Perspectivas e Modelos para
Supervisão nas profissões de
saúde
1
Ana Albuquerque Queiroz
RN,MSN,PhD
Enfermeira, Mestre em Ciências de Enfermagem;
Professora Doutora em Desenvolvimento e Intervenção Psicológica Departamento de Ciência e Tecnologia - Uni-CV
Foco da apresentação
O contexto dos cuidados de saúde;
Conceitos de referência
Modelos de Supervisão Clínica (S.C.)
nas profissões de saúde;
Exemplo da aplicação de modelos de
S.C.;
Evidência da efectividade dos
Modelos de S.C.
Conceito de Supervisão Clínica
O conceito de Supervisão clínica tem sido alvo das mais
diferentes definições por parte dos autores/entidades que têm
desenvolvido trabalhos nesta área. Embora diferentes, todas se
complementam, destacaria o conceito proposto por Alarcão &
Tavares (1997, p197), que definem
supervisão clínica
como: "Processo em que uma pessoa
experiente e bem informada, orienta o
formando
no
desenvolvimento
humano,
educacional e profissional, numa atitude de
monitorização
sistemática
de
prática
sobretudo através de procedimentos de
reflexão e experimentação”.
CONCEITOS DE SUPERVISÃO
CLÍNICA
Conceito de supervisão em medicina
5
Segundo Kilminster e Jolly (2000,p828-829)
“trata-se do
fornecimento de monitorização, de orientação e de
feedback, em termos pessoais, profissionais e de
desenvolvimento educacional no contexto dos cuidados
médicos aos doentes. Isto deve incluir a habilidade para
antecipar os pontos fortes e fracos em situações clínicas
específicas com vista a maximizar a segurança dos
doentes”.
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CONCEITOS DE SUPERVISÃO
CLÍNICA
Para Cumins (2009,p.217)
“a S.C. é um processo que visa
criar um ambiente no qual os participantes têm
oportunidade de avaliar, reflectir e desenvolver a sua prática
clínica e providenciar um sistema de apoio ao supervisado”.
Esta
definição
valoriza
o
aspeto
de
apoio,
do
desenvolvimento da prática e a reflexão, que deve ser
inerente aos períodos de transição dos profissionais menos
experientes para profissionais mais competentes.
O que é a supervisão?
“…forma de promover a reflexão
através
da
prática,
identificar
soluções para os problemas, de
melhorar a prática e aumentar a
compreensão
das
acções
profissionais.
”
(1996) United Kingdom Central Council for
Nursing.
Princípios de Supervisão
Respeito à pessoa humana;
— reconhecimento e aceitação da pessoa tal como é, capaz de cometer erros;
— fé no valor das pessoas e na possibilidade de desenvolvimento, inerente ao ser humano;
— reconhecimento e aceitação do direito que o ser humano tem à igualdade de oportunidade para criar, progredir e participar, de acordo com seu próprio potencial;
— consciência da própria capacidade e limitações, por parte do supervisor;
— verificação objetiva do potencial humano e dos recursos materiais nas situações de trabalho;
— reconhecimento da importância de um clima de trabalho democrático para a manutenção de relações harmoniosas;
— oportunidade para o desenvolvimento pessoal e profissional
Função do supervisor
A função do supervisor será, segundo Cotrell (2000),
sustentar a
formação
e
a
actividade
profissional
dos
supervisados, tendo sempre em conta a prestação de
cuidados de qualidade ao cliente e, ainda, promover a
mudança positiva, educar, monitorizar, recomendar,
desafiar, pesquisar e desenvolver o espírito crítico dos
mesmos.
O seu papel é central à promoção de uma prática com o máximo de qualidade, sendo que, o determinante principal da eficácia do relacionamento supervisivo é a qualidade do mesmo.Contexto dos cuidados de saúde
Em geral nos sistemas muito hierarquizados
A Supervisão Clínica é crucial porque
coloca o seu foco em:
Preocupação com os doentes/segurança;
Aumenta a satisfação dos profissionais;
Garante o cumprimento de normas e
protocolos de actuação;
Minimiza as situações de conflito.
Exemplos frequentes do uso da
S.C.
Treino e educação
– estudantes das
várias profissões;
Processos
de
desenvolvimento
profissional/formação contínua;
Actualização de profissionais;
Modelo de Supervisão de Proctor
(1987)
Normativo
–
Administração e garantia da qualidade
Gestão de projectos
Assegurar a segurança dos doentes
Avaliar e garantir qualidade
Melhorar a prática
Restaurador
–
de problemas da prática, Alívia o
stress,
Apoio e assistência para a adaptação a
mudanças;
Identificação de soluções
Formativo
–
Educação
e
desenvolvimento
de
competências e conhecimentos dos profissionais
Aplicações do Modelo
Normativo (gestão, segurança, garantia)
Reuniões
Observação dos cuidados
Avaliação formal
Consulta por telefone
Documentação em papel e suportes electrónicos
Processo dos doentes
Dossier de actividades/projectos
Restaurador (apoio e assistência na adaptação)
Supervisão de grupos
Conferências para discusão de casos
Identificação de soluções de problemas da prática
Formativo (educação e Desenvolvimento profissional /
educação contínua
Modelo de Supervisão de Heron
(1989)
Autoritário Intervenções de Supervisão
Prescritivas – comportamento direto
Informativas – fornece informação/
instruções
Confrontação – mudança
Facilitador Intervenções de Supervisão
Catártico – alívia a tensão/fortes emoções
Catalisador – encoraja a auto avaliação
Apoio – validativo/confirmativo
Modelo de Supervisão de Powell
(1993)
Componentes
Administrativa
Avaliativa
Clínica
De apoio/orientação
Conceptualização do supervisor como um leader dedicado
que:
É auto consciente
Funciona sempre focado e com energia
É proficiente em muitos aspectos do trabalho
Ajuda a difundir a missão da organização/tem uma visão clara indo
à frente e puxando pelo grupo
Partilha o poder
Valoriza as pessoas cuidando delas.
Pressupostos do Modelo de
Powell de S. C.
(Powell, 1993)
As pessoas têm capacidades para assumirem as
mudanças nas suas vidas com assistência e
orientação;
As pessoas nem sempre sabem o que é melhor para
elas e podem estar cegas pela sua resistência e
negarem os assuntos;
A chave para o crescimento é a vontade interior e é
esta que provoca o comportamento de mudança nos
momentos e quantidades necessárias;
A mudança é constante e inevitável;
Na supervisão, tal como na terapia, o orientador
concentra-se naquilo que pode ser mudado;
Não é necessário saber sobre a causa de um
problema que se manifesta para o resolver;
Estrutura da Supervisão
Individual – 1 a 1
1 supervisor e 1 supervisado
Grupo
1 supervisor com 4-6 supervisados
Triade – 1 supervisor e 2 supervisados
Equipa – colegas que trabalham juntos
Rede
– pessoas que normalmente não
trabalham juntas
Organização administrativa
Hierararquizada
Não hierarquizada
Modos de Supervisão
Interações quotidianas no dia a dia de
trabalho
Informal
Em reuniões calendarizadas
Indirectamente
– por exemplo falando
com os doentes
Através de comunicção por telefone,
computador, ou de documentação escrita,
relatórios ou fichas de registo.
Actuais discussões sobre
supervisão
Qualificações dos supervisores
Da mesma disciplina/área
De diferentes disciplinas/áreas
Feita por colegas
Feita por peritos
Nos conteúdos
Em desenvolvimento profissional
Reflexão orientada vs. supervisão clínica
mais tradicional
Supervisão colaborativa
Evidência da Efectividade da supervisão-
(Kilminster & Jolly, 2000, p. 833)
A Supervisão tem um efeito positivo nos
resultados junto dos doentes e pelo
contrário a falta de supervisão prejudica os
doentes;
A Supervisão tem mais efeito quando o
supervisado é menos experiente;
A auto supervisão não é efectiva;
A qualidade da interrelação entre o
supervisor e o supervisado é provavelmente
o mais importante factor numa supervisão
efectiva;
Mudanças comportamentais podem ocorrer
rapidamente
– mas as mudanças de
pensamento e atitude demoram mais tempo.
21Fatores que permitem a boa
dinâmica da supervisão
— Levantamento e estudo da área de supervisão, incluindo recursos humanos, materiais de consumo, instalações, equipamento e recursos económicos; análise dos dados, para diagnóstico da situação;
— estabelecimento das prioridades em supervisão;
— determinação dos objetivos a serem atingidos, com base nos programas da organização e nas necessidades da área e dos profissionais a serem supervisionados.
Identificação da realidade
Fatores que permitem a boa dinâmica
da supervisão
Elaboração do plano de trabalho
— Determinação das atividades a serem realizadas para alcançar os objetivos elaborados;
— coordenação das atividades de supervisão com os diversos sectores profissionais nos seus diferentes níveis;
— integração das atividades de supervisão com outras atividades próprias do serviço de saúde em geral;
— determinação dos instrumentos a serem empregados em supervisão e na avaliação dos profissionais envolvidos neste processo, incluindo os inerentes à própria supervisão;
— estabelecimento de um sistema democrático de direção;
— supervisão nos diversos níveis: A supervisão em serviços de saúde quem operam nos diversos níveis deve ser desenvolvida por equipe multiprofissional. Nas unidades de trabalhos hospitalares, por especialistas da área.
A realização do processo de supervisão deve ser baseada nas necessidades do serviço, reconhecidas por solicitações especiais, relatórios e outros instrumentos próprios da supervisão.
Execução do plano
— Comunicação através de técnica apropriada;
— utilização de métodos que propiciem o crescimento e
desenvolvimento individual e global; manutenção de boa
interação entre os membros do grupo;
— análise e controle do desenvolvimento do programa
de trabalho dos profissionais;
— promoção da interação do grupo, dentro da filosofia
da organização e dos objetivos determinados;
— avaliação periódica das atividades programadas,
através de métodos pré-determinados;
— reformulação do plano sempre que for indicado.
Sistema informal de supervisão(esfera
psico-sócio-biológica)
Considerando que o sistema informal deve basear-se no
conhecimento e atendimento das necessidades bio-psico-sociais do
homem, é indispensável por parte do supervisor:
— Reconhecer as necessidades básicas (bio-psico-sociais) do
homem, encarando-as individualmente, através de: conhecimento
das diferenças individuais; respeito às escalas de valores do grupo;
conhecimento do sistema de interrelações informais;
— procurar atender às necessidades de cada indivíduo, dentro dos
limites da liberdade estrutural;
— motivar o grupo para participar do trabalho;
— colaborar com o grupo para alcançar os objetivos operacionais e
institucionais estabelecidos.
Métodos e instrumentos de supervisão
_ Entrevistas;
— observação direta, com registro em; uma ficha previamente preparada para apreciar o progresso e os problemas da pessoa supervisionada;
— análise das atividades do profissional supervisionado, através de registos em fichas dos doentes e das famílias; análise dos dados estatísticos e sua relação com as metas estabelecidas;
— estudo dos relatórios para conhecer o desenvolvimento dos trabalhos de cada profissional e para identificar os problemas que interferem com suas atividades ;
— reuniões para discussões de problemas;
— trabalho em equipe para estabelecimento de plano para melhoria dos cuidados;
— demonstração de novos métodos de trabalho aplicados;
— estudos especiais para determinar a qualidade e a quantidade dos serviços prestados;
— avaliação dos profissionais;
—preparação de ficha que permita orientá-los para o seu
Combine a supervisão com um
feedback
centrado
em
focos
concretos;
Continuidade;
Reflexão feita por supervisores e
supervisados.
DICAS
Características de Supervisores
efectivos
Empáticos
Apoio/facilitadores
Flexíveis
Realmente interessados na supervisão
Seguindo efectivamente os supervisados
Ligando a teoria com a prática
Envolvidos na resolução de problemas
Interpretativos/compreensivos
Respeitadores
Focados
Práticos
Credíveis
28Características de supervisores
não efectivos
Rígido
Fraca empatia
Fraco apoio
Falha em seguir de forma consistente as
preocupações dos supervisados
Falha em ensinar e dar orientações
Indirecto e intolerante
Fechado
Falta de respeito pelas diferenças
Não trabalha bem em grupo
Falha em dar reforços e encorajamentos
Sexista
Enfatiza
a
avaliação,
as
fraquezas
e
as
Conteúdos recomendados na
formação dos supervisores
Modelos de Supervisão
Avaliação
das
necessidades
de
aprendizagem
Educação de adultos
Relação de ajuda
Fornecimento de feedback
Questões de poder e estatuto social
Relações transculturais
Potenciais questões de investigação
Em que circunstância é necessária a S.C.?
Qual o melhor tipo de S.C. neste contexto?
Qual a duração óptima dos períodos de S.C.
Como pode a qualidade e o conteúdo da S.C.
ser assegurado e desenvolvido?
Como podemos avaliar se a S.C. é efectiva?
Qual a formação e treino necessário aos
supervisores?
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