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Defesa da Sociedade. As cooperativas, organizadas como empresas em benefício dos seus

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Academic year: 2021

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Defesa da Sociedade

O IMPACTO DAS COOPERATIVAS NO DESENVOLVIMENTO

As cooperativas, organizadas como empresas em benefício dos seus membros, oferecem um modelo empresarial que é particularmente relevante em épocas economicamente difíceis e em casos de colapso dos mercados. Enquanto grupo autónomo, uma cooperativa é amplamente acessível, especialmente aos mais carenciados e marginalizados. Onde a empresa privada ou o governo é mais débil, particularmente em áreas rurais remotas, as cooperativas conferem capacidade às locais para se organizarem e melhorarem as suas condições de vida.

As Cooperativas promovem e apoiam o desenvolvimento empresarial, criando emprego produtivo, originando receitas e ajudando a reduzir a pobreza, ao mesmo tempo que reforçam a inclusão social, a protecção social e a estruturação da comunidade.

Assim, enquanto beneficiam directamente os seus membros, oferecem igualmente externalidades positivas ao resto da sociedade e têm um impacto transformacional sobre a economia.

As cooperativas são importantes actores económicos. As Cooperativas Financeiras, incluindo as Caixas de Crédito, servem milhões de membros, enquanto alguns dos maiores retalhistas do mundo são Cooperativas de Consumidores.

Entretanto, as Cooperativas Agrícolas contam com uma parte significativa da produção agrícola. Na tentativa de avaliar a escala do Movimento Cooperativo Global e do seu contributo para a economia global, a

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ACI compilou a lista GLOBAL 300, que classifica as 300 organizações cooperativas e mutualistas globais de topo.

AS COOPERATIVAS: ALGUNS FACTOS ESSENCIAIS

Ø O Sector Cooperativo, a nível mundial, conta com cerca de 800 milhões de membros em mais de 100 países, através de organizações membros da ACI. No total, calcula-se que as cooperativas proporcionem mais de 100 milhões de empregos em todo o mundo. Em termos de percentagem do PIB por país atribuível às cooperativas, ela é mais elevada no Quénia (45%), seguida da Nova Zelândia (22%).

Ø As Cooperativas Agrícolas são responsáveis por 80 a 99% da produção de leite na Noruega, na Nova Zelândia e no Estados Unidos; as cooperativas representam 71% das pescas na Coreia e 40% da agricultura no Brasil.

Ø As Cooperativas Eléctricas são importantes fornecedoras nas áreas rurais. No Bangladesh, prestam serviços a 28 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, 900 cooperativas eléctricas rurais servem 37 milhões de pessoas e são proprietárias de quase metade das linhas de distribuição eléctrica do país.

Ø 49.000 Caixas de Crédito servem 177 milhões de membros em 96 países, sob a égide do Conselho Mundial das Caixas de Crédito.

Ø 4.200 bancos cooperativos Europeus, no âmbito da Associação Europeia de Bancos Cooperativos, servem 149 milhões de membros, incluindo PME's.

As Cooperativas proporcionam também oportunidades de inclusão social. Na economia informal, os trabalhadores têm criado cooperativas de serviços e associações para apoiar o seu auto-emprego. Nas áreas rurais, as Caixas de Crédito proporcionam acesso aos serviços bancários, que faltam

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em muitas comunidades. As Cooperativas de Crédito, ao financiarem a criação de pequenas e micro empresas, promovem o financiamento inclusivo, que as Nações Unidas visam fazer chegar aos pobres de uma forma sustentável.

Em muitos países, as cooperativas e as mutualidades constituem fornecedores importantes de serviços de protecção social, especialmente na área da saúde, e actuam na qualidade de esquemas voluntários de base comunitária. Nalguns países, participam igualmente na gestão de seguros obrigatórios de saúde ou fornecem serviços através das suas redes de saúde e serviços sociais.

Os Governos têm estabelecido parcerias com as cooperativas com vista a alargar a protecção social.

As Cooperativas têm igualmente sido determinantes na consolidação da paz e na criação de pontes de comunicação em áreas de conflito ou de divisões étnicas.

Tal como outras empresas, as cooperativas têm limitações. O êxito das cooperativas é o resultado de uma gestão e uma administração eficazes e da capacidade de se adaptarem às condições empresariais prevalecentes. As Cooperativas têm sido igualmente encaradas como instrumentos estatais ou para-estatais, e como estando menos preocupadas acerca das necessidades genuínas dos seus membros.

Alguns encaram também os princípios e as estruturas cooperativos como limitativos da capacidade de resposta rápida às mudanças de mercado. As Cartas Cooperativas também incluem, frequentemente, restrições à sua capacidade de gerar capital.

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Um desafio para a estrutura cooperativa, com base no conflito de interesses entre os membros e a gestão, é a sua vulnerabilidade face ao oportunismo em termos de gestão. Tal surge quando a componente associativa da cooperativa é muito ampla, de forma que o interesse individual se torna difuso relativamente aos interesses e incentivos da componente da gestão.

Alguns fracassos de cooperativas têm sido, frequentemente, atribuídos a esta vulnerabilidade particular. Os exemplos incluem casos em que os membros eleitos para cargos oficiais concedem a si próprios grandes empréstimos, em violação das regras, ou tomam decisões arbitrárias sobre a contratação e demissão dos quadros, ou tomam decisões estratégicas tendo em mente interesses privados.

As Cooperativas têm enfrentado também a ameaça da desmutualização, que converte a organização em propriedade dos investidores. A pressão competitiva no sentido da expansão, que exige a obtenção de grandes montantes de capital mais rapidamente no mercado de capitais, está entre os factores de desmutualização.

As Nações Unidas reconhecem o Movimento Cooperativo como um importante parceiro na implementação da Agenda de Desenvolvimento elaborada pelas conferências e cimeiras das Nações Unidas a partir dos anos 90.

AS COOPERATIVAS AGRÍCOLAS: A SEGURANÇA ALIMENTAR E O DESENVOLVIMENTO RURAL

As Cooperativas Agrícolas, que estão, normalmente, organizadas como cooperativas de comercialização, contribuem para o desenvolvimento das áreas rurais.

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Elas melhoram igualmente o acesso ao mercado e o poder de negociação dos agricultores na comercialização dos produtos agrícolas. Assim, as cooperativas agrícolas permitem que os agricultores melhorem os seus rendimentos e a sua capacidade produtiva.

Contributos para a Produção Agrícola e a Produtividade

As Cooperativas Agrícolas desempenham um importante papel na produção e distribuição agrícola.

Algumas cooperativas agrícolas melhoram a produtividade pela obtenção de inputs e baixos custos, e pela adopção de técnicas agrícolas sustentáveis e através do desenvolvimento da gestão e organizacional dos membros.

As cooperativas agrícolas ajudam também na segurança alimentar, concedendo incentivos aos pequenos agricultores e à agricultura de subsistência para dar um contributo à produção alimentar. Através das economias de escala na obtenção de formação e crédito e nos planos de irrigação, as cooperativas permitem que estes agricultores melhorem a sua produtividade. Com uma comercialização melhorada, as cooperativas possibilitam aos agricultores a obtenção de preços melhores no mercado, proporcionando-lhes os incentivos certos para a produção de excedentes.

As Cooperativas Agrícolas promovem igualmente a participação das mulheres na produção económica, o que, por sua vez, ajuda na produção de alimentos e no desenvolvimento rural. Através das cooperativas, as mulheres são capazes de se unir num espírito de solidariedade e de fornecer uma rede de apoio mútuo para ultrapassar as restrições culturais na prossecução das actividades comerciais ou económicas.

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Melhoria do acesso aos mercados

As cooperativas agrícolas ajudam na comercialização dos produtos agrícolas e na melhoria do acesso pelos agricultores aos mercados. Estima-se que 50% da produção agrícola global é comercializada através das cooperativas. As cooperativas proporcionam aos agricultores os mecanismos para evitar a concorrência destrutiva entre eles e para aumentar o seu poder de negociação colectiva face aos distribuidores.

As cooperativas agrícolas reduzem o papel dos intermediários na distribuição dos alimentos. Em certa medida, estas cooperativas ajudam a manter as margens de comercialização baixas ao longo da cadeia, reduzindo, assim, a pressão sobre a manutenção de preços elevados dos alimentos. Contudo, sabe-se que grandes cooperativas de comercialização impõem preços monopolísticos que resultam em preços mais elevados que os que se verificariam em condições de concorrência.

Melhoria do acesso ao financiamento agrícola

O acesso ao crédito agrícola constitui um dos desafios que se colocam à produção agrícola. Historicamente, o financiamento agrícola tem sido concedido pelos bancos cooperativos, mais do que pelas cooperativas agrícolas. Estas cooperativas são referidas como “cooperativas do tipo Raiffeisen” e têm uma forte presença nas áreas rurais da Europa.

AS COOPERATIVAS FINANCEIRAS EM DESENVOLVIMENTO

As Cooperativas Financeiras permitem que os membros satisfaçam as suas necessidades de serviços financeiros a baixo custo e com acesso fácil através da junção de capital limitado. A aquisição obrigatória pelos membros

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de títulos na cooperativa e as suas contas servem de base de financiamento para permitir que a cooperativa alargue o crédito aos membros.

As Cooperativas Financeiras são, muitas vezes, conhecidas como Caixas de Crédito, Cooperativas de Crédito e Poupanças ou Bancos Cooperativos. A componente associativa assenta tipicamente num vínculo comum, que ajuda a estabelecer a confiança entre os aforradores e os contraentes de empréstimos.

As Cooperativas Financeiras actuam enquadradas por um conjunto de valores e objectivos distintos dos bancos privados, e assentam num modelo orientado não apenas por motivos lucrativos, mas igualmente com objectivos sociais centrados no serviço e na receptividade às necessidades dos membros.

As Cooperativas Financeiras operam, geralmente, ao nível retalhista, e são de dimensão mais pequena que os grandes bancos privados tendo, por isso, uma necessidade limitada de obter capital nos mercados grossistas.

As Cooperativas Financeiras tornam-se uma parte de uma rede de Cooperativas Financeiras para tirar partido das economias de escala e obter serviços comuns, tais como o financiamento externo, funções de controlo interno e ligação ao Governo. O estabelecimento em rede permite também que as cooperativas sejam mais flexíveis e receptivas às necessidades dos clientes, já que alarga o seu âmbito geográfico e expande a oferta de produtos.

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A actual crise tem levado a uma maior consideração pelo papel das instituições financeiras alternativas e ao reconhecimento da vulnerabilidade de se confiar num único modelo empresarial económico/financeiro.

Durante a crise, o sector cooperativo do crédito cooperativo registou um afluxo de depósitos por parte dos membros, que procuravam um local seguro para colocar as suas poupanças. Além disso, este sector conseguiu continuar a emprestar prudentemente, quando os bancos privados, com o capital debilitado, tiveram de cortar nos empréstimos

As Cooperativas Financeiras e a Redução da Pobreza

As Cooperativas Financeiras contribuem para a redução da pobreza através de várias formas.

Por meio do fornecimento de produtos de poupanças, ajudam a reduzir as vulnerabilidades a choques tais como as emergências médicas. Elas incentivam as poupanças para investimentos futuros, incluindo na educação e em pequenas empresas. Proporcionam ainda aos seus membros o acesso ao crédito para financiamento de micro, pequenas e médias empresas, que geram emprego e rendimentos adicionais, e fornecem crédito agrícola que ajuda os pequenos agricultores a aumentar a produção e melhorar os rendimentos.

O produto primário oferecido pelas Cooperativas Financeiras são as facilidades de poupança a baixo custo para os pobres e os pequenos depositantes. Uma investigação empírica da última década revelou que a procura de serviços de poupanças existe mesmo entre os mais pobres.

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PROPOSTA PARA A PROCLAMAÇÃO DE UM ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS

As Nações Unidas, paralelamente a outras agências internacionais, reconhecem a importância das Cooperativas e dos seus contributos para a redução da pobreza, a geração de emprego e a inclusão social.

Um Ano Internacional das Cooperativas surge numa altura oportuna, quando fazemos face à pior crise financeira e económica desde a Grande Depressão, que ameaça o desenvolvimento socio-económico de milhões de pessoas. A promoção das cooperativas, enquanto organizações autónomas, pode contribuir para combater questões como a pobreza, o desemprego e a perda de rendimentos, a insegurança alimentar e as carências, de acesso dos pobres ao crédito e aos serviços financeiros, à luz da actual crise.

Os objectivos da proclamação de um Ano Internacional das Cooperativas são, entre outros:

Ø Promover a Consciencialização acerca das Cooperativas e da forma como elas beneficiam os seus membros e contribuem para o desenvolvimento sócio-economico e para a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio;

Ø Incentivar as pessoas a organizarem-se em cooperativas enquanto medidas de auto-protecção para cuidarem das suas necessidades económicas

Ø Incentivar os Governos a estabelecer políticas, instrumentos legislativos e regulamentadores que conduzam à criação e ao crescimento de cooperativas;

Ø Promover a consciencialização da rede global cooperativa e os seus esforços em prol da edificação da comunidade, da democracia e da paz;

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Cooperativas dão um importante contributo para o desenvolvimento socio-economico. A capacidade das cooperativas de criar empresas viáveis e sustentáveis. Assegura o emprego produtivo e a geração de rendimento, contribuindo, assim para a redução da pobreza.

Referências

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