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O Uso das Bacias Hidrográficas Canal da Doca Av. Visconde de Souza Franco

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Academic year: 2021

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Aline Cristina Gomes de Leão André Luis das Chagas Barbosa Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia E-mails: aline.mi3@hotmail.com/ andrebarbosa-geo@hotmail.com

O Uso das Bacias Hidrográficas Canal da Doca

Av. Visconde de Souza Franco INTRODUÇÃO

Sendo Belém uma cidade banhada por rios, é constituída por inúmeros afluentes conhecidos mais popularmente como igarapés, a grande maioria deles foram aterrados e retificados, em decorrência do processo de ocupação urbana de Belém e perderam com isso sua importância social anterior, que era de lazer, retirada de recursos naturais para subsistência, tráfego, entre outros.

As características geomorfológicas de Belém devem ser levadas em consideração para entender o processo de ocupação dessas áreas da várzea que anteriormente eram consideradas como uma área repudiada pelas classes mais altas e como único viés de moradia das classes baixas advindas com excedente populacional. Essas áreas, por sua vez, eram vistas como entraves ao primeiro eixo de ocupação de Belém, o que levou o Estado a efetivar constantes ações de aterramento de diversos corpos hídricos.

No contexto do processo de ocupação de Belém, as áreas de Terra Firme foram ocupadas pela classe social mais abastada. Restando às pessoas consideradas mais pobres da cidade a ocupação de áreas alagadas como alternativa de moradia na área central, mesmo sendo inadequadas à ocupação.

Por isso, num primeiro momento, não foram alvo de interesse nem do Estado nem dos demais sujeitos sociais. Mas, que no decorrer das duas últimas décadas vem

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despertando interesses imobiliários, sendo notória a implantação de serviços infraestruturais nessas áreas e a consequente impossibilidade de seus antigos moradores continuarem a viver lá após seu processo de valorização.

Além desse fator, a proximidade com o centro, a infraestrutura do porto (na época única ligação da cidade com o resto do país e com o exterior) e da antiga Estrada de Ferro de Bragança (principal ligação terrestre da capital com o interior), que chegou a manter ali uma Estação Central, ligado ao porto, o antigo Igarapé das Almas, também servia de entreposto para embarque e desembarque de cargas eram importantes vantagens que atraiu para o bairro investimentos do setor fabril e industrial. Nas três primeiras décadas do século XX a população do bairro do Reduto cresceu significantemente em razão do grande número de unidades fabris que ali se instalaram, mas também em função das pequenas dimensões dos terrenos naquela área.

1. PROCESSO DE EVOLUÇÃO, OCUPAÇÃO TERRITORIAL E FORMAÇÃO DA PAISAGEM

Na Belém da Belle Èpoque os bairros do Umarizal e Reduto abrigaram as primeiras fábricas aproveitando a proximidade com o porto. Em especial pela ligação com este pelo antigo Igarapé das Almas.

Foi a partir da década de 1970 que a verticalização se perpetuou em bairros centrais, como, o Reduto e Umarizal. Para isto algumas instituições ofereceram incentivos, como por exemplo, o Banco Nacional da Habitação (BNH), como agente financiador de edifícios, através do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

De acordo com OLIVEIRA (2007), o crescimento da Avenida Visconde de Souza Franco, na inserção de Belém no contexto do capitalismo mundial, acarretou diversas consequências como a escassez da cobertura vegetal, uma agressiva paisagem, seletividade social, área cada vez mais elitizada e tendência à segregação sócio-espacial.

Observamos a organização e a produção da dinamização territorial do espaço, através do crescimento da área vertical em detrimento das habitações espraiadas

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horizontalmente. Tais habitações são compostas por moradores de classe média baixa que acabam criando condições para que os moradores antigos sejam os principais alvos do assédio da especulação imobiliária.

Foto:Aline Leão,tirada em:06/02/2014

Outro tipo de contraste também verificado é o contraste social, visto a partir da fragmentação e articulação do espaço. Desta forma, em nossa visão, ao mesmo tempo em que a Avenida é vista como um polo de atração, também é repulsiva e excludente.

Uma das consequências desses contrastes que chama atenção é a impossibilidade de alguns moradores de baixa renda, que moram em bairros valorizados, não conseguem ter acesso a alguns itens necessários, como os produtos alimentícios. Os moradores das residenciais horizontais estão cada vez mais tendo que se deslocar a outros bairros ou em áreas de baixadas conseguirem comprar produtos com seus padrões de vida. E também, outros serviços, como água, luz, supermercados, etc.·.

2. VERTICALIZAÇÃO DA AVENIDA VISCONDE DE SOUZA FRANCO.

O espaço urbano é marcado por diferentes usos do solo para realizar a mais-valia por meio do consumo, enquanto que a paisagem urbana é caracterizada pelo aspecto visível do espaço, expressando o conteúdo, as relações sociais.

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Essas categorias fornecem indícios para se compreender a verticalização, a qual se apresenta por meio de construções de edifícios com diversas unidades sobrepostas em um mesmo terreno.

O processo de verticalização na Avenida Visconde de Souza Franco tem levado ao crescimento das construções verticais e do uso das estratégias mercadológicas no território.

Uma vez que os edifícios materializam-se no território como síntese do processo de apropriação e produção do espaço urbano e das relações sociais, isto é, do conflito, do desejo e da condição urbana.

3. A VERTICALIZAÇÃO DO BAIRRO DO REDUTO E DO UMARIZAL

Atualmente o igarapé das almas é um canal, localizado em uma das áreas mais nobres de Belém. O bairro conta com modernas construções e prédios luxuosos e caros, shopping Center, hospitais, casas noturnas e um fluxo intenso de pessoas.

Os bairros do Reduto e do Umarizal receberam as primeiras fábricas, o acesso ao porto se tornava mais fácil pelo igarapé das almas. Na década de 70 tem inicio a verticalização de alguns bairros da capital, como o Reduto e o Umarizal. De acordo com OLIVEIRA (2007), o crescimento da Avenida Visconde de Souza Franco, na inserção de Belém no contexto do capitalismo mundial, acarretou diversas consequências como a escassez da cobertura vegetal, uma agressiva paisagem, seletividade social, área cada vez mais elitizada e tendência à segregação-sócioespacial.

O espaço urbano é marcado por diferentes usos do solo para realizar a mais-valia por meio do consumo, enquanto que a paisagem urbana é caracterizada pelo aspecto visível do espaço, expressando o conteúdo, as relações sociais (CAVALCANTI, 2001). O processo de verticalização da avenida traz novas estratégias mercadológicas, as construções verticais materializam-se de forma a compor um espaço cada vez mais homogêneo tanto quanto as construções quanto ao padrão de vida, que cada vez se torna mais caro no local, que é habitado por pessoas que em geral tem um alto padrão de vida,

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ocasionando então uma repulsão das classes menos favorecidas, e até os serviços que são encontrados no bairro em grande maioria não podem ser utilizados por populações de baixa renda como, hospitais privados, faculdade particular, lojas que vendem automóveis de luxo, restaurantes dentre outros serviços.

Atualmente muitas áreas periféricas que passam a contar com politicas públicas Importantes como, saneamento básico, asfalto, obras para entretenimento, passam a ter um olhar diferente diante do mercado imobiliário que em muitas vezes busca de alguma forma a valorização daquele espaço, com essa repentina mudança de visão perante um espaço que antes era periférico, as pessoas de menor poder aquisitivo tendem se mudar, e o local passa a ser ocupado muitas vezes por pessoas de maior poder aquisitivo, ganhando novas dinâmicas de mercado, novos serviços e tendo um custo de vida em seu entorno com padrão mais caro, tornando-se um espaço de repulsão das classes menos favorecidas.

As obras públicas atualmente podem determinar a mudança de vida em uma determinada área, atrair os olhares dos mais diversos tipos de empreendimentos e tornar uma área desvalorizada, ou de produção como o Reduto e o Umarizal em locais de construções de alto padrão e grande contraste social.

OBJETIVOS

A seguinte pesquisa objetiva estudar e analisar a dinâmica entorno do canal da Avenida Visconde de Souza Franco, bem como a análise das condições do mesmo no que concerne os elementos fundamentais de um rio:

ANÁLISE DOS DADOS

Em um primeiro momento 1ª visita ao Canal:

O estudo no Canal da Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco é dividido em setores e, o setor visitado para estudos técnicos foi o último, que é mais próximo da área dos Portos da Companhia das Docas do Pará. Na área existem várias comportas,

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cujas portas de contenção eram feitas de madeiras, ambas apodrecidas pelo tempo, e pela ação e erosão da própria força d’água. As medições feitas foram realizadas na parte interna do canal, com a utilização de poucos equipamentos à disposição.

Utilização de materiais

 Cadernos e canetas para fazer as anotações;  Uma corda de 10 metros;

 Um fitilho (fio mais fino feito de nylon), com aproximados 10 metros;

 Um coco vazio, para que pudéssemos fazer peso na corda e arremessar no canal para medir a altura da água;

 Tesouras;

 Pedras com peso aproximado de 500 kg, pedras estas utilizadas como peso para medir a profundidade do canal, também amarradas a elas o fio que facilitaria o manuseio;

 Câmera fotográfica.

RESULTADOS DA 1ª VISITA TÉCNICA:

Nesta visita inicial o dia estava bastante chuvoso, porém vento parado e as águas do canal também. Para iniciarmos os trabalhos no leito do canal fizemos a metragem nos baseando em 10 pontos em comum. Marcando a diferença da parede do canal a área que iniciamos o 1° ponto, que foi de 2 metros.

 Canal totalmente concretado;

 Suas águas deságuam na Baía do Guajará;

 Características da água: água barrenta, suja, canal bastante poluído, muito lixo dentro e ao redor do mesmo;

 A quantidade de sedimentos é percebida em grande quantidade porém, só é visível quando o canal está seco;

 Na visita técnica realizada no dia 13 de Fevereiro de 2014, o nível da água do canal estava a uma altura aproximada de 1,95m;

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 Mesmo com muita sujeira foi visível a presença de vida no canal (diversos peixes e pássaros que se alimentam destes);

 No decorrer do estudo do canal foi necessária a medição das muretas de proteção para que chegássemos à metragem total do canal em estudo;

 As águas do rio estavam paradas, por isso não conseguimos medir a velocidade da vazão.

COLETA DE DADOS

Para tentarmos encontrar o Talvegue fizemos uma medição com intervalo de 1 metro para cada ponto, onde a partir do 3° ponto, de 9 metros, que mediu cerca de 1,95m, o 4° ponto de 10m, que mediu 1,95m e o 5° ponto de 11m que também mediu 1,95m. O 6° e o 7° pontos também mediram 1,95, fizemos as medições mesmo não sendo utilizados para achar o talvegue. No final da medição o 10° ponto foi o mais raso, porém com mais depósitos de sedimentos.

RESULTADOS DA 2ª VISITA TÉCNICA:

Neste dia, partimos logo para as medições, pois, o canal estava seco e o dia muito ensolarado, sendo assim a visibilidade do leito do canal estava a 100% bem melhor que no 1° dia, sedimentos e muito lixo à mostra. O que pudemos perceber que com o canal seco o desencontro de informações e resultados obtidos seriam completamente diferentes da visita anterior. Fizemos a divisão em pontos conforme a coleta anterior. Utilizamos basicamente os mesmos materiais:

Cadernos e canetas para fazer as anotações;

Um fitilho (fio) mais fino feito de nylon, com aproximados 10 metros;

Tesoura;

Pedras com peso aproximado de 500 kg, pedras estas utilizadas como peso para medir a profundidade do canal, também amarradas a elas o fio, o que facilitaria o manuseio;

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Câmera fotográfica.

COLETA DE DADOS

Área menor- Distância de 13,40 metros;

Altura do Fundo a Superfície medida de 2 em 2 metros;

1° ponto: altura= 2,64m 2° ponto: altura= 2,54m 3° ponto: altura= 2,56m 4° ponto: altura= 2,54m 5° ponto: altura= 2,58m 6° ponto: altura= 2,59m 7° ponto: altura= 2,60m

8° ponto foi medido com uma distância de 1,40m do ponto anterior

A distância geral da superfície da Área maior foi de 21,08 metros, pois retiramos as medidas de largura da mureta de proteção de ambos os lados.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Na 1ª visita realizada, foi detectada uma quantidade muito grande de sedimentos, isso dificultou um pouco o trabalho na área de estudo escolhida, não conseguimos um diagnóstico mais detalhado, pois neste dia também o dia estava chuvoso, com muita nebulosidade e pouco vento. Fizemos as medições possíveis e conseguimos obter bons resultados.

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Já na segunda visita feita na área de estudo, a manhã estava bem ensolarada, o céu estava com poucas nuvens, o que de certa forma facilitaria o campo. O canal estava cerca de 85% seco, não havia chovido no dia anterior; a coleta de dados foi bem avançada, o que diferenciou os dados da coleta feita anteriormente na 1ª visita. Em ambas as visitas técnicas ao campo escolhido, área de estudo Canal das Docas, Avenida Visconde de Souza Franco, os resultados foram satisfatórios, com possibilidades de avanço para prosseguir com o artigo, dando continuidade nas pesquisas.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 5° Edição. São Paulo: Atlas, 2002.

FERREIRA, A. Bairro do Umarizal: Produção do espaço, City marketing e Verticalização. 2006. 214 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Geografia)- Departamento de Geografia da Universidade Federal do Pará, Belém, 2006.

Sant-Clair Cordeiro da Trindade Jr. Produção do espaço e uso do solo urbano em Belém. Capítulo 4, A Área dos Canais da Doca de Souza Franco e Reduto: caracterização e inserção no contexto urbano em Belém.

Referências

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