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ESTUDO DA SECAGEM DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart) EM LEITO DE JORRO RESUMO

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De 20 a 23 de Outubro de 2013 Maceió-AL

ESTUDO DA SECAGEM DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart) EM LEITO DE JORRO

R. G. COSTA1*, K. ANDREOLA1, C. A. M da SILVA1, L. J. G. FARIA2, O. P. TARANTO1

1

Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, 2

Universidade Federal do Pará, Faculdade de Engenharia Química *

e-mail: gcosta.rosi@gmail.com

RESUMO

A polpa de açaí é um alimento nutritivo, energético e com alta capacidade antioxidante. Seu consumo vem sendo indicado para auxiliar no tratamento de doenças cardíacas, de colesterol e de leucemia. Contudo, sua alta perecibilidade torna necessário estudos para sua conservação. Uma alternativa para aumentar seu tempo de vida útil é a transformação da polpa de açaí em pó, diminuindo assim sua atividade de água. Uma técnica quem vem sendo estudada e indicada para a secagem de materiais termossensíveis é a secagem em leito de jorro com partículas inertes. Essa operação gera produtos de qualidade, com baixo teor de umidade. Entretanto, para a obtenção de boa eficiência de formação de pó, um grande número de variáveis operacionais deve ser estudado. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar a secagem de polpa de açaí em leito de jorro, utilizando um planejamento de Plackett-Burman, avaliando o efeito das variáveis operacionais: temperatura do ar de secagem, vazão do ar de secagem, concentração de maltodextrina, vazão de atomização, pressão de atomização e intermitência sobre a eficiência de formação de pó e o teor de umidade final. Este estudo possibilitou uma varredura do processo, permitindo a observação do efeito que cada variável estudada tem sobre a formação de açaí em pó em leito de jorro. Sendo possível concluir que as variáveis operacionais que apresentam efeitos significativos sobre a produção de pó foram temperatura, vazão do ar de secagem e concentração de maltodextrina.

1 INTRODUÇÃO

A Euterpe oleracea Mart., conhecida como açaizeiro, é uma palmeira tipicamente tropical de ocorrência em toda a extensão do estuário amazônico, em especial no estado do Pará, onde há maior concentração de açaizais nativos (NASCIMENTO, 1993). Os seus frutos são utilizados para a produção do “vinho de açaí” ou simplesmente açaí, um produto com alto valor energético, potencial

nutritivo, rico em fibras, proteínas e lipídeos (ROGEZ, 2000).

O açaí é um produto considerado alimento básico por muitas famílias do norte do Brasil, e o seu consumo é cada vez maior no restante do país, e no mundo. O interesse por esse alimento vem crescendo devido a diferentes benefícios associados ao seu consumo, em especial na saúde humana, como alta capacidade antioxidante (SCHRECKINGER et al., 2010; HOGAN et al., 2010; MERTENS-TALCOTT et al., 2008;

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JENSEN et al., 2008; SCHAUSS et al., 2006; HASSIMOTTO, GENOVESE e LAJOLO, 2005; ROGEZ, 2000), atividade anti-inflamatória (JENSEN et al., 2008), antiproliferativa (HOGAN et al., 2010), capacidade de auxiliar na redução da proliferação de células leucêmicas (POZO-INSFRAN, PERCIVAL e TALCOTT, 2006), e ainda de ser indicado para o tratamento de doenças cardíacas (ROCHA et al., 2007) e de colesterol (SOUZA et al., 2010).

Contudo, o açaí é um alimento altamente perecível, não sendo possível sua conservação in natura, nem mesmo sob refrigeração, sendo observadas modificações na cor e no sabor, com apenas 12 horas (ROGEZ, 2000). Portanto, é necessário estudos para aumentar o seu tempo de vida útil. As formas de conservação do açaí mais usuais são a utilização de polpa congelada e a produção de açaí em pó.

Na indústria de alimentos a obtenção de produtos em pó a partir de pastas é realizada principalmente por spray drying e liofilização. Na literatura são encontrados diferentes estudos com açaí em pó obtidos por essas operações.

O açaí liofilizado é um produto de qualidade (MENEZES, TORRES, SRUR, 2008; KANG, et al., 2010; SCHAUSS et al., 2006) contudo este processo apresenta custos elevados. Quanto à obtenção de açaí em spray dryer o alto teor de lipídeos da polpa gera problemas no processo, sendo que Tonon (2009) indicou a filtração prévia da polpa para evitar os problemas de incrustação e entupimento durante o processo de secagem, e obteve resultados satisfatórios, indicando o uso do pó obtido para sucos e corante em alimentos (iogurtes, bolos, bebidas, sorvete). No entanto, a filtração da polpa de açaí ocasiona perdas que interferem no seu valor nutricional.

Uma técnica que vem sendo estudada para a secagem de pastas alimentícias é a

utilização do secador de leito de jorro com partículas inertes. Essa técnica vem sendo considerada uma boa alternativa ao secador spray, já que produz produtos de qualidade similar, a custos de investimentos significativamente inferiores, além de apresentar a vantagem de permitir a secagem de materiais termicamente sensíveis devido à temperatura média das partículas serem mais baixas do que a temperatura média do ar de secagem (FREIRE, FERREIRA e FREIRE, 2009; STRUMILLO e KUDRA, 1986).

A secagem de pastas utilizando partículas inertes foi desenvolvida na antiga União Soviética, sendo aplicada industrialmente para a secagem de produtos químicos e biológicos (ROCHA e TARANTO, 2008). Nesse processo, a pasta é inserida no leito de jorro de forma contínua ou intermitente, e recobre as partículas inertes (contidas no leito), de um modo praticamente uniforme, formando um filme. Após a aderência da pasta sobre a superfície dos inertes, o filme passa a ser seco, por condução, devido ao próprio contato com as partículas aquecidas, e por convecção, pela passagem ascendente do ar de secagem. À medida que o filme seca, o mesmo vai se tornando quebradiço e as colisões das partículas entre si e com a parede do equipamento promovem energia suficiente para fraturar o filme que se solta e é carregado pelo ar, sendo coletado normalmente por ciclones (FREIRE, FERREIRA e FREIRE, 2009; ROCHA e TARANTO, 2008).

A otimização do processo de secagem de pastas em leito de jorro para garantir um bom rendimento de produção de pó com baixo teor de umidade, não é uma tarefa fácil de se realizar em função do grande número de variáveis envolvidas, já que combinações inadequadas das condições operacionais conduzem a uma baixa eficiência da secagem e de produção de pó.

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Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar a secagem de polpa de açaí em leito de jorro, utilizando um planejamento de Plackett-Burman, avaliando o efeito das variáveis operacionais: temperatura do ar de secagem, vazão do ar de secagem, concentração de maltodextrina, vazão de atomização, pressão de atomização e intermitência, sobre o teor de umidade final e eficiência de formação de pó, com o intuito de fazer uma varredura do processo, para observar o efeito que cada um dessas variáveis apresenta sobre a formação de açaí em pó.

2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Material

A matéria-prima utilizada nesse trabalho foi polpa de açaí do tipo especial (concentração de sólidos média = 16,32 %), obtida no comércio da cidade de Belém (Pará), cujos frutos foram coletados na Ilha das Onças (Pará). O açaí foi armazenado em freezer à aproximadamente -18 ºC, sendo descongelado de acordo com a quantidade necessária em cada experimento.

Maltodextrina MOR-REX 1910 foi usada como agente carreador, e como partículas inertes utilizou-se polietileno de alta densidade (PEAD) com diâmetro médio de 3,093 mm, densidade de 0,89 g/cm3, caracterizadas como sendo do grupo D de Geldart, o que indica sua aplicação para o leito de jorro.

2.2 Métodos

2.1.1 Planejamento do Experimento

Foram realizadas 12 corridas experimentais conforme o planejamento de Plackett-Burman (PLACKETT e BURMAN, 1946) cujas variáveis de entrada estudadas foram: temperatura do ar de secagem (T, X1), vazão do ar de secagem (W, X2), concentração de maltodextrina (C, X3), vazão

de atomização (V, X4) pressão de atomização (P, X5) e intermitência (I, X6); e as variáveis respostas foram: teor de umidade final (Xpo) e eficiência de formação de pó (ηpo).

As corridas experimentais foram realizadas de forma aleatória, visando minimizar os erros experimentais. Os valores das variáveis operacionais durante os experimentos de secagem podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1 - Variáveis operacionais e níveis.

Fatores Unida des Notaçã o Níveis

-1 +1 T ºC X1 55 75 W kg/ min X2 1,2* 1,3* C % X3 15 25 V mL/ min X4 10 12 P psig X5 5 10 I - X6 Si Ci

*vazão acima do jorro mínimo

Si: sem intermitência; Ci: com intermitência.

O estudo do efeito dessas variáveis sobre as respostas foi realizado com auxilio do software Statistica® 8.0, considerando o nível de significância α=0,05 (confiança 95%), utilizando o planejamento de Plackett-Burman.

2.1.2 Secagem de Açaí em Leito de Jorro Preparo da Pasta: Inicialmente a polpa de açaí foi descongelada em temperatura ambiente, sendo homogeneizada com o auxílio de um agitador magnético e diluída com água destilada na proporção de 2:1 (açaí:água). Em seguida, adicionou-se a maltodextrina na quantidade necessária em cada experimento (Tabela 1).

Essa pasta foi então, submetida a um moinho coloidal por aproximadamente 5 minutos, com o intuito de diminuir os sólidos

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em suspensão e evitar o entupimento do bico atomizador durante o processo.

Descrição do Sistema experimental: Na Figura 1 é apresentado o esquema do sistema experimental utilizado neste trabalho.

Figura 1 - Esquema simplificado do sistema experimental

1- Soprador; 2- Resfriador; 3- Válvula; 4- Placa de orifício; 5- Leito de sílica gel; 6- Aquecedor; 7, 8- Termohigromêtros; 9- Tomadas de pressão; 10- Leito de jorro; 11- Alimentação da pasta (atomização); 12- Linha de ar comprimido; 13- Manômetro; 14-Válvula; 15- Bomba peristáltica; 16- Recipiente da pasta; 17- Agitador magnético; 18- Ciclone

O secador de leito de jorro [10] utilizado foi construído em acrílico com geometria cônica-cilindrica, e sua base cônica tem um ângulo incluso de 45º, altura de 8 cm e diâmetro de entrada de 5 cm. A coluna cilíndrica do leito tem 20 cm de diâmetro e 30 cm de altura. Conectados ao leito de jorro, há pontos de tomada de alta [9a] e baixa pressão [9b], que estão conectados a um transdutorde pressão diferencial Cole Parmer® modelo 68014-18 com faixa de leitura de 0 a 6229 Pa, e tempo de resposta de 250 ms.

No processo de secagem, o ar é fornecido por um soprador [1], da marca Ibram® de 7,5 cv de potência e o controle da vazão de ar é realizado através de um inversor de frequência, da marca WEG modelo

CFW-08. O ar passa através de uma tubulação de aço galvanizado (60,5 mm de diâmetro externo, e 53,2 mm de diâmetro interno), atravessando por um resfriador à água [2], um leito de sílica gel [5], e um aquecedor elétrico [6], constituído de três resistências, em paralelo, que correspondem a 1220 W. O controle da temperatura do ar de secagem é realizado com auxílio de um controlador da marca NOVUS modelo N1200.

A inserção de pasta no leito é feita por atomização [11], sendo que a mesma é mantida em agitação com auxílio de um agitador magnético [17]. A alimentação é realizada através de uma bomba peristáltica, marca Cole Parmer® tipo Masterflex® modelo 7518-10 e o pó formado é coletado por um ciclone, construído em aço inoxidável, localizado na parte superior do leito de jorro.

Descrição do Processo de Secagem: No procedimento da secagem, primeiramente, foram colocadas no leito aproximadamente 800 g de partículas de PEAD. Em seguida ligou-se o sistema de aquisição de dados, acionou-se o soprador, ajustando a vazão de ar desejada, para então ligar o controlador de temperatura ajustando a temperatura desejada no experimento.

A atomização da pasta somente foi iniciada após 10 minutos de processo. A massa de pasta atomizada nos experimentos foi aproximadamente 200 g, sendo que nos experimentos com intermitência, foram realizadas 4 alimentações de 50 g, efetuando-se um intervalo de 10 minutos entre cada alimentação.

O pó gerado foi coletado em sacos de plástico acoplados ao ciclone. O teor de umidade final da pasta (Xpasta) e do pó (Xpo) foi determinado pelo método direto, em estufa a 105 ºC, por 24 horas. A eficiência de obtenção de pó (η ) foi obtida utilizando a po Equação 1, onde consta a razão entre a massa de pó recolhida no ciclone, em base seca (

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po

po1 X

m  ) e a massa de sólido alimentada no leito (mpasta

1Xpasta

).

pasta

pasta po po po X 1 m 100 X 1 m η       (1) 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Análise Estatística dos Efeitos

A matriz de experimentos de Plackett-Burman com as variáveis de entrada originais e as respostas é apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 – Matriz de experimentos de Plackett-Burman para a secagem de açaí em leito de jorro. CE X1 X2 X3 X4 X5 X6 ηpo(%) Xpo(%) 1 75 20 25 10 5 Si 34,85 3,38 2 75 30 15 12 5 Si 42,59 4,31 3 55 30 25 10 10 Si 46,23 5,62 4 75 20 25 12 5 Ci 43,27 3,45 5 75 30 15 12 10 Si 36,87 5,11 6 75 30 25 10 10 Ci 57,24 3,90 7 55 30 25 12 5 Ci 55,92 5,66 8 55 20 25 12 10 Si 37,54 6,05 9 55 20 15 12 10 Ci 24,91 6,64 10 75 20 15 10 10 Ci 39,37 4,41 11 55 30 15 10 5 Ci 26,56 5,54 12 55 20 15 10 5 Si 13,09 5,54 CE = corridas experimentais

Observa-se que, dentro do domínio experimental escolhido, a eficiência de formação de pó (ηpo) variou de 13,09 a 57,24% e o teor de umidade final do pó (Xpo

), variou de 3,38 a 6,64 %b.u.

Verifica-se que as modificações nas variáveis operacionais estudadas causaram variações significativas nos valores obtidos de eficiência e umidade, sendo válido ressaltar

que os valores de umidade foram todos abaixo de 7%, portanto, aceitáveis.

Nas Tabelas 3 e 4, são apresentados os efeitos que as variáveis apresentaram sobre as respostas Xpo e ηpo, respectivamente.

Tabela 3 - Estimativa dos efeitos para a variável de resposta Xpo.

Fatores Efeit os Erro t (5) p

X1 -1,75 0,09 -19,81 0,000 X2 0,11 0,09 1,26 0,261 X3 -0,58 0,09 -6,60 0,001 X4 0,47 0,09 5,35 0,003 X5 0,64 0,09 7,27 0,001 X6 -0,07 0,09 -0,77 0,474 média 4,97 0,04 112,60 0,000

t(5) = t de student utilizando 5 graus de liberdade; p = p-valor.

Tabela 4 - Estimativa dos efeitos para a variável de resposta ηpo.

Fatores Efeit os Erro t (5) p

X1 8,32 3,53 2,35 0,06 X2 12,06 3,53 3,41 0,02 X3 15,27 3,53 4,32 0,01 X4 3,96 3,53 1,12 0,31 X5 4,31 3,53 1,22 0,28 X6 6,02 3,53 1,70 0,15 média 38,20 1,76 21,62 0,00

t(5) = t de student utilizando 5 graus de liberdade; p = p-valor.

Na Tabela 3 verifica-se que as variáveis que influenciam no teor de umidade final do açaí em pó foram: temperatura (X1), concentração de maltodextrina (X3), vazão de atomização (X4) e pressão de atomização (X5), já que o seus efeitos comparados com os erros são maiores, em módulo, e os valores do p-valor são menores que 0,05 (p < 0,05).

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Na Tabela 4, verifica-se que as variáveis que apresentaram efeito significativo sobre a eficiência foram vazão de ar de secagem (X2) e concentração de maltodextrina (X3), já que o seus efeitos comparados com os erros são maiores, em módulo, e os valores do p-valor são menores que 0,5 (p < 0,05).

Contudo, observa-se na Tabela 4 que o p-valor da temperatura (X1) foi de 0,06 um valor próximo a 0,05 que é o valor máximo aceitável. Então, para confirmar a significância estatística dessa variável fez-se uma análise do gráfico normal, como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Gráfico normal para a resposta ηpo

Verifica-se que os pontos X1, X4, X5, X6 estão próximos à reta sobre a origem, ou seja, dentro do intervalo de -3 a 3, correspondente a 99,9% dos resultados de acordo com a distribuição normal e, provavelmente são oriundos de uma distribuição normal com média zero e não têm significado físico, portanto não são significativos. Logo, apenas as variáveis X2 e X3 são significativas para a resposta ηpo, visto que estão fora deste intervalo (-3 a 3).

A influência das variáveis operacionais sobre as respostas estudadas é melhor observada nos gráficos de pareto que constam nas Figuras 3 e 4.

Figura 3 - Gráfico de pareto para a resposta Xpo

Figura 4 - Gráfico de pareto para a resposta ηpo

Analisando os gráficos verifica-se claramente que a temperatura do ar de secagem (X1) é a variável operacional que mais influencia no teor de umidade final do açaí em pó, enquanto que as variáveis X3 (concentração de maltodextrina) e X2 (vazão do ar de secagem) são as que mais influenciam na produção do pó, sendo válido ressaltar que a concentração de maltodextrina é a que tem maior influência sobre a eficiência desse processo.

X4 X5 X6 X1 X2 X3 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Efeitos padronizados (t-values)

-3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 V a lo r n o rm a l e s p e ra d o ,01 ,05 ,15 ,35 ,55 ,75 ,95 ,99 X4 X5 X6 X1 X2 X3 -0,7745 1,2656 5,3457 -6,5924 7,2724 -19,8150 p=,05 Efeitos padronizados X6 X2 X4 X3 X5 X1 -0,7745 1,2656 5,3457 -6,5924 1,1205 1,2207 1,7028 2,3548 3,4133 4,3219 p=,05 Efeitos padronizados X4 X5 X6 X1 X2 X3 1,1205 1,2207 1,7028 2,3548 3,4133

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3.2 Análise individual das variáveis Operacionais

3.2.1 Temperatura do Ar de Secagem

A temperatura é um parâmetro importante a ser avaliado na produção de açaí em pó, uma vez que apresenta significância expressiva sobre o teor de umidade final do pó, um resultado já esperado, pois a temperatura do ar é um parâmetro relevante no processo de secagem.

Quanto à eficiência de formação de açaí em pó, a temperatura do ar não apresentou significância estatística dentro do domínio experimental estudado, sendo possível obter bons rendimentos de açaí em pó utilizando 55ºC, o que provavelmente favorece a qualidade do produto, já que a utilização de baixas temperaturas de secagem influencia positivamente na qualidade do produto final.

Verifica-se ainda, com 95% de confiança, que o aumento de temperatura de 55 para 75 ºC diminui o teor de umidade final do pó em 1,75 % (b.u.), e aumenta a eficiência de formação de pó em 8,32 %.

Estudos anteriores avaliaram a influência da temperatura do ar na secagem de frutas em leito de jorro. Souza (2009) secou polpas de frutas modificadas com a adição de lipídeos, pectina e amido, e obteve os melhores rendimentos utilizando as maiores temperaturas estudadas (80ºC), enquanto que Braga e Rocha (2013) realizaram a secagem de um mix de amora e leite e obtiveram os melhores rendimentos usando baixas temperaturas (60ºC). Isso ocorre, porque as características das frutas apresentam grande influencia nos resultados obtidos, como foi observado por Medeiros (2000), então, é importante o conhecimento detalhado da composição química da polpa de fruta antes da definição da temperatura do ar de secagem utilizada no processo.

3.2.2 Vazão do Ar de Secagem

A variável vazão do ar de secagem apresentou efeitos significativos sobre a eficiência de formação de açaí em pó, sendo verificado, com 95% de confiança, que o aumento da vazão de 1,2 para 1,3 (vazão de 20 e 30% acima do jorro mínimo, respectivamente), ocasiona um efeito positivo de 12,065% sobre o rendimento. Em relação ao teor de umidade final do pó essa variável não apresentou efeito significativo.

O uso da vazão no nível máximo estudado (30 % acima do jorro mínimo) é aconselhável já que o processo se mantém mais estável, além de ocorrer uma diminuição na quantidade de material retido no leito.

3.2.3 Concentração de Maltodextrina

A maltodextrina influenciou significativamente tanto na eficiência quanto na umidade do açaí em pó obtido. Sendo possível verificar, com 95% de confiança, que o aumento de concentração de 15 para 25%, ocasionou uma diminuição no teor de umidade final do pó de 0,58% (b.u.), e um aumento na eficiência de formação de pó de 15,27%.

3.2.4 Vazão de Atomização

A vazão de alimentação gerou efeitos significativos na umidade do açaí em pó, verificando-se, com 95% de confiança, que ao passar de 10 para 12 mL/min, o teor de umidade final do pó obtido aumenta 0,47% (b.u.).

Em relação à eficiência não houve influencia significativa, dentro do domínio experimental estudado.

Souza (2009) ao secar polpas de frutas modificadas observou que a produção do pó é favorecida utilizando baixas vazões de alimentação, o mesmo foi observado por Braga e Rocha (2013) ao secarem um mix de amora e leite.

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3.2.5 Pressão de Atomização

Esse parâmetro não apresentou efeitos significativos na eficiência de formação de pó, contudo, foi uma das variáveis com maior efeito sobre a umidade. Sendo que ao passar de 5 para 10 psig observa-se, com 95% de confiança, que o teor de umidade final do pó obtido aumenta 0,64% (b.u.).

3.2.6 Intermitência

O uso da intermitência não foi relevante dentro do domínio experimental estudado, sendo que não houve efeitos significativos na eficiência de formação de pó, e nem no teor de umidade final.

CONCLUSÃO

A partir dos estudos realizados nesse trabalho foi possível concluir que as variáveis operacionais que mais influenciam na produção de açaí em pó foram: temperatura do ar de secagem, vazão do ar de secagem e concentração de maltodextrina. Verificou-se ainda que a secagem de açaí em leito de jorro utilizando partículas inertes mostrou-se viável do ponto de vista operacional, uma vez que foi possível produzir um pó com baixo teor de umidade e com uma eficiência de produção favorável a baixas temperaturas de ar de secagem.

NOMENCLATURA

mpo Massa de pó (g)

mpasta Massa de pasta (g) po

η Eficiência de obtenção de pó (%)

Xpó Teor de umidade do pó (% b.u.)

Xpasta Teor de umidade da pasta(% b.u.)

X1, X2, X3,

X4, X5

Variáveis de entrada codificadas

p Nível de significância

t t de studente

T Temperatura do ar de secagem (ºC)

W Vazão do ar de secagem (Kg/min)

C Concentração de maltodextrina (%)

V Vazão de atomização (mL/min)

P Pressão de atomização (psig)

I Intermitência

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Referências

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