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EQUAÇÕES DE BESSEL APLICADAS À TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM DUTOS COM SIMETRIA AXIAL

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Academic year: 2021

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(1)

UFRB - Universidade Federal do Recˆoncavo da Bahia CETEC - Centro de Ciˆencias Exatas e Tecnol´ogicas

Bacharelado de Ciˆencias Exatas e Tecnol´ogicas

EQUA ¸

C ˜

OES DE BESSEL APLICADAS

`

A TRANSFERˆ

ENCIA DE CALOR EM

DUTOS COM SIMETRIA AXIAL

RAIMAR RAMOS DE MACEDO FILHO

CRUZ DAS ALMAS 2016

(2)

RAIMAR RAMOS DE MACEDO FILHO

EQUA ¸

C ˜

OES DE BESSEL APLICADAS

`

A TRANSFERˆ

ENCIA DE CALOR EM

DUTOS COM SIMETRIA AXIAL

Trabalho de conclus˜ao de curso apresen-tado `a Universidade Federal do Recˆ on-cavo da Bahia como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Bacharel Graduado em Ciˆencias Exatas e Tecnol´ o-gicas.

Orientador: MSc. Paulo Henrique Ribeiro do Nascimento

Cruz das Almas 2016

(3)
(4)

Aos meus pais, Sr. Raimar Ramos de Macedo e Sra. Juscicl´eia Meireles Souza, que n˜ao mediram esfor¸cos para que eu chegasse at´e esta etapa de minha vida.

(5)

Agradecimentos

A Deus que permitiu que tudo isso acontecesse.

A meus pais, as pessoas mais importantes da minha vida, por tudo.

A toda minha fam´ılia, a minha av´o Ana Edila e a Dinha (in memorian), av´o que a vida me deu, pelas lembran¸cas mais puras da minha infˆancia. A La´ıs, pelo carinho, alegria e aten¸c˜ao, obrigado meu amor.

Ao meu orientador, prof. MSc. Paulo Henrique pela orienta¸c˜ao, apoio e confian¸ca, sem vocˆe esse trabalho n˜ao seria poss´ıvel. Ao prof. Dr. Juarez Azevedo pelo apoio, ao prof. MSc. Marcus Vin´ıcius e `a profa. Dra. Karina Kodel, pelo paciente trabalho de revis˜ao.

Ao prof. Dr. Denis Petrucci e ao prof. MSc. Alex Santana pela amizade.

Aos meus amigos do Integre, em especial a Carlos Andr´e pela convivˆencia amig´avel. A todos da Universidade Federal do Recˆoncavo da Bahia, que direta ou indiretamente, contribu´ıram para a conclus˜ao desta etapa da minha vida. A todos vocˆes o meu muito obrigado.

(6)

“Mais cedo ou mais tarde, a teoria sempre acaba assassinada pela experiˆencia” (Albert Einstein)

(7)

Resumo

A Transferˆencia de calor foi abordada neste trabalho, especificamente, com um problema envolvendo a distribui¸c˜ao da temperatura. Este ´e descrito atrav´es da equa¸c˜ao da difus˜ao t´ermica e tem como solu¸c˜ao, uma fun¸c˜ao de Bessel (de primeira ou de segunda esp´ecie). O desenvolvimento da equa¸c˜ao de difus˜ao t´ermica, em coordenadas convenientes para a resolu¸c˜ao do problema, viabilizou um maior conforto na sua solu¸c˜ao, no sentido de obtˆe-la com maior facilidade. Enfatizou-se a importˆancia do dom´ınio pleno das ferramentas matem´aticas, seu rigor e suas propriedades, tendo em vista o aprofundamento te´orico que foi apresentado. Por fim, estudou-se o comportamento da solu¸c˜ao do problema, analiticamente. Observou-se como se comporta a distribui¸c˜ao da temperatura para um duto com determinadas condi¸c˜oes de contorno.

(8)

Abstract

The heat transfer was discussed in this work, specifically, with a problem involving temperature distribution. It is described by the equation of heat diffusion and its solution is a Bessel function (first or second kind). The development of the thermal diffusion equation in convenient coordinates, to solve the problem, enabled greater comfort in its solution in order to obtain the solution more easily. It was emphasized the importance of full domain of mathematical tools, its rigor and its properties, in view of the theoretical deepening that was presented. Therefore, it was observed analytically the behavior of the solution. It was also accomplished how the temperature distribution to a duct with certain conditions of contour.

(9)

Lista de ilustra¸c˜

oes

Figura 1 – Barra s´olida condutora de calor. . . 2

Figura 2 – Volume de controle diferencial 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧, para an´alise de condu¸c˜ao em coordenadas cil´ındricas (𝑟, 𝜑, 𝑧). . . . 3

Figura 3 – Fun¸c˜oes de Bessel de Primeira Esp´ecie para 𝜇 = 0,1,2,3,4 . . . . 9

Figura 4 – Fun¸c˜oes de Bessel de Segunda Esp´ecie para 𝜇 = 0,1,2,3,4 . . . . 12

Figura 5 – Sec¸c˜ao Transvers˜ao da Tubula¸c˜ao. . . 13

(10)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao . . . 1

2 Desenvolvimento Te´orico . . . 2

2.1 Transferˆencia de Calor . . . 2

2.2 Equa¸c˜ao da Difus˜ao T´ermica . . . 3

2.3 Fun¸c˜oes de Bessel . . . 6

2.4 Fun¸c˜ao de Bessel de Primeira Esp´ecie . . . 6

2.5 Fun¸c˜ao de Bessel de Segunda Esp´ecie . . . 10

3 Aplica¸c˜ao . . . 13

3.1 Problema Proposto . . . 13

4 Considera¸c˜oes Finais . . . 19

(11)

1

1

Introdu¸c˜

ao

Problemas que envolvem simetria circular ou superf´ıcies arredondadas, brocas de perfura¸c˜ao de po¸cos de petr´oleo, processos de usinagem, tubos hidr´aulicos, frequentemente geram fun¸c˜oes de Bessel de primeira e segunda esp´ecie em suas solu¸c˜oes (MUSHREF et al., 2010).

Neste trabalho, estudamos tais fun¸c˜oes aplicadas a condu¸c˜ao de calor. Em projetos de Engenharia Civil ´e necess´ario considerar o empreendimento ter´a condi¸c˜oes t´ermicas agrad´aveis para os usu´arios. Tendo esse objetivo, deve analisar, por exemplo, a localiza¸c˜ao, posicionamento e materiais utilizados na constru¸c˜ao, minimizando, dessa maneira a transferˆencia de calor entre os ambientes.

Os engenheiros da computa¸c˜ao, em conjunto com os eletricistas, est˜ao preocupados em desenvolver componentes eletrˆonicos cada vez menores e com um potencial de processa-mento cada vez maior. Neste processo, se deparam com problemas de superaqueciprocessa-mento. Engenheiros mecˆanicos trabalham com a transferˆencia de calor no resfriamento de ambientes, motores, m´aquinas, no comportamento de um fluido que escoa em uma tubula¸c˜ao, que pode ser desde a ´agua, que passa em um radiador, ou de um duto, que conduz o petr´oleo do po¸co at´e a plataforma.

Em meio a esse contexto, de descrever e quantificar os problemas de transferˆencia de calor, surge a necessidade de resolver equa¸c˜oes que os modelam, de forma anal´ıtica ou atrav´es do estudo de m´etodos que encontram a solu¸c˜ao, com menor esfor¸co computacional e maior precis˜ao.

O presente trabalho busca uma equa¸c˜ao para a distribui¸c˜ao de temperatura, obtida de maneira anal´ıtica, atrav´es do estudo das fun¸c˜oes de Bessel, para uma tubula¸c˜ao de formato cil´ındrico.

Nos cap´ıtulos subsequentes apresentamos uma base te´orica importante para o entendimento do problema. No cap´ıtulo dois, deduzimos a equa¸c˜ao da difus˜ao t´ermica em coordenadas cil´ındricas e as fun¸c˜oes de Bessel de primeira e segunda esp´ecies. No cap´ıtulo trˆes apresentamos o desenvolvimento da equa¸c˜ao que possibilita determinar a temperatura, em um duto formato cil´ındrico, para um raio e um dado instante de tempo.

(12)

2

2

Desenvolvimento Te´

orico

2.1

Transferˆ

encia de Calor

A transferˆencia de calor ´e a propaga¸c˜ao de energia entre corpos de diferentes temperaturas. Ocorre basicamente de trˆes maneiras, que dependem do meio de propaga¸c˜ao, em meios s´olidos e fluidos estacion´arios ocorre a condu¸c˜ao, em fluidos n˜ao estacion´arios ocorre a convec¸c˜ao e radia¸c˜ao, que basicamente n˜ao depende do meio material, ocorre melhor no v´acuo.

Segundo Silva (2014) o estudo da transferˆencia de calor ´e dedicado a determina¸c˜ao da distribui¸c˜ao das temperaturas tanto no espa¸co quanto no tempo. ´E comum ocorrer a combina¸c˜ao das formas de transferir calor, no entanto, em muitos casos ´e poss´ıvel simplific´a-los para apenas uma forma. Este trabalho centra-se na transferˆencia de calor atrav´es da condu¸c˜ao.

Na condu¸c˜ao, a Lei de Fourier ´e respons´avel por quantificar a taxa de transferˆencia de calor em s´olidos. A equa¸c˜ao a seguir relaciona a taxa de condu¸c˜ao de calor, 𝑞𝑥 [𝑊 ], a condutividade t´ermica, 𝑘 [𝑊/(𝑚𝐾)], a ´area da sec¸c˜ao transvers˜ao, 𝐴 [𝑚2], a varia¸c˜ao da

temperatura, Δ𝑇 [𝐾] e o deslocamento, Δ𝑥 [𝑚]:

𝑞𝑥 = −𝑘𝐴 Δ𝑇

Δ𝑥. (𝑈 𝑛𝑖𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙) (1)

o sinal negativo indica que a taxa segue da maior temperatura para a menor. A condu-tividade t´ermica ´e uma propriedade inerente ao material no qual ocorre a condu¸c˜ao. A Figura 1, onde 𝑇2 < 𝑇1, ilustra este fenˆomeno descrito pela lei de Fourier.

Figura 1 – Barra s´olida condutora de calor.

𝑇1 𝑇2

𝑞𝑥

𝑥 = 0 𝑥 = 𝐿 𝑥

(13)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 3

2.2

Equa¸

ao da Difus˜

ao T´

ermica

A distribui¸c˜ao da temperatura em um s´olido pode ser determinado por uma equa¸c˜ao diferencial. Vamos considerar um volume de controle diferencial apresentado na Figura 2 e seu volume sendo 𝑑𝑉 = 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧. Entende-se por volume de controle como sendo um volume arbitr´ario no espa¸co atrav´es do qual o fluido escoa, sua borda ´e chamado de superf´ıcie de controle.

Figura 2 – Volume de controle diferencial 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧, para an´alise de condu¸c˜ao em coordenadas cil´ındricas (𝑟, 𝜑, 𝑧).

Fonte: (INCROPERA; DEWITT, 2008)

Partindo do princ´ıpio da conserva¸c˜ao de energia, ˙

𝐸𝐴𝐶𝑈 = ˙𝐸𝐸𝑁 𝑇 − ˙𝐸𝑆𝐴𝐼 + ˙𝐸𝐺 (2) tais que ˙𝐸𝐴𝐶𝑈, ˙𝐸𝐸𝑁 𝑇, ˙𝐸𝑆𝐴𝐼 e ˙𝐸𝐺 s˜ao, respectivamente, as taxas de energia: acumulada, que entra, que sai e que ´e gerada. Analisando o volume de controle e considerando que existe um gradiente de temperatura, temos que as taxas de transferˆencia de calor unidimensionais, 𝑞𝑟, 𝑞𝜑, 𝑞𝑧 sofrem um incremento ao passar pelo volume de controle e s˜ao representadas por, 𝑞𝑟+𝑑𝑟, 𝑞𝜑+𝑑𝜑, 𝑞𝑧+𝑑𝑧. Estas podem ser expressas pela expans˜ao e o trucamento da s´erie de Taylor.

(14)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 4 𝑞𝑟+𝑑𝑟 = 𝑞𝑟+ 𝜕𝑞𝑟 𝜕𝑟𝑑𝑟 (3) 𝑞𝜑+𝑑𝜑= 𝑞𝜑+ 𝜕𝑞𝜑 𝜕𝜑𝑑𝜑 (4) 𝑞𝑧+𝑑𝑧 = 𝑞𝑧+ 𝜕𝑞𝑧 𝜕𝑧 𝑑𝑧. (5)

No volume de controle, pode existir uma fonte t´ermica, que ´e quantificado atrav´es da taxa de gera¸c˜ao de energia ˙𝐸𝐺.

˙

𝐸𝐺= ˙𝑞𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 (6) onde, ˙𝑞 ´e a taxa de transferˆencia de calor por unidade de volume. Al´em disso, ´e poss´ıvel que ocorra, uma varia¸c˜ao na quantidade de energia interna ao longo do tempo e a parcela

˙ 𝐸𝐴𝐶𝑈 ´e apresentada por: ˙ 𝐸𝐴𝐶𝑈 = 𝜌𝑐𝑝 𝜕𝑇 𝜕𝑡𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 (7)

Reescrevendo a equa¸c˜ao (2) na forma ˙

𝐸𝐸𝑁 𝑇 − ˙𝐸𝑆𝐴𝐼 + ˙𝐸𝐺 = ˙𝐸𝐴𝐶𝑈 (8) e substituindo as taxas de energia t´ermica, obtemos:

𝑞𝑟+ 𝑞𝜑+ 𝑞𝑧− (𝑞𝑟+𝑑𝑟+ 𝑞𝜑+𝑑𝜑+ 𝑞𝑧+𝑑𝑧) + ˙𝑞𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 = 𝜌𝑐𝑝

𝜕𝑇

𝜕𝑡𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧. (9)

Substituindo as equa¸c˜oes (3), (4) e (5) na equa¸c˜ao (9), obtemos: −𝜕𝑞𝑟 𝜕𝑟 𝑑𝑟 − 𝜕𝑞𝜑 𝜕𝜑𝑑𝜑 − 𝜕𝑞𝑧 𝜕𝑧 𝑑𝑧 + ˙𝑞𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 = 𝜌𝑐𝑝 𝜕𝑇 𝜕𝑡𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧. (10)

A Lei de Fourier, descreve a taxa de transferˆencia de calor em meio s´olido, como:

𝑞𝑟 = −𝑘𝐴𝑡 𝑑𝑇 𝑑𝑟 (11) 𝑞𝜑= − 𝑘 𝑟𝐴𝑡 𝑑𝑇 𝑑𝜑 (12) 𝑞𝑧 = −𝑘𝐴𝑡 𝑑𝑇 𝑑𝑧, (13)

em que 𝑘 ´e a condutividade t´ermica, dependente do material que constitui o s´olido e 𝐴𝑡´e a ´area perpendicular ao escoamento de calor. Substituindo as respectivas 𝐴𝑡 em (11), (12) e (13), obtemos: 𝑞𝑟= −𝑘(𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧) 𝜕𝑇 𝜕𝑟 (14) 𝑞𝜑= − 𝑘 𝑟(𝑑𝑟𝑑𝑧) 𝜕𝑇 𝜕𝜑 (15) 𝑞𝑧 = −𝑘(𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑) 𝜕𝑇 𝜕𝑧. (16)

(15)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 5 substituindo (14), (15) e (16) em (10), obtemos: 𝜕 𝜕𝑟 Ç 𝑘𝜕𝑇 𝜕𝑟𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 å 𝑑𝑟+ 𝜕 𝜕𝜑 Ç 𝑘𝜕𝑇 𝜕𝜑 𝑑𝑟 𝑟 𝑑𝑧 å 𝑑𝜑+ 𝜕 𝜕𝑧 Ç 𝑘𝜕𝑇 𝜕𝑧𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑 å 𝑑𝑧+ ˙𝑞𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 = 𝜌𝑐𝑝 𝜕𝑇 𝜕𝑡𝑟𝑑𝑟𝑑𝜑𝑑𝑧 (17) Dividindo ambos os membro da equa¸c˜ao, pelo volume infinitesimal 𝑑𝑉 , obtemos:

1 𝑟 𝜕 𝜕𝑟 Ç 𝑘𝑟𝜕𝑇 𝜕𝑟 å + 1 𝑟2 𝜕 𝜕𝜑 Ç 𝑘𝜕𝑇 𝜕𝜑 å + 𝜕 𝜕𝑧 Ç 𝑘𝜕𝑇 𝜕𝑧 å + ˙𝑞 = 𝜌𝑐𝑝 𝜕𝑇 𝜕𝑡 (18)

(16)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 6

2.3

Fun¸

oes de Bessel

As equa¸c˜oes diferenciais de Bessel1 surgem quando se resolvem equa¸c˜oes diferenciais parciais em coordenadas esf´ericas ou cil´ındricas, usando o m´etodo de separa¸c˜ao de vari´aveis. Elas aparecem, corriqueiramente, quando se trabalha com as equa¸c˜oes de Laplace e Helmholtz.

As fun¸c˜oes de Bessel s˜ao solu¸c˜oes dos problemas descritos pelas equa¸c˜oes diferencias de Bessel. Podem ser aplicadas em alguns ramos da ciˆencia, incluindo eletricidade e eletromagnetismo, condu¸c˜ao de calor, vibra¸c˜oes ac´usticas e equa¸c˜ao radial de Schr¨odinger (HERN ´ANDEZ; COMMEFORD; P ´EREZ-QUILES, 2011).

2.4

Fun¸

ao de Bessel de Primeira Esp´

ecie

Existem algumas formas de abordar as equa¸c˜oes de Bessel. A sua forma mais completa ´e: 𝑥2𝑑 2𝑦 𝑑𝑥2 + (𝑑 − 1)𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + (𝜆 2𝑥2 − 𝜇2)𝑦 = 0, 𝑥 > 0 (19) ´

e uma equa¸c˜ao diferencial de Bessel de ordem 𝜇. Os parˆametros constantes, 𝑑, 𝜆 e 𝜇2 s˜ao, respectivamente, a dimens˜ao, o autovalor e o ´ındice angular.

Segundo Mesquita Filho (1996), quando soluciona-se equa¸c˜oes diferenciais, pelo m´etodo de separa¸c˜ao de vari´aveis, em coordenadas cil´ındricas, tem-se 𝑑 = 2, quando em coordenadas esf´ericas, 𝑑 = 3. Em coordenadas cil´ındricas, caso haja simetria circular, obt´em-se 𝜇 = 0, em outros casos, para solu¸c˜oes n˜ao sim´etricas, 𝜇 pode assumir qualquer valor real.

Para o caso em que temos 𝑑 = 2 e 𝜆 = ±1 a equa¸c˜ao (19) se reduz a equa¸c˜ao a seguir: 𝑥2𝑑 2𝑦 𝑑𝑥2 + 𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + (𝑥 2− 𝜇2)𝑦 = 0 𝑥 > 0 (20)

Iremos encontrar sua solu¸c˜ao utilizando o m´etodo de Frobenius. Este m´etodo consiste na obten¸c˜ao de uma solu¸c˜ao atrav´es de s´eries de potˆencia (BUTKOV, 1988). Considere a s´erie 𝑦 = ∞ X 𝑛=0 𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠 (21) Derivando-a, obtemos: 𝑦′ = ∞ X 𝑛=0 (𝑛 + 𝑠)𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠−1 (22)

(17)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 7

Derivando mais uma vez, obtemos:

𝑦′′ =

X

𝑛=0

(𝑛 + 𝑠)(𝑛 + 𝑠 − 1)𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠−2 (23)

Substituindo as s´eries (21), (22) e (23) na equa¸c˜ao (20), obtemos:

𝑥2 ∞ X 𝑛=0 (𝑛 + 𝑠)(𝑛 + 𝑠 − 1)𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠−2+ 𝑥 ∞ X 𝑛=0 (𝑛 + 𝑠)𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠−1+ (𝑥2− 𝜇2) ∞ X 𝑛=0 𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠 = 0 (24) e reescrevendo: ∞ X 𝑛=0 (𝑛 + 𝑠)(𝑛 + 𝑠 − 1)𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠+ ∞ X 𝑛=0 (𝑛 + 𝑠)𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠+ ∞ X 𝑛=0 𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠+2− 𝜇2 ∞ X 𝑛=0 𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠 = 0 (25)

Tomando os coeficientes de potˆencia mais baixa (𝑥𝑛+𝑠) e igualando a zero, temos: (𝑛 + 𝑠)(𝑛 + 𝑠 − 1)𝑎𝑛+ (𝑛 + 𝑠)𝑎𝑛− 𝜇2𝑎𝑛= 0, (26) ou seja: 𝑎𝑛[𝑛2+ 2𝑛𝑠 + 𝑠2− 𝜇2] = 0. (27) Para 𝑛 = 0 e 𝑛 = 1, temos: 𝑎0[𝑠2− 𝜇2] = 0 (𝑛 = 0) (28) 𝑎1[1 + 2𝑠 + 𝑠2− 𝜇2] = 0 (𝑛 = 1) (29)

Para 𝑛 ≥ 2, 𝑎𝑛𝑥𝑛+𝑠+2, pode ser reescrito como 𝑎𝑛−2𝑥(𝑛−2)+𝑠+2 = 𝑎𝑛−2𝑥𝑛+𝑠. Ent˜ao, tomando novamente os coeficientes de potˆencia mais baixa e igualando a zero, obtemos:

(𝑛 + 𝑠)(𝑛 + 𝑠 − 1)𝑎𝑛+ (𝑛 + 𝑠)𝑎𝑛+ 𝑎𝑛−2− 𝜇2𝑎𝑛 = 0, 𝑛 ≥ 2, (30) ou seja:

[(𝑛 + 𝑠)2− 𝜇2]𝑎

𝑛+ 𝑎𝑛−2 = 0. (31)

Da equa¸c˜ao (28), temos que:

(𝑠 + 𝜇)(𝑠 − 𝜇) = 0 (32)

cujas ra´ızes s˜ao: 𝑠1 = 𝜇 e 𝑠2 = −𝜇.

Iremos determinar uma f´ormula de recorrˆencia para 𝑠1.

O termo 𝑎0 ´e arbitrariamente dado por:

𝑎0 =

1

(18)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 8

A letra grega Γ representa uma fun¸c˜ao Gama. Uma fun¸c˜ao fatorial de um n´umero real arbitr´ario e tem como uma de suas propriedade: Γ(𝐿 + 1) = 𝐿Γ(𝐿).

Da equa¸c˜ao (29), temos que 𝑎1 = 0 ou [1 + 2𝑠 + 𝑠2 − 𝜇2] = 0, como a segunda

proposi¸c˜ao n˜ao ´e verdadeira, conclu´ımos que, de fato, 𝑎1 = 0.

Para determinar os pr´oximos termos, usaremos a equa¸c˜ao (31) para 𝑠 = 𝜇, explici-tando 𝑎𝑛, obtendo:

𝑎𝑛 = −

𝑎𝑛−2

𝑛(𝑛 + 2𝜇), ∀𝑛 ≥ 2. (34)

Fazendo 𝑛 = 2𝑟, para garantir que 𝑛 − 2 ≥ 0, temos:

𝑎2𝑟 = −

𝑎2𝑟−2

22𝑟(𝑟 + 𝜇) (35)

Observamos que, para 𝜇 n˜ao negativo, 𝑎1 = 0. Al´em disso, para n ´ımpar, temos

𝑎𝑛= 0 (𝑎1 = 𝑎3 = 𝑎5 = . . . = 𝑎2𝑖+1 = 0); ∀𝑖 ∈ N.

Vamos determinar a forma geral.

Fazendo 𝑟 = 1 e 𝑟 = 2 na equa¸c˜ao (35), temos:

𝑎2 = − 𝑎0 22(𝜇 + 1) = − 1 22+𝜇1!Γ(𝜇 + 2), (36) 𝑎4 = − 𝑎2 222(𝜇 + 2) = 1 24+𝜇2!Γ(𝜇 + 3), (37) e de maneira geral: 𝑎2𝑟 = (−1)𝑟 22𝑟+𝜇𝑟!Γ(𝜇 + 𝑟 + 1). (38)

Substituindo os coeficientes em (21), temos a solu¸c˜ao, 𝐽𝜇 para a equa¸c˜ao de Bessel de primeira esp´ecie de ordem 𝜇:

𝐽𝜇(𝑥) = 𝑥𝜇

X

𝑛=0

(−1)𝑛𝑥2𝑛

22𝑛+𝜇𝑛!Γ(𝑛 + 𝜇 + 1), (39)

conhecida como fun¸c˜ao de Bessel de primeira esp´ecie.

(19)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 9

A segunda raiz da equa¸c˜ao (32) ´e 𝑟2 = −𝜇. Logo, substituindo 𝜇 por −𝜇 em (39),

obtemos: 𝐽−𝜇(𝑥) = 𝑥−𝜇 ∞ X 𝑛=0 (−1)𝑛𝑥2𝑛 22𝑛−𝜇𝑛!Γ(𝑛 − 𝜇 + 1) (40)

𝐽𝜇 e 𝐽−𝜇, sendo 𝜇 um inteiro, formam um sistema de solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao (20).

A Figura 3, ilustra o comportamento desta fun¸c˜ao para valores inteiros e positivos de 𝜇.

Figura 3 – Fun¸c˜oes de Bessel de Primeira Esp´ecie para 𝜇 = 0,1,2,3,4

Fonte: (MATHWORKS, 1994a)

Vamos enunciar dois teoremas que indicam a necessidade de buscar mais uma solu¸c˜ao particular da equa¸c˜ao de Bessel.

Teorema 2.1 (Solu¸c˜ao Geral). Seja 𝑝 um inteiro, para 𝜇 ̸= 𝑝 a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao de Bessel, para 𝑥 ̸= 0 ´e:

𝑦(𝑥) = 𝛼1𝐽𝜇+ 𝛼2𝐽−𝜇 𝛼1 𝛼2 ∈ R (41)

Teorema 2.2 (Dependˆencia Linear). Seja 𝑝 um inteiro para 𝜇 = 𝑝 as fun¸oes 𝐽𝜇 e 𝐽−𝜇

s˜ao linearmente dependentes e

𝐽−𝑝 = (−1)𝑝𝐽𝑝 (42)

e, consequentemente, n˜ao formam uma solu¸c˜ao geral.

As demonstra¸c˜oes destes teoremas fogem ao objetivo central deste trabalho e s˜ao facilmente encontradas no Arfken e Weber (2001) e Butkov (1988).

(20)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 10

2.5

Fun¸

ao de Bessel de Segunda Esp´

ecie

O teorema da Dependˆencia Linear nos remete `a necessidade de encontrar mais uma solu¸c˜ao para compor um sistema fundamental de solu¸c˜oes. Iniciemos com o caso em que

𝜇 = 0. A equa¸c˜ao de Bessel se reduz a:

𝑥𝑑

2𝑦

𝑑𝑥2 +

𝑑𝑦

𝑑𝑥+ 𝑥𝑦 = 0. (43)

As ra´ızes da equa¸c˜ao indicial (32), para este caso, s˜ao iguais a zero e a solu¸c˜ao para (43) ´e: 𝑦2(𝑥) = 𝐽0(𝑥) ln(𝑥) + ∞ X 𝑛=1 𝑎𝑛𝑥𝑛. (44) que ´e obtida em Arfken e Weber (2001), atrav´es da express˜ao:

𝑦2(𝑥) = 𝑦1(𝑥) Z 𝑥 𝑒𝑥𝑝 ï − Z 𝑥 𝑝(𝑥1)𝑑𝑥1 ò [𝑦1(𝑥2)]2 𝑑𝑥2 (45)

Ao substituirmos 𝑦2 e suas derivadas

𝑑𝑦2(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝑑𝐽0(𝑥) 𝑑𝑥 ln (𝑥) + 𝐽0(𝑥) 𝑥 + ∞ X 𝑛=1 𝑛𝑎𝑛𝑥𝑛−1 (46) e 𝑑2𝑦2(𝑥) 𝑑𝑥2 = 𝑑2𝐽0(𝑥) 𝑑𝑥2 ln (𝑥) + 2 𝑥 𝑑𝐽0(𝑥) 𝑑𝑥𝐽0(𝑥) 𝑥 + ∞ X 𝑛=1 𝑛(𝑛 − 1)𝑎𝑛𝑥𝑛−2 (47) em (43), temos que os termos que possuem logaritmo nas equa¸c˜oes (46) e (47) se anulam, uma vez que 𝐽0 ´e solu¸c˜ao de (43). Os outros dois termos contendo 𝐽0 tem sinais opostos.

Sendo assim, obtemos:

2𝑑𝐽0(𝑥) 𝑑𝑥 + ∞ X 𝑛=1 𝑛(𝑛 − 1)𝑎𝑛𝑥𝑛−1+ ∞ X 𝑛=1 𝑛𝑎𝑛𝑥𝑛−1+ ∞ X 𝑛=1 𝑎𝑛𝑥𝑛+1 = 0. (48)

Derivando 𝐽𝜇 na equa¸c˜ao (39) e fazendo 𝜇 = 0, obt´em-se:

𝑑𝐽0(𝑥) 𝑑𝑥 = ∞ X 𝑛=1 (−1)𝑛2𝑛𝑥2𝑛−1 22𝑛(𝑛!)2 = ∞ X 𝑛=1 (−1)𝑛𝑥2𝑛−1 22𝑛−1𝑛!(𝑛 − 1)! (49) Substituindo (49) em (43), temos: ∞ X 𝑛=1 (−1)𝑛𝑥2𝑛−1 22𝑛−2𝑛!(𝑛 − 1)! + ∞ X 𝑛=1 𝑛2𝑎𝑛𝑥𝑛−1+ ∞ X 𝑛=1 𝑎𝑛𝑥𝑛+1= 0. (50)

(21)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 11

Segue que o coeficiente de 𝑥0 ´e 𝑎

1 = 0. Igualando a soma dos coeficientes de 𝑥2𝑛 a

zero, obtemos:

(2𝑛 + 1)2𝑎2𝑛+1+ 𝑎2𝑛−1 = 0, 𝑛 = 1, 2, . . . (51)

Como 𝑎1 = 0, temos que 𝑎3 = 𝑎5 = . . . = 0. Igualando a soma dos coeficientes de

𝑥2𝑛+1 a zero, obtemos: −1 + 4𝑎2 = 0 (𝑛 = 0) (52) (−10𝑛+1) 22𝑛(𝑛 + 1)!𝑛!+ (2𝑛 + 2) 2 𝑎2𝑛+2+ 𝑎2𝑛= 0 (𝑛 = 1, 2, . . .) (53) Assim, para: 1. 𝑛 = 0, temos 𝑎2 = 1 4 2. 𝑛 = 1, temos 𝑎4 = − 3 128 Generalizando, 𝑎2𝑛 = (−1)𝑚−1 22𝑚(𝑚!)2 Å 1 + 1 2 + 1 3 + . . . + 1 𝑚 ã (54) Fazendo ℎ𝑛 = 1 + 1 2+ 1 3+ . . . + 1 𝑛 e substituindo em (43), obtemos: 𝑦2(𝑥) = 𝐽0ln(𝑥) + ∞ X 𝑛=1 (−1)𝑛−1ℎ𝑛 22𝑛(𝑛!)2 𝑥 2𝑛. (55)

Constitu´ımos, assim, um sistema fundamental de solu¸c˜oes para (43), uma vez que

𝐽0 e 𝑦2 s˜ao fun¸c˜oes linearmente independentes.

Podemos, naturalmente, substituir 𝑦2 pela solu¸c˜ao 𝑎(𝑦2+ 𝑏𝐽0), em que 𝑎 ̸= 0 e 𝑏

ao duas constantes. Faz-se, comumente, 𝑎 = 2

𝜋 e 𝑏 = 0, 577¯2 − ln(2), em que 𝛾 = 0, 577¯2

´

e conhecida como a constante de Euler, obtida de lim

𝑛→∞ℎ𝑛− ln(𝑛). 𝑌0(𝑥) = 2 𝜋 " 𝐽0(𝑥) Å ln Å𝑥 2 ã + 𝛾 ã + ∞ X 𝑛=1 (−1)𝑛−1 𝑛 22𝑛(𝑛!)2 𝑥 2 𝑛 # (56)

A solu¸c˜ao (56), assim obtida, ´e conhecida como fun¸c˜ao de Bessel de segunda esp´ecie e de ordem zero ou fun¸c˜ao de Newmann de ordem zero.

A Figura 4, mostra o comportamento das fun¸c˜oes de Bessel de segunda esp´ecie. O amortecimento ´e uma caracter´ıstica das fun¸c˜oes de Bessel, para os valores de 𝜇 de um a quatro, este comportamento est´a representado.

(22)

Cap´ıtulo 2. Desenvolvimento Te´orico 12 Figura 4 – Fun¸c˜oes de Bessel de Segunda Esp´ecie para 𝜇 = 0,1,2,3,4

Fonte: (MATHWORKS, 1994b)

(23)

13

3

Aplica¸c˜

ao

3.1

Problema Proposto

Precisou-se determinar a distribui¸c˜ao de temperatura em uma tubula¸c˜ao cil´ındrica que transporta um fluido entre dois reservat´orios, Figura 5. Considerou-se que a tubula¸c˜ao foi dimensionada com raio interno 𝑎, raio externo 𝑏 e em material condutor (difusividade 𝛼). A temperatura na superf´ıcie interna do duto ´e 0 ∘C e a externa ´e 100 ∘C. Desenvolvemos uma equa¸c˜ao que determina a temperatura para um raio qualquer em um dado instante de tempo.

Figura 5 – Sec¸c˜ao Transvers˜ao da Tubula¸c˜ao.

Fonte: Mushref et al. (2010)

Considerando que o problema apresentou simetria cil´ındrica, precisou-se de uma fun¸c˜ao 𝜃 dependente do raio 𝑟, de ˆangulo 𝜑, da cota 𝑧 e do tempo 𝑡, ent˜ao 𝜃(𝑟, 𝜑, 𝑧, 𝑡).

(24)

Cap´ıtulo 3. Aplica¸c˜ao 14

(18) para esse problema: 1 𝑟 𝜕 𝜕𝑟 Ç 𝑘𝑟𝜕𝜃 𝜕𝑟 å + 1 𝑟2 𝜕 𝜕𝜑 Ç 𝑘𝜕𝜃 𝜕𝜑 å + 𝜕 𝜕𝑧 Ç 𝑘𝜕𝜃 𝜕𝑧 å + ˙𝑞 = 𝜌𝑐𝑝 𝜕𝜃 𝜕𝑡 (57)

Pela geometria do problema, pˆode-se assumir que a temperatura n˜ao varia com 𝜑 ou 𝑧. Assumiu-se tamb´em, que n˜ao existe fonte de gera¸c˜ao de calor no interior do duto e o material ´e isotr´opico. Aplicando estas considera¸c˜oes na equa¸c˜ao (57), obtemos:

1 𝑟 𝜕 𝜕𝑟 Ç 𝑘𝑟𝜕𝜃 𝜕𝑟 å − 𝜌𝑐𝑝 𝜕𝜃 𝜕𝑡 = 0 (58) Explicitando 𝜕𝜃 𝜕𝑡 temos: 𝜕𝜃 𝜕𝑡 = 𝑘 𝜌𝑐𝑃 ñ 1 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑟 + 𝜕2𝜃 𝜕𝑟2 ô (59) A solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao (59) pˆode ser escrita como a combina¸c˜ao da solu¸c˜ao homogˆenea e da solu¸c˜ao particular.

𝜃(𝑟, 𝑡) = 𝜃0(𝑟, 𝑡) + 𝜃100 (60)

Solu¸

ao Homogˆ

enea

Utilizou-se o m´etodo de separa¸c˜ao de vari´aveis para encontrar uma solu¸c˜ao para (59). Fa¸camos 𝜃 o produto de duas fun¸c˜oes, 𝑇 e 𝑅, onde 𝑇 depende apenas do tempo 𝑡 e

𝑅 depende apenas do raio 𝑟.

𝜃 = 𝑅(𝑟)𝑇 (𝑡). (61) A derivada da equa¸c˜ao (61), com respeito a 𝑟 ´e:

𝜕𝜃 𝜕𝑟 = 𝑇

𝑑𝑅

𝑑𝑟 (62)

e a segunda derivada de 𝜃 com respeito `a 𝑟 ´e:

𝜕2𝜃 𝜕𝑟2 = 𝑇

𝑑2𝑅

𝑑𝑟2 . (63)

A derivada da equa¸c˜ao (61), com respeito a 𝑡 ´e:

𝜕𝜃 𝜕𝑡 = 𝑅

𝑑𝑇

(25)

Cap´ıtulo 3. Aplica¸c˜ao 15

Substituindo as equa¸c˜oes parciais na equa¸c˜ao (59) e separando as vari´aveis, obtemos: 1 𝑇 𝑑𝑇 𝑑𝑡 = 𝛼 𝑅 ñ 1 𝑟 𝑑𝑅 𝑑𝑟 + 𝑑2𝑅 𝑑𝑟2 ô (65) onde 𝛼 = 𝑘 𝜌𝑐𝑃

que ´e a difusividade t´ermica do material.

O primeiro membro da equa¸c˜ao (65) depende, apenas, de 𝑡 e o segundo membro, apenas de 𝑟. Ent˜ao, podemos considerar:

1 𝛼𝑇 𝑑𝑇 𝑑𝑡 = 1 𝑅 ñ 1 𝑟 𝑑𝑅 𝑑𝑟 + 𝑑2𝑅 𝑑𝑟2 ô = −𝜆2 (66) logo, temos: 1 𝛼𝑇 𝑑𝑇 𝑑𝑡 = −𝜆 2 (67) e ñ 1 𝑟 𝑑𝑅 𝑑𝑟 + 𝑑2𝑅 𝑑𝑟2 ô = −𝜆2. (68)

A equa¸c˜ao (67) tem solu¸c˜ao trivial dada por:

𝑇 (𝑡) = 𝑐1𝑒−𝛼𝜆𝑡 (69)

A express˜ao (68) ´e uma equa¸c˜ao diferencial de Bessel, que pode ser reescrita como:

𝑟2𝑑 2𝑅 𝑑𝑟2 + 𝑟 𝑑𝑅 𝑑𝑅 + (𝑟 2𝜆2)𝑦 = 0 (𝜇 = 0) (70) cuja solu¸c˜ao ´e 𝑅(𝑟) = 𝐴1𝐽0(𝜆𝑟) + 𝐵1𝑌0(𝜆𝑟) (71) Da equa¸c˜ao (61), temos: 𝜃(𝑟, 𝑡) =X 𝜆 𝑐1𝑒−𝛼𝜆𝑡[𝐴1𝐽0(𝜆𝑟) + 𝐵1𝑌0(𝜆𝑟)] (72)

Precisa-se determinar, ent˜ao, as constantes 𝑐1, 𝐴1 e 𝐵1. Para isso, utiliza-se as

condi¸c˜oes de contorno.

𝜃(𝑎, 𝑡) = 0∘C (73)

𝜃(𝑏, 𝑡) = 100∘C (74)

(26)

Cap´ıtulo 3. Aplica¸c˜ao 16

temos, ent˜ao:

𝐴1𝐽0(𝜆𝑎) + 𝐵1𝑌0(𝜆𝑎) = 0 (76) 𝐴1𝐽0(𝜆𝑏) + 𝐵1𝑌0(𝜆𝑏) = 0. (77) de (76), tem-se: 𝐵1 = − 𝐴1𝐽0(𝜆𝑎) 𝑌0(𝜆𝑎) . (78) Substituindo 𝐵1 em (76): 𝐽0(𝜆𝑎)𝑌0(𝜆𝑏) − 𝐽0(𝜆𝑏)𝑌0(𝜆𝑎) = 0. (79)

A Figura 6 apresenta o comportamento da equa¸c˜ao (79) para os valores de raio [0.65, 2.5] e [0.65, 5.0] em rela¸c˜ao a 𝜆.

Figura 6 – Comportamento da Equa¸c˜ao 79 em Rela¸c˜ao a 𝜆.

Fonte: Mushref et al. (2010)

Da´ı, (72) pode ser reescrita como:

𝜃(𝑟, 𝑡) =X

𝜆

(27)

Cap´ıtulo 3. Aplica¸c˜ao 17

Para determinar 𝑐1, faz-se 𝑐1 = 𝑐𝑛 e 𝜆 = 𝜆𝑛, mantendo coerente o m´etodo da separa¸c˜ao da vari´aveis. No intuito de simplificar a escrita, fa¸camos:

𝜃0(𝜆𝑛𝑟) = 𝐽0(𝜆𝑟)𝑌0(𝜆𝑎) − 𝐽0(𝜆𝑎)𝑌0(𝜆𝑟), (81)

em que o ´ındice zero indica a ordem das fun¸c˜oes de Bessel. Tem-se, ent˜ao:

𝜃(𝑟, 𝑡) =

X

𝑛=1

𝑐𝑛𝑒−𝛼𝜆𝑛𝑡𝜃0(𝜆𝑟) (82)

Fazendo 𝑡 = 0 e aplicando a condi¸c˜ao de contorno 𝜃(𝑟, 0) = 𝑓 (𝑟) em (82), temos:

𝑓 (𝑟) =

X

𝑛=1

𝑐𝑛𝜃0(𝜆𝑛𝑟) (83) A fun¸c˜ao 𝑓 (𝑟) ´e uma s´erie de Fourier-Bessel e, para calcular a constante 𝑐𝑛, utiliza-se a rela¸c˜ao a seguir, obtida no livro Bowman (2012).

𝑐𝑛 = 2 Z 𝑏 𝑎 𝑟[𝜃𝜇+1(𝜆𝑛𝑟)]2𝑑𝑟 Z 𝑏 𝑎 𝑟𝑓 (𝑟)𝜃0(𝜆𝑛𝑟)𝑑𝑟 (84)

que decorre de:

||𝜃𝜇||2 = 𝜃𝜇· 𝜃𝜇= Z 𝑏 𝑎 𝑟[𝜃𝜇(𝜆𝑛𝑟)]2𝑑𝑟 (85) 𝑐𝑛= Z 𝑏 𝑎 𝑟𝑓 (𝑟)𝜃0(𝜆𝑛𝑟)𝑑𝑟 Z 𝑏 𝑎 𝑟[𝜃0(𝜆𝑛𝑟)]2𝑑𝑟 (86)

Logo, a solu¸c˜ao homogˆenea ´e dada por:

𝜃(𝑟, 𝑡) = ∞ X 𝑛=1 á Z 𝑏 𝑎 𝑟𝑓 (𝑟)𝜃0(𝜆𝑛𝑟)𝑑𝑟 Z 𝑏 𝑎 𝑟[𝜃0(𝜆𝑛𝑟)]2𝑑𝑟 ë 𝑒−𝛼𝜆𝑛𝑡𝜃 0(𝜆𝑛𝑟) (87)

Solu¸

ao Particular

A solu¸c˜ao particular foi determinada a partir do regime permanente

Ç

𝑑𝜃 𝑑𝑡 = 0

å

. Fazendo essa considera¸c˜ao na equa¸c˜ao (59), obtemos:

0 = 𝛼 Ç 1 𝑟 𝜕 𝜕𝑟 Ç 𝑟𝜕𝜃 𝜕𝑟 åå (88)

Observou-se que na equa¸c˜ao (88) a temperatura n˜ao varia com o tempo. Ent˜ao, tem-se uma equa¸c˜ao ordin´aria,

𝑑 𝑑𝑟 Ç 𝑟𝑑𝜃 𝑑𝑟 å = 0 (89)

(28)

Cap´ıtulo 3. Aplica¸c˜ao 18

de solu¸c˜ao, trivial.

𝑟𝑑𝜃

𝑑𝑟 = 𝑐1. (90)

o raio ´e, obviamente, maior que zero.

Podemos escrever a solu¸c˜ao da seguinte maneira:

𝜃100 = 𝑐1ln(𝑐2𝑟). (91)

Aplicando as condi¸c˜oes de contorno: 𝜃100(𝑎) = 0C e 𝜃100(𝑏) = 100∘C,

0 = 𝑐1ln(𝑐2𝑎) (92) ou 𝑐2𝑎 = 1 ∴ 𝑐2 = 1 𝑎. (93) Tem-se, ainda: 100 = 𝑐1ln Ç 𝑏 𝑎 å ∴ 𝑐1 = 100 ln Ç 𝑏 𝑎 å. (94) Substituindo 𝑐1 e 𝑐2 em (91), temos: 𝜃100(𝑟) = 100 ln Ç 𝑏 𝑎 åln Å𝑟 𝑎 ã (95)

que ´e a solu¸c˜ao particular.

Obtˆem-se a solu¸c˜ao geral substituindo as equa¸c˜oes (87) e (95) na equa¸c˜ao (60):

𝜃(𝑟, 𝑡) = 100 ln Ç 𝑏 𝑎 åln Å𝑟 𝑎 ã + ∞ X 𝑛=1 R𝑏 𝑎𝑟𝑓 (𝑟)𝜃0(𝜆𝑛𝑟)𝑑𝑟 R𝑏 𝑎𝑟[𝜃0(𝜆𝑛𝑟)]2𝑑𝑟 ! 𝑒−𝛼𝜆𝑛𝑡𝜃 0(𝜆𝑛𝑟) (96)

onde 𝜃(𝑟, 𝑡) ´e uma fun¸c˜ao que possibilita calcular a temperatura para um dado raio em um determinado tempo, para as condi¸c˜oes de contorno apresentadas pelo problema proposto.

(29)

19

4

Considera¸c˜

oes Finais

As fun¸c˜oes de Bessel podem ser aplicadas para determinar solu¸c˜oes de problemas f´ısicos que envolvem sistemas em coordenadas cil´ındricas. Tais problemas s˜ao comumente encontradas em aplica¸c˜oes pr´aticas nas engenharias. A equa¸c˜ao (96) ´e solu¸c˜ao anal´ıtica para o problema apresentado, pode ser aplicada para determinar a temperatura para um instante de tempo arbitr´ario e um dado raio.

Existem algumas limita¸c˜oes para a sua aplica¸c˜ao. O duto deve esta imerso em um fluido com temperatura homogˆenea, uma vez que na simplifica¸c˜ao da equa¸c˜ao (58) n˜ao foram consideradas varia¸c˜ao radiais e de cota.

Caso o objetivo seja comparar qual material ´e mais adequado para determinado uso, deve-se evitar arbitrar valores muito altos para o tempo, uma vez que, a solu¸c˜ao homogˆenea tende para zero quando o tempo tende para o infinito e, dessa maneira, a equa¸c˜ao (96) se aproxima da solu¸c˜ao particular (95) que n˜ao depende da difusividade do material.

Um poss´ıvel trabalho futuro ´e o estudo de m´etodos para plotar a equa¸c˜ao (96) e fazer a an´alises referentes ao material utilizado na constru¸c˜ao do duto. Pode-se, tamb´em, desenvolver a solu¸c˜ao num´erica, atrav´es de c´alculo computacional e fazer compara¸c˜oes com a solu¸c˜ao anal´ıtica.

(30)

20

Referˆencias

ARFKEN, G. B.; WEBER, H. J. Mathematical methods for Physicists. [S.l.]: Harcourt/Academic Press, 2001.

BOWMAN, F. Introduction to Bessel functions. [S.l.]: Courier Corporation, 2012. BUTKOV, E. F´ısica Matem´atica. Rio de Janeiro: LTC, 1988.

HERN ´ANDEZ, E.; COMMEFORD, K.; P´EREZ-QUILES, M. Matlab gui for computing bessel functions using continued fractions algorithm. Revista Brasileira de Ensino de F´ısica, SciELO Brasil, v. 33, n. 1, p. 01–08, 2011.

INCROPERA, F. P.; DEWITT, D. P. Fundamentos da Transferˆencia de Calor e de Massa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

MATHWORKS. Besselj. 1994. Dispon´ıvel em: <http://www.mathworks.com/help-/matlab/ref/besselj.html>. Acesso em: 26.01.2016.

. Bessely. 1994. Dispon´ıvel em: <http://www.mathworks.com/help/matlab/ref-/bessely.html>. Acesso em: 26.01.2016.

MESQUITA FILHO, A. A Equa¸c˜ao de Bessel. 1996. Dispon´ıvel em: <http://www-.ecientificocultural.com/ECC3/bessel00.htm>. Acesso em: 20.02.2016.

MUSHREF, M. A. et al. Fourier-bessel expansions with arbitrary radial boundaries. Applied Mathematics, Scientific Research Publishing, v. 1, n. 01, p. 18, 2010. SILVA, C. R. S. Desenvolvimento de formula¸c˜oes de elementos finitos para problemas de transferˆencia de calor. Disserta¸c˜ao (Mestrado), 2014. Dispon´ıvel em:

Referências

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