MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
AUDITORIA INTERNA
SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO
PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 2.684/2014
Referência : Correio eletrônico, de 6/8/2014. Protocolo AUDIN-MPU nº 1.437/2014.
Assunto
: Contábil. Recebimento de faturas de telefonia (fixa e móvel) em mídias.
Interessado : Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação – STIC/PGR/MPF.
Por meio do correio eletrônico em epígrafe, o Senhor Chefe da Divisão de
Telecomunicações – CAR/STIC, cumprindo determinação do Senhor Secretário-Adjunto da
Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação, encaminha consulta a este Órgão de
Controle Interno, nos termos abaixo:
[...] consulto essa douta AUDIN/MPU que seja verificado a possibilidade de que as faturas de telefonia (fixa e móvel) sejam disponibilizadas, pelas empresas contratadas, em mídias (CD e/ou DVD).
Tal solicitação se justifica em função da considerável redução no acúmulo de papéis, otimização do espaço físico para armazenar/arquivar tais documentos, bem como, facilitar pesquisas quando da análise destas faturas. A título de ilustração: temos sete processos que medindo do chão até a última folha obtivemos 1,05mts.
Além do exposto, entendemos ser o fator mais relevante: preservação do meio ambiente, visto que, estamos numa era em que todos estão envolvidos nesta questão e o MPF não é diferente, também está imbuído nesta árdua e necessária missão, e com tal medida, estaremos alinhados com uma das missões do Planejamento Estratégico do Ministério Público Federal.
2.
Em exame, no que diz respeito às rotinas administrativas, cumpre notar que o
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) recomendou a implementação de medidas
voltadas para a adoção de hábitos ecologicamente sustentáveis, conforme se observa da
Recomendação CNMP nº 06/2007, in verbis:
Recomendar aos Ministérios Públicos da União e dos Estados e ao próprio Conselho a criação, no âmbito das respectivas Administrações, de Comissões Institucionais de Gestão Ambiental, integradas por membros e servidores com a tarefa de estudar, sugerir e acompanhar a implementação de medidas administrativas voltadas à adoção de hábitos ecologicamente sustentáveis, tais como a reutilização e reciclagem de resíduos, a utilização de papel reciclado e outras medidas de consumo de bens e serviços de forma sustentável, todas no sentido de fomentar a conscientização institucional da preservação ambiental. (Grifou-se)
3.
Nesse mesmo caminho, de recomendação de adoção de medidas que visam à
preservação do meio ambiente, foi a orientação do Tribunal de Contas da União, por meio do
Acórdão TCU nº 1.752/2011-Plenário, parcialmente reproduzido abaixo, in litteris:
ACÓRDÃO TCU Nº 1.752/2011-PLENÁRIO
SUMÁRIO: AUDITORIA OPERACIONAL. AVALIAÇÃO DAS AÇÕES ADOTADAS PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL ACERCA DO USO RACIONAL E SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NATURAIS. PERTINÊNCIA, ATUALIDADE E RELEVÂNCIA DO TEMA. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES.
(...) VOTO (...)
2. Não é demais lembrar que, além de tudo, as medidas ora em discussão visam a dar concretude aos anseios da própria sociedade quando da sua vinculação aos acordos internacionais que versam sobre o tema, a exemplo da Agenda 21 e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, resultantes da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92, dos quais o Brasil é signatário.
3. No âmbito interno, o tema da sustentabilidade encontra amparo no art. 225 da Constituição Federal, que impõe ao poder público o compromisso de guiar suas ações a partir de um modelo de desenvolvimento sustentável, em que o benefício gerado para as gerações presentes preserve a capacidade de fruição desses benefícios para as gerações futuras.
4. E o compromisso do poder público é revelado, em larga medida, pelo grau de adesão dos próprios agentes públicos, valendo aqui a observação consignada nos autos de que “Apesar de, por exemplo, a troca de lâmpadas ser uma ação com resultados perenes, a conscientização dos usuários em desligar as luzes quando a sala estiver desocupada é fundamental para se ter um pleno uso racional do recurso.”
5. A proposta em exame ecoa de modo significativo nos princípios enumerados no art. 37 da Constituição Federal, a saber: (i) a observância de práticas de sustentabilidade em conformidade com os normativos legais e infralegais existentes reflete o respeito ao princípio da legalidade, (ii) a abstenção da utilização com fins pessoais de recursos públicos chama atenção para o devido respeito aos princípios da moralidade e da impessoalidade, (iii) a transparência conferida à forma de utilização dos recursos e à disseminação das boas práticas, por seu turno, aponta no sentido da devida publicidade dos atos administrativos e, por fim, (iv) o uso racional desses recursos prestigia o elemento faltante, a eficiência, elevada à condição de princípio de estatura constitucional pela reforma administrativa promovida com a Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998.
(...)
ACÓRDÃO (...)
9.1. recomendar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que apresente, em 90 (noventa) dias, um plano de ação visando a orientar e a incentivar todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal a adotarem medidas para o aumento da sustentabilidade e eficiência no uso de recursos naturais, em especial energia elétrica, água e papel, considerando a adesão do País aos acordos internacionais: Agenda 21, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e Processo Marrakech, bem como o disposto na Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, na Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, na Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, no Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, e na Instrução Normativa SLTI/MP nº 1, de 19 de janeiro de 2010; (...)
9.8. recomendar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que incentive os órgãos e instituições públicas federais a adotarem um modelo de gestão organizacional estruturado na implementação de ações voltadas ao uso racional de recursos naturais, a exemplo das orientações fornecidas pelos Programas A3P, PEG e Procel EPP;
9.9. recomendar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que incentive os órgãos e instituições públicas federais a implantarem programas institucionais voltados ao uso racional de recursos naturais, inclusive prevendo designação formal de responsáveis e a realização de campanhas de conscientização dos usuários;(grifou-se).
(...)
4.
Observa-se ainda, que a adoção de critérios, práticas e outras medidas de
sustentabilidade nas contratações públicas e no uso de materiais e serviços encontram-se
devidamente positivadas no âmbito da Lei de Licitações, no Decreto nº 7.746, de 2012, e
Instrução Normativa STLI/MPOG nº 10/2012, cujos excertos estão a seguir transcritos, com
os pertinentes destaques:
LEI Nº 8.666/93
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
DECRETO Nº 7.746/2012
Art. 1º Este Decreto regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666, (...) (…)
Art. 16. A administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas estatais dependentes deverão elaborar e implementar Planos de Gestão de Logística Sustentável, no prazo estipulado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, prevendo, no mínimo:
I – atualização do inventário de bens e materiais do órgão e identificação de similares de menor impacto ambiental para substituição;
II – práticas de sustentabilidade e de racionalização do uso de materiais e serviços;
III – responsabilidades, metodologia de implementação e avaliação do plano; e
IV – ações de divulgação, conscientização e capacitação.
INSTRUÇÃO NORMATIVA SLTI/MPOG Nº 10/2012
Art. 8º As práticas de sustentabilidade e racionalização do uso de materiais e serviços deverão abranger, no mínimo, os seguintes temas:
I – material de consumo compreendendo, pelo menos, papel para impressão, copos descartáveis e cartuchos para impressão;
II – energia elétrica; III – água e esgoto; IV – coleta seletiva;
V – qualidade de vida no ambiente de trabalho;
VI – compras e contratações sustentáveis, compreendendo, pelo menos, obras, equipamentos, serviços de vigilância, de limpeza, de telefonia, de processamento de dados, de apoio administrativo e de manutenção predial; e
VII – deslocamento de pessoal, considerando todos os meios de transporte, com foco na redução de gastos e de emissões de substâncias poluentes. Parágrafo único. As práticas de sustentabilidade e racionalização do uso de materiais e serviços constantes no Anexo II poderão ser utilizadas como referência na elaboração dos PLS.
(…)
Anexo II – Sugestões de boas práticas de sustentabilidade e de racionalização de materiais
I – Materiais de Consumo Papel
1. Dar preferência ao uso de mensagens eletrônicas (e-mail) na comunicação evitando o uso do papel;
2. Substituir o uso de documento impresso por documento digital; 3. Imprimir apenas se necessário;
4. Revisar os documentos antes de imprimir;
5. Controlar o consumo de papel para impressão e cópias;
6. Programar manutenção ou substituição das impressoras, em razão de eficiência;
8. Reaproveitar o papel impresso em apenas um lado, para a confecção de blocos de rascunho;
9. Utilizar papel reciclado ou papel branco produzido sem uso de substâncias cloradas nocivas ao meio ambiente; e
10. Realizar campanhas de sensibilização para redução do consumo de papel.
5.
Infere-se da normatização citada que a Administração Pública deve buscar a
promoção e a adoção de práticas voltadas para a sustentabilidade e a racionalização do uso de
materiais e serviços, inclusive com a realização de campanhas educativas de sensibilização e
conscientização dos atores envolvidos no processo, de forma que a questão socioambiental
seja um compromisso de todos, em harmonia com os princípios e diretrizes que balizam o
crescimento sustentável.
6.
Nesse sentido, aliás, cabe mencionar que foi instituído o Sistema de Gestão
Socioambiental do Ministério Público Federal (SGS/MPF), pela Portaria PGR/MPF nº
923/2013, verbis:
PORTARIA PGR/MPF Nº 923/2013
Art. 1º Instituir o Sistema de Gestão Socioambiental do Ministério Público Federal – SGS/MPF, como modelo de atuação institucional integrado à gestão sustentável.
Parágrafo único. O SGS/MPF será integrado pelos Programas de Gestão Socioambiental das Unidades do MPF.
Art. 2º Consituem objetivos do SGS/MPF:
I – aperfeiçoar o desempenho sustentável do MPF;
II – estabelecer o modelo de gestão socioambiental a ser seguido pelas unidades do MPF;
III – definir requisitos mínimos de atuação socioambiental a serem atendidos pelas unidades do MPF; e
IV – fortalecer os processo de planejamento e avaliação dos Programas de Gestão Socioambiental.
Art. 3º Para participar do SGS/MPF, cada unidade deverá formalizar a respectiva adesão, por meio de formulário constante do Anexo desta Portaria, a ser encaminhado à Secretaria Geral, comprometendo-se a planejar, implantar e manter um Programa de Gestão Socioambiental. Art. 4º O Programa de Gestão Socioambiental de cada unidade deverá ser implementado em conformidade com os requisitos estabelecidos pelo Manual do Sistema de Gestão Socioambiental, a ser publicado por ato do Secretário-Geral do MPF.
Art. 5º As unidades do MPF participantes terão os respectivos Programas de Gestão Socioambiental avaliados anualmente e receberão um certificado de desempenho socioambiental.