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A opção do produtor Brasileiro produzir soja não geneticamente modificada pode ser uma vantagem estratégica / The Brazilian producer's option to produce non-genetically modified soybeans may be a strategic advantage

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761

A opção do produtor Brasileiro produzir soja não geneticamente

modificada pode ser uma vantagem estratégica

The Brazilian producer's option to produce non-genetically modified

soybeans may be a strategic advantage

DOI:10.34117/bjdv5n7-164

Recebimento dos originais: 17/06/2019 Aceitação para publicação: 22/07/2019

Ramesh Mohan Thadani

Mestrando em Engenharia de Produção pela UFAM Instituição: Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Endereço: R. Barão de Indaiá, 639 – cs77; Flores, Manaus, AM 69058-448 E-mail: rameshthadani@ufam.edu.br

Augusto César Barreto Rocha

Doutor em Engenharia de Transportes pela UFRJ Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Endereço: Av. General Rodrigo Octávio, 6200 - Coroado, Manaus, AM 69080-005 E-mail: augusto@ufam.edu.br

RESUMO

Em 2013 o Brasil assumiu a liderança global nas exportações de soja. Boa parte do sucesso dos produtores nacionais coincidiu com a adoção do cultivo de soja GM (geneticamente modificada), também conhecida por soja OGM (organismo geneticamente modificado). Em área cultivada, o Brasil é o segundo maior produtor de GM no mundo, atrás dos EUA. A adoção da soja GM no Brasil foi muito rápida, pois somente em 2003 o Governo Federal autorizou seu plantio e comercialização. A produção de soja GM na safra 2018/2019 totalizou 110,8 milhões de toneladas, contra apenas 4 milhões de toneladas de soja “natural” ou NGM (não geneticamente modificada). Esta pesquisa aborda alguns dos fatores que diferenciam a produção de soja NGM da soja GM no Brasil, tendo como foco a soja destinada à exportação e os principais fatores e tendências que influenciam a demanda global de soja. Conclui que a somatória dos diversos cuidados operacionais para resguardar a integridade da soja NGM e suas diferenciações nos custos, permite avaliar se há vantagem competitiva na sua produção, e se seu plantio pode ser adotado como estratégia por produtores de soja. A pesquisa recomenda o aprofundamento das investigações quanto as vantagens e desvantagens da produção de soja NGM no Brasil a partir das particularidades de cada produtor rural conforme sua localização, bem como provocar reflexões quanto às tendências de consumo nos mercados globais.

Palavras-Chave: Soja NGM, estratégia, vantagem competitiva, Soja GM.

ABSTRACT

In 2013 Brazil assumed the global leadership in soybean exports. Much of the success of domestic producers coincided with the adoption of GM (genetically modified) soybeans, also

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 known as genetically modified (GMO) soya. In cultivated land, Brazil is the second largest producer of GM in the world, behind the USA. The adoption of GM soy in Brazil was very fast, since only in 2003 the Federal Government authorized its planting and commercialization. Production of GM soybeans in the 2018/2019 crop totaled 110.8 million tonnes, compared to only 4 million tonnes of "natural" or non-genetically modified (NGM) soybeans. This research addresses some of the factors that differentiate NGM soybean production from GM soybeans in Brazil, focusing on export soybeans and the main factors and trends that influence soybean global demand. It concludes that the sum of the various operational precautions to protect the integrity of NGM soy and its cost differentiation, allows to evaluate if there is a competitive advantage in its production, and if its planting can be adopted as a strategy by soy producers. The research recommends further research on the advantages and disadvantages of NGM soybean production in Brazil based on the particularities of each rural producer according to its location, as well as provoke reflections on consumption trends in global markets.

Keywords: NGM soy, strategy, competitive advantage, GM soy.

1 INTRODUÇÃO

Em 2013, o Brasil passou pela primeira vez os EUA nas exportações globais de soja, conforme apurado pelo Salin (2014), em relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). Boa parte do sucesso dos produtores nacionais, coincidiu com a adoção do cultivo de soja geneticamente modificada, conhecida como soja GM (geneticamente modificado), ou muitas vezes por soja OGM (organismo geneticamente modificado). A adoção de soja GM no Brasil muito foi rápida, e em 2016, 96,5% da área cultivada com soja era de GM (ISAAA, 2017). Considerando a produção de 114,8 milhões de toneladas de soja na safra de 2018/2019 plantada em 2018 (CONAB, 2019), e aplicando a taxa de adesão em área cultivada de soja GM do mesmo ano, houve produção de 110,8 milhões de toneladas de soja GM, contra apenas 4 milhões de toneladas de soja NGM.

A ISAAA (International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications), que é uma entidade que promove o uso de transgênicos no mundo, destacou em seu relatório anual de 2013, que foi o quinto ano seguido que o Brasil era o país que mais avançava no cultivo de produtos GM, com destaque à soja, que representava 26,9 milhões de hectares com cultivo de soja GM, sobre um total de 40,3 milhões de hectares de cultivo de transgênicos (JAMES, 2013) no país. Segundo a mesma entidade, o Brasil é atualmente o segundo maior produtor de GM com 50,2 milhões de hectares em área cultivada, o que representa 26% da área global cultivada em 2017 (ISAAA, 2017), atrás apenas dos EUA, com 40%. Juntos, somam 66% da área cultivada com OGM no mundo. Das 3 culturas relevantes no Brasil – soja, milho e algodão – a mais adotado é a soja GM, que em 2017 representava 97% da área cultivada com soja (ISAAA, 2017). Deve ser ressaltado, que antes de 1996, não havia comercialização de

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 cultivo GM no Brasil, e em 1996, a área total cultivada com OGM no mundo não passava de 1,7 milhões de hectares (ISAAA, 2016). No Brasil, a Política Nacional de Biossegurança de 1995 (BRASIL, 1995) vedava a comercialização de produtos transgênicos. Em 2003, o Governo Federal publicou a Lei No. 10.688, autorizando o plantio de produtos GM (BRASIL, 2003), e partir dela, sua produção e comercialização passou a ser legal. Portanto, somente em 2003 foi iniciado a adoção de OGM por parte dos agricultores brasileiros (ISAAA, 2016), e 14 anos depois, em 2017, apenas 3% da área dedicada ao cultivo de soja era de soja NGM (não geneticamente modificada), resultando em redução drástica de sua oferta.

Esta pesquisa aborda alguns dos fatores que diferenciam a produção de soja NGM da GM no Brasil, tendo como foco a soja destinada à exportação e os principais fatores e tendências que influenciam a demanda global de soja. Não faz parte do escopo desta pesquisa, as técnicas necessárias para o plantio e cultivo da soja, que serão tratadas a partir da diferenciação dos custos ao agricultor, e indicação de alguns fatores importantes para resguardar a integridade qualitativa da soja NGM. A somatória dos diversos cuidados operacionais e custos do seu transporte permite avaliar se há vantagem competitiva na produção de soja NGM, e se sua produção pode ser adotada como estratégia por produtores. Ela identifica relação entre tendências de consumo de consumidores nos principais países importadores de soja que demandam mais produtos NGM, e a tendência inversa na produção de soja, que favorece cada vez mais o plantio de soja GM, resultando em pagamentos de prêmios aos produtores que optam por produzir soja NGM. A pesquisa recomenda o aprofundamento das investigações quanto às vantagens e desvantagens da produção de soja NGM a partir das particularidades de cada produtor conforme sua localização, bem como provocar reflexão quanto às tendências de consumo nos mercados globais.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com base no estudo recente “A produção de soja NGM pode ser uma estratégia vantajosa para o produtor Brasileiro?” (THADANI; ROCHA, 2019), esta pesquisa teve como objetivo identificar as vantagens econômicas ao produtor brasileiro ao optar por produzir soja NGM.

Para o melhor entendimento do contexto da indústria do comércio de soja no Brasil e no mundo, foi utilizada a pesquisa exploratória, como indicadas pelo Prodanov e Freitas (2013), visando primeiro adquirir um entendimento mais amplo, conforme a Figura 1 abaixo:

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761

Figura 1: Tipos de Pesquisa Científica.

Fonte: adaptado de Prodanov e Freitas (2013).

Em seguida, levantamentos qualitativos e quantitativos nortearam a abordagem da pesquisa sobre a produção, comercialização, demanda e tendências internacionais do consumo de soja GM e NGM, com uma ampla quantidade de dados secundários e relatórios sobre a dinâmica do mercados de soja.

Por fim, para avaliar a competitividade e possibilidade da estratégia da produção de soja NGM no Brasil, foi utilizado a perspectiva mais difundida da Escola de Posicionamento, conforme classificado pelo Mintzberg (1998), fazendo uma avaliação a partir dos estudos de competitividade e estratégia desenvolvidos por Porter (1985) e Montgomery e Porter (1998), buscando identificar se a produção de soja NGM pode ser uma estratégia a ser perseguida por produtores agrícolas brasileiros. Dois conceitos defendidos por Porter serão aplicados nesta avaliação: a análise estrutural da indústria, com o modelo das Cinco Forças (PORTER, 1985) que governam a competição em um setor, conforme Figura 2, e o modelo das Estratégias Genéricas de Competitividade (PORTER, 1985), conforme Figura 3, ambos abaixo:

Pesquisa Básica Pesquisa Aplicada

Pesquisa Exploratória Pesquisa Descritiva Pesquisa Explicativa

Pesquisa Documental Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Experimental Pesquisa Operacional Estudo de Caso Pesquisa-Ação Pesquisa

Participante Pesquisa Ex-Post-Facto Natureza da Pesquisa Objetivos da Pesquisa Procedimentos da Pesquisa

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 3 MÉTODO DE PESQUISA

A contextualização do comércio de soja no Brasil e no mundo, foi através de pesquisas exploratórias utilizando bibliografias variadas, avaliando o comércio global de commodities de forma abrangente considerando a relevância e a importância das Tradings (Trading

Companies), e abordando sua importância no comércio internacional de commodities no

Brasil. Revistas especializadas, boletins e relatórios elaborados por organismos ligados à comercialização de soja e produtos GM e NGM, artigos, reportagens, pesquisas e legislação referente à comercialização de soja e produtos NGM apoiaram a contextualização.

No desenvolvimento da pesquisa, com dados secundários, houve ampla avaliação de dados estatísticos de anuários (ABIOVE, 2019b; CONAB, 2018b; FAO, 2017, 2018a; MDIC, 2018; UNITED NATIONS, 2017; USDA, 2018a, b), censos (FAO, 2018b; IBGE, 2009, 2014) e relatórios (CONAB, 2018a; FAO, 2017; IMEA, 2018; ISAAA, 2016, 2017; JAMES, 2013; MTPA, 2017) sobre o mercado brasileiro e internacional de soja, sua produção e comercialização, e tendências de consumo. Artigos e relatórios científicos (BROOKES; CRADDOCK; KNIEL, 2005; LEITÃO, 2014) sobre a segregação na cadeia logística da soja também serviram de base, por estudar especificamente os custos logísticos diferenciados para a soja NGM no Brasil.

Por fim, estudos de competitividade e estratégia desenvolvidos por Porter e Montgomery (1998; 1985) foram utilizados como referência para avaliar o potencial da produção de soja

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 NGM no Brasil, tendo os conceitos de liderança de custo e diferenciação da Escola de Posicionamento destacado pelo Mintzberg (1998) como referência.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 HISTÓRICO E PRODUÇÃO DA SOJA

A soja, que é uma planta leguminosa de origem asiática e mais conhecida por seus grãos, passou a gerar interesse em produtores agrícolas em diversos países da Europa e nos EUA entre 1876 e 1880, chegando ao Brasil em 1882. O grão brasileiro passa a aparecer nas estatísticas internacionais somente em 1949, quando o país aparece pela primeira vez como produtor de soja (BONATO, EMÍDIO RIZZO; BONATO, 1987).

Em 1969, o Brasil fecha o ano pela primeira vez acima de 1 milhão de toneladas – ano no qual os EUA produziram 30,6 milhões de toneladas. Passa a ganhar rapidamente representatividade na produção global a partir dos anos 1970 (BONATO, EMÍDIO RIZZO; BONATO, 1987), como pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1. Representatividade do Brasil e dos EUA no cenário global da produção de soja em % de toneladas produzidas. 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2018 Brasil / Global 0,2% 0,8% 3,5% 18,7% 18,6% 20,4% 25,3% 33,6% EUA / Global 49,1% 58,7% 70,2% 60,2% 48,3% 46,5% 34,2% 36,2% EUA& Brasil / Global 49,3% 59,5% 73,7% 78,9% 66,9% 67,0% 59,5% 69,8%

Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados da FAO (2018a), USDA (2018a, 2019), OECD (2018) e Bonato e Bonato (1987).

Em 1996, é liberada a comercialização de soja GM nos EUA – a soja geneticamente modificada – um evento que impulsiona a produtividade e atratividade econômica do cultivo de soja. Entre 2000 e 2010, os EUA saltam 20,8% de 75,1 para 90,7 milhões de toneladas de soja produzidas, sendo que a área cultivada foi ampliada em apenas 4,2% (ISAAA, 2016; USDA, 2018a).

O Brasil, passa a adotar a produção GM somente a partir de 2003 (ISAAA, 2017), sete anos após os EUA, pois a Política Nacional de Biossegurança de 1995 vedava a comercialização de produtos transgênicos. Em 2003, o Governo Federal publicou a Lei No. 10.688, permitindo o plantio de produtos GM. A partir dela, passou a ser autorizado produzir

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 e comercializar a soja GM no país, que permitiu um crescimento ainda mais expressivo, pois entre 2003 e 2013, a produção salta de 49,8 para 81,5 milhões de toneladas – um aumento de 63,7%. Considerando a expansão da área cultivada em 29,8% no período (CONAB, 2018b), o advento da soja GM teve forte influência no crescimento, que culminou com as exportações Brasileiras superando pela primeira vez os EUA no comércio global de soja em 2013 (SALIN, 2014).

A soja GM passou a ocupar cada vez mais espaço no cultivo, mesmo tendo sementes mais caras que a “soja convencional” (soja NGM), e ainda pagar royalties ao detentor da patente no ato da venda da produção. Os benefícios econômicos derivados da menor necessidade de defensivos e fertilizantes, as propriedades genéticas de resistência a pragas e capacidade de ser mais produtiva em climas e solos menos favoráveis, estimulam a adoção, que segundo consenso dos agricultores, compensam os custos adicionais das sementes e dos royalties.

Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor global de GM em área cultivada. Antes de 1996, não havia comercialização de produtos GM no mundo, e 21 anos depois, 97% da área de cultivo da soja no Brasil era GM– percentual maior que os 94% nos EUA. Portanto, apenas 3% de toda área cultivada com soja no Brasil em 2017 era soja NGM (ISAAA, 2017).

4.2 CONSUMO DA SOJA

Segundo relatório da IISD (International Institute for Sustainable Development), a maior parte da soja em grãos é convertida para farelo, utilizado para alimentar animais. Globalmente, 87% da soja produzida foi esmagada e convertida em farelo e óleo de soja, e apenas 13% não foi esmagado e aplicado diretamente em usos para consumo humano. Dos 87% esmagados, 80% foi para ração animal, o que representou 70% de toda produção de soja em 2011 (POTTS

et al., 2014). Outro relatório indicou que 75% de toda soja produzida foi utilizada para

alimentar animais – principalmente suínos e aves. Entre 1967 e 2007, a produção de proteína suína cresceu 294%, e de aves 711%. No mesmo período, os preços dessas proteínas diminuíram, e a soja, que é elemento chave no modelo atual de produção de proteínas de origem animal e seus derivados, teve forte influência no resultado (WWF, 2014).

A Nações Unidas (UNITED NATIONS, 2017) projetou a população global em 9,8 bilhões para o ano 2050 – um crescimento anual de 0,78% de taxa composta sobre a população estimada em 7,6 bilhões em 2017. No mesmo período, a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO, 2017) estima que a economia global irá crescer anualmente 2,19% pela taxa composta até 2050, e que o aumento da renda per capita no período será maior nas

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 populações em países de baixa e média renda. Como consequência direta, as populações nestes países passarão a ingerir mais calorias e aumentarão a demanda por alimentos na categoria de proteína animal, laticínios e ovos. Em 2007, o consumo médio de alimentos era de apenas 2.619 kcal/pessoa/dia nos países em desenvolvimento. Até 2050, o consumo de calorias terá um aumento de 381 kcal/pessoa/dia (14,5%) segundo estudo de Alexandratos e Bruinsma (2012). A demanda por soja irá aumentar para acompanhar o aumento de consumo de alimentos.

A introdução de OGM ajudou a aumentar a produção de soja em ritmo semelhante ao da demanda, principalmente nos dois maiores produtores, que juntos produziram aproximadamente 60% da soja do mundo – os EUA e o Brasil (ISAAA, 2016). Mas a introdução de alimentos GM também estimulou o debate na sociedade, quanto à sua segurança à saúde. A UE (União Europeia) tem sido o bloco comercial consumidor mais sensível aos questionamentos de sua população, e passou a exigir em 1997, apenas um ano após a liberação de OGM no comércio mundial, que os rótulos de alimentos indicassem a presença de OGM (MANDEMAKER, 2015). Em 2004, a UE passou a exigir que todo produto, inclusive ração animal contendo OGM, tenha essa informação nos rótulos (BROOKES; CRADDOCK; KNIEL, 2005).

Os consumidores japoneses, também muito sensíveis à qualidade e origem de seus alimentos, e que tem na sua cultura alimentar o consumo de alimentos diretamente derivados da soja como tofu, natto, missô, além de outros alimentos à base de soja, acompanharam com preocupação a evolução da soja GM, e desde o final da década dos anos 1990, passaram a exigir que estes alimentos fossem elaborados somente com soja NGM, pressionando os importadores desta commodity. O mercado de soja destinado a alimentos do Japão é único, por importar apenas soja NGM (YAMAURA, 2011).

Atualmente, 64 países exigem rótulo indicativo para alimentos que contém OGM (CFS, 2018), conforme pode ser observado na Figura 4. Dos principais consumidores, apenas os EUA não possui legislação federal exigindo essa informação nos rótulos, mas uma pesquisa do The Mellman Group (2015) indicou que 88% dos entrevistados eram favoráveis à indicação de conteúdo de OGM no rótulo. A opinião dos consumidores nos diversos países tem exercido pressão sobre os governos. Na UE, cada um dos países membros pode optar por permitir o plantio, sendo que apenas 4 tem cultivado milho OGM em escala (BRANKOV, 2018). A maior economia, Alemanha, que não permite o cultivo, é um dos países que sofre forte pressão de sua população. A pesquisa de mercado da Mintel (2018) mostrou que 72% dos alemães

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 gostariam de ter uma maior escolha de produtos orgânicos, e 54% disseram que o elemento orgânico é um fator decisivo para a escolha. Na China, uma política mais liberal foi revertida em 2016, proibindo o plantio de OGM para alimentos, excetuando papaia e algodão. Os chineses também tem pressionado o estado para ter mais informações sobre OGM na sua alimentação.

Tanto a China quanto a UE, importam produtos OGM em grandes volumes. Conforme dados das exportações brasileiras do “Complexo Soja”, que compreende soja em grãos, farelo e óleo, foram exportados US$ 40,9 bilhões, representando 17,1% do total das exportações em 2018, representando sua maior participação histórica e superando o recorde anterior de 14,6% do ano anterior. Somente a China e a UE somados, representaram 79,2% do valor do complexo soja exportado em 2018 (ABIOVE, 2019b), conforme pode ser observado na Figura 5.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 A China e a UE, que tem legislação vetando o uso da soja GM para uso direto em alimentos para humanos, utilizam a maior parte da soja para alimentar aves, gado e suínos. Um exemplo, é o caso da UE, com grande área destinada à criação de animais que derivam 75% de sua proteína alimentar importados da América do Sul (HENCHION et al., 2017). O principal ingrediente, é a soja GM. A produção de produtos à base de animais requer grandes quantidades de alimentos: para cada quilograma de carne, leite e ovos, são necessários entre 3Kg e 10Kg de grãos (BOLAND, 2013). Isso também se traduz em demanda crescente por grãos – principalmente soja, para continuar a oferecer os produtos finais aos consumidores.

Neste fato, reside também o maior elemento de discussões nos países onde os consumidores tem demonstrado resistência a OGM nos alimentos. Os rótulos nesses países, já informam sobre traços de OGM quando adicionados diretamente, mas em raros casos indicam se um insumo GM foi utilizado em fase anterior na cadeia da produção dos alimentos, como é o caso de carnes, ovos, leite e seus derivados. Pesquisa sobre consumo de proteína na UE elaborado por Visser, Schreuder e Stoddard (2014), indicou que a UE é praticamente autossuficiente na produção de carnes com 96%, e laticínios e seus derivados com 99%.

Porém, a realidade dos insumos para esta produção é bem diferente, sendo que 69% da ração rica em proteínas foi importada. Desses insumos, a situação da soja é a mais crítica, pois a UE origina apenas 3% de sua necessidade de soja dentro do bloco comercial da UE. Em 2018, a UE importou 8,37 milhões de toneladas de farelo de soja do Brasil, sendo o maior importador do produto, com 49,6%, à frente da China, que importou 44,2% (ABIOVE, 2019b).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 Pelo seu conteúdo de proteína, a soja também é um dos compostos mais importantes na ração animal. Assim, a demanda por soja certamente continuará a aumentar, e um potencial aumento na demanda por soja NGM em detrimento da soja GM poderá ser uma realidade, a depender das decisões dos consumidores sobre a presença de soja GM na ração animal. Em 2017, a European Soy Monitor (KRIJGER; OORTHUIZEN, 2019) estimou que as importações de soja nos 28 países membro da UE e Norguega e Suiça (UE+) foram de 34,4 milhões de toneladas de soja, farelo de soja e óleo de soja, representando 12% da produção global. Desse total, 30,9 milhões de toneladas (89,8%) foram destinados a alimentação animal. A organização Non-GMO Project (2017), chama atenção ao fator de ração animal como sendo chave para o futuro dos produtos NGM, dado que a maior parte da soja consumida, é destinada a alimentar animais. Para elucidar a importância, a Figura 6 (abaixo) demonstra a participação de farelo de soja na ração animal na UE, levantado no relatório da European Soy Monitor em 2017(KRIJGER; OORTHUIZEN, 2019).

Figura 6. Estimativa de conteúdo de farelo de soja em ração animal na UE em 2017.

Fonte: Adaptado do relatório da European Soy Monitor (KRIJGER; OORTHUIZEN, 2019)

O tema de alimento saudável é central em muitos países, inclusive nos EUA, e passou a ser associado a todos os tipos de alimentos livres de OGM. A Food Insider Journal (2017), destaca que em 2015 nos EUA, as vendas de produtos orgânicos alcançaram um recorde histórico de US$ 43,3 bilhões – um crescimento de 11% sobre o ano anterior, enquanto o setor de alimentos como um todo cresceu apenas 3% no mesmo ano. Também informou, que derivados de leite representam a segunda maior categoria, com US$ 6 bilhões em vendas, atrás apenas da categoria de frutas e vegetais. Um destaque no mercado dos EUA, país que ainda não tem legislação obrigando a indústria a identificar nos rótulos se um alimento contém ingrediente GM, apenas uma orientação para rótulos estabelecida pelo USDA (2018b)que irá

9%

91% Proteína suína

Conteúdo de Farelo de Soja na ração animal Conteúdo de demais ingredientes na ração animal

26% 74% Proteína de aves Legenda: 15% 85% Gado leiteiro 15% 85% Ovos

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 ser mandatória em 2020, foi o anuncio público da Danone, fabricante global de produtos derivados de leite, que começou a comercializar produtos derivados de leite que não contém ração animal com OGM na cadeia alimentar do gado leiteiro a partir do verão de 2016. Sensível às opiniões e tendências dos consumidores, essa linha é comercializada em diversos países, onde os consumidores estão dispostos a pagar mais – um prêmio – pelo fato de toda cadeia de fabricação do alimento comercializado ser livre de GM (Figura 7). O tema de alimento saudável é central, e passou a ser associado a ingredientes livres de OGM.

Figura 7 – Anuncio de iogurtes derivados de leite integral natural, sem ingredientes OGM

Fonte: Site institucional da Danone dos EUA (DANNON YOGURT US, 2018)

Na Suíça, toda ração é livre de OGM na criação de gado leiteiro desde 2006 (MANN; VENUS, 2015). No Reino Unido, Alemanha, Áustria, Itália, Suíça, França, Dinamarca e Irlanda, grandes redes de supermercados como Tesco, Sainsbury’s, Penny, REWE, EDEKA, Lidl e Coop entre outros, sensíveis às demandas dos consumidores, oferecem inúmeros produtos de laticínios, ovos e carne que não tiveram uso de OGM na ração animal. E em todos casos, os consumidores pagam um prêmio pelo produto totalmente livre de OGM. O caso da alemã EDEKA é um exemplo das iniciativas do varejo em resposta às pressões da sociedade: ela estabeleceu como meta, alcançar 85% de seus produtos de laticínios como NGM até o ano 2020, além de implementar ações para aumentar os produtos de NGM em produtos de carne e salsichas (KRIJGER; OORTHUIZEN, 2019).

A Alemanha, que importou 5,8 milhões de toneladas de soja em 2017, utilizou a maior parte para ração animal. A Associação para Alimentos NGM (VLOG - Verband Lebensmittel

Ohne Gentechnik) certifica o rótulo de alimentos livre de GM, inclusive para ração animal.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 Enquanto para suínos o índice ainda é baixo, para laticínios também já passa de 40%, e para ovos está em torno de 70%, e a VLOG divulgou que esforços continuam para aumentar esses índices. Ela informou que em torno de 9 mil produtos NGM estavam no mercado alemão, gerando receitas na ordem de EUR 7 bilhões, sendo que alguns produtos eram importados (KRIJGER; OORTHUIZEN, 2019).

Todas as pesquisas indicam que a tendência é crescente. A Mintel (2018) avaliou que dos lançamentos globais de alimentos entre 2016 e 2017, 29% estavam na categoria denominada produtos naturais, que inclui produtos orgânicos e NGM. A Euromonitor, apud FoodBev Media (2016), divulgou que 55% dos consumidores procuram por indicação de produtos de origem natural ao analisar rótulos de alimentos. Ao serem confrontados sobre preços, 39% estariam dispostos a pagar mais pelo atributo de “natural”. A Nielsen (2015), em pesquisa global realizada em 60 países, destacou que dentre as características mais procuradas pelo consumidor na hora da compra, é a de NGM. A média global foi de 43%, com destaque para Europa, que teve 47% de importância. É uma tendência crescente.

A mais recente evolução na relação comercial entre o Brasil e a UE, foi a assinatura de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a UE após vinte anos de negociações. A importância desse acordo é evidente ao avaliar as exportações do Mercosul nos últimos cinco anos até 2018: os 28 membros da UE foram responsáveis por importar US$ 48,2 bilhões do Mercosul, atrás apenas da China, com US$ 50,3 bilhões, e bem à frente do terceiro colocado – os EUA, com US$ 30,6 bilhões no período (ALMEIDA; MAZZA; BUONO, 2019). A pesar de não entrar em vigor imediatamente por necessitar ser ratificado por cada um dos países membros dos dois blocos comerciais, o acordo de livre-comércio anunciado em 29 de junho de 2019, gerou expectativas positivas para os produtores brasileiros de grãos em virtude da redução de tarifas comerciais na exportação de proteínas de origem animal do Mercosul para a UE. A relação com os grãos está na ração animal, que deve passar por elevação na sua demanda pelos produtores de proteína animal. O presidente da ABIOVE manifestou entusiasmo com a notícia do acordo, e entende que haverá impacto positivo na demanda domestica por farelo de soja, conforme divulgado dois dias após a notícia do acordo entre o Mercosul e a UE no site da Notícias Agrícolas (ABIOVE, 2019a). Pelas tendências de consumo dos países membro da UE, é provável que a proteína animal brasileira destinado à UE terá de seguir os padrões estabelecidas pelas redes de varejo, sensíveis aos desejos de seus clientes, e portanto, produzidos cada vez mais com ração animal sem ingredientes GM.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 Se de um lado, os consumidores anseiam por produtos NGM, inclusive proteína animal e seus derivados como laticínios e ovos, e as indústrias alimentícias estão sensíveis a esta demanda crescente pelos consumidores dispostos a pagar mais por estes produtos, temos do outro lado um aumento do cultivo de soja GM nos principais produtores e exportadores, notadamente o Brasil e os EUA. Temos movimentos entre demanda e oferta em sentido antagônico, resultando em menos soja NGM sendo cultivado, enquanto a demanda dos consumidores, principalmente na Europa, mas também crescente nos EUA, está demandando mais soja NGM.

4.3 PRECIFICAÇÃO E REMUNERAÇÃO DA SOJA

Para atender a demanda dos consumidores, a indústria que processa a soja está disposta a pagar prêmios pela soja NGM: ela converte os produtos com ingredientes de soja NGM em produtos premium, para quais os consumidores estão dispostos a pagar mais, resultando em produtos mais rentáveis. Os prêmios que a indústria paga aos produtores rurais ainda não são uma constante, tendo variações dependendo da oferta do produto NGM. Este inclusive, é um dos fatores de incerteza, que tem direcionado a escolha de muitos produtores pela soja GM, dado que seu preço é mais certo, e fechado em contratos futuros de grandes volumes. Em abril de 2014, o prêmio pago ao produtor no Brasil pela soja NGM, foi de 17%, pois a soja NGM era vendida por R$70,20 por saca, enquanto a soja GM colhia R$60,00 por saca (LEITÃO, 2014). Mesmo havendo custos maiores envolvidos no cultivo da soja NGM, e deduzindo os custos de segregação, ainda restava uma vantagem líquida de 4,3% para o produtor rural que vendia soja NGM.

Comparado aos EUA, a situação também não é tão diferente. No final de 2014, o jornal The Blade (CHAVEZ, 2014) publicou uma reportagem sobre a demanda asiática por soja NGM cultivado no Ohio, principalmente por Japão, onde a soja é utilizada diretamente em produtos alimentícios como tofu. A reportagem destacou que o prêmio pago aos produtores – a depender da variedade de soja – era de US$ 2 a 3 por bushel (medida de comercialização de grãos nos EUA). Um artigo de Preiner (2016) no AgWeb em 02 de março de 2016, referente a dados de 2015, já indicava um prêmio pago aos produtores de soja-NGM dos EUA entre US$ 1 e 4 por bushel em 2015. Em 20 de outubro de 2014, o preço do bushel de soja valia US$ 9,775. Neste caso, o prêmio pago pela soja NGM variava entre 20,5% e 30,7%. Em 26 de dezembro de 2016, o preço médio do bushel de soja era negociado por US$ 10,025 (MACROTRENDS, 2018). No mesmo período, segundo o The Organic & Non-GMO Report

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 (2016), contratos de soja NGM estavam sendo fechados pagando prêmios variando entre US$ 1,15 até US$ 2,35 por bushel, representando um premio ao produtor variando entre 11,5% e 23,4% – uma média de 17,45%. Em reportagem na Bloomberg em 25 de janeiro de 2019, Hill e Singh (2019) informaram que o produtor dos EUA recebia até US$ 2,50 por bushel para a safra de 2020, estimado em US$ 11 por bushel. Estes prêmios são valores brutos, e não consideram os custos adicionais envolvidos na produção e segregação da soja NGM.

No Japão, um estudo de Yamaura (2011) sobre premios de exportadores de soja NGM dos EUA ao Japão, indicou que a vantagem aos exportadores era de 22% sobre o preço de exportação. Dentre as conclusões do estudo, foi destacada a disposição dos consumidores japoneses em pagar um premio pela soja NGM para sua alimentação.

Este ultimo prêmio de 22% pago aos produtores dos EUA em 2011 pelos importadores Japoneses, é também a média entre os prêmios levantados nesta pesquisa, conforme tabela 2 abaixo.

Tabela 2. Prêmios pagos aos produtores para soja-NGM em anos selecionados.

* Produtores dos EUA exportando especificamente ao Japao

Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados de Leitao (2014), Yamaura (2011), Chavez (2014), Preiner (2016), Macrotrends (2018), The Organic & Non-GMO Report (2016), Hill e Singh (2019)

No Brasil, os custos da soja NGM contemplam diversas variáveis, dentre quais podemos destacar a disponibilidade de sementes NGM; a necessidade de ter uma faixa de 20 metros conhecida como borda de contenção, da qual a soja não poderá ser comercializada como NGM; a constante manutenção com defensivos; a limpeza em todo o processo; e a segregação da soja colhida, evitando a contaminação com soja GM. A tolerância máxima aceita, é de 1 grão de soja GM em cada 1.000 de NGM. Acima desse índice, a soja não pode ser comercializada como NGM e o produtor rural não receberá o prêmio (LEITÃO, 2014). Na atualidade, tanto o produtor rural, quanto os armazenadores e portos exportadores recebem um prêmio pela soja NGM, em virtude dos esforços necessários para mantê-los dentro da

País Ano Prêmio

Japão* 2011 22% Brasil 2014 17% EUA 2014 26% EUA 2015 28% EUA 2016 17% EUA 2019 23%

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 tolerância requerida de ≤ 1/1.000 grão de GM entre os grãos NGM. Assegurar um transporte qualitativo deve ser um alvo nas negociações, dado que o transportador arca com custos adicionais para assegurar adequada limpeza e inspeção pós-limpeza. A tabela de custos elaborado pelo Leitão (2014) para detalhar os custos em toda cadeia logística no Brasil, elucida que, excetuando os transportadores, os demais atores recebem um prêmio líquido que compensa o esforço de segregação, tornando a soja NGM rentável, conforme demonstrado na Tabela 3.

Tabela 3. Custos da segregação da cadeia logística da soja

Fonte: adaptado de Leitão (2014).

4.4 COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SOJA

Porém, a grande maioria dos produtores rurais não exporta sua produção diretamente. A dinâmica do mercado é de vender a produção agrícola a grandes conglomerados com presença global, que dominam a cadeia de commodities agrícolas no mundo, desde a originação, até à sua transformação em agroindústrias. Estas empresas são globalmente conhecidas pelo termo “Trading”, dado sua natureza de comercializar (“trade” em inglês) os commodities, adquirindo diretamente dos produtores e entregando a clientes em qualquer parte do globo, in natura, ou beneficiado.

A maioria das grandes Tradings são empresas verticalizadas, se encarregando de toda cadeia de logística até ao destino final. Payer (1975) já destacava em seus estudos sobre comércio de commodities nos anos 1970, que em particular, as grandes empresas globais de comércio de grãos, estavam se verticalizando. Esta concentração aumentou, e em 2015, somente 4 Tradings conhecidas pelo acrônimo de ABCD, foram responsáveis por 37% de todas as exportações de grãos do Brasil. (ABCD são respectivamente as empresas Archer Daniels Midland, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus). Somados às Tradings asiáticas –

Elo Logístico Custo da Segregação

(%) Proporção (%) Prêmio Recebido por Saca de Soja (%) Proporção (%)

Produtor Rural 4,30% 51,3% 8,42% 40,4% Armazenador/Processador 1,20% 11,40% Transportador Rodoviário 2,14% 0,00% Operador Ferroviário 0,30% 0,00% Operador Portuário 0,45% 1,00% Cadeia logística da "Fazenda ao Porto" 4,09% 48,7% 12,40% 59,6% Total 8,39% 100,0% 20,82% 100,0%

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 principalmente chinesas, japonesas, coreanas e cingapurianos, o total chega a expressivos 82% naquele ano (BONATO, GUSTAVO, 2016). Dessa forma, as Tradings assumem 48,7% dos custos de segregação, mas ao assumir os investimentos, riscos e a coordenação das etapas seguintes à produção rural, acabam ficando com 59,6% do prêmio líquido no Brasil (Tabela 3).

O modelo de Forças Competitivas que moldam uma estratégia, elaborado por Porter em 1979 e proposto para analisar a competição no setor industrial, pode ser aplicado no caso do produtor rural brasileiro que vende seus grãos para grandes clientes internacionais, onde o termo “indústria” representa o setor da cadeia de soja. Montgomery e Porter (1998), destacam que “a situação mais comum é a de uma empresa capaz de escolher a quem vender – em outras palavras, seleção de compradores”. Continuam descrevendo, que somente pode vender para “compradores poderosos e ainda assim alcançar lucratividade acima da média, se for um produtor de baixo custo em seu segmento ou seu produto tiver alguma diferença em qualidade, ou mesmo uma característica singular”. Uma característica singular ou diferenciação nesta indústria, é a soja NGM.

Em seus estudos sobre estratégia competitiva, Porter (1985) explica como uma empresa pode criar e sustentar uma vantagem competitiva em sua indústria. Ao detalhar que a vantagem competitiva é em essência, o valor que a empresa consegue criar para os compradores de seus produtos, e que deve ser maior que o custo, ele identifica duas formas distintas de alcançar esta vantagem competitiva: liderança de custos, ou diferenciação. A liderança de custos, implica que a empresa deve ser capaz de ter os custos mais baixos de sua indústria, e portanto, consegue obter um resultado acima daquele que seus concorrentes podem obter. A sua estratégia, portanto, deve focar na busca de assegurar os menores custos. A diferenciação, por outro lado, visa oferecer um atributo diferenciado em relação aos seus concorrentes, e por conta desse atributo, consegue oferecer um maior benefício em termos de valor percebido. Ao oferecer os atributos desejados, o comprador estará disposto a pagar um prêmio pelos atributos desejados. E há nitidamente, duas categorias de produção de soja no Brasil: a soja GM, que é de baixo custo, e a soja NGM, que colhe prêmios na sua venda, na categoria de diferenciação.

5 CONCLUSÃO

Ao avaliar os estudos de estratégia do Porter e compará-los à indústria do comércio internacional de soja, podemos classificar os produtores rurais brasileiros como integrantes da

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 “indústria”, e as grandes compradoras internacionais, que são as Tradings, como “compradores”. Pela análise da indústria através dos conceitos da relação entre as Tradings e os produtores brasileiros de soja, focando somente nesta relação na análise do modelo das Cinco Forças (PORTER, 1985), podemos concluir que os compradores detém maior influência sobre os preços que a indústria, que precisa reduzir seus custos para se manter rentável. Em 2015, as 4 Tradings ABCD, somados às principais Tradings asiáticas, eram responsáveis por originar e exportar 82% dos grãos brasileiros (BONATO, GUSTAVO, 2016), representando portanto, poucos e poderosos compradores. Já na indústria do cultivo de soja, não há censo oficial recente, mas no último Censo Agropecuário do IBGE de 2006, haviam 215.997 estabelecimentos de produção de soja no Brasil (IBGE, 2009). Aplicando um pareto na área cultivada, 35.503 produtores respondiam por 80,3% da área colhida, e 82% da produção. Há portanto, quantidade numerosa de vendedores na indústria. É fácil concluir que há poucos e poderosos compradores, enquanto há muitos vendedores.

Cultivar soja NGM, é portanto uma boa estratégia?

Se considerar o potencial da soja NGM diante das tendências de demanda crescente por parte dos consumidores nos mercados importadores de soja, há uma oportunidade de capturar os prêmios oferecidos. Porter destaca que há duas estratégias genéricas para a indústria quando os compradores são fortes: Liderança de Custo, que é o caso da soja GM, maximizando a produtividade com o menor custo, ou a Diferenciação, que é exatamente o que percebemos quando avaliamos o mercado de soja NGM, que ocupou apenas 3% da área cultivada por soja nas lavouras brasileiras em 2017, contra os 97% da soja GM.

O produtor rural da soja NGM pode portanto, ser considerado uma liderança por diferenciação, e o cultivo da soja NGM ser uma estratégia competitiva a ser perseguida. Além de assegurar a qualidade do grão NGM, precisa assegurar que o total dos custos de segregação, armazenamento e transporte de sua região de produção sejam inferiores aos prêmios pagos pela sua soja NGM. Na medida que a tendência dos consumidores nos países importadores da soja brasileira consolidar a demanda por proteína de origem animal e seus derivados livre de OGM em toda cadeia de produção, o uso da soja GM na ração animal precisará ser substituído por soja NGM. Na atual conjuntura, é pouco provável que a Europa e Ásia serão capazes de cultivar a quantidade de soja requerida, dado os volumes sendo importados dos EUA e do Brasil. O recente acordo de livre-comércio entre a UE e o Mercosul é inicialmente visto como favorável pelos produtores rurais brasileiros, pois as tarifas de importação de carne para a UE irão ser reduzidas, estimulando o aumento de consumo de grãos no país. Pelas atuais

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 9969-9994 jul. 2019 ISSN 2525-8761 tendências de consumo observado nesta pesquisa, é provável que os consumidores Europeus passem a exigir que a proteína animal seja produzida livre de OGM em sua ração. A demanda por soja NGM portanto, tende a aumentar, enquanto no campo, observamos situação inversa, com os produtores rurais optando pelo plantio de soja GM. Nesta pesquisa observamos que o produtor de soja NGM recebe um prêmio que é variável, porém pode remunerar os esforços adicionais envolvidos para produzir soja NGM. As tendências inversas observadas, com aumento da demanda de soja NGM, enquanto sua produção proporcional à soja GM vem diminuindo, apresenta uma oportunidade ao produtor de soja NGM em aumentar seus resultados.

Cabe a cada produtor rural avaliar criteriosamente sua estrutura de custos e compará-la aos prêmios oferecidos em sua região, para identificar qual a melhor opção estratégica: cultivar soja GM no caso dos prêmios não compensarem os custos adicionais de segregação, armazenamento e transporte, ou a soja NGM, também conhecida por “soja convencional”, quando os prêmios compensam o esforço adicional. Este artigo visa instigar as partes interessadas, e principalmente os produtores rurais, que devem atentar aos movimentos dos consumidores nos países onde a soja brasileira é consumida, inclusive no mercado doméstico, quanto às suas tendências de consumo, e consequências dos desejos dos consumidores finais na legislação e indústria no destino da soja brasileira, pois na essência, serão os consumidores finais que irão determinar qual a melhor estratégia a ser adotada na origem da cadeia produtiva nos campos brasileiros.

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Figura 1: Tipos de Pesquisa Científica.
Tabela 1. Representatividade do Brasil e dos EUA no cenário global da produção de soja em % de toneladas  produzidas
Figura 6. Estimativa de conteúdo de farelo de soja em ração animal na UE em 2017.
Figura 7 – Anuncio de iogurtes derivados de leite integral natural, sem ingredientes OGM
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Referências

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