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FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA E DESENVOLVIMENTO MORAL

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA E DESENVOLVIMENTO MORAL 

 

 

 

  Resumo 

O  seguinte  artigo  discute  a  importância  da  moral,  para  a  formação  universitária  do  pedagogo,  como  um  momento  de  grande  valor  tanto  profissional  quanto  pessoal  na  vida  do  educando.  Pois  a  formação  universitária  deve  garantir,  uma  formação  integral,  e  não  apenas  instrucional,  que  almeje  o  conhecimento  e  a  autonomia  dos  educandos.  Deste  modo  o  objetivo  do  artigo  é  refletir  sobre  a  importância  da  presença  dos  estudos  sobre  o  desenvolvimento  moral,  na  formação  universitária.  O  trabalho  se  divide  em  três  partes:  na  introdução  descrevemos  as  justificativas  para  pensar  o  desenvolvimento  moral  na  formação  do  professor,  na  segunda  parte  apresentamos  os  conceitos  chave  da  teoria  de  desenvolvimento  moral  de  Jean  Piaget,  bem  como  as  ideias  chaves  das  teorias  de  Kohlberg  e  Lind,  como  estudiosos da temática, que a partir dos estudos de Piaget,  à  aplicaram  na  educação,  e  na  terceira  parte  discutiram  a  formação  universitária  do  professor,  tecendo  críticas  e  sugestões  referentes  ao  projeto  político  pedagógico  e  à  formação universitária.    Palavras‐chave: Desenvolvimento moral, formação  universitária, ambiente acadêmico.       Karina Luciane Silva Deolindo  Universidade Estadual de Maringá  karina_deolindo@hotmail.com           

 

 

 

 

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Introdução 

Conforme  Lawrence  Kohlberg  (1964  apud  LIND,  2000),  a  competência  moral  corresponde  à  capacidade  de  emitir  juízos  morais  baseados  em  princípios  e  agir  de  acordo  com  tais  juízos.  O  conceito  de  Competência  Moral  foi  elaborado  por  Lawrence  Kohlberg (1984) e se refere à capacidade dos indivíduos para emitir um juízo moral e agir  de  acordo com  tal  juízo.  As  teorias  do  desenvolvimento cognitivo  e moral  desenvolvida  com  base  no  trabalho  de  Jean  Piaget  compreendem  que  os  indivíduos  evoluem  de  um  estágio  de  anomia  (ausência  de  regras),  até  a  uma  autonomia  em  seus  julgamentos  morais.  A  evolução  da  capacidade  de  juízo  moral  se  dá  a  partir  dos  chamados  conflitos  cognitivos, que determinam a necessidade de elaboração de novas estruturas cognitivas  que  viabilizem  respostas  às  novas  situações.  Assim,  para  os  teóricos  deste  referencial,  uma  das  funções  do  aparelho  escolar  seria  provocar  esses  conflitos  cognitivos,  que  possibilitem o desenvolvimento moral dos indivíduos. 

Conforme Lawrence Kohlberg (1964), embora a construção dessa competência se  dê  ao  longo  da  vida,  a  formação  universitária  teria  como  parte  de  seus  objetivos  influenciar os futuros profissionais no desenvolvimento da capacidade reflexiva por meio  da teoria e da técnica trabalhadas, ao longo dos anos de estudo, ou seja, a formação do  educador deveria contemplar não apenas o conteúdo e a técnica, mas também a reflexão  a  respeito  da  sua  prática.  No  caso  da  formação  do  professor,  essa  necessidade  é  ainda  mais  premente,  posto  que  é  ele  o  profissional,  que  trabalhará  mais  diretamente  com  a  formação  de  crianças  e  adolescentes  que  constituirão  a  sociedade  do  futuro.  Os  currículos acadêmicos tradicionais não contemplam a construção da competência moral,  embora  essa  preocupação  esteja  presente  entre  autores  de  diferentes  abordagens  que  pensam a formação do educador.  

Deste  modo  podemos  citar  Saviani  (1996),  por  exemplo.  O  autor  formula  os  saberes  necessários  ao  educador  como  sendo  de  cinco  naturezas  distintas:  atitudinal,  crítico‐contextual, específico, pedagógico e didático‐curricular. O âmbito atitudinal inclui  a necessidade da revisão dos próprios valores e da tradução de tais valores em práxis. A  formação do educador em termos do saber atitudinal diz respeito à construção da ética,  entendida como capacidade reflexiva do sujeito autônomo. O professor é o profissional 

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“reflexivo, racional que toma decisões, emite juízos, tem crenças e gera rotinas próprias  do  seu  desenvolvimento  profissional"  (Clark;  Yinger,  1979).  Isso  implica  num  ser  autônomo  que  tem  a  capacidade  de  ajuizar,  agir  e  criticar  sua  própria  ação.  O  saber  atitudinal  pode  ser  compreendido  como  próprio  do  sujeito  autônomo  porque  se  define  como a predisposição para a ação frente a situações que exigem tomadas de decisões, ou  seja, um profissional competente.  

Fazendo  então  uma  relação  entre  a  formação  dos  professores,  e  suas  competências, Morosini, Cabrera e Felicetti (2011) identificam cinco competências que os  pedagogos  precisam  possuir,  o  primeiro  seria:  conhecimento  da  área  de  atuação,  o  segundo:  ação  didático‐pedagógica,  o  terceiro:  ação  investigativa,  o  quarto:  gestão  de  processos  educativos  e  o  quinto  e  último:  exercício  da  cidadania.  Portanto  entende‐se  que  os  Pedagogos  necessitam  de  uma  formação  de  qualidade,  que  vise  sua  formação  integral,  que  forme  profissionais  realmente  qualificados  para  que  possam  atender  às  necessidades que imperam no meio educacional e na sociedade  

Por  isso,  acreditamos  que  o  Projeto  Político  Pedagógico  da  instituição  tem  por  objetivo  expor  uma  visão  de  mundo  e  traçar  as  diretrizes  e  métodos  que  pretende  desenvolver na proposta de formação do alunado. Segundo Libâneo (2004, p. 152) na sua  elaboração  deve‐se  considerar  o  que  já  está  instituído  (legislação,  currículos,  métodos,  conteúdos,  clima  organizacional,  etc.);  e,  ao  mesmo tempo,  instituir, estabelecer  e  criar  objetivos,  procedimentos,  instrumentos,  modos  de  agir,  estruturas,  hábitos  e  valores,  ressignificando a própria cultura escolar. Desse modo, é possível concluir que as práticas  que  envolvem  oportunidades  de  assunção  de  responsabilidades  e  reflexão  dirigida  estejam explicitadas nesse documento.  

Dessa  forma  entendemos  que  é  necessário  que  a  universidade  pleiteie  esses  momentos  de  construção  da  competência  moral,  com  discussões,  tomadas  de  perspectiva  e  vivência  das  diversas  atividades  que  esse  profissional  irá  enfrentar  como  professor.  Com  isso  o  seguinte  trabalho  busca  essa  analise,  de  quão  importante  é  esse  ensino para desenvolver a moralidade nos alunos. Pois ser competente moralmente, é ser  um profissional de qualidade. 

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Desenvolvimento Moral, Juízo Moral e Competência Moral  

  Os  estudos  sobre  desenvolvimento  moral  na  psicologia  levaram  à  construção  de 

modelos explicativos em várias abordagens: psicanálise, aprendizagem social, psicologia  genética,  sociocultural  e  ecológica  são  algumas  das  mais  reconhecidas.  Destacaremos  nesse  trabalho  as  pesquisas  realizadas  na  abordagem  da  psicologia  genética  a  partir  de  Piaget  (1932/1994)  e  derivadas  dessa  abordagem,  como  a  de  Kohlberg  chamada  de  cognitivo‐desenvolvimentalista (1984) e de Lind chamada de teoria do duplo aspecto do  desenvolvimento moral (2000).  

  Para Piaget (1932/1994), a moral é “um sistema de regras e a moralidade consiste 

no respeito que o indivíduo adquire por essas regras” (p.7). A partir daí já fica anunciada a  relevância de se discutir a reflexão a respeito de regras instituídas, ou seja, não basta a  obediência  ao  sistema  de  regras  existente  para  se  falar  em  autonomia  moral,  mas  a  reconstrução  das  regras  pelo  indivíduo.  Quando  pensamos  no  processo  da  educação,  a  compreensão do educador a respeito do que significa a formação moral é fundamental,  ou  seja,  o  objetivo  final  de  sua  prática  não  é  fazer  com  que  as  crianças  e  adolescentes  respeitem  as  regras  mediante  a  presença  de  um  adulto  “mais  forte”  e  pelo  medo  do  castigo e da punição, mas sim com que construam princípios coerentes sobre a existência  das  regras  e  o  porquê  de  seu  cumprimento  e  que  atuem  segundo  esses  princípios  internos. 

  Piaget  (1932/1994)  afirma  que  o  desenvolvimento  moral,  é  um  processo  de 

construção,  ou  seja,  é  preciso  que  a  criança  construa  para  si  as  regras,  e  não  adianta  a  acumulação de informações a respeito de regras e deveres, ou seja, é preciso que cada  um  possa  construir,  a  partir  de  sua  interação  com  o  meio,  seus  princípios  morais.  A  moralidade não é ensinada, mas sim vivida e experimentada pelos indivíduos. Para tanto  não devemos encarar a moralidade como ensino verbalista, traduzindo para a criança o  que é certo ou errado dentro de determinada sociedade.  

  Nas  palavras  do  próprio  Piaget,  “a  regra  coletiva  é  inicialmente  exterior  ao 

indivíduo e sagrada. Pouco a pouco vai se interiorizando e aparece como livre resultado  do  consentimento  mútuo  e  da  consciência  autônoma”  (PIAGET,  1932/1994,  p.34).  Segundo Piaget, há dois tipos de moralidade: a heterônoma, em que a regra é externa, 

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imposta  pelos  adultos,  na  qual  o  autoritarismo  e  a  obediência  cega  se  encontram;  e  a  autônoma,  ligada  à  cooperação  e  à  responsabilidade  subjetiva  que  considera  além  das  aparências,  as  intenções  e  motivos  dos  sujeitos.  Como  a  criança  passa  da  anomia  (ausência  de  regras)  para  a  heteronomia  e  autonomia?  Em  que  medida  o  ambiente  escolar  pode  ou  não  contribuir  com  isso?  Desde  a  educação  infantil,  devemos  pensar  nessa educação moral que em nada se assemelha ao ensino de uma moral específica ou a  doutrinação. Devemos analisar o desenvolvimento da criança em seus aspectos cognitivo,  afetivo e social para entender como melhor intervir.  

  Menin  (1996,  p.  54)  acentua  que  “(...)  precisamos  viver,  também,  relações  de 

igualdade  com  os  outros  para  que  saibamos  construir  ou  compreender  regras  já  construídas, mais do que, somente, obedecer a regras impostas”. É preciso que saibamos  viver  em  relação  de  igualdade  com  o  nosso  próximo,  e  construamos  junto  com  esses  nossas  regras,  e  com  essas  compreendidas  possamos  viver  em  harmonia  sem  a  obediência cega. 

  Portanto,  não  adianta  que  os  professores  apenas  trabalhem  conteúdos  morais, 

como histórias, cantigas, lendas e projetos, se estes não vivenciam dentro da sala de aula  conjuntamente com seus alunos momentos de reflexão sobre as práticas que estes têm  com seus colegas, a reflexão sobre infrações vale muito mais do que “respostas prontas”.  Essa  oportunidade  que  o  professor  oferece  ao  seu  aluno  num  ambiente  saudável  de  cooperação,  faz  com  que  este  transforme  o  seu  sentimento  de  respeito  unilateral  em  respeito mútuo.  

  Piaget  influenciou  diversos  pesquisadores,  com  suas  pesquisas  e  descobertas,  e 

dentre  esses  pesquisadores  podemos  ressaltar,  Lawrence  Kohlberg,  que  com  seus  estudos,  nos  apresentou  um  conceito  mais  preciso  de  estágios  de  desenvolvimento  moral,  que  perpassam  desde  a  heteronomia  até  a  autonomia.  O  autor  relata  em  suas  pesquisas, que as pessoas evoluem em níveis morais, com o decorrer do tempo, a partir  de suas experiências e vivencias, se defrontando assim com problemas, que a mesma terá  que resolver.  

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(...)  tanto  Kohlberg  como  Piaget  ressaltam  a  importância  do  trabalho  intelectual em comum, isto porque para haver o desenvolvimento moral  é  necessário  que  haja,  simultaneamente,  o  desenvolvimento  cognitivo.  Não  se  pode  haver  a  construção  de  uma  moralidade  autônoma  sem  o  desenvolvimento  da  inteligência.  A  moralidade  está  repleta  de  racionalidade,  pois  exige  uma  reflexão  continua.  Porém,  apenas  o  progresso intelectual não basta não é suficiente para que a moralidade se  desenvolva.  

 

  É necessário que as crianças tenham um desenvolvimento intelectual, para então 

desenvolver  o  moral,  mas  o  primeiro  não  garante  o  segundo,  de  forma  que  o  desenvolvimento  intelectual  se  constitui  como  condição  necessária,  mas  não  suficiente  para  o  desenvolvimento  moral.  O  que  encontramos  muitas  vezes  nas  escolas  é  uma  preocupação  grande  com  o  desenvolvimento  intelectual  das  crianças,  e  um  muito  pequeno, quase inexistente com o desenvolvimento moral destas.   

  Quando  Lawrence  Kohlberg  se  propôs  a  compreender  a  elaboração  do  juízo 

moral,  apoiado  em  Piaget,  realizou  estudos  que  o  fizeram  perceber  que  o  indivíduo  moralmente  maduro  é  aquele  que  não  apenas  reconhece  as  regras  e  as  respeita,  mas  também  percebe  que  justiça  não  é  o  mesmo  que  lei,  e  que  algumas  leis,  por  diversos  motivos, podem estar moralmente erradas. Essa percepção muda com o tempo e com o  tipo  de  sociedade  em  que  o  indivíduo  está  inserido,  sendo  também  um  processo  evolutivo.  

  Aranha  (2006)  evidenciou  que  nas  pesquisas  de  Kohlberg,  ele  mostrava  que 

mesmo  as  pessoas  agindo  de  maneiras  semelhantes  poderiam  ter  intenções  diferentes,  ou  seja,  enquanto  umas  tentavam  em  determinadas  situações,  serem  justas  e  garantir  uma  boa  relação  interpessoal  com  outras  pessoas,  outras  tinham  tais  atitudes  como  meios de escapar de punições, ou mesmo para se dar bem em outras ocasiões.  

  Kohlberg  (1984)  definiu  três  níveis  de  desenvolvimento  moral,  sendo  cada  nível 

subdividido  em  dois  estágios.  São  os  níveis:  pré‐convencional  (estágios  1  e  2),  convencional (estágios 3 e 4) e pós‐convencional (estágios 5 e 6). A sequência de estágios  seria a mesma em todas as culturas, e refletem maneiras de raciocinar. Nos estágios 1 e 2  ainda  não  ocorreu  a  internalização  dos  princípios  morais,  o  que  só  ocorrerá  na  fase  convencional  (estágios  3  e  4).  O  nível  pós‐convencional  (5  e  6)  é  considerado  por 

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Kohlberg  como  o  estágio  mais  avançado  no  desenvolvimento  do  juízo  moral.  Aqui  o  indivíduo  já  tem  os  princípios  internalizados,  agindo  de  acordo  com  eles,  e  mais  ainda,  percebe  que  algumas  leis  podem  estar  erradas,  o  que  ocasiona  o  questionamento  das  mesmas (BIAGGIO, 2002).  

  É  preciso  salientar  que  o  juízo  moral,  não  se  relaciona  necessariamente  à  ação 

moral,  de  forma  que  o  sujeito  pode  pensar  moralmente,  mas  não  agir.  Araújo  (1996,  p.  110)  afirma  que  somente  “quando  o  sujeito  se  sentir  obrigado  racionalmente,  por  uma  necessidade interna, a agir moralmente, de acordo com os princípios universais de justiça  e de igualdade”, é que será possível identificar tanto o juízo moral, quanto a ação moral.  

  Nas escolas, é frequente encontrarmos uma preferência pelo currículo tradicional, 

deixando‐se  até  certo  ponto  em  segundo  plano  a  educação  moral.  Professores  e  pais  sentem  dificuldades  em  transmitir  os  princípios  e  valores  morais  por  eles  considerados  importantes,  e  essa  transmissão  pode  não  garantir  que  as  crianças  e  adolescentes  se  comportem de acordo com o esperado, apesar de conhecerem os valores e regras. Para  tanto,  é  necessário  que  esses  alunos  adquiram  competências  e  habilidades  que  os  capacite a por em prática esses ideais.  

  As  competências  morais  são  entendidas  por  Kohlberg  (1964  apud  LIND,  2000), 

como  a  capacidade  do  individuo  tomar  decisões  morais  com  base  em  seus  princípios  internos, que foram constituídos, por suas ideias e vivencias (aspecto afetivo) no decorrer  de  sua  vida.  Nesse  sentido  o  aspecto  emocional  do  individuo,  do  seu  comportamento  moral,  está  estreitamente  ligado  aos  seus  princípios  morais,  regras,  normas,  dentre  outras  determinações  internas  que  este  desenvolveu.  Já  o  aspecto  cognitivo  do  comportamento  moral  está  interligado  com  o  motivo  moral  particular.  É  essa  estrutura  do processo de julgamento, que é definido por Lind como competência de juízo moral.  

  Georg Lind, pesquisador da Universidade de Konstanz (Alemanha) desde os anos 

70  iniciou  seus  estudos  sobre  o  desenvolvimento  moral  e  a  partir  da  ideia  lançada  por  Kohlberg  (1964  apud  LIND,  2000)  a  respeito  da  possível  relação  entre  juízo  e  ação,  anunciada  no  conceito  de  competência  moral,  ou  seja,  emitir  juízos  baseados  em  princípios e agir de acordo com tais juízos. Esse pesquisador desenvolveu duas linhas de 

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pesquisa:  a  primeira  a  respeito  das  condições  necessárias  para  a  construção  dessa  competência, pensando especificamente na questão educacional, e a segunda a respeito  de  como  mensurar  os  resultados  de  processos  de  intervenção  para  a  construção  da  competência moral.  

  Para Lind (2006), o mundo atual apresenta sérios desafios para os indivíduos com 

relação ao comportamento moral. Segundo o autor, uma democracia pode perecer caso  seus  membros  não  saibam  viver  em  grupo,  aceitando  opiniões  diversas  das  próprias,  recorrendo a métodos não violentos de solução de problemas e participando ativamente  das demandas da sociedade. É, portanto, dever dos pais e educadores auxiliar as crianças  e os adolescentes nesta difícil tarefa, para que não se detenham inutilmente em conflitos  não solucionados.   

  Quando  pensamos  especificamente  na  formação  do  educador  (aquele  que 

promove a formação do outro), a importância da dimensão competência torna‐se ainda  maior.  Para  o  profissional  docente  que  tem  como  fundamento  de  sua  prática  a  relação  com  o  outro  como  base  do  processo  de  construção  do  ensino‐aprendizagem,  é  fundamental  a  reflexão  a  respeito  da  esfera  ética.  O  vínculo  que  se  estabelece  entre  professor  e  aluno  que  subsidia  todo  o  processo  de  ensino‐aprendizagem  deve  ser  baseado na confiança entre ambos, na coerência entre princípios anunciados e prática.  

  Segundo Schillinger (2006), a teoria de Lind é diferente das outras quando o autor 

não  difere  no  desenvolvimento,  o  afetivo  e  o  cognitivo;  Lind  acredita  que  estes  são  inseparáveis,  mas  distintos  aspectos  do  comportamento,  que  devem  ser  investigados  como tais, pois os dois fazem parte do desenvolvimento moral do indivíduo.  

  Como Lind (1985 apud SCHILLINGER, 2006, p. 21) afirma:  

(...)  por  um  lado,  o  comportamento  moral  pressupõe  uma  estrutura  cognitiva: princípios, normas e valores têm de ser equilibrados uns contra  os  outros  e  à  luz  das  circunstâncias  específicas  de  uma  situação  de  decisão  moral.  Por  outro  lado,  a  competência  de  juízo  moral  —  isto  é,  a  capacidade  de  integrar  e  diferenciar  os  princípios  morais  e  aplicá‐las  a  decisões todos os dias — tem um caráter de desenvolvimento e por isso  deve ser colocado em referência à experiência de vida do indivíduo e às  estratégias  socialmente  desenvolvidas  para  resolver  problemas  (tradução minha).  

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  O  desenvolvimento  moral  não  termina  na  infância  e  nem  na  adolescência,  como  era  pensado  anteriormente,  mas  chega  também  à  idade  adulta.  Segundo  Schillinger  (2006)  Lind  (1999),  Kohlberg  e  Higgins  (1984),  a  interação  com  o  ambiente  em  que  as  pessoas  vivem,  influenciam  os  seus  processos  de  desenvolvimento,  mesmo  o  sujeito  estando na idade adulta. Uma questão importante a ser levantada é: será que os alunos  são  influenciados  moralmente  dentro  da  universidade?  Será  que  eles  percebem  um  ambiente  cooperativo?  Ou  coercitivo?  A  questão  que  se  coloca  é  se  o  ambiente  acadêmico seria capaz de desenvolver a competência moral dos alunos.  

  Schillinger  (2006)  considera  que  para  o  sujeito  continuar  a  se  desenvolver 

moralmente e cognitivamente, dentro da universidade, é preciso que este tenha dentro  do seu “currículo escolar”, oportunidades de assunção de responsabilidade. A autora usa  a  expressão  role  taking,  a  partir  dos  trabalhos  de  Sprinthall  e  Thies‐Sprinthall(1993),  Reiman  (2000),  Lind  (1996)  e  Herberich  (1996)  que  se  baseiam  em  considerações  de  Kohlberg  e  Selman  sobre  a  importância  de  atividade  para  o  desenvolvimento  moral  (SCHILLINGER,  2006).  Sendo  assim,  o  aluno  deve  ter  oportunidade  de  “tomadas  de  responsabilidade”, ou seja, o discente deve ter dentro do seu quadro de atividades como  aluno, a oportunidade de se colocar no lugar do outro, para então discutir e refletir sobre  problemas e dificuldades que poderá ou não encontrar em sala de aula. Um outro fator  importante  é  a  reflexão  dirigida,  ou  seja,  ir  para  a  prática  profissional  (estágios,  por  exemplo) e voltar para a universidade com relatos para reflexão. Dessa forma, buscar um  ambiente  “saudável”  para  se  vivenciar  oportunidades  de  cooperação,  faria  toda  a  diferença para o desenvolvimento moral.  

  Para  que  isso  aconteça  é  preciso  que  os  estudantes  das  universidades  tenham 

acesso  a  essa  educação  de  qualidade.  Uma  educação  fomentada  na  ideia  de  ensino‐ pesquisa‐extensão,  em  que  o  aluno  não  seja  mero  coadjuvante,  mas  sim  ator  principal,  que  faz  as  mudanças  acontecerem  de  forma  real  na  sua  vida.  O  role‐taking,  não  busca  apenas  uma  tomada  de  perspectiva,  ele  busca  proporcionar  ao  aluno,  momentos  de  participação ativa, onde ele possa expressar suas opiniões e questionamentos, que possa  tomar  decisões,  e  que  seja  responsável  pela  criação  de  um  ambiente  propício  ao  desenvolvimento intelectual dos alunos.  

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  A  universidade  deve  proporcionar  aos  seus  alunos,  nos  estágios,  por  exemplo,  a  reflexão  dirigida,  para  que  esses  alunos  possam  se  apoiar  no  professor  para  então  refletirem conjuntamente, sobre as situações assistidas dentro das escolas visitadas. Esse  momento  de  reflexão  dirigida  deve  ocorrer  realmente,  não  somente  nos  estágios,  mas  em todos os momentos da relação ensino‐aprendizagem dentro da universidade.  

  Matérias,  conteúdos,  não  formam  professores  qualificados,  e  muito  menos 

competentes  moralmente.  O  que  forma  esses  professores  são  momentos  de  reflexão  dirigida,  conjunta  entre  alunos  e professores,  de  cooperação  dentro  da  sala  de  aula,  de  estudos e observações que determinam um bom aprendizado.  

  A  ausência  de  reflexão  a  respeito  de  teorias  e  conceitos  cria  entre  os  alunos  um 

indiferentismo  moral.  Por  outro  lado,  a  forma  como  estes  são  transmitidos  impõe  todo  um  cuidado  para  que  não  assumam  um  caráter  ideológico  e,  consequentemente,  induzam  os  futuros  professores  à  alienação  e  à  heteronomia.  O  educador,  como  orientador  e  mediador  em  relação  à  disseminação  de  conteúdos  e  desenvolvimento  da  competência moral, deve se constituir membro de um contrato social democrático e se  inserir  na  comunidade  acadêmica  não  só  com  a  função  de  transmitir  informações  aos  alunos,  mas,  sobretudo,  comprometer‐se  com  o  desenvolvimento  da  capacidade  reflexiva.   

  Tendo  colocado  a  importância  do  desenvolvimento  da  competência  moral  para 

que  os  professores  consigam  trabalhar  de  modo  mais  coerente  com  o  princípio  da  educação  moral  com  seus  futuros  alunos,  passaremos  a  examinar  a  importância  do  Projeto Político Pedagógico e a formação universitária. 

 

Formação do Educador  

  Quando  tratamos  da  formação  universitária,  estamos  nos  referindo  a  um 

momento muito importante, pois se diferencia da prática isolada, descontextualizada ou  da  mera  aplicação  de  técnicas.  Tal  formação  deve  ser,  portanto,  integral,  e  não  apenas  instrucional,  particularmente.  Pensando  em  nossos  futuros  professores,  Goméz  (1992  apud  CUNICO  FURLANETTO,  2010)  ressalta  que  de  acordo  com  a  concepção  de  escola, 

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currículo, ensino, aprendizagem e formação, o professor pode ser considerado como um  transmissor  de  conhecimentos,  um  modelador  de  comportamentos,  um  técnico,  um  planejador,  ou  alguém  que  resolve  problemas.  As  transformações  do  mundo  e  da  sociedade  exigem  que  a  concepção  de  homem  seja  revista  e  que  a  complexidade  e  incerteza sejam levadas em conta. 

  Frente  a  essa  transformação,  a  abordagem  interdisciplinar  não  é  suficiente  e 

impõe‐se a necessidade de uma visão transdisciplinar. A autora propõe com base em suas  pesquisas anteriores que a dimensão do professor interno (inconsciente) seja trabalhada  durante a formação do educador. Isso nos dá a dimensão da amplitude das necessidades  e reflexões em torno da tarefa de formar aquele que forma.     A universidade deve garantir os princípios básicos para essa formação, e o aluno  como estudante ativo tem que lutar por estes princípios e usufruir os mesmos. A função  do aluno na universidade é refletir, questionar as teorias apresentadas em sala de aula, e  buscar  soluções  reais  para  os  problemas  de  ensino/aprendizagem  que  irá  enfrentar  futuramente na função de professor.  

  O  trabalho  de  educação  continuada  também  deve  ser  pensado  como  espaço  de 

formação,  uma  vez  que  o  caráter  de  inacabamento  da  constituição  do  professor  não  é  algo que se esgote, ou seja, superado na graduação.     Paiva (2002, p. 98), concordando com essa ideia afirma:   (...) tão importante quanto saber que competências e saberes os futuros  professores precisam para se constituir como profissionais é saber como  é que eles se constroem e desenvolvem durante a sua formação, isto é, é  durante o curso que se forma um profissional comprometido ou não com  a sua prática.       O saber, deste modo, é aquele, que é construído pelo sujeito na sua interação com  o meio, e por intermédio do estudo e pesquisa, dessa forma, vale ressaltar a importante  relação que existe entre o ensino, a pesquisa e a interação com o meio, que o aluno deve  ter, para então sair da universidade preparada para atuar nas escolas.     Os conhecimentos construídos pelos docentes em sua formação inicial através da 

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planejamento, de elaboração de aulas e experiências adquiridas por esses de forma que  esse  conhecimento  também  é  temporal,  pois  deve  ser  renovado  sempre,  com  novas  experiências e atitudes que melhorem a cada dia tal conhecimento.  

  Com isso fica claro que é essencial, dar valor e investir, na formação desses futuros 

professores  como  cidadãos  atuantes  na  sociedade,  e  também  no  trabalho  em  equipe  desses  futuros  professores.  Os  referenciais  teóricos  para  esse  conhecer,  individual  e  coletivo  da  equipe  de  docentes  deverão  se  constituir  a  partir  de  temas  que  estão  presentes  na  realidade  escolar  como  as  relações  de  gênero  e  sexualidade,  as  relações  étnico‐raciais,  as  práticas  de  inclusão,  e  o  desenvolvimento  moral,  dentre  outras  que  poderão estar presente nas escolas, dependendo da sua realidade social. Para que esses  temas  gerem  de  fato  reflexão  e  ações  positivas  devem  ser  contempladas  no  Projeto  Político  Pedagógico  da  instituição,  pois  ele  é  o  documento  norteador  no  âmbito  educacional.  

  Dessa forma, as atividades de ensino deverão estar permeadas por discussões, de 

todo gênero, abrangendo a concepção de ensino/aprendizagem, do aluno como ser ativo  em suas decisões como sujeito, nas relações políticas e sociais, e também nas concepções  de aula, e nas suas praticas educativas. Bello e Breda (2006, p. 13), exemplificam que:  

(...)  essas  atividades  de  ensino  deverão  resgatar,  de  alguma  forma,  a  participação  e  a  responsabilidade  dos  professores  das  escolas  no  processo  de  formação  de  professores  por  parte  da  universidade.  As  atividades de extensão, às quais nos referimos, deverão reforçar o mútuo  compromisso político‐social entre universidade e escola, principalmente,  através  da  implementação  de  ações  a  favor  da  formação  e  do  desenvolvimento  profissionais  que  valorizem  e  evidenciem  relações  ético‐profissionais.  

 

Projeto Político Pedagógico  

  A  elaboração  de  um  Projeto  Político‐Pedagógico  (PPP)  consistente,  amplo  e 

democrático  pelas  instituições  educacionais  é  algo  essencial  para  uma  formação  de  qualidade dentro das instituições de ensino, de modo que o planejamento educacional é  fonte necessária para bons resultados. Neste podemos encontrar valor inestimável, pois  reflete  a  identidade  da  escola  e  tem  a  capacidade  de  resgatar  em  cada  um  dos  educadores  participantes  da  elaboração  do  PPP  os  anseios,  desejos  e  esperanças  em 

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relação  à  escola  e  aos  alunos.  O  PPP  transcende  um  simples  documento  que  concentra  planos de ensino e atividades. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos por  todos os membros envolvidos neste processo.  

  Para Veiga (1995, p. 13), o PPP:  

(...)  busca  um  rumo,  uma  direção.  É  uma  ação  intencional,  com  um  sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso,  todo  projeto  pedagógico  da  escola  é,  também,  um  projeto  político  por  estar  intimamente  articulado  ao  compromisso  sociopolítico  com  os  interesses  reais  e  coletivos  da  população  majoritária.  É  político  no  sentido  de  compromisso  com  a  formação  do  cidadão  para  um  tipo  de  sociedade  [...]  Na  dimensão  pedagógica  reside  a  possibilidade  da  efetivação  da  intencionalidade  da  escola,  que  é  a  formação  do  cidadão  participativo,  responsável,  compromissado,  crítico  e  criativo.  Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características  necessárias  às  escolas  de  cumprirem  seus  propósitos  e  sua  intencionalidade.  

 

  Dessa  forma  podemos  verificar  que  a  ação  em  conjunto  de  todos,  docentes, 

discentes, funcionários, para a construção do PPP, é essencial para que o mesmo cumpra  com todas as suas exigências e deveres, e possa dessa forma, formar discentes da melhor  maneira possível. Quanto à finalidade do PPP, Marin (1995) afirma que tem por objetivo  reorganizar  as  ideias  e  fatos  relativos  ao  trabalho  educativo.  Sugere  modificações  substanciais  no  que  se  refere  ao  planejamento,  execução  e  avaliação  das  atividades  docentes  e  discentes.  É  um  instrumento  que  garante  que  um  determinado  conjunto  de  temas e questões levantados pela instituição escolar como importantes na formação de  seus alunos sejam abordados, tendo‐os como eixos orientadores, mesmo que se depare  com as diversidades inerentes a diferentes profissionais.     Cação (2010) analisa a Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a educação  básica, mas faz importantes considerações que são pertinentes para a educação superior.  Coloca que o PPP é a consubstanciação do currículo que por sua vez não é um conceito,  mas,  

(...)  construção  social,  itinerário  formativo,  organização  e  articulação  interna  de  um  curso  de  estudos  no  seu  conjunto,  no  âmbito  do  qual  devem  colocar‐se  organicamente  os  currículos  específicos,  tendo  em  vista o projeto político pedagógico construído pela escola, o orientador e  organizador  de  todas  as  práticas  educativas  que  se  desenvolvem  no 

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interior da instituição escolar. É ele que confere organicidade, sentido e o  horizonte  a  ser  atingido  pela  totalidade  dos  agentes  educacionais,  considerando as finalidades da educação, a filosofia e objetivos da escola  (p. 382).  

 

  No  âmbito  universitário,  espera‐se  que  o  PPP,  seja  emancipador,  democrático,  e 

que de toda forma transforme socialmente os discentes e docentes ao qual o mesmo é  ligado.  Para  tanto,  a  coletividade  deve  ser  contemplada  na  hora  do  planejamento.  A  participação  da  coletividade  é  fundamental  na  construção  de  qualquer  PPP,  mas  poderíamos  dizer  que  na  universidade  isso  é  ainda  mais  premente,  uma  vez  que  o  objetivo  maior  dessa  área  é  uma  formação  emancipatória,  cidadã,  tanto  profissional  como de forma pessoal, na transformação social do mesmo; e se não houver participação  na construção do curso, não há como formar cidadãos capacitados a também construir.  

  Almeida  (1995,  p.  16)  afirma  ainda  que  é  necessário  que  para  construção  do  PPP 

que  ocorram  discussões  entre  todos  os  presentes  no  curso,  que  seja  uma  decisão  coletiva, com a ajuda dos docentes e discentes do curso.  

  Para ele:  

O projeto pedagógico é a identidade do curso. Nele se estabelece o que  todos os cursos têm em comum e se explicitam as peculiaridades que os  distinguem  dos  outros  os  tornando  únicos.  Ele  deveria  servir  de  base  para o estabelecimento das prioridades no âmbito da pesquisa e nortear  os critérios para admissão dos docentes, mas como, em grande parte dos  cursos,  o  projeto  pedagógico  não  está  explícito,  as  prioridades  de  pesquisa  se  sobrepõem  ao  ensino  e  os  critérios  para  a  admissão  de  docentes  são  fixados  pelos  departamentos  e  não  pelos  cursos.  (ALMEIDA, 1995, p. 18‐19, grifo do autor).  

 

  Além  da  participação  docente,  deve‐se  ressaltar  a  importância  da  consideração 

pela participação ativa do corpo discente em sua própria formação, ou seja, a formação  do  cidadão  participativo  pressupõe  um  ambiente  democrático  e  não  totalmente  pré‐ determinado.  Dentre  as  atividades  acadêmicas,  o  ensino  tradicional  tende  a  valorizar  apenas as tarefas pré‐determinadas pela grade curricular, mas é importante lembrar que  para além dessas atividades, a formação acadêmica deve contar com as atividades semi‐ curriculares  (como  optativas,  monitorias,  atividades  de  pesquisa  e  projetos  de  iniciação  científica)  e  extracurriculares  (grupos  realizados  na  universidade  com  caráter  artístico, 

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político,  estudo  de  temas  sociais  etc.)  (SCHILLINGER,  2006).  É  no  conjunto  de  todas  as  atividades propostas que se pode atingir o objetivo de formação do cidadão participativo  e democrático.   

  Essa  relação  entre  a  universidade  e  a  escola,  deve  ser  efetiva,  pois  uma 

complementa  os  saberes  da  outra,  essa  troca  de  conhecimentos  faz  novas  teorias  surgirem  e  guiarem  os  futuros  professores.  Seria  necessário  ampliar  este  contato  entre  ambas,  de  forma  não  sejam  vistas  como  opostas,  mas  sim,  como  semelhantes,  pois  o  ensino permeia as duas, pois buscam formar cidadãos para mudar a sociedade.  

  Devemos  ver  a  Pedagogia  como  ciência  prática,  seu  objetivo  de  estudo  é  uma 

prática educativa que ocorre na sociedade. Uma prática em transformação. Seu papel é  contribuir para a análise teórica e a orientação dessa prática em transformação. O estágio  assim das universidades devem garantir toda essa bagagem teórica e prática, para que os  seus  alunos  saiam  efetivamente  formados,  e  que  estes  possam  proporcionar  aos  seus  futuros alunos oportunidades de assunção de conhecimentos, e que por fim os formem  pessoas autônomas, para que assim possam elas modificar a sociedade que nos rege. O  estágio para o aluno de Pedagogia deve ser muito mais do que uma observação, deve ser  um momento de reflexão, desde a sua ida até as escolas, até suas suposições dentro da  sala, sobre um bom ensino para as crianças.     Portanto, compreendemos que o Projeto Político Pedagógico, precisa contemplar 

a  reflexão  docente,  que  seja  um  espaço  de  discussões,  e  que  além  de  tudo,  seja  um  espaço que contemple a dimensão moral, pensando e planejando as relações na sala de  aula bem como as propostas de reflexões sobre os valores morais, que são fundamentais  na educação. Pois se espera formar profissionais competentes em todas as esferas, sendo  elas  educacionais  e  morais,  já  que  é  este  o  profissional  que  irá  formar  os  cidadãos  que  constituirão a sociedade do futuro.  

 

Considerações Finais

 

Entendemos  assim  que  a  educação  tem  o  papel  de  desenvolver  o  potencial  reflexivo  que  levará  o  sujeito  à  crítica  de  sua  práxis.  Nesse  sentido,  esse  estudo 

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pretendeu relacionar a competência moral com o Projeto Político Pedagógico buscando  identificar quais são os planos colocados nos Projetos Políticos Pedagógicos em termos  de construção do sujeito reflexivo e se tais planos têm surtido efeito no desenvolvimento  dessa competência fundamental que é a competência moral.  Dessa forma pretendeu‐se avaliar a competência moral interligada a formação do  educador de modo analisar que o ambiente universitário que conjuga ensino, pesquisa e  extensão  favorecesse  o  desenvolvimento  da  capacidade  reflexiva.  Avaliando  assim  a  importância da construção do Projeto Político Pedagógico como fonte de conhecimento  tanto para os alunos como para os professores, pois visa assim uma autorreflexão sobre  o que se espera teoricamente e o que devemos fazer na prática, fazendo assim a práxis  dentro  da  universidade,  explicitando  assim  nossa  preocupação  com  assunção  de  responsabilidade  e  reflexão  dirigida,  que  devem  ser  essenciais  dentro  do  ambiente  universitário.  

  A boa formação não é só direito do aluno, mas um dever das instituições de ensino 

que  pleiteiam  uma  boa  educação.  Uma  boa  educação  vai  muito  além  de  conteúdos  passados,  uma  boa  educação  é  a  vivência  destes  conteúdos,  é  a  experimentação  que  deve  ser  oferecida  nas  universidades.  A  universidade  é  espaço  privilegiado  para  a  construção  da  democracia  e  cidadania.  Investir  na  universidade,  na  boa  formação  é  investir no futuro da sociedade.  

 

 

 

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