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PROGRAMA DE VIGILÂNCIA DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NOTA TÉCNICA Nº 01/2013 (DVVZI NT 01/2013)

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Superintendência de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Ambiental em Saúde Rua Piquiri, 170 – Rebouças – 80.230-140 – Curitiba – Paraná – Brasil;

Fones/Fax: (41) 3330-4491 Fax: 3330-4484

SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

DIVISÃO E VIGILÂNCIA DE ZOONOSES E INTOXICAÇÕES

PROGRAMA DE VIGILÂNCIA DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

NOTA TÉCNICA Nº 01/2013 – (DVVZI – NT 01/2013)

ACIDENTES COM HIMENÓPTEROS – ABELHAS, VESPAS E FORMIGAS

Himenóptera é a Ordem de insetos que compreende as abelhas, vespas e formigas. É

somente nesse grupo que se podem encontrar insetos que possuem ferrões verdadeiros

(aparelhos inoculadores de veneno) derivados de uma estrutura ovopositora modificada,

sendo que apenas as fêmeas são capazes de ferroar. São insetos potencialmente

perigosos, podendo causar acidentes graves e morte, tanto por reação anafilática

decorrente de uma única picada, como por envenenamentos maciços decorrentes de

múltiplas picadas.

Himenópteros de importância médica, possuidores de ferrões verdadeiros.

Adaptado de Medeiros, C.R., Himenópteros de Importância Médica, in Animais

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ABELHAS, VESPAS e MAMANGAVAS

AS ABELHAS possuem organização social bem desenvolvida, com colônias organizadas e

indivíduos com funções distintas: rainha, zangões e operárias. O grande número de

indivíduos em cada colônia e essa organização social contribui sobremaneira para a

perpetuação das espécies, pois possuem um senso territorial aguçado, atacando qualquer

coisa que incomode nas proximidades das colônias. Qualquer sinal de perigo faz com que

acionem a emissão de feromônios de alarme saindo em defesa de seus ninhos.

As abelhas produtoras de mel (

Apis mellifera

) foram introduzidas no Brasil no século

XIX; as subespécies européias, mais mansas, no entanto apresentavam baixa

produtividade, e por não estarem adaptadas ao clima tropical, ficaram restritas aos

apiários, não formando populações naturais significativas. Mais tarde, na década de 50,

no estado de São Paulo, achou-se por bem trazer colônias de outra subespécie da África,

bem mais produtiva, porém com alto índice de agressividade. Antes dos estudos de

melhoramento serem concluídos, um acidente permitiu

a fuga de enxames africanos; a expansão biogeográfica

desses enxames seguiu em direção ao centro e norte

do Brasil, atingindo posteriormente o sul dos Estados

Unidos. Essas abelhas cruzaram com as européias

(hibridização), e o resultado foi o aparecimento de uma

abelha mais produtiva, porém com as características

agressivas das abelhas africanas, denominada “abelha

africanizada”. Atualmente a quase totalidade das

abelhas no Brasil apresenta graus variáveis de

hibridização.

Abelha africana Apis mellifera scutellata. Foto Simon van Noort; disponível em http://www.waspweb.org, acessado em 21/01/13.

Abelhas africanizadas devem ser monitoradas em apiários dentro de caixas adequadas.

O que tem acontecido nos centros urbanos é uma invasão de enxames, que se alojam em

lugares onde encontram proteção necessária para as colônias. Dentro de uma cidade

esses ambientes podem ser os beirais de edificações, postes de iluminação pública, ocos

de troncos de árvores, caixas de captação, fendas de muros e paredes, dentre outros.

Na ocasião das enxameações, surge o que podemos denominar de enxames migratórios,

quando a rainha que estava na colônia sai com algumas operárias para fundar outra

colônia. Entretanto, antes de encontrar esse local apropriado, às vezes, são obrigadas a

descansar um pouco, o que faz com que permaneçam alguns dias aglomeradas em galhos

de árvores, portões, cercas, lixeiras, orelhões. Enxameações também podem acontecer

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por algum problema ocorrido no ninho,

geralmente algo provocado por um invasor,

obrigando a terem que abandoná-lo.

Enxame migratório de abelha africanizada em lixeira. Foto

gentileza Prof. Solange Regina Malkowski, Museu de História Natural do Capão da Imbuia, Curitiba.

As abelhas se alimentam de néctar e coletam pólen das flores, sendo considerados

excelentes polinizadores.

AS VESPAS, também conhecidas como MARIMBONDOS, podem ser distinguidas das

abelhas pela escassa pilosidade que lhes reveste o corpo. Muitas espécies têm hábitos

solitários, outras formam agrupamentos sociais com elevado poder de defesa das suas

colônias, podendo atacar em enxames.

No Brasil são descritas mais de 400 espécies de vespas sociais, todas pertencentes à

família

Polistinae

. São distribuídas em espécies de tamanho e graus variáveis de

agressividade, algumas atacando somente se molestadas, outras defendendo seus ninhos

à simples aproximação.

As vespas constroem seus ninhos em uma grande variedade de formas e ambientes,

podendo conforme a espécie estar dentro de um local protegido (forros e ocos de

troncos de árvores, cavidades do solo, edificações abandonadas) ou simplesmente

pendurado em galhos ou troncos de árvores ou beirais. Os ninhos podem ser construídos

com ou sem invólucro, uma proteção que os envolve à semelhança de um papel, produzido

pelas vespas através da coleta de materiais que são macerados com saliva.

As vespas se alimentam principalmente de néctar, e caçam outros insetos para dar de

alimento às suas crias, que são carnívoras. Assim, de certa forma contribuem para o

controle de insetos. Também são importantes polinizadores.

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Esquerda, acima: Marimbondo caboclo - Polistes canadensis.

Disponível em

http://meliponariodosertao.blogspot.com.br/2010/04/o-maribondo-caboclo-polistes-canadensis.html, acessado em

21/01/13.

Esquerda, abaixo: Camoti, Camoati - Polybia scutellaris. Foto Nicolas Olejnik. Disponível em

http://www.ecoregistros.com.ar/site/imagen.php?id=12638 acessado em 21/01/13.

Direita: Ninho de vespas em árvore. Foto gentileza Prof. Solange Regina Malkowski, Museu de História Natural do Capão da Imbuia, Curitiba.

AS MAMANGAVAS ou mamangabas são insetos solitários, que não possuem

comportamento agressivo, mas podem atacar quando molestadas. Constroem seus ninhos

em buracos de barrancos e pequenos ocos de árvores, sendo importantes polinizadores.

Mamangavas. Esquerda: Bombus bellicosus. Foto Lucia Mariano, disponível em http://apoidea.lifedesks.org/node/1751, acessado em 21/01/13. Direita: Bombus terrestris. Foto http://obiologoamador.blogspot.com.br/2010/03/abelhao-terrestre-bombus-terrestris.html acessado em 21/01/13.

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ACIDENTES COM ABELHAS E VESPAS

São escassos os dados epidemiológicos de acidentes com abelhas e vespas no Brasil,

embora se saiba que os casos fatais têm sido documentados com mais freqüência desde

a década de 60, quando da dispersão das abelhas africanizadas pelo país. No Paraná, nos

anos de 2011 e 2012 foram registrados 1974 acidentes com abelhas, sendo nove os casos

fatais.

O aparelho inoculador dos himenópteros sociais é derivado de uma estrutura ovopositora

modificada, e é fundamental para a defesa das colônias. Agressores ou intrusos

percebidos como “invasores” dos ninhos são atacados pelas fêmeas, e a picada causa dor

e desconforto físico. Nos acidentes com humanos, a vítima pode ser acometida por uma

ou poucas picadas, ou atacada por enxame, e as manifestações clínicas variam desde

reações inflamatórias locais até o choque anafilático.

Uma característica que distingue as abelhas e vespas é que a maioria das vespas quando

ataca não perde o ferrão, podendo ferroar diversas vezes; nas abelhas, no entanto, o

aparelho inoculador (ferrão e saco de veneno) fica aderido à pele da vítima e se

desprende, trazendo consigo parte do conteúdo abdominal do inseto, o que causa a sua

morte.

Picada de abelha. Notar o ferrão aderido à pele,

destacando-se do corpo da abelha. Disponível em http://bee-stings.net/how_a_bee_stings.htm. Acessado em 21/01/13.

Os venenos das abelhas e vespas são misturas complexas de aminas biogênicas,

peptídeos e enzimas, com diversas atividades farmacológicas e alergênicas. Dentre os

componentes do veneno das abelhas, destacam-se a melitina, que age destruindo as

membranas celulares e mitocôndrias em hemácias, células musculares, hepatócitos,

fibroblastos, mastócitos e leucócitos, e um peptídeo degranulador de mastócitos, que

desempenha forte papel no quadro de intoxicação histamínica resultante do acidente. No

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veneno das vespas, os mastoparanos degradam os mastócitos, liberando histamina, e

causam hemólise, liberando serotonina das plaquetas; as cininas de vespa são

responsáveis pela dor intensa experimentada nos acidentes.

ABELHAS VESPAS

Fosfolipase Fosfolipase

Hialuronidase Hialuronidase

Fosfatase ácida Fosfatase ácida

Melitina Mastoparanos

Apamina Peptídeos quimiotáticos

Peptídeo degranulador de mastócitos Cininas Aminas biogênicas

Principais componentes dos venenos de abelhas e vespas. Medeiros, C.R., e França, F.C.O.

Acidentes por Abelhas e Vespas, in Animais Peçonhentos do Brasil, 2ª Ed. São Paulo, Sarvier, 2009, p 259-267.

Além dos efeitos farmacológicos tóxicos, nos venenos dos himenópteros são encontrados

componentes alérgenos que são capazes de desencadear respostas imunológicas em

humanos, denominadas “sensibilização”. O maior componente alérgeno do veneno das

abelhas parece ser a fosfolipase A; no veneno das vespas existe um importante alérgeno,

inexistente no veneno das abelhas, denominado antígeno 5. Após a primeira exposição a

um desses venenos e primeira sensibilização, o indivíduo permanece assintomático até

uma próxima picada, quando então anticorpos específicos desencadeiam resposta

inflamatória responsável pela resposta inflamatória alérgica.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas decorrentes das picadas de himenópteros podem ser de

natureza tóxica ou alérgica, nas quais existe componente de hipersensibilidade.

As reações tóxicas locais são dor, edema e eritema de intensidade moderada no local da

picada, que podem persistir por algumas horas.

As reações tóxicas sistêmicas ou generalizadas geralmente decorrem de múltiplas

picadas; no caso das picadas de abelha, geralmente mais de 100, mesmo em indivíduos

não sensibilizados previamente. Em crianças as reações tóxicas sistêmicas podem

ocorrer com poucas dezenas de picadas. Acidentes com mais de 500 picadas são

potencialmente letais.

O quadro se inicia com sensação de prurido, calor e ardor generalizados, podendo surgir

pápulas e placas urticariformes por todo o corpo. Segue-se hipotensão, taquicardia,

cefaléia, náusea, vômitos, cólicas abdominais, sudorese, hipertermia e broncoespasmo.

Pode evoluir com choque e insuficiência respiratória aguda. Precocemente instala-se a

rabdomiólise, que provoca dores musculares intensas e generalizadas. Ocorre também

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hemólise, com conseqüente hemoglobinúria; esses fatores, associados à hipotensão,

desencadeiam insuficiência renal aguda. Os óbitos decorrem principalmente de

complicações da insuficiência renal ou respiratória.

Nos casos com múltiplas picadas de vespas, os sintomas e achados clínicos são

semelhantes, embora seja necessário um menor número de picadas para produzir o

envenenamento.

As reações alérgicas também podem ser locais ou sistêmicas. As reações alérgicas

locais se caracterizam por um processo inflamatório intenso em áreas contíguas ao local

da picada, com formação de grande edema (>10 cm de diâmetro), progressivo por até 48

horas, e persistente por alguns dias. Pode haver a formação de bolha de conteúdo seroso

no local da picada.

As reações alérgicas sistêmicas podem ser resumidas no quadro a seguir:

GRAU SINTOMATOLOGIA

RISCO DE MORTE

I Urticária generalizada, prurido, mal estar, ansiedade. NÃO II Um dos sintomas anteriores, acompanhado de 2 ou mais

dos seguintes: angioedema (isoladamente também define Grau II), broncoespasmo leve, náusea, vômito, diarréia, dor abdominal, vertigem.

NÃO

III Um dos sintomas anteriores, acompanhado de 2 ou mais dos seguintes: dispnéia, sibilos, estridor (isoladamente qualquer um desses três define Grau III), disfagia, disartria, rouquidão, fraqueza, confusão mental, sensação de morte iminente.

SIM

IV Um dos sintomas anteriores, acompanhado de 2 ou mais dos seguintes: hipotensão arterial, choque, perda de consciência, incontinência urinária e/ou fecal, cianose.

SIM

Classificação de reações alérgicas a picadas de Hymenoptera, segundo Muller. Adaptado de

Medeiros, C.R., e França, F.C.O. Acidentes por Abelhas e Vespas, in Animais Peçonhentos do Brasil, 2ª Ed. São Paulo, Sarvier, 2009, p 259-267.

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As reações alérgicas sistêmicas têm início em torno de 15 minutos após a picada,

tendendo a ser mais graves quanto mais precoce for seu aparecimento.

Podem também ocorrer reações tardias ou raras, como vasculites, nefroses, neurites,

encefalites e reações do tipo doença do soro (urticárias, artralgias e febre).

TRATAMENTO

Retirar o(s) ferrão (ferrões) aderidos o mais brevemente possível; estudos

demonstram que o veneno é completamente inoculado em até dois minutos após a

picada. Embora alguns autores preconizem a retirada dos ferrões com o método

de “raspagem”, independentemente da técnica utilizada a retirada dos ferrões

deve ser rápida e cuidadosa.

As reações tóxicas locais podem ser tratadas com compressas geladas e

analgésicos orais.

As reações locais extensas podem demandar o uso de antiinflamatórios não

hormonais, antihistamínicos ou corticosteróides sistêmicos. Pacientes picados em

boca ou pescoço demandam observação pela possibilidade de obstrução das vias

aéreas.

Em pacientes com múltiplas picadas, deve-se instituir o mais precocemente

possível a terapêutica adequada para as complicações do envenenamento maciço:

hemólise intravascular, necrose tubular aguda, insuficiência respiratória e

choque. Tem-se considerado o uso empírico de altas doses de antihistamínicos e

corticosteróides, assim como a exsanguíneo-transfusão e plasmaferese.

As reações alérgicas sistêmicas devem ser manejadas de acordo com o grau de

gravidade, utilizando-se adrenalina, corticosteróides, antihistamínicos e medidas

de suporte avançado de vida, não diferindo de reações anafiláticas por outras

causas.

A soroterapia antiveneno para picada de abelhas ainda não está disponível no

Brasil. O Instituto Butantan, em parceria com uma instituição de ensino e

pesquisa do estado de São Paulo, está desenvolvendo os testes necessários para a

produção deste tipo de antiveneno. Para sua utilização em humanos, o produto

deverá passar por vários testes e ensaios clínicos que comprovem sua eficácia,

para posterior registro e autorização de seu uso pela ANVISA.

PREVENÇÃO

Jamais tentar mexer com enxames de abelhas e vespas se não for um profissional

especializado;

Quando realizar atividades no campo, onde possam existir enxames, utilizar

calçados fechados, calças e camisas de mangas compridas como proteção;

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Na situação de um enxame migratório, quanto mais deixar quietos os insetos,

tanto mais cedo eles irão embora;

Se detectar algum enxame localizado em beiral, em uma árvore, etc., procurar

eliminar qualquer movimento que possa provocar barulho, como o tilintar de

ferramentas, ruído de roçadeiras e correntes (no caso de cães que ficam presos);

Buscar sempre um profissional especializado, que deverá estar munido do

equipamento de proteção individual adequado; esse profissional poderá ser

encontrado entre apicultores (Associação Paranaense de Apicultores ou

Associações Municipais de Apicultura), ou empresas especializadas na retirada de

enxames.

Pessoas sabidamente alérgicas devem evitar locais onde existam abelhas ou

vespas, bem como evitar o uso de produtos que exalem odores intensos

(agradáveis ou desagradáveis), como perfumes e xampus, pois podem atrair esses

insetos;

Em caso de ataque maciço, caso seja possível, sempre observando as condições de

segurança, procurar se jogar na água ou correr em zig-zag por entre a vegetação,

se for o caso.

Em caso de picada, retirar rapidamente os ferrões e procurar auxílio médico;

Se necessário, procurar orientações junto ao Corpo de Bombeiros.

ORIENTAÇÕES PARA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

A vigilância da ocorrência de acidentes com abelhas, vespas ou mamangavas

enquadra-se no Programa de Vigilância de Acidentes com Animais Peçonhentos,

que de acordo com a Portaria GM-MS 104/2011, devem ser compulsoriamente

notificados.

Os casos devem ser notificados no SINAN – Acidentes com Animais

Peçonhentos. Campo 45= 5 – Abelha ou 6= outro (escrever VESPA ou

MAMANGAVA, conforme o animal identificado).

Os animais poderão ser encaminhados pelas Vigilâncias em Saúde dos Municípios,

após registro no SINAP - Sistema de Notificação de Animais Peçonhentos – às

Regionais de Saúde, conforme protocolos próprios, para identificação ou

confirmação da identificação na DVVZI. Poderão ser encaminhadas fotografias

desses animais através do SINAP para a mesma finalidade.

Também poderá ser utilizado o email

peconhentos@sesa.pr.gov.br

para solicitação

de orientações ou envio de fotos de lesões de pacientes.

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FORMIGAS

Estima-se que existam cerca de 20.000 espécies de formigas no mundo. É provavelmente

o grupo de insetos mais bem sucedido, pois são amplamente distribuídos em todos os

ambientes do planeta. Sua organização social é muito desenvolvida. Todas as espécies de

formigas estão agrupadas na Família Formicidae. Dentre os mecanismos de defesa das

formigas se encontram os aparelhos inoculadores de veneno, com ferrões, as fortes

mandíbulas, características de algumas famílias, e a possibilidade de exsudação ou

ejeção de secreções malcheirosas.

No Brasil existem cerca de 1000 espécies. Aquelas consideradas de importância médica

estão as tocandiras (

Paraponera clavata

), características da região centro-oeste e

norte, com picadas extremamente dolorosas; as formigas de correição (pertencentes ao

gênero

Eciton

), temidas pelo número de indivíduos que possa atacar uma pessoa, embora

sua picada não seja muito dolorosa, e as formigas do gênero

Solenopsis

, conhecidas como

formigas-de-fogo na Amazônia ou formigas lava-pés no Sul do país, estas últimas de

ocorrência no estado do Paraná.

As formigas do gênero

Solenopsis

são as

mais importantes do ponto de vista médico

no país, pelo potencial de provocar

envenenamentos e reações alérgicas graves.

As da espécie

Solenopsis richteri

tem

coloração preta e são originárias dos pampas

(Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai), e

as

Solenopsis invicta

, avermelhadas, são

originárias das regiões Centro-Oeste e

Sudeste do Brasil.

Formiga lava-pés vermelha - Solenopsis invicta. Disponível em

http://myrmecos.net/2009/01/25/the-most-studied-ant-species-are-either-trampy-or-european/ acessado em 21/01/13.

Com ampla distribuição no país, as lava-pés recebem também outros nomes: formiga

doceira, formiga-brasa, jiquitaia, formiga-malagueta, masseró e taciba. São

extremamente agressivas; qualquer perturbação no formigueiro desencadeia um rápido e

maciço ataque por centenas de indivíduos. Ao picar, a formiga fixa-se à pele da vítima

com suas mandíbulas, e dobrando e girando seu corpo ferroa diversas vezes, injetando a

cada vez cerca de 0,04 a 0,11µl de veneno.

O veneno, cujas principais atividades são a citotoxicidade e capacidade hemolítica, além

de ações inseticida e bactericida, é principalmente constituído por alcalóides oleosos (um

tipo de piperidina necrótica e hemolítica, a Solenepsina A), e pequena fração aquosa e

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proteínas hidrossolúveis (com atividades de fosfolipase e hialuronidase). Também foram

identificados no veneno de

Solenopsis

antígenos capazes de desencadear sensibilização

e reações alérgicas mediadas por anticorpos da classe IgE, e que possuem reatividade

imunológica cruzada com o veneno de vespas.

No Paraná registrou-se um óbito de criança por múltiplas picadas de formigas, na 18ª

Regional de Saúde, município de Leópolis, no ano de 2007.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Dois tipos de reações locais são observadas nas picadas de

Solenopsis

:

Um padrão de lesões que inicia com uma pápula urticariforme no local da picada

imediatamente após o acidente, que desaparece entre 30 e 60 minutos; após

cerca de 24 horas, surge uma pústula estéril, que escarifica e se resolve em sete

a dez dias. A pústula contém material necrótico e leucócitos polimorfonucleares,

e decorre da ação citotóxica do veneno.

Outro tipo de lesão que consiste em placa eritematosa endurada, extremamente

pruriginosa, sobre o local da picada, persistente por até 72 horas. Essa forma de

hipersensibilidade pode ser ou não mediada por IgE.

Múltiplas picadas de formigas lava-pés. Disponível em http://francisstudios.blogspot.com.br/2011/01/fire-ants-frigid-alabama.html. Acessado em 21/01/13.

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Podem ocorrer reações sistêmicas do tipo anafilático, essas sim mediadas por IgE e

geralmente em indivíduos previamente sensibilizados; o quadro clínico em nada difere da

anafilaxia por outras causas: eritema, prurido e urticária generalizados, angioedema,

edema de laringe, broncoespasmo, perda de consciência e choque.

Eventualmente as pústulas evoluem para escarificações sujeitas à infecção secundária,

piodermites ou mesmo sepse.

TRATAMENTO

Retirar as formigas o mais rapidamente possível e lavar com água e sabão, ou soro

fisiológico a 0,9%;

Antihistamínicos e corticosteróides tópicos, embora não alterem o curso das

reações pustulosas, são úteis no manejo do prurido;

Antibióticos só devem ser usados se houver evidência de infecção secundária;

As reações sistêmicas devem ser manejadas rapidamente, com suporte avançado

de vida como preconizado na anafilaxia por qualquer outra causa.

PREVENÇÃO

Não perturbar formigueiros; lembrar que as formigas, em especial as lava-pés, a

qualquer sinal de ameaça à colônia, atacam rapidamente e em grande quantidade;

Quando realizar atividades no campo, onde possam existir formigueiros, utilizar

calçados fechados, calças e camisas de mangas compridas e luvas como proteção,

principalmente as pessoas sabidamente alérgicas;

Em caso de picada, retirar rapidamente a(s) formiga(s), lavar abundantemente

com água e sabão e procurar auxílio médico.

ORIENTAÇÕES PARA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

A vigilância da ocorrência de acidentes com formigas enquadra-se no Programa de

Vigilância de Acidentes com Animais Peçonhentos, que de acordo com a Portaria

GM-MS 104/2011, devem ser compulsoriamente notificados.

Os casos devem ser notificados no SINAN – Acidentes com Animais

Peçonhentos. Campo 45= 6= outro (escrever FORMIGA).

Os animais poderão ser encaminhados pelas Vigilâncias em Saúde dos Municípios,

após registro no SINAP - Sistema de Notificação de Animais Peçonhentos – às

Regionais de Saúde, conforme protocolos próprios, para identificação ou

confirmação da identificação na DVVZI. Poderão ser encaminhadas fotografias

desses animais através do SINAP para a mesma finalidade.

Também poderá ser utilizado o email

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para solicitação

de orientações ou envio de fotos de lesões de pacientes.

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REFERÊNCIAS

Cardoso, J.L.C. et al. Animais Peçonhentos no Brasil: Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2010.

Goldfrank´s Toxicologic Emergencies, 9th Edition [edited by] Lewis Nelson et al. The

McGraw Hill Companies, Inc. New York, 2011.

Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2ª Edição.

Brasília Fundação Nacional de Saúde, 2001.

EQUIPE TÉCNICA

Lenora Catarina Rodrigo – Médica – SESA – SVS – DEVA - DVVZI

Gisélia Burigo G. Rúbio – Bióloga - SESA – SVS – DEVA - DVVZI

Colaboradores

Marlene Entres – Médica – SESA – Centro de Controle de Envenenamentos de Curitiba

Solange Regina Malkowski – Bióloga – Museu de História Natural do Capão da Imbuia –

Prefeitura Municipal de Curitiba.

Curitiba, 24 de janeiro de 2013.

Gisélia Burigo G. Rúbio - Bióloga

Chefe da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações

Ivana Belmonte

Chefe do Departamento de Vigilância Ambiental em Saúde

Sezifredo Paz

Referências

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