• Nenhum resultado encontrado

Boletim. Contabilidade Avançada. Manual de Procedimentos. O Capital Intelectual integra o Goodwill. Temática Contábil e Balanços 1.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Boletim. Contabilidade Avançada. Manual de Procedimentos. O Capital Intelectual integra o Goodwill. Temática Contábil e Balanços 1."

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Boletim IOB

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2008 - Fascículo 09 TC 1

Manual de Procedimentos

Temática Contábil e Balanços

O Capital Intelectual integra o

Goodwill

Professores Maria Thereza Pompa Antunes e Eliseu Martins

SUMÁRIO 1. Introdução 2. O que é Goodwill?

3. O que é Capital Intelectual?

4. Qual é a verdadeira relação entre Goodwill e Capital Intelectual?

5. Qual é o impacto do Capital Intelectual na Contabilidade?

6. Conclusão 7. Bibliografi a

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, tem-se ve-rifi cado uma ampla quantidade de publicações no mundo e no Brasil que versam sobre o tema Capital Intelectual e gestão do conhecimento. De fato, esses são temas relevantíssimos. Estamos vi-venciando uma sociedade na qual o re-curso do conhecimento é identifi cado como a

matéria-prima mais importante para as organizações e, em função disso, elas vêm desenvolvendo modelos para a gestão desse conhecimento.

Todavia, o que chama a atenção para a classe contábil é que os referidos artigos ressaltam a impor-tância de a Contabilidade identifi car e mensurar os elementos que compõem o Capital Intelectual sem, entretanto, associá-los ao que já temos estudado den-tro da Teoria da Contabilidade, mais especifi camente dentro do tema Goodwill.

O que representa, enfi m, o Capital Intelectual para a Contabilidade?

O

Capital Intelectual é um conjunto de elementos que ajuda a empresa a passar a valer mais do que vale a soma

algébrica dos seus elementos patrimoniais tradicionais. Logo, é

parte do Goodwill como um todo

Contabilidade Avançada

Antunes (1999), após ampla pesquisa realizada em sua dissertação de mestrado, evidenciou a rela-ção entre Goodwill e Capital Intelectual, mais tarde condensada no artigo intitulado Capital Intelectual:

verdades e mitos (Antunes e Martins, 2000).

Assim, o presente texto tem como objetivo evi-denciar, resumidamente, as conclusões para as prin-cipais questões levantadas por Antunes (1999), a fi m de esclarecer essa relação entre Goodwill e Capital Intelectual.

Dessa forma, espera-se propiciar melhor enten-dimento sobre a questão dos intangíveis para a Con-tabilidade e despertar nos pesquisadores da área

contábil o interesse por questões que re-almente contribuam para a evolução

do conhecimento contábil, a fi m de que a Contabilidade possa, tam-bém, ser efi caz no tratamento dos elementos intangíveis que impactam cada vez mais o va-lor das organizações.

2. O QUE É GOODWILL?

Para responder a essa pergunta, primei-ramente se faz necessário diferenciar o conceito de

Goodwill adquirido do conceito de Goodwill criado

(também denominado por alguns autores Goodwill subjetivo).

A explicação para a existência do Goodwill como um todo (Goodwill adquirido e Goodwill subjetivo) está, segundo Martins (1972: 58), na aplicação dos concei-tos fundamentais da Contabilidade, mais precisamen-te na defi nição do que sejam os Ativos, nos princípios do custo como base de valor e da confrontação das despesas com as receitas e nas convenções da ob-jetividade e do conservadorismo. Martins afi rma que “os efeitos das restrições aos princípios e convenções

abtcct_04168_28.ind 1

(2)

citados se fazem sentir de forma mais dramática nos ativos intangíveis dando origem ao Goodwill ”.

A aplicação da estrutura conceitual básica da Contabilidade, ou seja, dos Princípios Fundamentais da Contabilidade, acaba por provocar o surgimento do Goodwill em um grande número de empresas, pois elas passam a valer mais do que o valor de mercado atribuível aos elementos contabilizados.

Ao avaliar os ativos pelos valores originais das transações que os incorporaram ao patrimônio da empresa e restringindo o registro dos ativos àqueles oriundos de transações efetivamente ocorridas1,

tem-se comumente a não-intem-serção, no patrimônio contabi-lizado da empresa, do que vale a junção de diversos bens e direitos com tecnologia, experiência, imagem, nome, localização, conhecimento etc. Logo, a aplica-ção dos tradicionais “princípios contábeis geralmente aceitos” é que leva ao surgimento do Goodwill, que nada mais é do que a diferença entre o que vale a em-presa como um todo, funcionando, e a soma algébri-ca do valor de meralgébri-cado dos elementos patrimoniais contabilizados.

Consta que a primeira aparição do Goodwill na li-teratura contábil data de 1571 e que, gradativamente, veio sendo relacionado ao comércio, à atividade in-dustrial, à fi delidade da clientela, à localização privile-giada, à personalidade dos proprietários, a processos industriais, a conexões fi nanceiras e a staffs efi cientes (Monobe apud Antunes, 1999: 104).

Pode-se verifi car que esses elementos foram sempre associados aos elementos intangíveis, não identifi cados pela Contabilidade Financeira, que con-tribuem para as atividades empresariais e, portanto, de complexa mensuração. São identifi cadores de um valor a mais para a empresa que somente se mate-rializa quando ela é vendida, dando origem ao

Good-will adquirido no balanço da sociedade adquirente.

Enquanto ele existe de forma latente, mas percebida, porém sem registro contábil, costuma ser denomina-do Goodwill criadenomina-do ou Goodwill subjetivo, passandenomina-do a adquirido quando efetivamente alguém paga por ele.

Portanto, quando uma empresa é vendida e pode-se identifi car um valor pago a mais, normalmente em decorrência da expectativa de lucros futuros, do que o valor de mercado atribuível aos ativos, não

identi-fi cado especiidenti-fi camente com nenhum dos elementos contabilizados pela empresa, ou qualquer outro ati-vo conhecido e com chance de ser negociado indi-vidualmente, mas não contabilizado, e também não atribuível especifi camente à subavaliação dos ativos como decorrência da aplicação dos métodos de mensuração contábeis, ou então decorrente mesmo da sinergia entre os ativos, esse valor é registrado pela Contabilidade como Goodwill adquirido. De for-ma geral, o seu valor é calculado pela diferença entre o valor atual de um negócio como um todo, em anda-mento, e a soma algébrica dos valores de mercado dos itens patrimoniais mensurados individualmente.

Em suma, o Goodwill adquirido decorre do paga-mento derivado da expectativa de benefícios futuros sobre a empresa que excede o valor de mercado dos ativos e passivos seus e consiste em um valor resi-dual, e não é, como usualmente identifi cado, a dife-rença entre o valor de mercado da empresa e o seu valor patrimonial contábil, conforme se pode observar por meio do seu cálculo. Ele só existe para a Conta-bilidade Financeira no momento da aquisição de uma empresa nessas condições comentadas.

Enquanto não houver alguém pagando por ele, o Goodwill não é registrado pela Contabilidade, por ausência de transação específi ca e de um custo de aquisição objetivamente verifi cado.

Pode-se antecipar que, na empresa em atividade, sem estar em situação de venda, é esse Goodwill que contém, entre outros, os elementos hoje identifi cados por Capital Intelectual. Ou seja, os efeitos da existên-cia desses elementos são sentidos, mas só podem ser gerenciados, de forma bastante subjetiva, pela Contabilidade Gerencial, para fi ns internos, sem ex-plicitação pela Contabilidade Financeira por meio de demonstrações contábeis tradicionais.

Há outra característica importante: quando algum fator consegue ser isolado como representativo de parte desse Goodwill e tem vida autônoma, ou seja, quando pode ser transferido a terceiros individual-mente, possui valor de mercado e pode dispor de vida própria, independente da empresa; então, ele é destacado do Goodwill.

Assim, o Goodwill é sempre um valor residual, composto por vários fatores, muitos deles atuando

1

“Ativo é um recurso controlado pela empresa como resultado de eventos passados e do qual futuros benefícios econômicos são esperados a fl uir no futuro para essa empresa.” (IASB. International Accounting Standards Board. Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements. parágrafo 49a.)

(3)

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2008 - Fascículo 09 TC 3

interativamente. Esses fatores não têm vida própria sozinhos e não podem ser alienados individualmente a terceiros.

3. O QUE É CAPITAL INTELECTUAL?

Capital Intelectual, segundo Brooking (apud An-tunes, 1999: 94), é uma combinação de ativos intan-gíveis, fruto de mudanças nas áreas de tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem bene-fícios intangíveis para as empresas e que capacitam o seu funcionamento, classifi cados em Ativos de Mer-cado, Ativos Humanos, Ativos de Propriedade Intelec-tual e Ativos de Infra-Estrutura.

Na mesma concepção, mas utilizando uma lingua-gem metafórica, Edvinsson e Malone (apud Antunes, 1999: 95) defi nem Capital Intelectual comparando-o a uma árvore, quando consideram parte visível - como o tronco, os galhos e as folhas - as informações que estão visíveis nas demonstrações contábeis e parte oculta - como as raízes - o Capital Intelectual, con-cluindo que os investimentos na parte oculta irão tra-duzir-se, materializar-se, nos resultados evidenciados pela Contabilidade.

4. QUAL É A VERDADEIRA RELAÇÃO ENTRE GOODWILL E CAPITAL INTELECTUAL?

Após a conceituação sucinta dos elementos em questão, pode-se, agora, estabelecer a relação entre eles e responder a pergunta: o que representa, enfi m,

o Capital Intelectual para a Contabilidade?

O Capital Intelectual consiste em um conjunto de elementos que ajuda a empresa a passar a valer mais do que vale a soma algébrica dos seus elementos patrimoniais tradicionais. Logo, é parte do Goodwill como um todo. Este é formado, assim, pelo Capital Intelectual da empresa, pelo valor da tecnologia, da sinergia decorrente da junção de diversos ativos, do nome da empresa ou de uma marca que detenha e outros fatores que criem essa mais valia.

O Capital Intelectual é parte integrante do velho e conhecido Goodwill, há séculos tratado pelos estu-diosos e profi ssionais da Contabilidade; portanto, não se trata de um conceito novo para a Contabilidade, quer no seu campo prático, quer no estudo da teoria que a embasa. É apenas a identifi cação mais especí-fi ca de algumas razões desse valor maior do todo que a soma das partes. Ambos fazem parte de um mesmo

fenômeno, pois os fatores que identifi cam a existência de um valor a mais numa organização e que integram o Capital Intelectual já faziam parte do Goodwill (An-tunes, 1999: 111, 176).

Essa conclusão, constatada por Antunes (1999: 87-114), evidenciou-se após estudo aprofundado so-bre os conceitos de Goodwill e Capital Intelectual, por meio da análise comparativa das classifi cações do

Goodwill elaboradas por Coyngton, datada de 1923

(apud Martins, 1972: 74), e por Paton e Paton, datada de 1952 (apud Martins, 1972: 73), com as classifi ca-ções do Capital Intelectual elaboradas por Edvinsson e Malone (1998) e Brooking (1997), bem como por meio da análise comparativa entre os elementos iden-tifi cados por Catlett (apud Martins, 1972: 75) como originadores da formação do Goodwill e pelos ele-mentos identifi cados por Brooking como os respon-sáveis pela formação do Capital Intelectual (Antunes, 1999: 108-110).

Agora, se o Capital Intelectual tivesse vida própria, pudesse ser alienado a terceiros, fosse identifi -cado e circunscrito de maneira completa, deixaria de compor o Goodwill, teria sua personalidade identifi ca-da e poderia ser contabilizado individualmente pelo adquirente dentro da atual estrutura teórica da Con-tabilidade.

A fi m de melhor visualizar essas conexões entre

Goodwill e Capital Intelectual, optou-se por reproduzir

as listas dos fatores responsáveis pela formação de-les, como a seguir2.

Fatores que geram o Goodwill: • administração superior;

• organização ou gerente de vendas proemi-nente;

• fraqueza na administração do competidor; • propaganda efi caz;

• processos secretos de fabricação; • boas relações com os empregados;

• crédito proeminente como resultado de uma sólida reputação;

• excelente treinamento para os empregados;

2

Para maior profundidade, ver: Antunes, 1999: 87-114.

abtcct_04168_28.ind 3

(4)

• alta posição perante a comunidade consegui-da através de ações fi lantrópicas e participa-ção em atividades cívicas por parte dos admi-nistradores da empresa;

• desenvolvimento desfavorável nas operações do competidor;

• associações favoráveis com outra empresa; • localização estratégica;

• descoberta de talentos ou recursos;

• condições favoráveis com relação aos impos-tos;

• legislação favorável.

Fatores que geram o Capital Intelectual:

• conhecimento, por parte do funcionário, do que representa o seu trabalho para o objetivo global da companhia;

• funcionário tratado como um ativo raro; • esforço da administração para alocar a

pes-soa certa na função certa, considerando suas habilidades;

• existência de oportunidade para desenvolvi-mento profi ssional e pessoal;

• avaliação do retorno sobre o investimento reali-zado em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D); • identifi cação do know-how gerado pela P&D;

• identifi cação dos clientes recorrentes;

• existência de uma estratégia proativa para tra-tar a propriedade intelectual;

• mensuração do valor da marca;

• avaliação do retorno sobre o investimento rea-lizado em canais de distribuição;

• sinergia entre os programas de treinamento e os objetivos corporativos;

• existência de uma infra-estrutura para ajudar os funcionários a desempenhar um bom traba-lho;

• valorização das opiniões dos funcionários so-bre os aspectos de trabalho;

• participação dos funcionários na elaboração dos objetivos traçados;

• encorajamento dos funcionários para inovar; • valorização da cultura organizacional.

Pode-se, ainda, verifi car que o valor do Goodwill de uma empresa estará sempre relacionado com a capacidade de geração de lucros dessa empresa (Monobe, 1986: 62), da mesma forma que o Capital Intelectual (Antunes, 1999: 92-111). Mais importante que isso, é que o Capital Intelectual identifi ca alguns elementos do Goodwill, e os demais podem ser atri-buídos aos elementos resultantes da evolução da so-ciedade, principalmente àqueles decorrentes do de-senvolvimento tecnológico e da aplicação do recurso do conhecimento.

Outra forma de justifi car a afi rmativa de que Capi-tal Intelectual faz parte do Goodwill pode ser encon-trada na própria metáfora da árvore, empregada por Edvinsson e Malone para explicar o Capital Intelectu-al. A parte oculta, em sendo os elementos intangíveis, representa para a Contabilidade o Goodwill (subjeti-vo), cujos investimentos e capitalização poderão ma-terializar-se na parte visível da árvore, ou seja, no que se entende por Goodwill adquirido na Contabilidade Financeira e evidenciado nas demonstrações contá-beis (Antunes, 1999).

Por fi m, se considerado ainda que Edvinsson e Malone assumem que o Capital Intelectual pode ser apresentado como uma nova teoria, embora sempre estivesse presente na forma de bom senso, e esse é um dos elementos que compõem o Goodwill (Antu-nes, 1999: 110), sobre a afi rmação de Brooking (apud Antunes, 1999: 109) de que “o Capital Intelectual co-meçou quando o primeiro vendedor estabeleceu um bom relacionamento com o seu cliente, o que se de-nominou Goodwill” não restam dúvidas.

Na verdade, o Capital Intelectual é a grande ex-plicação de uma parte do Goodwill, como pode outra parte estar simplesmente na localização geográfi ca da empresa (uma grande loja comercial estrategica-mente localizada na cidade).

5. QUAL É O IMPACTO DO CAPITAL INTELECTUAL NA CONTABILIDADE?

A Contabilidade, como um sistema especial de informação, deve contemplar os novos requisitos exigidos pelo momento atual. No entanto, isso deve ser feito por meio de estudos criteriosos, para não se entregar a “novos” temas que suscitam polêmica e prevêem revoluções, como é o caso do Capital Inte-lectual.

Em linhas gerais, o modelo desenvolvido pelo Grupo Skandia, tendo como autor principal um dos

(5)

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2008 - Fascículo 09 TC 5

seus executivos, Leif Edvinsson, para mensurar o Capital Intelectual e, conseqüentemente, resolver a problemática (ou parte dela) do Goodwill, deve ser entendido como uma tentativa de identifi car e mensu-rar alguns dos fatores (ativos intangíveis) que contri-buem para a geração de lucros futuros, minimizando a quantidade de intangíveis não identifi cados e, con-seqüentemente, o valor do remanescente a continuar sendo chamado de Goodwill. Entretanto, este modelo foi concebido de forma não objetiva, dada a própria essência desses elementos. Da mesma forma, pode-se considerar que os autores estão “explicando a di-ferença entre o valor contábil e o valor de mercado”, como se referem (Antunes, 1999: 110-112).

Ressalta-se, entretanto, que, apesar dos impe-dimentos devidos às normas contábeis para o regis-tro de tais elementos nas demonstrações contábeis, a gestão destes torna-se de suma importância para as empresas na atualidade, e, dessa forma, a Con-tabilidade Gerencial (ou Estratégica) deve desenvol-ver meios para a identifi cação e gestão dos referidos elementos, cujos investimentos tendem a explicar os resultados fi nanceiros no futuro.

Também se deve ressaltar que, para fi ns geren-ciais, ou então como proposições para mudanças fu-turas, nada impede que se estudem mudanças nas regras atuais da Contabilidade, como, por exemplo, a vedação universal de hoje ao registro do Goodwill não adquirido de terceiros (o subjetivo), à vedação do registro, quando de Goodwill adquirido, de algum fa-tor originador de parte sua que não possa ser vendido separadamente da empresa etc.

6. CONCLUSÃO

Este texto objetivou, principalmente, evidenciar o que representa, de fato, o Capital Intelectual para a Contabilidade e mostrou que ele faz parte do

Good-will, tradicional e secularmente conhecido conceito

da Contabilidade.

Isso se deve ao fato, principalmente, de os fatores que identifi cam a existência de um valor a mais numa organização e que integram o Capital Intelectual já fazerem parte do Goodwill, segundo se pode verifi car pelas classifi cações mencionadas e datadas da pri-meira metade deste século, podendo ser justifi cada a inclusão de novos elementos em função da evolução natural da sociedade.

Conseqüentemente, outras conclusões emergi-ram sobre o tema, e julga-se de igual relevância evi-denciá-las, como a seguir (Antunes, 1999: 175-179).

A preocupação da Contabilidade em identifi car e mensurar os valores intangíveis de uma empresa não é recente, mas, da mesma forma como nunca se des-prezou a sua importância, nunca se subestimou a sua complexidade.

Capital Intelectual é um conceito que identifi ca e agrupa elementos intangíveis (de acordo com as clas-sifi cações apresentadas) que pertencem ao

Good-will, considerando-se o Goodwill como resultante da

não-aceitação pela Contabilidade Financeira de vá-rios itens como componentes do Ativo e em virtude, também, dos princípios do custo como base de valor e o da confrontação das despesas com as receitas, mais as convenções da objetividade e do conserva-dorismo.

Mesmo com a identifi cação do Capital Intelectual, o Goodwill continua existindo como o valor residual dos elementos intangíveis não identifi cados.

Portanto, o Goodwill apresenta-se como um con-ceito mais abrangente do que o do Capital Intelec-tual.

Por fi m, com qualquer que seja o rótulo atribuído aos intangíveis, que sempre fi zeram parte das orga-nizações, entende-se e aceita-se que hoje, cada vez mais, o conhecimento e o gerenciamento desses ele-mentos são relevantes para a gestão das empresas. Portanto, os estudos na área da Contabilidade Geren-cial devem contribuir para mensurar o real valor de uma organização, disponibilizando informações, de natureza quantitativa ou qualitativa e, nesse sentido, todos os esforços devem ser empregados.

7. BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, M. Thereza Pompa. Contribuição ao Entendi-mento e Mensuração do Capital Intelectual. São Paulo, 1999. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Economia, Administra-ção e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

______. Capital Intelectual. São Paulo: Atlas, 2000.

ANTUNES, Maria Thereza Pompa; MARTINS, Eliseu. Ca-pital Intelectual: verdades e mitos. Revista de Contabilidade e Finanças, FEA/USP, no 29, maio/agosto 2002, p. 41-54.

abtcct_04168_28.ind 5

(6)

Demonstração das Origens e Aplicações

de Recursos (Doar) - Elaboração -

Exemplo

1. APRESENTAÇÃO

Neste texto, exemplifi caremos a elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de Recur-sos (Doar).

O primeiro passo para elaborar a Doar é ter em mãos o Balanço Patrimonial do exercício anterior, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) do ano em curso e, também, de-talhamentos sobre as contas de resultado que podem ser obtidas através dos razonetes.

No exemplo que se segue, elaboraremos a Doar para o exercício fi ndo em 31.12.20X2.

Nota

Com a publicação da Lei no 11.638/2007 no Diário Ofi cial da União, a qual alterou a Lei no 6.404/1976 (Lei das S/A), a elaboração da Doar deixou de ser obrigatória a partir do exercício de 2008, tendo em vista que essa de-monstração foi substituída pela Dede-monstração dos Fluxos de Caixa (DFC).

2. BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM 31.12.20X1

Segue balanço sintético da Cia. Falcão, levantado em 31.12.20X1

ATIVO PASSIVO

Circulante 1.020.000 Circulante 620.000

Realizável a Longo Prazo 70.000 Exigível a Longo Prazo 150.000

Permanente 600.000 Patrimônio Líquido 920.000

Total do Ativo 1.690.000 Total do Passivo 1.690.000

3. OPERAÇÕES OCORRIDAS EM 20X2

No desenvolvimento do exemplo, consideremos os seguintes eventos ocorridos no ano de 20X2.

No Eventos ocorridos em 20X2

1 Vendas à vista = R$ 600.000

2 Vendas a prazo no valor de R$ 75.000 a serem recebidas em 20X3

3 Custo das mercadorias vendidas em 1 e 2 = R$ 190.000 4 Compras de mercadorias à vista = R$ 100.000

5 Compras de mercadorias a serem pagas em 20X3, no valor de R$ 50.000

6 Recebimentos ocorridos em 20X2 relativo a clientes, no valor de R$ 700.000

7 Pagamento de fornecedores e outras obrigações em 20X2, no valor de R$ 620.000

Demonstrações Financeiras

______. Capital Intelectual: verdades e mitos. Anais do XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade. Goiânia, out. 2000.

IASB. International Accounting Standards Board. Frame-work for the Preparation and Presentation of Financial Statements. Parágrafo 49a.

MARTINS, Eliseu. Contribuição à avaliação do ativo intan-gível. São Paulo, 1972. Tese (Doutorado). Faculdade de Eco-nomia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

______. Por que o balanço não fornece o valor da empre-sa? IOB - Temática Contábil e Balanços. Ano XVII, no 18, p.

143-146, 1992.

MONOBE, Massanori. Contribuição à mensuração e con-tabilização do Goodwill adquirido. Tese (Doutorado) - Faculda-de Faculda-de Economia, Administração e ContabilidaFaculda-de. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1986.

(7)

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2008 - Fascículo 09 TC 7 No Eventos ocorridos em 20X2

8 Aporte, em dinheiro, efetuado pelos acionistas, no valor de R$ 85.000

9 Despesas operacionais incorridas e pagas em 20X2 = R$ 120.000

10 Transferência de parte da dívida do ELP para o PC, no valor de R$ 55.000

11 Parcela do lucro de 20X2 destinada ao pagamento de acio-nistas = R$ 65.000

12 Obrigações fi scais a serem pagas em 20X3 = R$ 60.000 (des-pesas tributárias)

13 Obrigações trabalhistas a serem pagas em 20X3 = R$ 110.000

14 Recebimento antecipado de parte de empréstimo concedido = R$ 20.000

15 Reconhecimento de encargos fi nanceiros: ELP = R$ 3.000; PC = R$ 1.000

16 Depreciação do exercício = R$ 115.000

17 Reconhecimento dos encargos fi nanceiros sobre empréstimo registrado no RLP = R$ 300

18 Venda de um terreno registrado no Ativo Imobilizado recebida à vista:

Valor da venda: R$ 460.000 Valor contábil do bem: R$ 300.000 Lucro obtido: R$ 160.000

3.1 Contabilização (razonetes)

A contabilização adiante considera, apenas, os grandes grupos de contas (Ativo Circulante, Reali-zável a Longo Prazo, Ativo Permanente, Passivo Cir-culante, Passivo Exigível a Longo Prazo e Patrimônio Líquido), porquanto sua distinção em graus menores (Caixa, Estoque, Fornecedores etc.) não interferem no exemplo ora proposto.

Deixamos de evidenciar os lançamentos propria-mente ditos, em face de serem desnecessários na compreensão do exemplo.

3.1.1 Razonetes das contas de resultado

CMV VENDAS

(3)190.000 190.000(19) (20)675.000 600.000(1) 75.000(2) 675.000 675.000

00 00 00 00

DESPESAS RECEITAS FINANCEIRAS

(9)120.000 409.000(19) (20)300 300(17) (12)60.000 (13)110.000 (15)4.000 (16)115.000 409.000 409.000 00 00 00 00

ARE Resultado Não Operacional

(19)599.000 835.300(20) (21)160.000 160.000(18)

(21)236.300

835.300 835.300

00 00 00 00

3.1.2 Razonetes das contas patrimoniais

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

(s)1.020.000 190.000(3) (7)620.000 620.000(s) (1)600.000 100.000(4) 50.000(5) (2)75.000 700.000(6) 55.000(10) (4)100.000 620.000(7) 65.000(11) (5)50.000 120.000(9) 60.000(12) (6)700.000 110.000(13) (8)85.000 1.000(15) (14)20.000 (18)460.000 3.110.000 1.730.000 620.000 961.000 1.380.000 341.000

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (s)70.000 20.000(14) (10)55.000 150.000(s) (17)300 3.000(15) 70.300 20.000 55.000 153.000 50.300 98.000

ATIVO PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

(s)600.000 115.000(16) (11)65.000 920.000(s) 300.000(18) 85.000(8) 236.300(21) 600.000 415.000 65.000 1.241.300 185.000 1.176.300 S = saldo.

4. BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM 31.12.20X2

Em 31.12.20X2, após o registro contábil dos even-tos referidos no item 3.1, o Balanço Patrimonial da Cia. Falcão estaria assim representado:

ATIVO PASSIVO

Circulante 1.380.000 Circulante 341.000

Realizável a longo

pra-zo 50.300

Exigível a longo

pra-zo 98.000

Permanente 185.000 Patrimônio Líquido 1.176.300 Total do Ativo 1.615.300 Total do Passivo 1.615.300

abtcct_04168_28.ind 7

(8)

5. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (1o.01 A 31.12.20X2)

Já a DRE (simplifi cada) da Cia. Falcão apresenta-ria os seguintes valores:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 1o.01 a 31.12.20X2

Receita bruta de vendas 675.000

(-) CMV (190.000)

(=) Lucro Bruto 485.000

(-) Despesas diversas (409.000)*

(+) Receitas fi nanceiras 300 (408.700)

(=) Lucro operacional 76.300

(+) Resultado não operacional 160.000

(=) Lucro do exercício 236.300

(*) Composição das despesas diversas:

Lançamento no item R$

9 Despesas operacionais incorridas e pagas

em 20X2 = 120.000

12 Obrigações fi scais a serem pagas em 20X3

(despesas tributárias) = 60.000

13 Obrigações trabalhistas a serem pagas em

20X3 = 110.000

15 Despesas fi nanceiras sobre empréstimos a

longo prazo = 3.000

15 Despesas fi nanceiras sobre empréstimos a

curto prazo = 1.000

16 Depreciação do exercício = 115.000

Total = 409.000

6. DOAR

Diante das informações mencionadas, a Doar da Cia. Falcão seria assim apresentada:

1. ORIGEM DE RECURSOS R$

Das Operações Próprias

(+) Lucro ou (-) Prejuízo Líquido do Exercício 236.300

(+) Depreciação 115.000

(+) Despesas Financeiras sobre Empréstimos a Longo Prazo 3.000 (+/-) Participação de Equivalência Patrimonial 000 (-) Lucro na Venda de Bens/Direitos do Ativo Permanente (160.000) (-) Outras Receitas que não Interferem no CCL (encargos fi

nan-ceiros sobre RLP) (300)

(=) Lucro Ajustado 194.000

Dos Acionistas

(+) Aumento de capital 85.000

Realização de Ativos de Longo Prazo e Permanente

(+) Transferências para o AC de Itens Classifi cados no RLP 20.000 (+) Valor da Venda de Bens do Ativo Imobilizado 460.000 De Terceiros

(+) Obrigações que Provoquem Aumento nas Exigibilidades a

Longo Prazo 00

TOTAL DAS ORIGENS 759.000

2. APLICAÇÕES DE RECURSOS

Parcelas Destinadas ao Pagamento de Dividendos 65.000 Aquisição (ou Aumento) dos Ativos de Longo Prazo e

Perma-nente 00

Redução de Obrigações a Longo Prazo (pagamentos de fi

nan-ciamentos) 55.000

TOTAL DAS APLICAÇÕES 120.000

3. VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO -

CCL (1 - 2) 639.000

4. MODIFICAÇÃO NO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

Itens Saldo inicial Saldo fi nal Variação

Ativo Circulante 1.020.000 1.380.000 360.000

(-) Passivo Circulante (620.000) (341.000) (279.000) (=) Capital Circulante Líquido 400.000 1.039.000 639.000

Contabilidade Geral

Pagamento a fornecedores com cartão

de crédito

1. INTRODUÇÃO

Cartão de crédito é um serviço de intermediação que permite ao consumidor (pessoa física ou jurídica) adquirir bens e serviços em estabelecimentos comer-ciais previamente credenciados. O cartão é emitido pelo

prestador do serviço de intermediação, chamado gene-ricamente de administradora de cartão de crédito.

O estabelecimento comercial, por sua vez, regis-tra a regis-transação com o uso de máquinas mecânicas ou informatizadas, fornecidas pela administradora do cartão de crédito, gerando um débito do consumidor a favor da administradora e um crédito do fornecedor do bem ou serviço contra a administradora. Periodi-camente, a administradora do cartão de crédito emite

(9)

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2008 - Fascículo 09 TC 9

e apresenta a fatura ao consumidor, com a relação e o valor das compras efetuadas. Ela, ainda, fi ca respon-sável, diretamente ou por meio de empresa especiali-zada, pelo pagamento ao fornecedor das aquisições efetuadas pelo usuário do cartão de crédito.

Já a relação entre o consumidor e o fornecedor não se altera pela forma de pagamento, sendo manti-da a característica de um contrato, escrito ou não, de compra e venda ou de prestação de serviços.

Neste texto, focalizaremos especifi camente os aspectos contábeis relacionados com o pagamento a fornecedor com cartão de crédito.

2. CONTABILIZAÇÃO DE PAGAMENTO A FORNECEDOR COM CARTÃO DE CRÉDITO

Suponhamos que determinada empresa, pos-suidora de um cartão de crédito da Administradora “X”, comprasse, em 05.04.20X1, material de escritó-rio da empresa Comercial Alfa Ltda., no valor de R$ 2.000,00, e utilizasse para o pagamento desse valor o referido cartão de crédito.

Com base nesses dados e admitindo que a em-presa pague a fatura do cartão de crédito no dia 30 de cada mês, demonstraremos a contabilização rela-tiva a essa compra mediante utilização do cartão de crédito para o seu pagamento.

1) Pelo registro da compra do material de escritó-rio em 05.04.20X1

D - Material de Escritório (Conta de Resul-tado)

C - Contas a Pagar - Administradora “X”

(Passivo Circulante) R$ 2.000,00

2) Pelo pagamento à Administradora “X”, por oca-sião do vencimento da fatura do cartão de crédito, em 30.04.20X1

D - Contas a Pagar - Administradora “X” (Passivo Circulante)

C - Bancos Conta Movimento (Ativo

Circu-lante) R$ 2.000,00

3. OBSERVAÇÕES

Veja que a conta de registro do débito a pagar, no Passivo Circulante, deve ser aberta em nome da ad-ministradora do cartão de crédito e não em nome do comprador da mercadoria. Isso porque a administra-dora, por contrato, fi ca responsável pelo recebimento do comprador, desobrigando a empresa vendedora de qualquer ônus ou perda com a operação caso o comprador não venha a liquidar seu débito.

abtcct_04168_28.ind 9

Referências

Documentos relacionados

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

E ele funciona como um elo entre o time e os torcedores, com calçada da fama, uma série de brincadeiras para crianças e até área para pegar autógrafos dos jogadores.. O local

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o