicas, as abordagens cognitivas e comportamentais despertaram o interesse e também passaram a exercer influência sobre o entendimento e o tratamento do comportamento depressivo.

Weickard, médico alemão, em 1790, dividiu as doenças mentais em enfermidades do espírito e do sentimento. A depressão foi descrita na segunda classe:

Enfermidades do sentimento:

1. Excitação: orgulho, cólera, fanatismo, erotomania, etc.

(6)

UM POUCO DE HISTÓRIA

(7)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

Depressão, terminologia recente, é um nome técnico, do ‘vocabulário da saúde’ para um certo estado psicopatológico.

Melancolia, terminologia da antiguidade, a bílis negra, tem configurado uma patologia do espírito uma depressão profunda.

Tristeza, tédio, desânimo, estresse, irritação, mau-humor, apatia, entre outros termos, fazem parte de nosso ‘vocabulário comum’que também aludem a este estado da alma.

Composição de uma ‘cartografia semântica’para a compreensão da Depressão

Estreitamento do mundo Falta de interesse

Desesperança Desânimo, apatia

(8)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

A depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo (OMS, 2017).

Uma questão epidemiológica

A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes a 2015.

Em 10 anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%.

A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Alguns dados apontam 9-10%.

No Brasil, 5,8% da população sofre com esse problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros.

Segundo os dados da OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos.

Para o Dia Mundial da Saúde de 2017, lembrado em 7 de abril, a OMS deu início a uma campanha sobre depressão com o lema “Let’s talk” (“Vamos conversar”), a iniciativa reforça que existem formas de prevenir a depressão e também de tratá-la, considerando que ela pode levar a graves consequências.

!A DOENÇA DOS TEMPOS ATUAIS!

(9)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

A depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo (OMS, 2017).

Uma questão epidemiológica

A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes a 2015.

Em 10 anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%.

A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%.

No Brasil, 5,8% da população sofre com esse problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros.

Segundo os dados da OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos.

Para o Dia Mundial da Saúde de 2017, lembrado em 7 de abril, a OMS deu início a uma campanha sobre depressão com o lema “Let’s talk” (“Vamos conversar”), a iniciativa reforça que existem formas de prevenir a depressão e também de tratá-la, considerando que ela pode levar a graves consequências.

!A DOENÇA DOS TEMPOS ATUAIS!

Será que a depressão, no seu cerne,

expressa alguma coisa muito fundamental

do que é a nossa cultura? E expressa algo

da maneira como lidamos com o sofrimento

(10)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

Em primeiro lugar, é preciso considerar este campo como pluridimensional, logo, complexo. O campo (horizonte) das depressões

Às vezes, a depressão aparece como um sintoma de outra doença. Por exemplo: Câncer, hipotireoidismo, problemas renais...

Outras vezes, pode ser considerada uma síndrome, um conjunto de sinais e sintomas. Por exemplo: transtorno depressivo maior.

Pode, ainda, ser considerada propriamente uma doença, como a melancolia e a distimia.

(11)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

A abordagem da Depressão considera vários níveis de descrição diferenciáveis entre si. O campo (horizonte) das depressões

Depressão endógena ou vital

:

Exemplo: transtorno bipolar ou psicose maníaco-depressiva;

Imotivada: sem causa existencial aparente, nenhuma perda objetivamente demarcável;

Esvaziamento do mundo, esvaziamento do Eu, desinteresse pela realidade, afastamento das fontes de prazer anteriormente procuradas, etc.;

Embora não dispense a parte da vida, da existência, da trajetória biográfica, muitos estudos apontam para a participação de um vetor biológico, neurobiológico;

Suicídio;

Depressão reativa ou exógena:

(12)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

Outra maneira de descrevê-las é qualificando as depressões. O campo (horizonte) das depressões

Depressão secundária

:

É causada por outra coisa, normalmente uma doença orgânica;

Depressão mascarada:

Não se manifesta pela tristeza ou abatimento, mas se manifesta por alterações fisiológicas, tais como a constipação, irritabilidade, etc. Este é um bom exemplo para mostrar que a Depressão não é sinônimo de Tristeza;

Depressão sazonal:

(13)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

Outra maneira de descrevê-las é qualificando as depressões. O campo (horizonte) das depressões

Distimia

:

Tipo de depressão leve e prolongada, longa no tempo (>2 anos);

Ausência da capacidade para elaborar projetos na vida;

Vago sentimento de que a vida não vale a pena, não tem sentido; não se sabe para onde ir...

Falta de interesse nas coisas que faz;

Redução do colorido da vida... Há uma descoloração, a paisagem vai se tornando preta e branca, vai acinzentando...

(14)
(15)
(16)

UMA VISÃO GERAL DAS DEPRESSÕES

As Depressões

constituem um

campo vasto!

O campo (horizonte) das depressões

Para abarcar esse espectro da Depressão, podemos adotar uma

perspectiva pluralista de entendimento desta experiência subjetiva.

(17)

Biológica

Corporeidade

✓ Corpo inteiro;

✓ Sistema nervoso/ o cérebro;

✓ Sistema neuroendócrino;

A dimensão biológica da experiência subjetiva Caso clínico: Phineas Gage

(paciente simbólico)

Foi um operário americano que, num acidente com explosivos, teve seu cérebro perfurado por uma barra de metal, sobrevivendo apesar da gravidade do acidente.

Após o ocorrido, Phineas, que aparentemente não tinha sequelas, apresentou uma mudança acentuada de comportamento.

(18)

Biológica

Corporeidade

✓ Corpo inteiro;

✓ Sistema nervoso/ o cérebro;

✓ Sistema neuroendócrino;

A dimensão biológica da experiência subjetiva Caso clínico: Phineas Gage

(paciente simbólico)

Foi um operário americano que, num acidente com explosivos, teve seu cérebro perfurado por uma barra de metal, sobrevivendo apesar da gravidade do acidente.

Após o ocorrido, Phineas, que aparentemente não tinha sequelas, apresentou uma mudança acentuada de comportamento.

Durante três semanas a ferida foi tratada pelos médicos. Logo depois, Gage já circulava pela vila. Mas, tornou-se o contrario que era antes do acidente. Transformou-se num homem de mau gênio, grosseiro, desrespeitoso para com os colegas e incapaz de aceitar conselhos. Os seus planos de futuro foram abandonados e ele passou a agir sem pensar nas consequências.

Foi a primeira experiência anátomo clínica que

demonstrou que de fato, o lobo frontal, logo, o

cérebro, é parte integrante de uma vida mental.

UMA LESÃO NO CÉREBRO AFETOU A VIDA MENTAL

Analisar a Depressão pela sua dimensão biológica é

tentar entender o que é que se passa no corpo, em

(19)

Biológica

Marcadores biológicos

Não há um marcador específico para a Depressão

Entretanto, há modelos, como a detecção do gene responsável pela coreia de Huntington, doença neurológica que se expressa num quadro de transtorno mental gravíssimo.

Imageamento cerebral avanço excepcional, mas ainda tem pouco uso no diagnóstico dos transtornos mentais.

Limitação: as imagens oferecem a leitura de duas variáveis, fluxo sanguíneo e consumo de glicose; Não mostra depressão.

Pode-se tecer correlações entre certos estados cerebrais e certos estados subjetivos. Mas isso não é o mesmo que dizer que o cérebro é igual a mente ou que a mente se reduz ao cérebro.

O cérebro não tem depressão. Ele apenas funciona assim ou assado.

Quem tem depressão é o

sujeito, o self.

É verdade que o cérebro afeta a mente, vide Gage.

Mas é verdade, também, que a

(20)

Biológica

Marcadores biológicos

Há uma indicação interessante aparecendo em alguns estudos científicos: certos pacientes em estado de depressão apresentam uma redução da atividade do lobo frontal.

Como essa informação pode ser útil nos dias de hoje?

Exemplo: Imaginemos um senhor de 68 anos. Até então atendia as suas atividade profissionais assiduamente. Nos últimos dias, ele tem reclamado de uma espécie de dificuldade de pensar, concatenar as ideias... Ao lado disso, começa a perder o ânimo para fazer suas atividades, surge um sentimento de autodesvalorização...

(21)

Biológica

Marcadores biológicos

Como diferenciar o diagnóstico de Depressão de um diagnóstico de um estágio inicial de um processo demencial?

A imagem mostra redução da atividade nas regiões parieto-têmporo-occipital de ambos os hemisférios.

Estas tecnologias (Eletroencefalograma (EEG),Tomografia

computadorizada (TC), Ressonância Magnética (RM), Imagem

por Ressonância Magnética Funcional (FRMI), Tomografia por

emissão de pósitrons (PET), Tomografia computadorizada por

emissão de fóton único [cintigrafia cerebral] (SPECT), entre

outras, ajudam no diagnóstico diferencial de poucos casos

(22)

Biológica

(23)

Biológica

Hipótese serotonérgica da depressão

(24)
(25)
(26)

Biológica

Alguns tipos de antidepressivos

Antidepressivos tricíclicos (ADT)

Os ADTs agem no sistema límbico, que é a área do cérebro que cuida das emoções. Ele aumenta a quantidade de serotonina e de noradrenalina na fenda sináptica (região entre os neurônios, onde ocorrem os impulsos elétricos). O efeito é conseguido de duas maneiras: ao mesmo tempo que o medicamento impede a recaptação das substâncias, ele diminui a quantidade de receptores. Assim, a concentração dos neurotransmissores aumenta.

Inibidores da mono-aminaoxidase (IMAO)

Os antidepressivos do tipo IMAO aumentam a disponibilidade da serotonina no cérebro. Essa classe de medicamentos inibe a ação da monoaminaoxidase, enzima responsável pelo metabolismo desse neurotransmissor. O bem-estar é efeito do aumento da concentração de serotonina nos locais de armazenamento, em todo o sistema nervoso central ou no

sistema nervoso simpático. Acredita-se que a ação antidepressiva dos IMAOs se relacione também com alterações nos receptores (em número e sensibilidade), mais até do que com o bloqueio da recaptação dos neurotransmissores. Isso explicaria o atraso de duas a quatro semanas na resposta terapêutica.

Inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS)

(27)

Biológica

(28)

Biológica

Alguns problemas ligados a hipermedicalização

A maior parte das receitas prescritas de antidepressivos não é feita por Psiquiatras.

A maioria das receitas é prescrita na primeira consulta.

O uso de antidepressivo transformou-se numa espécie de moda.

Nos EUA, o Prozac, devido as propagandas, transcendeu o uso inicial que era o tratamento das depressões, para o uso focado na superação das tristezas cotidianas. O uso do Prozac

alinhou-se a uma ideia maior de “gerenciamento da existência”.

Prozac:

Pílula da

Felicidade

O antidepressivo não é utilizado apenas contra a depressão,

pois, surge o uso “pró-vida”, “pró

(29)

Fenomenológica

Quais aspectos são levados em consideração nesta dimensão?

É o ponto de vista de quem está deprimido.

É a experiência trágica, a voz em primeira pessoa.

São as narrativas de sofrimentos daqueles que estão com depressão.

De modo geral, pode-se abordar essas experiências subjetivas dentro de 3 grandes eixos:

INIBIÇÃO GLOBAL

SOFRIMENTO MORAL

(30)

Fenomenológica

De modo geral, pode afetar qualquer área da existência

INIBIÇÃO GLOBAL

Afeta o processo cognitivo o encadeamento das ideias, o processo criativo, surge dificuldades em resolver problemas cotidianos;

Inibição afetiva nota-se uma redução da expressividade emotiva; as atividades que davam prazer, deixam de ser assim sentidas. As coisas perdem a graça.

Há uma notável redução da competência laborativa; ausência de motivação para o trabalho;

Há uma notável redução psicomotora; o corpo fica pesado; a fala lenta;

(31)

Fenomenológica

Pelo fracasso que nossa

vida demonstra que é... Pela falta de sentido em tudo que fizemos até hoje...

Pela incompetência que temos de conseguir um bom emprego...

Pela inadequação às expectativas sociais que recaem sobre nós desde pequenos... Autodesvalorização/

redução da autoestima...

SOFRIMENTO MORAL

(32)

Fenomenológica

Apresenta-se, por exemplo, pelo descolamento entre o tempo interno e o tempo externo; Isso é vivido como uma lenta passagem do tempo.

ESTREITAMENTO VIVENCIAL

A depressão melancólica vai muito além da tristeza, ela implica, algumas vezes, na impossibilidade de ficar triste, tamanha é a inibição da vida psíquica.

Às vezes, o suicídio só acontece após os primeiros efeitos do antidepressivo.

Assimbolia incapacidade da pessoa de descrever o que se passa consigo mesmo, ausência da capacidade de simbolizar... tamanho o esmagamento da vida subjetiva.

Apatia anestesia afetiva.

Anedonia– falta de prazer nas coisas cotidianas que davam prazer.

(33)

Fenomenológica

ESTREITAMENTO VIVENCIAL Síndrome de Cotard

A Síndrome de Cotard ou síndrome do cadáver ambulante, delírio niilista ou delírio de negação é uma síndrome rara de fundo psicológico na qual a pessoa acredita estar morta, não reagindo a estímulos exteriores nem a outras pessoas. Também pode acreditar que está com seus órgãos internos podres, apodrecendo ou que foram retirados.

(34)

Fenomenológica

ESTREITAMENTO VIVENCIAL Síndrome de Cotard

A descoberta da síndrome aconteceu em 1880, quando o neurologista francês Jules Cotard descreveu o caso de Mademoiselle X, uma mulher de 43 anos que sofria de uma melancolia ansiosa grave, com um delírio hipocondríaco caracterizado pela convicção de que seus órgãos não existiam. Desde então, começaram a surgir novos casos.

Recentemente, Graham Harrison, ex-encanador da cidade de Exeter (Reino Unido), acordou após uma tentativa de suicídio fracassada. Como tentou se matar eletrocutado, achou que não tinha mais cérebro e que era um zumbi. Harrison foi diagnosticado com a síndrome. Ele afirma que não tinha mais olfato ou paladar, e nem via sentido em comer. Não sentia prazer e começou a vagar em cemitérios como um zumbi.

“— Eu ficava irritado e não entendia como podia falar ou fazer qualquer coisa sem cérebro. Minha mente parecia vazia, não conseguia armazenar qualquer informação e não tinha prazer em fazer as coisas”.

(35)

Fenomenológica

(36)

Psicodinâmica

A dimensão fenomenológica é enriquecida quando nos perguntamos sobre o que é que se passa na vida mental, entendida como os processos psíquicos inconscientes de uma pessoa, quando acontece uma experiência depressiva.

Psicanálise

Sujeito

dividido

Conflito

psíquico

Consciente / Inconsciente

Desejo / Proibido

Impulso natural / Proibição social

Amar / Odiar

Eu Ideal / Ideais sociais

Sintomas

A ideia de uma unidade do Eu é criticada;

A ideia da totalidade da experiência ser controlada conscientemente é criticada;

O Eu não é senhor de sua própria casa;

Hipótese do inconsciente: nós somos governados, a maior parte do tempo, nas nossas escolhas, no que fazemos, no que sentimos, no que pensamos, por motivos que são alheios a nossa percepção consciente; essa ideia é um convite a ver na experiência de uma pessoa, o resultado de muitos conflitos.

(37)

Psicodinâmica

Psicanálise

Sintomas

Não são desvios da normalidade.

Os sintomas são soluções de

exigências conflitantes.

Sintomas mais

plásticos

Sintomas mal

sucedidos

Delírio

O delírio psicótico é compreendido como uma solução para exigências

conflitantes. É visto como uma tentativa de organizar um sentido

para a experiência caótica.

Sintomatologia neurótica

(38)

Psicodinâmica

Por que alguns de nós se tornam pessoas propriamente melancólicas? Pessoas

como que vivem um destino de tristeza... Apresentam queixas constantes em

relação a qualidade da própria existência...

Falha estrutural na

constituição do psiquismo

O que se passa quando alguém tem uma fragilidade estrutural e sofre uma

pequena experiência de perda? É possível que essa experiência desencadeie

uma dor existencial que se torne insuperável e insuportável.

Algumas pessoas têm depressões graves (melancolia) que derivam de uma

constituição inicial do psiquismo muito frágil.

(39)

Psicodinâmica

Pensem no que é nascer num ambiente no qual a

‘mãe’

é deprimida ou

melancólica... ou num ambiente no qual o círculo maternante é

conflituoso e depressivo... Entre outras situações complicadas...

Imaginemos a dificuldade que um bebê tem que enfrentar para superar

esses momentos iniciais da existência... Sem sorte, a experiência inicial de

entrar no mundo vai ser uma experiência de desamparo, de

descontinuidades... A constituição do psiquismo ficará marcada,

esburacada, por essas experiências.

Falha estrutural

(40)

Psicodinâmica

Duas experiências psíquicas que derivam de diferenças estruturais.

LUTO E MELANCOLIA

EXPERIÊNCIA DO LUTO:

Não é considerada um transtorno mental;

Estado psíquico = tristeza, desinteresse pela realidade, desânimo...

É fruto de uma perda real (ou de uma abstração: pátria, liberdade, ideal);

Quais mecanismos psíquicos estão em jogo?

Hipercatexia (superinvestimento) das lembranças;

Desligamento da libido do objeto perdido;

Teste de realidade (o objeto se foi);

Persuasão narcísica (continuo vivo);

Na maioria dos casos, ao fim do processo, o Eu se encontra livre para novas

relações;

Artigo

(41)

Psicodinâmica

LUTO E MELANCOLIA

EXPERIÊNCIA DA MELANCOLIA:

É considerada uma psicopatologia;

Estado psíquico = distúrbio da autoestima, desânimo profundo, perda da capacidade

de amar, inibição das atividades, redução da autoestima, autorecriminação,

expectativa delirante de punição, insônia, perda do apetite...

A perda é de natureza mais ideal...pois parece transcender as perdas objetivas.

Quais mecanismos psíquicos estão em jogo?

Identificação narcísica, incorporação [a sombra do objeto caiu sobre o Eu];

Clivagem do eu e regressão ao narcisismo primário;

Ligação interminável com o objeto perdido;

Artigo

metapsicológico (1917)

(42)

Psicodinâmica

A vida subjetiva, a experiência subjetiva, ela vai do inconsciente até o

que é da esfera consciente, passa pela corporeidade, e se estende no

ambiente físico e no ambiente cultural, que é o mundo vivido, o mundo

tal como se apresenta para cada um.

A vida

mental

Intrapsíquica

Intersubjetiva

Ambiente

físico

Ambiente

social

(43)

Cultural

Contexto científico

redução biológica

desvalorização da experiencia subjetiva.

Contexto político

esvaziamento do horizonte da ação = desencanto que vivemos

quanto à nossa capacidade de mudar as coisas: seja nossa existência, seja a existência

coletiva.

Contexto econômico

desejo/consumo/frustração :: desempenho/produtividade.

Sociedade dos autônomos

individualização :: tudo o que nos acontece é

responsabilidade nossa [vencedores/perdedores]

raiz do sentimento de fundo, difuso,

de insuficiência...

Contexto da sociedade do espetáculo

meio cultural sem fundamentos sólidos :: tudo é

imagem [Guy Debord (1931-1994)]

produção de um tecido cultura permeável a esse

sentimento vago e difuso de incerteza, de incapacidade de sucesso...

(44)

Cultural

(45)

Visão ampla

Depressão

=

Problema

cerebral

apequenada

Experiência

Efeito de

muitos

conflitos

inconscientes

Efeitos

culturais

+

+

+

Biológica

Fenomenológica

Psicodinâmica

Referências

Documentos relacionados

Os motins na América Portuguesa tanto quanto na Espanhola derivam do colapso das formas acomodativas - como será melhor explicado à frente -, ou melhor dizendo, do rompimento

O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando

Há somente um modo para se obter vitória sobre estes três tipos de morte (física, espiritual e eterna), a saber, morrendo para a sentença de condenação e maldição da

16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.. 17 Porquanto Deus enviou o

Acaso não seja possível o pagamento de todos os credores titulares de créditos entre R$ 5.000,01 (cinco mil e um centavo) até R$ 7.500,00, em razão de o valor adquirido com

y Se o Decisor for pelo menos moderadamente optimista então deverá optar pela produção das Lolas Tia. y Nos outros casos, o Decisor deverá optar pela produção de

Esta investigação permitiu, pela primeira vez a nível mundial, fazer um mapea- mento do tipo de neurónios e das ligações entre os neuró- nios existentes nesta lâmina da

Nestes casos é ecologicamente necessária para limitar o crescimento da população dessas espécies e economicamente justificada para a sobrevivência das populações locais, assumindo